domingo, 1 de abril de 2018

DA ÉTICA À ESTÉTICA , por Artur Felisberto.


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Figura 1: Hermes no papel de juiz das competições de corridas de cavalos era o deus dos equilíbrios éticos instáveis que tanto protegia os comerciantes quanto os ladrões. 
Estamos a fazer uma deriva de conveniência quando definimos o termo grego ethos como sendo a palavra que significa aquilo que pertence ao "bom costume", "costume superior", ou "portador de carácter" porque na verdade significa apenas costume, tradição, hábito devendo por isso ser lido mais no contexto antropológico primitivo do que no actual ou seja relativizado o termo ao nível do que um homem primitivo pensaria de si mesmo a da sua situação no mundo natural no contexto da vida comunitária arcaica. De facto o termo grego ethos está relacionado com o verbo grego éθω • (éthō) significando: “estou acostumado, costumo (fazer) alguma coisa”.

A origem suposta deste verbo seria indo-europeia a partir de *swé com o significado de «o próprio» mas o mais provável é que seja este conceito abstracto em si mesmo a derivar de algo mais concreto relativo ao habitat e local de nascimento, que estaria primitivamente por detrás do conceito grego de ethos.

From Proto-Indo-European *swe-dʰh-, from the reflexive pronoun *swé (“self”) + *dʰeh- (“to put, place, set”), equivalent to οὗ (hoû, “him”) + τίθημι (títhēmi, “to set”): thus the original sense is to "set as one's own". Cognates include Latin suēscō, soleō, Sanskrit स्वधा (svadhā) and Gothic sidus.

Apparenté au latin sodalis («compagnon, ami»), de l’indo-européen commun *su̯ē̆dh- («faire sien») qui donne le sanscrit स्वधा, svádhā, c'est proprement un dérivé du pronom *sue («sien») devenu σφε en grec → voir su-esco de même sens, en latin.

Selon le Dictionnaire étymologique latin, qui renseigne ce mot à l’article edo («manger»), «sodalis», dont l’étymologie n’est pas certaine, contient peut-être le même préfixe sum-, «avec» que sumere, sauf cette différence que la voyelle a été abrégée→ voir jubeo. Il suppose un primitif «*sodum ou *soda».

C'est un dérivé de se suus apparenté au grec ancien ἔθω, ἔθνος («ensemble des familiers, des proches, les siens»).

Sendo assim, o amigo «solidário» latino sodalis é correlativo do verbo latino edo de «comer» e então é possível postular que o ethos grego apelasse para a comunidade de amigos e comensais não sendo no entanto necessário vincular um conceito a outro fazendo derivar primeiro a ética do instinto de sobrevivência individual que nos levaria a comer antes de satisfazer o instinto gregário da sobrevivência da espécie quando, pelo contrário, é a ética que nos leva a confraternizar sobretudo à mesa.

Solidariedade vem do francês solidarité, passando pelo latim solidus, voz técnica da geometria que se referia, como hoje, aos corpos de três dimensões. (…)

Outras palavras de nossa língua, como soldo e soldado, derivaram-se do latim solidus "firme, inteiro, indiviso, inteiro," figurativamente "sólido, confiável, genuíno," do PIE * sol-ido-, forma sufixada de raiz * sol- "inteiro…único”…como o sol!

Se é verdade que «soldado» deriva de «soldo» este não deriva de solidus mas do «saldo» que era pré a pagar em «sal» a um soldado o que demonstra o cuidado que temos que ter para não nos perdermos nas derivas etimológicas. Ora, historicamente o solidus foi uma moeda de ouro romana de 23 quilates introduzida por Diocleciano em 301 d.C. e que seguramente seria o equivalente do soldo que devia ser pago na altura aos militares. Assim sendo ficamos na dúvida se solidariedade vem do «sol» ou do «sal» ou se a certa altura, com a introdução da moeda de ouro de Diocleciano o «soldo» ficou “solarizado” e conotado com o Sol Invictus que a soldadesca romana já adorava, a par de Mitra.

A etimologia clássica, a que se sobrepôs a teoria indo-europeia, parte do falso pressuposto de que todos os termos derivam por composição de raízes de significado genérico que teriam nascido por geração espontânea já prontas a utilizar o que, obviamente, não tem qualquer sentido lógico evolutivo.

Vejamos o caso do verbo latino emere que aparece na etimologia a propósito da etimologia do altino sodalis por sua vez considerado relacionado com a etimologia de ethos. Emō, emere, ēmī, ēmptum tem sempre o significado de comprar. No entanto a etimologia indo-europeia pressupõe que deveria significar «tomar» no sentido de quem se apropria de algo que é de outrem.

De l’indo-européen commun *em («prendre») qui donne aussi le vieux slave *imo (→ voir jímat et jmout en tchèque).

Pour comprendre le passage du sens de «prendre» au sens d’«acheter», on peut comparer certaines locutions françaises, telles que: «prendre un journal, prendre un billet de chemin de fer». Le sens «prendre» est resté dans tous les composés, exceptés redimo et coemo, interimo, → voir interficio et intereo, perimo avec per- péjoratif, comme perdo, pereo. sumo renferme un préfixe très rare en latin: sum- («avec») (syn- en grec, sam- en sanscrit) ; il est traité comme verbe simple, et donne à son tour naissance à de nombreux composés. Pareil fait a eu lieu pour pono, prendo, surgo, etc. praemium est la part qu'on prend avant les autres.

Evidentemente que quem compra adquire propriedade e por isso se apropria mas é obvio que este sentido vem depois porque apropriação sem compra é roubou coisa a que os antigos davam muito valor contrariamente às teorias modernas da apropriação comunitária e comunista. Mesmo nas comunidades em que a vida comum é primitiva e baseada na partilha comum o conceito de roubo é um dos primeiros crimes antiéticos a aparecer sempre que alguém de dentro se apropria de forma particular de um bem comum ou sempre que alguém de fora rouba bens da comunidade. Evidentemente que o que é do domínio comum não é passível de compra ou empréstimo pelo que mesmo em comunidades primitivas a compra aparece sempre que a troca temporária não faz sentido ou seja entre comunidades que não podem ter bens comuns permanentes. Então, ao crime do roubo contrapõe-se o costume da troca sempre que esta era possível e que só passa a compra quando a troca de bens comuns se faz por meios de bens simbólicos ou seja quando aparece o comércio cuja equidade obrigou ao aparecimento de regras éticas e de direito a que presidiam deuses específicos por sinal reguladores tanto do comércio como do tráfego de bens e de pessoas. Os deuses clássicos conhecidos como protectores destas actividades eram Hermes na Grécia e Mercúrio em Roma, deuses por sinal também protectores de ladrões o que nos coloca na pista de que esta actividade teria sido comum nos tempos primitivos antes de progressivamente se ter tornado antiética e passível de punição penal. Por isso é que o «pecado» cristão deriva do crime do roubo de gago, em latim pecum, de que deriva o «pecúlio» monetário. Sendo assim natural seria suspeitar que o verbo latino emere tivesse algo a ver com o deus que presidia a esta actividade e que obviamente era Mercúrio, o deus dos mercadores e mercados sendo então óbvio que emere, além de partilhar a sonoridade dos «mercados» deve partilhar também a etimologia que só pode ser encontrada na primeira sílaba de Mer-cúrio que, como ficamos a saber noutros contextos relativos ao estudo destes deusesse deve relacionar com Melkart que significaria literalmente “senhor da cidade” ou da cidadela protegida militarmente e onde se realizavam os mercados que os antigos assírios chamavam karum.



CASA

Então, é fácil de dar conta de que emere deriva de uma realidade objectiva fácil de identificar como sendo aquilo que teria o nome virtual de *E-Mel-Kar-tu, e que seria literalmente o templo (E = casa) de Melcarte sobre cuja protecção se realizavam os mercados. Obviamente que esta deriva lateral a propósito de emere é circunstancial mas uma coisa podemos concluir: sem explicação plausível, o étimo e- seria de origem suméria e virtualmente egeia, ou mais arcaica ainda, e deve sempre ser tido em conta como sendo significante em si mesmo possivelmente com a conotação de templo, abrigo, lar ou casa de habitação onde se adquirem os hábitos e bons costumes.


*Ish-ka, lit. da vida > *swa > *σϝε > θω + E (casa) => ἔ-θω < e-thos

< E-Thi(os).

A etimologia mítica pode sempre ter várias entradas e nada obsta a que no plano da génese do significado da ética tenham convergido duas ideias sobrepostas, uma relativa à “casa da vida” como espaço natalício e outra, mais universal ainda, relativa à «casa grande» do deus tribal.

É certo que a casa da Grécia antiga era oîkos (casa, lar, habitação).


Oîkos < ϝοῖκος = woîkos < Proto-Indo-Europ. *weyḱ-.

ó Latin. vīcus > Sansk. Viś / veśa > Gotic. weihs.

Obviamente que nem é preciso parar muito tempo a pensar que o termo luso «fogo» na conotação demográfica deriva de ϝοῖκος = woîkos e muito nos admiraria se nada tivesse a ver com o fogo das lareiras pois ϝοῖκος < pha-u-i(s)co e literalmente o *iko (< eiku < e-kiu) o «nicho» ou «ninho» onde nasce a «faísca» do «fogacho» ou seja, a pássaro Benu da luz da madeira (u)!

É frequente no estudo da etimologia miticamente comparada encontrar voltas e reviravoltas de termos como se a evolução das línguas no tempo fosse uma espécie de contradança informativa.

Então, repare-se na forma como os árabes, que têm uma língua de herança caldeia, dão nome ao ninho: عش = eash? Estranho, não é? É que, e-ash é literalmente a casa (E) do filhote (ash) e é quase o mesmo que *iko e pouco menos que o grego oikos.

Por isso é que, quando damos conta de que os postulados da etimologia indo-europeia fazem tudo para passar ao lado das línguas semitas, começamos a suspeitar que estes postulados só podem ser falsos; primeiro porque pretendem criam uma língua adulta e crescida a partir do nada no meio das estepes caucasianas depois porque esquecem o percurso evolutivo das línguas semitas mais antigas e das quais seria de suspeitar que ou descendem ou delas receberam influência. É suspeita a forma racionalista como se pensa em raízes semânticas indo-europeias aparecidas por geração espontânea de forma perfeitamente acabada quando o normal seria pensar que o pensamento humano começou de forma infantil, cheio de pensamento mágico, ignorante e aterrado pelos instintos primários da espécie.

Nest < proto-germânico *nestaz < proto-indo-europeu *nisdós (“ninho”), literalmente “onde se senta [o pássaro]”, um composto de *ni (“baixo”) (daí também Inglês nether) + o grau zero da raiz *sed- ("sentar") (onde também se sentam os ingleses).

E evidente que pensar uma raiz indo-europeia para a etimologia do ninho como sendo *nisdós com o significado virtual de “um assento baixo” é um racionalismo ridículo até porque noutro ponto destes trabalhos demos conta de que o trono e o «assento» de cátedra e cadeira foram coisas miticamente muito sérias na história do pensamento mítico e que fizerem com que a deusa Iside fosse a deusa da caderia à cabeça e possível responsável pela etimologia de sede e «assento» de cadeira pelo que a raiz sed- não é de origem indo-europeia mas egípcia, e nestas como em todas as coisas a etimologia é também dar o seu a seu dono!

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Duvida-se é que na etimologia do «ninho» de pássaros esteja incluído o trono de Iside. Se suspeitarmos que na génese da etimologia do ninho estará o berço que seria do domínio da deusa do parto sumério que era Nintu, a Senhora da Natividade, também conhecida como Nix ou Nut, talvez a etimologia do ninho se torne mais fácil e intuitiva!


«Nicho» < franc. niche < ??? > lat. nīdus< *nisdós ou antes

                                      < Nix < Nu-ish < Anu + e-ish ó Nut< Nin-tu > Ninito

> ninio > «ninho».                                                        > Ne-ush > grec. Νεοσ.

E foi do «ninho» onde a Deusa Mãe Nintu pôs o ovo primordial é que nasceu o Ano Novo e toda a novidade e não o contrario!

Quanto ao latino edo da «comida», pode ter acontecido o contrário e ter sido este que, enquanto satisfação dos instintos de sobrevivência individual, derivou do ethos egeu pela via dos instintos gregários que se satisfaziam na comunhão de refeições comunitárias. Na verdade, os romanos tinham a deusas Edesia relacionada com a alimentação e Educa com a educação alimentar das crianças de tenra idade, porque “quem dá o pão dá a educação”! No entanto, é bem possível que, agora sim, estejamos perante divindades tardias alegóricas, derivadas do nome de Atena e que, por isso mesmo, pouco acrescentariam à etimologia da ética. De facto, Edna é um nome próprio judeu supostamente derivado do sumério Edin que deu nome ao Éden Bíblico termo que antes de ter acabado a significar estepe terá significado *E-din(gir) ou seja a casa dos deuses que viria a ser o paraíso.

Notar que em sumério dingir ó diñir < di + ñar = juiz + dos que acumulam e depositam (cereais e alimentos).

Sumerian ñar; ñá: = storeroom; to store, accumulate; to deliver, deposit; to place, set down upon; to make, restore, establish.

No entanto, se o nome Edna é comum em várias línguas nórdicas não será tanto pela sua suposta origem judia mas talvez pela sua relação com o nome pessoal feminino irlandês Eithne e que significa literalmente semente ou grão o que nos recoloca na linha etimológica das deusas latinas do alimento.

Como este nome teve várias grafias e formas anteriores que incluem Ethnea, Ethlend, Etnen, Ethlenn, Etnenn, Eithene, Etne, Aithne, Enya, Enna, Etna, Eith-nenn, Eith-lenn, Eithna, Ethni, Ed-lend, Ed-lenn é assim possível suspeitar da existência, possivelmente entre os celtas, de uma divindade arcaica com este nome que não andaria longe do das deusas latinas alegóricas antes referidas nem do nome da deusa do monte Etna que sendo Aitna derivará do nome de Atena. Agora entendemos porque é que Ari-Adne casou com Dionísio que seria uma arcaica variante de Atena.

No entanto, se assim for, também se pode suspeitar que a etimologia do nome da grande deusa Atena deve ser revista podendo ter sido *Etana em Creta precisamente com o significado de “casa (E) das cobras (tan)”, em referência à sua égide ou à sua relação telúrica com o vulcão da ilha de Tera, tanto mais que se pode postular, sem muito receio de errar, que a filha de Urano e de Geia que decidiu a disputa das terras de Cible na ilha da Sicília entre Hefesto e Deméter era ela, a deusa que em Atenas era Core, a filha de Deméter e possível esposa de Hefesto.

Aitna (Etna) é uma montanha em Sikelia (Sicília), em homenagem a Aitna, filha de Ouranos (Céu) e Ge (Terra), de acordo com Alkimos (Alcimus) em seu trabalho em Sikelia (Sicília). Simonides diz que Aitna decidiu entre Hefesto e Deméter quando brigaram pela posse desta terra. Simonides, Fragmento 52 (de Scholiast em Teócrito 1.65).


Edna < Irl. Eithne < Aitna < *Atina > Atena< *E-tan > Atinet

                                                 Aitnê < Atinet < *E-tan + at > (E)Tanit < Ti-Anat

> Tianita de Loulé.

De acordo com múltiplas fontes, Etna (latim Aetna) poderia derivar do grego aitne, aithō (αἴθω) que significa "eu queimo", ou de atuna, termo fenícia que significa “fornalha”.

Αἴθω, do proto-indo-europeu * heydʰ- ("queimar; fogo"). Cognato com o latim aestus, aestās e aedis, e sânscrito धे्द्धे (inddhé, “ascender, incendiar”).

Derivar aitne de um possível fenícioatuna faria sentido e iria ao encontro da etimologia acima proposta se postulássemos primeiro que o termo derivaria dos cultos infernais de Tanit, a variante cartaginesa da suméria Tiamat. E obviamente nem vale a pena continuar a insistir no contra-senso de protocolo que é fazer derivar o nome dos deuses de banalidade da vida real. De facto, só mesmo por distracção é que não se derivam várias das inflexões do verbo clássico grego aithō do nome dos infernos dosgregos, o Hades já que aitne só muito remotamente se relaciona foneticamente com as várias inflexões de aithō o que reforça a pouca credibilidade que há em fazer derivar o nome divino do monte Etna dum verbo comum do grego clássico aparentado.

Na verdade, nem por mero acaso, o equivalente masculino do nome pessoal feminino irlandês Eithne é Aodhán com o significado de fogo ou o que transporta o fogo dos infernos porque parece derivar do nome do deus dos infernos da mitologia irlandesa, Aed, ou Aodh, nome que só não ressoa ao Hades grego e ao Adad caldeu a quem for surdo! Claro que nesta linha etimológica se teria que concluir que Atena / Anat foram deusas infernais, o que já se suspeitava, mas sobretudo que Hades seria então um nome egeu mais arcaico que Adad e que neste caso seria corruptela de deus grego dos internos *Ka-Dis, literalmente deus da vida.

Aita - The Etruscan god of the underworld. He is identical with the Greek Hades and the Roman god Pluto.


Aita < Aytha < Hadaj < Hades < Hadad.

< «Hakad»< Hakath <= Kakak(i) < filho do “fogo infernal”, que foi Kaka.

Como o Hades é mais o nome do inferno que do seu deus é ainda mais plausível que este fosse o *E-Hadis / *E-Ka-Ti-ish / Hecate.


Aodh < Aed < Eads < Hades < *E-Hadis <*E-Ka-Ti-ish > Hecate.

Claro que não é imediata a relação do Hades com o verbo latino para comida mas se repararmos que o deus do Hades era também chamado Pluto por ser um deus da riqueza das minas junto a montes telúricos, como o Etna onde Hefesto tinha a forja, e se recordarmos que as terras de cinzas vulcânicas recentes são sempre altamente férteis teremos aqui motivo para relacionar o Etna com Ceres / Deméter, razão que agora explica o mito que faz da titânide Etna aquela que “decidiu entre Hefesto e Deméter quando brigaram pela posse desta terra”.

Os edis (do latim aedīlis curules), da plebe na Roma Antiga eram eleitos pelos Conselhos da Plebe, em número de dois (que aumentou depois) e executavam as ordens dos tribunos, guardavam o templo de Ceres (onde se achavam os arquivos da plebe) e protegiam os plebeus contra os patrícios.

Dada a função de guardas do templo de Ceres dos edis é facilmente aceitável que o seu nome estivesse relacionado com a função de defenderem os celeiros e garantirem o abastecimento dos mercados que primitivamente teriam permitido a realização de refeições comunitárias.

«Edil» < aedīlis< ad-edi-lu, liter.“o homem (lu) que está junto dos comestíveis (edi)” ou seja, o guarda do celeiro ou seja, o e-dil guardava o celeiro tal como o pastor guarda o re-dil.

Na Grécia temos ainda o termo aedo com outro conceito foneticamente próximo destes e que analisamos de seguida.

Um aedo (em grego clássico ἀοιδός / aoidos, do verbo ᾄδω / aidô, "cantar") era, na Grécia Antiga, um artista que cantava as epopeias acompanhando-se de um instrumento de música, o forminx.

Se aparentemente um bardo teria pouco a ver com um membro da polícia municipal, defensor dos celeiros e mercados públicos, a verdade é que este serviço acabaria por ser a maior parte do tempo enfadonho e propício à prática das artes do canto e do encanto que seriam sobretudo apreciadas durante os banquetes comunitários como era o caso dos bardos celtas. De facto, ἅδος, ἄω foi, antes demais, sinónimo de “satisfação, saciedade, decreto judicial favorável” relacionado com ἁνδάνω (< ϝαν-δάνω) / ἁδῶ, “ser aceitável, favorável” e só depois passou a ἀεί-δω (ἀϝεί-δω) / ᾁδω com o significado genérico de cantar…porque seria esta uma das funções dos guardas dos celeiros dos templos e das cidades. A reminiscência do papel de guardião aparece no significado de decreto favorável de ἅδος, ἄω. Por outro lado, parece comprovar-se que as conotações finais de nomes e palavras resultavam da confluência de várias realidades que se iam misturando no perfil temporal evolutivo das palavras. Neste caso temos ἀϝεί-δω < ἀ *ϝan-δω <ϝαν-δάνω, onde se vislumbra a flauta de Pan, a luz primordial de Fanes e alegria campestre de Fauno e pelo meio e a quase certeza de este último deus latino correspondia ao nome mais original destes deuses do amor primordial e da alegria rústica.


Grec. Pan < Phan < Pha-Anu > Grec. Fanes >Lat. Fauno.

E então, se é verdade que entre a flauta e a cítara só esta permite acompanhar o canto do bardo, também é um facto que primitivamente não haveria canto e os aedos usariam apenas o som da flauta para se distraírem enquanto guardavam os celeiros, como quem guarda rebanhos, e alegravam os amigos e vizinhos nos Komos comunitários. Ora, se o faraó era o guardião da «casa grande» do Egipto o edil latino teria tido o mesmo papel enquanto guarda do E-thos grego que afinal ainda não sabemos bem o que seria em concreto mas que tudo aponta para que fosse exactamente ou a “casa grande” do povo ou o seu celeiro adjacente ou seja, quase seguramente o templo do deus da comunidade.


O conceito do edos como casa comunitária seria tão arcaico que pode ter sido levado pelos marinheiros egeus minóicos para o Japão onde ficou com a semântica de enseada ou porto de abrigo e depois deu nome a Tóquio e ao período histórico Edo.


Figura 4: Kitagawa Utamaro – Serão ao luar no Dozo Sagami.
O período Edo é um período da história do Japão compreendido entre os anos de 1603 a 1868.
Edo (literalmente: entrada da baía, "estuário"), também romanizado como Yedo ou Yeddo, é o antigo nome da capital japonesa Tóquio, e era a sede do poder do Xogunato Tokugawa, que governou o Japão de 1603 a 1868, chamado período Edo. Nesta época se desenvolveu a cultura do "mundo flutuante", em oposição à cultura budista do "mundo doloroso", “em Yoshiwara, uma zona de meretrício em Edo (atual Tóquio) que tinha permissão para receber membros do shogunato e onde havia inúmeros bordéis, casas de chá (Chashitsu) e teatros kabuki, lugares frequentados pelos chonin, membros da crescente classe dos comerciantes da época”.
O período Edo ficou marcado como um longo período de paz no país, após séculos de guerras civis recorrentes e de muitos conflitos internos.
De facto, para povos de marinheiros do mar Egeu, chegar a um porto de abrigo era como chegar a casa de regresso da faina do mar. Mas é possível que aqueles que por várias razões ficavam em terra por cobardia física ou moral também ficariam privados da prosperidade que a abundância marítima providenciava bem como da glória e prestígio inerente às lutas com o mar ficando então condenados a uma indignidade e pobreza crónicas e progressivamente a tornarem-se párias da sociedade e sobretudo a não poderem comer peixe a terem que viver como os povos montanheses, de caça e pastorícia e abate de animais doméstico. Parece então ser isso o que aconteceu no Japão onde esta classe social tinha o nome Eta e que, por coincidência ou não, tinham um trabalho estritamente relacionado com abate de animais e outros assuntos relacionados com cadáveres e mortos: açougueiros, carniceiros de animais, agentes funerários, executores de penas de morte e curtimento de couro. Por imposição ou aceitação da tradição o xintoísmo considerava estas actividades como repugnante e vis. Eta significa em japonês literalmente "os sujos ou repugnantes". Por isso os Eta não deveriam viver junto de "pessoas normais" e deveriam ficar em áreas de desperdício, terras áridas não cultiváveis, ou perto de cemitérios e lixeiras.
Voltando ao mediterrânio, além de pressupormos que o ethos grego é cognato do latino edo deveríamos pensar na etimologia de «edificar».

«Edificar» < latín “aedi-ficāre“; compuesto de “aedes”, edificio, y del sufijo “ficar” del latín “ficāre” de la raíz de “facĕre” que significa hacer.

Claro que dizer que edificar vem de edifício é uma espécie de petição de princípio porque o latino aedes antes de ser um «edifício» seria um *a(d)-edes, ou seja algo junta à ao edes que para os latinos seria o celeiro e para os gregos seria o templo da comunidade ou seja, a «casa grande» comunitária.


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Figura 1: Reconstrução da cidade ibérica de Edeta, tipicamente anatólica.
Figura 2: Guerreiro edetano tipicamente egeu.

Aedēs and aedis = [Aedis domicilium in edito positum simplex atque unius aditus. Sive ideo aedis dicitur, quod in ea aevum degatur, quod Graece αἰών vocatur, Fest. p. 13 Müll. Curtius refers this word to αἴθω (< αἶθος), aestus, as meaning originally, fire-place, hearth; others, with probability, compare ἕδος, ἕδρα, and sēdes.]. I. Sing., a dwelling of the gods, a sanctuary, a temple (prop., a simple edifice, without division into smaller apartments, while templum is a large and splendid structure, consecrated by the augurs, and belonging to one or more deities). II. A dwelling for men, a house, habitation, obode (syn. domus; usu. only in the plur., as a collection of several apartments; but in the earliest period the sing. also may have had this signif., though but few certain examples of it have been preserved in the written language).

Αἶθος < From Proto-Hellenic *áitʰos, from Proto-Indo-European *aydʰos. Cognates include Latin aedes and Sanskrit एध (édha).

Originally Proto-Italic *ais, aið- (“place with a hearth”), from Proto-Indo-European *heydʰs, from *heydʰ- (“burn; fire”).


Lat. aedes = Templo, túmulo, casa grande, mansão < *a(d)-edes

ó E-adis < E-| Hades, a casa do fogo dos infernos

< *Ka-Dis, literalmente deus da vida > «Cádis».

Los sedetanos o sedesquios “habitantes de Sedeis” (gen. Setes-kien) en lengua indígena, fueron un pueblo íbero del siglo III a. C. situado en el valle medio del Ebro, en España.

Edetanos es el gentilicio de las personas que vivieron en el territorio de Edeta. Y se conoce así tanto a los íberos edetanos como a los romanos de la ciudad de Leiria (actual Liria).

Então, se não parece oferecer muitas dúvidas de que os Setesquinos eram guerreiros do deus Sete, já os Edetanos ou *edes-kinos poderiam ser um nome equivalente deste por queda do “esse” inicial ou então um topónimo que confirmaria a possibilidade de ethos ter sido um termo genérico, como oikos, para designar localidades como a ibérica Edeta que progressivamente deu nome à federação tribal dos edes-quinos que os romanos chamaram por edetanos mais não seriam do que emigrados egeus aguerridos durante a época dos povos do mar e seguintes e que deram o nome a Edeta precisamente no contexto de grande anexo da casa dos deuses onde se guardava o celeiro e o tesouro da cidade ciosamente guardado pelos guerreiros edetanos representados na figura seguinte em termos formais idênticos aos das pinturas de vasos gregos primitivos.

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Figura 3: vasos dos guerreiros edetanos de estilo tipicamente egeu primitivo.

Em conclusão e a propósito do nome de do deus Sete presente no nome dos setesquinos próximo do edesquinos podemos postular que o nome de *Se-tis se reportaria à «sé» ou sede dos deuses e *E-des à casa dos deuses o que nos levaria a recordar novamente o nome de deusas como Sedna e Edna.

Sedna é uma das principais deusas inuit, é conhecida como a Mãe dos Animais Marinhos. Várias são as lendas sobre a origem de Sedna e todas têm em comum o fato dela ser uma bela jovem humana vivendo com seu pai.

A importância isolada da raiz Sed- a preceder o nome de divindades levar-nos-ia ao nome da deusa do rio Sena, Sequana que os latino transliteraram do termo Se-koa-ana de Ptolomeu seguramente pensando no termo latino aqua para água e ambos a partir dum nome pré celta que estaria presente em outros rios como é caso do afluente do Douro onde ficam as arcaicas gravuras do Vale do Côa, relacionado como o verbo luso «coar» o leite ou outro líquido que se faz «escoar» por um pano para que fique limpo e a deusa Soucona.

Souconna é uma deusa céltica, a deidade do rio Saône em Chalon-sur-Saône, a quem a invocação epigráfica foi feita.


Souconna < Sauc-Onna< Sakuona ó Sequana <*Se-kina => Seteskinos.

Mas a Deusa celta Satiada tem de forma mais explícita o nome do deus Sete.

Satiada era uma deusa céltica cultuada na Britânia romana. É conhecida por uma única pedra de altar sem adorno dedicada a ela em Chesterholm (Vindolanda).[1] A inscrição diz:

DEAE / SAIIADAE / CVRIA TEX / TOVERDORVM / V·S·L·M

"À deusa Satiada, o conselho de Textoverdi de bom grado e merecidamente cumpriu seus votos." O nome na pedra pode alternativamente ser lido como Sattada (a forma usada por Jufer e Luginbühl), Saitada ou Saiiada.

Ora bem, até à muito pouco tempo qualquer aldeia rural era definida não de forma banal como o local dos próprios vizinhos mas de acordo com o patrono, orago ou padroeiro que era o santo ou anjo a quem é dedicada uma localidade, associação ou templo (capela, igreja etc.).

A própria palavra aldeia é de etimologia duvidosa porque este termo sendo suposto de origem etíope e com o significado de pastagem por intermediação árabe na verdade só existe na Península Ibérica onde é tão comum na Andaluzia quando sobretudo nos dialectos nortenhos galegos, aragoneses e das Astúrias.

«Aldeia» < Al-dea< arábico Al + dayea < aḍ-ḍayʿa (= “fazenda, propriedade rústica”) < por empréstimo do Ge'ez (Etíope) ፂዖት (= ṣ́iʿot) “campo, pastagem” termo muito mais próximo do «chiote» luso, veste de burel, áspera e fria...própria de gente rústica. Não se entende muito bem como o fonema arábico aḍ-ḍayʿa seja reconhecível no rude e áspero ṣ́iʿot etíope mas se os gramáticos os dizem…fica por esclarecer como foram os árabes buscar este termo, relativo a propriedades rústicas que nunca dominaram, porque pertenciam a um país cristão que lhe resistiu até hoje. O mais provável é que o chiote etíope nunca tenha tido nada a ver com a aldeia que os árabes terão encontrado já perfeitamente estabelecida na península ibérica como propriedade rústica possivelmente apenas nas terras do sul de origem ibérica ou berbere e que depois propagaram por toda a península com tal sucesso que foi sobretudo a norte que este termo vingou e prosperou porque os árabes a conotaram com coisa que existia no seu léxico como al-day-iyla com o significado de coisa pouca e pobre como sempre foi toda a riqueza do rústico.

A verdade é que o termo árabe que hoje traduz a palavra ibérica aldeia é al-qaryat quase seguramente presente no nome de muitas Alcarias, Alqueidões, Algares e Algueirões das terras lusas do sul.

Assim é quase seguro que estamos perante uma etimologia que não sendo popular é erudita e de origem arabizante. Por alguma razão é que dizem os Galegos:

Por mal que che va, vive na cidá.

A aldea Dio-la dea».

No entanto, é bem possível que a «aldeia» que os galegos preferem ao deus dará, a deusa a deu pois este termo seria mesmo popular e comum a toda a península ibérica, ou pelo menos ao sul da península e por isso pré árabe significado, nem mais nem menos que ido a *A(l)-Deia ou deusa enquanto povoado onde era adorada uma deidade particular tal como ainda hoje tem a sua padroeira e o seu orago.

Claro que se suspeita que tanto os locais como os invasores árabes manipularam o nome da aldeia de acordo com o que lhe foi parecendo até que a institucionalizarem localmente. De facto, suspeita-se que a aldeia ibérica tenha afinal a mesma origem da equivalente árabe moderna al-qaryat, termo que já se encontrou enrolado como o nome da suposta aldeia judaica de Judas Iscariote, porque há quem considere que este sobrenome derivaria do nome da aldeia judaica de Qaryat...como se entre semitas tudo fosse parecido como os macacos e os asnos.


Al-qaryat < Qaryat < Kar-yató Kartea > Caldeia > Hal-Deia > «Aldeia».

                                                                  > Cartago > Cartagena > Cartaxo.

De passagem se notará que o nome da aldeia passou pelo conceito dos couros e kauroi que guardavam os «castros» e cidadelas que eram na fenícia os kartum de Melkart e pela grande cidade de Cartago pelo que da aldeia à cidade foi sempre apenas mais um passo de progresso ou decadência, passos estes acentuados pelo tempo e pela geografia.

Sendo assim, ficamos na incerteza se ethos significaria apenas a «casa grande» comum aos «seus» vizinhos ou se seria antes a casa do deus adorado em comum como patrono de todos os «seus» vizinhos e comensais como seria o caso de oicos e de «aldeia» enquanto variantes entre muitas mais que se poderão descobrir noutras línguas, do mesmo mitema. Assim, em vez de raízes semânticas duma língua primitiva devemos procurar semantemas míticos e as suas variantes de acordo com as virtualidades de cada língua actual. O fogo permite ainda, obviamente, cozinhar os alimentos e daí: Lat. vescu, comestível.Do mesmo modo e porque uma «aldeia» é demograficamente um conjunto de fogos activos, não apenas no sentido metafórico, é que o Lat. vicu, aldeia< Wiasho < *Ki-kako. Pois bem, outras variantes linguísticas de locais habitados, ou vigiados ou defendidos, seriam possíveis em torno do étimo dos arcaicos deuses do fogo, dos quais o mais comum na Lusitânia teria por étimos -coso e -cosa relacionados comcoisas tão genéricas e comuns precisamente como «coisa» e «casa»!

Erechtheion = The sacred serpent (oikouros ophis), which was believed to be an incarnation of Erechtheus, dwelt in one of the western chambers and acted as guardian to the city. Well looked after, it was regularly fed with honey cakes.

Oikouros = oicos + ouros

ó oi-kouros, literalmente “o kouro de guarda à casas” = Oikouros ophis.

A identificação da cobra como guardião do lar era uma crença que ainda percistia nas zonas rurais do Alto Douro da década 50 do século XX dizendo-se que todas as casas tinham uma cobra debaixo da lareira onde chegava atraída pelo calor do fogo. Uma mitologia tão forte e tão arcaica tem que ter uma ligação da cobra com o fogo e da etimologia da casa com o da cobra.


Οὖρος (oûros) = guarda < hau-uros < Kauros

= ka-uros, literalmente «boieiro» ou cauboi

> koruos > *sorwos ó Lat. servus.

Lat. urus = auroque, bos primigenius.

Οὖρος (oûros). From Proto-Indo-European *wer- (“to note, sense”) or from Proto-Indo-European *sorwos (“guardian”). Cognate with Latin servus.

Os indoeuropeístas, a proposito da etimologia do auroque, que em latim era urus e que Julio César julgava de origem Celta, formam dicertações derivatívas contraditórias.


Auroque < ūro (< *ūrô < *ūraz, “auroque”) + ohso (“ox”, boi).

Auroque < Kauroco < *kaur-Kauco < Ka-Ur-Ush > haurocho > Auroch.

                          Ox < ohso < Kauco > Ku > Sumer. Gu.

É obvio que incluir *ūrô< *ūraz na equação derivativa do «auroque» é meter o definido na definição o que constitui uma petição de princípios porque *ūraz, a ter existido, era já fonética e semanticamente o «auroque».

Aurochs = Borrowing from German Aurochs, an early variant of Auerochse, from Middle High German ūrochse (“aurochs”), from Old High German ūrohso (“aurochs”), a compound consisting of ūro (“aurochs”) (from Proto-Germanic *ūraz, *ūrô (“aurochs”)) + ohso (“ox”). Akin to Old English ūr (“aurochs”), Old Norse úrr (“aurochs”), Middle Low German ūrosse (“aurochs”), Old English oxa (“ox”).

Old English oxa "ox" (plural oxan), from Proto-Germanic *ukhson (source also of Old Norse oxi, Old Frisian oxa, Middle Dutch osse, Old Saxon, Old High German ohso, German Ochse, Gothic auhsa), from PIE *uks-en- "male animal," (source also of Welsh ych "ox," Middle Irish oss "stag," Sanskrit uksa, Avestan uxshan- "ox, bull"), said to be from root *uks- "to sprinkle," related to *ugw- "wet, moist." The animal word, then, is literally "besprinkler."


Lat. Ops < Greg. Ophis < Aukish < haukis < *Kau-Ki-ish > *Kauka < Kaka

Oic(os) < Hauh < *Kauka > Huaca, logar sagrado em ameríndio.

                          ó *Kauka > *cauza >Lat. casa > «casa».

                                             > hausa > Engl. house < OE Hūs, < Hūsian, f. Gmc.[1])

House, from Middle English hous, hus, from Old English hūs (“dwelling, shelter, house”), from Proto-Germanic *hūsą (compare Scots hoose, West Frisian hûs, Dutch huis, Low German Huus, German Haus, Danish hus, Norwegian Bokmål hus and Swedish hus possibly from Proto-Indo-European *(s)kews-, from *(s)kew- (“to cover, hide”).

Nelle lingue di ceppo germanico, in alto tedesco antico la parola per casa era hus, in olandese huis, antico inglese hus, tutte derivano dal proto-germanico husan da cui deriva la parola inglese house. Per i Goti la parola per casa che era razr (polacco rodzina = famiglia?) mentre la parola hus era riferita solo al tempio sacro guþ-hus dimora di Dio.

Mi ricordo che in una delle mie prime lezioni di inglese al British Institute of Florence, la mia insegnante una certa Miss Bliss, spiegandomi le parole base della lingua inglese disse che per noi fiorentini era facile pronunciare la parola "house" in quanto eravamo avvezzi alla c aspirata che diventava quindi h, così che noi pronunciamo hasa e non kasa. Forse questa peculiarità fonetica non è un caso ma il segno del nostro retaggio ancestrale germanico.[2]

A palavra “casa” tem a sua origem no latim “CASA”, que por sua vez designava uma barraca, cabana, choça, edificação rural de pequeno porte, tugúrio. Originalmente, o vocábulo não era utilizado para designar moradas de boa qualidade. Com o tempo, no entanto, ele foi sendo assimilado para residências térreas, independentes e de qualidade.

La palabra casa viene del latín casa. San Isidoro1 explica que casa es una habitación hecha de estacas y ramas que sirve para protegerse del frío o calor. Según Covarrubias2, la palabra latina casa viene del hebreo כסה (kisá = tejer y cubrir) porque las primeras casas eran ramadas, o tiendas de campaña.

No confundir la palabra latina casa con la palabra capsa, que dio caja en castellano, chasse en francés, cassa en italiano y caixa en portugués. Capsa viene de una raíz diferente relacionada con verbo capere, el cual forma parte de tantas voces españolas: cable, campo, capacidad, etc.


«Caixa» < caja < it. cassa < lat. cap-sa > «cápsula».

 Lat. caput < *kaput < kap-tu < cap-isha > cap-ica < lat. *cap-ipa

Lat. Cap-pa > «capa».                                 < *cap(-ere) < cawe[3]< Kaka.

Caput = From Proto-Italic *kaput, from Proto-Indo-European *kauput-, *káput (“head”). Cognates include German Haupt and English head.

Lat. Casa = Possibly from either Proto-Indo-European *kat- (“to link or weave together; chain, net”) (compare catēna (“chain”)), or Proto-Indo-European *ket- (“hut, shed”) (compare Old English heaþor (“restraint, confinement, enclosure, prison”), Avestan (kata, “chamber”), Mazanderani کَت (kat, “wall”)), likely through borrowing from another Indo-European language rather than inheritance.

A facilidade com que a palavra para a casa rústica latina, tugúrio, cabana ou choupana, chegou aos povos ibéricos demonstra que era esta a sua habitação comum, pelo menos aos olhos soberbos dos conquistadores que já se tinham esquecido das choupana dos seus heróis fundadores e segue a regra que transformou o caldo verde com rodelas chouriço e pão centeio ou broa de milho que era o prato principal e único dos pobres de antigamente no manjar de desenjoo dos banquetes dos novos-ricos hodiernos.


                                Ki + «a»> Kia > ka, vida ó ha > «a», água da vida!

Egipt. Bet < Wet < Ki-et  >*Kat.

                            Ket< Het > Ed > Sumer. «.

Relativamente ao sumério «E» é difícil tanto postular a sua etimologia virtual como decidir que se pode tratar de um termo imotivado nascido na origem da linguagem a par de «a» para água, que pode não ser imotivado e derivar do ka da vida!

Do mesmo modo, é difícil saber a etimologia da preposição latina ex.


Lat. ex ó Greg. Ant. > ἐξ (ex) < E-ish > Irl. Ant. ess-, a, ass > Lituan. ìš

> Ig.Ant. Islav. из (iz) > *iko > grec. O-icos.

De facto, podemos apenas opinar que ex ou literalmente em português «e-is» significaria “(fora) da casa” onde o conceito de ausência estaria implícito, tal como aqui derivaria de e-ki e significaria na terra (ki) da casa (e). Do mesmo modo, como acabamos de saber mais acima que o grego oicos derivaria de uma raiz que seria *iko, a sua etimologia seria afinal algo agora parecido com «cobra» de casa onde esta estaria quase subentendida em «O» de o-phis ou no O < Au < hau < kau, o animal totémicos dos lares, como também vimos antes a propósito do conceito mítico fundador atenienses, oikouro

A propósito de os povos pobres serem também os mais arcaicos e primitivos ocorre-nos falar da etimologia destes dois termos que nos aprecem por esta mesma vicissitude cultural aparentados.

«Povo» < povoo < poboo < *pobolo > poblo > pobro

*Pobolo < *Powlos ó πουλύς < Phoulos < Kouros < Kur.

< Lat. populus + ikos > *poplos > *pop.likos

Do latim antigo populus (desde meados do séc. II a.C.), de poplus anterior, de poplos ainda anteriores (atestado já desde o início do séc. V a.C.), do proto-itálico *poplos (“exército”), origem posterior desconhecido; talvez do etrusco ou da raiz de pleō. Veja também plebes.

Plĕo, ēre, v. n., I.to fill, to fulfil, the root of plenus, q. v., com-pleo, ex-pleo, sup-pleo: “plentur antiqui etiam sine praepositionibus dicebant,” Fest. p. 230 Müll.

Pleō, plēre, plēvī, plētum ó < πλέω • (pléō) velejar (em um barco), flutuador

< πληρόω • (plēróō) encher, encher terminar, completar para cumprir

< πλήρης < ??? < πλή ó Lat. plus < proto-itálico *plous < grego antigo πολύς

Πολῠ́ς • (polús) m (πολλή feminino, πολῠ́ neutro) = muitos, (com substantivos de multidão) grande (de quantidade, com substantivos de massa) muito (raro, de uma pessoa) grande, poderoso (de som) alto (atributivamente, adverbial) fortemente, totalmente (de espaço) largo, grande (de distância) longe (de tempo) longo; atrasado

Plus < Do latim antigo plous, do proto-itálico *plous, do proto-indo-europeu *pleh-, *pelhu- (“muitos”). Cognato com o grego antigo πολύς (polús, “muitos”), o inglês antigo feolo (“muito, muitos”). Mais em fele.

O derivado grego mais conhecido de Πολῠ́ς / Plus é Polis, a cidade, e a forma épica, seguramente seria também a mais arcaica πουλύς (poulús). Por outro lado, a declinação de πολύς (polús) é formada por dois radicais, πολ- (pol-) e πολλ- (poll-) < πολϝ- (polw-) o que aponta para um termo anterior que seria *powlos ó πουλύς de que derivou o proto-itálico *plous de que derivou o plus latino.

Ora a origem egeia deste *powlos ó πουλύς só pode ser o que mais sugere a semântica deste termo que só pode ser o nome da montanha do Kur. Este conceito parece ter significado em etiocretense a totalidade e ter carradas e montes de razão!

*Powlos ó πουλύς < Phoulos < Kouros < Kur.

«Plebe» < Plebes < Plewe < Pelek < πλή > πλήρης.

                                                        > Peleg < Phelek < Keret.

                                                                      > Pelágios.

Do velho latim plēbēs, de proto-itálico *plēðwēs (de onde oscan plífriks, "plebeiano", nom. Sg.) Via * plēðros), de proto-indo-europeu * pl̥hdʰwḗhs ~ * pl̥hdʰuhés (de onde a antiga grega πληθῡς (plēthūs, “multidão”) de *pleh- (“encher”), daí pleō.

Ou seja, é quase seguro que a origem do nome do «povo» luso é egeia e a forma latina estaria próxima das fonéticas ibéricas que já teriam influências egeias antes de romanizadas o que quer dizer que pupulos deriva de um termo anterior que seria *powlus

«Público» < latim antigo poplicus < antigo poplus < do proto-itálico *poplos de origem desconhecida.

«Paucus» < proto-itálico *paukos, do proto-indo-europeu *pehu-kos, de *pehw- (“poucos, pequenos”) + *-kos (-cus). Veja também saxão antigo fā (“poucos”), alto alemão antigo fao, fō (“poucos, pouco”), nórdico antigo fár (“poucos”), gótico (faus, “poucos”) para o primeiro elemento.

«Parvus» < ??? proto-itálico *pauros (“poucos, pequenos”) com metátese relacionada à hierarquia da sonoridade, do proto-indo-europeu *pehurós, forma sufixada de *pehw-. ó grego antigo παῦ-ρος (paûros), o armênio antigo փոքր (pʿokʿr), e os cognatos germânicos sob o proto-germânico *fawaz.

Parvus < parwus < Lat parcus < Proto-Italic *pe-arkōs < pher + | arco < arceo <

ἀρκέω (arkéō |.

Parcus = poupado, avaro, frugal, apoucado, cauteloso, lento.

Parcō, parcere, pe-per-cī / parsī, parsum.

Parco, parcere = agir com moderação, poupar, reservar, resalvar, abster-se de, usar moderadamente.

«Arceō» = (transitivo) afasto, rejeito, repelo (transitivo) eu evito, impeço (transitivo) Eu confino, mantenho perto. (transitivo) eu defendo, protejo (de). (transitivo) Afasto-me, afasto-me, afasto-me, alieno.

«Arceō, arcēre, arcuī, arcitum»  < proto-itálico *arkeō, do proto-indo-europeu *herk-. Os cognatos incluem o antigo armênio արգել (argel, “obstáculo”) e o grego antigo ἀρκέω (arkéō).

«ᾰ̓ρκέω» • (arkéō) afastar, afastar (+ dativo) defender ajudar, socorrer bastar, ser suficiente (para), satisfazer ser forte o suficiente, aproveitar, aguentar (passivo) estar satisfeito com.

«Arcar» = 1. Arquear. 2. Guarnecer de arcos. 3. Dar a forma de arca a. verbo intransitivo 4. Lutar. 5. Dar arcadas (respirando). 6. Tomar sobre si.

«Arcar» < arc + -ar ou possivelmente do latim vulgar *arcārius, alteração de arcuārius (“fabricante de arcos”), do latim arcus.

Pt. Ant. «populo» > pobro > «pobre» < *pau-ber < pavpair

< ?Proto-Italic *pawoparos < *pawi-per < *pauwiper < pau-(ci < Ki)-pher.

O «pobre» era etimologicamente o que transportava poucas coisas...na bagagem.

De facto se em regra os «pobres» são povo o seu nome luso não deriva do latino populus mas, a sua fonética derivativa teve ressonância na forma evolutiva da via popular do latino pauper. E mais pobre que o povo pobre era as crianças.

Pubes < puber < pu-er, pū-pa, pū-sus, pu-tus.

Lat. puer < Proto-Italic *puweros < Proto-Indo-European *phweros< *pehw-.

ó with Oscan puglum), Ancient Greek παῖς (paîs, “criança”)

< Pu-ber < Phu-pher < Ku-pher

 

 



Ver: LARUNDA, a deusa cobra dos lares latinos (***)



ESTÉTICA

Estética deriva «do francês esthétique», que, por sua vez, vem «do grego aisthêtiké, forma do adjectivo aisthêtikós», que significa «que tem a faculdade de sentir ou de compreender; que pode ser compreendido pelos sentidos».

Greek aisthetikos "of or for perception by the senses, perceptive," of things, "perceptible," from aisthanesthai "to perceive (by the senses or by the mind), to feel," from PIE *awis-dh-yo-, from root *au- "to perceive."

«Estética» hewisd- < *hew- (“ver, perceber” ) > ἀΐω (aḯō). Cognatos incluem sânsc. आविस् (āvís, “aberto, manifestamente, evidentemente”), latim audiō (“eu ouço”) e Hitita, u-uḫ-ḫi (“vejo”).

Quando um português rústico mal falante diz que tem «visto e *ouvisto» começa a gaguejar e a dizer *ouvo por «ouço» o que, além de falta de cultura gramatical, significa que estes dois sentidos se confundiriam facilmente no valor perceptivo da realidade dos falantes primitivos que facilmente confundiriam as brisas com sopros de espíritos e auras sobrenaturais. Por isso, não repugna muito fazer derivar a estética mais da percepção auditiva do que da visual ainda que tenha sido na visão que ela se tenha fixado em definitivo. No entanto não é convincente que o grego aísthēsis tenha muito a ver com o proto-indo-europeu *hewisd-.

Lat. Auris < proto-indo-europeu *hṓws. ó Inglês Antigo ēare (inglês ear), grego antigo οὖς (oûs) ó antigo eslavo eclesiástico, uxo ó (??? Chamorro, uho) ó irlandês antigo au.

Lati. Aura < Greg. αὔρα (aúra, “brisa, vento suave”) < Proto-helênico *auhrà < proto-indo-europeu *héwsr̥h (“ar da manhã”) < *hews- (“amanhecer; leste”) > ᾱ̓ήρ (āḗr).

Na verdade, se era a Aurora latina que trazia consigo os primeiros raios de luz na forma da «aura» invisível dos corpos que Eos, a equivalente  grega, trazia consigo e com o vento Zéfiro a brisa da manhã a que chamavam aura. Na verdade, nos tempos da mitologia de transmissão oral o ouvido era mais importante que a visão mas muita informação se perdia pelo caminho ao ponto de a primitiva mitologia da Deusa Mãe anatólica Aruru, de que os romanos receberam o nome da Aurora acabar entre os gregos como nome das auras. O resto do esforço de pesquisa a respeito das línguas proto indo-europeias é pura treta. De facto incluir nestas pesquisas a língua chamorro de base austronésia e malaio-polinésia, com influência espanhola falada na ilha de Guam e nas ilhas Marianas do Norte, na Oceânia e rematado disparate que denota o desnorte dos investigadores. Evidentemente que a etimologia do nome da deusa grega da aurora não é fácil de descobrir mas não ver no suposto *hews- (“amanhecer; leste”) o nome de Eos e precisar de uma contracção a martelos de prensa para ir da raiz da aura *héwsr̥hao ar grego ᾱ̓ήρ são saltos de trampolim demasiado perigosos para serem dados pelo comum dos mortais.

De facto, o grego clássico era um produto acabado resultante de uma longa evolução linguística que teve a última manifestação escrita no micénico anterior à idade das trevas gregas sabendo-se pouco do que aconteceu entre ambas e praticamente nada, dos falares minóicos que seriam muitos e variados espalhados por todas as ilhas do mar Egeu.

Ora, se ais-than-esthai significa “sentir” tal como se encontra no seu contrário que é a “anestesia” e que deu aisthêsis como sendo “sensibilidade ou sensação” é fácil de verificar que pelo caminho se perdeu -than- por contracção. Ora, tal deve ser uma parte importante da etimologia dum termo que na origem seria virtualmente *ais-than-esthêsis. De facto, quem nos pode garantir que a primeira sílaba deste termo, longamente aglutinante na sua origem, não fosse um mero onomatopaico relacionado com a sensação primária da dor na forma dum grito universal, Ai! 

Ishtanu (Hittite sun god) < Ish-Tan, lit. "a cobra de fogo" ou “filho da cobra lunar” < *Kaki-Kian.
 Então, o termo virtual *ais-than-esthêsis deveria ser Ai-sthan-esthêsis, onde, para «estesia», se deveria procurar à parte uma etimologia própria e para –sthan- já temos o astro e deus de toda a luz que era Ishtanu, o deus esposo de Arina (Hattic Eshtan, lit. “a casa de Ishtanu), a deusa do sol do país e dos povos dos Hatis e possivelmente uma contração do nome de Aruru-Ana.



Ver: OSÍRIS, O OLHO DE DEUS NO FUNDO DAS TREVAS (***)

domingo, 4 de março de 2018

DE AREZ A TOLOSA - (ADENDA A) OS DEUSES MARCIAIS, por Artur Felisberto.

 


Figura 2: Ares & Afrodite ou Arencio & Arencia.

(...)

Verethragna – Nome de origem persa para o planeta Marte. Artagnes – nome persa para o planeta marte Persian encontrada em vários locais ao redor da Turquia que já foram da Pérsia.



Verethragna < Ker-Thuar-Kina ó Artagnes < *Hartagnes

=> Cartagena > Cartago.

Assim sendo na lingua persa teria permaneido indícios de que Ares seria afinal o filho primogénito da deusa mãe Kertu / Kurija, da terra (Ki) de Creta.

DE AREZ A TOLOSA
 

A propósito do nome do deus grego da guerra aparece-nos a questão da sobrevivência do nome deste deus nas zonas colonizadas pelos gregos particularmente na Lusitânia. E é então que nos aparece o par de deuses lusitanos Arêncio e Arência que ainda faz parte de muitos gentílicos actuais portugueses o que demonstra a sua arreigada persistência popular.

“De facto, a distribuição destes nomes de divindade circunscreve-se à zona centro interior portuguesa, registrando-se ocorrências em Zebras, Fundão (…), Ferro, Covilhã (…), Rosmaninhal (…), Monsanto, Idanha-a-Nova (…), Ninho do Açor, Castelo Branco (…) e Sabugal, tendo o seu espaço cultual ultrapassado o actual limite político das duas nações ibéricas: o rio Erges. A norte da vizinha província de Cáceres, Arentius foi cultuado em Moraleja (…) e junto a Cória recolheram-se duas aras, ambas dedicadas ao par divino e ostentando o epíteto de Amrunaecus/-a (…).

Quanto à sua natureza, pouco se poderá dizer a respeito deste par divino, uma vez que a epigrafia não aporta qualquer elemento significativo para o esclarecimento desta questão. Por esse motivo, não se compreende que argumentos levam Alarcão (…) a considerar divindades guerreiras estas entidades que assume como próprias do complexo religioso dos Lusitani (…)

As formas registadas nas inscrições atestam a alternância da vogal intermédia, documentando-se Arantius/Arentius e Arantia/Arentia, sendo que a primeira delas, mais rara, se atesta aqui pela terceira vez. --- Um Monumento Votivo a Arância e Arâncio, Proveniente de Castelejo, Salvado, Rosa e Guerra.

Obviamente que se compreende que os arqueólogos se limitem a extrair ilações concretas apenas a partir dos factos colocados a descoberto mas se a ciência histórica se ficasse por ai de pouco nos serviria. Na verdade, compreende-se até muito bem que “argumentos levam Alarcão a considerar estas divindades como guerreiras (…) e próprias do complexo religioso dos Lusitani”. De facto a mera analogia fonética com o deus grego Ares da guerra está lá de forma gritante! Mas é a mesma tacanhez cultural que impede os etimologistas de ver no nome Arês, da localidade  de Nisa, o nome destes deuses...e do Ares grego.

Desse modo, é fato comprovado que não há referências ao culto aos deuses Arêncio e Arência na freguesia de Arez, nem na região do município ao qual pertence, Nisa, e nem mesmo em qualquer outro município do Distrito de Portalegre, no qual Nisa está localizada. Em se tratando, portanto, da hipótese de que o nome de Arez seria uma homenagem ao deus Arêncio, a partir do exposto anteriormente verifica-se que esta suposição é duvidosa e carente de comprovação nas fontes históricas atualmente disponíveis, tal como ocorre com as demais hipóteses aqui analisadas.

No entanto, devemos enfatizar que a hipótese não pode ser declarada inválida, ainda que, até hoje, ninguém apresentou meios de confirmar a possibilidade de ela vir a ser verdadeira. Avalio essa hipótese como sendo um tanto quanto forçada, talvez até mesmo forjada, na atualidade, por estudiosos puristas, cultuadores das tentativas de resgate da história dos deuses de tempos pré-romanos.

Esses estudiosos, talvez nostálgicos com tais cultos primitivos, enxergam referências àqueles deuses em todo espaço obscuro – ou ainda não explicado pela História lusitana – que dê margem a tais interpretações, e em se achando oportunidade para tal, como no caso do nome Arez, lançam suas hipóteses, ligando um tema ainda cercado de enigmas a possíveis referências aos deuses pré-romanos, provavelmente, na esperança de que suas suposições venham a se tornarem verdadeiras algum dia…-- AREZ E SUA ETIMOLOGIA E TOPONÍMIA, André Valério Sales.[1]

Este texto é de facto um mimo de cinismo pirrónico do tipo dos que se recusam a ver a realidade a um palmo do nariz por mera miopia cultural. Se é um facto racional que a hipótese (da relação de Arês com Ares) não pode ser declarada inválida então também aquela tese não pode ser declarada forjada sem o mesmo tipo de provas que se exige aos seus autores e muito menos depreciada como uma apelo nostálgico de deuses de espaços obscuros na “esperança de que suas suposições venham a se tornarem verdadeiras algum dia. Simplesmente hilariante! E no entanto este autor conseguiu acolher a ideia bizarra de que Arez de Niza poderia derivar de nome Francês de Arles. Obviamente que nem uma placa votiva a dizer Ares foi deus da guerra não é possível ter a certeza da origem do nome com base na mitologia mas obviamente que tudo aponta para tal.

Partindo-se dessa hipótese, atribuída pelo documento ao pesquisador Carlos Cebola, naquele início do Século XIII colonos franceses passaram a habitar a região de Nisa (antigamente, chamada também de Nissa), atendendo à necessidade de fixar moradores naquela parte desabitada da Península Ibérica.

Na medida em que fundavam seus povoados, batizavam-lhes com nomes de sua terra de origem, tal como ocorreu no caso de Nisa, que teria sido ocupada por colonos provenientes da cidade francesa de Nice, localizada no sul da França, próxima à fronteira com a Itália. A palavra Nice vem do grego (Nikaia), em italiano é grafada Nizza, e em provençal, antigo dialeto francês: Nissa.

E, por extensão, acreditam alguns estudiosos portugueses que o mesmo também teria acontecido com a freguesia de Arez (ou Ares), que teria sido edificada, segundo essa hipótese, por antigos moradores de Arles. As três localidades portuguesas citadas, Nisa, Tolosa e Arez, teriam sido batizadas, portanto, em homenagens a cidades do sul da França (Nice, Toulouse e Arles). -- AREZ E SUA ETIMOLOGIA E TOPONÍMIA, André Valério Sales.[1]

De facto os Franceses estiveram por cá desde pelo menos no tempo do marido de D. Tereza e muitos outros estiveram na cruzada que ajudou o rei D. Afonso Henriques a conquistar Lisboa aos mouros mas a construção de tantas localidades do concelho de Nisa por franceses dificilmente teria passado despercebida. Mas damos de Barato que Niza tenha tido origem francesa tal como Tolosa que era o nome provençal de Toulouse e que fez parte do reino visigótico de Tolosa que ia precisamente da Ocitânia onde tinha a capital e em Tulon porto marítimo mediterrânico e passava a norte na Tolosa espanhola basca (e ia até Sul de Espanha em Navas de Tolosa e Tolox em Málaga e possivelmente até à localidade de Tolosa do concelho de Nisa em Portugal) sendo assim dispensável a origem tardia deste topónimo. Se a Niza portuguesa tem a mesma origem de Nice francesa e ambas da Niceia grega, senão de Naxos báquica, a verdade é que Tolosa não tem etimologia certa o que significa que todas as especulações são possíveis como aconteceu com o nome da singela vila de Arês.

Que signifierait alors Tolosa? Dans l'état de la linguistique actuelle, notent Jean-Marie Pailler, Christian Darles et Pierre Moret, «rien de bien sérieux ne peut être avancé». On notera toutefois l'hypothèse qui ferait remonter son nom, du fait de sa racine en ‘tol', - très répandue dans la péninsule ibérique - à «l'idée d'un trou d'eau ou d'eau stagnante». Une référence toute trouvée pour faire écho aux étangs de Toulouse.

Pour d'autres, dans un grand lyrisme de mythologie antique, Tolosa, jadis la «cité de Minerve» (Palladia Tolosa) selon l’expression de Martial, ferait référence à la Tholos des Grecs, cf. les légendes de l'Or de Delphes à Toulouse.

Toulon s’appelait alors Telo Martius (de Telo: la déesse ligure des sources — ou du latin tolus: pied de colline — et Martius: dieu latin de la guerre).

La première mention du lieu, Telo Martius, figure dans l'Itinéraire d'Antonin (daté de la fin du IIIe siècle). La racine tol-on, reprise en occitan (teron/toron après rhotacisme), est très ancienne, probablement préceltique, et signifie "source, fontaine".

O tholos grego mais do que um túmulo ou templo circular foi também nome de “água suja de lama” depois também de menstruação ou tinta de chocos (sépia) e depois nome das «tulhas» circulares onde se guardava para fins de tinturaria deste épocas arcaicas possivelmente minóicas sendo possivelmente a partir destas «tulhas» de tinta de chocos que veio a semântica dos tholos clássicos de Delos. Ora, aceitando que a cultura celta é de origem minóica teremos que aceitar que a semântica mais próxima do conceito, tanto de Tulosa como de Tulon, seria a de sagrados recipientes com águas sujas de lama que quando barrenta seria considerada a menstruação da deusa mãe Terra, a que veio a ser Tellus romana. Assim aceita-se que a origem do topónimo Tolosa seja encontrada na raiz pré-indo-européia, ilirio-ligur, tol-, toll-, tul- ou tull-, e que significa o mesmo e o seu oposto (o que em etimologia mítica parece paradoxal mas corrente) ora “proeminências” fortificáveis ora lagos pantanosos. A mesma raiz está na origem de muitos outros topónimos, como Toledo ou as ocitânas Toulouse e Tulon...bem como da mítica Tule.

Tolus no glossário de Santo Isidro = redondeza elevada.

Lat. Talon = extremidade do corpo humano < Talus = calcanhar.

«Tola», 1 f. Chul. Cabeça; mioleira. (  tolo?) => «cartola» < cartula.

«Doido» / toldado / toleirão < Corominas sugere *tollitus (< latim tollere) > *toldo > doldo.

Daí que a semântica deste termo tenda a ser ambivalente, ora relacionada com fontes e poços como nos vários lagos lamacentos que rodeavam a cidade primitiva de Tulosa / Tuluse e depois espaços circulares aptos a fortalezas no topo de montes ou enquadradas por montes protectores cheios de fontes de água viva como em Tulon e Toledo. O arcaísmo deste termo deve remontar ao tempo dos minóicos ou micénicos se quisermos ver nestes a origem das civilizações mexicanas pois é um facto estranho que Tola em quichua significa túmulo.

Tola2. (Del quichua tola o tula). f. Ecuad. Tumba en forma de montículo, perteneciente a los antiguos aborígenes.

«Tolda» 1 f. O mesmo que toldo. Primeira coberta de uma embarcação. Armação de madeira, dentro da qual se empilham as maçarocas de milho, por forma que recebam o ar e se conservem sãs; espigueiro. *Prov. alg. O mesmo que tremonha. (Do ár. dholla). Tolda, 2 f. Acto ou effeito de toldar. *Turvação do vinho. -- Novo Diccionário da Língua Portuguesa, Candido de Figueiredo.

La palabra toldo procede del francés antiguo y dialectal tialt, taud, alcázar, espacio entre el palo mayor y la popa, voz de origen germánico; cónfer neerlandés medio telt, a. alemán antiguo zëlt, nórdico tjald, tienda.

«Toldo» cast., cat. y port., tuldo gall., toldoa base. Según Covarrubias y Diez, del lat. Tholus «la cupula del edificio, bóveda del templo.»

«Toldo» = Origen de la palabra: (Del ár. zulla, sombrajo.)

O «toldo» foi criado pela necessidade do ser humano para proteger-se do sol em lugares onde, por seus meios naturais, não era possível o abrigo da sombra e primeiro terá sido por ramos e folhas de árvores e arbustos, depois com peles de animais e mais recentemente por lonas e telas de linho. O seu uso era comum em mercados do mundo antigo e foram utilizados em sua forma inicial para proteger os alimentos e carnes nas feiras inicialmente na Índia e posteriormente nos países do Oriente Médio mas foram os romanos qye mais os vulgarizaram teatros e terraços das casas chamando-lhes velários por seguramente serem afinal adaptações das velas dos barcos. Apesar da simplicidade tecnológica do «toldo» e da sua origem remota e comum não há unanimidade relativamente à origem da palavra «toldo» porque para uns deriva da palavra árabe dholla e para outros teria uma origem germânica pelo francês antigo tialt, taud. No entanto, depois de consultar o “Tesoro de la lengua Castellana o Española escrito por Sebastián de Covarrubias y Orozco” verifica-se que Covarrubias mantêm a origem romana do toldo mas em vez de ser por tholus seria por tondus porque redondo seria o velário com que se cobriam os teatros romanos para protecção do sol. Em boa verdade a etimologia mais sensata seria indirecta como o termo «tolda» para turvação do vinho ou seja do verbo «toldar» ou «entoldar» que, esse sim, seria muito mais arcaico e relacionado com a turvação não apenas do vinho mas das águas sujas e barrentas relacionadas com os tholos gregos já referidos e que estariam na origem do nome das cidades, até agora referidas: Tulon, Tuluse a Toledo. Ainda em torno da semântica atascada de Tulosa como terra de atoleiros podemos analisar a relação deste nome com a etimologia dos «atoleiros» galaico-portugueses.

O castelhano tollo ‘lugar profundo num rio’, o português «atoleiro» ‘lodaçal, pântano’ e atolar ‘enterrar no lodo’ filiam-se no latim *TULLU, que se explica pela forma, provavelmente de origem etrusca, TULLIUS ‘corrente, veia ou jorro de água’. A confirmar esta etimologia está o regionalismo minhoto tola, sinónimo de talheiro, talhadoiro, pejeiro e cobradoiro — termos usados para designar as aberturas feitas nos regos para desviar as águas, de acordo com as necessidades de irrigação.

Joseph M. PIEL, “As águas na toponímia galego-portuguesa”, cit., p. 314-315. J. Leite de VASCONCELOS, “Dialectos interamnenses”, cit., p. 60, sem aludir à sua etimologia, também refere a tola da água como a ‘parte do rego onde há muitas roturas para sair a água’. Cf. GEPB, vol. 31, s.v. TOLA3; e Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, cit., s.v. Tola2, considerado de origem obscura, mas a que é também atribuído o sentido de ‘pequeno sulco ou rego natural’.

Por isso é que quando os rios iam secos ou quando se mergulhava neles se encontrava o «entulho» que obviamente corresponde também ao conteúdo das «tulhas». E é então que mais uma vez vamos encontrar divergências entre os gramáticos relativas ao termo «tulha» que noutros pontos destes estudos foi relacionada com o culto da deusa Tellus / Tella seguramente a mesma que Marcial identificou em Tuluse como sendo Palladia Tolosa.

Tulha f. Lugar, onde se ajunta e deposita a azeitona, antes de ser levada ao moinho. Casa ou compartimento, onde se depositam ou guardam cereais em gruas. (…) (Do lat. tudicula).

Tulha = De um proto-céltico *tullos, (buraco); confronte-se com as palavras asturianas: tollu, toyu e tuña, aparentado com o basco zulo (buraco, toca).
Tullonio: Genio protector del hogar y la familia.

Tullonio é um deus derivado do nome gentílico Tullonica e que, por isso, poderia ser Tullo-nia cognata de Tellus ou relacionado com Mars Tillenus e com Tello, a deusa celta das fontes e nascentes.
Tullonica < Tullonio ó Mars Tillenus.
Tulha < tullia < Tullonio/a > ti(d)icla < tudicula < Lat. tudes = martelo, prensa.

Obviamente que a derivação pela via latina é frouxa e seguramente que «tulha» resultou da confluência da via latina enquanto relacionada com lagares de azeite e do proto-celta *tullos enquanto buraco ou toca onde se armazenavam alimentos e estes da semântica antes referida para fundos entulhados dos rios.

De passagem verificamos que todo este percurso semântico nos obriga a passar pelo verbo latino tollō (infinitivo infinito tollere, substantivo ativo perfeito, supina sublātum) e a ferô, ferre, tulî, lâtum.

É óbvio que o latino fero vem do verbo grego phero, o que significa quase o mesmo. As duas últimas partes estão de fato relacionadas entre si, mas têm uma origem separada dos dois primeiros. Em um latino muito antigo, a quarta parte principal era tlatus, mas, ao contrário do grego, o latim eliminava as sequências de letras difíceis e foi encurtado para latus. Tlatus e tuli são certamente antiquados, mas pelo menos eles parecem parecidos um com o outro. Estas terceira e quarta partes principais são do verbo tollo, tollere "levar" e estão relacionadas ao tolero, tolerar "suportar, tolerar", ambos obviamente semelhantes em termos de fero, ferre "carregar, transportar".[1]


Tuli < Te-tuli < Tellus.

Latum < Tlatum < τλάντος (tlántos)< Te-Lant(os) < Ate-lant(os) > Atelas

> Atlas.                                           >tala-síphrōn < (tól-ma) (tolmáō).

Farther cognate with Ancient Greek τλάντος (tlántos, “bearing, suffering”), τολμέω (tolméō, “to carry, bear”), τελαμών (telamṓn, “broad strap for bearing something”), Ἄτλας (Átlas, “the 'Bearer' of Heaven”), Lithuanian tiltas (“bridge”), Sanskrit तुला (tulā, “balance”), तुलयति (tulayati, “lifts up, weighs”), Old English þolian (“to endure”) (English thole), Old Armenian թողում (tʿołum, “I allow”).

Em conclusão, o étimo tol- tanto pode estar relacionado com o tol- celta dos locais altos, claramente relacionados com Tellus e a sua relação como os verbos de transporte das almas, ou das arribas como nos «talude» ou com a «tola» das cabeças que quando de «tôlos» de pensamento são como os «toldado» pelo vinho (de que pode derivar a semântica dos «toldos» ensombrados) por analogia com os poços e lagos entulhados de detritos barrentos de que a etimologia da tulha colhe semântica na mesma ordem de linguagem.

Quanto a Arez afirmar que seria proveniente do nome francês da cidade de Arles parece uma proposta forçada.

Le nom de la ville s'écrit Arle en provençal. L’origine d’Arles est gauloise "Arelate" qui provient des termes are, «devant les» ou «près de» et de latis, «marais » ou «fleuve», le toponyme signifiant ainsi la ville «du fleuve et du marais». C'est comme le toponyme Lat-tara du nom de Latera, le site archéologique proche de la ville de "Lat-tes".


Arle < Arles < Arales < Ara-lu> Ar-La-| tes ó Tera | > Lat-tara > Lattes.

                                                   < Kaura-lu > Karalium

Aren-tius < Haran-Ti < Kaur-an-te ó Kur-tiu > Kaur-ish > Hauris

> Arês > Ares ó Areco > Arego.

Já a suposição de que Arez viria do nome do deus Arêncio é muito mais plausível.

Arencio (Arengiotanginaeco, Arentio, Arentius, Arantio) – Deus da Guerra e nacional dos Lusitanos. Representa a força. Juntamente com sua esposa a Deusa Arencia formam o par divino principal dos Lusitanos.

Arus (Aro) – Deus Lusitano da guerra equivalente ao Ares grego.

AR(-ENGIO-TAN-GINA-)ECO

Os Arez apresentam desde o século XVI uma maior concentração no Algarve (…). Encontram-se Arezes também no Alto Alentejo (…). No Vale do Sado os Arez terão sido proprietários do Monte do Arez, ao pé de Vale de Guizo, com cujos Morgados tiveram alianças matrimoniais. (…)

Nalgumas bibliografias os Arezes aparecem como cristãos velhos, noutras como cristãos novos e com problemas com o tribunal da inquisição.

Não devemos esquecer também que as fontes hebraicas reconhecem Arez ou Arês o que interessa é o valor fonético como uma palavra hebraica do Torah com significado de "terra fértil" ou "terra própria para receber semente" "terra arável", ou eventualmente o proprietário dessa terra...lavrador. Por isso mesmo é que em basco «artale» significa milho e cereal. Os deuses da fertilidade agrícola eram invariavelmente os deuses da guerra e as deusas do amor, ou seja Marte e Vénus entre os romanos e Ares e Afrodite entre os gregos e possivelmente Arêncio / Arência entre os lusitanos.


Arez é um patronímico muito comum de que derivou o gentílico Arezes pelo que é quase seguro que o deus Arêntio só tivesse este nome na região de Portalegre sendo Aro e Arez a sua designação mais comum ou talvez *Areco de que derivou «arisco» e de que ficaram os antropónimos Aresco, Aréco / Arincho bem como o topónimo das Caldas de Arego para onde os guerreiros de Pesures na região da actual Régua se iam recuperar das feridas de batalhas conduzidas em nome deste deus da guerra. Em Espanha na região da Catalunha existe a cidade de Arse / Sagunto.


Figura 2: Obverse Description: Hercules head left, club on right shoulder, star before. Reverse Legend: ARS-Ki-TaR, Man-headed bull standing right, bearded head facing, crescent before.

Saguntian coins are abundant, but there is disagreement on their chronology. The most ancient coins are of silver and give the name of the city as ARSE-ETAR (of the people of Arse), ARS-GIDAR (silver of the people of Arse?), and ARSA-GISGUEGIAR in Iberian. There is only one known specimen with ARSESKEN (of the people of Arse). The heavier of these coins probably date from 212 to 195 B.C., the lighter from 195 to 94 B.C. On the face is the head of Pallas or Hercules, and on the reverse, a bull. Towards the middle of the 2d c. B.C. the reverse shows the typical Iberian horseman and the inscription ARSE. On bronze coins the prow of a ship replaces the horseman about 133 B.C., but the Iberian ARSE remains. Shortly thereafter the bilingual ARSE-SAGUNTINU appears, and later only the Latin inscription SAGUNT.

Arse (leyenda monetal, siglos III -II a. de C.). Otro nombre de Sagunto. Podría proceder del ie. *ers-, ars- ‘fluir’ (Pokorny, 1959, 336; Villar y Prósper, 2005, 112, 142). Sin embargo, hay antropónimos ibéricos en Ars- (Velaza, 1991, 35) que dejan la posibilidad de un origen ibérico. Encontramos topónimos Arsa en la Bética y Arserris en Aquitania (CIL XIII, 95). TOPONIMIA ANTIGUA DE CONTESTANIA Y EDETANIA, ANCIENT PLACE NAMES IN CONTESTANIA AND EDETANIA, Dr. Leonard A. Curchin, Dept. of Classical Studies, University of Waterloo.

Se o símbolo mais comum do reverso das cunhagens saguntinas parece ser o touro, que justifica as legendas das moedas ARS-Ki-TaR e outras variantes, possivelmente mais ortográficas que fonéticas, parece que o motivo mais expressivo das moedas posteriores era o cavaleiro armado com uma lança enquanto na face aparecia quase invariavelmente Hércules que os fenícios identificavam com Melkart, o senhor da cidade. Porém, só a teimosia da fazer derivar nomes de deuses e cidades de raízes fonéticas banais necessariamente indo europeias justifica a miopia da etimologia clássica. De facto de a origem do nome do antropónimo Ars- fosse estritamente ibérico seria facilmente derivado pelos etimologistas tradicionais dos falares bascos com os quais pode estar relacionado, mas pelos visto não ao ponto de ser facilmente audível pelo senso comum dos eruditos, porque o basco «ertz», que significa “limite”, pode estar relacionado com os muros das fortalezas militares aparentemente implícito no nome primitivo de Sagunto.

La ciudad de Arse-Saguntum tiene un área de influencia en el territorio que la rodea, con 24 yacimientos ibéricos, entre los que el de Arse destaca por su tamaño. Situada en la loma del cerro, la población ibérica de Arse podría tener una extensión aproximada de unas ocho o diez hectáreas y estaría protegida por un doble recinto defensivo: con una muralla exterior fechada a mediados del siglo IV a.C. y una muralla interior perimetral, que aumenta las defensas de la ciudad.

Se Mel-Karte seria um epíteto fenício de Hércules com o significado de senhor da cidade então Kartu seria sinónimo de cidade ou fortaleza militar de que derivou o «ertz» basco da que derivou também o «horto» enquanto horta ou courela que fornecia os alimentos às cortes de melicianos e depois a cidade amuralhada. A tradição clássica não é segura quanto à origem do nome primitivo da cidade de Sagunto.

"Mientras los romanos deliberaban y preparaban tales acciones, Sagunto sufría un fuerte asedio. Esta ciudad era con gran diferencia la más rica al sur del Ebro, situada a casi mil pasos del mar. Eran oriundos, se dice, de la isla de Zante y con ellos estaban mezclados incluso algunos del linaje de los rútulos de Árdea. De todas formas, en breve tiempo consiguieron una gran prosperidad tanto por el comercio marítimo y terrestre como por el aumento demográfico y por la integridad de su conducta, pues cultivaron una lealtad propia de aliados hasta su destrucción." Tito Livio (Historia de Roma, XXI 7-8).

Influenciado pelo seu nome indígena, Silius Italicus (Punica 1.271) e Tito Lívio pensaram que foi fundada por colonos de Ardea, enquanto Strabo (3.4.6) e Plínio (16.216) associa o nome de Sagunto a uma hipotética colónia jacíntica, o que nem em teoria é sustentável pois o mais provável é que Sagunto esteja remotamente relacionada com o nome da deusa mãe suméria Nin-kur-sag.

Arse (alta fortaleza) mudou seu nome para Sagunto depois da guerra púnicas e esses dois nomes levaram à teoria de que já havia desde a origem duas cidades, uma ibérica no topo da montanha e outra romana na planície o que pode não parecer provável mas é para já a única explicação para a coexistência dos dois topónimos na mesma época clássica. É possível que Tito Lívio tenha alguma razão quando relaciona Arse, o nome primitivo de Sagunto, com colonos túrdulos da cidade latina de Ardea que nas metamorfoses de Ovídio aparece relacionada com as Garças…apenas porque estas se chamavam Ardea em latim ou porque eram aves sagradas de Circe tal como o cuco foi de Hera e o pavão de Juno. Na verdade Ardea é literalmente a deusa *Arde, ou seja a cretense Kurija, deusa da coruja e por isso variante de Atena, e foneticamente mais próxima de Circe, Cibele e Ariadne ou Arina, a deusa do sol dos Hatis, todas senhoras das cidades fortificadas e por isso relacionadas com cultos marciais.

Arez é um nome masculino curdo e arëz significa, em albanês, zangão.

O nome do deus Ares estaria relacionado com o culto infernal da deusa Erechquigal e seria seguramente uma variante de Iskur o deus sumério das tempestades e da guerra e de cujo feminino deriva Istar. Deste deriva seguramente o nome Arash ou Âraš,o Archer (em persa Âraš-e Kamângir) que é um herói da mitologia persa. Não muito distante, etimologicamente, da vila alentejana de Arez está o nome da cidade francesa Arès (Gironde), da cidade italiana Arécio < Arezzo < Lat.Arretium, da cidade albanesa Arza e da cidade marroquina El Araich, da cidade egípcia Al-Arixe e outra no Quatar, e ainda a cidade nepalesaAresh.

Arès (Gironde) = Le toponyme est attesté sous les formes anciennes Areis, Arez  ou Arets au XVIIIe siècle. L'église d'Arès était située au lieu-dit Les Arroques.

Arza (en albanais: Arrëz) est un village de l'est du Monténégro, dans la municipalité de Podgorica.

Larache (also El Araich; Arabic: العرايش; Berber: Leɛrayec or Aɛrich: the attic or shed) is an important harbour town in the region of Tanger-Tetouan-Al Hoceima in northern Morocco.

Al-Arixe (forma vernácula para o árabe العريش al-Arīx, "vinha") é a capital e maior cidade da província egípcia do Sinai do Norte.

Arish is distinguished by its clear blue water, widespread fruitful palmy wood on its coast, and its soft white sand. (…)ʻArīsh means "palm huts" in Modern Standard Arabic.

Al `Arish (Arabic: العريش) is an abandoned village in Qatar, located in the municipality of Ash Shamal. Arish, an Arabic term, refers to palm trees; it was named so after palm trees growing in the area which shaded the entire village.

É interessante constatar que o verbete "alarixe" seja considerado no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, como significando vinha enquanto os ingleses traduzam como cabanas de ramos de palmeira de acordo com o “Modern Standard Arabic”. Sendo assim, ficamos com a ideia de que, desconhecendo a cultura árabe os vinhedos, quando os árabes invadiram a Espanha deram às vinhas os que encontraram na Península o mesmo nome que na civilização caldeia se dava à tamareira enquanto “árvore da vida”. A importância da árvore da vida nos cultos guerreiros fica óbvia quando relacionada com o fabrico de bebidas alcoólicas que foram desde os primórdios destes cultos a base das poções mágicas que davam força e ânimo aos guerreiros.

Num estudo sobre a deusa suméria da fruta deparamos com a evidência de que esta era Istar, deusa da fertilidade que era irmã de Erechquigal. Por outro lado sabemos que a Astoret judaica e fenícia era adorada como sendo ora uma cepa de vinha ora um tronco de palmeira ou de cedro ou outro símbolo da árvore da vida.

Esta deusa infernal estava relacionada com os subterrâneos telúricos e por isso com o nome hebraico da Terra que assim se relaciona com o da cidade alentejana de Arez tal com outras cidades de nome semelhante.

Haaretz (en hebreo: הָאָרֶץ, "La Tierra", en referencia a la Tierra de Israel) es un periódico israelí fundado en 1919.

Mas, tal como a terra tem tanto um aspecto profundo, telúrico e subterânio como tem também um aspecto elevado e montanhoso natural será encontrar nomes semelhantes em nome de serras como é o caso da portuguesa “Serra de Aires” e outras espalhadas pelo mundo fora particularmente em locais próximos da cultura suméria.

Les monts d'Arrée (Menez Are en breton) sont un massif montagneux ancien de la Bretagne occidentale faisant partie du massif armoricain.

Aret-Arish is a mountain and is located in Gash Barka, Eritrea.

Kūh-e Āgh Arīsh is a mountain within Iran and is nearby to Kūh-e Ālmālī Dāgh and Darreh-ye Qūrī Dāsh Darrehsī.

Kōh-e Arish Kachī, mountain in Afghanistan.

Como o deus Ares não seria senão Is-kur ó Kur-ish, o Couro ou Kauros da terra mãe também não pode espantar que esteja presente no nome da “Serra do Gerês” e na região espanhola do Xerês, por sinal famosa pelos seus vinhedos que os árabes identificaram como al-Arīx. Se este termo não é reconhecido pelo árabe moderno padrão como que aparece num verbete de um dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa? Seguramente porque este termo com esta conotação não é usado no mundo muçulmano mas seria usado pelos moçárabes e estaria relacionado com as vinhas de Jerez de la Frontera ali introduzidas pelos fenícios segundo Estrabão quando fundaram Cádis por volta de 1100 a.C. e que, mesmo com a proibição corânica ao consumo de bebidas alcoólicas, o domínio árabe manteve com a desculpa da manutenção da produção de passas e de álcool com fins medicinais.








[1] It's obvious fero comes from the Greek verb phero, which means about the same thing.

The last two parts are in fact related to each other, but of a separate origin from the first two. In very old Latin, the fourth principal part was tlatus, but unlike Greek, Latin eliminated those difficult sequences of letters and it was shortened to latus.

Tlatus and tuli are certainly odd looking, but at least they appear similar to one another. These third and fourth principal parts are from the verb tollo, tollere "to lift, take away" and are related to tolero, tolerare "to endure, tolerate", both obviously similar in meaning to fero, ferre "to carry, bear".