domingo, 9 de junho de 2013

PANASQUEIRAS HILARIANTES DA MAGNA MATER, por artur felisberto.

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Figura 1: folias e panasqueiras gregas hilariantes.

What precipitated the transition from goddess religions to god religions is still subject to much debate and controversy, but the adoption of a sedentary lifestyle because of agriculture may have fundamentally reoriented society towards patriarchal organization and the subsequent rethinking of goddess religions. It is certain, however, that urbanization dramatically precipitated gender inequality as human life suddenly assumed a double quality: public life and private life. The domination of public life, that is, administration, rule, and military organization, by men certainly produced a reorientation of religious beliefs. The Cretans, however, do not seem to have evolved either gender inequality nor adapted their religion to a male-centered universe. The legacy of the goddess religion seems to still be alive today. Both Greece and Crete are Greek Orthodox Christian. In Greece, however, only women regularly swear by the name of the Virgin Mary, while in Crete both men and women swear by her name, particularly the epithet, "Panagia," or "All-Holy."

Panagia < Pan-| Hagia < Kakia | < Pan-Hagist > panahistos > panasichos

> « panasca», legítimo equivalente semântico de «maricas» e maricon

< «maricas» < marisha, lit. “filha do mar”, ou mariazinha,

substituto da verdadeira Maria, em teatros e no mar alto!

Maricon seria uma forma ainda mais sarcástica com que a gíria se referir uma mariazinha do sexo masculino.

Hag-isteuô, perform sacred rites, < hag-istos, ê, on, hallowed, Et.Gud. s.v. hagisteia. > hagios, devoted to the gods: I. in good sense, sacred, holy. II. in bad sense, accursed, execrable.

A panasquice dos cretenses antigos ficou famosa e vá lá saber-se se tal se deve ou não à influência do arcaico matriarcado que tenderia a deixar escapar de quando em vez uma certa influência efeminizante da educação dos jovens de sexo masculino. De qualquer modo o actual culto cretense de Panagia pode corresponder a uma sobrevivência dum culto muito mais arcaico da Deusa Mãe que por ter andado mais ou menos notoriamente relacionado com a homossexualidade dos curibantes dos cultos ululantes de Cíbele pode ter criado no resto da cultura helénica uma reacção de ridicularização de tal modo que Panagia pode ser a origem de «panasca».

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Figura 2: folias Dionísícas gregas.

Cíbele era a mesma que a Magna Mater dos latinos cujas festas eram denominadas Hilárias.

Hilaritas < Hilar-thias, lit. “deusa Hilar”, Senhora da «hilaria», a festa da alegria e do riso; da hilaridade e da gargalhada!

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Figura 3: Hilaritas is the personnification of cheerfulness, rejoicing and mirth. She is usually seen holding Cornucopiae and a long palm.

Hilaria (sc. hiera), ta,= Lat. hilaria, festival of rejoicing in various cults, e.g. Isis,; esp. of Magna Mater. <= [Greek] hilaris, e, and hilarus, a, um, adj., = hilaros [cf. Sanscr. hlâd, rejoice; Gr. chlaros; Engl. glad], cheerful, of good cheer, lively, gay, blithe, merry, jocund, jovial.

Attis' death and subsequent rebirth into his mother's celestial kingdom as an 'Eternal Boy' was celebrated annually in Rome during the three day period of:

March 24 (Dies Sanguinis - 'The Bloody Day'), March 25 (Hilaria - 'The Day of Joy'), and March 26 (Requietio - 'The Day of Rest'). These dates correspond with the spring equinox and represent the exact period of Rhodes' own physical decline and eventual death on March 26. And it was quite possibly on Dies Sanguinis itself that he passed on his symbol-laden dagger to the Cape Coloured artisan - Attis doubtlessly used a similar instrument for his self-castration. [1]

Hilária <= Hil (>Engl. Hill = monte) < Kyr > *Kyrias, as festas pascais da Senhora do Monte que era Cibele.

Dos gritos destas festas pode derivar o grito cristão do Kyrie Eleison…e a saudação nazi!

«Hilário» é seguramente um nome que deriva do nome dos jovem «caloiro» e «hilário», romeiro das festas Hilárias.

Por isso é que a academia de Coimbra inventou o fado «Hilário», que teria sido seguramente uma arcaica ou antiga alusão aos folguedos das caloirices hilariantes coimbrãs:

O Hilário disse um dia

Que ninguém será formado

Quando a velha academia

Deixar de cantar o fado!

Enfim, caloirices e paneleirices podem ocorrer na mesma altura e são tudo a mesma confusão!

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Figura 4: Convites para as folias académicas e platónicas gregas.

Ora bem! Não e fácil entender a etimologia do termo «paneleiro» nem mesmo atendendo ao facto de que os vasos gregos foram ricos em pinturas com este tema.

«Paneleiro» = s. m. fabricante ou vendedor de panelas de barro; • oleiro;• (vulg.) pederasta;• homossexual.

Já o facto de ter sido culturalmente corrente na antiguidade clássica aceitar a origem helénica desta moda, que aliás os gregos atribuíam aos estrangeiros (Ai, quem dera que o mal fora sempre um exclusivo alheio!) pode ser a origem do termo mas, ainda pela relação mítica com Pan, o deus de desejos desenfreados e de gostos nem sequer um pouco esquisitos. Sendo o vício mais fácil de apanhar nos ginásios e balneários, seria muito espalhado entre os atletas pelo que, durante os jogos pan-helénicos a loucura divina seria total!

Os jogos pan-helénicos seriam também conhecidos por festas de Pan.

Então, *Pan-halias e os romeiros destas festas seriam os *Pan-halia-lus.

*Pan-halia-lus > *Panaliarios > «paneleiro!

Porém o mais seguro é que os «paneleiros» fossem os coribantes, eunucos e efeminados dedicados aos cultos de Cíbele e Magna Mater que seriam denominados pan-hilarios, ou seja os que transportavam os falos nas hilariantes festas hilárias.

Pois bem, Pan foi seguramente um deus da luz porque o seu epíteto Hylaeos o aproximava dum deus solar como Hélio.

“Enquanto as flautas tocavam, os tambores batiam, e os padres se castravam com facas, a excitação religiosa espraiava gradualmente como uma onda entre a multidão de espectadores, e mais do que uma pessoa fez o que mal teria pensado fazer quando veio ao festival apenas como espectador de feriado. Pois, homem após homem, com a palpitação da música nas veias, os olhos fascinados pela visão do sangue fluindo, saltado adiante se despiram aos gritos e agarrando uma das espadas que já estaria por perto e pronta de propósito, se castraram naquele mesmo lugar.

Mas assim que noite caiu, a tristeza dos adoradores virou alegria. Pois de súbito uma luz brilha na escuridão: o túmulo foi aberto e estava vazio: o Deus tinha ressuscitado; e assim que o padre tocava com bálsamo os lábios dos veladores chorosos, ele sussurrava suavemente aos seus ouvidos a alegre novidade da salvação. A ressurreição do deus era saudada pelos seus discípulos dele como uma promessa que também eles sairiam triunfante da corrupção da sepultura".

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Figura 5: Cenas de proxenetismo, homossexualidade e pedofilia, num vaso grego.[2]

Na amanhã, no dia 25 de Março considerado o equinócio da Primavera a ressurreição divina era celebrada com uma explosão selvagem de euforia. Em Roma, e provavelmente em outros lugares, a celebração tinha e forma de Entrudo. Era o Festival da alegria (Hilaria). Uma licença universal prevalecia. Qualquer homem poderia dizer e fazer o que lhe desse na real gana. As pessoas andavam nas ruas sem disfarce. Nenhuma dignidade era demasiado alta ou por demais sagrada para que o cidadão mais humilde não a pudesse assumir com impunidade.

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Figura 6: Cenas sequenciadas, quase em banda desenhada com legendas de prostituição homossexual, que desacreditam a tese da homossexualidade grega de postura sexual baseada exclusivamente nas diferenças de idade. (Desenho de vaso grego da obra “Griechische und etruskische Trinkschalen des Königlichen Museums zu Berlin” de Eduard Gerhard).

Como estas festas (hilarias) tinham a forma carnavalesca das arcaicas festividades rústicas de fertilidade agrícola em honra de Saturno, de Dionísio e do atrevido e travesso Pan e como eram de alegria (gay) total e geral (pan-ta em grego) podemos inferir que elas foram entendidas na Lusitânia como sendo festas de alegria geral ou seja, *Pan-hilarias e os seus participantes eram *pan-hilarios que com o tempo evoluíram para «paneleiros» muito antes das modernas e anglo saxónicas festas de alegria gay que já pouco ou nada têm a ver com a gaia ciência.

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Figura 7: Simpósio etrusco com uma rara cena de erotismo homossexual. De facto, os estruscos, se não partilhavam por origem comum, copiavam quase todas as práticas culturais da Magna Grécia. No entanto, em relação à homossexualidade revelavam-se comedidos e mais patriarcais do que os gregos.

Como todos os termos de calão se aguentam numa língua pela profunda e enraizada tradição popular há que entender como é que foi que o nome da pederastia passou a ter a par do específico «panasca» e «panaca» o nome comum de fabricante de panelas que para evitar confusão pode passar a «panilas»!

Na verdade a conotação da pederastia com «paneleiros» e fabricante de potes e panelas de barro pode ter aparecido porque a pederastia seria frequente entre os artistas de olaria e pintura de cerâmica como o comprova a vasta iconografia homossexual de vasos gregos.

Outro reforço de conotação fonética seria o termo dórico para a pederastia iniciática, comum entre os espartanos que as regulavam por leis severas e lhe davam o nome inspirador de eispnelas (= mentor e inspirador).

Eispnelas < esp-henalas > spanilas > «panilas» <= (que faz) «panelinha»

=> «paneleiro» < *Pan-hilario.

De Pan surgiria o «asco» cristão aos «panascas», genérico que assim derivou do próprio nome das festas dionisíacas (Ôskhophoria = Pan Ôskho > «panasca»)!

«Asco» < Lat. ascra, escara + oso = ascoroso donde asco, por deriv. regres. ou Ár. hasc. repugnância ou Gr. aíschos, fealdade ? s. m. nojo; • aversão;• rancor;• antipatia. Aischos, eos, to, shame, disgrace, Hom. Sol.3, etc. 2. in pl., disgraceful deeds. II. ugliness, deformity, of mind or body, etc. ; ai. peri tên katêxin Hp.Art.14; ai. onomatos  Aischros, a, on, also os, on APl.4.151 : (< aischos):-- ·  in Hom., causing shame, dishonouring, reproachful, neikessen . . aischrois epeessin etc. Adv. aischrôs, enenispen au = II. opp. kalos: [3]

Claro que o significado primordial de aíschos terá estado com Homero e relacionado com “feitos militares vergonhosos” e não com a metafórica fealdade por deformidade física de Platão! Obviamente que ambas as situações podem provocar a mesma reacção de repulsa psicológica e evitamento relacional implícito no actual conceito português e daí a possibilidade de confusão, que já viria não apenas de Platão mas, de todos os escritores da boa vida burguesa mais recente, entre a vergonha por desonra moral e, por «escara» ou aleijão!

Mas além de aíschos, aliás aischos, o grego tinha também aischros e aischrotês termos suficientes para deles derivarem «asco, escaras e asqueroso» sem que fossem necessários os malabarismos das etimologias regressivas propostas pelo dicionário Universal da Texto Editora.

«Asco» < «acroso» < «ascoroso» < «asqueroso» < Lat. ascra, escara + oso

= ascoroso donde asco, por deriv. regres. ou Ár. hasc. repugnância

ou Gr. aíschos, fealdade ou Gr. aischrotês (>/ *escrotesco >/ «grotesco») = ascrosice!

(Notar que a incerteza da etimologia deste termo luso só pode resultar de académicos pouco atentos ao grego porque o termo não deve ter sido trazido pelos latinos mas pelos gregos porque a intensa vida evolutiva que tem tido na língua lusa só é compatível com uma longa ancestralidade deste termo).

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Figura 8: Da folia olímpica só para homens à panasquice ia o “salto duma cobra”!

Of things, evil, pernicious, freq. in Hom., etc., as daimôn, thanatos, moira, aisa, kêres, nousos, helkos, pharmaka, odunai, abusive, foul, Paul.Al.M.1. -- Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Grek.

De resto o grego teve um vasto léxico relacionado com as variantes regionais próprias duma civilização antiquíssima desde os arcaicos tempos cretenses e micénicos e que, pela particular geografia, criava nichos culturais por tudo quanto era insular e península! A este propósito refira-se que os típicos shame, shameful, shamefully da língua inglesa só podem ter derivado de semântica idêntica.

Engl. shame < sc(e)amu < (schêma) < Grec. aschêm-ôn, on, gen. onos, misshapen, ugly.

Pois bem, parece que a raiz de todos estes termos seria mesmo *aischo- de que aisch(o)-ros seria era uma forma adjectiva com suprelativo em aischo-teros.

Regul. Comp. and Sup. -oteros, -otatos are late, elsewh. aischiôn, aischistos (formed from a Root aischo-), double Sup. aischistotatos, Sup. aischistôs Mnasalc. -- Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Greek.

Ora, se a raiz semântica indubitável destes termos teria sido *aischo-, quase o português literal «asco», então importa descobrir a etimologia deste.

Semanticamente refere-se acima que Aischros, seria antónimo de kalos. A tentação de arriscar que estamos diante duma oposição entre o «sol diurno» Kul[(os) < Kur > *Kar] e o «sol nocturno» do fogo dos infernos Iscur [> Ask(u)ros >] Aischros é grande mas fiquemo-nos pelo conceito mítico que lhe é subjacente e muito mais arcaico que é o nome do primevo deus do fogo, da morte e da escuridão medonha dos infernos que foi Kakos.

Entre os latinos Cacus era ainda um deus reconhecido ainda que relativamente excrementício! O pedantismo grego tinha-o já transformado num demónio da morte, da desgraça da má sorte da doença e da fealdade!

Ora bem, é então que conseguimos compreender o termo «panasca».

Acho- < *aischo- < Hahishus

< *Kaku-ishus, lit. filho de Kakus, um diminutivo do Grec. kakos (= feio).

O medo era «asco» porque derivado de ash o fogo dava segurança aos humanos enquanto metia medo aos animais selvagens! Assim sendo o fogo foi antes de mais um factor de poder humano sobre os animais e um símbolo obvio de potência sexual pela mais que natural conotação com os anseios sexuais que de calafrios passam a «*calaquentes» com o ardor dos amantes apaixonados e nos sexos entumecidos pelo desejo.

Um reforço desta semântica resultaria do facto de evidência objectiva de a vergonha desonrosa que estava na semântica inicial do *aischo- homérico determinar o mesmo rubor facial do calor das fogueiras, sobretudo quando sexualizada!

Uma destas vias de desonra sexual, encontramo-la, qual fóssil semântico, no termo aischrotês que parece ter sido eufemismo felácio e ter a sonoridade que pode ter levado à adopção do termo luso «broche» por simpatia fonética! Num ambiente de caserna o «pajem» que fazia broche de conveniência ao seu “senhor da guerra” não poderia senão ser motivo de chacota, vergonhosa desonra pela atitude de submissa e subalternidade que o facto patenteava.

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Figura 9: *Panascálias.

Aischrotês, feiúra, deformidade. Conduta imunda; euphem. para fellatio, Sch. -- Liddell-Scott-Jones Lexicon de grego Clássico.

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The word “askos” translates in Greek to a sack made from an animal hide. Goat skins were used for holding wine but the skins of smaller animals were used for holding oil. It is widely believed that the askos, which first makes its appearance near 490 BC, served in antiquity as an oil container, perhaps eclipsing the popularity of shapes such as aryballoi and alabastra. Dietrich von Bothmer has suggested that while the askos may have contained oil, it is also likely that it contained vinegar and was used in conjunction with the lekythos, literally, as oil and vinegar containers on the Athenian table.

Figura 10: Attic Red-Figure Askos.

Kako-sitia, Ion. -iê, hê, = lack of appetite.

Porém, tal postura só se tornaria verdadeiramente «asquerosa», no sentido moderno e moralista do termo, que já começava a ser a do grego da época clássica, se o jovem pajem não conseguisse disfarçar o prazer que a perspectiva de ter que fazer um felacio lhe provocava nas cores do rosto quando se contavam anedotas de caserna. Mas, uma das atitudes mais comuns dos jovens iniciados nestas urgências sexuais de depravados guerreiros separados do lar seria, tal como continua a ser por razões fisiológicas óbvias, o «vómito»! Assim se compreende que o asco sexual pelo felacio tenha adquirido muito cedo conotação vomitiva. Pois bem, ainda antes da formação do termo *aischo-, ou mesmo do descarado eufemismo para o felacio aischrotês, já os gregos tinham um conceito relacionado com dispepsia que precede o vómito kakos-itia, coisa feia como caca, com uma estrutura étmica semelhante: kako-(sitia, Ion. -iê) < Kaki-istia < *Kaku-ishus.

Assim, se asco em sentido técnico moderno significa aversão vomitiva quiçá não seria assim na origem deste termo, mas sim num universo semântico comum muito mais arcaico.

Que teriam estes conceitos a ver com os vasos gregos denominados «ascos»?

O facto de serem vasos de azeite que como todas as gorduras é naturalmente enjoativo e se saber que quando ingerido puro e em quantidade tem efeito vomitivo em crises dispépticas pode ter sido a causa associativa da fixação da semântica dos «ascos» que antes de serem galhetas de azeite nas abastadas mesas gregas teriam sido vasos farmacêuticos de óleos purgativos e vomitivos.

Do termo «pânico» se diz que deriva do medo súbito que provocavam as flautas dos pastores durante a solidão das noites pagãs. Mas... as flautas são uma gaita... por mera mania psicanalítica das coincidências significantes. Ora, o medo do desejo de ser seduzido constitui o núcleo do complexo de perseguição com que se tece a trama da paranóia que é assunto assente na psiquiatria como sendo de origem homossexual no homem tal como histérica da mulher ninfomaníaca constitui uma máscara primitiva de sedução culposa!

De qualquer modo, tanto o fogo do desejo como o medo do seu poder destruidor podem caber no mesmo conceito primevo ashkio > «asco» e daí ser «panasca» (um termo do género neutro que apenas funciona com gente do sexo masculino com forma feminina é ... apenas uma mera coincidência linguística![4]) o que tem medo de (desejar ser seduzido por) Pan (já que o ser ou não efectivamente seduzido (e, na pior da hipóteses, possuído) é assunto que está apenas no desígnio deste deus sexualmente omnipotente!

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Figura 11: Um pastor cheio de medo da fúria eréctil do deus Phalus foge com vergonha do divino amor de Pan, que assim se transformou em “tentação do diabo”.

Pelo menos no caso do termo antes referido aischrotês, se poderia referir que o aspecto explícito da vergonha sexual já era conhecida dos gregos. Ora, se nos ativermos a uma equação do tipo:

Pan + aischrotê, os que sentiam vergonha de ter de sacrificar felacios ao insaciável e caprino deus Pan > Panascrotes > «panascotes» > «panascas»!

ChouWang = Chinese god of Sodomy.

Bang-an < *Wen-Tan = Philippine goddess of Love.

ChouWang + an < Chu-*Wen-Tan < Chu-Pan-Tan > Pantanshu > «Pantanas»

=> Pan-tanaz ó Santanaz!

Pantanas = • s. f. dissipação; • estrago; • dar em pantanas: arruinar ou arruinar-se.

Mais correctamente por tudo de «pantanas» é virar tudo do avesso e pôr tudo “de pernas para o ar”, ou seja, inverter as posições ditas naturais, como parece acontecer na sodomia! Obviamente que Pan era um deus dum cabrão e teria sido o mesmo que Egipan.

Seguindo o relato de Heródoto o deus de Mendes — nome grego de Djedet, no Egito — era representado com rosto e pés de bode. Heródoto conta que todos os bodes eram reverenciados pelos mendesianos e como na época em que esteve lá, uma mulher copulou em público com um bode. Mas, na verdade, a divindade venerada em Mendes era um carneiro Banebdjed ("Ba, senhor de Djed", ou seja, "o senhor de Mendes"), que representava a alma de Osíris. Dito de outro modo, o deus de Mendes era um carneiro de cornos alongados e por isso parecido com um Capricórnio.

Mendes era uma variante de Minus e um deus fálico como Pan e pode ter tido o nome de Egipan por ressonância fonética ou pode ter chegado a algum local da Grécia como Egipiano. O mito que lhe é atribuído terá sido inventado depois.

Hijo de la ninfa-cabra Aix, Égipan ayudó a Hermes a recobrar los tendones de Zeus cuando Tifón se los arrancó. Como durante el atque de Tifón intentó escapar del monstruo transfigurándose pero quedando a mitad de camino entre una cabra y un pez, Zeus lo catasterizó con éste aspecto en la constelación de Capricornio. El sonido de su caracola producía el pànico en quien lo oía.

Bode = κα- | τσi / kry < Kyr > phri > pri | -κα.

                    Τσi < Te-Zi(os), “filho da cabra Amalteia”.

Después de nacer, y perseguido por Crono, Rea confió a Zeus a unas Ninfas o a las hijas de Meliseo, Adrastea e Ida. En cualquiera de los casos, Zeus se amamantó gracias a una cabra monstruosa, la cabra-Ninfa Aix, aunque en ocasiones se la confunda con Amaltea, una Ninfa de los fresnos que pasa por ser una de sus nodrizas. Un día en el que estaba jugando con ella le arrancó un cuerno que entregó luego a su nodriza, Amaltea, prometiéndole que de él manaría cuanto quisiera, creando así el cuerno de la abundancia. Este pasó luego a manos de Aqueloo quien, enfrentado a Héracles, lo usó como trueque por el suyo propio que había perdido en la lucha cuando se hallaba metamorfoseado en toro. Cuando estuvo listo para enfrentarse a Crono, sacrificó a la cabra y utilizó su piel para crear la égida, especie de capa, manto o peto de cuero que tenía la virtud de infundir el terror a quien la viese.

A arte de aterrorizar os inimigos era usada pelas sacerdotisas das cobras cretenses da deusa Ka-mar-tea filha de Geia, a terra Ki, e por isso *Ki-ash.

Aix < Aish < Hi-ash < Ki-ash => Vesta.

Fruto da oralidade, a mitologia sofreu as consequências da termodinâmica informativa mas estribou-se sempre em regras mnésica do tipo da mera associação de ideias que na mitologia se encontram interligadas de forma menos aleatória do que como cerejas num açafate. Por outro lado o rigor linguístico na hermenêutica dos textos antigos serve pouco para ajudar os tradutores porque as palavras encontram-se mesclada por todo o lado e nunca houve rigor linguístico a não ser desde que apareceram os mestres escolas e foram fundadas as academias modernas.

 

HOMOSSEXUALIDADE PEDERÁSTICA CLÁSSICA

Evidentemente que a diferença de idade terá sido desde sempre uma boa desculpa para a homossexualidade situacional de substituição, em regime patriarcal de restrição ao acesso das fêmeas, e uma possível razão do preconceito clássico da pederastia baseada por um lado na diferença de estatuto social do “eraste”, geralmente rico ou abastado, e na diferença de idades do “erómeno”, um adolescente que apesar de estar já no auge da infância ainda manifestava uma sexualidade pouco definida e, por isso, suficientemente equívoca entre a inocência infantil e a receptividade sexual feminina, ambas com estatuto de inferioridade económica e social.

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Figura 12: A homossexualidade grega como instituto da pederastia assente no pressuposto da diferença de idades que excluiria a sexualidade explícita entre jovens do mesmo sexo começa a ser hoje posta de lado como sendo um preconceito erudito iniciado na época clássica e renovado durante o renascimento europeu mas que poderia ter sido desmentido facilmente pela iconografia dos vasos gregos que foram reproduzidos e divulgada muito cedo. Este exemplo escandaloso e “pouco honorável” aparece já no segundo livro da obra monumental dos começos do século 19, “Collection of Etruscan, Greek and Roman Antiquities from the Cabinet of the Hon. William Hamilton” de Sir William Hamilton & Pierre d' Hancarville.

A figura seguinte parece demonstrar que os adolescentes mais velhos sempre tiveram a tendência de imitarem e reproduzirem os comportamentos dos homens mais velhos fazendo o papel de homenzinhos que os mais novos procuravam imitar entrando no mesmo jogo que transforma o sedutor em seduzido!

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Figura 13: Três jovens “erastes” em busca de “erómeno” ou antes um trio de matulões laureados sendo levados pela conversa inocente de uma criança “escolada”? [5]

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Figura 14: Adulto cortejando uma criança adolescente; Figura 15: adulto cortejando um jovem adulto; Figura 16: Um jovem adulto cortejando uma criança adolescente.

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Figura 17: Neste vaso grego a regra do cortejamento homossexual entre idades extremas parece ser a regra envolvendo sempre a dádiva de presentes.

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Figura 18: Neste vaso grego, a par da regra do cortejamento homossexual entre idades extremas, assistimos a um cortejamento entre jovens da mesma idade.

Como seria de esperar, os preconceitos que funcionavam como espartilhos formais das relações éticas baseada no princípio do dever ser (como se desejava que as coisas parecessem que eram) acabavam por influenciar a maneira como o senso comum observava os comportamentos correntes.

Assim, era aceitável como “politicamente correcto” que “ao atingir a maturidade, aos dezoito anos, o “eromeno cortava os seus cabelos comprido e deixava a casa de seu “eraste e muitos passavam a ter o seu próprio “eromenos”. Que alguns gregos maiores de dezoito anos tivessem por herança ou raro privilégio aristocrático estatuto patrimonial bastante para manter “eromeno” não se nega. Porém, admiti-la como frequente seria aceitar que o seu formalismo violava a essência do preconceito da superioridade moral do “arastes” enquanto mentor educativo do “erómeno”.

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Figura 19: Nesta vaso grego o cortejamento homossexual segue a regra do contrates das idades e a dadiva de presentes ocorre sempre do mais velho para o mais novo.

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Figura 20: Neste vaso grego não é seguro que se trate de uma cortejamento homossexual explícito mas antes uma troca de galhardetes entre jovens recém-laureados!

Dito de outro modo, a existência de jovens “erates” na época de Platão comprovam não apenas a corrupção do estatuto arcaico original da pederastia iniciática, de origem cretense, como, sobretudo, a artificialidade do preconceito da homossexualidade clássica que tenderia a ser como é e sempre terá sido: independente de formalismos culturais pré-concebidos.

Estes, mais não eram do que falsas desculpas culturais mitificadas para o mal-estar ético da persistência generalizada da pederastia de origem matriarcal no subconsciente duma sociedade que se reconstruía olimpicamente sobre a superioridade ética do patriarcado, que no mundo semita tinha como corolário explícito o tabu da homossexualidade entre adultos e a penalização da sodomia como rebaixamento humilhante do homem ao estatuto inferior de mulher.

 

PEDERASTIA INICIÁTICA NO MUNDO ANTIGO

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Durante los veinte años que duró el mandato del emperador Adriano (117 a 138 dC) se produjo en Roma y sus provincias un nuevo interés por la cultura griega, la cual había perseguido en sus diferentes estadíos el ideal de la belleza humana. Dicho interés era fomentado por el propio emperador quien, conocido como un mandatario itinerante y debido a su cultura personal, en tan poco tiempo se desplazó hacia numerosos puntos alejados de su Imperio, dedicando especial atención a la edificación de obras arquitectónicas y la restauración patrimonial de su adorada Atenas. (…) En uno de aquellos viajes, conoció el emperador a un joven bitino de nombre Antinoo, el cual le pareció ser la encarnación de la belleza misma. En el marco de lo que en la Antigüedad clásica se conocía como Pederastía (la relación entre un hombre maduro y un joven adolescente, en la que el mayor era maestro y guía y el menor discípulo y compañero, y en la que había también un involucramiento amoroso y sexual), el joven y Adriano permanecieron juntos durante los siguientes años, hasta la misteriosa muerte de aquel. (…) Tal parece que Adriano pretendió asimilar a Antinoo al Panteón Olímpico. Ese hecho dio lugar a diferentes reacciones. En Grecia, debido al origen del joven, se recibió el nuevo mito con agrado, pues se veía en él un resurgir de la cultura helénica. Lo mismo pasó en Egipto, pues la obvia vinculación con Osiris hacía que aquella región tan distinta se sintiera partícipe y protagonista. Adriano envió imágenes a los confines del Imperio, desde Britannia hasta Asia Menor. Sin embargo fue en Roma, centro del poder y la religión, en donde Antinoo generó desagrado y malestar. El hecho de que se considerara dios a un simple plebeyo de las provincias, cuando solo el emperador y su esposa eran quienes recibían tal honor, hizo que se sintiera el forzado mito como una injusticia. Por otra parte, los intrigantes que esperaban ansiosos las consecuencias del hiperbólico accionar de un emperador que no podía separar lo público de lo privado y que lloraba a su amante delante de sus súbditos, no entendían que, auténtico o no, el mito servía a Adriano para unificar un Imperio demasiado grande y heterogéneo. Esa fue, sin embargo, una de las acusaciones que se hizo a posteriori, al propio emperador: utilizar al joven muerto como una excusa para acrecentar su poder. Por Mercedes Giuffré. Octubre de 2001.

O termo pederastia (do grego antigo παιδεραστία, de paidika = ἐρώμενος e ἐραστής "amante"), era vista, dependendo das situações, ora como uma questão de fascínio estético, ora inserida na educação dos adolescentes do sexo masculino, rapazes de boas famílias e de boa posição social, por parte dos pedagogos. Geralmente estes pedagogos - varões maduros - tinham o papel de mestres, ensinando-lhes algum ofício, e era muitas vezes motivo de orgulho para uma família que seu filho homem pudesse conseguir um mestre de prestígio, e desta forma ascender socialmente.

Obviamente que em sociedades sem os preconceitos sexuais vitorianos modernos a própria forma do relacionamento variava entre a mera simpatia, o estritamente erótico e a sexualidade consumada, como contrapartida mais ou menos tácita da mesma.

No Banquete de Platão verificamos que, mesmo quando a sexualidade entre mestre e aluno aparecia como quase inevitável ela poderia nem sequer acontecer mais para desgosto do aluno do que do mestre! Em bom rigor na relação sexualmente falhada entre Sócrates e Alcibíades ficamos sem saber se foi o descaramento atiradiço de Alcibíades que inverteu os papeis tradicionais ἐραστής / ἐρώμενος irritando ou inibindo o mestre se foi este que aproveitou os excessos de ardor do aluno para lhe dar uma lição de moderação e sabedoria de vida e de respeito pelos bons costumes e pelos direitos dos idosos em particular. Em qualquer dos caso estamos já perante uma pederastia atípica e decadente em que a contrapartida sexual aparece como objectivo demasiado explícito e primário já nem sequer apenas para o mestre quanto sobretudo para o aluno! Em qualquer dos casos Alcibíades comporta-se como um jovem moderno “mordido pela cobra”, rico e mimado, lançado no jogo do furto descarado de fruta madura.

Depois disso convidei-o a fazer ginástica comigo e entreguei-me aos exercícios, como se houvesse então de conseguir algo. Exercitou-se ele comigo e comigo lutou muitas vezes sem que ninguém nos presenciasse; e que devo dizer? Nada me adiantava. Como por nenhum desses caminhos eu obtivesse resultados, decidi que devia atacar-me ao homem à força e não o largar, uma vez que eu estava com a obra em mãos, para logo saber de que é que se tratava. Convido-o então a jantar comigo, exactamente como um amante armando cilada ao bem-amado. E também nem nisso ele me atendeu logo, mas na verdade com o tempo deixou-se convencer. Porém quando veio da primeira vez, depois do jantar queria partir. Eu então, envergonhado, larguei-o; mas repeti a cilada, e depois que ele estava a jantar eu pus-me a conversar com ele pela noite dentro, ininterruptamente, e quando ele quis partir, observando-lhe que era tarde, obriguei-o a ficar. Ele descansava então no leito ao lado do meu, no mesmo em que jantara, e ninguém mais no compartimento ia dormir senão nós. Bem, até esse ponto do meu discurso ficaria bem fazê-lo a quem quer que seja; mas o que se segue a partir daqui, vós não mo teríeis ouvido dizer se em primeiro lugar, como diz o ditado, a verdade não estivesse antes de mais no vinho, sem as crianças ou com elas; depois, porque obscurecer um acto excepcionalmente brilhante de Sócrates, quando se saiu a elogiá-lo, me parece injusto. E ainda mais, porque o estado do que foi mordido pela víbora é também o meu. (...)

Como com efeito, senhores, como a lâmpada se apagara e os servos estavam fora, decidi que não devia fazer nenhum floreado com ele, mas francamente dizer-lhe o que eu pensava; e assim o interpelei, depois de o sacudir:

- Sócrates! Estás a dormir?

- Absolutamente - respondeu-me.

- Sabes então qual é a minha decisão?

- Qual é exactamente? - Retornou-me.

- Tu pareces-me ser - disse-lhe eu - um amante digno de mim, o único, e mostras-te hesitante em declarar-te a mim. Eu porém é assim que me sinto: eu acho-me inteiramente estúpido por não te aquiescer não só nisso como também em algum caso em que precisasses ou de minha fortuna ou dos meus amigos. A mim, com efeito, nada me é mais digno de respeito do que o eu tornar-me o melhor possível, e para isso creio que nenhum auxiliar me é mais importante do que tu. Assim é que eu, a um homem como tu muito mais me envergonharia recusar os meus favores diante da gente ajuizada do que se os concedesse diante da multidão irreflectida.

E este homem, depois de me ouvir, com a perfeita ironia que é bem sua e do seu hábito, retorqui-me: - Caro Alcibíades, é bem provável que realmente não sejas um vulgar, se chega a ser verdade a que dizes a meu respeito, e se há em mim algum poder pelo qual tu te poderias tornar melhor; sim, uma irresistível beleza verias em mim, e totalmente diferente da formosura que há em ti. Se então, ao contemplá-la, tentas compartilhá-la comigo e trocar beleza por beleza, não é em pouco que pensas levar-me vantagem, mas ao contrário, em lugar da aparência é a realidade do que é belo que tentas adquirir, e realmente é “ouro por cobre” que pensas trocar. No entanto, ditoso amigo, examina melhor; não te passe despercebido que nada sou. Em verdade, a visão do pensamento começa a enxergar com agudeza quando a dos olhos tende a perder a sua força; tu porém estás ainda longe disso. E eu, depois de ouvi-lo:

- Ora ai está, quanto ao que é de minha parte nada do que está dito é diferente do que penso; tu porém decide de acordo com o que julgares ser o melhor para ti e para mim.

- Bem, tomou ele, nisso sim, tens razão; daqui por diante, com efeito, decidiremos fazer, a respeito disso como do mais, o que a ambos nos parecer melhor.

Eu, então, depois do que vi e disse, e que como deixei escapar alguma flechas, imaginei-o ferido; e assim que eu me ergui sem ter-lhe permitido dizer-me nada mais, despi-me e vesti esta minha túnica – apesar de ser inverno - estendi-me por sob a manta deste homem, e abraçado com estas duas mãos a este ser verdadeiramente divino e admirável fiquei deitado a noite toda. E não me vais dizer, ó Sócrates, que também nisto estou a exagerar. Ora, não obstante tais esforços meus, quanto mais neste homem cresceu o desprezo pela minha juventude, ludibriando-a, insultando-a justamente naquilo que eu pensava ser alguma coisa, senhores juízes; sois com efeito juízes da sobranceria de Sócrates - pois ficai sabendo, pelos deuses e pelas deusas, quando me levantei com Sócrates, foi após um sono em nada mais extraordinário do que se eu tivesse dormido com o meu pai ou meu irmão mais velho! -- Banquete de Platão.

A estoicidade de Sócrates poderá ter sido real mas obviamente que foi aqui retratada por Platão como um exemplo de exagerada grandeza moral mas no contexto de que, outro qualquer mortal, que não Sócrates, se não se tivera antecipado a Alcibíades pelo menos dificilmente lhe teria resistido tanto tempo!

Mas, por esta altura, Atenas estava a passos largos de distância do mundo antigo oriental e já a caminho da modernidade ocidental futura. Na verdade este relato é quase “um conto da cidade dos Anjos”.

Este episódio de pederastia académica atípica é pouco representativo da pederastia iniciática que continuaria a acontecer em todo o oriente antigo até aos tempos actuais mas já perto do que começava a acontecer a ocidente com o estoicismo e acabou por acontecer quando o cristianismo conseguiu esconder a pederastia nos mosteiros e conventos, não tanto para evitar escandalizar as criancinhas mas sobretudo para evitar o escândalo público entre adultos carenciados de brincadeiras de crianças. Entretanto deram-se aos recentes escândalos em alguns seminários e casas paroquiais e foi o suficiente para a pederastia saltar para a primeira página dos jornais e passar de pecado nefando a crime hediondo! O lixo sexual que até ai andava escondido debaixo dos tapetes das nunciaturas apostólicas passou a ser remexido por todos lado e para espanto geral descobriu-se que a pedofilia pedagógica já não existia e, pelo contrário e para vergonha geral, a pedofilia ocorre maioritariamente no meio familiar e não nas igrejas e instituições. Donde se conclui facilmente que a pedofilia, tal como o incesto, antes de se tornar uma indecência terá sido um pecado original da espécie humana e corrente entre alguns primatas mais viciosos.

Assim, também se pode inferir que a pederastia / pedofilia pedagógica era a versão civilizada da pederastia / pedofilia iniciática antiga que já era, por sua vez uma evolução dos ritos arcaicos de passagem!

Nos “rituais de passagem” orientais a sexualidade iniciática nem sequer entraria como contrapartida tácita duma relação mestre aluno nem mesmo como mero acidente inevitável de percurso por via duma espécie de relação de transferência psicanalítica passada ao acto. Os ritos de passagens seriam, como toda a ritualidade antiga, um mecanismo sagrado que tinha por função precisamente a de evitar que a inevitabilidade da transferência provocasse estragos afectivos nos neófitos e mal-estar social.

Sendo assim, na época antiga os mistérios já pouco mais eram do que uma espécie de exorcismo caricato, pálida imagem dos segredos místicos arcaicos com os quais se consumava a iniciação dos adolescentes violentando a sua inocência com um corte simbólico de carga sexual condenando-os assim ao rigor da vida adultícia na caça e na guerra! Suspeita-se ainda que em épocas mais recuadas alguns dos “rituais de passagem” fossem carregadamente sexuais precisamente como forma rudimentar de educação sexual que permitia aos adolescentes acabados de sair das saias protectoras do matriarcado já extinto iniciarem-se nas responsabilidades da vida reprodutiva como condição de sustentabilidade do poder baseado na família patriarcal!

Nos mistérios dionisíacos da época clássica já tudo seria meramente simbólico e dito possivelmente duma forma (que poderá ter sido bem muito mais vernácula em tempos idos!):

* Em nome dos deuses da fertilidade se imola a inocência mordendo-a com a cobra sagrada *!

*Comei e bebei do corpo místico de Baco que será doravante a vossa salvação*!

Ou então, alguma fórmula de sabedoria ao gosto do senso comum, do género:

*faz-te à vida meu filho pensando na eterna porque nesta...meio mundo sobrevive a comer o outro meio *!

Obviamente que, na época clássica, o arcaico direito de rapto referido por Bernard Sergent, no seus livro Homosexualité et initiation chez les peuples indo-européens, já tinha desaparecido há muito assim como o sacrifício de crianças que apenas os fenícios e (quiçá, os judeus da Samaria) praticavam.

A pederastia iniciática acabava nos ritos de passagem em que o adolescente punha a sua vida terrena à prova em rituais simbólicos de morte e ressurreição solar para ganhar o direito à vida eterna na glória do heroísmo.

Mercedes Giuffré. Octubre de 2001: El fin de la pederastía: El mencionado episodio de la caza del león habría acontecido poco tiempo antes de la conflictiva muerte, en Egipto. Durante su transcurso, Antinoo habría demostrado a los presentes que se había convertido en un hombre, adelantándose y acometiendo valerosa y virilmente a la fiera y dejando a Adriano el estacazo final. Este hecho marcaría la superación del joven y el fin de la pederastia, que habría precipitado luego los conocidos acontecimientos. "Cediendo, como siempre, le prometí [a Antínoo] el papel principal en la caza del león. No podía seguir tratándolo como a un niño, y estaba orgulloso de su fuerza juvenil". (Yourcenar, Marguerite. pág 154.)

A este propósito, e não apenas de passagem, importa aqui referir a duplicidade hipócrita que a literatura beata, iniciada pelos padres da Igreja, vieram introduzir no contexto da moralidade ascética ocidental iniciada pelo estoicismo militarista romano em contra corrente com as mais antigas tradições orientais.

Éste Antinoo, aunque saben que es un hombre, y un hombre en modo alguno honorable sino libertino a más no poder, recibe honores por miedo hacia quien dio semejante orden. Pues cuando Adriano estuvo en la tierra de los egipcios murió Antinoo, el esclavo de su placer, y entonces ordenó que se le rindiera culto, ya que aún después de su muerte estaba enamorado del joven"; San Atanasio Contra los paganos, Madrid, Ciudad Nueva, 1992, pág. 53.

De qualquer modo, a pederastia pedagógica era bem mais generalizada e institucionalizada do que se desejaria acreditar sobretudo depois de posições como as de Santo Atanásio a respeito do pupilo do imperador Adriano. Quer Santo Atanásio quisesse ou ignorasse a pederastia era uma instituição educativa oriental antiquíssima e mais respeitada a oriente do que a ocidente.

Obviamente que nesta postura puritana há tanto de beatice acética, herdada do estoicismo latino e do puritanismo farisaico, quanto de apologética hipócrita baseada no superioridade moral do cristianismo como principal argumento contra indignidade dos deuses romanos e a decadência da cultura imperial dominante. É certo que todas as fontes hoje disponíveis nos revelam que os essénios e Jesus também praticavam os cultos de mistérios orientais com as necessárias adaptações à tradição judaica mais popular, ainda presente na Samaria, mas rejeitada pela classe sacerdotal, imposta pelos persas e pelos pragmáticos fariseus e “outros doutores da lei” mosaica recentemente inventada como rígida pelos padrões acéticos do maniqueísmo para bom grado de quem ganha a vida das condenações e dos impostos a aplicar aos que sucumbem debaixo dos pesados fardos lei.

Seja como for, o cristianismo do sec. IV fez tudo o que pode para enterrar nas cinzas, a que Tito e seus seguidores votaram Jerusalém e a Palestina, o verdadeiro cristianismo de Jesus ao ponto de condenarem uma das seitas mais próximas da família de Jesus, a dos Ebionitas, por seguirem um Evangelho Segundo S. Mateus numa versão hebraica que espantava muitos padres de Igreja por parecer, em muitos aspectos mais original do que a que oficial.

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Figura 21: Santo Atanásio de Alexandria (295-373)

Santo Atanásio de Alexandria (295-373), (...) foi um dos defensores do ascetismo cristão, tendo inaugurado o género literário da hagiografia, com a Vida de Santo Antão do Deserto, escrita primeiramente em grego e logo traduzida para latim, tendo-se difundido com grande rapidez pelo Ocidente do Império Romano.Este género baseava-se nas Vitæ de autores romanos pagãos (v. g., as Vidas dos Doze Césares, de Suetónio); porém, o que Atanásio procura fazer é tornar as Vitæ um modelo a ser seguido por todo o rebanho cristão, e é nesse sentido que é visto como criador do género; o que relata não tem que ser necessariamente verdadeiro, antes deve infundir no crente cristão a vontade de cultivar esse mesmo modelo de vida.

Mas Santo Atanásio não fez mais do que todos os que antes e depois dele fazem para viverem como querem impondo leis e restrições como muito bem ou mal entendem para que o mundo à sua volta seja feito à imagem e semelhança dos seus medos e conveniências com a aparência de mandamentos de Deus e nem sequer, ou muito menos, para bem e libertação da humanidade!

Na verdade a pederastia sobreviveu e floresceu nos mosteiros e seminários cristãos até aos nossos dias. Apenas a maioridade dos “direitos do homem” permitiram às sociedades modernas comprarem o direito ao alegre orgulho da liberdade entre adultos com a cedência do respeito pelo direito das crianças e dos jovens a serem sexualmente iniciados por pedagogos escolhidos por si, já que passou a supor-se que a modernidade os tornou retardados e incapazes de escolhas adequadas nesta matéria. Hoje, a ignorância em moda, o que resta de puritanismo possidónio e a hidra de sete cabeças chamada hipocrisia levaram os alegres panascas a não quererem confundir-se com os envergonhados pederastas de esquina de rua com os quais nem no sétimo patamar do Inferno de Dante, que é o dos impuros de todos os tipos, se querem ver misturados.

A pedofilia pedagógica já não existe no século XXI porque é um crime penal grave desde o final do século XX! Como sempre, a ilegalidade e a repressão estão a transformar a pederastia e a pedofilia moderna num negócio sórdido de horrores e perversões!

Vilipendiado pelo opróbrio e votado ao ostracismo qualquer “molestador de crianças” é hoje mal intencionado e perseguido em conjunto com os pedófilos violentos, criminosos ou psicopatas.

Ter medo de que alguém possa comer criancinhas ao pequeno-almoço é uma piada de mau gosto tão corrente como acusar os políticos indesejáveis de quererem resolver o problema de envelhecimento populacional dando injecções a velhinhos atrás da orelha! A condenação geral da moderna pedofilia, traumaticamente posta a nu pela moderna moralidade consumista do mundo pós-moderno ocidental constitui, na sua virulência persecutória, uma espécie de tributo à moralidade anti-sexual antiga, paga pelo liberalismo vigente que alcançou o triunfo do direito à reserva da vida privada, para livre usufruto do prazer sexual, virtualmente aberto a qualquer tipo de promiscuidade sem limites entre adultos livremente consentidos, com a reserva da exclusão dos crianças bem como, no limite, de todos os adultos em situação física ou material de não poderem exercer livremente o seu direito de livre consentimento sexual. Dito de outro modo a pedofilia moderna é, pelo menos na lógica dos defensores da liberdade sexual absoluta, a aceitação de que as crianças não podem aceder ao livre mercados sexual como adultos antes de atingirem a capacidade negocial duma escolha livre e consciente, ou seja, antes de atingirem a maturidade do desenvolvimento da sua identidade sexual.

Mas, afinal, como já se entendeu ainda é cedo para saber se estamos em presença duma vitória moral da humanidade, semelhante há que acabou com os sacrifícios humanos, particularmente de crianças, ou se constitui o preço corrente duma sociedade em transição para a liberdade sexual que por um lado ainda teme que os adultos contaminem a suposta inocência das crianças ou se é o que resta de má consciência judaico-cristã duma arcaica concepção da homossexualidade como forma intrínseca de libertinagem que pode macular a virgindade angelical que se considera natural nas crianças mas que é sobretudo o que resta da memória cultural do pecado original! Saudosos da sua própria inocência perdida os pais sentem pelos filhos a ansiedade antecipado de os verem crescer para a sexualidade enquanto começo duma vida livre e fora de casa! Depois, é a realidade dura e crua de todos os tempos de ter que criar os filhos para a vida; virgens que outros irão desflorar, filhos criados com muito amor e carinho mas que outros poderão ou não amar para que o ciclo da vida continue! Mas a vida em sociedade civilizada nunca é exclusiva e necessariamente reprodutiva e muito menos nos tempos modernos.

O direito ao prazer sexual separado da reprodutividade social parece ser uma conquista da modernidade mas, para muitos, ainda há muito de libertinagem no uso deste legítimo direito que tanto custou às gerações passadas!

Assim, a utopia do direito ao prazer que, quando abusivo, muitos pensam ser um mero direito ao inferno da loucura em contraposto aos sete pecados mortais do catolicismo, é realmente e pelo contrário, quando usado com temperança a única forma de evitar a neurose!

Há que assumir de uma vez por todas que os paradoxos teológicos que tantas heresias e guerras santas provocaram ou são meros pretextos para jogos de poder ou meros artifícios para fugir à responsabilidade do amor à verdade no rigor da vida.

Os antigos preparavam os neofítos para a adultícia com rituais de passagem que o cristianismo sacramentou com o crisma. As sociedades modernas limitam-se a revisões no código penal e a promessas relativas a uma futura educação sexual obrigatória nas escolas e geram arremedos de ritos de passagem em praxes académicas descontroladas e sem qualquer ligação a uma tradição institucional séria.

No entanto, mais decisivo do que tudo isto é o facto de a pedofilia iniciática dos antigos se enxertar em rituais de passagem pascal, herdeiros de arcaicos, tão misteriosos quão místicos, ritos de transição da puberdade para vida adulta. Ora, como a puberdade antiga era mais precoce, por necessidade social resultante duma menor longevidade geral ou porque havia menos saber social a aprender, a verdade é que o que pode escandalizar os menos atentos é o facto de estas iniciações em épocas antigas se terem dado em idades que actualmente fazem ainda parte da nossa retardada puerícia social!



[1] http://www.cecilrhodes.net/eternalboy.html

[2] Rectificação e restauro cibernético do autor.

[3] 1. of outward appearance, ugly, ill-favoured, of Thersites, Hom. Il. 2.216, cf. HH 3.197, Hdt. 1.196 (Comp.), etc. ; deformed, Hp.Art.14 (Sup.); aischrôs chôlos with an ugly lameness, IBID=au=Hp. Art. 63: but commonly,

2. in moral sense, shameful, base, Hdt. 3.155, Aesch. Seven 685, etc.; aischrois gar aischra pragmat' ekdidasketai Soph. El. 621; aischron [esti], c. inf., Hom. Il. 2.298, Soph. Aj. 473, etc.; aischron, ei puthoito tis IBID=au=Soph. Aj. 1159; en aischrôi thesthai ti Eur. Hec. 806 ; ep' aischrois on the ground of base actions, S. Fr.188, Eur. Hipp. 511:--

to ai. as Subst., dishonour, Soph. Phil. 476; to emon ai. my disgrace, Andoc. 2.9; to kalon kai to ai. virtue and vice, Aristot. Rh. 1366a24, etc. Adv., shamefully, Soph. El. 989, Plat. Sym. 183d, etc.: Sup. aischista Aesch. PB 959, Soph. OT 367.

3. ill-suited, ai. ho kairos Dem. 18.178; ai. pros ti awkward at it, Xen. Mem. 3.8.7; aischron kai atechnon Hp. Fract.30. -- Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Greek.

[4] Panasca = • s. m. erva umbelífera para forragens;• (prov.) terreno alagadiço em que cresce erva;• pastinaga. seguramente uma oportuna confusão com panisco = • (Lat. panicu, painço), s. m. género de plantas a que pertencem o painço e o escalracho reforçada por ter sido conhecida também por pastinaga, seguramente um trava-línguas que faria qualquer popular mais sisudo dizer asneiras!

[5] (Ciberneticamente manipulado a partir de imagem da obra monumental “Auserlesene Griechische Vasenbilderde” de Eduard Gerhard, tal como todas as figuras seguintes até ao capítulo PEDERASTIA INICIÁTICA NO MUNDO ANTIGO).