“Ne tombons pas dans le provincialisme métaphysique et religieux. Nous sommes trop facilement pareils à ces dévots étroits qui s´imaginent que Dieu habite leur temple ou leur petite confrérie pieuse, pendant que le Monde est le royaume de Satan. Dieu n´est pas synonyme de Perfection, ou alors sa perfection est au moins autant dans la bigarrure et la luxuriance que dans la pureté et l´harmonie. Elle est dans la variété des accords dissonants, autant que dans l´accord parfait. L´improvidence, l´accident, la chance ou la malchance, peuvent faire partie de l´essence providentielle d´un monde oú la liberté divine choisit de se multiplier en myriades de libertés et de finalités” -- RAYMOND RUYER. “Neofinalisme”. Presss universitaires de France, 1952, 272 páginas.
Couchoud opõe à tese da historicidade de Jesus dois fortes argumentos:
1. Não se concebe como, em menos de uma geração, um homem (Jesus, se tal o considerarmos) tivesse podido ser divinizado, principalmente no terreno do monoteísmo judaico em que tal coisa é inconcebível.
2. A existência humana de Jesus é historicamente indemonstrável.
Obviamente que a primeira premissa carece de demonstração porque possivelmente apenas S. Paulo divinizou Cristo na primeira geração de cristãos e tal seguramente porque este semideus já existiria em algumas comunidades de essénios da diáspora judaica e samaritana. Só assim se compreende que o mesmo Paulo tenha escrito na sua carta aos romanos que a capital do império já era então célebre pela sua fé no cristianismo.
Romanos 1: 8 Primeiramente dou graças ao meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.
Respondendo à objecção dos historicistas, de que um mito nunca poderia ter dado origem a um movimento universal da amplitude do cristianismo, o crítico e historiador dinamarquês Georges Brandes demonstra-nos, em seu "Jesus Cristo é um mito", que precisamente os maiores movimentos históricos têm tido por fulcro, através dos tempos, os mitos, cujo papel social é justamente dar forma a anseios inconscientes dos povos. E recorda-nos, a propósito, entre outros, o caso de Guilherme Tell, o herói nacional da Suíça, em volta do qual, apesar de este ser um simples mito, como sabem todos os suíços cultos, os três povos que integram a Suíça conservam a unidade nacional. O retrato de Guilherme Tell vê-se, como o de Jesus no mundo cristão, nos lares de todos os suíços, os quais diariamente evocam as façanhas lendárias do mítico herói nacional, com o ar mais natural do mundo.
Era o dia 18 de Novembro de 1307 e a população amontoava-se na expectativa de assistir ao castigo (e, sobretudo, ao seu culminar). O filho de Guilherme foi atado a uma árvore, e a maçã foi colocada na sua cabeça. Contaram-se 50 passos. Tell carregou a besta, fez pontaria calmamente e disparou. A seta atravessou a maçã sem tocar no rapaz, o que levaria a população a aplaudir os dotes do corajoso arqueiro.
The first reference to William Tell appears in the White Book of Sarnen (German: Weisses Buch von Sarnen). This volume was written in 1475 by a country scribe called Hans Schriber.
Ou seja: as primeiras referências escritas relativas a William Tell aparecem quase 100 anos após a morte deste, supostamente a salvar uma criança de ser afogada em 1354.
This earliest surviving Tell song, or, in German, Tellenlied, was written and composed around 1477 by an anonymous poet. It explores the beginnings of the Swiss Confederation, the expulsion of the foreign governors, as well as the famous episode of Tell shooting at the apple on his son’s head.
De qualquer modo, digo eu, Guilherme Tell se é puramente inventado (supostamente nem a lenda do Rei Artur será inteiramente inventada!) não é mais do que uma excepção à regra de que os mitos fundadores têm por base a existência de heróis salvadores que são sempre personagem reais, por si mesmos ou por interpostas pessoas. Se o herói nacional dos suíços é uma fraude a desonra é dos 60% de suíços que acreditam nisso o que em parte justifica o seu orgulhoso e xenófobo isolamento!
Claro que é desconsolador descobrir que o mito do archeiro que dispara certeiro sobre a maçã na cabeça duma criança por causa duma ordem tirana é um arquétipo tipicamente nórdico e que foi escolhido pelos suíços como bandeira nacional sem qualquer fundamento nem razão! O problema é que também não e possível saber se não terá existido mesmo um tal Guilherme Tell que por não ter estatuto de nobreza não figura nos registos de nascimento da época. E é então que um preconceito nasce, só que, desta vez no coração da própria ciência!
Entre temps, la science historique a beaucoup progressé. Influencée par le positivisme, elle rejette tout ce que les documents ne peuvent vérifier matériellement et appelle au verdict des archives. C’est avec une grande rigueur critique que Kopp par exemple tente de démontrer que rien ne permet de confirmer l’authenticité historique de Guillaume Tell. Pour nombre d’historiens de cette période, il ne s’agit que de fables et de légendes.
Ora a verdade é que se nada pode provar a historicidade de Guilherme Tel a verdade é que também nada prova que seja uma rematada aldrabice!
Obviamente que no limite estamos no campo metafísico da teoria do conhecimento kantiano das antinomias segundo o qual é tão impossível demonstrar a existência do Absoluto como a sua inversa porque a certeza sobre uma contradiz a sua inversa!
Por idênticas razões Robin Hood seria uma lenda inventada pelos ingleses medievais pobres de pão e famintos de justiça a partir do encontro da tradição popular da história verídica de Roger Godberd com a imaginação erudito dos leitores de pastorais do Jeu de Robin et Marino para darem crédito ao desacreditado epíteto de pessoas que foram colocadas à margem da lei por motivos injustos como Roger Godberd e Richard Foliot. De facto, "Robin Hood" é, desde sempre, por motivos que as versões da lenda às vezes alteram, um nobre fora-da-lei, que por isso mesmo teve que se refugiar nos bosques e ter seguramente que criar um nome falso para não ser facilmente apanhado pelps braços da lei da época, sempre impiedosos sobretudo para com os taidores da própria classe social.
Robin Hood (conhecido em Portugal como Robim dos Bosques) é um herói mítico inglês, um fora-da-lei que roubava dos ricos para dar aos pobres, aos tempos do Rei Ricardo Coração de Leão. Era hábil no arco e flecha e vivia na floresta de Sherwood. Era ajudado por seus amigos "João Pequeno" e "Frei Tuck", entre outros moradores de Sherwood. Teria vivido no século XIII, gostava de vaguear pela floresta e prezava a liberdade. Ficou imortalizado como "Príncipe dos ladrões". Tenha ou não existido tal como o conhecemos, "Robin Hood" é, para muitos, um dos maiores heróis de Inglaterra.
As referências históricas que sustêm as várias teorias da sua existência prendem-se, aliás, na maior parte dos casos, com registos de comparência em tribunal. As referências mais antigas para Robin Hood não são registos históricos, ou até mesmo baladas que contem e recontem as suas façanhas, mas sugestões e insinuações espalhadas em vários tratados escritos. Desde 1228 que os nomes 'Robinhood', 'Robehod' ou ' Hobbehod' aparecem nos rolos de vários tribunais ingleses. A maioria destas referências data de finais do 13º século. Entre 1261 e 1300 há oito referências pelo menos para 'Rabunhod' em várias regiões de Inglaterra, de Berkshire no sul ao York no norte. Assim, o termo parece ser aplicado como uma forma de taquigrafia para qualquer fugitivo ou bandido que queria passar despercebido.
Até mesmo nesta fase mais precoce, o nome Robin Hood é usado como arquetípico de um criminoso. Este uso prossegue ao longo do período medieval.
Por outro lado o que parece ser o primeiro exemplo conhecido de "Robin Hood" como nome de acção para um bandido data a 1262 em Berkshire onde o sobrenome de "Robehod" foi aplicado a um homem depois de ter sido proscrito, e aparentemente, por isso mesmo. Isto poderia sugerir duas possibilidades:
Ou que uma forma precoce da lenda dum Robin de Capuz já estava bem estabelecida em meados do 13º século.
Ou alternativamente que o nome "Robin Hood" precedeu o herói do bandido que nós conhecemos de forma que o "Robin Hood" da lenda foi assim denominado porque foi tido como nome apropriado para o bandido.
A verdade história nestes casos costuma ser um pouco de todas elas porque a verdade história é não apenas o que aconteceu como os factos que, duma forma ou de outra, registaram o que se julga ter acontecido.
Na verdade o nome sugere o que parece, ou seja, que Robin Hood seria um famoso encapuzado e também um ladrão!
Rob = c.1175 (implied in robber), from O.Fr. rober, from a Gmc. source (cf. O.H.G. roubon "to rob," roub "spoil, plunder;" O.E. reafian, source of the reave in bereave), from P.Gmc. *raubojanan, from *raub- "to break."
«Roubo» <= *raub- ó Ra(u)p- > L. rapina.
Rapine < from M.Fr. rapine (12c.) < from L. rapina "robbery, plunder," < from rapere "seize, carry off, rob".
Robert < O.N.Fr. form of O.H.G. Hrodberht, lit. "bright with glory," from hrod- "fame, glory" + -berht "bright." > Robin. Robin Hood confirmado pelo menos desde 1377 = O famoso encapuçado.
Será que neste caso o nome fez a lenda? Mas afinal, a lenda foi feita a partir do nome de quem? Ou seja, o limite para todas as querelas a respeito da origem dos mitos fundadores reporta-nos inevitavelmente para a questão da primazia do nascimento do ovo e da galinha! Que os juízes semianalfabetos das comarcas rurais da Inglaterra medieval usassem populismos como “Robinhood”, “Rabunhod”, “Robehod” ou “Hobbehod”, como usavam o latinório para esconderem a sua ignorância não é relevante a não ser pelo facto de a insegurança da forma do nome manifestar que o mesmo ainda não se encontrava perfeitamente estabelecido.
Por outro lado, o bandido que em 1262 teve em Berkshire o sobrenome de "Robehod" poderia ser mesmo o primeiro desta série quiçá porque fosse assim que era conhecido pelo senso comum, quiçá porque fosse o seu nome de guerra clandestino, quiçá porque fosse assim que por desprezo o juiz que o julgou o chamou para fazer um jogo de palavras que o tempo e o vulgo acabariam também por fazer. Se este fora da lei foi quase Roger Godberd, a entidade histórica que de forma mais plausível tem laivos de se encaixar no perfil de Robin Hood…é outra história!
Quer dizer que os mitos nunca acontecem ex nihilo nem mesmo em situações encenadas por um deus ex-maquina porque tiveram sempre uma lenda que os justificou e um momento histórico particular que os gerou.
No entanto, se Jesus, Cristo é obviamente um mito teológico, Jesus, “o Salvador”…será ou não porque muitos foram referidos por Flávio Josefo e algum deles poderá ter sido o que os cristão reconheceram muito cedo nos evangelhos!
"Working from the index of the complete works of Josephus we find reference to no less than fourteen people named 'Jesus'."
1. Jesus, son of Phabet - priest
2. Jesus, son of Ananus - prophesied the destruction of the temple.
3. Jesus, or Jason
4. Jesus, son of Sapphias, governor of Tiberias
5. Jesus, brother of Onias - priest
6. Jesus, son of Gamaliel - priest
7. Jesus, eldest priest after Ananus - priest
8. Jesus, son of Damneus - priest
9. Jesus, son of Gamala (Josephus' friend)
10. Jesus, [or Joshua] son of Nun
11. Jesus, son of Saphet - ringleader of robbers
12. Jesus, son of Thebuthus - priest
13. Jesus, son of Josedek
14. Jesus of Galilee & his 600 followers
Sem comentários:
Enviar um comentário