sexta-feira, 4 de abril de 2014

PANTEÃO LUSITANO - TREBARUNA, por Artur Felisberto.

TREBOPALA

Con Esquilo el castigo termina aquí, pero, según Eurípides, para poder escapar de la persecución de las Erinias, Apolo ordenó a Orestes ir a Tauro (actual Crimea), apoderarse de la estatua de Artemisa Tauropola que había caído del cielo y llevarla a Atenas.

O nome da deusa ibérica com as mesmas características de Artemisa de Éfeso foi Trebaruna.

Tuela < Tuera > Tewra > Trew- + Arina   => Trebaruna.

              Tuera (eo) Deo.              + (A)Pola => Trebapola.

Trebopala => Trebaruna & Trebopala <= Trew + | Aruna & Opala

|.= Taur Arina & Taur Apolo ó (Artemisa) Tauropola.

 

OILAM, A OVELHA RANHOSA DO INDOEUROPEU

OILAM. TREBOPALA. / INDI. PORCOM. LAEBO. / COMAIAN. ICCONA. LOIM / INNA. OILAM. VSEAM. / TREBARVNE.  INDI. TAVROM / IFADEM [...] / REVE. TRE[...] ” (Cabeço das Fráguas-Pousafoles, Beira Baixa, Distrito de Guarda-, Portugal)

Oilam parece poder confirmar-se como significando ovelha por poder ter uma contrapartida irlandesa do conceito que leva o nome “ollam”.

An ollam or ollamh (anglicised as ollave or ollav), in early Irish Literature, is a member of the highest rank of fili. The term is used to refer to the highest member of any group: thus an ollam brithem would be the highest rank of judge and an ollam rí would be the highest rank of king. Ollav was also applied to a Druidic rank; meaning much the same as "professor," or person of great learning. Typically the Ollav/ollam was endowed with a distinction equal to that of a king and could therefore wear six colours. (...)

Ollamh Fodhla, meaning "great teacher," was used to designate various prominent men throughout history.

Um grande professor ou mestre-escola era também um grande pastor ou seja, ovelheiro. Na verdade, a relação, entre Ollamh e ovelha, não está explicita mas podemos postula-la partindo do pressuposto que a sua definição não é clara na literatura irlandesa e de que se trata de um título honorífico de elevada estirpe. É claro que uma analogia óbvia com um pastor da Igreja não nos remeteria para o escalão máximo duma hierarquia de pastores alegóricos mas outros termos tanto ou mais humildes na origem enquanto mestres da doutrina acabaram por tê-lo como professores doutores.

Na verdade, em gaélico, ovelha é “caora” ou seja, quase uma «cabra»!

Gaelic. “caora” < cauara < cawra > «cabra» < capra»?

Talvez não inteiramente assim embora a confusões por ressonância e eco com palavras de objectos semelhantes tenha sido constante porque o latino ovis é seguramente uma ressonância fonética com bovis.

Mas pelo de ovelha é fio de lã e em gaélico é abhras d'olann.

O termo para «ovino» parece conter reminiscências de ollam:

Mas em irlandês moderno ovelha pode ser também Caoir-eoil < caoir-| oile(m) < ollam |.

Ollam > olann > «lã» < Lat. lana < *Oillamina < *Kauira | < kawira

< ka-phura | - | mina < Me-Ana|.

«Ovelha» < *ovicula? < oviolla < Lat. ovi(s) + | Lus. Ollam < *Oilamina.

Quer dizer o fio de lã foi pelo de ovelha antes de chegar à Irlanda a partir da península ibérica onde a ovelha tinha chegado como *Oillamina / *Kauira -mina. Já agora como seria o «carneiro»?

Em gaélico escocês carneiro é Ruda e Carneiro / Áries é Reithe. Em irlandês parece não existir o madculino de ovelha. Possivelmente em lusitano também não existiria!

«Carneiro» < ? carne-eiro < Lat. carne.

                   < Carnarie(u) < | Lat. carn + | Áries < Harie < Kaurie

< *Kauira < kawira < ka-phura =>           > Lat. ariete > Ariet

> Reithe > Ruda.     > kirwaush > kiros > kριός.

                                                                                        > «aríete».

Confirma-se assim que na evolução linguística, pouco se perde, puco se cria e quase tudo se transforma!

Obviamente que estes postulados contrariam a tese nihilista de Sausure da origem imotivada e casual da fonética dos nomes das coisas.

A fonética do nome de Trebapola transparece no nome espanhol das «mapolas», as papoilas que são as máculas da menarca da jovem Korê, “as flores de sangue” dos filhos da Deusa Mãe! Trebaruna deve ser um teónimo composto de que Arina dos hititas faz parte.

Na verdade, como adiante se verá, o hitita ta-barna poderia ter o masculino *ta-baruna e o feminino *ta-barina permitindo derivar o nome de Arina de Warina / Karina.

Esta irmandade Tre-ba-runa & Tre-bo-pala faz lembrar a equivalente grega Artemisa & Apolo mas, agora em lusitano, com mais acasalamento fonético.

Te-War < Trew- < Ter-Wa < Ker-Ka < *Ker-ta

Como existe controvérsia sobre o nome do deus Reve no sentido de o fazer supor uma espécie de genérico que andaria sempre acoplado a outros tais como Tur(iaco) Reve, e como –iaco é seguramente uma inflexão nominativa, Trew- poderia ser uma forma elíptica de Tur(iaco Re)ve por *Tur-Reve, o touro solar dos pradarias ibéricos. Esta tese não parece ser inteiramente dispicienda porque a seu tempo se analisará que o teónimo Reve pode derivar de Uraz, o deus da luz solar suméria que deu origem ao egípcio!

Re < Reue < Reve < Urwat < Ur-Kiki > Uraz!

Este deus Tur(iaco) Reve seria um deus dos prados verdejantes, na medida em que nome Reve parece ter sido também um locativo com o significado de planura onde pastam os touros e onde se encontra o «trevo» bravo.

Trebaruna seria uma Deusa lusitana que, com a chegada da religião romana, foi associada à Deusa Victória, passando os dois cultos a serem celebrados em paralelo. (...)

Foi encontrada uma inscrição referente a esta Deusa numa ara, que foi descoberta no Fundão, sendo que nesta mesma propriedade encontrava-se igualmente uma ara dedicada a Victória, Deusa guerreira romana. Não se sabendo contudo ao certo qual a proveniência destas duas inscrições.

O lobo é o animal associado à Deusa Trebaruna.

Então, Tur(iaco) Reve ó Tur-rewe > Trew-, lit. “o prado de trevo”.

Artemisa era Pótnia Teron ou Tauropola, ou seja, entre Teron e Trew- de Diana Trívia, senhora das trevas dissipadas por Diana Lucífera, deve ter havido poucas distâncias etimológicas!

Trevões é uma freguesia do Concelho de S. João da Pesqueira, distrito de Viseu, integrando-se na Região Demarcada do Douro. (…) A origem do topónimo tem levantado alguma controvérsia. Diversos documentos atribuem-lhe o nome de Trovões. Outros documentos porém denominam-na Trevões. Surgem, então, diversas teorias na tentativa de explicar a origem e evolução etimológica deste topónimo. Alguns sugerem que o nome original seria Trovões, devido às frequentes trovoadas que se registam na região. Mais tarde, pelo facto de crescer grande quantidade de trevo na zona, foi alterado para Trevões, segundo consta. Outra tese sugere ainda a existência no antigo pelourinho da vila, hoje desaparecido, da representação de um escudo com cinco folhas de trevo, que pertencia a um fidalgo da freguesia, de nome Travassos, daí provindo o topónimo. Outros defendem que Trevões é a designação mais correcta, constituindo a evolução fonética natural de Trevules, forma original que consta de alguns documentos antigos.

Trev-ules > Trev-ues > «Trev-ões» < Tre-Van-is.

                                                    < Trovões < Lat. Tur-bone

Das trevas ao trovão iria apenas o lapso de espaço e de tempo de Kur-kian, deus Iskuran ou Enki-kur / Crono, senhor dos relâmpagos e do som infernal dos vulcões piroclásticos de que a grande tuba sagrada dos monges seria o protótipo sobrevivente, outrora aguerrido na tuba romana e no salpinge grego.

Trebopala seria então uma ressonância de Apolo, um deus que foi um pastor de gado vacum em tempos arcaicos e que se deixou roubar por Hermes, tal como o ibérico Gerião, por Hércules. Notar que os equivalentes latinos do monte palatino eram também deuses verdejantes e pastoris. Aruna seria a forma local de Arina, que em local próprio se identificou com Ariadne e com Atena ou seja, com uma variante de divindades másculas e caçadoras como Artemisa. Trebaruna seria então apenas a deusa Arina, a deusa do sol dos verdes prado. Como se verá de seguida, esta relação com os prados marcará a sua relação taurina enquanto deusa dos animais selvagens

 

Ver: ARIADNE (***) & ARACNE (***)

 

TREBARUNA

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A etimologia mais frequentemente aceite para este teónimo é a que foi estabelecida por Leite de Vasconcelos:

TREBA + RUN, do Celta Treb, Casa, Lar, e Run, Mistério. TREBARUNA seria assim um Espírito do Lar, que depois se teria tornado numa Deusa Guerreira, como uma certa inscrição do Fundão faz pensar.

Da nossa parte, não vemos necessidade de qualquer transformação da parte da Deusa, no sentido de uma evolução de Guardiã do Lar para Deusa da Guerra: as duas funções podem perfeitamente coexistir o tempo todo na mesma Divindade. Com esta coexistência, TREBARUNA afigura-se uma versão Lusitana da paradigmática Deusa Céltica da Guerra e da Magia, como as Irlandesas MORRIGAN, MACHA e BADB CATHA - as Quais formam uma tríade.

Figura 1: Ara dedicada a Trebaruna

(I d.C.- II d.C, Época Romana Fundão)

Tal arquétipo Divino pode, salvaguardadas as devidas distâncias, ser extensivo a outros ramos da família indo-europeia ocidental: entre os Germânicos, as Valquírias desempenhavam um papel que Hilda R. Ellis Davidson aproxima do das Deusas Célticas citadas acima; em Roma, BELLONA era importante, pelo menos em tempos mais recuados, mais arcaicos, portanto mais próximos das origens indo-europeias Celto- Italiotas; na Grécia, ATENA, figura de primeira grandeza na religião Helénica, é uma Deusa sábia e guerreira simultaneamente, e a Magia é uma forma de Sabedoria, sobretudo para os povos indo-europeus norte-ocidentais.

A inscrição votiva de Cabeço das Fráguas, apresentada mais acima, fortalece a teoria segundo a qual TREBARUNA se insere na segunda função indo-europeia segundo Dumézil, uma vez que o animal que aí lhe é consagrado pertence à ordem dos ovídeos; por outro lado, o facto de o registo deste sacrifício a TREBARUNA estar separado do registo do sacrifício a REVA por um «indi» poderia talvez significar que ambas as Divindades pertenceriam à primeira função indo-europeia, a da soberania, já que o referido vocábulo lusitano, indi, parece querer dizer «mais», no sentido de acrescento, de intensificação – como o «ENDO» em ENDOVÉLICO – ou seja, neste caso, de acumulação de ofertas para satisfazer cada uma das necessidades relacionadas com as respectivas três funções.

Uma nova hipótese etimológica viria solidificar este ponto de vista: TREBARUNA seria TRE + BARUNA, i.e., Três vezes Poderosa, ou, por outro lado, a que liga três vezes, porquanto, segundo Dumézil, VARUNA derivaria da raiz indo-europeia

*Uer-, Atar, Ligar.

Das várias inscrições que hoje conhecemos, transcrevemos aquela que nos poderia levar a inserir TREBARUNA no contexto das Divindades Soberanas:

A AUGUSTA TREBARUNA

Marcus Fidius Macer filho de Fidius e inscrito na tribo Quirina

magistrado III vezes diúnviro II vezes intendente das construções.

36. En la villa de Freiría (Cascáis), en el mismo conventus se halló una lápida consagrada a Triborunnis (40) (fig. 5). Dice así: TRIBORVNNI / T(itus). CVRIATIVS / RVFINVS. / L(ibens). A(nimo). D(edit).

Trebaruna, also Treborunnis and possibly Trebarunu was a Lusitanian mythology Lusitanian deity, probably a goddess. Trebaruna s cult was located in the cultural area of Gallaecia and Lusitania in the territory of modern Galiza Spain Galicia Spain and Portugal.

Trebaruna - O nome, explica-o d´Arbois de Jubainville, eminente celtista do principio do século, por Trebo + runa, isto é, "segredo da casa". Assim sendo, Trebaruna começou por ser uma divindade doméstica, passando depois para a sua função mais conhecida de Deusa Guerreira, da batalha e da morte em batalha, pois muitas inscrições referem-se a esta característica da nossa deusa.

Ái-treabhach, -aigh pl. id., m., an inhabitant; as a., habitable.

Síl-Treabh, f., generation, a family, race, tribe.

Treabh, -eibhe, -a, f., a tribe, a family, a race; a house, a home, as in phr., níl tigh ná treabh aige, he has neither house nor home (Ker.). See also Sup.

Rún, -úin, pl. id., m., a secret; desire, intention, inclination, determination, resolve, design, purpose; mystery; love, esteem. regard, confidence; a sweetheart, a beloved person; a term of endearment; rún do ghlacadh, to resolve; searc, rún is gean, love, esteem, regard; tabhair do chuid dod mhnaoi is tabhair do rún dod dheirbhsheithir, give your means to your wife, but your secret to your sister, i.e. the sister will be less likely to betray your confidence than the wife.

Rúnda, indec. a., dark, mysterious, secret, internal.

Obviamente que não é preciso ser-se um eminente celtista para se cair na tentação de ler o nome de Trabaruna como significando os segredos da casa. Basta dividir o nome da deusa em duas metades e pegar num dicionários de gaélico e procurar os termos convenientes mais próximos que esta divisão arbitrária.

Treabh + Rún = Treabh-Rún ó Trebharún(a) ó Trebaruna.

Costuma-se dizer que as soluções mais simples são sempre as mais plausíveis mas apenas para questões práticas. De facto se assim fosse sempre, sobretudo para as questões teóricas obscuras, nãos seria a ciência tão difícil de alcançar porque o senso comum se rege normalmente pelo princípio do mais fácil e do menor esforço! Obviamente que esta etimologia é tão credível como todas a etimologias populares com a agravante de postular que os termos da Lusitânia teriam a melhor leitura quando lidos em irlandês antigo!

Claro que não se nega que a melhor maneira de decifrar as línguas ibéricas anteriores à dominação romana seja utilizando comparativamente mutais mutandis a norte as línguas celtas e a sul as línguas semitas. Mas enquanto esse trabalho não tenha sido feito à que desconfiar da transliteração pelo celta da onomástica lusitana que pode ser particularmente blasfema quando se trata de teónimos.

A etimologia proposta se não é fantasia é pura imaginação ao gosto simples e popular.

A hipótese de Trebaruna derivar de Treabh-Rún (= "segredo da casa") não é convincente, desde logo porque poucos ou nulos seriam os segredos duma casa paleolítica lusitana, aceitando que seria tão arcaica como parece ter sido importante para este povo! Quanto muito poderia falar-se nos segredos da cozinha relacionados com *Kima-kina, a deusa mãe da água e do fogo mas ainda assim teríamos que encontrar este mitema noutras mitologias ou então explicar a razão do valor que os lusitanos davam aos segredos das mulheres!

Pálás, -áis, pl. id., m., a palace, a mansion.

Ball, g. baill and boill, pl. id., m., a limb, a member; a spot, a place; a separate article

Depois porque aplicando o mesmo critério a Trebopala teríamos *Treabh-pálás com o significado de casa do palácio? Poderíamos tentar um étimo do tipo –opal mas em gaélico não existe. Um do tipo -ball e obteríamos o contrário *Treabh-ball com o significado oposto a *Treabh-pálás pois seria um pedaço da casa. E todos estas transliterações disparatadas em celta com que significado místico?

A um iminente celtista exigia-se que tivesse feito a etimologia comparativa das supostas raízes de Trebaruna que seria o mínimo de respeito que esta deusa mereceria.

A abrangência do termo gaélico Treabh deveria ter levantado a suspeita de que teria menos a ver com a realidade concreta do lar doméstico e mais com a realidade virtual da «casa grande» tribal ou «taberna» típica dos povos arcaicos sendo assim inegavelmente cognato do Lat. tribu e de todos os seus derivados novilatinos. Isso sim que seria uma solução simples para uma observação clara e inteligente!

Se é verdade que o nome Néftis (Nebet-het) significa senhora da casa, entendida no sentido físico, como a casa para onde o Sol retorna no fim do seu curso, ou seja, os céus nocturnos isso aconteceu mais por semelhança fonética que o termo adequiriu nos hieróglifos do que por etimologia.

Nephthys is the Greek form of an epithet (transliterated as Nebet-het, and Nebt-het, from Egyptian hieroglyphs). The origin of the goddess Nephthys is unclear but the literal translation of her name is usually given as "Lady of the House," which has caused some to mistakenly identify her with the notion of a "housewife," or as the primary lady who ruled a domestic household. This is a pervasive error repeated in many commentaries concerning this deity. Her name means quite specifically, "Lady of the [Temple] Enclosure" which associates her with the role of priestess.

This title, which may be more of an epithet describing her function than a given name, probably indicates the association of Nephthys with one particular temple or some specific aspect of the Egyptian temple ritual. Along with her sister Isis, Nephthys represented the temple pylon or trapezoidal tower gateway entrance to the temple which also displayed the flagstaff. This entrance way symbolised the horizon or akhet.

De facto o termo inicial seria Nebet, esposa de Nebo e por isso genericamente senhora que por misteriosos desígnios do complexo ritual sacerdotal egípcio ficou associada ao recinto do templo e acabou Nebet-Het.

Claro que trebaruna poderia ter um significado mítico e ritual parecido mas então a singularidade de tal facto implicaria que o nome luso fosse proximo da equivalente Egipcia e não dum suposto druidismo celta, rustico, rude e desconhecido.

Voltando ao mitema da «casa grande» da tribo acabaríamos por dar conta de que esta teria que ser algo parecido com «taberna» que segundo os crentes do indo-europeus nos faria andar em círculo à voltas da tribo, da casa grande e do suposto étimo agora supre celta, o PIE *treb-.

Tribe (n.) = mid-13c., (...) from Old French tribu or directly from Latin tribus (...) of unknown origin. Perhaps from tri- "three" + *bheue-, root of the verb be. Others connect the word with the PIE root *treb- "a dwelling" (see tavern).

Tavern (n.) = (...), from Old French taverne (...), from Latin taberna "shop, inn, tavern," originally "hut, shed, rude dwelling," possibly [Klein] by dissimilation from *traberna, from trabs (genitive trabis) "beam, timber," from PIE *treb- "dwelling" (cf. Lithuanian troba "a building," Old Welsh treb "house, dwelling," Welsh tref "a dwelling," Irish treb "residence," Old English ðorp "village, hamlet, farm, estate").

No entanto, parece que o equivalente galês de PIE *treb- seria, car-tref, habitação é porque o inglês “home” era em gaélico antigo dom, próximo dos domus latino e “hause” era attrab.

Então, car-tref ó attrab ó Cas-tra | -wi < ki.

Seja como for, parece mais provável que os falares celtas nórdicos são mais corruptela do lusitano que o inverso. Como os castros lusitanos ainda por cá existiam no tempo dos romanos, então, se Trebaruna derivasse de algo celta como o significado de “casa dos segredos” seria *castrabarunda ou *castronda enquanto “casa grande dos mistérios ou dos segredo da tribo” o que seria pouco apropriado para nome de uma deusa...ainda que podesse ser um epíteto de chefia interessante...que por acaso até existe em gaélico como Ca(s)th(r)-Bharún.

Cath-Bharún, -Úin, pl. id., m., an officer, a commander.

No entanto, o semantema do comando aparece obviamente bem demarcado na forma da raiz -baruna que é seguramente a mais significante e nuclear de Trebaruna...e mais proxima do hitita Tabarna (imperador) e da «taberna», casa grande da tribo.

Poderíamos ironizar um pouco dizendo quee com «runa» se pretende uma conotação com a escrita celta e nesta acepção seria mais de traduzir o nome desta deusa por «trabalhos (de runas escolares) de casa» (se trebo- significasse casa e não, por exemplo, o «trevo» irlandês!) acontece que as «runas» escritas só se tornaram um sinónimo de secretismo quando deixaram de ser entendidas. Até ai, quanto muito, seriam sinais de mistério magia e presença mística da divindade, já que a iliteracia seria então generalizada!

Com Trebaruna poderia divagar-se por Trewa + Runa < Treva-Luna, a deusa máscula do luar que ilumina as «trevas» da noite, como é o caso de quase todas as Virgens Mães guerreiras, feiticeiras e caçadoras pela calada da noite! No entanto, com esta conotação de Diana Lúcia que lhe é reconhecida, o mais natural seria deduzir a seguinte equação:

Trebaruna ó *Ter-Waruna que poderia ser literalmente traduzido por a «Vaca» Tourina de Varuna, o deus da guerra indo-europeu, ou então por *Tri-Kalina, a tridiva Hera, Kali e Ana.

Porém, o nome desta deusa deve ser bem mais arcaico do que a mítica tradição indo-europeia o seria pelo que se preferiria uma leitura num plano mais análogo ou que é comum para a mitologia antiga.

Trebaruna < *Tar-Ki-Urana, lit. “tricana ou varina” de Kar, o deus sol, tal como aparece encoberto noutras versões em que o povo minhoto canta..

 

Ó chula, vareira chula

Ó chula vareira chula, ai

Deixa-te andar asseada

Ai, deixa-te andar asseada!

 

...Já sem o saber, em honra da deusa mãe, a «Chula Vareira» que obviamente é aqui Sula[1], a deusa vareira, esposa do Sol.

Sulae - Divindades adoradas pelos Lusitanos do norte.

Dedicación a las Sulae Nantugaicae

Suleis / Nantu/gaicis / Flavin/us Flav(u)s / v(otum) s(olvit) l(ibens) m(erito)

Padrenda, Orense, Galicia, España - Sirve de pila de agua bendita en Santa María do Condado

Sucellos Sul (Sulla) = The Celtic British goddess of hot springs, especially at Bath (Aquae Sulis). Sulis = In Celtic mythology, Sulis was a goddess of prophesy, inspiration, wisdom and death. She who is bountiful, as is a sow of piglets.

Kaur > Xaul => Chula < Sulla ó Sulis

                       > Sol.

Trebaruna < Kur-Kur-Ana, lit. “a lua que percorre o céu entre os montes do nascente e os do poente” > *Kar-Urki-Ana > etc.

Que esta tradição se relaciona com a talassocrassia cretense prova-o o facto de tanto varina como vareira serem nome de peixeiras e mulheres da beira-mar!

Conotada com este nome terão andado as inscrições (encontradas em Felgueiras e Freixo de Numão mas, que se perderam!) relativas à divindade taurina Iunone | Amrune-arum < *Ama-Aruna-caeco, por semelhança com Arentio Amrunaeco (presente em duas aras de Coria, em Espanha) e que ali significaria, supõe-se, “as que mugem debaixo da terra”.[2]

Amrunaeco = *Amar-Una-Caeco = Ama-Kaco-runa

> Macahuruna > *Macarina > Macarena!!!, também ela taurina porque padroeira dos toureiros!

Trebaruna < Ter-waruna < Ker-Karuna < *Kar-kur-Ana

                                                                      º Ma-kur-Ana > Macarena!

Ou seja,

Macarena + Trebaruna = Ma + Ter (Kurana) = Mater Karina, mãe carinhosa dos kouros, bravos guerreiros e toureiros.

Ma-Durga < Ma-Kur-ka + Ana => Macarena

A raiz taurina relativa a bois e outros animais selvagens parece confirmada no teónimo Tri-Tiae-(cius)

TRI-TIAE-CIUS – Deus da tribo dos Caluri Lusitanos, adorada localmente por povos hispânicos que habitam na região fronteiriça.

Dito de outro modo, a dama de Elche seria uma versão petrificada, por analogia com os meteoritos das estrelas cadentes de Pallas Atena, duma deusa de madeira para vestir, como seria o caso das estátuas de Hermes, os Erma ictifálicos.

Assim sendo, lentamente a etimologia de Trebaruna começa a aproximar-se da semiologia de Artemisa enquanto Potnia Teron que será a forma mais adequada de interpretar o nome de Trebaruna. Como Pótnia era um genérico para Senhora, como se viu no caso de Nenet(het), o nome nuclear dete mitema seria Teron, o único que se manteve na fonética de Tre-baruna. A raiz -baruna enquanto conceito de Senhora, como genérico divino, poderia provir de outra linha semântica como o que veio dar origem ao micénico Vanax e ao hitita Tabarna.

Teron | < Ter-(On < Anu) | + B(i)arana > (Tre-bar)-ana > Trebaruna.

E temos assim desvendado o mistério etimológico de Trebaruna que afinal nada fica a dever às runa celtas a quem terá sido ela a dar o nome.

Que Treba-runa foi Artemisa, esposa e irmã de Apolo, variante de Palas Atena, obtemo-lo por reforço de prova no nome de Trebo-pala.

Claro que ao colocar a etimologia de Treba-runa em contraponto com Trebo-pala leva ao risco de ter que enfrentar uma composição do nome desta deusa no mesmíssimo formato que levou os autores positivistas a ler este nome como casa (treb-) dos segredos (-runa). No entanto este risco é calculado. Senão vejamos: Que Trebaruna era uma deusa, parece decorrer de ter sido Augusta, mas do sexo de Trebopala nada sabemos podendo assim postular-se que Tre-b(i)a- / Tre-b(i)o- fossem o núcleo do nome deste casal divino de deuses dos animais equivalentes de Artemisa / Apolo sendo a Artemisa / Tre-b(i)-aru-na consignados os animais selvagens (-aru- < sumer. uru) e a Apolo / Tre-b(i)-opa-la, os animais domésticos e pastoris (opa < ophia => Lat. ovis / bovis).

Voltando atrás à inscrição do Cabeço das Fráguas, compreendemos agora porque é que a Trebopala eram dedicadas ovelhas e a Trebaruna touros ou seja (bois selvagens)!

Pales era uma divindade da mitologia romana relacionada com a vida pastoril. Em algumas fontes, como em Ovídio e em Virgílio, a divindade é apresentada como feminina, enquanto que outras fontes se referem a Pales como uma divindade masculina. (…)

O festival dedicado a Pales decorria no dia 21 de abril e recebia o nome de Parilia (ou Palilia)[3]. Nesse dia, os pastores faziam fogueiras de restolho e espinhos sobre as quais saltavam. Outro festival dedicado à divindade tinha lugar no dia 7 de julho; este festival parece ter sido dedicado Pales enquanto duas divindades (Palibus duobus).

A sub-raiz –bia- suspeita em *Tre-bia- ainda persistiria em Na-bia que neste caso nos facilita a sua identificação com Atena / Anat.

E como a etimologia se encadeia como cerejas num açafate podemos acrescentar que a relação aquática que esta deusa recebeu entre os Brácaros decorre da sua relação com o deus das águas doces e dos rios que foi Enki, pai, esposo ou avô de Inana / Anat…e de Nebo, o deus da escrita e da sabedoria dos vedores das fontes de águas doces, conhecimentos importantes no clima semidesértico péri-mediterranico, por sinal a mesma que Nebet-het.

Nabia < Natia > Tanit > Anat.

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Figura 2: Mohenjo-daro Seal, depicting a deity with horned headdress and bangles on both arms, standing in a pipal (sacred fig) tree and looking down on a kneeling worshiper. A human head rests on a small stool. A giant ram and seven figures in procession complete the narrative. The figures wear a single plumed headdress, bangles on both arms and long skirts.

Este estranho ritual inscrito num selo da civilização de Harapa bem poderia ser uma arcaica manifestação do culto de Macarena, a virgem mãe do Minotauro.

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Figura 3: Durga e Kali vingando a morte do esposo e filho Chiva. A semana santa sevilhana é de facto uma sublimação cristã do arcaico mito da morte pascal do filho primogénito da deusa mãe, em arcaicos ritos de passagem.

Esta tradição seria tão minóica como a do culto dos touros.

Como toda a tradição andaluz nos reporta para a civilização «tartéssica» [< Tartessos < Kart(-ish) > Keret > Creta] e desta para Creta, seja por intermédio do sufixo -essos, seja pelas saias das sevilhanas e dos ocres dos edifícios, desde os cultos taurinos ao culto da virgem mãe a verdade é que seria dos cultos de fertilidade, o Laburinto.

Estas arcaicas festas da primavera cretenses girariam em torno de antepassados étmicos de Atena / Artemisa e Hermes e delas derivariam os rituais da semana santa de Sevilha em torno de Macarena e Jesus da Condenação.

O resto, além de eruditamente acertado, é uma confirmação de tudo isto.

La Dama de Elche, pues, resumiría dos momentos escultóricos, el del modelo de madera, joyas y vestiduras reales, y el de la petrificación, fundidos ambos en un todo que resulta, por ello, ecléctico y contradictorio. Algunos de sus rasgos, además, quedarían explicados en función de esa misma propuesta. Por ejemplo la propia configuración anatómica de la parte superior del cuerpo, antinatural por la desgarbada disposición de los hombros, afectados por lo que García y Bellido describía como una "chepa" que daba a la figura una apariencia corcovada o encogida (García y Bellido, 1943, 23); y antinatural también por la carencia de indicación del volumen de los senos. En el marco de la hipótesis expuesta, es fácil suponer una imagen de madera configurada como un maniquí, de formas anatómicas muy sumarias, quizá con resabios arcáicos, destinada a ser cubierta por los vestidos y para la que se desestimaba toda referencia anatómica innecesaria. -- REFLEXIONES SOBRE LA DAMA DE ELCHE. Manuel Bendala Galán. Universidad Autónoma de MadridREIb. 1, 1994, 85-105.

 

Ver: MINOTAURO (***) & LABURINTO (***)

 

 



[1] Sulai deve ser um erro epigráfico

[2] O DOMÍNIO ROMANO EM PORTUGAL, de José de Alarcão.

[3] Notar a semelhança com as festas populares infantis da bela-luz no Alto Douro sobreviventes das festas celtas de Beltano.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

TOPONÍMIAS LATINAS DA LUSITÂNIA por Artur Felisberto.

Nome Romano
Nome Moderno
Abelterium < Ad Alter-ium
Alter (do chão)
Ad Aquas < Aquilares > Aguilar > Aguiar
Aguiar da Beira
Ad Septem Ares. (1) < 7 = septem
< septa < septata < serrata < «serra»
=> Serra
Serra de Aires.
Æminium < * Hi-Ama Ani > *Ci-an-(A)ma
Coimbra
Ammaea < Ama º Kima º Kiana >
Viana (do Alentejo)
Aquæ Flaviæ
Chaves
Arandis > *Alandobriga? > Alandouria >
> Alandrua-Al > Alandrual
Aranna > Ana Aura => *Aura-kia
Auraquia >Ourique
Aritum Pretoruim > Perto(rum) Altium
Porto alto
Arruchi novum
Arroche
Balsa < Warka < Ka-War < *Ka-Phura >
> Thawura > Tavira
Bracara Augusta
Braga
Caeciliana > Cacilliãa >
Cacilhas?
Caepiana < Phian-kia >
Pancas?
Cætobriga <= Ki-Tu-bal-ica > Cætobrix
< *Ki-Tubal, terra de Tubal (Caim) > Setúbal
Caladunium < Karathan > Tarakanes > Trawanes
Trevões?
Cale < Kare < Kalia > Garya >
Vila Nova de Gaia
??? < Collipo < Colliphto < *Caulliputi < Hullupu-Ki de Inana, a árvore do paraíso, o cólio, o lírio ou a flor do lis? < Kori-kito < *Karkito > Corhtis > Cortes, em Leiria
Leiria < Leirria < Leira-ria = Leira alagadiça = Leziria
Complutaca < Colump-cata > Columbae-catha => o logar das casas, *casha, das pombas  =>
St.ª Comba da Vilariça
Concordia < Karki-kana > Kerthiana
Sertã
Conimbriga = *Coni-ma + Briga <= Ki-an-(A)ma = *Kima-An. =>
*Coni-ma + *Kitaki, (variante de cidade, terra do fogo de Kika) > Konm-thaka-ki >...
Conthaixa > Condeixa-a-Velha
Conistorgis < Cun + Istor + kis => Esto(r)his
Estói
Ebora < *Kiphura >
Hiphura > Évora
Elphias ? < (Min)-Hervas > Elwas
Elvas
Equabona, localisada pelos romanos na margem errada do Tejo? < Kaeka-Hepona
Sacabona => Sacavem?
Esuris < Ishkuris >
V. Real de S.to António
Fraxinus < | Phrak > wrig-| Kina < *Brigançia > Brib-Enki => Enkia > Nikê >
Nisa
Ierabriga < Iria + briga > Alan-thria
Iria (da Azoia) & Alverca?
Igtedita / Igedita > Igtania >
> Itagnia > Idanha
Lacobriga < LaKu + brig- => Lagus
Lagos
Lama + Kiu > Lamakio > Lamaigo >
Lamego
Lancio opidana < Uran-Kikca (> *Kikuran > «segurança» => Guarda)
Kur-ki-an > Kaurta (ophitana) > Guarda
Limia
Lima
Matusarum < Matus Saru => Saur > Sor
Ponte Sor.
Medceca < *Mar-ad-ceca > Marateca
Marateca
Mirobriga < | Mero <=> *Kakima > | briga
Santiago do Cacém (< Kakem < *Kakima)
Mirobriga < Milo + -briga => Melides
Meli kaka > Kachemer > Cachem > Cacém
Moron < *Maurinus > Meirin + Al arabizante =>
*Al-Meirim > Almeirim
Mundobriga

Myrtilis < *Mel-Kur(t)is > Miercoles
Mertulia > Mértola
Olisipo < Helis-hipona, «cavalos do sol» < *Karish-Kahi-Ana > Ulis-Hipona> Lishibo(n)a >
= fenic. Alis-Ubbo (Porto das Sereias??, os cavalos de Enki, o deus das talassocracias mediterrânicas, também deus *Kur > Kar < KAL > hel, do sol??) > Lisboa.
Ossonoba < Hossanupha <*Aush Anu-Ki
Faro
Pax Iulia > Bajulha > Baijua
Beja
Pinetus <= *Pinekurus > Pikanurus > Pignelus
Pinhel
Praesidium > Perasido >
Pereirão ou Pereiro
Rarapia < Raraphia < *Ura-Ki-Kura =>
*Aurkishtar > Hal-Ushter > Aljuster
Roboretum
Serra do Roboredo
Salacia
Sitânia de Lousada de Vizela?
Salacia = terra do Sal
Alcácer do Sal
Scallabis < Esculapius < Ish-Kuraphis =>
Saturanum > Santarem > Santarém
Sellium < Kermia >
Therma >Temar > Tomar
Serpa < Kerpha < *Kaphura = serpente.
Serpa
Talabriga
Marnel???
Veniatia
Vinhais?
Vesto ? < *Ki-ish + Kiku > Vesh-hiho > Veseo > Veseu
Viseu
Vipasca < Netalum ([1]) Vipasca < Wipiasca < *Kiphi ashka
#> Aljustrel
(1) - Eis o que pode revelar-se como prova de um óbvio equívoco de geógrafo mal informado! Por confusão com algum termo luso com o significado explicito de “serra”, e reconhecido como tal pelo povo de Mira Daire e seus arredores e traduzida pelos romanos como «serra» de serrar pela simples razão de que em latim a «serra», enquanto acidente orográfico, é sempre monte (mons) e nunca serra!
É reconhecido que o conjunto orográfico da serra de Aire e Candeeiros separam o mar do interior condicionando o clima e os ares húmidos desta zona da Estremadura portuguesa. Os locais identificariam a serra de Aire como sendo o que ainda hoje é “a serrada da Iria” ou seja uma metáfora descritiva da silhueta dentada, como que por uma serra de serrar, da deusa da Aurora (Iria).
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Figura 1: A serra de Aire vista de Torres Novas para Norte.
Espantosamente a «serra» de serrar em gaélico é sabh e serrada é sàbhta.
Sabendo-se que a Irlanda se chama em gaélico Eyre, Eire, or Eiriu por ser a terra da deusa Eiru e suspeitando-se que o gaélico era uma língua galaica decorrente de imigrações galega pré-históricas podemos concluir sem surpresa que à época dos romanos já se falava gaélico na Lusitânia e a serra de Aire seria já isso mesmo a “sàbhta Eira”.
É também reconhecido que os romanos consideravam as terras húmidas como insalubres. Sendo assim, os romanos eruditos que por aqui passavam e perguntavam pelo nome da serra ouviam o que queriam entender. Como os romanos achavam a serra de Aire um local escalvado como que varrido pelo vento que tudo leva e pouco mais deixa além de “sete (maus) ares”, quando os indígenas lusitanos se referiam a “sàbhta Eirs só ouviam o que queriam ouvir e por isso entendiam sàbhta como se fosse septe(m) = 7, numeral.
Assim, a Serra da Iria, por ser considerada por puro preconceito romano de maus Aires, passou a chamar-se em latim, Ad Septem Ares = A dos sete Ares em vez de ser apenas o que é, a serra (silhueta) da Iria.
No entanto, as ideias míticas surgem como as cerejas num açafate e de repente lembramo-nos que a serra da Iria poderia ser o arco-íris, a ceitoira do crescente lunar com que esta deusa faria as cegadas às searas da Primavera ou o caduceu de mensageira de Hera.
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Figura 2: Uma Tridiva Irlandesa: Banba, Fotla and Eriu, as três Horai das estações do ano.
Nesta representação são teluricas como Hermes da esfinge de Gizé
Quando os Milesianos chegaram da Espanha, cada uma das três irmãs pediu ao bardo Amergin que seu nome fosse dado ao país. Ériu (Éire, e em sua forma dativa Éirinn, resultando no inglês Erin) parece ter vencido a disputa, mas os poetas consideram que todas as três tiveram seu desejo satisfeito, e assim Fodhla é por vezes usado como nome literário para a Irlanda, da mesma forma que Banba.
Diz a lenda que santa Iria foi raptada da sua casa por um hóspede nocturno e é degolada num outeiro. Sete anos mais tarde, o seu assassino regressa àquele local, onde já se ergue uma ermida em memória da sua vítima. Ele pede perdão mas, numa atitude pouco cristã, a sua vítima nega-lho. Por isso nunca viria a ser uma deusa canónica. Segundo outras lendas santa Iria nasceu na aldeia da Torre da Magueixa, concelho da Batalha. Posteriormente partiu para Tomar onde tinha família e onde seguiu carreira religiosa.
Seguramente que nenhuma, destas lendas, é verdadeira porque seria uma deusa lusitana e pré-grega que veio a dar origem a irlandesa Eiru. É representada a segurar uma "panela de manteiga” em Magueixa (Batalha) e com uma colher de pau na Faniqueira (Batalha) o que permite supor que Eiru seria primitivamente uma deusa de pastoreio e do fabrico da manteiga.
Desgraçadamente Iria ou Irene não deixou rasto lapidar na Lusitânia, nunca foi santa canónica, mas ficou eterna o Arco-Íris.



[1] Netalum < Metalun => *Latanum > Leta(n)o > Latão => Vale de Leitão.