Figura 1:[1] Teseus lutando com Cercião e laça o touro de Maratona. O paradigma do herói arcaico parece ter sido assim uma mistura dum campeão de box e de forcado. Notar que o adversário de nome Kerkyon nos reporta para *Kertu, a deusa da vida e da morte das cobras cretenses. Quer assim dizer que este mito se reporta em tudo ao tempo aos tempos arcaicos da história grega, ou seja, à época em que os micénicos se defrontavam com os minóicos. O facto de *Kertu ser a antepassada de N. Sr.ª do Carque de Resende permite pressupor que não apenas Teseu se desdobrava em façanhas como pode ter combatido com o seu próprio fantasma ou seja, com o próprio Hércules. (Vaso grego ciberneticamente manipulado pelo autor a partir de desenho da obra Griechische Vasenmalerei de Adolf Furtwängler und K. Reichhold)
Kerkyon > Carqueijão < Herkilion < Herkalion, lit. “Sr. Hercules”.
14. 1. Movido pelo desejo de realizar feitos e, ao mesmo tempo, de granjear popularidade, Teseu foi em perseguição do touro de Maratona, que causou grandes prejuízos aos habitantes da Tetrapole. Dominou-o e exibiu-o, passeando-o vivo pela cidade, para em seguida o sacrificar a Apolo Delfino. -- Plutarco, Vidas Paralelas. Tradução do grego, introdução e notas de Delfim F. Leão Universidade de Coimbra.
Além do ciclo épico de Hércules outros ciclos de mitos militares circularam na antiguidade como no caso dos ciclos épicos de Perseu, Teseu e dos Argonautas, etc. No caso do ciclo épico de Teseu o mais provável é que se trate duma lenda com fundo de verdade histórica. A exaltação nacional a que este herói suposto fundador da democracia ateniense foi sujeito acabaria por envolver a sua lenda numa aura de maravilhoso fantástico moldado na retórica do ciclo épico de Hércules, a tal ponto intensa que por vezes é difícil saber o que é plagio do que é especifico do ciclo de Teseu.
One of the Troezenian legends about Theseus is the following. When Heracles visited Pittheus at Troezen, he laid aside his lion's skin to eat his dinner, and there came in to see him some Troezenian children with Theseus, then about seven years of age. The story goes that when they saw the skin the other children ran away, but Theseus slipped out not much afraid, seized an axe from the servants and straightway attacked the skin in earnest, thinking it to be a lion.
Claro que tanto pode ter existido um herói lendário que deu nome ao mito de chamado Hércules como um qualquer general grego que teria tido o onomástico em honra deste deus guerreiro!
14: 2. A história de Hecala e os relatos lendários sobre a sua hospitalidade e acolhimento parecem não ser de todo destituídos de verdade. De facto, os demos da vizinhança reuniam-se nas Hecalesias, faziam sacrifícios a Zeus Hecalio e prestavam honra a Hecala, invocando-a com o diminutivo de Hecalina, pelo facto de ela, quando acolheu Teseu, então bastante jovem, o ter saudado como fazem as pessoas de idade e lhe ter expressado afecto com diminutivos dessa ordem. [2]-- Plutarco, Vidas Paralelas. Tradução do grego, introdução e notas de Delfim F. Leão Universidade de Coimbra.
Hecale < He®kale > Herkales, filho de *Herkale > Hércules.
< Hera-Kal, «rainha Hera».
Este *Herkal, pai mítico de Hércules, não seria outro senão Zeus Hekalo, seguramente uma corruptela pela mais comum das síncopes gramaticais. Hecale seria a equivalente feminina desta variante de Zeus, ou seja, a rainha Hera.
O facto de aparecer no mito de Teseu como sua ma não espanta assim tanto se pensarmos que os etruscos representaram Hera a dar de mamar a um Hércules barbudo. Na verdade, não estamos senão perante uma deturpação de mitemas universais arcaicos que colocavam deusas maternais a amamentarem príncipes como Anat no corredor Sírio e Hator no Egipto.
Assim, não poderemos saber se Teseu foi apenas mais um aristocrata a ser educado no culto guerreiro do deus Hércules ou se foi uma criança que tinha um general na família que era émulo de Hércules. Neste caso, o facto de Teseu criança ter atacado a pele do leão com um machado de cozinha é tanto sinal de valentia, quanto indício de uma iniciação precoce nas artes da caça como uma das formas de iniciação guerreira.
6. 5. Destes malfeitores, alguns bateu-os e eliminou-os Hércules, no decorrer das suas andanças; outros, porem, ao sabe-lo próximo, esconderam-se para lhe escapar e passar despercebidos e acabaram por cair no esquecimento e por levar uma vida miserável. 6. Ora quando Hércules caiu na desgraça, depois de ter morto Ifito, e partiu para a Lídia, onde serviu longo tempo a Onfala como escravo – esta foi a pena que a si mesmo impôs pelo homicídio – a Lídia desfrutou então de paz absoluta e de segurança. No território da Helade, em contrapartida, passaram a florescer de novo e a proliferar os actos de violência, sem que houvesse alguém que os reprimisse e lhes pusesse cobro. (...)
Figura 2: Os três primeiros trabalhos de Teseu. (Desenho de vaso grago ciberneticamente manipulado a partir de desenho da obra “Vases grecs et italo-grecs du Musée Archéologique de Madrid” - Gabriel Leroux, 1879-1915)
7. Era, pois, perigosa a viagem para quem tomasse o caminho por terra do Peloponeso ate Atenas. Piteu, na tentativa de persuadir Teseu a viajar por mar, explicou, assim, ao neto quem era cada um dos ladroes e malfeitores e que tipo de maus tratos infligia aos forasteiros. 8. Todavia, desde há muito, ao que parece, que a fama do valor de Hércules inflamava secretamente o jovem; falava dele com extrema frequência; escutava com a maior das atenções quem pudesse descrever como ele era – sobretudo aqueles que o haviam visto e podiam relatar os seus feitos e reproduzir as suas palavras. 9. Para todos era então evidente este seu sentimento, semelhante ao que viria a experimentar, muito tempo depois, Temistocles, ao afirmar que o troféu de Milciades o impedia de dormir. Do mesmo modo a admiração pelo valor de Hércules levava Teseu a sonhar de noite com os seus feitos e de dia, dominado e exaltado pelo desejo de emulação, pensava em praticar feitos semelhantes. (…)
25. 5. Foi também o primeiro a instituir jogos, rivalizando com o papel de Hércules, com o desejo de que, assim como se celebravam os Jogos Olímpicos em honra de Zeus, graças a Hércules, celebrassem os Gregos, por sua iniciativa, os Jogos Ístmicos, em honra de Poseidon. -- Plutarco, Vidas Paralelas. Tradução do grego, introdução e notas de Delfim F. Leão Universidade de Coimbra.
Ver: O CICLO ÉPICO DE HÉRCULES (***)
This is the first Troezenian legend about Theseus. The next is that Aegeus placed boots and a sword under a rock as tokens for the child, and then sailed away to Athens; Theseus, when sixteen years old, pushed the rock away and departed, taking what Aegeus had deposited. There is a representation of this legend on the Acropolis, everything in bronze except the rock.
Esta lenda é quase uma variante da espada de do rei Artur o que só prova que estamos perante um mito arcaico de iniciação guerreira!
Another deed of Theseus they have represented in an offering, and the story about it is as follows:-- The land of the Cretans and especially that by the river Tethris was ravaged by a bull. It would seem that in the days of old the beasts were much more formidable to men, for example the Nemean lion, the lion of Parnassus, the serpents in many parts of Greece, and the boars of Calydon, Eryrmanthus and Crommyon in the land of Corinth, so that it was said that some were sent up by the earth, that others were sacred to the gods, while others had been let loose to punish mankind. And so the Cretans say that this bull was sent by Poseidon to their land because, although Minos was lord of the Greek Sea, he did not worship Poseidon more than any other god.
Este tempo em que os animais falavam era para Pausânias o tempo em que eles eram muito mais fortes e poderosos, ou seja titãs e gigantes arcaicos pré diluvianos, nem mais nem menos do que os deuses arcaicos dos tempos paleolíticos da zoolatria. Obviamente que os gregos clássicos que recolheram os seus mitos ancestrais não resistiram à tentação de os racionalizarem coisa que afinal é o que continuamos a fazer. Porém, cada época racionaliza o medo do desconhecido com os instrumentos mentais do seu tempo, facto que explica perfeitamente as incongruências e bizarrias que por vezes se encontram nestas racionalizações. Uma delas é a fantasia da vaca de madeira que se inventou para nela esconder Pasifai para que esta pudesse copular com o touro da Maratona de que estamos a falar gerando assim o Minotauro, que Perseu viria a matar mais tarde em Creta.
Ver: PERSEU (***)
Este recurso a um deus ex machina repete-se no cavalo de Tróia e na constante referência à ajuda que o engenheiro Dédalo deu a Perseu e aos primeiros inventos de engenharia da história. Obviamente que este recurso era mais uma mito sobre o mito ou se quisermos uma meta análise da própria metafísica enquanto teologia mítica. Esta característica do racionalismo clássico impõe-nos aceitação de que o mecanicismo, retomado pela modernidade cartesiana pós renascentista, já tinha começado de forma empírica pelos clássicos que tinham conseguido levar o estudo física estática aos píncaros do perfeccionismo geométrico da óptica e da hidráulica de Arquimedes colocando-a com Hierão às portas da termodinâmica.
They say that this bull crossed from Crete to the Peloponnesus, and came to be one of what are called the Twelve Labours of Heracles. When he was let loose on the Argive plain he fled through the isthmus of Corinth, into the land of Attica as far as the Attic parish of Marathon, killing all he met, including Androgeos, son of Minos. Minos sailed against Athens with a fleet, not believing that the Athenians were innocent of the death of Androgeos, and sorely harassed them until it was agreed that he should take seven maidens and seven boys for the Minotaur that was said to dwell in the Labyrinth at Cnossus. But the bull at Marathon Theseus is said to have driven afterwards to the Acropolis and to have sacrificed to the goddess; the offering commemorating this deed was dedicated by the parish of Marathon. -- Pausanias, Description of Greece, 1.27.1
Quer dizer que mesmo os antigos se davam conta de que Teseu se tinha cruzado com Hércules num dos seus doze trabalhos! Mas quase toas as restantes aventuras de Teseu são um plágio dos doze trabalhos de Hércules...e por isso mesmo as aventuras de Teseu se chamam também os seis trabalhos de Teseu, por ser um meio Hércules.
Perifetes < Pher-(h)i-phetes ó Ker-| Ki-phest > Hefesto.
< *Kertu-ishu.
8. 1. E o primeiro malfeitor com que se defrontou foi Perifetes, na região de Epidauro. Usava uma clava para combater e, por esse motivo, o apelidavam de Clavado. Ao atacar Teseu, com a intenção de o impedir de prosseguir caminho, este matou-o. Agradou-lhe a clava, tomou-a e adoptou-a como arma, passando a usa-la sempre, tal como Heracles tinha feito com a pele do leão. 2. Para este ultimo, a pele servia para demonstrar, ao ostenta-la, como era corpulenta a fera que havia vencido. Teseu demonstrava que a mesma clava que havia derrotado se tornara, nas suas mãos, uma arma invencível. [3]-- Plutarco, Vidas Paralelas. Tradução do grego, introdução e notas de Delfim F. Leão Universidade de Coimbra.
A aventura de Teseu começou assim logo no princípio da história mítica com o encontro com o filho do mais antigo dos deuses que foi o do fogo. A crença de que este era um assassino faz lembrar simultaneamente o filho de Adão e o lado assassino de Hermes. Começamos assim a dar-nos conta de que o maravilhoso fantástico das lendas antigas era em parte o resultado dos floreados retóricos com que os poetas emolduravam a narrativa das gestas antigas.
Alexandrino, bizantino ou florentino, o estilo dos poetas varia com os tempos e os lugares, e o contexto retórico destes ornamentos com as variantes míticas que se colavam à memória vaga dos factos lendários.
Figura 3: Teseu e Sínis. 2. (...) De son emplacement sur l'isthme de Corinthe, Sinis obligeait les voyageurs à plier les pins et à les tenir fermement; mais comme ils n'en avaient pas la force, le pin, en se redressant, les projetait au loin, et les faisait périr d'une mort effroyable. Mais Thésée fit subir à Sinis une fin identique. – APOLLODORE, Thésée, Livre III, 16, 1-2 - Ugo Bratelli, 2001. |
Cynurus, filho de Perseu <= Sínis < Shynish ó Fénish.
O estratagema deste adversário de Teseu era uma obvia armadilha de caça pelo que se pode inferir que estes mitos se inseriam num processo de iniciação ritual às artes da guerra da idade heróica das sociedades antigas decalcada e sobreposta em arcaicos “ritos de passagem” para iniciação à idade adulta pelas artes da caça.
Esta variante da Fénix de Édipo que estrangulava as vítimas da ignorância não seria senão uma alusão a isso mesmo misturada com o facto verídico dum qualquer senhor do colonialismo cretense, porque filho de Poseidon, que se defendia dos intrusos micénicos com truques cinegéticos que fariam inveja a Robin dos Bosques.
1. Le troisième exploit de Thésée fut de tuer, à Crommyon, la truie appelée Phaïa, du nom de la vieille femme qui l'avait élevée: certains disent qu'elle était la fille d'Échidna et de Typhon. – APOLLODORE, Thésée, Épitomé, I, 1-24 - Ugo Bratelli, 2001.
Féia < Grec. Phaeja < ?Lat. foeda ?> «feia».
9. 1. Quanto a javalina de Cromion, conhecida por Fea, não se tratava de um animal comum, mas antes de um espécime agressivo e difícil de dominar. 2. Foi a margem do seu caminho que Teseu a enfrentou e a matou, para que não parecesse que só agia em caso de necessidade própria. Era convicção sua que aos malfeitores devia um homem valoroso fazer frente em defesa própria, mas que em relação às feras devia tomar a iniciativa de as atacar, mesmo correndo risco de vida. Há quem diga que Fea era uma mulher dada ao latrocínio, sanguinária e sem escrúpulos, que habitava ali, em Cromion, que era apodada de javalina pelo seu carácter e modo de vida e que foi morta as mãos de Teseu. -- Plutarco, Vidas Paralelas. Tradução do grego, introdução e notas de Delfim F. Leão Universidade de Coimbra.
Figura 4: Teseu matando a porca Fea mantando de seguida Sínis, o filho de Poseidon.
Esta porca antropofágica seria uma variante feminina do javali de Erimanto confirmando assim a relação das proezas de Teseu com as de Hércules. Aliás, como não sabemos o nome do javali de Hércules podemos postular que fosse uma besta fera e «Feia».
Porém, não deixa de ser coisa estranha que ambos estes javalis fossem de terras de nomes parecidos, aliás sugestivamente consagrados à deusa Mãe da caça, *Kertu-mina.
Crômion < Krau-Mean < Kaur-Min
ó Ker(tu)-Mean ó Hermi-Antu > Erimantu.
< Kur-ama-(na) > Ki-ur-ma > Ama-urki > Amorca.
Figura 5:[4] A caçada ao javali da caledónia parece ter sido mais uma caçada ritual colectiva ao javali, onde nem as mulheres faltavam, como teriam sido todas as que foram feitas durante o paleolítico.
Figura 6: Os três últimos trabalhos de Teseu. (Desenho de vaso grago ciberneticamente manipulado a partir de desenho da obra “Vases grecs et italo-grecs du Musée Archéologique de Madrid” - Gabriel Leroux, 1879-1915)
Of the many exploits performed in those days by the bravest men, Herodorus thinks that Theseus took part in none, except that he aided the Lapithae in their war with the Centaurs; but others say that he was not only with Jason at Colchis, but helped Meleager to slay the Calydonian boar, and that hence arose the proverb "Not without Theseus"; that he himself, however, without asking for any ally, performed many glorious exploits, and that the phrase "Lo! another Heracles" became current with reference to him. -- Plutarch, Lives, Thes. 29.1.
Desta forma Heródoto já suspeitava que tantas façanhas míticas seriam demasiadas para uma simples vida de mortal, razão pela qual se sedimenta cada vez mais a suspeita de que parte da lenda de Teseu foi construída com adornos míticos retirados da retórica dos ciclos de sagas míticas em torno de Hércules.
On the front gable is the hunting of the Calydonian boar. The boar stands right in the center. On one side are Atalanta, Meleager, Theseus, Telamon, Peleus, Polydeuces, Iolaus, the partner in most of the labours of Heracles, and also the sons of Thestius, the brothers of Althaea, Prothous and Cometes. -- Pausanias, Description of Greece, 8.45.1
À caça ao javali seria tão popular como entre os gauleses do mítico virtual Asterix pois vamos encontrar Teseu ao lado do companheiro de Hércules matando o javali que deu fama a Atalanta.
Figura 7: Teseu & Esquirão e depois Teseu & Cercião.
10. 1. Quanto a Esciron, Teseu matou-o quase ao entrar na região de Megara, despenhando-o de uns rochedos. Este bandido, segundo a versão corrente, assaltava os viandantes. Há quem apresente também outra versão: que ele, num gesto de insolência e arrogância, apresentava os seus pés aos estrangeiros e obrigava-os a lavar-lhos. Então, enquanto estes lhos lavavam, aplicava-lhes um pontapé com que os atirava ao mar. 2. No entanto, os historiógrafos provenientes de Megara encaminham-se no sentido contrário ao desta versão e, como diz Simónides: Fazem guerra a tradições antigas. Eles afirmam que Esciron não era nem um criminoso nem um salteador, mas que, pelo contrário, perseguia os salteadores e era parente e amigo de homens nobres e justos. 3. E que Eaco era o mais piedoso dos Gregos, dizem eles, Cicreu de Salamina recebe, em Atenas, honras divinas e a virtude de Peleu e de Telamon não há quem a desconheça. Ora, Esciron era genro de Cicreu, sogro de Eaco, avo de Peleu e de Telamon, nascido de Endeide, filha de Esciron e de Cariclo.
(...) 6. Ha quem diga que os Jogos Istmicos foram instituidos em memoria de Esciron, uma vez que Teseu pretendia expiar a sua morte, dados os lacos de parentesco. E que Esciron, diziam, era filho de Caneto e Henioque, filha de Piteu. Mas outros referem Sinis e nao Esciron e que foi em honra do primeiro e nao do segundo que os jogos foram instituidos por Teseu. -- Plutarco, Vidas Paralelas. Tradução do grego, introdução e notas de Delfim F. Leão Universidade de Coimbra.
O rochedo onde Teseu se encontrou com Esquirão ficava situado a leste dos montes que rodeiam Atenas e tinha, por isso o nome antigo de Kakia Skala, escadas ruins mas por causa da lenda veio a chamar-se em grego moderno de “Skironas petres”.
Figura 8: Teseu esmagando Esquirão com um golpe de luta greco-romana e de seguida sacrificando Procustes com o “machado duplo” minóico. (Vaso grego ciberneticamente manipulado pelo autor a partir de desenho da obra Griechische Vasenmalerei de Adolf Furtwängler und K. Reichhold)
De qualquer modo o arcaísmo do nome parece ter ressonâncias étmicas e sonoras com aquilo que sempre terá sido e veio a ser na lenda: um caminho de cabras de difícil «escalada» onde ao longo da prolonga da história muitos crimes e acidentes se terão ocorrido.
Kakia | Skala < Ish-Kar(a) < Kaki-Kur + anu > Ich-kuran > Esquirão.
Esta façanha de Teseu tem ressonâncias com a corça da Cerinéia dos trabalhos hercúleos. Ora, Esquirão poderia ser de Cerinéia. Como este trabalho de Hércules parece ser uma metáfora do signo do Zodíaco do caranguejo a verdade é que a tartaruga se ajustaria mais a este Zodíaco do que a corça.
3. Son cinquième exploit eut lieu à Éleusis où il tua Cercyon, le fils de Branchos et de la Nymphe Argiopé. Cercyon obligeait tous les passants à le défier à la lutte, et il les tuait immanquablement: mais Thésée réussit à le soulever et à le fracasser contre terre. – APOLLODORE, Thésée, Épitomé, I, 1-24 - Ugo Bratelli, 2001.
Cércion < Kershuaun < *Kertu-anu.
11. 1. Em Elêusis Teseu saiu vencedor da luta com Cercion da Arcádia e matou-o. Em seguida avançou um pouco mais, até Erineu, e ai matou Damastes, conhecido por Procustes, forçando-o a moldar-se a dimensão dos seus leitos, conforme este o fazia com os estrangeiros. E com este seu modo de agir ia imitando Hércules. 2. E que também Hércules se defendia de quem o atacava recorrendo as mesmas técnicas que o agressor usava: foi assim que sacrificou Busiris, venceu Anteu, derrotou Cicno em combate singular, e matou Termero, aplicando-lhe na testa um golpe de cabeça. [5]-- Plutarco, Vidas Paralelas. Tradução do grego, introdução e notas de Delfim F. Leão, Universidade de Coimbra.
Figura 9: Teseu com a massa de Hércules multando com Cercião!
Cercião poderia ter sido um campeão de pancrácio, a luta livre cretense que por isso aparece no mito de Teseu mas já de maneira completamente irreconhecível. Assim, podemos estar de novo numa situação em que não sabemos se este bandido não será uma variante de Perifetes ou de Procusto, ou seja uma tripla redundância duma memória de relações violentas entre agentes de polícia cretenses colocados em Atenas e que teriam sido assassinados por Teseu.
Procusto < Phro-kiasto < Kur-ki-Chu, filho de *Kertu.
Damastes < Thamas-te = Deus Tamuz.
4. Son sixième exploit fut le meurtre de Damastès que certains appellent Polypémon. Celui-là habitait au bord de la route. Il possédait deux lits, l'un très petit et l'autre très grand; et tous ceux qui passaient par là, il leur proposait d'être ses hôtes. Mais, ensuite, ceux qui étaient petits de taille il les allongeait dans le grand lit et il leur déboîtait toutes les articulations jusqu'à les faire devenir aussi grands que le lit; et les grands, par contre, il les mettait dans le petit lit, et il sciait les membres de leur corps, qui dépassaient. – APOLLODORE, Thésée, Épitomé, I, 1-24 - Ugo Bratelli, 2001.
De facto, o mito de Damastes ou Procustes faz alusão a uma técnica de torturas que se supunha inventadas pela inquisição mas que seriam formas de coisas muito mais antigas que os Gallu, enquanto polícias infernais de estado sumério, inventaram com ajuda dos sábios Apkallu, para obrigar confessa os criminosos e os agentes inimigos. Obviamente que a técnica específica da cama de ferro teria sido invenção helenística adaptada de algum mecanismo mais arcaico utilizado pelos agentes da polícia de estado cretense para fazerem confessar os inimigos micénios o que nos põe na pista de as relações finais do colonialismo minóico não terem sido fáceis nas suas colónias continentais, sobretudo depois da chegada dos micénios.
Figura 10: Teseu sacrificando Procustes
Figura 11: Teseu sacrificando Procustes. | Figura 12: Outra versão do mito de Teseu & Procrutes. |
Neste caso ficamos sem saber quem plagiou quem o que, apesar de tudo, nos reporta para a evidência de que o conceito de direito de autor é um invenção moderna e que os grandes mestres foram sempre respeitosamente copiados, neste caso parece que de forma indirecta, ou seja, de memória. A relação deste mito com Creta é tão flagrante que o artista que pintou este tema ainda se lembrava do “machado duplo” sacrificial típico da civilização matriarcal e minóica.
12. 1. Prosseguindo o seu caminho, Teseu chegou as margens do Cefiso. Ai chegaram ao seu encontro homens da casa dos Fitalidas, que foram os primeiros a vir saudá-lo. Teseu pediu-lhes que o purificassem e eles agiram segundo o ritual preceituado. E então, depois foi banhar-se no rio Cefiso para purificar-se das mortes causadas por ele. -- Plutarco, Vidas Paralelas. Tradução do grego, introdução e notas de Delfim F. Leão, Universidade de Coimbra.
Cefiso < ke®-phi-Chu ó Ker-Ka-ush < A-ker-ush => Acheloos.
Este rio Cefiso faz lembrar o rio do esquecimento Acheloos.
"Acheloos, he who washes away cares" A river god who fought unsuccessfully with Heracles for Deianira, he is the source of the cornucopia, or horn of plenty.
Quer dizer que este rio deveria correr em Creta, à época sede da fartura da talassocracia cretense que tinha por fonte de riqueza a actividade marítima e o monstro cornudo Aqueláuos o equivalente do Capricórnio de Poseidon.
Ver: OS VÁRIOS HÉRCULES (***)
TESEU E AS AMAZONAS
Figura 13: Um dos mais belos desenhos da Amazonomaquia em vaso grego. (Desenho restaurado, manipulado e colorido pelo autor a partir de original da obra Griechische Vasenmalerei de Adolf Furtwängler und K. Reichhold)
A veracidade dos relatos sobre as lutas de Teseu com as amazonas estão cheias de várias versões e de algumas contradições o que fazem lembrar sequelas de epopeias feitas a contento do público ouvinte. A este propósito os democratas Atenienses aprenderam também muito depressa que tanto em mitologia como em política o que parece é. Por isso, inventaram mitos de conveniência como ninguém. Como Teseu era o seu herói nacional, inventaram para este herói façanhas tamanhas que nem Hércules conseguiria igual no mesmo tempo. Se existiu alguma verosimilhança histórica no mito de Teseu este deve ter começado no tempo das guerras de Atenas com Creta ou seja em época relativamente muito anterior à guerra de Tróia depois da qual terão ocorrido as invasões dóricas e possivelmente as guerras com as amazonas que seriam apenas povos do mar Negro com cultura e tradições de antigas colónias cretenses.
Na mitologia grega, Antíope era uma amazona, filha de Ares (e de Otrera); irmã de Molpadia e Hipólita e possivelmente de Oritia, princesas das Amazonas. Era esposa de Teseu, e a única Amazon conhecido por ter casado. Há vários relatos sobre a maneira pela qual Teseu tomou posse dela, e consequentemente da sua fortuna.[6]
16. Thésée combattit aux côtés d'Héraclès contre les Amazones; il enleva Antiope, peut-être Mélanippé, comme certains le soutiennent; Simonide, par contre, affirme qu'il s'agissait d'Hippolyté. Pour cette raison, les Amazones firent la guerre à Athènes. Dans la bataille qui se déroula près de l'Aréopage, les Amazones furent vaincues par Thésée qui se trouvait à la tête des Athéniens. –APOLLODORE, Thésée, Épitomé, IV, 1. 16.
Figura 14: Rapto de Antíope. (Vaso grego ciberneticamente manipulado pelo autor a partir de desenho da obra Griechische Vasenmalerei de Adolf Furtwängler und K. Reichhold)
26. 1. Teseu fez-se ao mar rumo ao Ponto Euxino, segundo afirmam Filocoro e outros, com o fim de combater ao lado de Hércules contra as Amazonas. E como recompensa pela sua bravura foi-lhe dada Antiope. (...)
Figura 15: Theseus fighting the Amazon Andromache. An Attic red-figure dinos bowl, 440-430 BCE. (Desenho manipulado pelo autor a partir de original da obra Griechische Vasenmalerei de Adolf Furtwängler und K. Reichhold)
1. En entrant dans la ville d'Athènes, vous trouvez le tombeau de l'amazone Antiope. Pindare dit qu'elle avait été enlevée par Thésée et Pirithoüs; mais voici ce qu'on lit dans les vers d'Hègias de Trézène. Héraclès ayant assiégé la ville deThemiscyre sur le Thermodon, ne put cependant pas parvenir à la prendre; elle lui fut livrée par Antiope devenue amoureuse de Thésée, qui avait suivi Hercule dans cette expédition. Les Athéniens, de leur côté, disent que les Amazones étant venues dans l'Attique, Antiope fut percée d'un coup de flèche par Molpadie, qui fut elle-même tuée par Thésée, et on montre aussi son tombeau à Athènes. -- DESCRIPTION DE LA GRÈCE, PAR PAUSANIAS. 1. 2. 1.
Figura 16: Teseu e as amazonas. (Aribalo encontrado em Cumes)
Figura 17: Teseu, tal como Hércules, combateu as Amazonas e raptou-lhes a rainha Hipólita. Suspeitando-se que a relação destas deusas guerreiras com a trácia deve ser tardia e o mais natural será pensar que se tratam ambas de mitos herdados do tempo das guerras micénicas contra o matriarcado cretense, onde se sabe, o sacerdócio seria eminentemente feminino.
Mas a maior parte dos historiadores, entre os quais se contam Ferecides, Helanico e Herodoro, defendem que Teseu partiu depois de Hércules, com a sua própria armada, e que tomou a Amazona como prisioneira de guerra. Esta versão e mais convincente. 2. Com efeito, não há relatos de que algum outro dos que o acompanhavam na expedição tivesse capturado uma Amazona. [7]-- Plutarco, Vidas Paralelas. Tradução do grego, introdução e notas de Delfim F. Leão Universidade de Coimbra.
Ver: TESEU E OS CENTAUROS (***)
Figura 18: Centauramaquia. (Vaso grego ciberneticamente manipulado pelo autor a partir de desenho da obra Griechische Vasenmalerei de Adolf Furtwängler und K. Reichhold)
29. 3. Embora os heróis desses tempos se envolvessem em empresas numerosas, Teseu, na opinião de Herodoro, não participou em nenhuma delas a não ser na luta entre os Lapitas e os Centauros. Em contrapartida, outros pensam que ele acompanhou Jasão, ate a Colquide, e que ajudou Meleagro a exterminar o javali e que dai vem a expressão “nada sem Teseu”. Diz-se ainda que, por si só e sem o auxílio de qualquer aliado, levou a cabo numerosas e belas empresas e que por isso prevaleceu, a seu respeito, a expressão “ele é um segundo Hércules”. (...)
Teseu casou-se com Fedra por razões políticas pouco claras porque se já tinha recusado a mão de Ariadne por ordem de Atena não haveria razão para preferir a irmã desta. Será que a interferência de Dionísio no mito nos indicia uma recusa de Atenas pela cultura da vinha em detrimento da oliveira fornecida por Atenas? Se existiram razões políticas foi na rejeição da mão de Hipólita por ser uma amazona e, como tal, uma ameaça a democracia ateniense nascente que se baseava no primado do matriarcado exercido por patrícios e homens livres.
29. 1. Há, no entanto, outros relatos sobre amores de Teseu que não foram levados a cena e que nem tem um começo digno nem um feliz desenlace. Diz-se, de facto, que ele raptou uma tal Anaxo, de Trezena e que, depois de ter morto Sinis e Cercion, violentou as suas filhas, que desposou Peribeia, mãe de Ajax, e depois Ferebeia e Iope, filha de Ificles. 2. E por amor de Egla, filha de Panopeu, conforme se diz, e apontado como responsável por ter abandonado Ariadne de forma pouco nobre e decente. [8]-- Plutarco, Vidas Paralelas. Tradução do grego, introdução e notas de Delfim F. Leão Universidade de Coimbra.
Além do mais como quase todos os homens de grande vulto e de particular robustez mental era duma tremenda fragilidade afectiva tendo sucumbido em muitas batalhas amorosas. A vingança póstuma da enjeitada Ariadne foi afinal impiedosa, porque a vida afectiva de Teseu nunca mais teve sossego! De todas as aventuras atribuídas a este herói esta são sem sombra de dúvidas às mais humanamente plausíveis por sempre ainda e sempre as mais comuns.
[1] Quadrangulação e coloração cibernética do autor a partir de desenho do Louvre de vaso grego de Onesimos.
[2] Now the story of Hecale and her receiving and entertaining Theseus on this expedition seems not to be devoid of all truth. For the people of the townships round about used to assemble and sacrifice the Hecalesia to Zeus Hecalus, and they paid honors to Hecale, calling her by the diminutive name of Hecaline, because she too, when entertaining Theseus, in spite of the fact that he was quite a youth, caressed him as elderly people do, and called him affectionately by such diminutive names. Plutarch, Lives, Thes. 14.1.
[3] VIII. And so in the first place, in Epidauria, when Periphetes, who used a club as his weapon and on this account was called Club-bearer, laid hold of him and tried to stop his progress, he grappled with him and slew him. And being pleased with the club, he took it and made it his weapon and continued to use it, just as Heracles did with the lion's skin. That hero wore the skin to prove how great a wild beast he had mastered, and so Theseus carried the club to show that although it had been vanquished by him, in his own hands it was invincible. -- Plutarch, Lives, Thes. 14.1. Thes. 8.1
[4] Quadrangulação e coloração cibernética do autor a partir de desenho de vaso grego Francois.
[5] XI. In Eleusis, moreover, he out-wrestled Cercyon the Arcadian and killed him and going on a little farther, at Erineus, he killed Damastes, surnamed Procrustes, by compelling him to make his own body fit his bed, as he had been wont to do with those of strangers. And he did this in imitation of Heracles. For that hero punished those who offered him violence in the manner in which they had plotted to serve him, and therefore sacrificed Busiris, wrestled Antaeus to death, slew Cycnus in single combat, and killed Termerus by dashing in his skull. -- Plutarch, Lives, Thes. 11.1
[6] In Greek mythology, Antiope was an Amazon, daughter of Ares and sister to Melanippe and Hippolyte and possibly Orithyia, queens of the Amazons, She was the wife of Theseus, and the only Amazon known to have married. There are various accounts of the manner in which Theseus became possessed of her, and of her subsequent fortunes. – Wikipedia.
[7] XXVI. He also made a voyage into the Euxine Sea, as Philochorus and sundry others say, on a campaign with Heracles against the Amazons, and received Antiope as a reward of his valor; but the majority of writers, including Pherecydes, Hellanicus, and Herodorus, say that Theseus made this voyage on his own account, after the time of Heracles, and took the Amazon captive; and this is the more probable story. For it is not recorded that any one else among those who shared his expedition took an Amazon captive. Plutarch, Lives, Thes.
[8] XXIX. There are, however, other stories also about marriages of Theseus which were neither honorable in their beginnings nor fortunate in their endings, but these have not been dramatized. For instance, he is said to have carried off Anaxo, a maiden of Troezen, and after slaying Sinis and Cercyon to have ravished their daughters; also to have married Periboea, the mother of Aias, and Phereboea afterwards, and Iope, the daughter of Iphicles; and because of his passion for Aegle, the daughter of Panopeus, as I have already said, he is accused of the desertion of Ariadne, which was not honorable nor even decent.