domingo, 22 de setembro de 2013

TUNIS, a deusa da fortuna de Cartago, a colónia tunisina da Fenícia , por Artur Felisberto.

Parece que a deusa da Abundância era particularmente venerada em Cartago onde foram encontradas estas majestosas estátuas romanas.
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Figura 1: A verdade é que a deusa da Abundância era apenas uma variante da Fortuna que, como se pode ver na mitologia desta deusa, presidia particularmente aos negócios do comércio marítimo que fizeram a prosperidade de Cartago.
Figura 2: Nesta figura cartaginesa a Abundância é representada como um anjo, ou seja como uma forma muito arcaica de divindade o que deixa a suspeita de que, pelo menos no que respeita aos deuses da cornucópia, o culto destes deuses era muito antigo.
Empiricamente pode extrair-se, duma análise sumária dos achados arqueológicos da época clássica da Tunísia, a inferência de que o culto cartaginês da deusa mãe Tanite foi substituído, depois da queda de Cartago, pelo culto de Anfitrite que aparece representada em múltiplas variantes num gigantesco mosaico do museu do Bardo. Ora, manda o mais elementar bonsenso que se suspeite que esta substituição correspondeu a uma transferência de nome ou títulos e não de entidade porque os deuses são por definição imortais e, mesmo quando vencidos, são encerrados no Tártaro por Zeus, mas, nem por isso deixam de poder intervir nos mundos dos humanos como entidades infernais podendo sobreviver à derrocada dos impérios que os adoraram. Os deuses da Fortuna são deuses infernais.
“Hic ubi Vulcano
Neptunus certat amore
Nec necat unda focum,
nec nocet ignis aquas”
Aqui onde Vulcano se enfrentou
Mas, amigavelmente com Neptuno:
Nem as ondas apagam este fogo
Nem o ígneo calor magoa às águas!
(Inscriçãon das Termas de Baiaes, perto Tunis. Tradução livre do autor.)
De facto, o paradoxo da existência de «águas quentes» termais deve ter constituído para o pensamento do homem antigo uma estranha confirmação da possibilidade de a natureza torpedear as suas próprias leis, abrindo assim as portas ao maravilhoso imprevisto e ao misticismo do milagre!
No caso vertente das águas, que costumam ser fonte de frescura e de apaziguamento do fogo, poderem aparecer mais quentes do que o fogo nas fontes termais que os romanos tanto estimavam, constituía uma espécie de casamento contra-natura entre deuses contrários, o que só mostra o quanto a mitologia clássica já se encontrava longe e esquecida das arcaicas origens.
De facto, Vulcano e Neptuno não seriam senão manifestações em situações divergentes da mesma entidade divina que tinha sido na origem o deus sumério Enki, deus das águas doces e potáveis e também deus dos infernos vulcânicos!

Ver: HADES (***) & FORTUNA (***) & OS DEUSAS DA CORNUCÓPIA

Outra inferência idêntica possível é esta: o facto de o culto das deusas da cornucópia parecer ter sido popular na Tunísia pode significar que tanto Tanite quanto Anfitrite tenham sido variantes da de Afrodite enquanto Deusa Mãe da Fortuna, deusa de origem cretense dos nocturnos amores de morte e dos vespertinos partos da aurora. Como Enki teve Neptuno por equivalente funcional podemos aceitar que as «deusas da cornucópia» eram variantes da Deusa Mãe de todas as águas, Tiamat a Mãe do Mar primordial como Tétis, e por isso esposa/mãe de Enki / Neptuno.
Como, segundo Kramer, um nome provável de Enki / Nebo teria sido *En-Kur podemos inferir que:
                                 *En-Kur > Ne-Wer <= Ta-Wer-et
                                 Neverita < Ne-Wer-et < Ne-Pher-et
Anfitrite < Nephi-Tar-ite < Enki-Kur-at ó Nefertite = Ne-Pher-Tite
º En-Kur + Tetis.
Capricorn the Goat = Another of the signs of the Zodiac. According to classical mythology, Capricorn was another name for Pan, who in fear of Typhon changed himself into a goat, and was brought into the heavens by Jupiter.
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Figura 3: Augustus (27 BC-14 AD) AR Cistophoric Tetradrachm (11.80 gm). Struck circa 25 BC. Ephesus mint. Bare head of Augustus right / Capricorn right with head left, bearing cornucopiae; laurel wreath around.
Sendo assim, já não nos espantam as relações entre a cornucópia e o Capricórnio explícitas numa tetradrácma de Augusto de 27 BC-14 AD. Cornucopia < Karnu-Kauphia, lit. «o corno (do carneiro)-cobra » ou seja o corno do Capricórnio. Sabemos que o Capricórnio era um símbolo de Enki.

Ver: OS DEUSAS DA CORNUCÓPIA

Enki > Kian > Thian > Tan, «a cobra dágua cornuda» símbolo do capricórnio.
Ø  Wen (Vénus, = Istar, «a filha de Enki») > Benu, o pássaro da aurora dos Egípcios e esguramente uma memória perdida da relação de Toth com Enki.
Ø  Phian > Phan(es) > Pan.
Se o capricórnio foi Pan então, como este símbolo era comummente representado como uma cobra com cornos ou um «peixe-cabra»

Ver: O FILHO DUM «CABRÃO» / CAPRICORNIO (***)

Assim podemos arrolar a esta lista evolutiva:
Kan dos siberianos
Don dos dórios, e Dan tueta danas irlandeses, patrono enquiano dos rios Dão e Danúbio e seguramente patrono gentílico dos dinamarqueses e das tribos com étimo -Dan nos povos do mar.
O rio Danúbio é chamado em búlgaro "Dunav", alemão Donau, grego "Duna-ris", polonês Duna-jec, húngaro Duna, romeno Duna-re, sérvio Dunav, croata Dunav, eslovaco Dunaj, ucraniano "Dunay", latim Danubius e turco Tuna, Slovene: Donava e Yidiche local: Dun-er e Tine. . Todas as formas derivam do termo proto-indo-europeu "danu", que significa "rio" ou "corrente". Ainda hoje em dia “don” em Ossético significa “água” e " rio". – Wikipédia.
Que estranho proto-indo-europeu que apenas deixou rastos do suposto nome *danu para conceito tão comum e importante como fluxo ou rio, apenas no minúsculo povo osseta, supostos sobreviventes dos citas! Claro que a inversa é que é verdadeira: Todos os nomes derivam dum arcaico termo próximo de Tan/Dan ou Dun/Tun, o deus cobra mediterrânico que compõe o nome de Nep-Tuno e e Posi-Don. Claro que estes deuses pertenceram a culturas supostas indo-europeias. No entanto, pelo menos Neptuno parece ser aparentado com equivalente egípcio e Tan e nome de cobra d´água em linguagem semita.

Ver: NUNO (***)

O latino Danubius não apareceu por mero acaso.
Danubius < Dan-uphiu, lit. “cobra Danu” < Tan-U®ki. Resto deste radical lunar aparecem ainda em alguns nomes actuais do Danúbio (polonês Duna-je®c, grego Duna-ris, etc.)
Outros nomes de rio europeus principais com esta raiz indo-européia (???) para "fluxo" incluem o Don-ets, Dni-eper, Dni-ester, o russo rio Don, o Don da Inglaterra (e o Dão Português).Wikipédia.
Claro que as ditas línguas indo-europeias que herdaram o termo “don” para fluxo, (pelos vistos poucas!) foram buscar este conceito à cobra d´água semita que não era mais do que uma variante dum arcaico deus anfíbio que foi Enki / Kian na suméria, Atum / Nun no Egipto e possivelmente *Than em Creta, tal como foi Tin na Etrúria e Odin na Escandinávia, Tan dos fenícios e berberes, Pan e Phan dos gregos.
Foram esposas destes deuses entre outras Dion, Diana, Tanit, “Tania e Tianita de Loulé”, etc.

Tunus

In Iroquois mythology, Hino is the thunder god, guardian of the skies.
Hino < Kino < Ki-Anu /Enki > Tin(ia) => Wotan.
Enki teve Neptuno por equivalente funcional, podemos avançar com a virtualidade de, foneticamente falando, este deus ter partilhado dos restantes latinos terminados em –tunus, parte da tradição etimológica.
Clitumnus era um deus-rio da Úmbria de poderes proféticos e curativos o que faz dele uma versão obvia de Enki/Hermes.
Portumnus/Portunus era, como Hermes/Mercúrio, um deus das comunicações, «portas» e alpendres que aparece na Eneida. Variante de Janus, o deus da duplicidade como Enki e Hermes??.
Estes deuses como o grupo dos seguintes constituem uma inegável colecção de regionalismos italianos da época latina todos relacionados com evoluções a partir duma mesma raiz megalítica relacionada com Hermes Propileu, o deus ictifálico dos obeliscos, menhires e das lápides funerárias!

Ver: HERMES PROPILEU (***)

Pilumnus is a minor Roman god, the brother of Picumnus and together they stimulated the growth of little children and avert sickness. Hermes Propileu?
Tellumo (<* Tellumno) Very old god of the earth > Landscape
Terminus wose a very old and important deity; landowners sacrificed at the boundary stones of their property. Igualmente uma obvia variante de Hermes ictifálico?
Vertumnus have connection to the seasons may be spurious; husband of Pomona.
Volumnus = Abundance.
Do estudo analítico dos nomes destes deuses será possível extrair a conclusão de que estamos perante variantes do mesmo nome num dialecto da mesma língua, tanto mais que as semelhanças funcionais são mais do que patentes! Esta língua só poderia ter sido a que era falda na talassocracia minóica que expressamente deixou marcada a sua autoria na perenidade do étimo do nome do lendário rei Minos. Como esta entidade lendária terá sido a racionalização tardia duma reminiscência relativa a um conceito que teria sido muito mais genérico e abrangente podemos então aceitar que Min seria o nome do deus taurino da fertilidade cretense que ficou perpetuado no nome do Minotauro e no deus egípcio Min.

Ver: MIN (***) & MINOTAURO (***)

Quadro: Deuses invocativos de Minos na mitologia latina.
*Kur-kima-an >
Kyr-thum-an-us >
Cli-tu-m(i)nus >
Cli-tun-us
                          >
Phor-thum-an-us >
Por-tu-m(i)nus >
Por-tun-us.
                           >
Wer-thum-an-us >
Ver-tu-m(i)nus >
Ver-tun-us.
                           >
Phyr-thum-an-us >
Pil-(t)u-m(i)nus >
Pil-(t)un-us.
                           >
Tel-lhum-an-us >
Tell-(h)u-m(in)us >
«Telmo»

Vol-lhum-an-us >
Vol-(h)u-m(i)nus >
«volume»
                           >
Ter-thum-an-us >
Ter-minus >
«termo»
      *Kima-an >        
*Thaum-an-us >
So-m(i)nus >   
 «sono».
De todos os deuses latinos referido o que mais próximo se mantém desta etimologia é precisamente o nome do deus Terminus. Ora, é a própria inércia da lógica derivativa etimológica que nos permite suspeitar que este deus não seria senão uma variante de Telmo, o deus do húmus fecundante da terra, parente étmico próximo de Hermes de quem é semiologicamente equivalente enquanto deus ictifálico como Min. A relação de Telmo com o húmus não é meramente diletante porque além de fazer sentido no plano da lógica metafórica mítica faz sentido enquanto elo perdido de toda esta trama semântica:
«Telmo» < Tellumo < * Tell-*Humo ó Ter®munu > Ter-Mino ó Karmino.
De facto, sendo tantos os exemplos de semelhança fonética tanto no panteão como no vastíssimo reportório do léxico latino é fácil postular uma via derivativa de nome (de deuses e não só) latinos terminados em -umo (ou mesmo uno) como sendo formas elípticas da raiz -minus.
Lat. Nume < Min(us) > -mnus > -nus /-mus.
De qualquer modo o genérico númen, do o Lat. numen < Anuma-anus, teria sido quiçá um elemento composto (ou derivado) destes nomes que mais não é do que uma inversão do nome do deus da fertilidade Min.
Pois bem, o postulado do elo intermédio que deu nome ao «húmus» só nos pode inevitavelmente reportar para o nome virtual da mais arcaica das deusas mães, e variante de Tiamat que é *Kima, de que *Húmus seria o masculino fecundante.
Assim, Tunis seria a deusa cobra-do-mar tutelar da cidade marítima do mesmo nome e teria sido *Atumnis seguramente esposa de Atum e de todos os deuses hermafroditas de morte e ressurreição solar.

TINIA

Os deuses latinos que serviram para esta análise eram quase todos de herança antiga a partir dos sabinos e da Etrúria. No período arcaico, Roma foi governada pelos Tarquínios o que não será senão um eufemismo para referir que fazia parte do domínio Etrusco, ou seja que partilhava a sua cultura dominante e...o panteão destes com variantes locais, como era comum.
Como na análise da série de nomes de deuses da tabela anterior encontramos uma certa invariância no radical *Thaum-an-us, é bem possível que estejamos perante a sobrevivência dum culto arcaico ao casal Tiamat / Damuz!
*Thaum-an-us < Tham(na)ush > Tamuz.
Ø    Ki-Me-An-ush > Ta Minus > Minos.
                                  (Posei)-Dan ó*Kian                > (Nepo)-Tan > Tin.
Ficamos também a saber que seria comum, porque semiologicamente possível, a permutabilidade de *Kima-anus pela sua variante abreviada *Kian, de que iria derivar *Phian e Tin / Tinia, o deus supremo dos etrúrios.
Sumer. Tin = Healthy (to be); Cure (to); Cured (to be) < Revive (to) ó Wine ó Liquid.
Como se vê a ideia de que o vinho dá saúde remonta aos primórdios da civilização agrícola sendo quase seguro que terá começado os seus dias na dieta alimentar dos humanos como tónico revigorante como a cerveja o foi em pediatria até meados do sec. XX. Por outro lado a relação do vinho com os tanoeiros é explícita pela relação que a marcenaria tinha com o fabrico de barcos e vasilhas de madeira, e ambas com o transporte de vinho enquanto principal atractivo do próspero comércio marítimo mediterrânico, fenómeno comercial que se veio depois a repetir no atlântico entre Portugal e a Inglaterra, fenómeno este cuja evolução esteve na génese da deslocação do pólo do progresso comercial do mediterrânico para o mar do norte e em parte no desencadeamento dos fenómenos dos descobrimentos ibéricos e atlânticos iniciados no sec. XV.
Se os Sumérios não sabiam que Tin era o deus dos Etrusco pelo menos já conheciam o termo tin com uma origem semântica que em tudo se adequa a uma forma evolutiva tardia do nome de Enki. Como explicar então que este termo tivesse chegado à cultura suméria numa espécie de evolução recto activa, ou seja a partir do nome dum deus que era bem conhecido dos sumérios? Aceitando que os sumérios descobriram muito cedo a cerveja que em parte terá sido a causa do sucesso da revolução agrícola do neolítico mas só conheceram o vinho muito mais tarde e por exportação a partir das ilhas do mar Egeu!
Pois bem, tal como na suméria as bebedeiras de Enki ficaram célebres no episódio do roubo dos segredos «das tábuas do destino», crime cometido por Inana na suméria e por Isis no Egipto, também no mar Egeu o vinho ficou ligado ao filho de deus, o «deus menino», Dionísio, também conhecido por Baco ou Jaquicho.

Ver: DIONIS (***)

Ora bem, além de Dionísio poder ser uma forma de Dion-Isio, lit. «filho e amante de Isis», a mesma que roubou os segredos da magia do nome de Ra, seguramente uma forma de Urash ou Urano / Enki, deus da sabedoria, então estamos aptos a dar conta de que Dionísio é também Dion-isho, literalmente «filho de Dion» > Don, ou seja filho, ou o próprio Posei-Dan ó Nepu-Tan! Seja como for, que Dionísio seja na cultura Egeia o filho do Deus supremo dos mares e da sabedoria, ou o próprio Sr. das «aguas vivas» e o «deus manda chuva» das «aguas doces», a verdade é que estamos no reino arcaico da início da mitologia da transformação da água em vinho e deste no sangue do divino deus morto Enki / Tamuz, Jaquicho ou Jesus! A verdade é que Enki terá sido também Jano / Oanes > João Baptista ou quem sabe Jacob. Seja como for este deus dos cultos solares de morte e ressurreição era, nos ritos iniciáticos de passagem da época primaveril, um deus cobra também identificado na suméria como Nin-Gidzida, nem por acaso também deus do vinho.

Ver: DAMUZ (***) & DAMUz / Nin-Gidzida

Esta cobra era nem mais nem menos do que a cobra de cornos ou a cobra d´água enquiana, meio cabra meio peixe, do símbolo do capricórnio.
Esta cobra que não era senão Neshus-tan de Moisés, ou seja:
Neshus-tan = a cobra Anish < Hanish < *Kian-ish, um dos filhos de Enki.
Em qualquer caso Tan acabou por ser o nome genérico da cobra dos fenícios por ser o nome do componente totémico do deus dos mares Nep-tuno e Posei-don. Potencialmente, Enki = *Kian > Thian > Dan / Tan.
De Tan, aos barcos e aduelas reptilianas foi um passo de mágica por morfologia metafórica.
«Tanoeiro» < ant. tonelário <= Prov. tonel < Cat. tonell < tona < Lat. Tunna[1] > Lat. tinu > tina > tinalha > tulha > talha = cuba.
No caso vertente -tan aparece com fonética -tunus que nos deixa a suspeita de se tratar dum grupo de deidade de proveniência púnica e/ou tunisina!
Se Enki Hermético já não era o deus supremo dos sumérios em detrimento de seu irmão Apolíneo Enlil, no mar egeu Poseidon era ainda o deus das grandes actividades navais muito antes da supremacia do deus continental que veio a ser Zeus.
Sendo Assim, tal como tinha a formas conhecidas:
Kiash, «filho de Ki > Phiash + Than => Grec. Arc. Posei-Don
Enki > Enwi > Nephi > Nebo + Than => Lat. Nepu-Tan = Nepot-an..
Pois bem, os etrúrios chamar-lhe-iam apenas Tin ou Tinia, e os tunisinos de Cartago ter-lhe-ão chamado também Tun(-is), esposo de Tun-et > Tanit,  mas é bem possível que se tratasse de uma forma elíptica de Athin.

Ver: ODIN (***)

E ainda possível, pelas razões linguísticas antes analisadas que
*-Athun ó *Athumno < At-Mino, filho de Minos? => Egipt. Atum
                                   ó At-Mino º Athum-ish > Tanuz / Damuz.
È bom que se note que *Athmino implica um étimo –Ath que não seria senão uma forma de dizer «filho de deus» enquanto Ash-tan, «filho da cobra» ou de Anat, função mítica que era equivalente de filho de Min, de quem anat era seguramente esposa como Ashtoret / Afrodite.
Mas Tinia não foi seguramente o deus derivado desta etimologia enora tenha sido com Odin o único que se manteve deus supremo, facto que pode deixar a suspeita de os nórdicos terem sido colonos da Etrúria ou serem resultado de colonizações Egeia da mesma época!


[1] No Alto Douro, pelo menos na região de Foz Côa, ainda tinha este significado até há bem pouco tempo!

DEUSES LATINOS – TUTELA, por Artur Felisberto.

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Figura 1: Tutela.

Tutela was a protective goddess, especially for cities. Representations appear in the imperial period, especially in the western provinces; she had no strong religious or ritual traditions and provides a good example of the way the Romans created allegorical figures (her name is the Latin word for “protector, guardian”). This silver and gilt Roman statuette shows Tutela with many allegorical symbols — an altar at her feet, a libation dish in one hand and two corncopias in the other, a mural crown (representing city walls), and a headdress with tiny busts of gods representing the days of the week.

Aceitando-se que possa não ter havido uma forte tradição ritual no culto desta divindade tal não significa que não possa ter existido, mesmo assim, alguma reminiscência do arcaico papel desta Deusa Mãe dos dias fastos da vida semanal das cidades latinas.

As duas cornucópias fazem dela uma deusa da boa sorte, felicidade e fortuna, como era apanágio das Deusa Mães do parto e da aurora! O facto de ter a «tutela» dos dias da semana aproxima-a do papel de Témis, a mãe das Horas. A verdade é que a postura de Cibel desta deusa, supostamente já quase só alegórica, permite estabelecer uma correlação semântica com esta e todas as restantes arcaicas Deusas Mães!

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Por outro lado Tutela aponta para uma alegoria da totalidade restante, dos deuses não mencionados no calendário, como protecção supersticiosa contra a vingança dos esquecidos como ocorreu no caso da deusa da Eris da Discórdia no casamento de Peleu que apareceu sem ser convidada com o pomo da discórdia do julgamento de Paris, deu origem à guerra de Tróia e ocorria em todos os tratados hititas que começavam por pedir a protecção de vários deuses relacionados com as cidades que se inter protegiam e que finalizavam com um apelo a todos os deuses não referidos nos tratados.

Cibel < Ki-wer < Ki kur / Ku kir > Thu-thyr > Tutela.

Tutela is a Romanized version of the deity Tyche (Fortune), who originated in the early Hellenistic period (fourth to third centuries BC) as the patron of the many new urban foundations which lacked mythological patrons or founders. The gods of the week were another Hellenistic innovation, brought to the west from Babylon, via Alexandria and other centres in the eastern Mediterranean.

Assim, Tutela só era alegórica na medida em que o panteão oficial dos antigos latinos a haviam esquecido, quiçá há muito, de tal modo que os romanos do classicismo já só dela reconheciam o conceito mítico genérico mas, ainda assim, ao ponto de lhes ter sido possível refazer, por «via erudita», o culto de uma antiga Deusa Mãe que tinha sobrevivido, seguramente, por «via popular», como variante próxima de Telus.

This ornate statuette shows Tutela, a popular deity in southern Gaul.

Como sabemos tu é um genitivo sumério presente no nome de Antu, de que deriva o sufixo do particípio passado latino, como em natu. Quer então dizer que Tutela poderia ter tido a forma:

Tutela < Ash-*Tela, «filha de Talo, ou seja, Tália» > «Estela»

                               ó Ish-Ter, «filha de Tara» ó Istar!

 

Ver: TALOS (***)

 

Esta deusa seria assim a mesma que Tela, ou seja, Tutela não significava outra coisa que não fosse tão-somente «Tu, (a que és) Tela»!

Titlos, Lat. titulus, title, inscription; also the stone bearing the inscription.

Titulus < titlos < *Tu-Tellus > Tutela.

Ou seja o título era inicialmente uma invocação mágica com o sentido de «Tu, O terra!» inscrita na pedra em honra da deusa mãe de todas as pedras, a Terra!

Claro que estar a supor que o nome desta deusa possa ter sido composto em português parece um anacronismo disparatado. A verdade é que, existem cada vez mais indícios de que a rica e diversificada língua portuguesa não surgiu por geração espontânea com a portugalidade porque lhe preexistia na arcaica lusitaniedade que tinha tanto ou mais direito do que o latim de partilhar com os restantes falares ibéricos a unidade linguística da bacia mediterrânica que teria sido bastante homogénea até à queda da talassocracia cretense e justificado o mito bíblico da unidade linguística perdido com a confusão das línguas acádicas durante a construção das torres babilónica pelo império Elamita. De facto, Tela era um nome mais próximo da fonética dos nomes femininos da latinidade ocidental o que permite a suspeita de Tutela era o nome que certos povos italianos, e quem sabe, ibéricos, dava a Telus. Na verdade, esta deusa seria assim chamada na Lusitânia antiga tendo dado nome a cidades famosas como Talabriga, a cidade tutelada por Tala. Outras variantes deste nome terão sido Tu(t)ela & Tuera, a Toira.

Tuela < Tuera > Tewra > Trew- + Arina   => Trebaruna.

              Tuera (eo) Deo.              + (A)Pola => Trebapola.

 

Ver: MACARENA / TREBARUNA (***)

 

Esteve ainda presente no nome de Tulhónio, equivalente do latino Telumno. Semanticamente falando ele seria um protector das tulhas e do seu precioso conteúdo alimentar. De qualquer modo, a herança semântica da deusa Tutela é de notável importância, nas doutrinas jurídicas derivadas do direito romano, pelo menos.

Tullonio: Génio ibérico protector do lugar e da família.

Tullonio < Tellau(mi)nu > Telumno, «filho e esposo de Tella».

    Thule < Tu(te)llaunio < Tutella-Anu.

 

Ver: TAL ABRIGA (***) & AZTLAN (***) & TETITLA (***)

DEUSES LATINOS - DAS VIRTUDES VIRIS / VIRTUS & HONOS, por Artur Felisberto

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Figura 1: Andrea Mantegna, Trionfo della Virtù
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Figura 2: Virtus & Honor.
The Roman god of courage and military prowess. Virtus (la Virilité) casquée et drapée debout à droite, tenant de la main gauche le parazonium (adaga ou punhal) et de la main droite, une haste renversée, le pied posé sur une tête ou un casque.
Honos. Deus romano da ética e da hora militar. Havia vários templos dedicados a este deus em Roma. Honos era representado como um jovem guerreiro usando uma lança e uma Cornucopia ("corno da fortuna")
Este deus Virtus não era senão o deus da virilidade e por isso tem na mão esquerda o parazónio, o punhal da oficialidade (símbolo fálico da virilidade que corta e penetra a ferida vaginal ou o arcaico varapau da verticalidade eréctil) e pisa com o pé esquerdo o crânio ou o casco dum vencido.
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Virtus standing left, holding shield and spear in left hand, in right holding up a statuette of Victory who crowns her with a wreath. - Billon antoninianus of Probus, 276-282 CE
Virtus standing right, spear held behind in right hand, parazonium in left hand, left foot on helmet. -- Coin Type: Silver denarius of Caracalla, Caesar Dec 195 - 28 Jan 198 CE, Augustus 28 Jan 198 - 8 Apr 217 CE.
VIRTVTI E-XERCITVS [Valor of the Army] Virtus advancing r. in military dress, r. holding transverse spear, l. shield and trophy over shoulder. -- Circa 312 A.D.  IMP C FL VAL CONSTANTINVS P F AVG laureate head.
Le Parazonium (parazônion) est un Glaive court attaché à un ceinturon (cinctorium), que portaient du côté gauche les tribuns et les officiers supérieurs des armées romaines, plus comme marque de distinction que pour l'usage réel tandis que le gladius, l'épée du simple soldat était suspendue, du côté droit, à un baudrier (balteus).
Virtude romana aparece sempre ataviada no pleno esplendor do virtuosismo militar. Literalmente a moeda romana de Constantino refere esta alegoria como exército da virtude enquanto coragem, valentia e virtuosismo estratégico capaz de garantir a vitória militar. Verdadeiramente o império romano nasceu numa cidade de caserna que teve patrona a deusa das prostitutas que costumam seguir os exércitos e que quanto se decidiu crescer pela via reprodutiva teve de raptar mulheres aos vizinhos e pacíficos serranos e agressivos agricultores sabinos que não se sabe se seriam aborígenes plágios ou colonos gregos da Magna Grécia.
Virtus teria que ser um deus da virilidade na medida em que vir significava varonia. Na suméria o termo birku significava virilidade e por uso metafórico era usado também para significar o pénis e os joelhos na medida em que o reconhecimento ritual da virilidade só acontecia quando o pai sentava o filho nos seus joelhos.
Virtus < Wir-tu-(ish) < Wer-tu, lit. o filho do deus guerreiro Wer > birtu > Ger. berto.                                               < *Kertu, ou seja o equivalente minóico de Horus > (Mel)Kart.
A estranheza que pode causar esta semântica reside apenas na ironia de o nome das virtudes cristãs derivar do nome do deus Wer e ter mais a ver com o poder fecundante da virilidade sexual do que com a castidade pacífica indispensável a uma adequada vida cristã. Do mesmo modo, a desonra só aparece hoje essencialmente conotada com a falta de virgindade feminina na medida em que, nos alvores do patriarcado heróico, esta era um corolário do que restava das leis do «macho dominante» do período matriarcal. A verdade é que a tradição clássica grega nos apresenta a virtude e o vício como elementos da formação militar de Hércules. Não é que não seja evidente que o culto da moralidade adequada não seja útil em qualquer actividade honrosa mas a verdade é que historicamente as rudes e difíceis civilizações heróicas, como foram quase todas as que precederam as épocas de estabilidade e prosperidade, privilegiaram os cultos das virtudes guerreiras em detrimento das religiosas e levíticas. Assim, podemos suspeitar que o nome dos mosaicos levitas da tribo de Levi herdaram o nome duma antiga casta guerreira, por sinal, formada em torno de *Urki uma deusa lunar e, por isso mesmo, possivelmente patrona duma classe de amazonas guerreiras que progressivamente se tornaram em sacerdotisas guerreiras que, com o patriarcado e a com concorrência funcional dele decorrente, vieram a ser substituídas por sacerdotes.
Levi(t) < Rewi(tu) < *Urki-at ó *Kertu > Wertu > Virtus.
                                                                    < Kaur-et > Hauret > Grec. Arete, lit. esposa de Ares.
Prodikos the wise expresses himself to the like effect concerning Arete (Virtue) in the essay 'On Herakles' that he recites to throngs of listeners. This, so far as I remember, is how he puts it: 'When Herakles was passing from boyhood to youth's estate, wherein the young, now becoming their own masters, show whether they will approach life by the path of virtue (arete) or the path of vice (kakia), he went out into a quiet place, and sat pondering which road to take. And there appeared two women of great stature making towards him. The one [Arete] was fair to see and of high bearing; and her limbs were adorned with purity, her eyes with modesty; sober was her figure, and her robe was white. -- Xenophon, Memorabilia
Se a virtude Arete era feminina na Grécia por ser a esposa de Ares a Virtus latina era masculina entre os romanos porque derivava do deus mesopotâmicos Wer, equivalente de Marte.
Notar que Virtus teria tido o nome minóico de *Vertumino (literalmente o redundante deus viril que foi Min) deus de que iria derivar o primaveril deus latino Vertumno.
Em contrapartida o deus da Honra era o deus do cavalheirismo, da dignidade e da justiça militar que garantia o sucesso na partilha dos troféus e dos despojos da vitória e o acesso às horárias dos triunfos na carreira militar.
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Figura 3: O prémio da Virtude era a Honra do triunfo que dava acesso às honrarias militares e a fortuna dos despojos de guerra. O culto da hora cívica decorre assim duma apropriação burguesa de valores que foram inicialmente abstracções psicológicas do chicote e a cenoura que determinavam a lógica da vida militar. A Virtude & Honra são inicialmente valores estruturantes da nobreza que acabam, com as necessárias adaptações de ética evolutiva, em valores cívicos pela relação mútua entre a ética de coesão do grupo e sucesso na vida! As virtudes cristãs aparecem assim como contraponto desta ética de sucesso social pela via da negação do valor do mérito e da riqueza que, os judeus nunca deixaram de cultivar com sucesso e esmero, mas que os católicos só toleraram pela separação do reino dos céus em relação ao poder temporal.
O acesso a bens de fortuna pela via do troféu de guerra e das honrarias militares fés do corno da cornucópia, passe o pleonasmo, um símbolo fálico permitindo que na origem a honra fosse uma questão de bravura bélica de que o machismo, masculinidade e virilidade por exibição da potência sexual explícita seria componente indispensável. Como Pan é próximo de Phanes, o deus protágono *Dionisho filho de Diana Lúcia, deus da luz e do amor solar primordiais, Fauno era um dos nomes do deus masculino primordial, natural seria que tivesse uma evolução semântica ligada à Deusa Mãe da «cornucópia».
Pan < Phanes > Fauno < Kau®anus > *Konus > Honos.
                              «Génio» < Ki-anius < Konius
Ou seja, é impossível saber se foi o «erre» da corno-copia que emudeceu ou se sempre houve nos primórdios da linguagem permutabilidade do nome do “deus menino” entre Cono / Corno, entre o filho de Ki-Ana / Diana e o Sr. do Kur (Kaurano). A verdade é que tem a forma, muitas vezes alada, dos latinos «génios», (lit. “os espíritos alados da sabedoria de Enki”, o deus que ensinou os mês das tácticas e estratégias militares a Atena, mãe de Eritónio, ou Honos (…ou seria Kornos ou Cronos?), «deus menino» das honras militares, que sempre fez a fortuna de muita gente de virtude e esperteza saloia para o saque e a rapina.

Ver: JUNO / GENIUS (***)

Na verdade, sendo o aparecimento das castas guerreiras uma exigência da defesa dos cultos religiosos emergentes o primordial mandamento dum guerreiro deveria ter sido desde sempre o de estar pronto e sempre ao dispor da defesa das necessidades da “Deusa Mãe”, incluindo a suas emergências de fertilidade e fecundidade, razão pela qual os deuses marciais começaram sempre por ser deuses de fertilidade agrícola. Notar ainda que a guerra psicológica teria começado muito cedo desde logo pelo recurso a maquilhagem de guerra e por praticas de exibicionismo teatral com postiços que exageravam o tamanho dos genitais masculinos com cornos, presas de animais ou caniços (etc), estratagema usado ainda por muitos homens de tribos primitivas actuais ou de épocas recentes.

Ver: ATENA OBTIMOPATER (***) & VERTUMNO (***)