Obviamente quem escreveu “hoje entrarás comigo no paraíso” não sabia o que estava a dizer, mesmo sob o ponto de vista da mística cristã, pois supostamente Jesus só entrou no paraíso quanto muito nos dias da ressurreição pois o credo é bem explícito uma vez que só depois da ressurreição entrou no céu onde se sentou à direita do pai (ou seja, entrou então no paraíso mas só ao 3º dia depois de morto).
Esta passagem costuma servir para tropeço irónico para os beatos!
Si Jesus le prometio al ladron en la cruz, "hoy" estaras conmigo en el paraíso (Lucas 23:43), Como es que le dijo a Maria Magdalena, dos o tres días después; No me toques que aun no he subido al Padre? (Juan 20:17). Resposta dum beato erudito: Son dos casos diferentes. En el primero, el “paraíso” no es un sitio físico, sino la gracia del Padre, obtenida por el ladrón en el momento mismo de arrepentirse. Es como decirle “hoy te ganaste el paraíso”.
Crucifixus, mortuus, et sepultus, descendit ad inferos, tertia die resurrexit a mortuis, ascendit ad caelos, sedet ad dexteram Dei Patris omnipotentis, inde venturus est iudicare vivos et mortuos. -- Symbolum Apostolorum.
Obviamente que um filho que se senta à direita do pai iria criar problemas ao monoteísmo judaico. À esquerda só poderia estar a mãe como grande parte dos gnósticos o sabiam já que o Espírito Santo dos judeus, Shekina, era um nome feminino que os cabalistas supunham ser a tenda onde Deus se acolhia, ou seja, a sua esposa oculta e secreta.
Antes de estudar em Deus a Trindade de Pessoas, convém compreender bem a unidade indissolúvel da natureza divina. (...) Dizendo que só há um Deus, entende-se que a natureza divina é essencialmente una, e que ela não pode se multiplicar entre várias pessoas diferentes umas das outras. A natureza humana, por exemplo, se multiplica tantas vezes quantos são os indivíduos que a possuem. Tomemos dois homens: eles têm cada um a natureza humana e é por isso que são homens; mas a natureza de um não é a natureza do outro, são dois homens diferentes. Pe. Emmanuel-André.
Os dogmas só são mistérios insondáveis porque foram mitos criados pelos primeiros cristãos que eram pessoas de baixo nível cultural e tropeçavam facilmente na lógica e na filosofia! Os clérigos mais esclarecidos têm tido um trabalho inglório para defenderem o indefensável porque a questão foi sempre a dificuldade que os leigos têm de separar a semântica dos nomes. Aceitar a existência da Trindade de Pessoas é uma questão de fé tão legítima como qualquer outra e coisa que nada tinha de novo para os romanos habituados à sua trindade capitolina, nem aos egípcios onde cada cidade tinha a sua própria trindade, pai mãe e filho/filha conforme o gosto da tradição! Já para os judeus isso era uma blasfémia embora os cabalistas aceitassem a dualidade divina oculta macho / fêmea! Aceitar a existência de três pessoas e uma só natureza divina essencial não tem nada de ilógico. Por isso é que o Pe. Emmanuel-André, e todos os que o ensinam e compartilham erram quando dão exemplos falaciosos como o referido porque também é verdade que embora existam várias pessoas a natureza humana é a mesma. Basta reler a definição aristotélica de essência para dar conta de que não é por aí que o cristianismo falha no mistério da Santíssima Trindade. O mistério acontece apenas aquando da consubstanciação da essência divina em três pessoas por se teimar acreditar que são um único Deus! Quanto muito serão uma única divindade mas então aí estamos apenas num jogo semântico e nada mais, que em bem pouco diferiria da mitologia clássica onde haveria a divindade de deuses olímpicos, a dos deuses pré olímpicos confinados no tártaro e a dos semideuses que eram heróis divinizados depois de mortos! Porém, os politeístas não tinham rebuços semânticos e multiplicavam os deuses à medida das pessoas divinas. Os cristãos que teimaram na fidelidade à tradição e ao monoteísmo judaico, caíram no paradoxo filosoficamente insustentável de tês pessoas divinas e um Deus Único. Mas se perguntarem a um cristão se Jesus Cristo é Deus ele diz logo que sim...e não devia! Deveria apenas dobrar a língua e dizer, é uma pessoa divina mas não é Deus. E o mesmo acabaria por acontecer com o Pai e com a divina Sabedoria, que além de pomba é fêmea. Mas os cristãos comuns analfabetos, demais habituados ao politeísmo pagão, nunca aceitaram que Jesus Cristo fosse apenas divino. Cristo tinha que ser o seu novo Deus de salvação! E que fazer do Pai, o Deus de Abraão, e da esposa do Pai dos cabalistas? Para deitar este incómodo lógico para debaixo do tapete da teologia os cristãos inventaram o mistério da santíssima trindade que não passa dum erro gramatical e que se tornou num paradoxo filosófico insolúvel! Mesmo sendo impossível demonstrar se existe ou não a natureza divina, se esta for postulada como una e indivisível, os Judeus, e todos os monoteístas estritos, é que teriam razão mas só e apenas se fosse possível demonstrar a consubstanciação da natureza divina! Porém, a consubstanciação da natureza divina numa única pessoa é um acto de fé metafísico logicamente sustentável! O que já passa a ser um acto de fé insustentável é aceitar o mistério da Santíssima Trindade sem aceitar o da divisibilidade da unicidade divina! O suporte lógico do monoteísmo da Santíssima Trindade é nulo! Por isso é que ele repugna à maioria dos racionalistas que ou acabam por aceitar o panteísmo onde há uma infinidade de deuses ou o ateísmo onde não há nenhum! No entanto até alguns agnósticos podem aceitar a natureza divina como postulado porque na verdade o que estes não aceitam é a consubstanciação da essência divina numa única pessoa. Na verdade, aceitando o Ser Supremo como uno e indivisível a sua consubstanciação torná-lo-ia metafisicamente instável. Mas quem sabe se será esse o mistério insondável da realidade? Dito de outro modo! Nem os ateístas o são em absoluto e muito menos podem garantir o que sabem, nem o que são!
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