quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O FARAÓ, O GUARDIÃO DA «CASA GRANDE», por Artur Felisberto

(Actualização da versão anterior: O FARAÓ, O GUARDIÃO DO POVO DA «CASA GRANDE»)

 

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Figura 1: Máscara funerária de Tutancamon, o mais jovem dos mais famosos faraós, onde se comprova magnificamente que os soberanos do Egipto eram formalmente os que transportavam na cabeça “Buto, a cobra do baixo egipto e o abutre (de pescoço de cobra) do Alto Egipto”!

 

A cultura Egípcia é, de todas as culturas antigas, a que mais manifesta a persistência, presumivelmente arcaizante, do culto da cobra como anterior ao culto de todos os deuses politeístas dos primórdios da história. De facto, o símbolo do poder supremo no Egipto era o ureus, efígie da cobra-cascavel e símbolo do poder sagrado conferido pela deusa mãe da terra. Se assim for, a referência no génesis à cobra da tentação, feita por herdeiros judeus da cultura egípcia, constitui uma homenagem incontornável à Deusa Mãe e ao poder sacerdotal dos faraós.

Figura 8: ureus.

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Este símbolo seria também atributo do primeiro faraó mítico do Egipto que seria o «senhor da cobra» o que reforça a ideia da origem cretense da dinastia tinita encabeçada pelo lendário rei Min.

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Figura 9: O nome do poderoso faraó Ramssés apresenta-se aqui escrito em hieróglifos ladeados por Ra-Horus, o deus falcão com o ureus, a cobra solar, à cabeça!

A Lista real de Abído, o Papiro de Turim, assim como Máneton, concordam em dar o nome de Menes ao primeiro faraó egípcio. Mas nenhum documento encontrado até hoje traz este nome de maneira indiscutível. Admite-se geralmente, segundo a paleta de Hieracômpolis, que Narmer foi o primeiro rei a usar a dupla coroa do Alto e do Baixo Egipto. Tinhamos portanto, dois nomes para uma única personagem: Narmer num monumento contemlporâneo do reinado, e Menes nas fontes posteriores. Várias explícações, foram propostas para explicar esta discordância. Para uns, Narmer e Menes seriam dois nomes que designavam a mesma personagem, para outros Narmer seria o predecessor de Menes, sendo este último o rei de Aha cujo nome é conhecido por monumentos de Sacará. Terceira possibilidade, por fim, Narmer seria de facto Menes, e teria tomado o nome de Aha após a sua vitória sobre o Norte. Os três nomes aplicar-se-iam portanto a uma mesma e única personagem.[1]

Na paleta do Narmer os animais leoninos de estranhos pescoços entrelaçados como ofídios (girafas?) não deixam dúvidas quanto à importância dos cultos ofídios no Egipto. As cabeças de touro também não permitem duvidar de que os cultos de fertilidade taurina já estariam presentes no início da monarquia faraónica em nome do deus Min (o deus taurino de falo erecto) presumivelmente o último touro da primeira face da paleta e esposo de «vaca» divina Bata.

Sur les frontons des deux faces de la palette figurent en gros plans deux effigies de la déesse Bat stylisée par un facial féminin avec deux oreilles de vache et une énorme paire de cornes retournées vers l'intérieur qui rappellent la fertilité qu'offre le lait et ses dérivés, nourriture de base dans l'ancien temps. Sa disposition en partie haute de la palette lui donne un caractère céleste et prouve la haute estime du pharaon à son égard.

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Figura 10: Paleta do Narmer, o 1º dos faraós.

Por outro lado a controvérsia sobre o nome do primeiro faraó do Egipto fará tanto sentido como saber se o nome do primeiro homem foi o hebreu Adão, herdado do primeiro deus solar Aton(is), ou o persa Gaiomar, marido de Gaia e por isso Gaio de seu nome, Zé, filho de Zeus, de Kiw ou mesmo do próprio Enki! A proto-história nos limites do seu começo deverá ter tanto de lendário como teve de ideológico e, por isso mesmo, tanto de real quanto tem seguramente de mítico e puramente visionário e delirante. Em qualquer dos casos, não parece que fosse “politicamente muito correcto» que um soberano sulista como foi Narmer, tivesse conseguido unificar os dois Egipto libertando o norte duma mais que provável e antiga colonização cretense e viesse a adoptar um nome relacionado com a cultura minóica. Claro que, se a linguística fosse matemática, teríamos:

Narmer = *An-ur Me-ur = (An Me)ur = (Me An)ur = (Min)ur < Min Kur

> Minotauro!

Uma divagação de suporte inverso teria que ter sido muito posterior, pois parece que nunca houve dúvidas quanto ao nome de Narmer. Na verdade trata-se apenas de uma coincidência na etimologia do nome de Narmer que apenas reforça o quanto a cultura cretense esteve presente no Egipto pré-dinástico. Da consciência subterrânea e profunda deste facto retiraram os cronicões posteriores a motivação para colocarem no ponto zero das dinastias do Egipto unificado o nome de Min como homenagem subconsciente aos reis minóicos que outrora haviam empurrado os Egípcios para “uma história política de sucesso”.

Bat The Egyptian cow goddess of fertility, also called Bata. She was primarily worshipped in Upper Egypt.

Bat era representada como uma Vaca ou em forma humana com orelhas e cornos de vaca.

Bat pode estar ligada à palavra ba com 't do sufixo feminino. Ba significa algo como a personalidade ou emanação e muitas vezes é traduzida como "alma". A palavra também pode ser lido como "poder" ou "deus".

The imagery of Bat as a divine cow was remarkably similar to that of Hathor, a parallel goddess from Lower Egypt. In two dimensional images, both goddesses often are depicted straight on, facing the onlooker and not in profile in accordance with the usual Egyptian convention. The significant difference in their depictions is that Bat's horns curve inward and Hathor's curve outward slightly. It is possible that this could be based in the different breeds of cattle herded at different times.

Hathor's cult center was in the 6th Nome of Upper Egypt, adjacent to the 7th where Bat was the cow goddess, which may indicate that they were once the same goddess in Predynastic Egypt. By the Middle Kingdom, the cult of Hathor had again absorbed that of Bat in a manner similar to other mergers in the Egyptian pantheon.

Bata < Ka-ta + Ur > Kataur > Hataur > Hathor.

Bata = Ba-ta, lit. deusa do | Ba < Ka < Ki-a, lit. “água da terra”| <

Ka-| Ta < Te-a < Ki-a > ka > Waka > «vaca» < ??? Lat. vacca

< *Wakika < Kakika > Kiat > Hekat > Hebat > Hebe > Eva.

 

Ver: AS VACAS SAGRADAS (***)

 

O consenso comum dos historiadores atribui a origem do nome do faraó ao termo Phar-O que significaria “duplo palácio”, nome da residência real, em relação com os seus atributos de soberano do alto e do baixo Egipto. No entanto, passarei a demonstrar que este nome significaria apenas “o que transporta (na cabeça) a dupla cobra (das duas terras do Egipto)”!

Pharaoh, meaning “Great House”, originally referred to the king’s palace, but during the reign of Thutmose III (ca. 1479–1425 BC) in the New Kingdom, after the foreign rule of the Hyksos during the Second Intermediate Period, became the form of address for a person who was king and the son of the god Ra. “The Egyptian sun god Ra, considered the father of all pharaohs, was said to have created himself from a pyramid-shaped mound of earth before creating all other gods.” (Donald B. Redford, Ph.D., Penn State)

(…) The earliest instance where pr-aa is used specifically to address the ruler is in a letter to Amenhotep IV (Akhenaten), who reigned c. 1353–1336 BCE, which is addressed to ‘Pharaoh, all life, prosperity, and health! During the eighteenth dynasty (sixteenth to fourteenth centuries BCE) the title pharaoh was employed as a reverential designation of the ruler. About the late twenty-first dynasty (tenth century BCE), however, instead of being used alone as before, it began to be added to the other titles before the ruler’s name, and from the twenty-fifth dynasty (eighth to seventh centuries BCE) it was, at least in ordinary usage, the only epithet prefixed to the royal appellative. (…)

For instance, the first dated instance of the title pharaoh being attached to a ruler’s name occurs in Year 17 of Siamun on a fragment from the Karnak Priestly Annals. Here, an induction of an individual to the Amun priesthood is dated specifically to the reign of Pharaoh Siamun. This new practice was continued under his successor Psusennes II and the twenty-first dynasty kings. Meanwhile the old custom of referring to the sovereign simply as pr-aa continued in traditional Egyptian narratives.[citation needed]

By this time, the Late Egyptian word is reconstructed to have been pronounced *par-ʕoʔ whence comes Ancient Greek φαραώ pharaō and then Late Latin pharaō. From the latter, English obtained the word “Pharaoh”. Over time, *par-ʕoʔ evolved into Sahidic Coptic prro and then rro (by mistaking p- as the definite article prefix “the” from Ancient Egyptian pr-`3). -- Wikipedia

Na verdade, mesmo sem se ser egiptólogo, pode-se adiantar que, por definição, os lexemas duma escrita ideográfica dão mais garantias semânticas do que fonéticas.

Figura 2: Wadjet.

Uadjit é na antiga religião egípcia a deusa padroeira do Baixo Egito (o que correspondia à região do Delta do Nilo). O nome significa "A verde" (cor das serpentes) e "A da cor do papiro" (numa alusão à planta do papiro, que teria sido por ela criada e que era a planta heráldica do Baixo Egipto). O nome desta deusa pode também ser escrito como Uto ou Edjo.

Wadj é a antiga palavra egípcia para a cor verde (em referência à cor do papiro) e et, uma indicação de seu género feminino).

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Uadjit começou por ser uma deusa ligada à vegetação tendo-se transformado numa deusa da realeza. Representava o Baixo Egipto sendo frequente surgir com a deusa correspondente do Alto Egipto, Nekhbet.

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Sendo assim, podemos sempre duvidar do seu rigor literal pelo que o conceito de “duplo palácio” que resulta das leituras correntes dos hieróglifos que representam o fonema que se traduz por faraó pode resultar da ênfase contextual da própria ideologia política faraónica na qual a soberania suprema resulta, de facto, da união paradoxal numa só pessoa de dois reinos supostos autónomos mas não independentes porque apenas unidos pela vontade dos divinos soberanos do Egipto. Trata-se assim de uma abstracção metafórica do tipo da santíssima trindade que concebe um só Deus em três pessoas distintas e de muitas que os políticos e homens de direito gostam de usar quando se trata de figurar em abstracto entidades teoricamente úteis mas impraticáveis, como e o caso dos valores absolutos!

Sumer. Uto < Huto < Buto < Ba-ut < Bajut < Wagetu < (o ureus) Uadjit.

Kaka-ti, deusa Caca, antepassado comum a Bat e Hator.

Bat < *Phiat/Ptah > *Ki-tu, lit. “o filho de Ki > Sumer. Uto, o sol,

filho da aurora e o que nasceu da terra como a cobra”!

Neste caso, se alguma homofonia existiria entre o termo inicial e o que corresponde em egípcio aos hieróglifos que descrevem o semantema de “duplo palácio”, esta seria mera coincidência ou remota origem étmica comum, reforçada pelo próprio jogo do contexto, o que não é difícil de antever se aceitarmos que tanto O-phi, da cobra do ureus, como o «chão» do palácio nos reportam ao termo comum Ki, literalmente terra em sumério, que eram seguramente o único capital disponível na idade nos alvores do neolítico.

Esta, uma vez cercada (lat. circa < ki-ur ki-a) dá origem à «grande casa» senhorial que domina a exploração agrícola que, quando adstrita ao serviço dos templos, se é que não apenas nesta condição no início da história, era Ki-Antu, o chão sagrado das antas da Terra Mãe que, quando cercado é ainda hoje em Portugal a sacrossanta «quinta»!

Obviamente que a quinta moderna é uma herdade de tempos arcaicos em que os escassos terrenos aráveis eram dedicados ao culto da Terra Mãe e onde os trabalhadores eram “escravos do templo”. A eficácia da gestão primitiva dos “campos santos” veio a servir de modelo a todas a variantes futuras de unidades agrícolas encontradas por todo o mundo onde chegou a revolução do neolítico e acabaram em Portugal na “quinta” dos nobres e dos ricos, no “casal” ou “quintã” das famílias livres e inferno da servidão e cantina para a sopa dos pobres.

«Quinta» • < ?Lat. quintana (> pop. «quintã», s. f. grande propriedade rústica com casa de habitação e geralmente cercada de muros ).

«Citânia» (• s. f. nome comum a antigos povoados acastelados dos tempos romanos ou pré-romanos da Península Ibérica) < Lat. * civitatania? Talvez nem tanto, pois < kitania < kiantia, este sim já mais plausível a partir do nome comum que levaria ao latino quintana.

«cidade» < ?do Lat. Civita-te, lit. Deusa (te) *Kiwi-ta < Ki-Ki-Ka = Ki-Caca

> Ku-Baba > Kubata (< Kimbund. Ku-di-bata), também Cibel,

esposa de Kiw-el? => Ki-dade.

Koubaba est la déesse reine de la ville antique de Karkemish, parèdre du dieu de l'orage. C'est une divinité de la fertilité. Elle joue un rôle dans les textes louvites et un rôle mineur dans les textes hittites, principalement dans les rites religieux hourrites. Plus tard, son culte se répandit et elle devint la déesse principale des royaumes anatoliens postérieurs aux Hittites, puis d'Hattousa. Elle est probablement à l'origine de la divinité phrygienne Cybèle.

Em «cidade», a raiz –dade não será um sufixo qualitativo como não o é em «Bag-dade», nome da grande cidade herdeira do que resta da terra das miríades de cidades que despontaram como cogumelos neolíticos no fértil vale da Mesopotâmia.

«Cidade» < Lat. civitate, complexo demográfico formado, social e economicamente, por uma importante concentração populacional não agrícola, ou seja, dedicada a actividades de carácter comercial, industrial, financeiro e cultural;

«Cidade» < Lat. civitate < civitas < Kiphita < Kikita >*Ki-phiat

Ur > Ki Ur > Kur < «curros, currais e Karums», kurkius > wurkos

> «burgos» > hurkis > urwis > «urbes».

Passando ao lado da «cidade», enquanto conjunto de lares e choupanas onde se acolhia o conforto do fogo dos lares dedicados a Avesta / *Kiphiat se chegaria enfim à cidadela militar e depois à «urbe» e ao «burgo» com o aparecimento das castas militares aquarteladas um locais que eram terra de guerreiros como Ur.

A «quinta», que em latim foi vila e origem de «vilas» lusitanas e do nome das cidades francesas, se evoluiria para a «citânia».

«Castros» como templos militares, a Melkart dedicados, o senhor da cidade, «castelos» altaneiros de templários a verdade é que sem guerra organizada de forma empresarial com guerreiros profissionais nunca teria existido civilização!

Os autores não são unânimes na tradução do termo Phar-O.

Flávio Conti fala em “duplo palácio” e Sérgio Donadoni em «grande (ou, a maior) casa» o que reforça a ideia de a tradução resultar mais do contexto ideográfico do que da literalidade fonética. Ora, em Phar-O apenas a raiz –O parece como novidade já que Phar < Ki Ur = Ka(u)r > sumer. Gal, lit. o «grande, forte e poderoso = omnipotente» ou seja guerreiro e campeão da Terra Mãe, equivalente matriarcal do conceito da soberania suprema no masculino e variante antropológica de conceito de «macho dominante» dos primatas. Quanto ao –O, tudo aponta para que seja o correspondente egípcio do sumério E-, com o significado de casa. De resto, a explicação para o conceito de «duas casas», que dá o nome aos faraós, pode ser ainda mais simples: Phar-O era o ideograma do rei e sumo sacerdote da deusa das cobras da tradição mediterrânea que, por coincidência da tradição dinástica posterior à unificação do alto e baixo Egipto, era também o senhor das duas grandes terras, (taui < thawi < *kaki < Ki-Ki), que eram o alto e baixo Egipto.

Assim sendo, natural seria que o mesmo ideograma acabasse por vir a ter um significado "homoideográfico" que inicialmente não figurava nele.

De resto, o nome dos faraós pode ter uma origem bem mais directo e muito menos retorcida se aceitarmos a versão francesa Pharaon (< *Phar-o-an < Hau-phar-an < *Ka-Phur-an, Sacar-na), o deus da aurora triunfante (=> Saturno), o deus e senhor da época dourada dos exércitos da Deusa Mãe das cobras cretense, de que iria derivar o conceito grego kauronos para general!

É de suspeitar que Sakauran > Sacara tenha chegado ao Egipto muito cedo, seguramente a partir do Minotauro cretense como adiante se confirma. Assim sendo, e até prova categórica em contrário é altamente suspeito de que o suposto étimo Phar-O, do nome dos faraós, corresponda não tanto ao lugar genérico da «Casa Grande», que até poderia ser uma referência aos templos megalíticos mediterrâneos de que os malteses e depois os palácios labirínticos minóicos são exemplares, mas à função de sumo sacerdote da “Cobra da Deusa Mãe”, reminiscência dos antiquíssimos cultos megalíticos de que a cobra seria o deus supremo!

Notar que uma das Fúrias tinha o nome de Megara ou Megera.

Then Pra-Vira (Sumerian Sargon) had by his wife Acchura Seni (< Haka-Kura < Ishkura > Ishtar, => Sumerian Ash-nar, Ash-lal, The Lady Ash) a son named Manasyu (< *Min Ashi < Ama-An-Shu) of the line of the Prabhu [< "Pharaoh"), the royal eye of Gopta [Kopt or Egypt, Aigyptos, ancient Egyptian Gebt or Gabt, cognate with the Greek Kopt-os or Copt]. Pra-Vira bears the title of Vira which equates to his Pir title in the Old Isin Sumerian king list. The Pra, in series with the longer form Prabhu (Sanskrit "ruler, master, lord"), is equivalent to the Egyptian Paraa or "Pharaoh." The Egyptian name of Pharaoh came from the Sumerian house-sign, Bar or Par, so as to mean "The Great House"; and in Sumerian Bar, Bara = "great house or palace or temple." Pharaoh (Heb. par’oh) known as the "Great House," in Egyptian "Per-o." [2]

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Figura 3: Aquenaton, o rei herético andrógino com a mesma na postura de “transportador de cobras” de seu filho Tutancamon.

 

Phar-O = *O-Phi-Ur, lit. “o cobra guerreira” > Ophyr > Ofir, cidade minhota da Foz do Neiva! Ora, estes realizar-se-iam em templos que eram de facto grandes casas (megaron = palácio = templo) megalíticas.

Megaron ou mega quarto[3], = «Harém» < Tr. harem < Ár. haram, proibido ??? ou Karhum, bazar ??? < An Karhum, o templo enquanto foi literalmente karhum, o interposto comercial dos deuses < *Kime Kar > «Câmara», ainda hoje a «casa grande» do municipalismo português.

Eng. pharaoh < Lat. Pharao / Pharaoni <= Heb. par’oh < Egipt. pharaoh < Sumer. *Par + Kaku > Para-Beco > Sanskrit. Prabhu.

Parece que a informação do texto sobre o termo sumério bar não será a mais correcta à luz dos dicionários consultados.[4]

Ba-ra: modal prefix - with marû denotes vetitive; with hamtu denotes negative affirmative. É-bar-ra: outer house ('house' + 'outside' + nominative). Bar = to distribute, remove, outside, to open; to see; to select.=> expor à luz do dia! An-bar = noon; midday ('sky' + 'to be bright').

O termo sumério par nem sequer foi encontrado! Esperando que o resto do texto não seja uma mera e pura inventona, ficamos pelo menos com a convicção de que, por estar relacionado com o brilho da luz solar, o sumer de bar < KAR > phar, é correlativo dos termos que nos reportam para a ilha de Pharos.

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Figura 4: O faraó Miquerinos e a esposa. O *Macareno & *Macarena? O simples facto de poder ter sido assim não apenas no plano da virtualidade fonética permite suspeitar que as primeiras dinastias egípcias terão tido muito mais a ver com um passado comum com a talassocracia cretense e com a Andaluzia do que é comum aceitar.

A conotação entre este conceito, seguramente muito mais arcaico e primitivo, com outros mais correntes e mais posteriores relacionados com o conceito relativo «casa grande» (= solar, palácio), só pode resultar duma mera figura de retórica pela qual o morador dá o nome à casa em que é deus e senhor!

Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho logo mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
-- Luís de Camões.

Sendo assim, já se entende melhor a semantica do nome do faraó precisamente à luz do «farol» de Alexandria.

Neste caso, e numa primeira aproximação, o faraó seria retoricamente “aquele que transporta o ureus do farol divino (da cultura e da civilização” tal como era entendida no antigo egipto)!

«Solar» < Lat. solu, solo, s. m. castelo, palácio ou herdade com casa apalaçada de família antiga e nobre!

Sendo sabido que a casa comum em Egípcio era het existem fortes probabilidades de o hieróglifo per andar mal traduzido.

Afinal, per significaria de forma demasiado visual e realista o «perímetro» da “câmara real” ou, muito mais literalmente ainda, mansão real ou «solar».

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Este termo luso inspira dúvidas quanto è sua etimologia oficial pois suponho que derivaria, com muito mais propriedade dentro do contexto em análise, do nome do deus latino, Sol...que daria nome ao solo que ele cobria nas grandes herdades onde o sol não se cobria durante um dia de caminhada!

Mas directamente da mesma fonte egeia de que derivou o termo egípcio derivou o étimo grego peri- de que derivou o «perímetro» e «peripatético». Correlativo esteve o termo pher- relativo a transporte em volta de um perímetro conveniente. Todos estes termos derivariam a final do perímetro circular percorrido pelo sol na abóbada celeste.

Another example of vocalization we might consider is the word "Pharaoh." This comes from Hebrew, Par9ôh. In Egyptian we find pr93, which means "Great House." The glyph clip_image017 means "great," and clip_image018 means "house." This became a synonym for the king about the time of Akhenaton. Saying "The Great House" did such and such would be equivalent of saying today that "the Palace said" or "the White House said," in referring to the actions of a monarch or the American President. With Hebrew as the evidence, we could say that pr93 would have been vocalized par9ô3 in Late Egyptian. [5]

Na verdade, a fonética do termo proposta sob a designação par9ô3 não anda muito longe da inscrita no termo inglês "Pharaoh"!

Já a tradução mais correcta seria «aquele que é o grande do palácio» não esquecendo que tanto «palácio» (< Lat. pal(atiu) <= phar), como o faraó e o «solar» (< Sol < Kaur < Kar) provêm do mesmo nome do deus Kur dos curros e dos cavalos do «carro» solar!

Noutros contextos identifica-se a etimologia do faraó com o conceito de *Kartu o senhor da cidade presente no nome de Melkart.

 

Ver: MINOTAURO (***)

 

De facto, *Kartu pode ser identificada com a «Sr.ª do monte», a deusa mãe cretense do parto e da aurora. Por outro lado, o «faraó» tem conotações com «farol» da ilha de faros não por causa da ilha do mesmo nome mas porque esta ilha já seria desde tempos antigos um local propicio para ali se fazerem fogueiras e sinais de fumo para auxílio de pescadores e marinheiros, ou seja, um farol à medida do tempo e do logar. Assim, a ilha de faros herdaria o nome do fogo solar ou duma metáfora do topo fumegante dos vulcões.

O nome fonético do faraó, depois de ouvida, tal como as novas tecnologia da Internet o permitem por acesso directo à página de que o extracto anterior foi retirado, a sensação com que se fica é a de um som que se assemelha em português a faraoque!

*Faraoq < Phar-a-oku > phar-auco > Phar-oco > Gr. párocho(s)

< Lat. parochu > «pároco».

«Pároco» = s. m. sacerdote que tem a seu cargo a direcção espiritual de uma comunidade de cristãos.

Parroquia (< paroikos, habitar próximo) es una determinada comunidad de fieles constituida de modo estable en la Iglesia particular, cuya cura pastoral, bajo la autoridad del obispo diocesano, se encomienda a un párroco, como su pastor propio.

É certo que na maior parte das culturas românicas de influência católica e anglicana existe equivalente fonético para paróquia mas nem sempre para pároco. Porém, este facto está longe de invalidar a primazia do nome do pároco na medida em que tudo aponta para que este termo tenha tido existência prévia no baixo latim muito antes de se ter espalhado pelos domínios administrativos da catolicidade. Em grego comum a «paróquia» significaria apenas a comunidade de vizinhos (do latim vicus). Se fosse apenas um termo administrativo teria tido em grego existência prévia o que não aprece ser assim. Seria isso suficiente para considerar este termo um neologismo de invenção cristã? Claro que o nome da diocese não deriva do nome do bispo. Porém, também o nome deste não deriva daquela.

No entanto, em grego a confusão seria possível porque existem pelo menos três termos aparentados:

Πάροικος = I. dwelling beside or near, c. gen., Aesch., Soph.; c. dat., Thuc.: — absol. a neighbour, Arist. 2. πάροικος πόλεμος a war with neighbours, Hdt.

Gr. parochos = A. O que vai ao lado de outro numa carruagem, o que cuida do noivo! ó ὄχος = Qualquer coisa que segura ou amarra barcos ao cais. As amarras de um carro de corrida. Atrelado, carro!

Πάροξ-Υς, A. ponta de um osso partido.

Se a ponta de um osso pouco ou nada terá a ver com este assunto já os restantes poderão ter. Espantosamente o conceito de vizinhança em grego parece ser a tradução literal de um termo anterior ao egípcio *faraoq, com o sentido de “o que habita junto” ou seja (o que está na) “casa grande”, a única que permitiria a vizinhança, o que nos reporta para o mitema minóico (e depois micénico) do megaron comunitário!

 

Ver: APOLO GRANNUS E AS “CASAS GRANDES” (***)

 

O estranho nesta tradução meramente ideográfica é a aparente inversão semântica que o termo veio a ter no Egipto já que o termo é que em grego oicos significaria casa e não grande e enquanto phar- estaria muito mais próximo de megaros, no sentido de grande! Até prova em contrário quem trocava o sexo aos deuses eram os egípcios como no caso de Geia e Gebo. Como o mar Egeu terá derivado de Geia aceita-se que terão sido os gregos a iniciar este mitema e, por tanto, terão sido os egípcios a fazer a troca. De resto existem fortes indícios de que a civilização egípcia começou no delta por colonização egeia e minóica. Então, é quase seguro que os egípcios herdaram dos egeus o seu termo para a “casa grande” do faraó invertendo-lhe o sentido já que também lhe alteraram o uso que de casa comunitária passou a casa real, o que é compatível com uma colonização de uma casta real iniciada pelo de Menés, responsável pela natureza ostensiva da primeira dinastia Tinita.

Diodoro Sículo afirma que Menés introduziu a adoração dos deuses e a prática de sacrifícios tão bem quanto um mais elegante e luxuoso estilo de vida.

Por esta última invenção, a memória de Menés foi desonrada pelo faraó da XXIV Dinastia Tefnakht, e Plutarco menciona um pilar de Tebas sob o qual foi inscrito uma maldição contra Menés como o introdutor da ostentação.

Depois de usado e abusado pelas grandezas ostensivas dos faraós egípcios este termos iria ainda voltar à Grécia possivelmente já depois do mais vaidoso e ostensivo de todos eles: Ramssés.

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Figura 5: Ramssés II num carro de guerra introduzido no Egipto pelos hititas.

Êxodo - 15:19 : Porque os cavalos de Faraó, com os seus carros e com os seus cavaleiros, entraram no mar, e o SENHOR fez tornar as águas do mar sobre eles; mas os filhos de Israel passaram em seco pelo meio do mar.

Mas agora terão sido os gregos a inventar semânticas novas ao fazerem por ressonância fonética dos «arreios e arrochos» e «eixos» das rodas dos carros de cavalos o genérico oixos para trelas e amarras de carros e do “pára-oixos”, o condutor do carro do noivo, seguramente por ressonância com a mitologia dos carros solares, «geringonça» cujo enguiço acabou recentemente por degenerar no «riquexó» que é um neologismo nipónico jinrikisha (人力車, onde jin =humano, riki= tração, sha = veículo), que literalmente significa "veículo de tração humana".

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Figura 6: Riquixó japonês (jinrikisha), 1886.

Os riquixás surgiram no Japão por volta de 1868, no início da Restauração Meiji. Eles logo se tornaram um meio de transporte popular, pelo fato de serem mais rápidos que as liteiras utilizadas anteriormente (e o trabalho humano era consideravelmente mais barato do que a utilização de cavalos).

Ora, nada obsta a suspeitar que o termo rikisha seja um arcaísmo nipónico de origem egeia correlativo de termo oixos.

Quer dizer que, embora a palavra «pároco» se suponha derivada do grego clássico talvez derive antes do Koinê alexandrino porque tudo aponta para que tenha sido o nome do pároco que tenha dado o nome à paróquia e não o inverso.

·       < Pher-ophi, lit. “o que transporta a cobra sagrada”, o uréu da coroa dos faraós!

·       Phal-a-Thi+ An > Pher-a-Ten, = «a que transporta as cobras»!

·       Palla-Diana > Palllas Atena => Palladium <= Phar-la-ki(um) < Kar-la-Ki, lit. «terreiro da gente do rei, corte» >Palathium > «Palácio» o que não andaria musicalmente longe do que adiante se propõe para a origem do termo relativo o mito do palladium! Na verdade, é também altamente provável que o mito do palladium, relacionado com o culto e com o nome de Palllas Atena, resulte desta tradição de cultura palaciana, de origem cretense!

·       Kar-Kiki, lit. «a grande terra dupla do Egipto» ó «o grande terreiro cercado» das primeiras unidades agrícolas paleolíticas => Karth, «corte» => «cidadela» fenícia.

·       Karkium > Karhum, feitoria real.

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Figura 7: Faravahar, acredita-se que seja uma representação de um Farvashi, ou Espírito (Santo) Guardião e na gramática avéstica é indubitavelmente um nome feminino tal como Shekinat era feminino entre os judeus e o Espírito Santo dos gnósticos.

Farvashi < Phar-| Wi | < Ki | -ash < Phi-at, “o disco sol alado que transporta o filho da terra mãe” < Kur-ki-at > Kaur-kau-ahs > Phar-Ha-oc > Faraó.

 

Ver: PALAS ATENA (***)

 

Este conceito de «animal de transporte solar» parece ter sido comum à bacia mediterrânica onde teria andado relacionada com os cavalos do carro solar como o comprovam a semantica dos termos gregos paraos > parêoros = *Kar-pher => seiraphoros.

Paraos: aetos (Maced.), Hsch. Paraoros, v. parêoros . => parêoros, so in Ep. and Ion., but Dor. and Att. paraoros [ra_], on (as always in Trag.), also Dor. pararos Theoc.15.8 : (paraeirô, cf. sunêoros ) : -joined or hung beside : hence parêoros (sc. hippos), horse which draws by the side of the regular pair (xunôris), outrunner, = seiraphoros .

Parêoros > pareros > parelos > Lat. parilía > «parelha».

A fonética subjacente a estes termos parece indiciar que parilía = *Pher-Helia, lit. «o que transporta Hélio, o sol», facto que nos obrigaria a pressupor também que Parêoros = Phar-Horus, lit «o que transporta Hórus»! Sendo assim e independentemente de outras correlações com o nome de Hélio, ficamos com a evidência de que este deus grego foi o equivalente semântico e étmico de Hórus!



[1] Pierre Lévêque, volume I das PRIMEIRAS CIVILIZAÇOES - OS IMPÉRIOS DO BRONZE.

[2] From The Alpha and the Omega - Volume I, Chapter Four, with Volume III updates,by Jim A. Cornwell, Copyright © 1995, all rights reserved, "Scorpion – at 3200 B.C. and Sargon the Great and Ka-Ap in Egypt".

[3] em inglês Quarto é «room» e mega é grande em grego donde megaron seria um mega room ou seja, uma casa grande com muitas câmaras e antecâmaras e grandes quartos de dormir!

[4] Copyright © 1996-1999 John Alan Halloran, Los Angeles, California. All Rights Reserved. Last modified on August 11, 1999. http://www.sumerian.org/suma-e.htm

[5] The Pronunciation of Ancient Egyptian. Copyright (c) 1997, 1998 Kelley L. Ross, Ph.D.

 

OS DEUSES DE TRANSPORTE DAS ALMAS KHEPRI, O «ESCARAVELHO», por artur felisberto

 

Figura 1: Khepri.

= means “scarab (beetle)” god who rolled the sun through the sky and "he who becomes". For the Heliopolitans he is the rising sun which, like the scarab, comes up from its own substance and is reborn of itself.

No rigor ideográfico dos hieróglifos era pictograma «escaravelho» que significava Khepri e não a inversa! Seguramente que isto aconteceu assim porque o escaravelho se transformou no «animal de transporte» solar por excelência por razões ideológicas meramente circunstanciais e localizadas motivadas pela especulação naturalistas dos sacerdotes egípcios em torno dos estranhos comportamentos nupciais destes coleópteros.

Al igual que su manifestación animal, Jepri se autocreaba cada mañana y renacía como un nuevo sol después de la noche, por lo que se le vinculó con Atum, el dios sol autocreador. Los escarabajos peloteros mediterráneos ponen sus huevos en una bola de estiercol, y cuando las larvas nacen se alimentan de esa bola. Los egipcios descubrieron como estos escarabajos rodaban una pelota de estiercol hasta un agujero, del que después veían surgir nuevos escarabajos, que creían se habían autocreado. De la misma forma el sol cada mañana resurgía renovado. El escarabajo se llegó a convertir en uno de los amuletos más populares, y se utilizaba en el ritual funerario. Su santuario principal estaba en Heliópolis.[1]

«Escaravelho» < Escarawejo < escaraweyo ó Lat. scarabeu ou scarabaeu (???) e/ou muito mais presumivelmente, por ficar muito mais de acordo com a tradição mítica:

«Escaravelho» < Ish-kar-a-wello, < Ishkur | -Apheliu, lit. «Ishkur (Sr. do «fogo dos infernos») é aquele que se torna em Apolo < Apher-iu | lit. «é aquele que transporta Ishkur», o sol-posto!

De facto, no egipto esta função de transporte do disco solar pertencia ao deus Khepri = Gepri «o escaravelho que vai rolando a bola solar pela abóbada celeste».

Gepri < Espan. Jebri ó Khepri < Khepri < Kahiphru < *Kaku-Phur, «o que transporta o fogo que, do céu, é o sol» > Ishkur > *(Ka)-Kiphura, a «cobra solar alada» que transporta o sol no seu ventre!

Por ser foneticamente aparentado com um deuses de «transporte solar» como Lúcifer, só por teimosia mental não haveria de etmicamente correlativo deles.

Por alguma razão Khepri significa também «aquele que se torna» na medida em que sendo responsável pelo transporte da luz solar acabaria por ser intrinsecamente o deus do conceito genérico do «movimento» e, mais metaforicamente ainda, no deus do conceito metafísico, bem mais difícil de ver e entender, da «transformação».

Nas línguas greco-latinas -fer é um dos étimos que significam estes semantemas pelo que muito anómalo seria se Khepri nada tivesse tido a ver com isso.

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Figura 2: Khepri clip_image005[2]: Cult Center: Heliopolis.

Khepri was the god of transformation, by which life renewed itself. represented as a scarab faced man or as a man whose head is removed by an insect.

•Attributes: A sun god, associated with the sunrise. Because of his association with the sunrise he is considered to be one of the creator gods. It was Khepri that pushed the sun across the sky in much the same fashion that a dung beetle (scarab) pushed a ball of dung across the ground.

•Representation: A man with a scarab head. Or a scarab.

•Relations: Self created.

•Other possible Names: Khepra, Khepera.

 

Ver: DILUVIO (***)

 

Este mesmo conceito de transformação relativa aos complexos mistérios agrários de “morte e ressurreição” primaveril do sol estavam implícitos no culto do deus Sírio Heliogabalus.

Heliogabalus º Elagabalus, local sun god of Emesa (Homs) in Syria. Represented by a black stone. This name is derived by the learned from two Syriac words, Ela a God, and Gabal, to form, the forming or plastic God, a proper, and even a happy epithet for the Sun. -- Wotton's History of Rome.

 

Ver: HELIOS SKOTAIOS (Sol-posto = Hermes) / HELIOGABALUS (***)

 

CARONTE

Este místico e mítico conceito cósmico do transporte do sol revelavam a grande preocupação de toda uma cultura pelo esboço duma compreensão global dos fenómenos astronómicos que permitiriam o início da navegação em alto mar, ou seja revelavam a marca das talassocracias que se desenvolveram em torno das grandes ilhas mediterrânicas, particularmente a minóica ilha de Creta! Dai que cedo se tenha acoplado a este conceito do transporte do sol nocturno por barco. Não sendo o Egipto um povo particularmente conhecido como sendo de marinheiros ficamos com a convicção que a persistência deste imaginário na sua mitologia, particularmente nos rituais da «barca solar», tal só revela o carácter importado da cultura egípsia. A força deste mito deve ter sido tão forte que permaneceu na cultura clássica no mito da Caronte. Sendo este barqueiro das lamas também o guardião das portas do inferno é previsível uma relação semântica do nome deste deus grego com os Aker egípcios, os guardiães das portas que separavam o inferno da aurora.

Aken = The custodian of the ferryboat in the Underworld. He had to be awoken from slumber by the ferryman Mahaf in order to provide travel in the boat upon the celestial waters. Aker = An earth-god also presiding over the juncture of the western and eastern horizons in the Underworld. (…) Aker opens the earth's gate for the king to pass into the Underworld. (…) In the Egyptian notion of the Underworld Aker could provide along his back a secure passage for the sun-god's boat travelling from west to east during the hours of night.

Aken * Aker = (ak)er-en < Hakeran < Sacar-na.

                          Saturno < Ishtaran ó Asharan > Charon > «Caronte».

                                                             = Angal < An-Kur > Karan.

Ishtaran (Angal): - Patron god of Der, a city East of the Tigris.

 

Ver: AKER (***)

 

Assim teria nascido a mitologia das «almas penadas» que, sem «penas» para voarem para o céu, penavam e piavam dolorosas como aves agoirentas atormentando feitas harpias, os mortais que duma forma ou de outra seriam responsáveis pela sua desgraça espiritual! Esta crença popular era tão forte que sobreviveu até aos nossos dias! A cultura católica, que herdou parte da tradição mítica clássica, aproveitou-se do receio popular inerente à vingança das harpias transformando «as almas penadas» em «alminhas do purgatório» e tudo este mesmo poderoso negócio fúnebre de ritos fúnebres e óbolos em ritos pagamentos de promessas e negócios de «indulgências» e «missas pelas alminhas do purgatório».

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Figura 3: Caronte, Hermes e uma alma.

Charon - fierce brightness. He was the foul-tempered boatman, son of Erebus and Nox (Night), who ferried the spirits of the dead over the rivers Styx and Acheron to Elysium (the underworld). He would admit to his boat only the souls of those who had received the rites of burial and whose passage had been paid with a coin (an obolus) placed under the tongue of the corpse. Those who had not been buried and whom Charon would not admit to his boat were doomed to wait beside the Styx for 100 years.

«Óbolo» < Lat. obolu < Gr. obolós < Auwuros < *Kaphur => Khepri.

Mas já o próprio termo óbolo relativo à moeda do «preço de transporte das almas» deixa a interessante suspeita do seu arcaísmo pois que um dos seus sentidos próximos vamos encontra-lo na Índia:

Óbolo = • (Lat. obolu < Gr. obolós, pequena moeda), s. m. pequena moeda grega que valia um sexto do dracma; • pequeno peso da Índia, com 75 gramas, aproximadamente; • pequena esmola; • (fig.) valor mínimo.

Dis Pater = The Roman ruler of the underworld and fortune, similar to the Greek Hades. Every hundred years, the Ludi Tarentini were celebrated in his honor. The Gauls regarded Dis Pater as their ancestor. The name is a contraction of the Latin Dives, "the wealthy", Dives Pater, "the wealthy father", or "Fater Wealth". It refers to the wealth of precious stone below the earth.

Dis < Dies < Diues < Dives < *Diwish > *Dikesh > Dikê, deusa grega advogada da justiça junto do tribunal memorável de Nemesis.

Que importante deus dos mortos era este que teve o título de «Pai da fortuna» e que foi equiparado a Hades, o deus grego dos infernos, sem ter sido explicitamente Plutão? Obviamente que estaremos diante de mais uma das espertezas saloias dos mitólogos que fizeram de «Deus Pai» um Dis Pater a partir dum antigo Dives Pater para evitar confusões com Diaus Pitar, que já era Júpiter. Ora, nada obsta a que antes da partilha dos três reinos míticos clássicos (o Olimpo, os infernos e os oceanos) o universo não tenha sido governado por variantes dum só e mesmo deus supremo que teria sido Enki de cognome o *Kikiasho, lit. «o fogo da terra».

*Kikiasho > *Diwish > *Phiat > *Pot > Phta!

 

Ver: DISCÓBOLO (***)

 

Discóbolo = Dis + cóbolo < Dis Kawuro, lit. a cobra de *Diwish, o do «disco solar alado» e da ressurreição dos mortos!

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Figura 4: Féretro (< Pher-E-Taur, «o touro que transporta o templo da alma») Egípsio onde a antiga mitologia da «barca solar» se mantém apesar de pujada num «trenó» a bois. Dado o carácter arcaizante das tradições míticas podemos concluir que a barca e o treno foram inventados antes das rodas e dos carro de bois?

Claro que os arqueólogos não nos referem a quantidade de cadáveres antigos exumados com óbolos na boca pelo que se presume que a maioria dos óbolos ficaria pelas mãos dos «coveiros» e que a crença no mito do «óbolo» teria sido proveitosamente alimentada pela poderosa corporação dos «cangalheiros», aqueles que efectivamente transportavam os cadáveres em analogia com deuses transportadores de almas:

«Cangalheiro» = •, s. m. aquele que conduz bestas com cangalhas;• recoveiro;• o que prepara ou aluga aprestos para enterros;

<= de cangalha = • s. f. (prov.) carro puxado por um só boi;• (...); • s. f. pl. espécie de armação de madeira que se coloca no dorso da besta e em que se equilibra a carga; = • s. m. cada um dos dois paus ou canzis, entre os quais encaixam o pescoço do boi ou muar; • canga,

<= de cangar  • (Lat. conjugare), v. tr. jungir à canga.

Ora bem, para ir do latim conjugare ao luso e vulgo «cangalheiro» não teriam sido necessárias tantas voltas se a etimologia das «cangalhas» fora segura e garantida! A meu ver as «cangas & cangalhas» sempre teriam tido este nome entre os lusos para os quais só os «jugos» (< lat. jugu = «canga») de bois teriam sido importados dos romanos! Mas, os próprios latinos devem ter tido substantivos técnicos para objectos relativos ao atavio de bois e outros animais de tiro utilizados nas «carretas» para transporte de cadáveres.

Sendo assim, aceitemos que «cangas < cangalhas» < *Kan-kajas > Con-jukas > lat. conjuga + re.

Por sua vez,

*Kan-kajas < *Phan-Kurias < Ki-An-Kur > Kur-an-ki > Caronte!

Na verdade, Caronte < Gr. Charôn (variantes: / Charôna / Charônos) lit. o que transporta (= sumer. Kar), (as almas) para o céu  (An) (em brasileiro seria: «o que dá caronas às almas»!). Da variante Charônos pode inferir-se que o carácter de «deus menor» deste barqueiro das almas era devido a própria secundarismo do culto dos mortos na cultura clássica que, herdada dos caldeus por via hitita, se baseava numa visão infeliz e negativa do além o que era o oposto daquela que se vivia nas culturas ocidentais das saturnálias na esfera de influência cultural da talassocracia cretense que iria da Ibéria ao Egipto passando pela Etrúria.

Entre os fenícios eram deuses dos infernos as seguints variantes do nome de Horon:

Horon < Hauranu < Hawran < Chauron < *Kauran > Choron => Coronte.

Na verdade, a ter-se mantido o respeito e importância deste deus de transporte das almas ter-se ia reparado que ele era o próprio Enki/Hermes ou um dos seus filhos, Ishkur < *Kar-An-ish > Charônos > Cronos pai do centauro Quiron. O conceito relativo ao transporte do no étimo -Kar perdeu-se na língua grega que passou a ser -pher e -phoros (< Koros < *Kaur < KUR > *Kar como em karophoros, on, soporífero, neste caso seguramente por analogia do sono com a morte e então este nome manifesta ainda uma conotação remanescente na esfera de influencia de *Kar enquanto um deus dos mortos!) por herança étmica aparentemente egípcia mas muito mais provavelmente por antecedência cultural comum na ilha de Creta.

O interessante é que Cherti, o nome do mesmo deus no Egipto, soa quase como o nome de Creta

Creta < Kherty > Karth < *Cartu > (Mel)-Karte + An

=> Kur-An-Ki > Caronte => Cronos.

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Figura 5: Cherti como magnífico «chibo» solar alado nas duas extremidades de uma das barcas de Ra. Uma das provas de que a mitologia foi ou andou envolvida com a retórica descritiva, a que desde logo o manifesto expressionismo da caligrafia hieroglífica dava logar, pode residir no carácter duplo deste deus que aqui parece depender apenas de razões de simetria visual, a menos que se possa demonstrar que estamos perante a mesma semântica mitológica do deus Aker, representado como um par de leões que guardavam os dois horizontes do sol.

Cherti = Egyptian ram-god of the underworld and ferryman of the dead. In the Pyramid Texts Cherti was said to be a threat to the pharaoh, who had to be defended by Re himself. However, as an earth-god Cherti also acts as a guardian of the pharaoh's tomb. The main center of Cherti's cult was at Letopolis, north-west of Memphis. He was depicted as a man with the head of a ram, or as a ram. His name means "Lower One".

Enquanto deus carneiro Cherti era seguramente Ishkur, o filho do Sr. do Kur. Sendo um deus da terra era também aparentado com o Enki, o Sr. da Terra... e do Kur.

Ishkur = Kur-ish ó Kur-at > *Ker-tu > Cherti.

Cherti não nos permite por si só esclarecer uma possível relação deste deus com a dupla seguinte foneticamente aparentada com este.

Chenti-cheti = An Egyptian falcon-god, but originally a crocodile god.

Chenti-irti = An Egyptian falcon god of law and order. He is identified with Hórus.

No entanto, sabemos que outro deus crocodilo era Sobec, que “In the Book of the Dead, Sobek assists in the birth of Horus” e era relacionado com Osíris pelo lado aquático do deus primordial dos quatro elementos que teria sido Jano / Enki. Como Ishkur era filho de Enki, Cherti seria então Horus, o deus falcão por excelência. Então podemos corrigir as variações do nome destes deuses de modo seguinte:

Chenti-cheti < Cherti-Che®ti < Chenti + Cherti

> Chenti-(h)irti > Chenti-irti

De resto, a confusão fonética entre Chenti & Cherti seria mais do que possível, seria quase inevitável! Se não eram nomes do mesmo deus poderiam tê-lo sido ou acabariam por sê-lo. Este é mais um dos exemplos que nos fazem concluir que a diversidade da mitologia egípcia não era senão o resultado de variações linguísticas locais dos mesmos teónimos originais a par de variações semântica resultantes de diversidades locais na manipulação da teologia.

 

Ver: TAVERET (***) & «CARAVELA», A BARCA SOLAR (***)