sábado, 21 de setembro de 2013

DEUSES DA CALDEIA - A Epopeia Babilónica da Criação do Mundo, por Artur Felisberto

 

 

 

ENUMA ELISH

 

 

A Epopeia Babilónica Da Criação Do Mundo

Ee I 10.

 

 

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e       ma e   lish lä    na     bu   û        shá  mä mü.

Quando superiormente não era nomeado o Céu,

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shap lish am ma tum        shu ma    zak   rat

Em baixo, a Deusa Mãe pelo nome não era chamada,

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ab   zu      ma    rësh     tu     û              shu  un

Abzu, o primogénito reprodotor,

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mu     um   mu     ti   ämat   mu al        li        da   at      gim       ri    shú un

E a engenhosa Tiamat, procriadora de todos os seres,

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     a.mêsh shú nu ish    nish  i    hi     qu       ë      ma

As próprias águas mutuamente misturavam,

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     gi    pa     ra         ki     isc      scu         scu   sca ä      she  'u  û

Os lameiros não tinham sido lavrados, nem ilhas eram visíveis,

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e    nü ma    ilü         shü     u ma     ma

Quando, dos deuses, nenhum se tinha (ainda) manifestado! [1]

(.....Nem nomes pronunciados, nem destinos decretados,

Então os deuses nasceram dentro d´ Eles!.....)

 

 

"Quando no alto não se nomeava o céu,

e em baixo a terra não tinha nome,

do oceano primordial (Apsu), seu pai;

e da tumultuosa Tiamat, a mãe de todos,

as águas se fundiam numa,

e os campos não estavam unidos uns com os outros,

nem se viam os canaviais;

quando nenhum dos deuses tinha aparecido,

nem eram chamados pelo seu nome,

nem tinham qualquer destino fixo,

foram criados os deuses no seio das águas".

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Lahmu & Lahamu foram trazidos à luz e chamados pelo nome.

Aumentando através dos anos, cresceram fortes,

Anshar & Kishar foram então formados,

ainda maiores do que eles,

Eles viveram por muitos dias, somaram anos aos anos.

Anu, seu primogénito, era como seus progenitores,

Anshar fez Anu, seu descendente e seu igual.

Então Anu gerou à sua imagem Nudimmud (Ea),

Nudimmud foi aquele que dominou seus pais:

Profundo em sabedoria, agudo de senso,

ele era extremamente forte,

muito mais poderoso que o pai de seu pai, Anshar,

Não possuía rival entre os deuses seus irmãos.

A irmandade divina se agrupou,

Confundindo Tiamat, enquanto se moviam em seu tumulto,

Irritando as entranhas de Tiamat,

Com seu tumulto angustiando o interior da Residência Divina.

Apsu não podia reduzir o seu clamor,

Mas Tiamat estava silenciosa à frente deles.

Suas acções era-lhe nocivas,

Seu comportamento era ofensivo, mas ela era indulgente.

Então, Apsu, progenitor dos grandes deuses,

Convocou Mummu seu vizir, dizendo-lhe:

"Mummu, vizir que apraz ao meu coração,

"Vem, vamos ter com Tiamat."

Eles foram, pegaram os seus lugares em frente de Tiamat,

Eles pediram conselho a respeito dos deuses seus descendentes.

Apsu se prontificou-se a falar,

dizendo a Tiamat, em voz alta,

"O comportamento deles tornou-se nocivo para mim!

"De dia eu não tenho descanso, de noite eu não durmo!

"Eu desejo pôr fim ao comportamento deles,

para acabar com isto!

"Deixe que reine o silêncio para que possamos dormir."

Quando Tiamat ouviu isto

A sua raiva cresceu e Ela gritou com seu esposo,

Ela gritou amargamente, a única ultrajada,

Porque ele havia desejado o mal sobre ela.

"Como poderíamos pôr fim ao que formamos?

"O comportamento deles pode ser nocivo,

mas devemos aguentar de bom grado."

Foi Mummu quem respondeu, aconselhando Apsu,

O vizir não foi receptivo ao conselho de sua criadora,

"Ponha um fim, Pai, aos seus modos incómodos!

"De dia deveis ter descanso, de noite deveis dormir."

Apsu estava fascinado com ele, ele estava radiante.

Por conta das maldades que planeou

contra os deuses seus filhos,

Ele abraçou Mummu, seus braços em volta de seu pescoço,

Ele sentou-se no seu joelho para que pudesse beijá-lo.

Todas as coisas que planearam entre eles,

Foi repetido para os deuses, seus descendentes.

Os deuses ouviram isso enquanto faziam tumultos,

Eles ficaram paralisados, sentaram-se em silêncio.

Excedendo em sabedoria, genial, cheio de recursos,

Ea estava ciente de tudo, discerniu o estratagema deles.

Ele elaborou, ele estabeleceu um plano de mestre,

Ele fez astutamente o seu soberbo encanto mágico.

Ele o recitou e o fez descansar nas águas,

Ele o colocou em profunda sonolência, ele estava adormecido,

Ele fez Apsu adormecer, ele estava encharcado de sono,

Mummu, o conselheiro estava com langor sonolento.

Ele desatou a sua faixa, ele retirou a sua tiara,

Ele retirou a sua aura, ele mesmo a colocou em si.

Ele amarrou Apsu, ele o matou.

Ele prendeu Mummu, ele o trancou em local seguro.

Ele fez sua morada sobre o Apsu,

Ele firmou Mummu, prendeu-o firmemente por um cabo.

Após Ea ter capturado e derrotado os  seus inimigos,

Ele sagrou-se vitorioso sobre seus oponentes,

No seu quarto, em quietude profunda, ele descansou.

Ele o chamou de "Apsu", no qual ele nomeou santuários.

Ele estabeleceu lá o seu quarto.

Ea e Damkina, sua esposa, habitaram lá em esplendor.

No celeiro dos destinos, a residência dos desígnios,

O mais capaz, o sábio dos deuses, o Senhor foi gerado,

No meio do Apsu, Marduk foi formado,

No meio do Apsu sagrado foi formado Marduk!

Ea, seu pai, o gerou,

Damkina, a sua mãe, foi confinada com ele.

Ele mamou nos seios de deusas,

O assistente que o criou dotou-o bem de glórias.

Seu corpo era magnífico, poderoso o seu olhar,

Ele nasceu já totalmente crescido,

ele era poderoso desde o início!

Quando Anu, seu avô O viu,

Ele ficou feliz, ele ficou radiante,

E o seu coração encheu-se de alegria.

À semelhança de sua divindade, ele firmou sobre ele.

Ele era muito maior, ele os ultrapassava em todos os sentidos.

Seus membros foram fabricados com astúcia

Muito para além da compreensão,

Impossível de conceber, tão difícil de visualizar:

Quatro eram seus olhos, quatro eram seus ouvidos,

Quando ele movia os lábios, saía deles um fogo.

Formidável era a sua quádrupla percepção,

E seus olhos, em números semelhantes,

viam em todas as direcções.

Ele era o mais alto dos deuses, ultrapassando em forma,

Seus membros enormes, ele ultrapassou em nascimento.

"O filho Utu, o filho Utu,

"O filho, o sol, a luz do sol dos deuses!"

Ele vestiu a aura de dez deuses,

Tinha-os envoltos em sua cabeça também,

Cinquenta glórias eram amontoadas sobre ele.

Anu formou e produziu os quatro ventos,

Ele os colocou em suas mãos, "Deixe meu neto brincar!"

Ele fabricou poeira, ele fez a tempestade do sul levantá-la,

Ele criou uma onda e isto incomodou Tiamat,

Tiamat ficou incomodada, agitando-se dia e noite,

Os deuses, não encontrando descanso, sofriam o ímpeto de cada vento.

Havendo planejado o mal em seus corações,

Eles disseram à Tiamat, sua mãe:

"Quando eles mataram Apsu, seu marido,

"Não fizestes nada para salvá-lo, mas sentou-se, silenciosa.

"Agora eles fizeram quatro ventos terríveis,

"Eles estão a incomodar as vossa entranhas,

de modo que não podemos dormir.

"Apsu, seu marido, não estava no vosso coração,

"Assim como Mummu, que foi capturado

e vós permanecestes à distância.

"Vós não sois mãe, vós agitais-vos

de um lado para o outro, confusa.

"Mas, e nós, que não podemos descansar, não nos amais?!

"Nosso [ ], os nossos olhos estão oprimidos,

"Tire esse jugo constante, deixe-nos dormir!

"Crie uma tempestade, dê –lhes o que merecem,

"Levante uma tempestade, devolva-os ao nada."

Quando Tiamat ouviu estas palavras, elas agradaram-lhe,

"Assim como dizem, vamos fazer uma tempestade,

"Nós iremos [ ] os deuses dentro dela,

"Eles tem adoptados caminhos perversos

contra os deuses seus parentes.

"Eles fecharam fileiras e lançaram-se ao lado de Tiamat,

Raiva, planos, nunca se deitando noite ou dia,

Fazendo os preparativos para a guerra, estrondeando, furiosos

Reuniram-se em assembleia,

para decidir começar as hostilidades.

Mãe Hubur, que pode formar qualquer coisa,

Adicionou incontáveis armas invencíveis,

Deu à luz monstruosas serpentes,

Com presas pontiagudas, com incisivos impiedosos,

Ela encheu seus corpos com veneno como sangue.

Poderosos dragões ela cobriu de glórias,

Fazendo-os portar auras como deuses,

"Qualquer um que os veja deverá perecer de medo!

"Qualquer lugar em que seus corpos

façam um ataque violento,

Eles não devem recuperar-se!"

Ela desenvolveu serpentes, dragões,

e cabeludos heróis-homens,

Monstruosos leões, homens-leão, homens-escorpião,

Poderosos demônios, homens-peixe, homens-touro,

Portando armas magnânimas, não temendo batalhas.

Seus comandos eram absolutos, ninguém a eles se opunha.

Ela criou na sabedoria onze desta forma.

Dentre os deuses, seus descendentes,

Que se uniram em assembleia,

Ela elevou Qingu dentre eles,

Foi ele a quem ela fez maior!

Líder da armada, comandante na assembleia,

Armado, contacto, vanguarda na escaramuça,

Encarregado dos espólios de batalha,

Tudo ela confiou a ele, o fez sentar-se no trono.

"Eu faço um encantamento.

Eu Vos faço o maior na assembleia dos deuses,

"Soberania sobre todos os deuses Eu coloco em seu poder.

"Vos sois o maior, meu esposo, Vos sois ilustre,

"Vosso comando deverá ser sempre

o maior sobre os deuses-Anunna."

Ela deu-lhe as tábuas dos destinos,

Fez com que ele as amarrasse ao peito,

"Para Vos, vosso comando não deverá ser alterado,

vossas palavras deverão ser eternas.

"Agora que Qingu é o maior e tem a supremacia,

"E ordenou os destinos para suas crianças divinas,

"Qualquer coisas que Vós deuses disserdes

deverá apaziguar o fogo,

"Vossos venenos concentrados

deverão fazer o poderoso gritar."



[1] Tradução literal adaptada de John Heise's `Akkadian language', Chpater 3 (cineiform texts) about the Babylonian Creation Epic (Maintained and updated by: j.heise @ sron . ruu . nl).

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