quarta-feira, 8 de outubro de 2014

HERA, A RAINHA DOS DEUSES E DOS PEDINTES, por Artur Felisberto.

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Figura 1: Hera, a rainha dos deuses!

Na mitologia grega Hera (em ático Ἧρα Hêra, en jónico y griego homérico Ἧρη Hêrê) é a deusa equivalente a Juno, na Mitologia romana, irmã e esposa de Zeus, deusa dos deuses, que rege o casamento. Retratada como majestosa e solene, muitas vezes coroada com os polos (uma coroa alta cilíndrica usada por várias deusas), Hera pode ostentar na sua mão uma romã, símbolo da fertilidade, sangue e morte, e um substituto para as cápsulas da papoula de ópio. A vaca, e mais tarde, o pavão eram animais relacionados com ela. Possuía sete templos na Grécia. Mostrava apenas os seus olhos aos mortais e usava uma pena do seu pássaro para marcar os locais que protegia. Hera era muito vaidosa e sempre quis ser mais bonita que Afrodite, sua maior inimiga.

Retratada como ciumenta e agressiva, odiava e perseguia as amantes de Zeus e os filhos de tais relacionamentos. Odiava sobretudo Hércules, que procurou diversas vezes matar quando este era ainda bebé. Por isso, quando crescido, Hércules destruiu os seus sete templos e, antes de terminar a sua vida mortal, aprisionou-a num jarro de barro que entregou a Zeus. Depois disso, ele foi aceito como deus do Olimpo.

O único filho de Zeus de quem ela gostava, era Hermes e sua mãe Maia, porque ficou surpresa com a sua inteligência.

Hera, Irmã e esposa de Zeus, a mais excelsa das deusas, é representada na Ilíada como orgulhosa, obstinada, ciumenta e quezilenta.

Na guerra de Tróia por ódio dos troianos, devido ao julgamento de Páris, ajudou os gregos. É representada por um pavão e possui uma coroa de ouro.

Obviamente que estamos perante uma deidade que evoluiu a partir duma arcaica deusa mãe taurina como Juno teria sido primitivamente e era nos tempos etruscos. Deste modo Hera é correlativa da Egípsia Hator, a deusa vaca celeste que afinal era ali confundida com Afrodite. Assim sendo, o mito do julgamento de Paris não foi mais do que uma querela de templos que tiveram em temos a mesma deusa mãe como patrona e que com os tempos se tornaram rivais por terem evoluído diferentes a partir de teónimos que originalmente eram da mesma deidade.

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Figura 2: Hera, com o «cuco»-Zeus como animal totémico![1]

En la imaginería helenística, la carreta de Hera era tirada por pavos reales, pájaros desconocidos para los griegos antes de las conquistas de Alejandro Magno, cuyo tutor, Aristóteles, alude a ellos como «pájaros persas». El motivo del pavo real resurgió en la iconografía renacentista que unificó a Hera y Juno, y en la que se centraron los pintores europeos. Un pájaro que había sido asociado con Hera en un nivel arcaico, donde la mayoría de las diosas egeas estaban relacionadas con «su» pájaro, era el cuco, que aparece en fragmentos mitológicos acerca del primer cortejo de una virginal Hera por parte de Zeus.

After banishing his father Cronus, Zeus sought his twin sister, Hera, at Knossus in Crete. He courted her unsuccessfully for a prolonged time.

Sendo deusa de Creta suspeitamos que seria a vaca Europa que Zeus roubou das terras do sol nascente para trazer para Creta.

Obviamente que ao longo da história os homens de política e doutrina sempre leram os sinais dos tempos como lhe convinha...ou impõe a moda cultural.

Hera | Boôpis = Wau Oph(is) <= Kau Kau-Ki-ish

                                                > Wo Ow(is) > Lat. bos, bobis.

Su asociación arcaica era principalmente con el ganado, como una Diosa Vaca que fue especialmente venerada en la «rica en ganado» Eubea. En Chipre, se han hallado yacimientos arqueológicos muy antiguos conteniendo cráneos de toro que fueron adaptados para ser usados como máscaras (véase «toro sagrado»). Su familiar epíteto homérico βοῶπις, boôpis se traduce siempre como ‘con ojos de vaca’, pues, como los griegos clásicos, rechazamos su otra traducción natural como ‘con cara de vaca’ o al menos ‘de aspecto vacuno’. Una Hera con cabeza de vaca, como un Minotauro, estaría reñida con la imagen maternal del periodo clásico posterior. A este respecto, Hera tiene cierto parecido a la antigua deidad egipcia Hathor, una diosa maternal relacionada con el ganado.

Por outro lado, Boôpis reporta-nos para o boi Apis e para a evolução da variante no Bobis latino.

She took pity on him only when he adopted the disguise of a bedraggled cuckoo, and tenderly warmed him at her breast. He then resumed his true shape and ravished her. She was shamed into marriage with him.

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Figura 3: As Horas saudando o casal Zeus & Hera.

 

Ver: AS VACAS SAGRADAS (***)

 

Athyr < Hathor < Ka-Kur < Kaphur + Tite => Afrodite.

                     Tel-eia < Ter ó Ker > Herê > Hera.

                                                        > chêra > Gera.

Hera fue más conocida como la diosa matrona, Hera Teleia, pero también presidía sobre los matrimonios. En los mitos y el culto, se conservan referencias fragmentarias y costumbres arcaicas del matrimonio sagrado de Hera y Zeus, y en Platea había una escultura de Calímaco de Hera sentada como una novia, así como la Hera matrona de pie. Hera también fue adorada como virgen: había una tradición en Estinfalia (Arcadia) según la cual había un altar triple a Hera la Virgen, la Matrona y la Separada (chêra, ‘viuda’ o ‘divorciada’. En la Argólida, el templo de Hera en Hermíone, cerca de Argos, estaba dedicado a Hera la Virgen; y en la fuente de Canato, cerca de Nauplia, Hera renovaba su virginidad anualmente, en ritos de los que no se podía hablar (arrheton).

Se Hera renovava anualmente a sua virgindade banhando-se na fonte Cânata, perto de Nauplia, emita o banho ritual de Artemisa que, como nos conta Tácito na "Germania", só podia se visto por "homens condenados à morrer", numa clara referência ao mito de Acteão. No entanto, aprece que o banho ritual da virgindade com água lustral era partilhado por Afrodite, Hera &Atena o que nos renova a suspeita de esta última eterna e sempre virgem ser a mesma que Artemisa que como a Virgem Maria, mãe de Cristo, só eram virgens sempiternas porque pariam o seu primogénito por partenogéneses mítica, ou seja por auto geração miraculosa sem necessidade de macho.

The two events, the ritual Bath and the Sea-birth, are not I think clearly distinguished, and both have somehow their counterpart in the making and decking of Pandora. The ritual bath Aphrodite shared with the two other Korai, Athene and Hera. Callimachus devotes a Hymn to the'Bath of Pallas.' Pallas in her austerity, even when she contends for the prize of beauty, rejects the mirror and gold ornaments and mingled unguents; but, because she is maiden goddess, year by year she must renew her virginity by the bath in the river Inachus. The renewal of virginity is no fancy. Pausanias saw at Nauplia a spring called Canathus and the Argives told him that every year Hera bathed in it and became a virgin. He adds significantly, 'this story is of the mysteries and is their explanation of a rite which they celebrate to Hera.' Virginity was to these ancients in their wisdom a grace not lost but perennially renewed, hence the immortal maidenhood of Aphrodite. -- Prolegomena to the Study of Greek Religion Jane Ellen Harrison.

Estas tridivas aparecerão adiante no julgamento de Paris deixando-nos a suspeita de pertencerem a um mitema arcaico cretense das três idades da Mulher simbolizadas na Horas das estações da natureza. O banho ritual pode ter aparecido relacionado com a recuperação da virgindade por estranhas relações místicas e psicológicas com a morte e renascimento por afogamento no mar (catapontismo) de que a mitologia grega era particularmente rica. Por outro lado os banhos de Afrodite eram famosos na literatura e na pintura de vasos gregos porque seriam frequentes as vezes que esta deusa do amor venal perdia a virgindade.

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Figura 4: Banho de Afrodite.

Acidália, a surname of Venus (Virg. Aen. i. 720), which according to Servius was derived from the well Acidalius near Orchomenos, in which Venus used to bathe with the Graces; others connect the name with the Greek akides, i. e. cares or troubles.

Así hablando los liberó de las ligaduras la fuerza de Hefesto. Y cuando se vieron libres de las ligaduras, aunque eran muy fuertes, se levantaron enseguida: él marchó a Tracia y ella se llegó a Chipre, Afrodita, la que ama la risa. Allí la lavaron las Gracias y la ungieron con aceite inmortal, cosas que aumentan el esplendor de los dioses que viven siempre y la vistieron deseables vestidos, una maravilla para verlos.

Esto cantaba el muy insigne aedo. Odiseo gozaba en su interior al oírlo y también los demás feacios que usan largos remos, hombres insignes por sus naves. Homero LA ODISEA, Canto XIII. Los feacios despiden a Odiseo. Llegada a Itaca.

Hera, a tridiva, seria então a virgem Diana Trivia e esta, uma variante taurina de Juno Sospita.

Diana | Trivia < Tyrywa < Turuca < Taurusha ó Istar.

A história de Urano, pai de Crono/Saturno e avô de Zeus, será apenas uma mera reminiscência de alteração de epítetos do deus supremo dos gregos por meras conveniências políticas. Aliás, a história mítica que fez com que Zeus se disfarçasse de «cuco» não deixa de ser sugestiva.

                                                                         < *Kiwe > Hebe.

«Cuco» < Lat. cuculu, < Cucu-ru < | ru / ish| > *Kiw-ish > Shew-us.

                                                                               Shiva < Shew > Ziwa < Ziua

< Zeue ó Zeus.

Se Zeus era um «cuco», lit. «o guerreiro de Caco», natural seria que tivesse herdado deste a má fama de “pássaro com o hábito de fazer ninho em casa alheia”, ou vice-versa!

O mais provável é que o cuco tenha sido um dos animais totémicos de Zeus (tal como a águia que lhe é habitualmente atribuída e, menos frequentemente, o ganso ou o cisne e ainda o touro) enquanto arcaico deus do fogo que era Caco, ainda adorado pelos arcaicos povos de caçadores recolectores centro europeus, também chamados indo-europeus, razão pela qual teria sido imediatamente identificado como tal pelos micénicos.

Segundo Hisíodo, Zeus foi casado sete vezes desposando sucessivamente Métis, Témis, Eurinome, Deméter, Mnemosine, Latona e Hera, sua irmã.

Como se vê Hera foi apenas a última das esposas do deus supremo ou, no mínimo, o derradeiro dos seus epítetos ou avatares!

 

1) Ver: TEMIS (***) & Ver: METIS (***)

 

2) Deméter e quase uma elisão de «Deia Mater», cuja forma elíptica mais arcaica seria Medeia, não seria de espantar que tal fosse apenas uma elisão por ressonância a posteriore, ou então, talvez seja «mater» que derive da mesma expressão Kime + | -tar < Kar |, lit. “poder ou atribuições de transporte solar na forma de «deus menino ao colo da Deusa Mãe, *Kime, o que tornaria o nome de Deméter numa redundância dos anteriores.

 

3) Mnemosine < Men Musa-ina, lit. «a Sr.ª Musa de Minos» J!!!

< Min-*Machina (lit. «a máquina de cozinha de Minos» J!!!)

Se não existiu uma deusa com o título de *Machina existiu um título de Afrodite Mechanitis < Meash-Anatis, titulo que seria sobretudo apropriado em Atena Promacha, tanto pela etimologia quanto pela semântica da mitologia desta deusa das artes e das estratégias militares. No entanto é bem sabido quão inventivos são os ardis do amor!

< Mean Masha Anu, uma forma redundante do nome da Deusa Mãe que seguramente pertenceria a uma litania litúrgica que apela para o étimo Min- < Mean da realeza minoica e para Meash, uma alusão à «mecha solar» que seria a lua!

Não deixa de ser interessante que Mnemosine, mãe das musas, tenha sido a deusa da «memória» < Lat. Memoria < Grec. Mnêmosunê.

É patente que Mnemosine deu origem ao termo que designava o seu atributo de deusa guardiã da boa memória de que, antes da invenção da escrita, dela dependiam inteiramente os arautos das verdades míticas!

No entanto, como facilmente se deduz, a raiz do termo que passou para o latim é apenas memo- < Mneme > Grec. mnêmôn, Dor. mnamôn, (< mnaomai, esperto!!!)

Se o nome da musa da memmória era ora Mneme ora Mnemosyne, pode ter havido múltiplas razões etimológicas para tanto mas um facto não pode ser contornado: eram termos com a mesma semântica e, logo, seguramente variantes do nome da mesma deusa de que Mneme seria a forma elíptica ou apenas a nuclear por oposição a uma variante mais arcaica de tipo apostrófico ou seja, Mnemosyne, literalmente a “Esperta Ausónia” ou seja a astuta filha do senhor do céu que foi Atena / Inana.

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Figura 5: Zeus «pedindo a mão» de Hera.

Mechanitis - inventor; used at Megalopolis as a title of Afrodite.

Mnemosyne -- Daughter of Uranus. Mother of the nine Muses of Zeus. Goddess of memory < Mnêmosunê, Dor. and Aeol. mnamosuna, remembrance, memory -- Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Greek.

Mneme (Lower Greece) = Muse of Memory = Mnemosyne (Rest of Greece).

Mnemosyne < Mnem(e)- | Ausuna < Ash-Anu

                                           ó Memnon ó mnêmôn < Min-Anu > Enki, o deus «Menino» de Ki, o deus dos julgamentos do inferno, senhor dos mês e da mente e das mentiras que ela inventa.

 

Ver: EOS & MEMNÃO (***)

 

O interessante será constatar que Mnemosine acaba por ser uma variante em duplicata dos nomes anteriores.

 

4) Eurinome:

Eurinome < Euri | < Auri < Kar < Kur | +

| Naume < Anu-Ma > Mean > Min | < Carmina > Tar-min ó Minutaro, lit. “esposa ou mãe do Minotauro”.

< Kur-Anu-Ama, lit. “esposa ou mãe de *Kauran”, com o significado de “rainha-mãe das montanhas do céu”!

Esta expressão, que ainda se aproxima da anterior no radical minoico, tem conotações étmicas com o nome de Artemisa por meio de Carmina.

Carmen / Carmina - Goddess of the casting of spells and of enchantments.

Como Kuran / Crono foi Enki, e Hera foi filha de Crono é bem possível que estejamos perante uma manifestação de Inana/Istar, filha muito amada de Enki. Mas também é possível que Eurinome seria quase literalmente a que tem Euri por nome, o seja Hera, Eirene, Eris, Íris...Eiru e Iria.

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Figura 6: Hera no carro de triunfo de Zeus.

Sarpanitu, Sarpanit, Sarpanitum, Zarpanit, Zarpanitum o Zerpanitum (en acadio, Ṣarpānītu ), en la mitología babilónica es una diosa madre patrona de Babilonia y consorte del dios supremo patrón de Babilonia, Marduk. Tuvieron dos hijos, uno de los cuales fue Nabu, dios de la escritura y protector de los escribas.

Era adorada por la luna creciente y representada a menudo como embarazada. También es conocida como Erua (del acadio erû, "que está embarazada"), protectora de las mujeres embarazadas, "la Radiante" o Beltiya (femenino de Bel, "el Señor", otro nombre de Marduk. A veces se la asimila con Gamsu (a deusa das aguas mortas), Ishtar y/o Beltis.

Su matrimonio con Marduk se celebraba anualmente en el Año Nuevo en Babilonia. En la importante fiesta babilónica de Akitu, durante el décimo día, Marduk volvía a la ciudad por la noche para celebrar su matrimonio con la diosa Sarpanitu, donde la tierra y el cielo se unen, y como los dioses se unieron, así fue esta unión dispuesta en la tierra. De este modo, el rey personificaba este matrimonio sagrado, jugando el papel de casarse con la más alta sacerdotisa del Esagila (hieródula que representaría a la diosa), donde permanecerían sentados en el trono ante la población y recitarían poemas específicos para la ocasión.

A respeito do nome de Serpanito apenas sabemos que Marduque deu a esta deusa a cidade de Sarpan como presente de casamento ficando, por isso, esta deusa a chamar-se Senhora de Sarpan...ou Sarpanitu, a que ressoa a “mãe de serpentes”.

O Dicionário Assírio de Chicago refere que a cidade de Sarpan não é conhecida fora deste mito. No entanto existe uma cidade Persa com este nome deixando a possibilidade de ter existido uma de nome idêntico na antiga Babilónia.

Sar Pan (Persian Romanized as Sar Pān; also known as Sar Pahn) is a village in Khaneh Shur Rural District, in the Central District of Salas-e Babajani County, Kermanshah Province, Iran.

O Dicionário Assírio de Chicago refere também que há quem faça deduzir o nome desta deusa de questões teológicas referidas na frase «sarpanitum sa kima sumisama banit zeri» que significa “aquela, que de acordo com o seu nome, gera progenitura”. Obviamente que esta interpretação teológica seria feita ao gosto especulativo dos sacerdotes babilónicos que iriam ensinar aos gregos como manipular as palavras para delas retirar profecias convenientes que neste caso passavam pela legitimação clerical da supremacia dos reis acádicos que dependiam do culto de Marduque instituído pelo grande Hamurabi. De facto, banit zeri, lido ao contrário, da *Zeribanit que tem semelhança poética com Zerpanitu. Ainda assim, aceitado que o nome da esposa de Merodaque pode ser lido como Zerbanito nada obsta a que esta interpretação teológica tenha algum fundo de verdade na medida em que a raiz Zer- (com ressonâncias com o sumério Zi-Zi = “excitação sexual”) pode ser homóloga da conhecida raiz Ger- de «geração» e Ban-itu ter a ver com a raiz do nome de Vénus / Bentis que por sua vez tem relação com o nome do deus arcaico e rústico que foi Pan, também deus ictifálico da excitação sexual e caprina.

De facto em acádico bantis = maternal; Batu = mãe, banitu = quase o mesmo que «bonito» e banu quase o mesmo que «bom»!

O mais interessante é que Zerpanito fosse a Senhora do «O», a deusa grávida e que por isso a que gera (a sua prol) situação que era denominada Erua em acádico.

Se esta relação nos obriga a aceitar Hera como a que gera filhos legítimos ao deus dos deuses também nos permite aceitar que Hera, Eirene, Eris, Íris...Eiru e Iria seriam um grupo de deusas grávidas do Senhor de quem dependeria a sobrevivência política da cidade e que por isso seriam deusas do casamento e da estabilidade familiar e social.

Seja como for, Zerpanito pode ter sido uma deusa arcaica como Reia e esposa de Zervan que foi o equivalente persa de Crono. Na verdade e em resumo ela seria apenas e só a deusa cretense *Ker(-Pan-i-tu) relacionada com Teleja e Telepino, antepassados e Reia e Hera...e de Apolo Delfino.

Por outro lado é possível que Sarpedon tenha sido Ker-pan-te, ou seja a «Serpente» do paraíso na forma do deus Crono / Kervan / Saturno / Kaurano.

 

Ver: LEDA (***)

 

'This symbolical style is more common in the tales and legends. As for instance, they relate that Hera, being brought up in Euboea. was stolen away while yet a virgin by Zeus, and was carried across and hidden in this region, where Cithaeron afforded them a shady recess, nature's own bridal-chamber. And when Macris----she was Hera's nurse----came to seek her, and wished to make a search, Cithaeron would not let her pry about, or approach the spot, on pretence that Zeus was there resting and passing the time in company with Leto. And as Macris went away, Hera thus escaped discovery on that occasion, and afterwards calling to mind her debt of gratitude to Leto she adopted her as partner in a common altar and common temple, so that sacrifices are first offered to Leto Muxi/a, that is, 'of the inner shrine'; but some call her Nuxi/a, 'goddess of night.' In each of the names, however, there is the signification of secrecy and escape. Some say that Hera had secret intercourse there with Zeus, and, being undiscovered, was thus herself denominated Leto of the night: but when her marriage became openly known, and their intercourse first here in the neighbourhood of Citliaeron and of Plataea had been revealed, she was called Hera Telei/a and Gamh&lioj, goddess of the perfect life, and of marriage.

'Those who understand the fable in a more physical and becoming sense connect Hera with Leto in the following way. Hera, as has been said, is the Earth, and Leto is night, being a sort of oblivion on the part of those who turn to sleep. And night is nothing else but the shadow of the Earth. For when the Sun has reached the West and been hidden by the shadow, this spreads itself out and darkens the air: and this is the cause of the failure of the full moon in an eclipse, when the shadow of the earth touches the moon in her orbit and obscures her light. Moreover, that Leto is none other than Hera, you may learn from what follows. Artemis we of course call the daughter of Latona, but we also name the same goddess Eileithyia: Hera therefore and Leto are two names of one goddess. -- Praeparatio Evangélica, Eusebius Pamphili of Caesarea

Leda < Leto < Latona < Ratona < Hau-Kau-ana < Ur-kiana.

=> *Kaurana, afinal, quase uma variante de Eurinome,

ou pelo menos uma filha desta e gémea de Kauran.

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Figura 7: Hera, a «rainha-mãe» dos pedintes.

Aliás, aparentado com esta mesma etimologia deve ter andado outro epíteto de Hera Lacinia[2]

Lacínia (Lakinia), é um sobrenome de Juno [Hera], ao abrigo da qual ela era adorada no bairro de Crotona, onde tinha um santuário ricoe famoso. O nome é derivado por alguns do herói italiano Lacinius, ou a partir do promontório Laciniano na costa oriental da Bruttium, que se diz ter sido dado por Thetis a Juno como presente. Merece ser notado que Hanibal no templo de Juno Lacinia dedicou uma inscrição bilíngue (em púnica e grega), que registou a história de suas campanhas, e de que Políbio fez uso em escrever a história das guerras de Anibal.[3]

Lácio < Laciana < Lacinia < Lacinina (Ana Lúcia) < Urki-Inana > Irnina!

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Figura 8: Hera arcaica (restauro cibernético do autor).

O aspecto ainda filisteu desta figura de Hera faz pensar que o tempo dos filisteus que vieram a aparecer como atlantes em Tolan do novo mundo não será assim tão arcaico quanto se poderia pensar!

Chapters one through three focus on the evidence at and relating to Samos. The archaeological evidence prior to the large seventh century sanctuary dates back to the Bronze Age and exhibits a strong Anatolian/Carian influence. The architectural remains (the cult houses and altar) seem to reflect contemporaneous Greek structures, while the iconography of a goddess accompanied by animals, the potnia theron, seems to suggest an Asian fertility goddess.

O'B. connects the enlargement of the shrine in the seventh century with the assimilation of the local Hera cult to the Panhellenic Olympian religion. Significantly, no connection with Zeus is documented before the seventh century. O'B. argues that the change in Hera's meaning from a fertility and protection goddess pre-600 to the wife and sister of Zeus post-600 can be seen in the switch from the aniconic xoana (about which we only know from literature) as the cult representation of Hera to iconic statuettes. The fourth-century Samian Inventory of the Heraion describes a fascinating juxtaposition between the earlier aniconic wooden image and the later iconic statue as "the goddess" and "the goddess behind". The new statue occupies the position of importance within the temple because it represents "Hera's emerging Panhellenic role" as sister-wife of Zeus.(...)

Notar ainda que este epíteto é seguramente equivalente ao de Juno Lucina.

Em conclusão, Hera é apenas a forma constritiva duma invocação dirigida à Deusa Mãe que começou por ser apenas Ki (> Ki + Ki), passou a Mekaki, (= Ma + Kiki), a Kaki-Mean (= An + Ki-Kime, de que resultará *Ashma-na e Samian, [4]um dos epítetos de Hera que estará na origem do nome da ilha de Samos onde se situava o seu principal santuário, e não o inverso!), Artemisa (Kar + Kimekaki -An) > Kur-ki.

Entre Artemisa e Hera o nome de Afrodite pode ter sido a ponte étmica necessária para passar de Artemisa a Hera.

Artemisa < Kur-kime-kaki < Ki-Kur Kime-Ka > Hiperchemia

> Ka-Kur Ki(me)ki > a-Kur Kiki > Afrodite

> Kur Ki(ki) > Har kiwe > Argive, um dos epítetos de Hera

Assim se compreende que Afrodite tenha sido, de forma estranha, um dos títulos de Hera!

Hera had a large number of cult titles. The first of these described her as a goddess of women in general in her various stages of live, from Girl (Pais), to Bride (Nympheuomene), Adult (Teleia), Marital Love and Sex (Aphrodite), and Widow (Khera).

Suidas s.v. Ataurote (trans. Suda On Line) (Byzantine Greek lexicon C10th A.D.): "Ataurote (Unbulled): Meaning a 'pure' [woman] and one who 'has not had intercourse': for tauros (bull) is the genitals of a man. And because of this [there is the word] ataurote, she who is pure or not yoked in marriage, and Azuges (unyoked). And Hera [is called] Boopis (cow-eyed) and Zugia (yoking goddess) and Gamelia (marriage goddess)."

A relação com Artemisa pode e deve ser muito mais arcaica e, por isso mesmo, menos explícita sob ponto de vista de rastos na tradição mítica antiga. No entanto, considera-se que Potnia Teron era Artemisa.

Ora, no estudo seguinte sugere-se que Potnia Teron teria sido uma arcaica Hera micénica. Sob o ponto de vista étmico nada há a opor. Pelo contrário tudo sugere que esta potnia micénica tenha sido uma antepassada anicónica de todas as grandes deusas helénicas, incluindo a mais «puta» de todas que foi Afrodite, até às que sendo virgens imaculadas foram, apesar de tudo, reconhecidas como virgens mães: Atemisa = Potnia Teron e/ou Atena Potinija...e a Virgem Maria.

Her three main sources are the sites and myths associated with Hera at Samos and Argos, and the Iliad; these provide a view of the goddess as a complex mixture of Olympian sky goddess and chthonic deity. Despite different rites and founding myths, O'B. sees the Hera at Samos and Argos as essentially the same deity: both Samos and Argos seem to have worshiped a trifunctional "Mycenaean Hera"; cultic myths associated with both sites describe priestesses with Argolic fathers and significant thefts (4, 55, 143-144, 169). O'B. concludes that "the rites at both places apparently had antecedents in the Mycenaean Argolid where bo + piw p_tnia _Hra was revered as the Argolid's ox goddess linked to ox, bull, and heifer myths during its formative period". A primary aspect of this goddess which becomes prominent in the Iliadis that she "had power over the life and death of heroes, including Heracles “he who wins fame from Hera'[5]

Bo + piw p_tnia _Hra = | bophiw > bowiv > bouio > boi| de potnia Hera.

Ishtar < Ishthaur < Ishkaur < Iscur > Ash-Her

> Ashera, a deusa da lenha entre os canaaneus! > At-Hera (> hetera) > Hera!

                                                                                               > Hator.

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Figura 9: As tridivas do julgamento de Páris.

O'B. identifies the goddess of the column who is associated with the tree as the "Mycenaean Hera", the most direct predecessor of the later Hera. O'B. makes the provocative suggestion that, if Hera was understood as part of a trifunctional goddess, there is "the very real possibility that early regional versions of the Judgment of Paris would have featured Paris receiving his three choices from the one Argolic potnia, Hera".

O'B. presumes here that the Argolic potnia is Hera, rather than Athena or Aphrodite, or, as seems most appropriate, a mixture of the three under the title potnia. This theory also begs the question of why Hera is then angry at Troy if she has not in fact been scorned by Paris.

O'B.'s most interesting interpretations are her elucidations of the relationship between Hera the seasonal goddess and heroes. O'B. follows other scholars in attributing Hera, hero, and Horai to the common etymological Indo-European root of *ier" year, spring". Hera thus means "of the year, spring" and hero "he who belongs to the goddess of the seasons". Hera controls or tames the seasons in their cycl, as well as controlling or taming the seasonal nature of the Greek hero through death, or less frequently, marriag). The defining quality of a hero of course is his short life or early death, which O'B. argues is controlled or tamed by Hera.

The paradigmatic example of a hero controlled by Hera is Herakles, whose birth and death are connected to her (117, 156). O'B. reads the later version of the Herakles myth in which he marries Hebe and attains a certain immortality as an Olympian perversion of Herakles' original heroic death (150, 192). [6]

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Figura 10: Hércules defende Hera dos ataques satíricos, inevitáveis na sua situação de mulher eternamente enganada por um marido leviano, como era Zeus! Na face oposta do vaso onde esta cena foi pintada é Íris que se vê atacada por estes mesmos sátiros ictifálicos. Como estas cenas seriam mais próprias da deusa das erecções matinais que era Eos é-nos possível suspeitar que Íris seria uma variante de Hera e ambas teriam sido heterónimos de Alatu, deusa infernal dos amores compulsivos da Mesopotâmia.

O facto de se referir que Hera controlava Hércules talvez não seja tão estranho a esta maneira de ver a história como isso. Hércules é seguramente um nome dum herói semi-lendário expropriado dum arcaico epíteto do deus sol enquanto astro-rei dos reis!

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Figura 11: Iris attacked by satyrs, in the presence of Dionysos. (vase of the Brygos Painter).

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Figura 12: Hera & Hebe, a potinija de Zeus.[7]

Ora Hércules, já depois de morto, casou no Céu com Hebe.

Como há indícios de que Hebe tenha sido o género feminino de Zeus então Zeus/Hera teria tido por arcaica variante Hércules/Hebe.

Já que não podia controlar o Zeus paternalista da época clássica Hera comprazia-se a controlar Hércules, um falso machão enquanto reminiscência dum «macho dominante» da época matriarcal minóica. Assim se compreende também que Heródoto refira que os Egípcios adoravam Hércules como um dos deuses primordiais mais antigos.

O'B. makes occasional blunt nods to feminism such as the one just cited, she also often seems to accept at face value the judgments made by characters in the Iliadic text, such as Hera's "unremitting lust for vengeance", her "demonic degeneracy", her representation as a "savage goddess", and the accusations that Hera would eat raw flesh, even though this is clearly an insult or exaggeration.[8]

Claro que estas últimas inconfidências a respeito da personalidade da rainha do céu se reportam à personalidade de Kali que na Grécia foi prefigurada por Artemisa, facto que só vem reforçar a hipótese duma origem comum de ambas a deusas.

Kali is the Hindu goddess of destruction and death. She is the wife of Siva.

Esta faceta artemisina de Hera que “comia carne crua”, era tão temível quanto terrível e está de acordo com a sua semelhança com Hela teutónica e com Kali dos hindus. Neste caso, Kali era mesmo esposa de Shiva, o equivalente fonético arcaico de Zeus.

Kali < Kari < Kair < Kaur < Kur(a)

                               > Ker(a)> Hera.

Shiva < Ziwa < Ziua < Zeue ó Zeus.

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Figura 13: Zeus acompanhado por Hera (e as Horas?).[9]

 

Ver: KAURANO / *HER- (***)

 

A verdade é que o nome desta deusa suprema dos gregos marca bem o triunfo paternalista dum longo processo de pacificação duma arcaica deusa de étimo guerreiro e belicoso, reduzida por Zeus a suprema e ciumenta guardiã dos limites do lar, à exacta medida do machismo paternalista da cultura antiga, ou seja, não apenas da grega e clássica! Como se pode facilmente comprovar, as grandes deusas clássicas seriam meras variantes locais da mesma manifestação triúnica das três faces visíveis da Deusa Mãe Luar. As fases da lua serviam afinal para explicar o mistério das fases tão mensais quanto o é o ciclo menstrual da mulher...que determina também as três fases da vida da mulher: a virgem sem menarca; a mulher adulta sexualmente fértil e menstruada; e a velha mulher pós menopáusica.

Porém, a forte ligação que Hera teria tido com tragédias e horrores de guerras, que não teriam sido apenas as da gigantomaquia de Tiamat nem as de Tróia mas, seguramente todo o cortejo de desastres e misérias que se seguiram à derrocada da civilização matriarcal minoica e micénica, ao longo da longa «idade das trevas» da história grega, fariam com que a grande deusa se fosse tornando tanto mais amarga quanto mais Afrodite se tornava bela, e tão mais ciumenta quanto maiores eram os favores dos crentes por Atena e outras deusas menos aristocráticas e menos libertas pelas malhas ideológicas do militarismo triunfante.

Hela < Hera < Ker > Cale > Kali.

 

Ver: ÍRIS (***); Ver: HÉRCULES (***)

 

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Figura 14: Hera numa cena dionisíaca, seguramente reminiscência dos tempos em que esta deusa foi Deméter, ou Korê, Sr.ª dos reinos do Infernos!

E seria assim que o lado cruel de Hera, a viperina e vampiresca «viúva negra», ocultava o rosto dolorido da Virgem de Macarena a mesma que era Hela, a rainha dos mortos dos teutões, e Kali, a terrível Deusa Mãe da destruição pelo fogo purificador, dos hindus.

Hel, Hela: Teutonic Goddess of the kingdom of the dead, not considered as a place of punishment. Daughter of Loki and Angurboda and sister of the Midgard serpent of the ocean encircling the Earth, and of the devouring Fenris-wolf. Half her face was totally black.

Hel < Hela < Hera < Ker-(ash?) <= *Kur-Kika >*Kartu

=> *Kur-la > Kar-lu > Kali                        >Hulla < Kulla óThilla > Tellus?

Hulla = Hittite daughter goddess of Wurusemu.

Wurussemo era quase que seguramente uma variante da Deusa mãe Artemisa o que faz de Hulla uma homóloga de Hella. Literalmente estas deusas seriam então mães, filhas e/ou esposas de Kar/Kur e logo equivalentes semânticas de Escur/Istar. No caso da nórdica Hela, confirma-se que, de facto, o pai desta deusa era Loki, uma evolução semântica dos deuses infernais do Kur.

Apollo Loxias? < Loki < < Lauki < Rauki < Ura-Ki <= Urash? > Urfeu?

                                                                                         = Kiur(a) > Kur.

Como a mãe era Angurboda, Hela terá andado relacionada com a deusa hitita Bagbarti.

Angurboda < An-kur-Wautha > Ankur-Kata, lit. «Kata ou Aka, a Deusa Mãe primordial, Ki, esposa de Enki ou seja, Ninkursaga, a Sr.ª do monte e do Kur.

Bagbarti < Wak(a)-Warti < Kak(a)-Wartu < Aka Kartu*.

Bagbarti = Hurrian goddess; unknown association. Her name may be in part related to the Satem-language words for 'deity': Av. bag, Skt. bhag-, Rus. bog, Ger. Goth.

E ainda com os étimos: nórdico –bota e o latino -vat..

Para que a mitologia comparada continue possível basta dar conta de que a rainha do reino dos mortos entre os gregos era Korê, filha de Deméter e que já se ficou a saber que seria a mais nova das Horas, as tridivas das estações do ano! De resto, esta deusa infernal teutónica, embora dos mortos, era rainha, facto que só reforça a suspeita de que a divisão grega das soberanias divinas pelos três reinos da realidade mítica (o Olimpo, de Zeus, o reino dos infernos de Hades e o dos mares de Poseidon) não passava de uma convenção tipicamente helénica já que em rigor estes deuses supremos seriam heterónimos, ou já uma forma do dogma da trindade divina.

Midgard, a serpente do Kur nos limites do mundo < Meith-Karthu

< Meat-*Kartu > era Tiamat-Kur, lit. «a N.ª Sr.ª do Carquere».

A N.ª Sr.ª do Carque era adorada em Resende na capela da qual o filho enfezado de D. Teresa foi trocado por um, de Egas Moniz, que veio a ser D. Afonso Henrique, 1ª rei de Portugal.

O mito de Hera remonta explicitamente a Knossos, cidade palaciana, sede do poder da talassocracia cretense! Hera será então uma deusa pré-micénica com muito pouco a ver com as teorias indo-europeias que a fariam conotar com uma antepassada de Kali, pelo menos por esta via.

Ora, Zeus, também este nascido numa das muitas grutas sagradas de Creta, é, como se pode ver em capítulo próprio, um deus etmicamente tão arcaico como Ki(-ki), também Afrodite < An-Kur-Kiki), a Deusa Mãe!

 

HERA HYPERCHEMIA

A relação dos ciúmes de Hera, enquanto esposa de Zeus, decorre de uma teologia babilónica que iniciaria o repúdio da prostituição sagrada da arcaica Deusa Mãe Inana / Istar por parte de Zerpanito, esposa ciumenta de Merodaque / Marduque.

Sarpanitu también es protagonista de un ritual menos conocido que está presente en un texto denominado Lírica del amor, en el que se enfrenta a las infidelidades de Marduk, que persigue en las calles de su ciudad a otra importante diosa local, Ishtar de Babilonia, buscando sus favores, pero que a su vez, es seguido por su celosa esposa.

Zarpanitum / Sarpanitum < Kar-Phian-tu < Kur-Ki-Antu

Estas teologias teriam iniciado a separação definitiva dos cultos de Hera e Afrodite.

Porém, a relação de Hera com Afrodite pode estar implícita na relação de Hera com as árvores sagradas o que faz desta uma deusa da lenha para o fogo como Ashera, o que já estava implícito no étimo culinário de *Kime das restantes esposas de Zeus. Entretanto, o nome canaanita de Ashera, também esta esposa do deus supremo e relacionado com a árvore sagrada, não andará longe da proximidade fonética que revela com Hera!

É evidente que a raiz Hiper de Hiperquémia é também uma raiz de Afrodite.

Hyper < Kupher < Ka-pher + Tite > Kaphertite > Afrodite

                              > (Afrodite) Cipíria.

Pois bem, se quem pensa que a lascívia Afrodite nada poderia ter tido a ver com a rígida e puritana personalidade de Hera pode desenganar-se porque, de facto, ambas poderão ter sido a mesma mítica entidade, tão polimorfa quanto a sífilis.

Hera Hyper-Chemia º Hera Aphroditia => Hyper-Chemia º Aphrodite.

Not far from the hero-shrine is a hill, and on the hill a temple of Argive Hera, set up, they say, by Eurydice, the daughter of Lacedaemon and the wife of Acrisius the son of Abas. An oracular utterance caused to be built a sanctuary of Hera Hyperchemia (she whose hand is above) at a time when the Eurotas was flooding a great part of the land. [3.13.9] An old wooden image they call that of Aphrodite Hera. A mother is wont to sacrifice to the goddess when a daughter is married. --- Pausanias Description of Greece 3.13.9.

É obvio que a raiz -chemia de Hyperchemia se assemelha mais a Cheima do que a Cheir, ou seja, tem mais a semântica do Inverno do que de «mão de deusa»! Então, Hera Hyperchemia é mais facilmente a frígida, que de facto terá sido enquanto puritana esposa de um Zeus mulherengo, do que «a que põe as mão por cima» como sinal de protecção maternal!

Cheima, atos, to, [v. chiôn] = winter-weather, cold, frost, Lat. Hiems.

Cheir = the hand, the hand and arm, the arm.

Hera | Hiperchemia < Kipher Cheima, lit. “a Deusa Mãe e cobra de transporte do sol de Inverno” | < Ki-Kur Ki-Ama, lit. “a Deusa Mãe cobra que está em cima dos montes, como crescente lunar”!

 

 

Pode bem ser que tudo isto não passe duma ressonância semântica à posteriori ou então uma alusão “à mão em cima da massa do pão” e dos alimentos própria da alquimia das arte culinárias de que derivava outrora o domínio das mulheres e hoje, o da sedução, visto ser “pela boca que morre o peixe”!

Ora, Enki, enquanto deus peixe, poderia ter sido o “deus morto” à mão de sua muito amada filha Istar e criação de ambos, “o filho do homem”!

Ora, a hermenêutica linguística com base em intuições metafóricas e simbólicas só se torna credível quando confrontada com indícios factuais, pois que, por mais plausíveis que sejam estas podem não passar de simples miragens e meras sugestões enganosas! Na verdade, Hera, que foi quase sempre mais uma esposa amargurada por legítimos ciúmes do que uma esposa bem amada, não poderia ter sido também uma deusa de deusa de fartos seios e de larga prol pelo que o seu papel de Deusa Mãe foi sempre secundário, pelo menos na tradição clássica, em relação ao seu papel de rainha dos deuses, garante das mordomias dos casamentos legítimos!

Assim, Hera Hyperchemia teria tido mais a ver com os rigores do Inverno de que, em tempos arcaicos, teria sido a deusa. Indícios disto mesmo encontram-se na tradição clássica que a considerava como tendo tido por amas-secas as estações do ano. Obviamente que estamos a suspeitar que as Horas ou estações do ano (Talo, Carpo e Auxo) eram Hera e as suas irmãs e não outra coisa.

Existem múltiplos indícios de que se pode postular a virtualidade duma Deusa Mãe primordial com o nome de *Kimê (no caso Chemia) relacionada com a alquimia das artes culinárias, seguramente relacionada também com a mestria do domínio do fogo nas lareiras domésticas. Esta “deusa do borralho” seria uma variante de todas as deusas do fogo, tais como Vesta e Hecate ou Kali < Kur-la => Ker-®a > Haria > Hera.

 

Ver: *Kimê (***) & *ASHMA (***) & TALOS / HORAS (***)

 

Então, Hera Hyperchemia era a «Horai do Inverno», ou pelo menos filha ou colaça desta, razão pela qual teria sido considerado que Hera teria tido as estações do ano como amas. Na verdade, se postularmos que todas as esposas de Zeus seriam meros heterónimos de Inana/Istar todas estas seriam filhas de *Kimê.

A suspeita de que Hera seria a evolução do nome das Horas não é meramente teórica porque repousa numa tradição clássica a que nunca se deu atenção:

The story has it that in the old Stymphalus dwelt Temenus, the son of Pelasgus, and that Hera was reared by this Temenus, who himself established three sanctuaries for the goddess, and gave her three surnames when she was still a maiden, Girl; when married to Zeus he called her Grown-up; when for some cause or other she quarrelled with Zeus and came back to Stymphalus, Temenus named her Widow. This is the account which, to my own knowledge, the Stymphalians give of the goddess.--- Pausanias, Description of Greece, 8.22.2

Quer assim dizer que Hera encarnava em si mesma o triplo destino da mulher que veio a desdobrar-se em deusa triplas ou no trio das três deidades do julgamento de Paris, Atena, a sempre virgem Korê, Afrodite a amante, recém-casada ou concubina, e Hera a viúva funcional pós menopáusicas, enquanto esposa estéril e abandonada, e por isso mesmo uma variante de Ker, a «morte negra» que amargurava a vidas das viúvas!

Kêr, Aeol. Kar Alc. (v. infr.), gen. Kêros, acc. Kêra; Dor.pl. Kares Hipparch. ap. Stob.4.34.8 (v.l. Kêres), but sg. kêr Trag.in lyr. (v. infr.):--the goddess of death or doom.

In Guarani mythology, Kerana is the goddess of sleep.

Kerana = Ker-Ana, esposa de Kaurano, senhora da morte negra e do sono eterno!

Em conclusão: Hera < Ker < Korê > Kali, são variantes da mesma virgem negra que tiveram Atena por variante fonética e Afrodite/Istar por variante matutina!

Se Korê <=> foi no plano linguístico a jovem Koura, porque filha da deusa mãe e Hera, foi em grego antigo nome genérico de mulher adulta, «puta» foi a mãe delas pois Afrodite, seguramente An-Kur, a Deusa Mãe primordial das águas (e do fogo físico e metaforicamente sexual, enquanto Kiki) do céu e do inferno, razão porque a prostituição se define como a mais antiga do mundo.

A equivalente fonética de Hera na língua latina deveria ser Tellus, que, de facto, só o não foi na época clássica por equívocos do politeísmo.

Na verdade, Tellus era apenas o nome da deusa mãe telúrica que bem poderia ter sido a arcaica antepassada de Hera.

Etrusc. Cel < Lat. Cer(es) < Grec. Ker < Eolic. Kar <= *K(a)ur < Kur.

                                                    Horai < *Her- > Grec. Hera.

*K(a)ur => Grec. Ther(a) > Tel > Teleia > Tel(lus) > Terra (> «terra»)

               > Talo > Thalia (> «dália») > Talos.

                                                        Vera < Wer > Bela > Belona.

O mais interessante é verificar que nesta mistura mitológica se encontra o mesmo contexto de Deusa Mãe da terra, da fertilidade agrícola e das estações do ano!

O aspecto funcional primordial de Hera na cultura clássica foi a sua posição de «rainha-mãe» dos deuses, decorrente não apenas do facto de ter tido que ser casada com Zeus mas, sobretudo, das sua arcaicas tradições com a semiologia mítica de Ki, a deusa suméria Nin-Kur-sague e N.ª Sr.ª da «Montanha da Aurora»!

Etrusc. Uni <= Huni < *Kini < Ki-anu > Shi-Anu => Jano/Juno.

 

Ver: JUNO (***) & AFRODITE (***)

 

Rhea's daughter Hera (Roman Juno), goddess of marriage, was married to her brother Zeus; their son was Ares and daughters were Hebe/Ganymeda/Dia (Roman Juventus) goddess of youth, and Eileithyia/Ilithyia/Eleutho goddess of childbirth (sometimes associated with Artemis/Diana). Worshipped predominantly by women, Hera the female equivalent of Hero, was also known as Eileithyia, Partheia and Gamelia/Zygia/Teleia. Her companions at Argos were Iris, the Graces and the Seasons. [10]

Eileithyia < Ilithyia

< (L)il-eu-tija, lit. «Lilit, a verdadeira fêmea do Sr. dos ventos»?

< Eleu-Theia, deusa do verdadeiro Sr.!

Eleutho < El-eu-tu, lit. “a Sr.ª do (bom e) eutócico parto”?



[1] Rectificação cibernética do autor.

[2] Paus. 6.13.1

[3] LACI′NIA (Lakinia), a surname of Juno [Hera], under which she was worshipped in the neighbourhood of Croton, where she had a rich and famous sanctuary. (Strab. vi. p. 261, &c., 281; Liv. xxiv. 3.) The name is derived by some from the Italian hero Lacinius, or from the Lacinian promontory on the eastern coast of Bruttium, which Thetis was said to have given to Juno as a present. (Serv. ad Aen. iii. 552.) It deserves to be noticed that Hannibal dedicated in the temple of Juno Lacinia a bilingual inscription (in Punic and Greek), which recorded the history of his campaigns, and of which Polybius made use in writing the history of the Hannibalian war. (Polyb. iii. 33; comp. Liv. xxviii. 46.). The Theoi Project : Greek Mythology was created and is edited by Aaron J. Atsma, Auckland, New Zealand.

[4] Paus. 5.13.8, cf. Paus. 7.4.4l.

[5] Holmberg, 'Transformation of Hera: A Study of Ritual, Hero, and the Goddess in the "Iliad"', Bryn Mawr Classical Review 9502

[6] idem

[7] Rectificação cibernética do autor.

[8] idem

[9] Restauro cibernético do autor.

[10] The worship of women throughout the ages, by lucath.

sábado, 27 de setembro de 2014

ARADIA, A DEUSA ITALIANA DAS BRUXAS, por Artur Felisberto.


Acrescento e actualização do artigo sobre Ceres:
http://arturjotaef-numancia.blogspot.pt/2012/12/ceres-e-os-cultos-agrarios-da-cobra-por.html

«Arar» a terra é assunto do “deus que Ara e que seria possivelmente uma variante arménia de Ares e esposo de Aradia…e deus do rio etrusco Arno.
Aradia es una figura importante en la Stregheria, la Wicca y en otras formas de neopaganismo. Es la hija mesiánica de la Diosa Diana, venida a la tierra para enseñar a los pobres y a los oprimidos la brujería como medio de resistencia social. La figura de Aradia aparece por vez primera en la literatura en 1899, en el libro Aradia ó El Evangelio de las Brujas de Charles Godfrey Leland. (...)
Carlo Ginzburg, escritor y ensayista que en el libro "Historia Nocturna" se ocupó del fenómeno de la brujería popular desde un punto de vista histórico y antropológico, hace derivar el nombre de Aradia de la unión de los nombres de Hera y Diana, ambos supervivientes al advenimiento del cristianismo y unidos en una figura compuesta de nombre Heradiana o Herodiana.
Tudo apontaria para que Arádia fosse uma mitologia neopagã moderna sem qualquer sentido na tradição mítica arcaica da península italiana. Claro que é possível ter havido a sobrevivência popular na baixa idade média italiana de um culto toscano sibilino desde a época etrusca onde o nome de uma hipotética Arádia filha de Diana seria facilmente confundido com a bíblica neta de Herodes, a herodiana da lenda de Salaomé, filha de Herodias, que pediu a cabeça de S. João Batista.
Being placed on the Aventine, and thus outside the pomerium, meant that Diana's cult essentially remained a foreign one, like that of Bacchus; she was never officially transferred to Rome as Juno was after the sack of Veii. It seems that her cult originated in Aricia, where her priest, the Rex Nemorensis remained. (...)
Ariccia (Latin: Aricia) is a town and comune in the Province of Rome, central Italy. (...) There is a connection between the town's name and Aricia, the wife of Hippolytus (Virbius), the Roman forest god who lived in the sacred forests near Aricia. According to a vague reference by Caius Julius Solinus, Ariccia was founded by Archilocus Siculus ("Archilocus of the Siculi" or Sicels) in very ancient times. (...)
In its territory, which then included the Lake of Nemi, was located the sanctuary of Diana Aricina (or Diana Nemorensis) held by the Latin cities in common, and presided over by the Rex Nemorensis made famous in Frazer's The Golden Bough. The association with the cult of Diana led to its development as an influential and affluent center of healing and medicine.
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Figura 4: Republican denarius of Publius Accoleius Lariscolus as moneyer, mint of Rome, 43 BCE. The obverse of this coin contains the head of Diana Nemorensis from her sanctuary at Nemi; the inscription names the moneyer. The reverse depicts the goddess in triple form, as Diana (on the left holding a bow), Hecate, and Selene (on the right holding a flower). Behind the goddesses can be seen five cypress trees from the temple compound.
A sempre eterna Virgem Atena teve de facto um filho adulterino denominado Eritónio mas dos filhos de Artemisa, nada sabemos. De Diana, enquanto variante de Artemisa, também pouco sabemos mas de Diana, enquanto Dione, sabemos que foi mãe de Afrodite e, possível e etimologicamente, de Dionísio. Sendo assim, a filha de Diana não seria outra senão Vénus / Afrodite que o culto popular toscano transformou em Arádia, ou seja, Ariadne irmã e esposa de Dionísio, como possivelmente teria acontecido a Artemisa que teria sido a eterna e sempre Virgem por ser irmã e esposa de Apolo.
Aradia parece ser literalmente a deusa da terra lavrada ou «arada» pronta para ser fecundada pelos “deuses manda chuva” dos ventos e das tempestades.
Na verdade, se dermos conta que o nome de Afrodite é um nome composto de Afro & Dite ficamos com a raiz -Dite para recompor o nome de Dione. Mas ficamos também com a suspeita de que Aradia podia ter sido *A(g)rodite / *Akrodiana. *Akrodiana reporta-se para um deusa das alturas dos cumes montanhosos e lunares que Diana Lúcia foi.
               < Ariadne < Ari-Atena > Hara-Dione < *Ker-(a)-Ki-Ana > Aricina.
Ara-dia < A(k)ro-Di(t)a > *A(g)rodite > Afrodite.
               < Ak(e)r-o + Di-Ana.
Diana Aricina ou Nemorense, deusa dos numes que repousavam no fundo do lago de Nemi onde seriam sacrificados por afogamento os estrangeiros que, deste modos, se transformavam em numes e deuses, era nem mais nem menos que *Ker-(a)-Ki-Ana, um variante arcaica e infernal de Afrodite, ou seja Perséfona. Arádia não será portanto uma pura invenção do paganismo moderno porque teria sido a sobrevivência na cultura popular toscana da filha de Danu / Dione / Diana / Deméter, ou de um arcaico culto de tridivas que Diana Trívia sempre foi, com Hecate e com a Lua.

Ver: APOLO ARGUROTOXO (***) & ARIADNE (***)