sábado, 8 de março de 2014

SEVILHA, A DEUSA MÃE CIBELE DAS COLUNAS DE HÉRCULES, por Artur Felisberto.

(Actualização de subcapítulo dedicado a CIBELE, A MÃE DE TUDO E DE TODOS (DA CASTIDADE, DOS CASTRADOS E DO PECADO NEFANDO)

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Figura 1: Hércules etrusco (Hercle) maduro e barbado, sendo amamentado por Uni num rito de adopção.
A relação de Hércules com a Deusa Mãe faz parte do mitema da dupla montanha da Aurora e há que dar conta que só na Grécia é que este herói tinha a antipatia de Hera, a rainha dos deuses. Os etruscos reconheciam que Hércules foi adoptado por Uni num rito de amamentação.
Assim, pelo menos a ocidente, o culto da “deusa Mãe” na forma mais arcaica da Virgem de Macarena, foi perpetuado até hoje na profusão floral das “festas da semana santa de Sevilha” e nas “romarias do Rocio”.
Sevilha teria sido mesmo o porto de difusão desta cultura arcaica de Cibele por todo o mundo.
El nombre de la ciudad procede del nombre indígena tartesio Spal, que significa "tierra baja". Tras la conquista, los romanos latinizaron el nombre a Hispalis, que en época andalusí varió a Isbilia, debido a la sustitución de la "p" (fonema inexistente en árabe) por "b" y de la "a" tónica por "i" (fenómeno característico del árabe hispánico conocido por imela), de donde procede la actual forma 'Sevilla'.
«Sapal» = • s. m. terra alagadiça > Tartéssico / Turdetano spal > • «paul».
Sevilha teria sido um pântano e um «sapal» na sua origem como os locais de Romário das festas do Rocio? Seria esta a terra das garças de onde partiram os astecas?
Para deslindar a etimologia de Sevilha há que remontar a épocas anteriores ao domínio de Roma. Gregos e romanos adaptaram o vocábulo de língua desconhecida, ao qual deram a forma Hispalis. Os árabes, adaptando por sua vez o topónimo já latinizado, chamaram-lhe Ixbília - de onde descende em linha directa o actual nome Sevilha. Onde não existe uma luz que nos abra caminho, há quem enxergue neste topónimo um vocábulo semita, pois que sefelah significa "chão, lugar plano", em hebraico, e safal significa "fundo, baixo", em árabe. A primeira acepção convém à Sevilha andaluza, a segunda acepção encaixa melhor na Sevilha de Tábua.
(…) Resaltar a semelhança com as raízes Isp- e Esp- presentes em nomes como Esp-inho, Esp-osende e Esp-asante (Ortegal, Galiza), todos portos de mar. Há debates inconclusos acerca da até onde chegaram os fenícios cara ao Norte pela fachada atlântica peninsular. – jose cunha-oliveira. Blog: toponímia galego-portuguesa e brasileira.
Na evolução do nome latino de Sevilha apenas nos falta o elo visigótico que teria sido Spalis.
Seville was called Spalis by the Visigoths, Hispalis by the Romans who preceded them. The word, whose meaning is unknown, is almost certainly of Semitic origin, for the site upon which Seville is built was occupied by the Carthaginians from at least the seventh century BC. Isidore of Seville, whose Etymologies were written in the sixth century of our era, says Hispalis means "built upon posts," because his palis in Latin means "these posts." This is folk etymology, but curiously, a number of pine posts were found earlier this century beneath a building on Seville's Calle Sierpes, deeply embedded in the earth and probably dating from the birth of the city. They must have been used to consolidate the foundations, for Seville is built on marshy ground and used to be frequently flooded by its two rivers.
(…) Spalis - or Ishbiliyah, as it now came to be called - was the richest city in Andalusia. Ishbiliyah, Islamic Seville, Written by Paul Lunde.
Tenha lá sido o que foi a verdade é que é mais fácil ir a Espanha a partir do latinismo Hispalis do que a Sevilha, mesmo seguindo caminhos árabes por Isbília!
Não deixa de ser interessante saber que os troncos que serviram de fundação à cidade primitiva de Sevilha apareçam hoje na rua das Serpentes sabendo-se o quanto estas sempre tiveram a ver com a Deusa Mãe. Se o nome desta rua respeita a tradição mais arcaica desta cidade ao confirmar os seus fundamentos então é mais provável que Sevilha tenha sido um pântano cheio de víboras do que um sapal.
| Calle | Sierpes < Serpa > Serpilia < Kerwilia < Kurkuria?
Mas voltando a Hispális, qual terá sido a sua etimologia?
José d’Encarnação, na sua obra GENTES E DIVINDADES, NA LUSITÂNIA PRÉ-ROMANA OCIDENTAL faz-nos andar às voltas como saloios numa repartição pública. Se o cognome Hispallus não é, como ele diz que pensava Kajanto, um diminutivo Hispan(e)los de hispanus mas um derivado directo de Hispallis como Hispala Faecenia cabe-nos então perguntar? Que teria Hispallis a ver com a Hispanha? José d’Encarnação teve tanta vontade de contrariar Kajanto que nem pensou nisso!
Hispallus, ao invés, afigura-se-nos sintomático, na linha do raciocínio que iniciámos. Kajanto, por exemplo, é peremptório: trata-se, em seu entender, do diminutivo Hispan(e)los e, tal como aconteceu com Gneus Cornelius Scipio Hispallus, cujo pai morreu em combate na Hispânia e por isso se lhe deu o nome de Hispanus, Hispallus equivale a Hispanus — e não se pensa mais no assunto. E não pensei — até que, retomando a análise da decoração, ousei pôr em dúvida o que Kajanto afirmara e...Hispallus é nome formado a partir de Hispallis, tendo como representante famosa a nobre cortesã Hispala Faecenia, que em Roma terá feito furores, a acreditar, por exemplo, em Tito Lívio. (*)
(*) Kajanto inclui este cognomen no número dos que têm o sufixo -ulus/a ou equivalente e escreve: “Barbaric ethnics appear as the cognomina of the Roman nobility only after the peoples had come into the Roman sphere of influence: Hispallus is recorded 176 B.C. [...]” (nota na pág. 49). Na p. 125, no âmbito da explicação desses diminutivos e sua formação, dá como exemplos da ocorrência de poucas transformações fonéticasthe republican names Atellus (Ater) and Hispallus (Hispanus) [...] explainable as from Atr(e)los and Hispan(e)los. Será, todavia, na p. 199, no quadro dos cognomina etimologicamente formados a partir de topónimos, que vem a explicação da opinião atrás expendida: cita Gnaeus Cornelius Scipio Hispallus, que assumiu o consulado em 176 a.C. (PIR IV p. 90) e esclarece, citando Reichmuth (p. 54), que “his father fought and was killed in Hispania, and may been called Hispanus. Kajanto refere depois que Hispallus ocorre em CIL X 5588 (Campania); que se regista um Hispalus em CIL XI 6193; e sobre Hispala Faecenia, “a famous courtesan 186 B.C. (RE 6, 2097)”, afirma: “Probably has an old women’s praenomen” — o que, na verdade, não se me afigura ser uma justificação clara, se se tiver em conta que acerca desta influente cortesã escreve V. E. Pagán (p. 61): “Originally a Spanish slave from Hispalis (now Seville), she took the name of her patron upon manumission”. Era o que eu suspeitara: a interpretação de Kajanto, ainda que engenhosa, não é aceitável. -- GENTES E DIVINDADES NA LUSITÂNIA PRÉ-ROMANA OCIDENTAL, José d’Encarnação.
O argumento de autoridade de Victoria Emma Pagán no seu livro “Conspiracy Narratives in Roman History” de 2012 refere Hispala Faecenia como sendo uma escrava de Hispalis mas sem referir as fontes desta informação o que é prova muito verde para servir como argumento categórico. Em A to Z of Ancient Greek and Roman Women, de Marjorie Lightman, Benjamin Lightman nada refere sobre a origem desta liberta e acrescenta ainda o nome de outra mulher ilustre que nada teria de sevilhana, Hispulla. Também, antes de ter contrariado a afirmação peremptória de Kajanto José d’Encarnação deveria ter reparado que Hispala não tem duplo «el» como por exemplo Hispulla. É argumento decisivo? Não, mas lá que é importante é porque supostamente foi dos latinos que herdamos o horror pelos desleixos ortográficos no pressuposto de que a grafia aponta o caminho da etimologia. Assim, como Hispalis tem dois «éles» José d’Encarnação deveria ter evitado ficar enfeitiçado pela proposta desonesta da jovem Victoria Emma Pagán que mais ninguém confirma!
E no entanto Hispala Faecenia pode ter sido uma escrava sevilhana que perdeu um «el» por ossos do ofício, que ninguém lhe levaria isso a mal embora o ter sido prostituta e testemunha acusatória num crime infame de opinião religiosa não abone muito a favor do argumento de autoridade desta liberta que passou a mulher honrada pelos serviços secretos prestados ao estado romano.
Sejamos sérios! Hispallis, o nome latino de Sevilha, não destrói a aposta sensata de Kajanto de que Hispalus / Hispalla / Hispula seriam diminutivos de Hispanus porque este topónimo latino de Sevilha também seria um diminutivo de Espanha. De facto, como se deu conta antes com as referência topográficas de José Cunha Oliveira tanto a Espanha como Sevilha seriam de origem fenícia nomes que devem mais ao estanho, que a civilização do bronze demandava, do que ao sapal lamacento que não seria assim tão grande nem coisa de espantar nume cidade seca do sul da Andaluzia.
Se os berberes que fizeram de Sevilha a primeira capital da Andaluzia árabe tivessem derivado o nome do visigótico Spalis nem com o fenómeno linguístico «imela» lá chegariam! O mais provável é que a cidade fosse sobejamente conhecida do lado de lá do estreito de Gibraltar e tivesse nome assim parecido já do tempo dos fenícios. De facto, a constância fonética que encontramos nos nomes que esta cidade tem em diversas línguas do mundo não pode ser um mero resultado da época dos descobrimentos. Sevilha só é Hispalis em latim e esta cidade seria em tempos remotos a referência principal de Espanha.
Hispalis (Latin), Išbīliya (Arabic), Seviļa (Latvian), Sevila (Slovene), Sevilha (Portuguese), Sevíli - Σεβίλλη (Greek), Sevilia (former Romanian), Sevilija (Lithuanian), Sevilja (Serbian), Sevilla (Catalan, Finnish, German, Hungarian, Norwegian, Romanian, Slovak, Spanish, Swedish), Séville (French), Sevilya (Turkish, Azeri), Seviya (Ladino), Sewilla (Polish), Siviglia (Italian), Sivilja (Maltese).
Particularmente o nome maltês e sérvio parecem confirmar uma remota origem do nome desta cidade que teria sido sempre derivado dum diminutivo carinhoso do nome da Deusa Mãe Cebelisha / Kubeleja ou da filha desta, Coré, a rainha dos infernos também conhecida nas baleares como Ibiza e que na cidade de Sevilha têm o grande nome da virgem de Macarena.

Ver: MACARENA (***)

O mais provável é que os romanos tenham latinizado o nome da cidade que já era localmente *Cebilija porque lhe soava como Hispallis e como se a cidade fora uma pequena Espanha ou mesmo porque já fosse conhecida entre os helenistas por *Hespolis, uma mistura de Espanha com polis com ressonâncias com o jardim das Hespérides das maçãs de ouro de Hércules. Tudo isto seria reforçado pelo facto conhecido dos residentes de que a cidade era frequentemente alagada pelas trovoadas imprevisíveis de Verão e por isso frequentemente um marachão foneticamente idêntico ao fenício sefelah, nome comum para pantanal, paul, «sapal» ou “terra de sapos”, dando em parte razão a uma tradição romana de que a cidade teria sido construída numa zona pantanosa e por isso sobre estacas como a baixa de Lisboa!
Quanto ao fenómeno característico del árabe hispánico conocido por imela” ele pode ser apenas o reflexo de uma realidade muito mais banal: com a perda do cordão umbilical enxertado da romanização os nomes autóctones acabaram por se sobrepor aos nomes eruditos impostos pelas civilizações clássicas.
Ki-Se-| phelah > «paul» | Hi-sapol > Grec. Hispolis > Lat. Hispalis
> Visig. Spal ó *Hispália ó Isbília < ? *Hispalia
Sevilha < Cewil-ya < Kubeleja > Ki-| *Wilia < *Kilia |
> «Cecília», a santa padroeira da música > Sicília.
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Figura 2: Cila.
Cila (em grego: Σκύλλα, transl. Skylla) é o nome de duas heroínas distintas da mitologia grega, que são às vezes confundidas.
Uma delas, citada por Homero e por Ovídio, era uma bela ninfa que se transformou em um monstro marinho. A outra é uma princesa, filha de Niso, rei de Mégara. Virgílio é um dos autores que identificam as duas:  ele menciona a filha de Niso como sendo idêntica à mulher que tem monstros saindo dos quadris.
«Cila» < Skylla < Ki-kur-la > Sikilia > Sicília.
                                                            > Cibila > Cibele.

Ver: GALAUCO & POLUIDO (***)

Claro que a história de Sevilha contada assim com tantos rodeios pantanosos soa a etimologia mal cheirosa.
De facto a etimologia directa é raríssima. A maior parte das vezes os povos escrevem os nomes das coisas que conhecem pela primeira vez como lhes soando àquilo que elas lhe parecem e por isso é que as palavras se vão afeiçoando no fonema e na grafia às vicissitudes da moda e da história. É esta a razão porque as regras fonéticas não são leis e a sua aplicação é errática tanto no sentido em ela se aplica de forma quase aleatória, porque prevendo mais as possibilidades do que as certezas, como sendo fonte tanto de erros criativos quanto vítima de etimologias enganosas e populares.
Asim, esta deriva etimológica que passa por uma deusa Mãe com nome parecido com o de Cibele é de facto a mais provável por ser a que mais se coaduna com a mitologia de Sevilha.
Como sabemos os antigos começaram a ter uma ideia geográfica das terras com os cartógrafos helenistas de Ptolomeu e antes disso, sobretudo nos tempos mais arcaicos os povos eram identificados pelos seus centros culturais mais importantes. A Espanha ibérica e celtibera foi durante muito tempo vista do lado mediterrânico como sendo essencialmente a Bética (Andaluzia) e esta, como o seu porto e cidade mais importante que era Sevilha. Assim, a mítica de Espanha seria a de Sevilha e as colunas de Hércules seriam associadas com a Andaluzia e com a sua capital.
Comparando as armas de Espanha e as de Sevilha acabamos por aceitar que a Espanha se apropriou das armas da Deusa Mãe de Sevilha que depois cristianizou e levou para o refúgio das Astúrias. Depois da reconquista deu a esta cidade andaluza novas armas parecidas com as de Espanha mas afeiçoadas à ideologia da reconquista.
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Figura 3: As Grandes Armas de Espanha de Carlos III são uma reinterpretação barroca da mitologia real espanhola.
Figura 4: “Las armas de Sevilla, en (...) la Plaza de España”. Notar o centro com S. Fernando de Castela que a conquistou.
La segunda divisa de las columnas «Plus Ultra», la comenzó a usar Carlos V el año 1547, para dar a entender la magna extensión de sus conquistas. Simbolizan las dos coronas que surmontan las columnas, los dos Imperios de América y de España.
Como sabemos, as coroas reais resultam das muralhas das cidades que Cibele, a Magna Mater, transportava à cabeça quando sentado no seu todo-poderoso trono entre dois leões. No caso das Grandes armas de Espanha de Carlos III não houve a coragem de representar a Deusa Mãe da Espanha nem que fora como uma deusa minervina da Vitória pelo que ficou oculta no escudo de armas dos reinos de Espanha que, quiçá não por meras razões de simetria mas em memória subliminar dos 4 reinos da Andaluzia mais o de Leão e Castela aparecem cinco vezes. Na verdade a memória do subconsciente colectivo infiltra-se na heráldica como a semântica insufla de alma os hieróglifos. Os problemas interpretativos ocorrem quando esta mnemónica histórica tropeça em circunstâncias fortuitas.
Faustino Menéndez Pidal de Navascués considera que es probable que la figura del castillo se adoptara en el año 1169, fecha en la que Alfonso VIII alcanzó su mayoría de edad a los catorce años. El castillo se introduce en el sello con una clara connotación territorial, al tratarse de un emblema parlante que alude a la denominación del reino y, por tanto, no contar con una naturaleza simbólica. Esta decisión pudo estar motivada por un deseo de afirmación de la soberanía castellana frente al Reino de León.
Como é que o castelo de Cibele chegou a Castela? A questão que se deveria colocar seria antes esta: onde raio foi Castela buscar o nome?
Castilla (nombrada en los primeros documentos en castellano antiguo como Castella o Castiella) significa, según su etimología, «tierra de castillos». Los historiadores árabes la denominaban Qashtāla (...) y su nombre aparece justificado como tierra sembrada de castillos.
(...) El territorio donde nació la primigenia Castilla (norte de la provincia de Burgos y parte de las adyacentes de Palencia, Álava y Cantabria) era denominada Bardulia.
El término procede de la tribu prerromana de los bárdulos (o várdulos) que en época prerromana y romana poblaban la parte oriental de la costa cantábrica (situados en la mayor parte de la provincia de Guipúzcoa).
Bardulia < Bardulos < War-thul < Kartulia < Kar-kul => Hércules.
                                                     < Kartulia > Kratulia > Katrulha
> Castrillha > Castilla > «Castela».
García Duarte, Francisco. «La Castilla granadina en la génesis de la Castilla burgalesa y el castellano» (en español) (HTML). Consultado el 08/10/2013. «Otro dato contrastado es la existencia de una Castilla, anterior a la de Burgos e incluso confundida durante tiempo con ésta por algunos historiadores [...]. Se trata de Castilla, capital de la Cora de Elvira, llamada luego Elvira.[...] Cabe deducir que la segunda Castilla [la burgalesa] nace como consecuencia de la llegada de gentes provenientes de la primera [la granadina] dentro del marco general del fenómeno de repoblación que se da a lo largo de los siglos VIII al XI en toda la zona norte de la península.»
Afinal o castelo de Cibele pode ter vindo até Castela do único local de onde poderia ter saído e que eram as terras da Andaluzia que tinha por capital Sevilha que supomos ser a preferida da deusa dos castelos na Ibéria.
Primeiro na época pré romana como Bardulia pela mão de uma tribo dos várdulos que eram seguramente seguidores da mística castreja de Hércules, o deus da dupla montanha da Aurora que também era a Magna Mater Kubeleja. Depois, por gentes da região de Granada na época da islamização que mais do que uma invasão árabe foi uma nova chegada de povos da Andaluzia fenómeno recorrente desde tempos imemoriais. E assim, a mítica do castelo de Cibele regressa ao seio de Espanha e a fascinar os cristãos ibéricos curiosamente por ter sido utilizada por casas reais descendentes por linha materna de Afonso VIII de Castela.
Obviamente que agora estamos perante um mero acaso. Mas que sabemos nós? Se Deus escreve direito por linhas tortas a Grande Deusa Mãe sempre levou a água ao seu moinho mesmo quando parece dar a entender coisas diversas.
A mediados del siglo XIII, el escudo de Castilla se propagó por toda Europa, un fenómeno que no tuvo precedentes ni paralelos, a pesar de la circunstancia de que al rey Alfonso VIII no le sobreviviese descendencia por vía masculina. Debe aclararse que esta propagación no tuvo ningún componente territorial, salvo en la línea que heredó el trono castellano, ya que fue utilizado como armas de linaje (materno) y se produjo en las Casas Reales de Francia, Portugal y Aragón.
Curiosamente a cercadura do actual escudo português começou a ser real depois da reconquista do reino dos Algarves por Afonso III facto que conduziu a um conflito bélico com Castela que, por razões obscuras, considerava que o reino dos Algarves lhe pertencia. Como não ocorreu conflito idêntico na reconquista do Alentejo pode postular-se que o Algarve sempre teria pertencido à Andaluzia que Castela considerava seu terreno natural de reconquista. Na verdade os dois lados da fronteira alegam razões que não são coincidentes e que poderão não ser nenhuma delas inteiramente certas porque são de facto muito pouco convincentes a interpretar um conflito que de fácil resolução.
O rei de Niebla e emir do Algarve, para obstar às conquistas perpetradas pelos Portugueses nos seus territórios, fez-se vassalo de Afonso X de Castela cedendo-lhe o domínio do Algarve português (o qual passou por isso também a usar o título de Rei do Algarve entre as suas múltiplas conquistas). -- Wikipédia portuguesa.
Pero tras la subida al trono de Alfonso X de Castilla, se inició un guerra entre ambos reyes en base a unos derechos que Alfonso X había adquirido o por el rey Sancho II de Portugal cuando lo apoyó contra su hermano el rey Alfonso III, o por el rey de la taifa de Niebla. El conficto finalizó en 1253 al acordar el matrimonio del rey portugués con una hija del rey Alfonso X, y la entrega de un usufructo sobre el Algarve en beneficio del rey castellano hasta que el hijo de ese matrimonio alcanzara los siete años de edad.
En 1260,3 Alfonso X añadió a sus títulos el de rey de Algarve. Pero en 1263, ratificado en 1264, cedió el usufructo del Algarve a su nieto Dionisio, heredero del rey portugués, a cambio de un vasallaje militar. En 1267, el tratado de Badajoz de 1267 liquidó este tributo militar y se fijaron las fronteras. El rey castellano siguió empleando el título de rey de Algarve, pero sólo por la referencia al territorio de la antigua taifa de Niebla. Por su parte, el rey Alfonso III empezó a emplear el título de rey de Portugal y de Algarve desde marzo de 1268. -- Wikipédia espanhola.
Seja como for, de tradição de antanho ou nem tanto, que romana não parece ter sido, a relação do Algarve com a Andaluzia se não foi um artefacto administrativo das taifas da Andaluzia a verdade e que tanto títulos reais como cartas geográficas parecem ter mantido a tradição de uma autonomia mítica dos reinos dos Algarves em relação ao resto da Espanha celtibera o que pode decorrer duma tradição latente que já viria de mais longe quando as tribos lusitanas se diferenciavam dos Cónios do sul algarvio tanto na língua quanto na religião que estaria culturalmente mais próximo da Andaluzia e de Cartago. De facto, geograficamente a Andaluzia só não se meteu pelo Algarve adentro porque para cá do Guadiana mandou a vontade de El rei D. Dinis que fez tudo quanto quis!
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Reino de Murcia
Reino de Córdoba
Reino de Chaém
Reino de Sevilla
Não deixa de ser estranho que o escudo central das Grandes Armas de Espanha seja a súmula da cercadura da heráldica dos antigos reinos árabes do sul de Espanha de que Portugal mantém intacta a cercadura dos sete castelos, curiosamente adquiridos apenas depois das conquistas a sul do Tejo! Obviamente que seria tentador pensar que a heráldica leonina se trataria de uma tradição visigótica religiosamente guardada no substrato da população moçárabe do mesmo modo que a tradição ainda mais arcaica da Virgem de Macarena se manteve subterrânea até a reconquista.
Acontece que estes reinos do sul de Espanha foram um artifício administrativos como o reino dos Algarves destinados a manter no domínio da coroa as antigas taifas conquistadas por Fernando III o rei que pela primeira vez usou as Armas unidas de Leão e Castela. A sua fama de santidade criou a mística deste tema heráldico os interesses e a bajulação política fez com que os quatro reinos conquistados adoptassem de forma repetitiva e grandiloquente deste tema na cercadura dos seus escudos.
As características únicas de leões alternados com castelos nas cercaduras dos escudos dos reinos conquistado ao Al Andaluz, mais ou menos imaginárias, são uma peculiaridade dos reis católicos.
Depois de termos seguido a pista castelhana dos castelos de Cibele resta-nos seguir agora os leões do trono desta deusa entrando no reino de Leão.
O reino de Leão deve o seu nome à cidade que o encabeçava, a cidade de Lião que nada deve a este animal mas apenas aos desleixos da deriva linguística que tende a fazer ressoar os nomes segundo aquilo que lhes parece.
La ciudad de León surge hacia 29 a. C. como campamento militar romano de la Legio VI Victrix, en la terraza fluvial entre los ríos Bernesga y Torío, cerca de la ciudad astur de Lancia, con motivo de las llamadas Guerras Cántabras.30 A finales del siglo I, a partir de 74, el campamento es ocupado por la Legio VII Gemina, fundada por Galba, la cual permanecerá en León hasta aproximadamente principios del siglo V. (...)
El origen del nombre de la ciudad proviene de la palabra latina legio, que hace referencia a la legión que fundó la ciudad en su actual emplazamiento. Esta tesis, comúnmente aceptada, se refuerza con el todavía válido gentilicio legionense para referirse a los habitantes de la ciudad. La evolución de Legio a León se explica fácilmente, pues en latín clásico, la gi se pronuncia como si fuese una gui,20 por lo que la pronunciación de Legio sería Leguio, algo que acabó derivando en el Leio o Leionem, que a su vez acabaron en el nombre actual de León. – Wikipédia.
Quer isto dizer que historicamente o reino de Lião só veio a ser leonino por um mero equívoco linguístico que o primeiro imperador da Espanha da reconquista acabou por aproveitar politicamente.
La primera referencia escrita del león como símbolo personal del rey y, por ende, del reino, la encontramos en la Chronica Adefonsi imperatoris, coetánea de Alfonso VII. En ella, al describir los ejércitos que participan en la toma de Almería, se dice literalmente:
(...) la florida caballería de la ciudad de León, portando los estandartes, irrumpe como un león (...). Como el león supera a los demás animales en reputación, así ésta supera ampliamente a todas las ciudades en honor. Sus distintivos, que protegen contra todos los males, están en los estandartes y en las armas del emperador; se cubren de oro cuantas veces se llevan al combate. (traducción de Maurilio Pérez González).
Não podemos saber o que passava na cabeça de Afonso VII de Leão quando resolveu substituir a cruz tradicional pelo leão mas é provável que tivesse quase tudo a ver com o que transparece na sua crónica. O leão era um símbolo politicamente correcto para quem aspirava a ser o novo imperador de Espanha pós visigótica mas não podemos excluir que isso já fosse assim nos tempos em que os visigóticos tiveram capital em Toledo.
No entanto, confirmamos que o Reino Nazarí de Granada e a dinastia berbere dos merínidas tinham bandeira e escudo com temas amarelos em fundo vermelho o que parece indiciar que as cores espanholas, vermelho amarelo de Castela e Aragão são de origem berbere ocidental e relacionadas com as cores primitivas do ocre onde o vermelho representa o ká da vida com que os berberes enterravam os seus mortos no solo amarelo do seio da Deusa Mãe.
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Figura 5: Estandarte da dinastia nazarí de Granada.
Mas o que mais espanta no tema dos escudos dos reinos conquistados por S. Fernando é precisamente o Leão do grande Reino de Córdoba.
Seria ele autóctone ou mais uma bajulação dos conquistados? Quando procuramos na tradição árabe suporte para uma origem ancestral deste tema heráldicos, dos centros dos escudos pelo menos, esbarramos com o preconceito iconoclasta dos árabes que neste caso só deixaram caligrafias ilegíveis para quem não sabe a sua língua. Mas como quem procura sempre alcança, qual não é o nosso espanto quando deparamos com o motivo da fonte dos quatro pares de leões no pátio dos leões do palácio do mesmo nome na Alhambra (a vermelha) de Granada.
La fuente de los leones tiene diversas significaciones o simbologías, ninguna de ellas corroboradas. Por una parte los doce leones tienen una simbolización astrológica, cada león alude a un signo zodiacal. Por otra, tiene una significación política o mayestática que está relacionada con el templo del rey Salomón (puesto que hay una inscripción en la fuente referida a este) y el mar de bronce del mismo templo. Por última y la más importante, alude a un símbolo paradisíaco refiriéndose así a la fuente, originaria de la vida y los 4 ríos del Paraíso. Pero lo que si se puede decir, es que la fuente como tal es una alegoría del poder que reside en el sultán.
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Figura 6: Fonte do pátio dos Leões da Alhambra de Granada.
Assim, o mínimo que se pode dizer é que os reinos andaluzes conquistados por S. Fernando não se espantaram com o leão heráldico deste rei santo de Leão e Castela porque já o conheciam da tradição Andaluz patenteada na Alhambra de Granada. Também nada nos impede de postular que os leões granadinos tenham subido até aos lados da Galiza com o imaginário político do remanescente da aristocracia visigótica que a teria recebido em Toledo dos tempos arcaicos em que a tradição cultural ibérica era comum com a dos berberes.
Do lado ultramarino o escudo de Ceuta é o português e o de Tanger tem a cercadura acastelada dos portugueses que a conquistaram e que os ingleses que a receberam no dote de Catarina de Bragança mantiveram e os marroquinos não alteraram por terem feito dela uma cidade diplomática.
Curiosamente ou nem tanto a comunidade autónoma da Andaluzia mantém o tema da Hércules entre dois leões o que seguramente é uma deturpação helenista do significado das colunas de Hércules.
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Marrocos mantém os dois leões de Cibele no seu escudo tal como a bandeira do Islão a Lua e a estrela de Istar.
Obviamente que a mística dos castelos de Cibele e dos dois leões do seu trono teriam que estar muito vivas precisamente onde a mitologia o exige: as colunas de Hércules,  particularmente na Cabília / Kafiria que seguramente era uma morada de Cibele.
La Cabilia es una región histórica del norte de Argelia, poblada mayoritariamente por bereberes. Sus habitantes la llaman Tamurt n Leqbayel ("Tierra de los cabilios") o Tamurt Idurar ("Tierra de montañas"). Forma parte de los montes Atlas y se sitúa a orillas del mar Mediterráneo.
A mística de Hércules e de Cibele sempre esteve presente no povo berbere que como o irlandês se pensa descendente de Tanit / Djana / Anat, uma variante de Istar / Cebele.
Zenata o Zeneta, Zanata o también Zenete e Iznaten son las variaciones del nombre que recibió un grupo de pueblos bereberes durante el periodo medieval, de estos descienden varias etnias actuales. (...)
Según el cronista musulmán Ibn Jaldūn, zenata deriva de un nombre propio: Ŷana, frecuentemente transcripto Djana (un ancestro bereber).
Los egipcios consideraban que algunos de sus dioses tenían origen libio, como Neith, quien habría emigrado desde Libia para establecer su templo en Sais, en el delta del Nilo. Algunos mitos sitúan el nacimiento de Neith en la actual Túnez.

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