sábado, 17 de maio de 2014

A RELIGIÃO ROMANA E A LEGALIDADE RITUAL, por Artur Felisberto.

clip_image002

Figura 1: Lararium, local de culto da religião privada e doméstica romana.

Para Geertz, los símbolos sagrados tienen la función de sintetizar el ethos de un pueblo, que define como el “tono, el carácter, la calidad de su vida, su estilo moral y estético” y su cosmovisión, es decir, “el orden general de la existencia en que ese pueblo se encuentra”, formulando una congruencia básica entre un determinado estilo de vida y una metafísica específica. La religión, según Geertz, no sólo sirve como fuente de concepciones generales del mundo y de la sociedad, sino que, a su vez, ese marco de ideas y significados contribuye a modelar la propia sociedad. Sahlins también constató la estrecha relación entre religión y cultura y las llevó al campo de la mitología. La religión se constituye, pues, como un indicador de primer orden desde los puntos de vista social y cultural. -- EL DIOS AERNUS Y LOS ZOELAS, Juan Carlos Olivares Pedreño, Universidad de Alicante

Religion = according to Cicero, derived from relegare "go through again, read again," from re- "again" + legere "read" (see lecture). However, popular etymology among the later ancients (and many modern writers) connects it with religare "to bind fast" (see rely), via notion of "place an obligation on," or "bond between humans and gods." Another possible origin is religiens "careful," opposite of negligens. Link (n.) = «elo» < Lat. an-ellu, anel ó Fr. Lien < *Laenk

 < *hlenkr ( ó O.Swed. lænker > Dan. lænke > Norw. lenke,) < P.Gmc. *kh-lank-ijaz (ó Ger. lenken "to bend, turn, lead," gelenk "articulation, joint, link < ??? O.E. hlencan (pl.) "armor"), from PIE <??? *qleng- "to bend."

Fr. lien < LINK < Norw. lenke < Ger. Lenke(n).

ó Dan. lænke < O.Swed. lænker < Re-Enkur, lit. “Escrava do templo de Enkur”, usada como metáfora da corrente que ligava a «ancora» aos navios?

Grec. Anago = lançar ao mar! < Ana-Gu

É obvio que Cícero se enganou muitas vezes como todos os mortais, sobretudo quando políticos! No entanto, desta vez este grande fundador da língua clássica latina, se calhar tinha razão! Para tal teríamos que postular que os adeptos da servidão, religiosa ou não, conscientes de que a leitura liberta, mudaram propositadamente o termo original de *relegio para rĕlĭgĭo.

Políbio, escritor grego do século II a.C. que viveu um largo período em Roma, adjectivou os romanos como os mais religiosos que os próprios deuses, lembrando a caracterização dos egípcios por Heródoto. «Ao considerá-los desta forma, Políbio referia-se a grande importância que os romanos conferiam à observância rigorosa dos ritos. Os antigos referem-se a duas etimologias diferentes para exprimir o que entendem pelo termo religio. Eles tanto o relacionavam a religare (“ligar”) quanto a relegere (“retomar, controlar”; “zelo religioso”).

No primeiro caso, sublinhavam os elos entre homens e deuses, ou seja, a religião como comunidade com os deuses; no segundo, o zelo da observância em que a religião consistiria em um sistema de obrigações, induzido por esta comunidade, para a manutenção da pax deorum (paz com os deuses), que correspondia à idéia fundamental de que o homem, a sociedade, o mundo e os deuses viviam em harmonia. Não cumprir as obrigações religiosas para com os deuses abalava a sociedade, pois desequilibrava a ordem do mundo ao provocar a cólera divina. Não havia distinção entre o laico e o religioso; a religião estava onipresente: abrangia tanto a vida privada quanto a pública. Religio não designava, portanto, o elo sentimental, direto e pessoal do indivíduo com uma divindade, mas um conjunto de regras formais e objetivas, legadas pela tradição, que formavam uma “etiqueta”»

Os romanos eram tão piedosos que quando descobriram as indignidades dos seus deuses se tornaram cristãos impiedosos para com tudo o que não era cristão! A religiosidade dos romanos e dos egípcios era sobretudo ritualista, a dos judeus legalista e a dos gregos realista mas sincera!

A religião sempre foi de etimologia incerta e além das referidas são propostas a de que derivaria de re-legere, recitar, derivada dos etruscos, um povo do livro mas com fins divinatórios ou outras mais ousadas que propõem que derivaria de re(x)-legis, as sagradas leis que só os antigos reis romanos e depois os rex sacrorum ou rex sacrificulus poderiam praticar nos sacra publica (cerimónias religiosas feitas em nome da comunidade dos cidadãos).

O instituto da rex sacrorum que substituiu o poder do rei sacerdote etrusco e romano deve ter tido o seu papel na origem do nome da religião em latim. De resto, rex deriva de um culto muito mais antigo pois seria o nominativo do deus Re dos egípcios que os faraós incarnavam e que na cultura matriarcal de Creta era Reja, a Deusa mãe primordial que veio a ser Reia a esposa de Crono! Notar que a religião é essencialmente um acto político e pode manter-se mesmo em regimes ateístas como culto ritual dos poderes públicos! A religião enquanto sagrada etiqueta dos interditos sociais evoluiu para o civilismo e depois para o civismo republicano moderno precisamente copiado na moralidade pública da república romana que ainda tinha muito de preconceito e superstição mas que já tendia a ser racional sobretudo com a influência do helenismo e do direito romano progressivamente independente do arbítrio do poder sacerdotal que tinha substituído a soberania real.

Relego, relegi, relectum: ler novamente, re-ler < lego: juntar, escolher, coleccionar, atravessar, ler < lex legis: lei, estatuto / convenção, acordo. > licet: concedido que, embora / é permitido, a pessoa pode ou pode. ó relictus : (fr. relinquo) tendo herdado, sido dado. < relinquo : deixar para trás, dar / abandonar, esquecer.

Ligo : ligar, atar. [1]

< *Linquo < link < rink > ring

De facto, verbo relego, tem conotação idêntica à de ligo o que pressupõe a possibilidade duma mesma origem. Segundo, porque se suspeita que a conotação de «releitura» de relego corresponda a uma homografia a partir duma via etimológica, diversa da de ligo, e que teria resultado duma ressonância com o logos grego, logo, por via erudita, mas não a partir do estudo do direito grego onde a lei estava tutelada pela deusa Dikê / Temis, depositárias da eunomia, raramente escrita. Então, sendo o direito grego essencialmente oral os estudantes latinos procuravam sobretudo aprender retórica com os filósofos e sofistas cuja mestria no domínio do logos, a palavra oral, era de grande nomeada. Sendo assim, a lex romanorum, que a república tinha exigido que fosse escrita desde a “lei das doze tábuas”, acabou por sofrer a interferência fonética do logos grego.

 

LEI

Porém, é duvidoso que, não existindo no grego termo aparentado com lex, os romanos, tão ciosos da tradição legalista, tenham vivido à margem da lei até terem ido aprender filosofia com os gregos.

A controvérsia sobre a origem etimológica da palavra é, aliás, ela mesma reveladora do conteúdo da querela. Sabe-se que o termo lei provém do étimo latino lex; mas já se não tem nenhuma certeza quanto à proveniência deste último. Segundo uns, lex viria do verbo legere, o que significaria que desde a sua própria origem o nome da coisa estaria associado à atitude passiva de quem “lê”, ou “descobre”, ou “interpreta” algo pré-existente e exterior à sua própria vontade. Mas, segundo outros, lex proviria antes de ligare, ou de eligere, o que implicaria a atitude activa de quem escolhe e impõe o resultado da sua escolha. O termo indo-europeu legh, que significaria exactamente “pôr”, seria ainda – quanto a outros – o comum antecessor quer da lex romana quer do termo germânico gesetz, que nomeia exactamente a qualidade daquilo que está “posto” ou “disposto”. De qualquer modo, à lex latina corresponde o termo grego nómos, que tanto quer dizer lei quanto convenção.

Claro que não vale a pena ir ao novo-riquismo do direito anglo-saxónico para procurar o rasto semântico indo-europeu da lei porque, por definição dos clássicos, os povos bárbaros eram foras-da-lei e o requinte do direito germânico não passa dum mito urbano idealista do século 19 que, embalado pelo romantismo se deixou adormecer à sombra dum carvalho iluminado pela razão pura de Kant mão, e acordou dum pesadelo marxista quando a velha Albion começava a arder de fogo posto pela loucura divina dos mais puros e arianos descendentes dos super-homens indo-europeus! Claro que, de passagem, o direito germânico dos visigóticos não passou de mais um momento equívoco de arrogância atrevida que os vencedores e novos-ricos incultos sentem com desdém sobre quando enfrentam o poder da razão prática, neste caso o direito romano que já havia feito o mesmo em relação à velha cultura oriental helénica e semita. Na verdade, se ousarmos aceitar as propostas etimológicas das famosas raízes indo-europeias o que encontramos é pouco, de baixo escopro e revelador duma rudimentaridade cultural de pétrea jazida e de falaciosa veracidade!

INDO-EUROPEAN ROOTS; Entry: *legh- Definition: to lie, lay.

Derivatives include: ledge, ledger, from Old English lecgan, to lay; (ii) belay, from Old English belecgan, to cover, surround (be-, over; see ambhi). Both (i) and (ii) from Germanic *lagjan. 2. Suffixed form *legh-ro-. a. lair, from Old English leger, lair; b. leaguer1; beleaguer, from Middle Dutch leger, lair, camp; c. laager, lager; stalag, from Old High German legar, bed, lair. a–c all from Germanic *legraz. 3. lees, from Medieval Latin lia, sediment, from Celtic *leg-y-. 4. Lengthened-grade form *lgh-. low1, from Old Norse lgr, low, from Germanic *lgaz, “lying flat,” low. 5. Suffixed form *legh-to-. coverlet, litter; wagon-lit, from Latin lectus, bed. 6. Suffixed o-grade form *logh-o-. a. law; bylaw, Danelaw, from Old Norse *lagu, lag-, law, “that which is set down”; b. fellow, from Old Norse lag, a laying down; c. outlaw, from Old Norse lög, law; d. anlage, vorlage, from Old High German lga, act of laying. a–d all from Germanic *lagam. 7. lagan, from Old Norse lögn, dragnet (< “that which is laid down”), from Germanic *lag-n-. 8. Suffixed o-grade form *logh-o-. lochia, from Greek lokhos, childbirth, place for lying in wait. (Pokorny legh- 658, 2. lh- 660.)

Então, *legh- teria pouco mais semântica que o lat. in loco! A única relação desta semântica com a lei parece encontrar-se apenas no antigo norueguês, o que parece pouco como prova, sobretudo quando se declara impunemente o anacronismo anarquista de que a antiga lei norueguesa postulava o “bota-abaixo” de reviralho republicano!

Law = O.E. lagu (pl. laga, comb. form lah-), from O.N. *lagu "law," collective pl. of lag "layer, measure, stroke," lit. "something laid down or fixed," from P.Gmc. *lagan "put, lay" (see lay (v.)). Replaced O.E. æ and gesetnes, which had the same sense development as law. Cf. also statute, from L. statuere, Ger. Gesetz "law," from O.H.G. gisatzida, Lith. Ista-tymas, from istatyti "set up, establish."

Em rigor, aquilo que se supõe como sendo raízes e pontos de partida configura-se mais como traços fugazes de passagem que nem sequer sobreviveram em todas as línguas germânicas modernas e que só por distracção se poderão comparar com semânticas apenas metaforicamente análogas!

Alemão

A. Inglês

Inglês

Din.

Sueco

Holand.

Norueg.

A. Gut.

Gótico

Island.

Gesetz

 

law

lov

lag

recht

lov,

lagh

witôþ, sn.

bali

As formas encontradas no Inglês antigo, æ (< rae?), dom (< Lat. donus), geset-nes, aset-nes, comparadas com o alemão actual Gesetz, permitem apesar de tudo, levantar um pouco a ponta do véu desta semântica que parece reportar-nos para Aset, nome Egípcio de Isis enquanto “Senhora do Assento” ou “esposa do Trono”!

O E. aset-nes < O E. geset-nes < Alm. Gesetz < ki-aset, lit. a “srª da Sé” “mulher do assento na terra” ou “esposa do trono”, na local da sede do poder.

 

Ver: TRONO / ISIS E O TRONO DOS FARAÓS (***)

 

Czech:

Zákon

Latvian:

Liku- | ms < Sumer. Mes

Danish:

Lov

Lithuanian:

Įsta-tymas < Te-mis

Dutch:

Wet (Lat. Veto< Vesta); recht

Norwegian:

Lov

Estonian:

Seadus ó «sede»

Polish:

Ustawa < wausta < vesta

Finnish:

Laki

Portuguese:

Lei

French:

Loi

Romanian:

Lege

German:

Gesetz < ki-aset > vesta

Russian:

Закон

Greek:

Νόμος < Anu-mes

Slovak:

Zákon

Hungarian:

Tör-vény

ó «Trono» dos Vanes??

Slovenian:

Za-*kon < ???

Icelandic:

Lög

Spanish:

Ley

Indonesian:

Hukum

Swedish:

Lag

Italian:

Legge

Turkish:

Yasa < Aset, kanun < Grec. Canon

 

As raízes semânticas, afinal, não passam duma miragem reflectora duma realidade mítica que a linguística ainda não descortinou por detrás do deserto de palavras que continua a ser a pré-história de todos os povos e culturas. A semântica que os linguistas do mito indo-europeu encontraram para a suposta raiz *legh- não passa daquela que subjaz à forma mais arcaica e rural do direito tabeliónico fundador da língua portuguesa e que seria afinal um reflexo em baixo latim do direito privado dos visigodos pomposamente chamado direito germânico por Eurico e que mais não era já senão do que uma mistura confusa de várias tradições tribais godas moldadas ao gosto do direito imperial bizantino. Às línguas germânicas góticas terá acontecido um pouco do mesmo pelo que, na falta de documentos escritos verdadeiramente anteriores à romanidade, a busca das raízes perdidas do indo-europeu pré-histórico está votada a meras conjecturas algumas vezes «beno trovati» mas, as mais das vezes arbitrárias.

Obviamente que a semântica da lei não pode alguma vez ter nascido do espírito do “bota-abaixo” e o que deve ter acontecido é que antes das leis escritas pelos caldeus a lei era a vontade da matriarca referida à Deusa da Terra Mãe que foi descrita pelos hieróglifos como horizonte ou linha de terra. Dai que o conceito de “jazer na horizontal” possa ter sido uma semântica inerente ao poder em sociedades matriarcais, sobretudo se repararmos que as matriarcas de maior sucesso como parideiras eram representadas na pré-história da ilha de Malta como mulheres de grande e fecunda obesidade jacentes na posição horizontal. Este conceito, como se viu, permaneceu literalmente no nome da lei em alemão. Ora, analisando a etimologia autonómica das tribos germânicas, chegamos à quase certeza de que os primeiros povos a colonizarem a Jutlândia no fim do Dilúvio foram famoiros matriarcais do mar Egeu. Assim é quase seguro que a semântica axiomática matriarcal ainda presente no termo alemão Gesetz, seguramente de origem copta, transitou para os novos termos importados por influência da romanização directa e indirecta, ou seja, de próximo em próximo. A raiz *legh-, se alguma vez existiu, seria um crioulo da lex latina com a única conotação que os góticos mais incultos e analfabetos lhe poderiam dar, ou seja, a que estava subjacente a Gesetz.

           > Lawi > Law > *lauv > lov

           > *Lagi > lag

Laki ó Liku > lat. lig > leg(e) > *Lej > Ley > lei

                                                    > Grec. lego / logo > lög

Como ao buscar a raiz indo-europeia da lei descobrimos que esta era uma mera contaminação daquela que foi a mais poderosa lei da antiguidade, a dura lex sed lex (ad populum romanorum imperii, resta então desvendar o mistério etimológico da romana lex. Pois bem, os holandeses parecem ter conservado na sua recht o nome do elo arcaico que procuramos para a lex.

Sumer. Urash > rasht > recht > rex > lex > leg > Lego.

Não é então por acaso que a lei que, por influência do Direito Romano, se considerava no tempos antigos como manifestação da voluntas regis. Ou seja, na origem a expressão seria: Dura *rex sed lex, lit, “no bravo rei reside a lei”, a exemplo, ad contrariu sensu, da expressão camoniana “um fraco rei faz fraca a forte gente”, relativa a D. Fernando, o formoso!

Não podemos no entanto esquecer o conceito da letra escrita na pedra desde o código de Hamurabi, técnica plagiada por Moisés nas “tábuas da lei” e pelos romanos na “lei das 12 tábuas”. Dai que a letra da lei seja literalmente “ o poder na pedra”.

«Letra» < Lat. litera < Grec. lit(os ) + ter.

A lei greco-romana esteve sempre dependente da palavra oral ou da lei escrita o que vai determinar a correlação das semânticas da importante palavra axiomática que era o logos grego e a importância da leitura da lei que era o latino lego!

Lat. re-lego = juntar = «ligar» = Lat. ligo => re-ligo ó re-lego.

Lat. re-lego = «re-ler» = Lat. re + | lego < Grec. lego ó logos

< *legi-(re) < legis <

> lex. < legitu ó licitu ó licet.

A instrução dos patrícios romanos era tanto de carácter litúrgico quanto sobretudo de carácter legal pois, ainda que tendo o privilégio exclusivo das duas importantes funções sociais, era o estudo do direito romano aquele que dava mais garantia de sucesso no senado e no foro onde os patrícios verdadeiramente dominavam os plebeus. Estudar direito era para um patrício romano uma religião e, então reler a lei era religião! E assim terá aparecido a religiosidade romana tal como Cícero a confirmava possivelmente por ter reflectido sobre o assunto em termos do que a tradição etrusca, ainda presente, lhe permitia.

Lat. re-lig-are <? re + | lig- < *li(n)k ó Engl. rink > Engl. ring.

      Lat. lignu < lign< Grec. lenos < *likn < *li(n)k > Lat. linquo.

Obviamente que em relinquo é um conceito jurídico que deve ter andado ligado ao estudo da lei testamentária mas é difícil conotar “o que se deixa ficar para traz” com o conceito que se presume para *li(n)k como sendo o oposto, ou seja, o que é impossível largar, por “estar em ligação” com quem a sustem. No entanto, as cadeias dos condenados arrastam-se pelo chão e acabam por morrer e deixar alguma coisa como herança, sobretudo quando as cadeias se rompem com a liberdade! Enfim, os deuses sempre escreveram por linhas tortas e a aquisição semântica pode ser eivada de percursos sinuosos e rebuscados! Do mesmo modo seria mais fácil conotar lignu com *li(n)k por meio do «linho» ou da «lenha»!

Engl. Link <??? grec. Ankulion < An-kuri-an

«Lança» < • Lat. lanc-ea, s. f. arma ofensiva, ou de arremesso, composta de uma haste de madeira terminada por um ferro pontiagudo;

«Laço» < Lat. *laceu por laqueu.

De qualquer modo, sendo quase certo que relego deriva de religo, e que portanto, a releitura acabou por acabar numa prisão estudantil, é quase uma tentação incontornável não imaginar que o mesmo ocorreu à religião. De facto, a ideia de que a religião latina era uma “aliança entre o homem e a divindade” parece-se em demasia com uma conveniência judaico-cristã para ser verdade. As religiões pagãs apenas pretendiam apaziguar os deuses! Jamais ousar negociar com eles pois qualquer contracto seria sempre unilateral. Sabendo-se que eles eram os “juízes dos mortos” no tribunal do julgamento final, a religião preparava o crente para a sua defesa no tribunal dos infernos lendo e relendo a divina legis.

Lat. religio < re-lig-io <re-| leg-io < *legi.

Lat. re-leg-are <? re + | leg- ó lex ó Engl. Link < *le(an)ki??? < Re-Enki < Kur-Enki.

No entanto, como no limite da lei está uma sujeição, acabamos por regressar ao ciclo vicioso de que todos têm razão pois seja pela sujeição ao estudo seja pela sujeição à lei divina a religião acaba por sujeitar o homem de qualquer maneira pelo que a virtude da intuição de Cícero sobre o livre arbítrio acabaria por trazer ao direito romano a vis libertadora que faltava na superstição pagã. Para terminar, é fácil deduzir que o senhor dos més (dos meses, motes metas e medidas; dos misteres, mestrados e mestrias), das tábuas das leis e e destino, era Enki, deus da lua *Urki, Crono, Senhor tempo do e filho de Úrano.

 



[1] Relego, relegi, relectum: to read again, re-read. < lego: to gather, choose, collect, pass through, read, < lex legis: law, statute / covenant, agreement. > licet: granted that, although / it is allowed, one may or can. ó relictus : (fr. relinquo) having inherited, been bequeathed. < relinquo : to leave behind, bequeath / abandon, forsake. ligo : to bind, tie.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A DEMANDA DO GRAAL ERA A BUSCA DO ELO MÍTICO PERDIDO DO CRISTIANISMO, por artur felisberto.

clip_image002

Hear ye the history of the most holy vessel that is called Graal, wherein the precious blood of the Saviour was received on the day that He was put on rood and crucified in order that He might redeem His people from the pains of hell. Josephus set it in remembrance by annunciation of the voice of an angel, for that the truth might be known by his writing of good knights, and good worshipful men how they were willing to suffer pain and to travail for the setting forward of the Law of Jesus Christ, that He willed to make new by His death and by His crucifixion. -- "Perceval, or the Knight of the Grail". Author unknown

Na literatura medieval Salomão tomou o papel de patrono da antiga sabedoria perdida. Uma boa parte desta sabedoria perdida não era necessariamente apenas a longínqua sabedoria oriental que os cruzados dos sec. XIII trouxeram para a Europa pela mão dos templários mas o saber celta dos druidas bem mais próxima dos centros medievais da cristandade e possivelmente ainda presente nas tradições oral. Como o druidismo esteve sempre dependente da tradição oral não foi fácil demarcar-lhe a data da morte. Não terá morrido com a colonização romana e seguramente não morreu com a cristianização que terá ajudado a implantar numa natural reacção contra o paganismo romano. O druidismo pós-romano cristianizou-se e acabou por aparecer no sul de França na forma de catarismo.

Graal = Escrínio (do lat. scriniu < Sacar aniu > sacrário) de Salomão.

Assim, o Graal foi seguramente um elemento ritual dos cultos do deus Sacar, paradigma de todos os cultos antigos relacionados com o deus pessoal da «graça», da salvação individual e do perdão dos pecados de que Jesus herdou, não apenas o sobrenome de Cristo como quase todos os atributos e tradições rituais. O Graal terá sido uma das tradições que se perdeu sem ter sido explícita nos ritos católicos? Terão os cristãos descorado a importância psicossocial dos ritos de iniciação ao ponto de terem desprezado, pelo seu excessivo colorido sexual a que o cristianismo apanhou medo, a tradição órfica e de Eleusis das festas dionisíacas? A poder ter sido assim, resta a hipótese de os templários terem sido contaminados pelo fascínio libidinoso dos cultos herméticos de correntes gnóstica se que haviam conseguido manter-se na palestina à sombra do islamismo.

Cátaros = puros? Se o sufixo cata tem o significado de movimento descendente é difícil aceitar que no íntimo do nome cátaro esteja a espiritualidade já que esta não está presente no âmago do étimo. Quanto a mim, como referi antes, os cátaros eram o que restava no sec. X da tradição druida gaulesa. Por alguma razão eram apelidados de albigenses ou brancos pois era esta a cor das vestes dos druidas. Dai que Catar < Ta Car ou seja o nome dos cátaros encobre a verdade do nome do deus celta da iniciação que era o mesmo de todos os povos antigos, Kar. Ora, o catarismo encobre com roupagens cristãs a tradição druida precisamente porque o rigor moral era uma das qualidades dos senão um dos defeitos que os tornou presa fácil do dualismo manicaista de origem persa. O druidismo já tinha sido vencido nas bello gali pelos flâmines romanos representados em Júlio César que deles era o Sumo Pontifex e por isso teria que ceder em face do catolicismo cesaro-papista dos sumus pontifex maximus, que não era senão um neo-flaminismo. O erro ou o engano de todos os heréticos foi terem julgado que o cristianismo estava ao lado dos que esperavam pelo fim da chamada exploração militarista e esclavagista do império Romano e, dum modo geral de todos os que eram ou tinham sido culturalmente explorados ou desprezados pelo helenismo, como fora o caso dos druidas. Mas, outros têm cometido este mesmo engano. Julgo que terá sido Nischte quem acusou o cristianismo de ter contribuído para a decadência do Império Romano no seu combate ao paganismo, como se o império tivesse sido suportado pelo paganismo. Em boa verdade o império dava-se mal com o paganismo e a referência oriental de todas as monarquias absolutas era o mazdaísmo da Pérsia com o seu monoteísmo dualista. O catolicismo é que se tornou no melhor aliado de Constantino ao ponto de, sem ser necessária a veracidade do seu legado à Igreja, os chefes supremos desta, os papas, seriam sempre os sucessores dos imperadores quando o império caísse. E, de facto, foi o catolicismo quem continuou a administrar o que restava da cultura do império romano, quanto mais não fora pela via do direito romano canónico.

"La questione dinastica, ovverosia il fatto che tale  famiglia  si  considerasse depositaria del SANGUE  REGALE DI DAVIDE, ha avuto il suo  seguito nella tradizione del Santo Graal (Sangue Reale  = Sang Raal, in provenzale antico = San Graal = Santo Graal),  ovverosia nella ricerca degli autentici discendenti di Davide, prima, e di Cristo, poi, che avessero un diritto dinastico sul Sacro Romano Impero, in quanto impero cristiano (diritto che  ad un  certo momento si sono arrogati, probabilmente senza alcun reale fondamento ma sulla base di attribuzioni fittizie, gli stessi sovrani Merovingi). Naturalmente, come tutte le cose, la tradizione del Santo Graal e' stata  inquinata da esoterismi e leggende di varia natura, che l'hanno trasformata in quel coacervo di bugie e di fantasie con cui essa si presenta a noi oggi. [1]"

Obviamente que podemos estar perante mais um dos muitos mistérios que evoluiriam como bolas de neve no fértil terreno do misticismo a partir dum equívoco linguístico. Aceitemos então que na origem deste mito teria estado penas a forma provençal de nomear o sangue real de Cristo.

Esta literatura racionalista tem o mérito de demonstrar os equívocos que podem também resultar de excesso de esperteza saloia! Correm o rico de tropeçar na própria verdade. É que, ao longo da história, a religião tal como a política têm sido precisamente um dos domínios sociais onde a arte do malabarismo doutrinário e ideológico tem correspondido ao mal necessário do compromisso do calor da fé do coração com a frieza da razão, mais do estado do que do pensamento! Ora bem, não sendo o intelectualismo racionalista a forma mais lúcida de encarar a verdade histórica deixo aqui a referência ao facto de que a evidência da natureza zelota do messianismo subjacente ao cristianismo não pode ofuscar a evidência de que a reviravolta do texto paulino pode já ter andado implícita na lucidez subjacente ao espírito evangélico de Jesus Cristo de que os apóstolos só se aperceberam no momento metafórico do Pentecostes e sem a qual nem S. Paulo nem o cristianismo se teriam tornado católicos!

Ora bem, as línguas de fogo do Espírito Santo do Pentecostes acabam por ser o traço de união mística com as antiquíssimas liturgias do fogo que permitem ao cristianismo transformar-se em religião universal e entrar na corrente das grandes tradições do pensamento social positivo e actuante, ou seja fazedores de história. Porém, fazer história não é necessariamente nem jornalismo nem biografia mas um misto tão místico quão impiedosamente racional de verdade e fantasia de história real com romance edificante porque afinal o que fica na história é mais a ideia geral de deus e não tanto o nome particular do seu representante na terra.

 

LEGENDARIO DE MARIA MADALENA

Most significant is the medieval legend of the Holy Grail (sangraal), which secretly celebrated Mary Magdalen as the Bride of Christ. The ”sangraal” is the”sacred blood”-- the royal lineage of Jesus. Because the legend of the Holy Grail contained and preserved the truth about Mary Magdalen, it was ruthlessly suppressed by the Inquisition. In an effort to discount her significance, Mary Magdalen was labeled a prostitute, but she was really the”Beloved”-- the bride of Jesus.[2]

A relação de Maria Madalena com o Santo Graal é fantástica! O símbolo de Maria Madalena, o vaso de alabastro, e o Graal supunha-se que seria o cálice que teria recebido o sangue do senhor quando o centurião o trespassou na Cruz.

I am particularly intrigued by the legend, indigenous to the Southern coast of France, that Mary Magdalene was the bearer of the ”sangraal,” the Old French word translated ”holy grail.” The story says that this woman, the devoted follower of Jesus who was first to encounter him on Easter morning, travelled with a group of family and close friends, fleeing persecutions of Christians in 42 A.D. They arrived in a boat with no oars after narrowly escaping death during a storm at sea. With them on the boat was an adolescent girl named Sarah, who is commemorated today with a statue and a celebration on her feastday, 24 May, in the little French town of Les Saintes-Marie-de-la-Mer. This child is called” Sarah the Egyptian” and her statue is black. The legend assumes that this child was a serving girl to the three Maries -- Mary Magdalene, Mary Salome and Mary Jacobi -- who are celebrated for bringing Christianity to the Roman province known as Gaul. A colorful Gipsy folk festival has grown up around this legend which celebrates the arrival of these refugees from Jerusalem, including Lazarus and Martha, the brother and sister of the Mary known to Christians as ”the Magdalene.” In 1985 I read a book that seemed to me at the time to be blasphemous. The book was called ”Holy Blood, Holy Grail” and it suggested that Jesus and Mary Magdalene were married and that their bloodline survived in Western Europe.1 The word ”sangraal” had, it seems, been misunderstood. When the word was broken after the ”n” (san graal) it was thought to mean ”Holy Grail” but if it was broken after the ”g ”it rendered ”sang raal,” which in Old French seems to mean ”blood royal". We are now faced with a legend that says that Mary Magdalene brought the ”blood royal” to the coast of France in 42 A.D. One does not carry the ”blood royal” in an ointment jar with a lid. The blood of kings is carried in the veins of a child. And the ”vessel” that once contained the ”sang raal” was not an artifact, but rather, a woman -- the Magdalene herself -- the mother of a royal offspring. Suddenly the ”Grail” myth takes on an entirely different shape. (…) I believe that the ancestral mythologies of the Merovingians refer to their royal heritage. Bizarre as this conclusion may seem, it rests on the fact that myths are often vehicles for veiled truths that are too dangerous to be revealed literally.

Whether any of the above is true or not, the idea of a marriage between Jesus of Nazareth and Mary of Magdalene and their bloodline descending through the royal houses and aristocracy of Europe was not totally Plantard’s invention. The concept of divine kingship and a sacred bloodline is an ancient esoteric teaching. As we saw in the last issue, the Grail romances of Wolfram von Eschenbach had mentioned the so-called ‘Grail family’.

Thus far the notices in the Gospel and the suggestions of commentators: the old Proven* legend then continues the story. After the ascension Lazarus with his two sisters, Martha and Mary; with Maximin, one of the seventy-two disciples, from whom they had received baptism; Cedon, the blind man whom our Saviour had restored to sight; and Marcella, the handmaiden who attended on the two sisters, were by the heathens set adrift in a vessel without sails, oars, or rudder; but, guided by Providence, they were safely borne over the sea till they landed in a certain harbour which proved to be Marseilles, in the country now called France. The people of the land were pagans, and refused to give the holy pilgrims food or shelter; so they were fain to take refuge under the porch of a temple and Mary Magdalene preached to the people, reproaching them for their senseless worship of dumb idols; and though at first they would not listen, yet being after a time convinced by her eloquence, and by the miracles performed by her and by her sister, they were converted and baptized. And Lazarus became, after the death of the good Maximin, the first bishop of Marseilles.

There are indicators recently in the Crestone Light Group led by Judi Arbetter that there has been an extremely important resurrection and increase in level of the ”Knight of the Rose-Pearl” order or dynamic (for lack of a better name at this time). I believe that this may be the Templars' most vital ”Christic Grail of the Lady ”core dynamic you are asking after. The ”Magdalene” was the central representative figure for them ...too powerful and sacred for the Church at that time and probably still is. I have no Masonic training so I'm pretty much free to wheel and deal without knowingly violating ”secrets” that I know nothing of The Mari Migdal(ah) ie Mary Magdalene heresy is the thing generating the persecution: that Mari had Yeshu's child. Thoth says yes she did but after Yeshu's transfiguration, an ”emaculate conception” which was/is the normal method in the Metatronic realm. His name was John Martinus and he was effectively the first Templar. I think that the Christic ”True Vine” impowerment followed that blood line and was assimilated into the Knights Templar based in the Langedoc region: Rennes le Chateau/Montsegur area. [3]

Estas teorias têm a seu favor, além da tradição mariana gaulesa bem como a origem da mitologia do Graal, o faço de ter existido uma forte comunidade gnóstica provençal que subsistiu até à cruzada dos albigenses e se manteve ainda depois destas com a tradição esotérica dos templários. No entanto, tem em seu desfavor o facto de Maria Madalena poder ter ficado em Éfeso a inspirar o evangelho segundo S. João. Em boa verdade, o autor do apocalipse de S. João pode, de facto, ter sido deportado para Pátmos porque este autor nada teria tido a ver com o evangelho do Amor. Se for possível compatibilizar a estadia de Maria Madalena em Éfeso com uma posterior emigração desta para o sul de França temos esta questão resolvida. Ora, a suposta perseguição dos cristãos que levou Madalena para as Gáleas em 42 D.C., pode ter sido noutra data posterior à existência de dois apóstolos com o nome de João em Éfeso. Na verdade nada impediria que tivesse sido a mesma que levou S. João, o presbítero, para a ilha de Pátmos. A razão que teria levado uma mulher disfarçada de homem a sair de Éfeso pode ter sido esta mesma: a necessidade de salvaguardar a esposa de Jesus do escândalo público duma perseguição que poderia expô-la ao ridículo e à violação! No entanto, a tese de que esta estaria grávida de Jesus só seria sustentável se este ainda estivesse vivo nesta altura e Maria Madalena pudesse estas em idade fértil. Como Maria Madalena poderia ter estado fértil até aos 50 anos, ser cerca de 10 anos mais nova do que Jesus, e as contas relativas à data do nascimento de Cristo andam erradas em cerca de 9 anos podemos protelar a data destes acontecimentos até cerca de 70 depois de Cristo, ou seja por altura da destruição de Jerusalém por Tito. Que isto dizer que Jesus residiria em Éfeso antes desta altura e só terá vindo a Jerusalém a quando destes acontecimentos quiçá para tentar apoiar a tentativa de seu filho primogénito Barrabás para tomar o trono de Israel. Maria Madalena seria então enviada para as Gálias na esperança de perpetuar a linha dinástica dos Asmoneus no ocidente Gaulês.

Mas também é possível algo de muito mais simples e menos misterioso resultado de um mero equívoco linguístico e geográfico. Maria Madalena teria ido em 42 D.C. não para as gáleas francesas mas para uma das cidades dos gálatas.

Galácia era o nome de uma província do Império Romano na Anatólia (na moderna Turquia).

Parece que, por volta de 278, um grande número de celtas da Gália ou gauleses, que os gregos chamavam de Galátai (daí o nome desta região), atravessaram o Estreito do Bósforo e se estabeleceram nesta região. Trouxeram consigo suas esposas e seus filhos, e evidentemente evitavam casar-se com o povo já existente ali, perpetuando assim suas características raciais durante séculos. Eles ainda falavam sua língua gálata, de origem celta, no tempo de Jerônimo (347–420 d.C.), o qual descreveu que os gálatas de Ancira e o povo de Trier (localizada no que é hoje a Renânia alemã) falavam uma língua muito semelhante. (...) Foi ali que o apóstolo Paulo e outros missionários cristãos evangelizaram diversas cidades no século I d.C., tais como Icônio, Listra e Derbe e nas quais organizaram as primeiras comunidades cristãs locais. Paulo escreveu uma epístola às comunidades cristãs da Galácia, a Epístola aos Gálatas.

Se os descendentes de Maria Madalena acabaram depois por emigrar para as gáleas levando o conhecimento da língua gaulesa aprendida com os gálatas como instrumento que lhes facilitou a missionação rápida de Marselha é pura especulação romanesca, ainda que mais plausível do que a lenda aurea.

Assim, o "Santo Graal" pode ter tido de facto por móbil aquilo que foi mais aparente na lenda ou seja o «sangue real» de Cristo mas a mística messiânica (meshiha = christos) que lhe era subjacente pertencia a uma preocupação política e ideológica muito mais profunda e arcaica relacionada com a legitimidade da cadeia mística e mítica do sacerdócio monárquico necessária à continuidade da tradição gnóstica, ou pelo menos a uma forma actuante dessa tradição tal como era entendida pela cultura oriental do final da época do ferro e do helenismo! Claro que esta tradição que o medievalismo católico tinha transformado na ideologia do «ancien regime» já nada tem a ver com a modernidade napoleónica mas, não deixava de ser a melhor expressão da rica tradição cultural oriental à época do auge do império romano. Sendo assim, compreende-se que seja difícil seguir o autor na passagem do termo:

"Santo Graal" < Sang(ue) raal < Sangue real.

O sangue de Cristo não precisava de ser sang para ser Santo pois à época já tudo no Corpo de Cristo era Puro e Santo e foneticamente não é muito convicta a relação entre raal e graal! De qualquer modo, a relação descoberta pelo autor faz sentido, pelo menos no plano do virtual, porque se, como se pode supor, Graal deriva de Kar < Kal > gal e estes termos tiveram na sua origem significado não apenas de real e sacerdotal como também de nobre e guerreiro então o circulo místico e mítico da saga medieval da demanda do santo Graal volta a fechar-se na sua ressonância com a tradição gnóstica que não só esclarece esta relação semântica virtual como a reforçada metaforicamente.

Dito de outro modo, o equívoco provençal do sang-raal ó Graal pode ter crescido num terreno prévio onde já existia um mito parecido que seria precisamente o mito das poções mágicas celtas das antigas gáleas do druidismo que estiveram no centro do mistério da Paixão de Cristo, precisamente na forma do veneno da mandrágora que permitiu a Jesus simular a morte aparente que o teria libertado da morte na cruz e permitido vencer a morte como tantos outros heróis lendários!

 

Ver: PAIXÃO (***)

 

It is here that the Christian influence on the Parsifal saga is most apparent. Wolfram von Eschenbach, on the other hand, is even more reticent. He writes simply: "It was a thing, called the Grail, that gave all earthly desires in abundance." And: "The stone was also called the grail."

Etymologically speaking, several derivations are to be found of the Grail concept. From the middle Latin gradalis and the French gradale, meaning "bowl"; from the Provençal grazaal which corresponds to the old Catalonian gresal, which can also be translated as "bowl", "basin", or "dish", but also with the connotations of "milk-jug", "pleasure", "charity", and "bread"; and from a Nordic version of the Parsifal tradition - and this strikes us as most significant - the grail is spoken of as an object known as the gangandi greidi which can be translated as "transformer of consumable material".[4]

Neste caso, o Graal acabou por ser um termo misterioso e místico que sofreu influências de todos os misticismos anteriores a começar pelo mito nórdico do Yggdrasil, a “árvore da vida” a partir da qual se produziam as poções mágicas da eterna juventude.

Yggdrasil > Ygasil > Grail ó old Catalan. gresal

ó Proven. grazaal > Graal < (San)Graal.

«The Grail is the symbol for the Knowledge that the Man has lost and one must meet again» (Julius Evola).

Grail => Il Gra < Algar = gruta e raiz do topónimo Algarve de belas praias repleta de grutas calcária esculpidas nas falésias pelo mar?

Graal < Garhal < Karaliu?

Qual poderia então ter sido a relação do Graal com as grutas? Obviamente a que resulta do facto de Kar ter sido um deus paleolítico relacionado com o aparecimento da cultura rupestre. Os hititas classificavam estes cultos no grupo das divindades protectoras a que correspondia o sumeriograma KAL, alusivo ao antigo deus Kar, já nem sempre explicito nas culturas orientais do início da história mas seguramente implícito nos cultos de Saturno / Sacar.

 



[1] LA CLONAZIONE DEI SANTI  di David Donnini (http://www.dada.it/donnini/)

[2] Margaret Starbird, Jesus and, Mary Magdalen, The Sacred Marriage.

[3] Magdalene: (Templar) Ultimate Search by William Buehler 2/99.

[4] The Holy Grail - Chalice or Manna Machine? by Dr. Johannes Fiebag and Peter Fiebag Translated from the German by George T. Sassoon