Figura 1: PLANCHE LXXXIX.
Le sujet de notre planche LXXXIX se rattache à la tradition de la dispute de la lyre entre Apollon et Mercure. Nous voyons ici Hermes reconnaissable au casque, au caducée et aux endromides ailés. Le dieu est barbu et vêtu d'une tunique courte et d une chlsena. Il semble courir rapidement au-dessus des montagnes, et dans sa course il emporte la lyre qu´il a inventée et qu'il veut dérober à Apollon. – Charles Lenormant; Jean Joseph Antoine Marie de Witte, Élite des monuments céramographiques: matériaux pour l'histoire des religions et des moeurs de l'antiquité (Band 3).
HERMES, O DEUS DA CLÉPTOMANIA!
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Hermes < Ker-amish, literalmente Kar, o grande filho solar da Deusa Mãe da Natureza universal!
Amish > mesh, = príncipe em sumério => mashu, os montes gémeos e mamilares da Deusa Mãe da Aurora, «filho da mãe»!
LXXX. So the armies met in the plain, wide and bare, that is before the city of Sardis: the Hyllus and other rivers flow across it and run violently together into the greatest of them, which is called Hermus (this flows from the mountain sacred to the Mother Dindymene (Cybele) and empties into the sea near the city of Phocaea). Herodotus, The Histories (ed. A. D. Godley).
Sendo assim, os sardos ainda recordavam que Hermes foi Enki, deus das águas doces e filho da Deusa Mãe primordial. Hermes teve por irmão gémeo Apolo (< Haphallo < Kakaullus < ) que neste contexto teria sido Hyllus < Hul-lu < Sumer. Kur-lu, lit. «o homem do monte, ou o filho da montanha» > Philli(um), lit. «o filho (da Deusa Mãe) por antonomásia» > Lat. fillium.
Tal como os próprios o afirmam, é bem possível que os Amish sejam senão a mais antiga religião do mundo pelo menos o que resta dela em versão judaico cristã e por isso mesmo, um dos fosseis vivos desta reminiscência dos «grandes filhos da mãe» que inventaram a civilização.
Assim, razões semânticas teriam os anarquistas do Maio de 68, quando gritavam: “as putas ao poder que os filhos já lé estão”!
Sendo assim, o seu nome de Hermes é um dos elos desta linha de tradição cultural que vem do neolítico até aos tempos modernos, tradicionalista até aos limites do possível nas atitudes que lhes permitem conservar o essencial do legado civilizacional que são os métodos de produção agro-pecuários da civilização pré-industrial mas, suficientemente expeditos no que se refere ao facto de terem adoptado os referentes ideológicos mais consensuais no mundo cultural ocidental e que é precisamente o há de mais conservador da tradição judaico cristã. De facto, os amish no seu pacifismo fanático poder ser atacados por todos os meios materiais mas nunca pelo rigor formal da sua fé! Claro que, por isso mesmo, o nome de “filhos da mãe” em conotação depreciativa vulgar lhes ficaria extremamente desadequado dado o seu rigoroso puritanismo pelo que nos resta subentender que existe sempre outros meios para tornear a retórica uma vez que em sentido figurado é este o nome que damos precisamente a todos aqueles que nos tramam a vida com a verdade e com o rigor fanático da ideologia não nos deixando qualquer defesa perante a vontade dos deuses e as leis impiedosas da natureza!
The Jews were of the children of Ruha and Adam. Their great men were the children of Ruha; Moses was Kiwan, and Abraham was Shamish. -- from E.S.Drower: The Mandaeans of Iraq and Iran, Clarendon Press, Oxford,1937 C.
De qualquer modo é obvio que «amigo» < amicus < *Shamishu < Ki-Ama-Ish lit. O sol, “filho da Terra Mãe” > hamishi, tal como também «macho» no sentido de virilidade animal, aspecto a que os amishi ou ab início renunciaram, como os gallatu por puro amor imitativo à sempre eterna Virgem Mãe ou por se ter revelado desnecessário e secundário no contexto duma existência minoritária em que só a estratégia pacifista poderia ser de alguma utilidade! Em conclusão, se os amishi não forem o que resta da expressão socialmente concreta do que resta de uma das primeiras e mais arcaica tradição cultural que vem desde os primórdios da humanidade, enquanto instinto auto-organisativo baseado no princípio básico da conservação cultural do que é dado como adquirido e na constante receptividade adaptativa às inovações inevitáveis, então são seguramente os portadores dum nome que sob o ponto de vista linguístico os colocam na linha da mais arcaica das tradições culturais que remonta ao período megalítico e ao nome de Hermes, o deus supremo de todos os «amigos» do mesmo ideal comum de vida social e filhos da mesma Deusa Mãe da Natureza Universal!
Ora, será difícil saber até que ponto terá sido mesmo assim tanto mais que nada impede que Hermes não possa ter tido uma personalidade dúplice como tantos outros deuses do politeísmo sobretudo quando de origem muito arcaica e, por isso, muito próximos do Caos (< Kahos < kakos) e da primitiva indeterminação uterina da Grande Deusa Mãe!
Figura 2: Enki, the Babylonian god of earth and the waters, the master of wisdom and medical science, equivalent to Hermes. Ea is the oldest manifestation of the universal trickster-god[1], who deceives man by taking immortality from him. Porém, se Hermes teve Enki por antepassado não restam dúvidas que a ambivalência lhe foi inerente desde os tempos Sumérios em que Enki era o deus de todas as ambiguidades e patifarias próprias tanto dos bons como dos maus ladrões e aparentados (como seriam e ainda são os comerciantes e todos os homens de saber e habilidade como Kothar-&-Khasis). De facto, Enki que por ser o deus do fogo do Kur deus vida e alma à humanidade, como Prometeu, enganou Adapa, o seu primeiro filho humano, impedindo-o de aceder à imortalidade!
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Mas, continua a ser suspeito de que Enki teria sido também Enlil, pelo menos nos primórdios da mitologia, pois ele era um deus alado, senhor dos anjos Anzu alguns dos quais eram os ventos que Enki guardava como Eolos nas caves do Kur. Sendo assim, eram natural aceitar que já os próprios ventos se aproximavam do fogo primordial pois que o deus Zéfiro, o fogo dos desejos da Aurora entre os montes de Vénus, era Enki ou Chuto, um dos seus filhos, o vento que soprava o «suão», o «cieiro» ou o «cio» das cobras, sibilante e sibilino!
Eolos < Ea-lus < Ea-Lil-us.
Zefiro < Kafuro < *Ka-kuro > Sacar.
Agoraios < Hakur-Haios < Kakur | Kakiush | > Kius > Sacar Kako ó Ish-kur
Assim, se Hermes Agoraios deu o nome aos ginásios pela sua fogosidade viril ficou a dever o nome que emprestou aos mercados onde oficiava Hermes a Sacar o deus do vento da aurora. E é então que a fonética volta a por a descoberto os equívocos míticos.
HERMES DOS MERCADOS
A característica de deus do comércio, levou Hermes a ser identificado com a entidade romana de Mercúrio. A partir do século V a.C., Mercúrio foi aos poucos, sendo helenizado, adquirindo todas as características de Hermes. Tornou-se na Roma antiga, o mensageiro de Júpiter, sendo nas lendas romanas, fiel servidor e cúmplice dos amores extraconjugais do senhor dos deuses.
Ao contrário de Hermes, que primitivamente foi cultuado como deus pastoril, Mercúrio sempre foi o protetor do comércio. Teve o seu primeiro templo erguido em Roma, em 496 a.C., no vale do Circo Máximo, próximo ao porto do rio Tibre, centro comercial fluvial da cidade. Assim como Hermes, o caduceu, o chapéu e as sandálias alados, são os principais símbolos de Mercúrio. A ele é acrescentando uma bolsa, simbolizando os lucros das transações comerciais.
«Mercado» < Lat. Mer-ca-tu < Lat. Mercare.
Há muitos tipos de verbos, mas os mais comuns e primitivos são os causais que se transitam directamente das coisas que os põem em acção.
Assim, não deveria ser o mercado que deveria derivar de mercar mas o inverso. No entanto, suspeita-se que, neste caso, a acção de mercar tenha surgido antes do mercado, pelo menos enquanto local topográfico das trocas comerciais directas. Ora, o deus dor mercadores e merceeiros era Mercúrio / Hermes que em espanhol deu nome à quarta-feira de miércoles (Del lat. Mercŭri [dies], con la t. de martes y jueves). Em espanhol o nome deste dia de semana e também o eufemismo de mierda. Ora bem, é bem possível que a relação entre a merda ibérica e a mercadoria sem valor seja a verdadeira origem deste vernáculo deriva da merda latina. Desta antiga conotação guardam os falantes lusitanos a expressão “saca das mércolas”! Obviamente que a miercola só existe entre Venezuelanos possivelmente por influência lusa e como una palavra de mierda! Pois bem, é quase seguro que os beatos castelhanos desviaram as miércoles da quarta feira apenas para não sujarem a boca e os portugueses apropriaram-se da saca das mercolas não apenas por serem parcas as posses para a encherem de valiosos tesouros perdidos com as especiarias mas porque os falantes ao gosto de Gil Vicente se enganavam a pensar que os castelhanos faziam compras à quarta feira. Ora, a verdade é que este quarto dia da semana seria particularmente abençoado para as compras porque entre os antigos latinos fora o dia do deus delas. Assim, suspeita-se que quase de certeza Mercúrio teve entre os ibéricos o nome de Miercoles por ressonância com o nome de Hércules / Melcarte.
Miércoles < lat. Mercŭri-[di]es < Miercures < Mi-er-Kaures <
Ma- | Her-Kaures => Hércules.
> Mer – Kaurish > Melcarte.
Ver: ETIMOLOGIA DO NOME DE HÉRCULES (***)
Por outro lado a suspeita de que a latina merda deriva duma semântica de pouco mérito vamos encontra-la no desprezo com que a nobreza sempre desacreditou a actividade dos comerciantes.
«Mercearia» < • (de merce), s. f. loja onde se vendem a retalho géneros alimentícios; • (des.) comércio de pouco valor; • (de mercê), obrigação piedosa por alma de alguém; • asilo, albergaria dada com certos encargos especiais.
«Mercê» < Lat. mercede, s. m. paga; • direitos de mercê: direitos que se pagam por provimento em cargo público ou concessão de título honorífico, etc.; • mercê de: graças a; • à mercê de: à vontade, ao capricho de; • favor.
Os equívocos a respeito da origem das palavras são sempre do tipo do ovo e da galinha mas dizer que o nome latino de Hermes viria da palavra mercês, latino de mercadoria, é um pouco andar com a boa ordem das coisas divinas ao contrário. Supostamente o deus dos mercados é que deve ter dado nome às N.ª Sr.ª das Mercês e das divinas Graças, companheiras da corte maternal, fecunda e parideira, de Afrodite!
Mas enfim, se a nobreza desdenhava da ética pouco escrupulosa dos comerciantes que tinham como deus um ladrão de gado e assassino a soldo nem por isso se coibia do “direito de mercê” que mais não era do que a paga de pesados favores burgueses em títulos de honra ou cargos de fazenda pública. Por isso ainda hoje os crimes de colarinho branco e simonia compensam.
O desdém com que a aristocracia olhava para o «mérito» do trabalho e do comércio acabou por depreciar as miércoles em mierdas ou vice-versa e transformar o mérito numa merda. Os lusitanos, que tiveram Mérida por capital foram por isso mesmo os que mais conservaram a sonoridade do desprezo em meter as mãos na merda da política palaciana!
Mas os mercados não se ficaram pelas mercearias nem pelas talanqueiras.
Entre os povos antigos mais civilizados existiu sempre um local próprio para o comércio não se sabendo bem se era porque este era praticado por mercenários estrangeiros desprezíveis se porque acabasse sendo prático entre povos de pastoreio e semeadura ter um centro comercial à mão de semear! E sobejamente conhecido pela arqueologia moderna o fenómeno do kârum de Kultepe / Caneche da antiga Anatólia, um misto de centro comercial e bairro de estrangeiros. Ora, a suspeita de que a origem dos latinos era Anatólia fica reforçada no facto espantoso de o «fórum» ser quase apenas uma variante fonética do kârum.
El nombre Kârum Kanesh se refiere a una porción de la ciudad, que fue reservada para los comerciantes asirios, quienes podían no pagar impuestos por su comercio, mientras la mercancía permaneciera dentro del puerto (kârum, en acadio, la lingua franca de la época; el término kârum fue extendido a cualquier centro comercial aunque no fuera un puerto).
A cidade do Porto seria assim um kârum por antonomásia!
Porto < Lat. Portu(m) < Phor-tum(na) > Fortuna
< Kaurtum > Karkum > Karhum > kârum.
> Phorhum > Forum.
É certo que entre os templos da Ágora não há um templo particularmente dedicado a Hermes embora haja a Apolo Patroos, a Hefesto e Afrodite Urânia. No entanto, uma stoa (colunata tipica da arquitectura grega particularidade funcional por servir de mercado coberto ao ar livre) era a de Hermes. De resto, Her-mes e Hefesto seriam variantes do mesmo deus Enki, que se subdividiu, como o saber e as artes, em artesanato e comércio.
Figura 3: El Foro Romano (Forum Romanum, aunque los romanos se referían a él comúnmente como Forum Magnum o simplemente Forum) era la zona central en torno a la que se desarrolló la antigua Roma y en la que tenían lugar el comercio, los negocios, la prostitución, la religión y la administración de justicia. En él se situaba el hogar comunal.
Figura 4: Os gregos chamavam Ágora ao foro de Atenas.
No entanto, tal como Hércules, o fenício Melcartee todos os deuses herméticos dos “cultos de passagem”, este deus foi primeiramente nobre e marcial antes de se ter entregue ao vil comércio!
Hermes < Her-mês, lit. “saber heróico” < Her-minus lit. “poder dos jovens guerreiros”!
Ploutodotes < Pluto-| Thotes / Toth > *Pot- | => Pluto + an > Plutão.
Plutão < (< Plutian < Phrukian < Kur Kian.
In its completed shape, the lightning-wand is the caduceus, or rod of Hermes. I observed, in the preceding paper, that in the Greek conception of Hermes there have been fused together the attributes of two deities who were originally distinct. The Hermes of the Homeric Hymn is a wind-god; but the later Hermes Agoraios, the patron of gymnasia, the mutilation of whose statues causedas muitas d such terrible excitement in Athens during the Peloponnesian War, is a very different personage. (...)
Já a variante Ploutodotes nos reporta para o nome do soberano dos mortos que, entre os latinos, foi Pluto/Plutão. Este, é óbvio que vem de Kur-kian, o Grande Kan do reino dos mortos, o Kur, o deus Ea da sabedoria reptilina da *Ki-fura, a Grande Mãe das cobras dos cretences.
Dito, de outro modo, não seremos os primeiros a desconfiar que Hermes terá sido vítima de uma certa depuração racionalista que terá levado a suprimir-lhe do mito tudo o que o poderia confundir com um deus supremo como foi Enki.
Figura 5: Hermes de Lisipo, numa postura digna da sua fama helénica de símbolo sexual de masculinidade fálica razão pela qual ele ere o patrono da juventude enquanto deus dos recrutas e tinha sempre um altar nos ginásios, o Hermaeum. Figura 6: During the Peloponnesian War, an group of vandals went around Athens knocking the phalluses off Hermes. This incident, which lead to suspicions of the Athenian general Alciabiades, provided Thucydided with a spring board to recount the story of Harmodius and Aristogeiton, two homosexual lovers credited by the Athenians with overthrowing tyranny. [2] De resto, se juntarmos uma mecha de fogo divino a estes termos teremos, Kur + meash, lit. «o príncipe do Kur» = Ka/er mesh => Hermes. |
Ver: PROMETEU (***)
Claro que, não nos escapa a posibilidade de, desde a origem da mitologia ter existido uma certa indeterminação entre os astributos de suberania do “velho” Deus Pai com a do “novo” Filho de Deus já bem patente na mitologia canaanita de El/Baal e implícitos na confusa mitologia solar de Osíris/Hórus “o velho”/Hórus, por exemplo, e na relação de Enki com os seus filhos Apkallu sábios e dos Gallu, os intendentes policiais dos infernos. Na verdade, se na Grécia foi Apolo que herdou a fonética e a postura cortesã e aristocrática dos Apkallu quem herdaria a funções de mensageiro do povo diante dos deuses que pertenciam a Enki viria a ser Hermes.
É também certo que Enki, enquanto deus criador da humanidade, não foi um deus de grandes simpatias aristocráticas (precisamente por tes tido também a rica ideia peregrina de ter criado o povo com alma e logo, com o risco de acesso ao livre arbítrio!). Porém, este facto impediu que lhe tivesse acontessido o mesmo que a Enlil que foi deposto e susbstituido na soberania suprema por uma variedade de nomes de deus ao sabor das vicissitudes dos regimes e das modas políticas das dinastias reinantes. Marduk, um dos primeiros casos conhecidos na Babilónia, era filho de Enki. Como, Enki era o senhor do Kur torna-se evidente que se trata de dois epítetos do Espírito Santo!
Em boa verdade, o papel e posição dos deuses da sabedoria teria que espelhar a realidade concreta da organização social e política mais elementar que anda à volta do chefe da tribo, o guerreiro campeão e o xaman ou grande feiticeiro. Que a grande tribo cultural dos helenos tenha escolhido um deus Zeus como chefe não espanta pois era de boa tradição indo-europeia ter por deus supremo o mais arcaico dos deuses que era Kako, o deus do fogo. Na linha desta conveniente ideologia de direito dinástico a relação do trio helénico dos deuses machos olímpicos, Zeus e seus filhos bastardos Hermes e Apolo, seria quase emblemática se não fora as estranhas funções destes quase irmãos gémeos. De facto, o que espanta, é que, na civilização que criou a Filosofia, as funções do deus da Sabedoria, que foi o sumério Enki, tenham sido repartidas por dois deuses considerados filhos bastardos de Zeus, o aristocrático, pomposo e solar Apolo e o plebeu, caricato e nocturno Hermes.
As rivalidades entre estes irmãos gémios são mal disfarçadas pela mítica grega mas enfim, nem tudo acaba mal como na história de Caim. Então, sendo assim Hermes Agoraios seria o que poderia restar da personalidade de «macho dominante» de deus pai Enki, na forma exuberante e fogosa de Dioníso Zagreu.
Agora-ios < Hakaur < Kaphur, lit. “o que leva a vida (ao mercado)
< Sakar aios > Zagr-eus.
Este Dioniso «espostejado» pelos sátiros, os filhos de Saturno, o deus do fogo do céu, teria sido outrora uma variante da morte solar e acabou como uma das crianças acarinhadas por Hermes, quiçá por ter sido a sua «cara chapada» no rosto do disco solar!
Figura 7: "Hermès à la sandale" (Rome, copie romaine d'après un original de Lysippe, créé vers 320 avant J.-C.), Marbre, H 1,78 m. "Há, por acaso, um deus mais infeliz do que eu? Ter, sozinho, que fazer tanta coisa, sempre curvado ao peso de tantos trabalhos! Desde o romper do dia, devo levantar-me para varrer a sala do banquete; depois, quando já estendi tapetes para a assembleia e pus tudo em ordem, preciso ir ao pé de Júpiter, a fim de levar ordens à Terra, como verdadeiro correio. Mal regresso, ainda coberto de pó, devo servir-lhe a ambrósia, e antes da chegada do escanção, era eu quem lhe dava o néctar. O mais desagradável, porém, é que, único entre os deuses, não fecho olho durante a noite, pois tenho de conduzir as almas a Plutão, levar-lhe os mortos e sentar-me ao tribunal. Os trabalhos do dia não têm fim; além de assistir aos jogos, de fazer o papel de arauto nas assembleias, de dar aulas aos oradores, encarrego-me, simultaneamente, de tudo quanto diz respeito às pompas fúnebres." -- (Luciano) |
"Mal saiu do seio materno, não ficou envolto nos sagrados cueiros; pelo contrário, imediatamente ultrapassou o limiar do antro sombrio. Encontrou uma tartaruga e dela se apoderou. Estava ela na estrada da gruta, arrastando-se devagar e comendo as flores do campo. Ao vê-la o filho de Júpiter alegra-se; pega-a com ambas as mãos, e volta para a sua morada, com o interessante amigo. Esvazia a escama com o cinzel de brilhante aço e arranca a vida à tartaruga. Em seguida, corta alguns caniços, na medida certa, e com eles fura o costado da tartaruga de escama de pedra; em volta estende com habilidade uma pele de boi, adapta um cabo, no qual, nos dois lados, mergulha cavilhas; em seguida, acrescenta sete cordas harmoniosas de tripa de ovelha.
"Terminando o trabalho, ergue o delicioso instrumento, bate-o com cadência empregando o arco, e a sua mão produz retumbante som. Então o deus canta improvisando harmoniosos versos, e assim como os jovens nos festins se entregam à alegria, ele também conta as entrevistas com Júpiter e a formosa Maia, sua mãe, celebra o seu nascimento ilustre, canta as companheiras da ninfa, as suas ricas moradas, os tripés e os suntuosos tanques que se encontram na gruta." (Hino homérico).
Assim, para mal dos seus pecados, o principal papel de Hermes no panteão clássico passou a ser não só o de (anjo) mensageiro dos deuses mas o deus “tapa buraco de pau feito para toda a colher” que, pelo seu lado mais sombrio de Psicopompo ictifálico acabou em diabo!
Hermes foi a consequência directa das escapadelasas nocturnas de Zeus. Pouco antes de nascer, já eram conhecidas algumas de suas façanhas que nenhuma pessoa adulta seria capaz de realizar...Não faltam estudiosos de mitologia que interpretam a excessiva sagacidade e astúcia do deus como relação de causa e efeito com as diversas vicissitudes que Hermes teve por causa das conquistas de Zeus. Por exemplo, teve que aproveitar-se das sombras da noite e voar até a escura gruta da ninfa Maia, sua mãe, levando consigo o poderoso deus, para que ali ele se saciasse com a formosa ninfa. Em síntese, podemos afirmar que Hermes/Mercúrio, teve um bom mestre, nada menos que seu próprio pai - na arte de urdir tramas e resolver impossíveis. Repare-se na diversidade de acções que levou a cabo com habilidade inigualável. A primeira aparece mencionada por todos os cantores de mitos e faz alusão a um peculiar roubo que Hermes realizou com êxito - se é que a expressão é permitida e que lhe valerá o título de patrono ou Rei dos Ladrões. Figura 8: Hermes, retirado duma das muitas cenas de vasos gregos sobre o tema do «julgamento de Páris», em que este "alcoviteiro" de Zeus está sempre presente. |
(...) A cleptomania de Hermes causou-lhe alguns desgostos sérios, o maior dos quais foi a sua expulsão do Olimpo. Porém, o poderoso Zeus não tardou em perdoá-lo e permitir que voltasse a acomodar-se na morada dos deuses.
HERMES, O DEUS DA CLÉPTOMANIA!
Desde a mais tenra infância mostrou Mercúrio as qualidades que dele iriam fazer o deus dos ladrões. No mesmo dia em que nasceu, roubou o tridente de Netuno, as setas de Cupido, a espada de Marte, a cintura de Vênus, etc. Foi para fechar tão belo dia que foi a Piera na Tessália roubar os bois guardados por Apolo, enquanto este se distraia com os amores de Himeneu.
Poir bem, o mitógrafos já se teria esquecido que, tal como é representado na figura ictifálica seguinte de Poussin, seria uma mera variante arcaica de Hermes.
Figura 9: Himeneu de Poussin. “Hymen o Hymenae, Hymen adeso Hymenae!”
Himeneo era el hijo de Baco y Afrodita o, en algunas tradiciones, de Apolo y una de las Musas. (…) En uno de los fragmentos conservados del Catálogo de mujeres atribuido a Hesíodo se dice que Magnes (rei de Magnésia?) «tuvo un hijo de extraordinaria belleza, Himeneo. Y cuando Apolo vio al muchacho se enamoró de él y no abandonó la casa de Magnes». (…) Según la Suda, sin embargo, el eraste de Himeneo fue Tamiris.
Hymen < Ku®-Minus => Hermes.
Magnes < Ma-Gi-n-ish > Magna Mater = Maia, mãe de Hermes.
Obviamente que este filho da Magna Mater so poderia ser no mínimo Dionísio. De resto, mitos posteriores fazem de himeneu um caso particular do mito de Dionísio.
Según un romance posterior, Himeneo era un joven ateniense de gran belleza pero baja alcurnia que se enamoró de la hija de uno de los hombres más ricos de la ciudad. Dado que no podía hablar con ella ni cortejarla, debido a su posición social, en su lugar la seguía a dondequiera que iba.
Himeneo se disfrazó de mujer para poder unirse a una de estas procesiones, un rito religioso en Eleusis al que sólo iban mujeres. La comitiva fue capturada por piratas, Himeneo incluido. Éste animó a las mujeres y urdió un plan con ellas, logrando juntos matar a sus captores. Acordó entonces con las mujeres volver a Atenas y lograr su libertad, si se le permitía desposar a una de ellas. Así tuvo éxito tanto en la misión como en el matrimonio, y éste fue tan feliz que los atenienses instituyeron fiestas en su honor y llegó a estar asociado con el matrimonio.
Enfim, Himeneu era uma mera variante de Dionísio, a quem os helenistas plagearam uma parte do mito, que quase seguramente foi uma variante tardia de Hermes / Hefesto. A paixão de Apolo por Hemeneu encobre mal uma paixão incestuosa entre dois irmãos gémeos e traquinas.
Seria portanto, ponto assente que Hermes, filho de Maia, nasceu na Arcádia se os testemunhos dos mitógrafos fossem fidedignos!
Arcádia < Har-kathia, a terra natal dos Hititas? < *Kur-Kakia.
De facto, a Arcádia, terra do sol de Arina, já não seria, etimológicamene falando, mais do que uma das muitas miríades de terras do Sol, que quando nasce é para todos!
Figura 10: Hermes matando Argos, roubando o gado de Apolo ou Hercules & Caco? Nesta cena de um desenho manipulado a partir de um de vaso grego identificado como contendo iconografia relativa à «morte de Argos» parece haver confusão entre Hermes e Hércules! |
Na verdade, Argos parece com as vestes rituais de Hércules, a moca e a pele de leopardo, enquanto Hermes que vem atrás deste desembainhando a espada assassina, apenas ostenta o típico chapéu ao pescoço
Figura 11: Hermes, Io & Argus.
Nous voyons ici Hermès qui arrive auprès d´Argus. Io, transformée en vache, est placée au centre du tableau. Argus, assis sur ta sol, entièrement nu et ayant une figure sauvage et bestiale avec dês cheveux épais et une barbe longue, tient la vache par une corde attachée a ses deux cornes. Hermès, caractérisé par le casque et les talaires ailés de ses bottines, est barbu et vêtu d'une tunique courte. Il semble s'adresser au gardien, et saisissant un bout de la corde ou longe qui est attachée aux cornes de l'animal, il paraît la tirer à lui. – Charles Lenormant; Jean Joseph Antoine Marie de Witte, Élite des monuments céramographiques: matériaux pour l'histoire des religions et des moeurs de l'antiquité (Band 3).
Ver: HÉRCULES & GERIÃO (***)
A rivalidade mítica de Hermes e Apolo deve ter correspondido a um círculo de mitos morais exemplares, de fundo edipiano, que devem ter corrido o mundo em diversas variantes. Então, Hermes deveria ser um equivalente helénico de Enki, o deus da criação.
Para que ninguém seguisse as pegadas do gado de Apolo, Hermes resolveu fazê-lo caminhar de costas. Assim, levou-o até Pilos, onde imolou dois bois aos deuses do Olimpo, e ocultou os demais numa caverna. |
Figura 12: Hermes conduzindo o gado roubado a Apolo.
Como a mitologia grega tinha dividido a herança de soberania divina do “pai do céu” por três reinos divinos que os gregos tornaram autónomos (o céu de Zeus Olimpico, o mar de Poseidon ou os infernos de Hades), Hermes deveria ter sido identificado, no mínimo, com Ares, o deus que, em condições de normalidade tradicional deveria ter sido ariano e solar mas que, por ter os exercitos helenos a seu cargo, sofreu da má fama que os exercitos de invasores Dórios lhe criaram com a quantidade de plagios devotos que ambos mandaram para os infernos do submundo do Kur!
Hermes desconfiou que o pastor Bato, que guardava naquele lugar os rebanhos do rico Neleu, divulgaria o seu roubo, se fosse interrogado, e sobretudo se disso lhe adviesse alguma vantagem; assim, aproximando-se, pôs-se a acariciá-lo, e disse-lhe pegando-o pela mão: __ "Meu amigo, se por acaso alguém vier pedir-te novas deste rebanho, diz que o não viste; como recompensa, dou-te esta bela novilha. ¾ "Podes estar certo, retroquiu Bato, recebendo-a; esta pedra que vês será mais capaz de trair-te o segredo do que eu." Mercúrio fingiu, então, afastar-se voltando um instante depois sob outro aspecto: -- "Bom homem, disse-lhe, se viste passar por aqui um rebanho, peço-te que me ajudes a procurá-lo; não favoreças com o teu silêncio o roubo que sofri; dar-te-ei uma vaca e um touro. "O ancião, vendo que lhe ofereciam o dobro do que recebera respondeu: -- "Penso que o teu rebanho deve estar nas cercanias desta montanha; sim, deve estar, por aí, se não me engano!" | Figura 13: O repouso de Hermes. |
Hermes, rindo-se de tais palavras, disse-lhe:
-- "Ah, pois então tu me trais, não é verdade? Pérfido, tu me enganas!" Assim dizendo, metamorfoseou-o na pedra de toque que serve para reconhecer se o ouro é de boa liga ou se é falso. (Ovídio).
Neleu não será senão uma variante de Nereu, literalmente o nome do rio Nilo, ou seja, Enki. Dito de outro modo, o mito primitivo estaria a referir-se ao próprio pastor de Enki / Hermes, o guardião das nuvens que eram o rebanho de Apolo. Assim sendo, este Bato seria básanos, o deus do parágono, a pedra filosofal.
Notar a semelhança do começo do nome deste pastor do gado roubado a Apolo e B-oreas, o guardião dos ventos!
Obviamente que o parágono nos reporta para o conhecimento paranóico e para a intuição profética dos oráculos e a pedra filosofal Hermes Trimegisto.
O termo grego básanos deriva directamente do mito referido em Ovídio.
Dionísio foi Bacis, Baco, Bagae, Baptas, Bassareu, Bassarides, Bato, Baton, Baubo e Baucis!
Bás-anos < Bás-Anu < Wash < Wi-ash < Ki-ash, filho de Ki.
No Egipto Bes / Besa / Bis / Bisú, um be-bé envelhecido qual rechunchudo deus anão, terá sido um remnescente fóssil deste arcaico deus, esposo que poderia ter sido de felina Bastet, e por isso seria Ftá.
Na Sumério terá sido pelo menos um dos seguintes deuses: Nusku, deus de luz e vizir de Anu, e Kush = deus pastor.
Nusku < (An-)ish-Ki-u > Ki-ush > Kush.
Um dues pastor da luz primordial só pode ter sido o deus Protágono, Pha, Phanes, Ftá, enfim, Enki / Kian, o deus menino do amor, o olho do sol primordial no topo piramidal do monte Sião! Quer dizer que os mitógrafos inventaram os mitos numa lógica caótica ordenada por de repetição do mesmo módolo primordial da virgem mãe e do deus menino que veio a ser também deus pai!
Em qualquer dos casos estamos perante um episódio mítico que nos reporta para um ciclo muito mais geral relativo a divindades gémeas primordeiais e conflituosas!
Figura 14: Gado de Apolo.
D'après la remarque de M. Panofka, la scène figurée par l'artiste montre Apollon qui compte ses bœufs et s'aperçoit qu'il lui en manque un certain nombre. Cependant, comme il a été observé plus haut, la scène pourrait faire allusion à une dês circonstances rapportées dans l'Hymne homérique à Mercure: ce serait le moment où Apollon, après avoir retrouvé ses bœufs, veut les entraîner hors de la grotte en les étreignant dans des liens d'osier. Mais les pieds des animaux s'attachent d'eux-mêmes à la terre, et ils se retournent les uns en face des autres: c'est l'ouvrage de l'astucieux Hermès. – Charles Lenormant; Jean Joseph Antoine Marie de Witte, Élite des monuments céramographiques: matériaux pour l'histoire des religions et des moeurs de l'antiquité (Band 3).
Quando sobreveio o dia, Mercúrio voltou às alturas de Cilene. Ali, curva-se e esgueira-se para dentro da morada, entrando pela fechadura. Caminha com passo furtivo no reduto sagrado da gruta, penetra sem ruído como faz habitualmente na Terra, e assim chega até o seu leito, onde se cobre com fraldas, como qualquer criancinha e fica deitado, com uma das mãos brincando com a faixa, e com a outra empunhando a melodioso lira. Mas o deus não pudera ocultar a fuga a sua mãe, que lhe dirigiu a palavra nestes termos: "Pequenino astuto, menino cheio de audácia, de onde vens durante a treva da noite? Temo que o poderoso filho de Latona te cubra os membros de pesados laços, te arranque a esta morada, ou te surpreenda nos vales, ocupado em temerários roubos."
Mercúrio respondeu-lhe com as palavras cheias de astúcia: "Mamãe, por que pretendes assustar-me como se eu fora uma criança débil que mal conhece uma fraude e treme ouvindo a voz de sua mãe? Quero continuar a exercer esta arte que me parece a melhor par a tua glória e a minha." (Hino homérico).
Apolo não conseguia informações sobre os bois; mas notando um pássaro que cruza o céu, com as asas abertas, reconhece imediatamente, na sua qualidade de profeta e áugure, que o ladrão é o filho de Júpiter. Atira-se com rapidez aos picos de Cilene, e penetra na gruta, onde Maia deu à luz Mercúrio. O menino, vendo Apolo irritado pelo roubo das reses, amontoa-se numa bola e envolve-se nas fraldas.
O filho de Latona, após procurar por toda parte, dirige estas palavras a Mercúrio: "Menino, que repousas neste berço, dize-me imediatamente onde estão as minhas reses; se o não fizeres, erguer-se-ão entre nós funestos debates; agarrar-te-ei e precipitar-te-ei no sombrio Tártaro, no seio das sombras funestas e horríveis. Nem teu pai, nem tua mãe venerável poderão devolver-te à luz, e tu viverás eternamente sob a Terra." Mercúrio respondeu-lhe com astúcia: Filho de Latona, por que falas de maneira tão impressionante comigo? Por que vens procurar aqui as tuas reses? Eu nunca as vi, e delas nunca ouvi falar; não me é possível indicar-lhe o ladrão; por conseguinte, não receberia a recompensa prometida a quem fizer com que o descubras. Não tenho a força do homem capaz de roubar rebanhos. Não é esse o meu trabalho, porquanto outros cuidados me reclamam: preciso do suave sono, do leite de minha mãe, destas fraldas que me cobrem, e dos banhos mornos. Trata de evitar, pelo contrário, que se saiba desta divergência: seria um escândalo para todos os imortais saberem que um menino recém-nascido transpôs o limiar de tua morada com reses não domesticadas. O que dizes são palavras de insensato. Nasci ontem, as pedras houveram dilacerado a pele delicada dos meus pés; mas se exiges pronunciarei um juramento terrível: jurarei pela cabeça de meu pai que não conheço o ladrão das tuas reses." (Hino homérico).
Entretanto, Apolo não se deu por vencido, e pegando o garoto ao colo, o levou a Júpiter, a quem pediu os bois que o filho lhe roubara. Mercúrio começou por negar descaradamente o roubo; mas Júpiter, que tudo sabe, ordenou-lhe que devolvesse o que pegara indevidamente, e o menino conduziu Apolo para a gruta em que ocultara os animais. Enquanto Apolo os contava, Mercúrio começou a tocar lira, instrumento que ele acabara de inventar, e Apolo ficou de tal modo encantado que quis comprar-lho. Mercúrio, na sua qualidade de deus do comércio, valeu-se da ocasião para um bom negócio, e pediu em troca os bois. Apolo, imediatamente, tentou tocar lira, mas enquanto lidava para arrancar os acordes, Mercúrio descobriu o meio de inventar o cálamo. Apolo desejou também o novo instrumento, que Mercúrio lhe vendeu em troca do caduceu, vareta mágica, entrelaçada de serpentes e que lhe serviu mais tarde para adormecer Argos. O descaramento com o qual Mercúrio soube mentir no mesmo dia em que nascera, e a inteligência com a qual defendeu uma péssima causa, lhe garantiram o patronato dos advogados.
Ver HERMES TRIMEGISTO (***)
É obvio que os nomes próprios da mitologia só correspondem a nomes histórica e/ou geograficamente verídicos na medida em que estiveram relacionados com interesses ideológicos e de propaganda política, nem sempre possíveis de identificar. Uma destas situações terá sido à que levou à eloboração da personalidade mítica de Hermes.
Em qualquer dos casos, não é muito convincente que este mister tenha tido origens num arcaico antepassado deste deus. Mas, esta posição de «gata borralheira» masculina dos deuses que Hermes ocuparia na mitologia helénica deve-se em parte à proeminência aristocrática de Apolo o que não invalida que lhe deva ser atribuída uma posição equivalente há de um irmão (gémeo? < kimeu?) de Apolo e, por isso mesmo, a de um dos «filhos de Deus».
Figura 2: PLANCHE LXXVI. L'Hymne homérique décrit avec détails le sacrifice que fait Hermès de deux des génisses qu'il a dérobées à Phébus. Il nous le montre élevant les chairs découpées sur le brasier, et les livrant à la flamme, malgré l'envie qu'il avait d'en goûter (...). Si Hermès mettait la viande sur l'autel, il observerait les précautions et les rites ordinaires, et les morceaux seraient au bout d'une broche placée dans la main du sacrificateur. Ici, au contraire, le dieu tient le morceau de viande à la main, et il semble plutôt le retirer du feu que l'y mettre. |
Mercure serait-il par hasard un Bwmolocos, un de ces mendiants qui se mettaient en embuscade dans le voisinage des autels chargés d'offrandes, et à qui la faim faisait commettre un sacrilège? Si cette conjecture était fondée, nous aurions sous les yeux une expression nouvelle , et dont les auteurs classiques ne parlent pas, de la passion du vol attribuée à Mercure. Celui qui retranche de la course des astres entreprend sur la part des Dieux, et mérite que l'imagination railleuse des Grecs le fasse descendre aux ruses impies des misérables qui rôdent autour des lieux sacrés. (...)
Le fond de coupe gravé sur la pl. LXXVI montre une peinture inédite, autrefois On y voit Mercure, armé de son caducée, qui s'approche d'un autel sur lequel brûle la flamme du sacrifice. (...). De la main droite Mercure saisit sur l'autel un objet qui doit être un gâteau sacré. Nous avons cru reconnaître ici Hermès comme Bwmolocos, c'est-àdire volant les offrandes placées sur l'autel. – Charles Lenormant; Jean Joseph Antoine Marie de Witte, Élite des monuments céramographiques: matériaux pour l'histoire des religions et des moeurs de l'antiquité (Band 3).
Ver GEMEOS (***)
Daí em diante Hermes cumprirá todas as ordens de Zeus sem hesitar um momento, mesmo que estas sejam muito desagradáveis. Isto valeu o título de "Mensageiro dos Deuses". Será um fiel e mesmo implacável executor da vontade de Zeus, o qual, mais tarde, fará dele seu conselheiro e acessor, consultando-o sobretudo a respeito de assuntos que por sua natureza são desagradáveis. Alguns encargos que Hermes cumprirá sem vacilar são cruéis e desnecessários.[3]
HERMES ARGIFONTES
Figura 15: La grande peinture de la planche C est tracée sur une péliké à figures rouges qui a fait partie de la collection Durand et plus tard de celle de M. Williams Hope.
Nous voyons ici Hermès, HE(rmes) barbu, vêtu d'une tunique courte et chaussé de bottines ailées, qui s'élance l'épée à la main pour immoler Argus. Son bras gauche est enveloppé de la chlamyde et son pétase est rejeté sur son dos. Argus est représenté entièrement nu et le corps tout couvert d'yeux. Son air sauvage, son épaisse barbe qui descend sur sa poitrine caractérisent le géant gardien d'Io. Il a déjà reçu plusieurs blessures à la tête et à la poitrine, et son sang coule de ses blessures. Aussi est-il à moitié renversé et va-t-il succomber sous les coups du fils de Maia. – Charles Lenormant; Jean Joseph Antoine Marie de Witte, Élite des monuments céramographiques: matériaux pour l'histoire des religions et des moeurs de l'antiquité (Band 3).
Na verdade...de angélico Hermes teria apenas os apêndices voadores remanescentes que eram os seus atributos honomásticos pois, de inocente pouco ou nada tinha.
Pelo contrário, este deus era também e sobretudo um «símbolo ictifálico» de fertilidade rural e ainda um assasino. De facto, nas ódes homeréricas e na Teogonia de Hesíodo, Hermes teve o epíteto de Argifontes[4], o assasino de Argos, alcunha que, em conjunto, com o de ladrão não lhe terá sido muito linsongeiro. No entanto, existem fortes indícios de que mais uma vez tenham sido motivações políticas a ditar o destino da má fama de Hermes uma vez que este mesmo epiteto teria sido atributo de Apolo na qualidade de «matador da serpente» Piton. Figura 16: Erecção redundante de Hermes que podia ser de Akkaco. |
Como Phan < Tan significava, pelo menos nos tempos arcaicos da região síria, a serpente da deusa mãe, Argifontes < argipantes (< «sacripantas»[5]) < Argos + *Phan + teos = «o deus (que matou) as cobras de Argos».
No mínimo fica-nos a suspeita de estarmos perante um epíteto que correria em paralelismo com o Argirotoxos de Apolo.
Ver APOLO/ARGIROTOXOS (***)
Quer dizer que Hermes teria que ser um «sacripante» de má fama, desse lá por onde desse, só por estar relacionado com a ruralidade provinciana de Pan e ter herdado de Enki as arcaicas suspeitas de encestos, “sacrifícios humanos” e outras vilanias e monstruosidades próprioas de deidades rudes, rurais e primitivas!
Ver CANIBAL (***)
A referência a que Akako, o filho do rei arcádico Luciano II, teria herguido Hermes logo após o seu nascimento, mais do que reforçar a tradição da antiguidade plágica dos arcádicos realça a relação mítica entre Hermes e os velhos, tisnados e feios deuses do fogo e da terra mãe, o que só contribuia para o reforço da má fama e vilania deste deus plebeu. De resto, esta faceta da personalidade clássica de Hermes não é mais do que o reflexo da “moral espartana” segundo a qual os jovens herdeiros das hordas dóricas eram ensinados a serem uns angélicos patifes.
Figura 17: Hermes matando Argos! Como Zeus andasse metido de amores com Io e a ciumenta Hera veio a saber disso Zeus tranformou-se com Io em gado. Argos, filho de Arestor, tinha cem olhos, dos quais cinquenta ficavam abertos enquanto o sono adormecia os restantes. Juno confiou-lhe a guarda da vaca Io; Mercúrio, porém, adormeceu ao som de sua flauta esse guarda vigilante, e cortou-lhe a cabeça. Juno, desolada e iludida, tomou os olhos de Argos e os espalhou sobre a cauda do pavão. Outros contam que Argos foi por essa deusa metamorfoseado em pavão. |
Porém, a Arcádia nunca chegou a ser conquistada pelos Dórios o que nos deixa a suspeita de que, afinal, a célebre «moral espartana» seria menos lacedemónica do que o que se julga na medida em que poderia corresponder, na época clássica, a uma traição pelágica local que permaneceu em Creta e no Peloponeso e chegou como Máfia à épocas moderna. De resto, resquícios duma moral mafiosa e saloia do tipo do «chico esperto», ainda tão presente nos brandos costumes do desenrrascanço português (em italiano, «portugueso» tem também o significado figurativo de “chico esperto”), percistem em toda a periferia do mediterrâneo e em particular nos tão conturbados quanto arcaizantes Balcãs, se é que não estão mesmo presentes por todo o lado onde a ética rural ainda permanecer.
Se Atena (Minerva), era a deusa da sabedoria, promovendo tanto a guerra, como a sua estratégia expansionista; e, Ares (Marte), promovia o horror sanguinário da guerra, as suas calamidades; Hermes era o deus da astúcia das palavras, da diplomacia e da conciliação. Ao contrário de Ares e Atena, ele não é um deus guerreiro, é o menos colérico dos olímpicos. Odeia a guerra e castiga severamente quem a desencadeia. Sua esperteza é usada como embaixadora das soluções pacíficas, é o deus da diplomacia.
Ao mesmo tempo em que propicia os lucros, Hermes condena as guerras que são travadas por causa deles. Seu maior amigo é Apolo, deus da luz e das artes. Num paradoxo anacrônico, a arte e o lucro caminham juntos.
Ver: HERMES AGONIOS (***)
[1] When the beer had gone out from the great God of Wisdom, Enki looked about the Abzu. The eyes of the King of the Abzu searched Eridu. King Enki looked about Eridu and called for his servant Isimud, saying: "My sukkud, Isimud-" "My king, Enki, I stand to serve you." "The high priesthood? Godship? | The noble and enduring crown? Where are they?" "My king has given them to his daughter." "The art of the hero? The art of power? Treachery? Deceit? Where are they?""My king has given them to his daugher." |
[2] by Richard Crawley
[3] Feito por: © 1998 Maria Alice e Armando Miller.
[4] Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Greek of Perseus: Argeiphont-ês, ou, ho, voc. -phonta: (Argos, *phonos):-- assassino de Argus, epíteto de Hermes, Hom. Od. 1.38, al., Hes. WD 77, etc.: II. acc. to Paus. Gr. Fr.65, de argês, «matador de serpentes», i.e. Apolo, cf. Sch. Aesch. PB 569; of Telephus, Parth. Fr. 33.
[5] • de «Sacripante», m. pr. (< Ka-Kur-Kiantu > kephanturya>) sebandilha < cast. sevandija , s. m. e f. pessoa desprezível;• beato falso.