domingo, 30 de março de 2014

PANTEÃO LUSITANO - ATÉGINA, por Artur Felisberto

Figura 1: Atégina.
Incide-se particularmente sobre o conjunto de dedicatórias a Atégina, geralmente designada como dea sancta Turobrigensis, e em especial sobre o elemento de natureza toponímica que envolve. Inventariando todos os registos epigráficos com este termo, constata-se que ele ocorre unicamente em três inscrições da região de Aroche, sem nenhuma relação com o culto a esta entidade. Em todos os outros casos se documentam as formas Turobrig(a)e ou Turibri, incluindo neste último caso a indicação de origem de um eques alae Vettonum. Deste modo, propõe-se que se aceitem como completas estas duas formas onomásticas, sem necessidade de se desenvolverem, como tem sido prática corrente, como Turobrige(nsis) ou Turobri(gensis).
clip_image002[4]
(…). Deste modo, haveria que excluir a divindade do conjunto das entidades locais, de natureza pré-romana, integrando-se preferivelmente no próprio âmbito das religiões mistéricas, desenvolvidas em contexto perfeitamente romano. -- [1]
Elem. top.
Referência teonímica
Proveniência
T.
de(ae) s(anctae) A(tecinae) T (---)7
Malpartida de Cáceres
T.
d(eae) s(anctae) A(tecinae) T(---)
Cagliari, Sardenha
T.
d(eae) s(anctae) A(tecinae) T(---)
Cárdenas, Mérida
T.
d(eae) s(anctae) A(tecinae) T(---)
Malpartida de Cáceres
T.
d(eae) d(ominae) s(anctae) T(---) A(taecinae)
Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
Tu.
d(eae) Ate(cinae) Proserpinae Tu(---)
Salvatierra de los, Barros (BA)
Tur.
d(eae) dom[i]nae Tur(---) [---]
Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
Tur.
Tur(---) Ad(aecinae)
Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
Tur.
<d>o<minae> s(anctae) Tur (---) A(taecinae)
Saelices (CU)
Turib.
deae sanc(tae) Turib (---)
Mérida (BA)
Turibr.
domina[e] Turibr(---) Attaec[i] nae
Alcuéscar (CC)
Turibr[i?]
[---] Turibr[i? At]aegin[---]
Salvatierrra de Santiago
[T]urib[ri?]
do[mi]na[e T]urib[ri?] Add[aec] ina[e]
Salvatierra de Santiago
[T]uribri
dominae [T]uribri Adaegina[e]
Medellín (BA), Alcuéscar (CC)
[T]uri[b]ri
d(eae) d(ominae) [T]uri[b]ri
Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
[T]uribri
[T]uribri A[t/d]ecin[ae]
Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
Turibri
d(eae) d(ominae) s(anctae) Turibri
Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
Turibri
d(eae) d(ominae) s(anctae) Turibri
Cerro de S. Jorge, Alcuéscar (CC)
Turibri
dominae Turibri [A]deginae
Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
Turibri
dominae Turibri Addaecin(ae) [---]
Alcuéscar (CC)
Turobrig.
dea Ataecina Turibrig(ae?) Proserpina
Mérida (BA)
Turibrie
do(minae) d(eae) s(anctae) Turibri(g)e
Santa Lucía del
Turibrice
d(eae) s(anctae) Turibrice
Quintos, Beja (BJ)
Turibrige
daeae sanctae Turibrige
Herguijuela (CC)
[T]urubrigae
domina [A]ttaegina [T]urubrigae
La Bienvenida (BA)
Turobrigae
deae Ataecinae Turobrigae [s]anctae
Mérida (BA)
 
O nome completo, augusto, pomposo e latinizado da deusa lusitana Atégina deveria ser:
 
DEA DOMINA SANCTA TURIBRIGAE ATEGINA
 
No entanto, as variantes ortográficas do seu nome de Atégina, nas numerosas lápides encontradas parecem ser demasiada para ser explicada por mero erro ortográfico devendo-se sobretudo à dificuldade que os romanos, que adoptaram este culto local, tinham em transcrever para o latim o nome da deusa numa língua lusitana que os romanos consideravam bárbara e dura de se pronunciar.
A(tecinae) / A(taecinae) / Attae-c[i]nae / Adae-gina[e] / [A]de-ginae / Addae-cin(ae) / [A]ttae-gina / Atae-cinae = dea Atae-cina Turibrig(ae?) Proser-pina.
ATAE-GINA, ATAE-CINA, ATTAE-GINA, ATAE-GINAE, ATTE-GINA, ATA-CINA, ATTAE-CINA, ADDAE-CINA, ADAE-GINA, ADE-GINA, ADE-CINA.
De acordo com Juan Manuel Abascal Palazón, Ataecina é uma divindade celta, um dos muitos deuses que integram o panteão pré-romano, que manteve o seu culto densamente activo durante o Principado.
É duvidoso que se possa considerar Atégina como uma divindade celta quando o seu culto era preponderante na Lusitânia do sul e na Bética e o céu maior centro Turobriga situada na Bética que por mais que se chamas Beturia Celta era Andaluza Ibera ou quanto muito celtibera. Para que fosse considerada uma deusa do panteão celta teria que ser encontrada em outras partes do druidismo o que não é um facto.
A palavra Ataeghm estará por *Ate-gena. Em tal caso *Ategena será palavra céltica, composta do prefixo ate-, a que corresponde em irl. ant. Aith e que significa (em lat.) «iterum», «re», e de -gena, que correspondo, na forma e na significação, ao lat. gen-i-ta, participio de gigno = gi-gno «eu gero», thema puro ge(n)-, e á segunda parte do grego en-gen, «neta». – Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal (Volume 2)  - Vasconcellos, J. Leite.
Aith- (ath-), prefix, (1) reiterative, re-; (2) intensive, very; (3) negative, in-, un-, dis-, not.
Aith-éirghim, -éirghe, v. intr., I re-ascend, I rise again.
Aith-ghein, -e, f., symbol, type; a counterpart, a similar one; also regeneration; aithghein arshean-Mhícheál, the very picture of old Michael; aithghein Phádraig, one exactly like Patrick.
Aith-ghein-te, p. a., regenerate.
adh-, aidh-, an intensitive prefix, as adhuathmhar, very terrible; adhmholaim, I extol; >aidhmhillim, I destroy utterly.
É inacreditável a ingenuidade positivista com que Leite de Vasconcelos e outros fazem a autópsia do nome dos deuses como se de coisas vulgares se tratassem ou pior, como se fossem arremedos de quimeras compostas de remendos retirados um pouco do irlandês antigo, outro tanto do desconhecido gaulês misturado com meio latim e grego e já está pronto para entrar no crematório.
Obviamente que para a raiz Gina nem era preciso tanta busca lapidar porque bastaria recorrer à ginecologia moderna para chegar ao mesmo resultado.
Aith-ghein, -e, f., symbol, type; a counterpart, a similar one; also regeneration; aithghein arshean-Mhícheál, the very picture of old Michael; aithghein Phádraig, one exactly like Patrick.
O mero termo gaélico Aith-ghein teria bastado para fazer de Atégina a “vera efígie” e o protótipo da ressuscitada! Claro que é espantosa a sobrevivência dum termo gaélico que deve ser seguramente de origem ibérica e que atesta como registo fóssil a sobrevivência de um culto de deve ter sido intenso e extenso da Grande Deusa (Erech-Ki-Gal) da morte e ressurreição solar e da renovação dos ciclos anuais mas é óbvio que foi Atégina que criou estes termos e não o contrário.
Porque haveria de ser derivada do Aith irlandês quando é suposto serem os irlandeses originários da Galiza?
ATI CATHA [Mother CATHA, see above] Daughter of the Sun,
governs quick beginnings, sudden dawnings
ATI CEL [Mother Cel], the Deep-Breasted, the Fruitful Earth. ó Cer(es).
ATI TURAN [Mother TURAN], goddess of love. -- Etruscan Deity.
E porque não derivar do nome etrusco Ati, da Deusa Mãe?
De tudo o que fica exposto se conclui Ataegina pode realmente estar por *ate-gena, palavra que nessa hypothese significa «renascida»; como quem dissesse em latim: re-gini-ta (de regigno), isto é Renata. Esta explicação levar-nos-ia a admittir que Atégina era na origem deusa da terra e dos frutos da terra, que renascem todos os anuos. A isto se ligará o epitheto de invicta, que se lê na inscripção: Dea Ataegina Turohrlgensis invicta. – Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal (Volume 2)  - Vasconcellos, J. Leite.
Como se confirma, tendo o cuidado de sair do gaélico vulgar e analisando a onomástica gaulesa parece que a tese de Leite de Vasconcelos de que Atégina seria simplesmente Renata porque o nome gaulês quase igual Ategnia significaria simplesmente “bem-nascida”, a filha desejada, a descendente. Obviamente que não estamos muito longe da mesma semântica mas podemos concluir que o prefixo *ate tanto seria iterativo como intensificador como até diminutivo no sentido de filho e rebento o que deixa já a suspeita de que afinal este étimo *ate de especificamente celta porque corresponde à continuação semântica de infixos que temos encontrado por todo o lado com o significado genitivo de pretensa (acádico ish) que se podem transformar em nominativos (latinos us, is e grego os) mas sempre derivados do poder criador da Deusa Mãe An-tu > Nin-tu / Ker-tu e com o significado comum mais arcaico de rebento, filho e mulher, -et –at, etc.
A raiz Ate- volta a aparecer numa deusa ibérica de nome Atte-Dia, que até prova em contrário será equivalente a Atégina.
Atte-Dia - Deusa do gado e da natureza a quem se faziam ritos sacrificiais.
Na linha blasfema de tradução pelo irlandês do nome desta deusa seria Atte-Dia ou Athedia a “re divinizada” quando seguramente seria, quanto muito, a Grande Deusa como Ereschqui-Gal, a grande senhora de terra de Erech.
Aditi é uma personagem da mitologia hindu, em sânscrito significa “Livre, desimpedido”' Infinito. (...) Ela é amais antiga das deusas, mãe de Agni e de Adityas com Kasyapa. Ela é associada com as vacas, um animal sagrado nas crenças Hindus. (...). Definida como a área ilimitada acima dos céus comparado com que existe abaixo dele (...).
Atégina, além de poder expressar apenas o seu estatuto de filha bem-nascida da Deusa Mãe como era Atena Core e Tanit, pode corresponder a um tipo de divindade conhecida na cultura indo-iraniana como Aditi, possivelmente a mesma que a lusitana Attedia, já que ambas teriam a vaca como animal sagrado e de transporte.
Como Tanit, era a Dea Caelestis, eram também as deusas da Noite estrelada e, por isso, ambas passíveis de ter etimologia próxima da noite gaélica. O lado obscuro e sábio das deusas da noite pode fazer delas divindades maléficas, ruinosas e enganadoras sobretudo na presença de fiéis insensatos e desatentos. Era este o papel de Atea, uma deusa que segundo Hesíodo tinha sido gerada por Eris, a Dis-códia, no começo do universo.
Na mitologia grega, Ate ou Atea (em grego antigo Ἄτη, "ruína", "insensatez", "engano") é a deusa da fatalidade, personificação das ações irreflexivas e suas consequências. Tipicamente, faz referência aos erros cometidos tanto pelos mortais como pelos deuses, normalmente devido a sua companheira Húbris o excesso de orgulho, que lhes levam a perdição ou a morte. Até vive nos montes, é uma deusa alada. Pousa na cabeça dos mortais sem que eles percebam, alertando-os de suas desatenção, sendo assim um divindade considerada sábia.
De facto, Atégina pode ser, como Ateia uma filhas da Dis-Cordia porque lhe é reconhecida e famosa a tradição da bruxaria negra, do mau-olhado e do devotio.
Deusa de Turóbriga (Betúria Céltica), provém do céltico Ate (irlandês antigo Aith) e gena, tendo o significado de Renascido. Sendo uma Deusa da fertilidade e dos frutos da terra, que renascem todos os anos, foi identificada pelos romanos por Prosepina, e daí ser considerada de Deusa Infernal, que desaparece no Submundo para depois renascer. Era-lhe também prestada um devotio, que consistia em invocar, através de certas fórmulas, as divindades para prejudicar alguém (da simples praga até à morte). Era, contudo, também deusa curadora, e muitas inscrições o comprovam. Era assim uma Deusa Tripla: da Natureza, da Cura e da Morte, tal qual como todas as Deusas Mães, e tal como foi Artemisa de Éfeso. [2]
Dis-Cor-dia era uma deusa infernal tudo apontando para que fosse simplesmente Cor, a esposa de Dis-Pater de que os gauleses se consideravam filhos na medida em teriam por deus tutelar Crono / Saturno, que teria sido o deus de Creta minóica, equivalente de Enki (Enki-Kur) Sumério
Parece antever-se que Atégina era a deusa das bruxas e adivinhos, curandeiros e bentos.
Quando desconfiam que a doença é mal de bruxedo, deitam água num prato, metem o dedo no azeite da candeia e deixam cair na água três gotas. Ao mesmo tempo dizem: “Fulano Deus te fez, Deus te criou, Deus te livre de quem mal te olhou”...e vão fazendo cruzes ao mesmo tempo que as gotas de azeite caem na água do prato. Se estas se espalham ou chegam a desaparecer é certo o mal ser coisa de bruxedo e então vão à benta ou ao bento com uma peça de roupa do doente. Se as gotas de azeite não se espalham, ficam tranquilos, pois não se trata de bruxedo. --  Histórias e Superstições na Beira Baixa, José Carlos Duarte Moura.
«Adivinho» <? Lat. divinu, s. m. adivinhador, bruxo, nigromante. =
Os adivinhos têm também o estranho nome de haríelo, palavra esdrúxula que pressupõe um letra omissa
Harielo < lat. harialo < kari-iulo < Karijulo < Kari-chu-lu <= Iskur.
Harielo era literalmente o sacerdote de Iskur, o deus dos infernos.
Como se viu, parece que Atégina pouco ou nada teria a ver com adivinhação! Dizemos: “parece”, porque não podemos ter a certeza disso porque, ao mesmo tempo que se formaria o termo latino devinatio, de que supostamente teria derivado o termo português para «adivinho», estaria em uso um termo luso *atekina que poderia ter dado um termo *athiwino (> «adivinho») como sacerdote adivinho de Atégina mas...como teremos que dizer, estamos no terreno da pura adivinhação e das acrobacias sem rede.
The name Ataegina is most commonly derived from a Celtic source: the two roots *atte- and *geno- to mean "Reborn" or from *ad-akwī- (Irish adaig) meaning "night".
Assim, se calhar, as coisas depois de bem pensadas vão acabar por recambiar a noite gaélica para o latim por via galega e, portanto, numa data recente já muito posterior a Atégina!
Adaig f (dative singular aidchi) = night.
Descendants: Irish: oíche; Manx: oie; Scottish Gaelic: oidhche.
Lat. nox (-ctis) > «noite» > õite > Irish: oíche > Scottish Gaelic: oidhche
> Manx: oie > Gaélico antigo aidchi > *adaik > Adaig.
Assim, pelo menos mantinha-se um pouco mais do sentido da dinâmica cultural antiga e do bom senso da história. De facto, parece que os irlandeses é que saíram da Lusitânia e os etruscos da Anatólia, ou seja, o sentido da evolução cultural foi de oriente para ocidente como o comprovaria uma análise sumária dos níveis civilizacionais entre a Irlanda antiga e a Etrúria.
Aita, Eita = Pluto, Ruler of the dead & personification of the underworld. Wolf's head from Greek Hades.
Aita < Eita < Hayath > Hajat < Hash-Hash > Hadad > Hades.
Quanto muito pode postular-se a existência de uma ressonância arcaica no termo gaélico antigo Adaig herdado do latim de um mitema relativo a cultos nocturnos e «escuros» relacionado com os deuses dos infernos do Kur que foram o Esckur(o) na suméria, Adad na cultura acádica da caldeia e Hades na Grécia.
Es curioso destacar que muchos de los yacimientos en los que se han encontrado inscripciones y objetos dedicados a Ataecina se encuentren cerca de explotaciones mineras de hierro y estaño. Esto refuerza el carácter de diosa del Inframundo de Ataecina, ya que en varias mitologías, el dios del Inframundo es poseedor también de los metales y minerales ocultos en las entrañas de la tierra. Un ejemplo sería el dios griego Hades. [3]
Notar que Dionísio teve o título de Adoneus, o governante, seguramente derivado de Adónis Grego, um deus que era a variante de Tamuz que na Caldeia morreu e desceu aos infernos e obrigou Inana / Istar morrer também e a descer aos infernos para o libertar desgraça em que teve apenas a ajuda de seu pai Enki / Esckur.
A mitologia caldeia é a este respeito misteriosa porque por vezes tudo aponta para que Esckur não seja Enki e na oposta para que Esckur seja Tamuz / Damuz. Ora, Ninhursag era conhecida pelos acádios como Damkina, esposa de Ea, ou seja, Enki.
Nin-Ki (Ninhursag) é uma deusa suméria das águas frescas, muitas vezes chamada de Damkina. Ninki se tornou conhecida por ser a primeira esposa de Enki e mãe de Marduk. Quando Enki (Ea) venceu Apsu (Abzu) e Mummu, levou-a consigo para habitar em oculto nas profundezas do Apsu, onde geraram Marduk. Talvez seja filha de Anu e Nammu, e portanto irmã de Enki.
Ora, Damkina < Tham(uz)-Kina > Ush-Kina > At-Gina > Atégina.
Damkina, que era irmã de Eresquigal parece ser fonetimante Demeter que foi seguramente Tiamat(er). Não nos vamos alongar na confusa genealogia dos deuses sumérios que os acádios tornaram ainda mais complexa pelo que nos ficamos pela ideia de que sendo Eresquigal a irmã negra e invernosa da primaveril Innana / Istar, então, até prova em contrário, Eresquigal seria a mesma que Damkina e ambas Atégina.
Este mito deve ser o primeiro esboço relativos aos deuses do submundo do que veriam a ser os complexos mitos do decesso de Istar e Damuz aos infernos responsáveis pelos múltiplos ciclos de deuses de morte e ressurreição pascal, pelo menos enquanto não conhecermos alguma coisa de substancial da mitologia cretense que tudo indicia ser a origem destes mitos e onde haveria um de nome diverso em cada uma das 100 cidades de Creta e das ilhas do mar Egeu.
 
Ver: DECESSO DE INANA / ISTAR (***)
 
Leite de Vasconcelos esqueceu foi uma explicação para a variante –Cina de Atecnia que nos parece um óbvio elo de transição com o sumério (Dam)-Kina. No entanto, postular um nome de uma deusa celtibera, mais ibera que celta, como se fora filha de um qualquer irlandês itinerante e gerada por uma desconhecida deusa latina é positivismo caricato.
O elemento ate- entra em muitas palavras célticas, como: Ate-cingus, Ate-gnata, Ate-gnia, Atemerus, Ate-epomarus, At-eporíx.
O elemento -gena, tanto nessa forma (feminina), como na masculina -genus = geno-s, entra também em muitas palavras célticas, como: Ande-genu-s, Cintu-gena, Litu-gena, litu-ginus, Nemeto-gena y, c no irl. ant. Ingen «rapariga» <eni-gena (cf. o masculino Enignu-s, nome próprio, = En-ig(e)nu-s). As próprias inscripções lusitano-romanas apresentam: Deogena = Deo-gena (em Trás-os Montes) e Medugens = Medu-geno-s (no Alemtejo ), d 'onde se vê que o elemento -geno-s, -gena era bera conhecido cá. – Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal (Volume 2) - Vasconcellos, J. Leite.
Que importam os exemplos das palavras supostas celtas apresentadas com prefixo ate- se nenhuma foi traduzida? O gaulês Ategnia por exemplo seria fascinante saber o que significa porque é quase Ategina.
Ate-gnia - Nom de personne attesté par une inscription découverte à Soulosse (Solimariaca sur le territoire des Leuques). Elle était selon cette inscription, la mère de Meddugnatus qui fait une dédicace en l'honneur de Jupiter. Son nom est basé sur la racine celtique *ategnio- "petit-fils, descendant". Les variantes, Ategnata, Ategnatia, Ategnissa, Ategnutis, Ateknatos, sont elles aussi attestées. [4]
Pois bem, parece que a este respeito, se Leite de Vasconcelos não estava profundamente enganado também não estava muito perto da verdade porque Ate-gnia, que é quase literalmente o nome da deusa lusitana significaria apenas o descendente ou seja um filhote ou rebento o que, de facto, está de acordo com o que se suspeita ser o infixo genitivo at/tu em línguas semitas e outras proto linguagens.
No entanto apresentam-se de seguida alguns nomes celtas iniciadas em ate- onde este parece significar grande o que parece o oposto de filhote.
Ate-meria - Nom de personne attesté sur une inscription découverte à Rifnik dans le Norique. Elle était la fille d'Atecnatus. Ce nom est probablement un composé en *ate-mero-, signifiant littéralement: "la grande folle", "la très agitée". La forme masculine, Atemerus, ainsi que la variante Atimeria, sont également attestées. [5]
Ate-pomarus - Nom de plusieurs personnes évoqué sur plusieurs inscriptions. Le nom typiquement celtique, composé en *ate-epo-maros signifie: le très grand cavalier. Notons que ce nom se retrouve dans celui d'un des fondateurs légendaires de la ville de Lyon, et dans celui d'une divinité celtique.
Ate-po-rix - Tétrarque de Galatie, père d'Albiorix, à qui Pompée légua une partie de la Zèlitide et de la Cappadoce. Ces terres furent distribuées en partie à Dyteute après sa mort. Son nom semble signifier le "roi des cavaliers". Escingos is a compound of the prepositional prefix ex and cingus (valiant), also in Atecingus, and cognate with Cingetus, Cingetorix, Ver-cinge-torix.
E dizemos: parece, porque as traduções referidas não são convincentes. Se Ate-pomarus significasse “grande cavaleiro” então Ate-porix não poderia significar tão facilmente “rei dos cavaleiros”, sobretudo quando se suspeita que até o nome Vercingétorix anda mal traduzido por razões de conveniência.
Vercingétorix, dont le nom, prononcé «Ouèrkinnguétorix», signifie, d'après Ange de Saint-Priest, «puissant guerrier» (Ver-cing-eto) et «roi» (Rix), est l'un des premiers chefs ayant réussi à fédérer une partie importante des peuples gaulois, en montrant de réels talents militaires face à l'un des plus grands stratèges de son temps, Jules César.
Na verdade, o infixo de chefia electiva germânica já era vitalícia mas ainda tinha pouco a ver com realeza. O sufixo seria –orix cognato de Eurico que seguramente derivaria da tradição egeia dos kauroi.
 
Ver: EURICO (***)
Obviamente que todos os autores que se precipitaram na etimologia da deusa Renata ou Renascida se basearam na identificação, que os romanos fizeram, entre Atégina e Prosérpina.
Como vimos nas inscripçoes lª e 7ª, Atégina foi identificada com Prosérpina: nessas inscripções o nome desta deusa está aposto ao daquella, — Ataegina Turibrigensis Prosérpina — , facto que tem parallelos noutros pautheons, por exemplo no gaulês, onde havia Apollo-Grannns, e outros. Ora, fallando dos Romanos, diz Santo Agostinho: «praefecerunt...Proserpinam frumentis germinantibus»; creio que a qualidade aqui attribuida a Prosérpina, de presidir á germinação dos grãos, -concorda de modo eloquente com a que a cima attribuí a Atégina. – Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal (Volume 2) - Vasconcellos, J. Leite.
Claro que Atégina é uma deusa Renata e renascida obviamente! Mas o facto de isso ser verdade não quer dizer que se possa aceitar que é assim que o nome de Atégina se traduz em celta dando assim a entender que seria um nome de fabrico local sem qualquer relação umbilical com a tradição oriental das deusas bem-nascidas, filhas queridas de mãe Tiamat / Demeter e que acabaram mortas de amor envoltas nos ciclos de fertilidade agrícola e, por isso...renascidas.
 
GINA / JANA / JUNO E GENA
Gin (e não *gen) é tanto gaélico como grego e significará apenas mulher progenitora, implicitamente responsável pela renovação das gerações, mas não faria sentido pensar que foi o grego que copiou os irlandeses.
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Segundo a Tradição nos conta, Atégina desce ao Submundo, em busca de Seu Amado Endovélico, que havia sido morto por um grande javali ( que simboliza as Forças de Destruição, que desfazem a forma para que a essência possa renascer ). Atégina desce e se encontra com Seu Amado, agora Senhor do Mundo dos Mortos: Enobólico, o Muito Negro. Ela, que é a Força que a tudo vivifica, ao mergulhar nas trevas da Morte, abandona o Mundo dos vivos à escuridão e ao fenecimento de tudo o que antes era verde e florido....é necessário mergulhar nas escuras profundezas para se encontrar o Amor verdadeiro, que é a Vida em seu ápice de realização e razão de ser. -- [6]
Adaegina: Diosa de los infiernos "superiores", que se encuentran en lo más profundo de los bosques.
Atégina deve ter tido uma variante específica de «Castelo Branco» porque para tal aponta o nome romano Egi(p)tania desta cidade.
De resto:
Adaegina < Ata-Egina < At-E(n)kina > Atégina
= Ati-Gina, lit. “Mãe | Gina < Kina >| Diana.
Porém, o que mais interessa por agora é reparar que:
<= Egi-Tan (lit. «Atena Egeia») > Egitania ó Egi(p)tania??? ou
ó Segitania = Segita-Ana > (Ana) Segetia,
....uma deusa já referida como estando relacionada com Ceres
< Kerish > Kaurath (> Koret > Goreth >) Coré…filha de Deméter!
 
Ver: CERES / SEGETIA (***)
 
O nome de Atégina pode ter ficado na toponímia portuguesa de forma inesperada no nome de Ataíja de Cima.
Em termos civis, pertence à freguesia de São Vicente de Aljubarrota, concelho de Alcobaça, no distrito de Leiria.
A nível eclesial, Ataíja de Cima pertence à paróquia de São Vicente de Aljubarrota, Vigararia da Batalha, na Diocese de Leiria-Fátima. (...)
O nome Ataíja parece provir do árabe Taixa, nome antigo dado pelos Mouros à atual Serra dos Candeeiros. Taixa significa “coroada”, uma vez que a disposição dos montes naquela zona da Serra se assemelha ao desenho de uma coroa. (...) Al Taixa, palavra que terá evoluído progressiva e naturalmente ao longo do tempo, até ao atual nome de Ataíja.
Claro que Ataíja não prece nada ter derivado do árabe porque os árabes não coroavam ninguém (usavam turbantes!) muito menos mulheres e se assim tivera sido seria ainda Altaíja porque, como tantas outras localidades da zona (Alcaria, Alquidão, etc) iniciada pelo artigo árabe Al, não teria tido tempo para a se degradar tanto.
Na verdade, «coroada» em árabe é u-ta-u-j ou tauj o que sendo foneticamente próximo é ainda assim diferente de taixa.
«Coroada» = توج = و ت و ج = (u-)ta-u-j.
Com o artigo árabe, «a coroada» seria então Al-(u)tauj, algo diferente de Altaixa e que, ainda assim, demoraria muito tempo a corromper-se em Ataíja, sobretudo não sabendo qual seria a tónica da taija árabe mas apenas que o u é longo justificando a possível tónica actual.
De qualquer modo aceita-se que tenha sido esta uma etimologia popular arabesca na medida em que o nome já existente desta localidade à época da ocupação árabe se assemelharia na língua destes a uma entidade «coroada» que os moçárabes apontavam como sendo as cumeadas da serra dos Candeeiros próxima da Serra de Aires que os romanos já tinham morfologicamente nomeado ad septem ares, onde septem se repostava não ao número sete mas a uma entidade metafórica «setada», ou seja recortada como uma coroa!
 
Ver: SERRA D´AIRE OU DA IRIA (***)
 
A aldeia (Ataíja de Cima) tem uma ermida originária do século XVI, que foi restaurada durante o ano de 2003. É dedicada a Nossa Senhora da Graça que, a 2 de fevereiro, ou no Domingo mais próximo, tem a festa em sua honra. Os seus momentos altos são a Missa Solene e a Procissão ao Cruzeiro da serra, situado ao cimo da Serventia. Na coluna desse cruzeiro pode ler-se a seguinte inscrição: N. S. da Graça, abençoai os Olivais, 2-2-1949. Isto porque, nessa mesma procissão, se procede à bênção dos olivais e dos demais terrenos de cultivo, até há pouco tempo, único meio de sustento das gentes desta aldeia. Ultimamente, tem-se realizado ainda, dia 2 de fevereiro à noite, uma procissão de velas, nesse que é tradicionalmente conhecido como o dia de Nossa Senhora das Candeias.
Assim, segundo a geografia política nos informa, a aldeia de Ataíja de Cima reverencia uma N. S. da Graça com as funções pagãs de zeladora da “Árvore da Vida”, funções quais eram também as de Istar.
Na Grécia era Atena a protectora da Oliveira.
Ora, suspeitando que Eritónio não seria filho de Atena e Hefesto por mero coito ante portas porque em épocas arcaicas seriam marido e mulher como Vulcano e o monte Etna, e, como na Ilíada a consorte de Hefesto é uma Afrodite Cáris ("a graça") ou Aglaia ("a gloriosa"), a mais jovem das Graças, como Hesíodo a chama, então a N. S. da Graça está na aldeia de Ataíja de Cima por mérito próprio porque foi sempre protectora das graças e glórias da oliveira!
Sendo assim, Ataíja de Cima encobre o nome da Atégina e revela ao mesmo tempo que esta deusa foi padroeira desta terra e uma das Graças, seguramente por ter sido a mais formosa das deusa que foi a filha de Deméter e rainha dos infenos, ou seja, Caris, Corete / Core!
De facto, interessa dar conta de que esta mesma deusa nos permite aceitar a suspeita de que Atena Corê foi uma mera variante de Perséfona / Prosérpina...e esta da caldeia Inana / Anat / Istar.
De facto, se os Romanos identificaram Atégina com Proserpina não o terão feito por mero acaso. É certo que as traduções e permutas antigas das divindades nem sempre andaram certas mas, (que diabo!) teriam tido algum critério, mesmo que empírico e intuitivo, pois nem sempre foram desacertadas!
No caso de Perséfona parece que os gregos nunca acertaram com o nome desta deusa fosse pelos interditos rituais a que o seu nome estava votado fosse por ser um nome pré grego cretense difícil de pronunciar. O nome micénio mais provável seria *Preswa de que poderia ter derivado também o nome do heróico Perseu e da Ociânide Persa uma das muitas filhas de Poseidon. Embora o mito de Demeter diga que foi Zeus o pai de Perséfona, quem o sabe? O mais provável é que Perséfona fosse não Persa mas algo mais próximo do original como Perseia.
Mas atendendo a que a tradição ocidental italiana parece ter recebido a tradição minóica desta deusa de forma mais consistente poderemos reconstruir o nome da deusa dos infernos do modo seguinte:
Persephone/ Prosperpine
Queen of the Underworld.

                                              > Prosperpine < Phros- | pher > Her | -Pina.
Etrusc. Persipnei < Ferspnai < Pher-esh- | Pina < Kina > Phone > Fona. |
                             *Perseia                    < *Preswa < Pher | < Ker >
Her | -eska | < Ker-Kika > *Kertu > Karte | > Keres.
                  > Heresh + Kigal > Heresqui-gal.
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Figura 2: Mapa da área de culto segundo Leite de Vasconcelos.
Em quasi todas as inscripções traincriptas a cima a deusa recebe o epitheto geographico de Turobrigensis, Turubrigensts ou Turibrigensis, o que mostra que a sede primitiva do seu culto foi em Turóbriga, onde ella tinha certamente um santuário notável. Comtudo, talvez eJle não fosse longe de Aroche, a antiga Arucciy porque ahi perto appareceu uma inscripçâo em que uma Baebia Crinita se appellida «sacerdotisa turobrigense» *, isto é, natural de Turóbriga*; Arucci ficava também, como Turóbriga, na Beturia Céltica. Que Aroche corresponde a Arucci mostra-o, alem de semelhança dos nomes, o facto de ter apparecido alli uma inscripçção em que a civitas Aruccitana faz uma dedicatória a Júlia Aggripina, mãe de Nero (sec I da E. C.). – Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal (Volume 2)  - Vasconcellos, J. Leite.
A distribuição do culto de Atégina reporta-nos para a certeza de que seria uma deusa de entre Tejo e Guadalquivir ou seja uma deusa tipicamente celtibera. O centro do culto da Deusa fica hoje na região espanhola de Cáceres muito perto do Tejo estremenho o que levanta a suspeita de que o nome da deusa recebeu ressonâncias semânticas e fonéticas deste importante rio ibérico. Atégina poderia ser Ategina porque a versão Ataegina não implica a esdruxulação obrigatória do nome. De resto, Tagus deu Tejo em português e Tajo em espanhol porque quiçá seria *Taego-(eco) em lusitano e Ataegina seria então a que parecia estar ao lado do drande deus que era o rio Taego-(eco) ou Taegu-an / Dagon! Este postulado levar-nos-ia a colocar Ategina a namorar com Dagon, um deus que no alto Eufrates foi uma variante de Enki / Eskur e relacionado com o culto dos mortos mas que era sobretudo o deus dos mares da talassocracia cretense.
De resto, sabemos que Atenas morreu de amores por Poseidon paixão que em vez de terminar em namoro acabou numa disputa acesa sobre a soberania de Atenas o que determinou que esta deusa ficasse como Corê eternamente Virgem o que não seria inteiramente verdade porque enquanto deusa infernal acabaria seis meses do ano nos braços do seu amante, Hades / Dagon / Poseidon ou Plutão.
 
Ver: DAGON, CRONO E OS CULTOS INFERNAIS
 
Portanto, o nome da Perséfona cretense, de que devem ter derivados todas as deusas dos infernos, seria algo parecido como S.ª Queres com a possível variante de “Srª da dupla montanha (da Aurora)”, ou seja, S.ª *Querquere de que derivou a Srª do Cárquere de Resende...e a latina Prosérpina. Como S.ª Queres seria equivalente a Ana Queres, que os donos de Penedono rebatizaram como Ana Clara, a variante carinhosa desta deusa em tradição fonética da Anatólia seria *Kuris-Quina / *Queris-Quina que na Lusitânia deveria ter originado um nome parecido a *Quer-Gina e em algum local recôndito das ilhas do mar Egeu uma deusa dos frutos com o nome de *Carispina.
Atégina não parece ter nada a ver com Srª do Cárquere mas nada impede que não fosse esse um dos seus nomes porque se facto foi sobretudo adorada na região que hoje leva o nome de Cáceres.
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Figura 3: Panorámica de la parte antigua tomada desde la Torre Bujaco. En la misma se pueden observar la torre de la Concatedral de Santa María, las de San Francisco Javier y la Iglesia de San Mateo, además de parte de la muralla que rodea al recinto.
No se ha alcanzado consenso entre los historiadores respecto a la etimología de Cáceres, considerando unos su procedencia romana, otros un origen árabe y aún hay quienes especulan con que se trate de un latinismo pasado por el árabe hasta finalmente adaptarse a la definitiva denominación cristiana.
(...) Uno de ellos procedería de la colonia «Norba Caesarina» (...) en memoria de Julio César. El otro nombre es «Castra Caecilia», otorgado por el cónsul Quinto Cecilio Metelo Pío a uno de los campamentos militares de sus cercanías. También podemos encontrar quienes derivan la palabra «Cáceres» del latín «castris», que significa «en el campamento».
Afinal, a Catedral de Santa Maria de Cáceres seria uma oculta homenagem a Atégina enquanto Srª do Cá(r)quere, e verdadeira etimologia do nome da cidade cujo antigo santuário seria nas fundações da Basílica visigótica de Santa Lúcia del Trampal em Alcuéscar, Cáceres.
Pero de hecho, el lugar dónde se han encontrado el mayor número de dedicatorias a la diosa es en la ermita visigoda de santa María del Trampal en Alcuéscar (Cáceres), evidentemente levantada sobre el antiguo santuario de ATAECINA. Se conocen otros dos santuarios más , uno en Malpartida y otro en Herguijuela, los dos también en Cáceres aunque de menor importancia. [7]
A propósito do topónimo brasileiro Caprina, que é um município brasileiro do estado de Pernambuco diz-se que: “no Dicionário Houaiss consta que a palavra carpina vem do tupi kara’pina: o que lavra ou apara, carpinteiro”.
Car(a)pina em tupi-guarani significa: tirar a casca grossa (descascar, aparar) a fruta ou carpo, em grego < *escarpar.
Obviamente que deveria espantar toda a gente a possibilidade de uma língua ultramarina brasileira como o tupi copiar termos lusitanos, ou ainda mais, termos gregos, o que só prova o quanto a linguística comparada anda desatenta.
Mas a verdade é quo se não existiu uma deusa explicitamente *Carpina existiu um casal divino de deuses dos frutos, com o nome comum Carpo.
Na mitologia grega, Carpo (em grego: Carpus, literalmente "fruta") é um jovem renomado por sua beleza. Ele é o filho de Zéfiro (o vento oeste) e Clóris (primavera, ou nova vegetação), formando uma metáfora natural - o vento oeste anuncia o florescer da primavera, que então traz frutos.
Carpo (ou Xarpo) pode também se referir a uma horae ou Cárite, deusa dos frutos da terra. Ela é a filha de Têmis e Zeus, em alguns aspectos o equivalente feminino de Carpos; ela dominava o outono, o amadurecimento e a colheita.
Portanto, se o panteão helénico herdado dos hititas não tinha lá uma *Carpina porque, por razões que se desconhecem, preferiu Persófona, teve o Carpo como deus menino fruto da Primavera e como uma das Carites ou Graças, deusa dos frutos e do Outono.
Suspeita-se que o nome latino de Persófona fosse uma litania do tipo a Corê (jovem) *Carpina, ou seja Prós-Herpina, encontrando-se de passagem uma referência étmica às aves agoirentas no nome das Harpias que na mitologia celta andam associadas às deusas da noite e da morte.
Erbina (Erbine Iaedi) – Deusa Igaeditana adorada no interior e nos campos da Lusitânia.
Seria interessante poder confirmar se Erbine Iaedi não seria simplesmente uma forma mal escrita de Erbine & Hades.
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Figura 4: Juno Sospita ou Caprotina.[8]
Por esta relação devemos identificar a deusa ibérica Erbina com este grupo de deusas da renovação vegetal...e de passagem as latina Anteverta (Outono a Inverno) & Posverta (Primvavera e Verão).
                        > «Gorete».
Corê < Kauret > Phrau-ish (>Alm.Frau = mulher)
> Phros (=> A-phro-dite) > Pros-.
Outro aspecto interessante é que *Caprina pode resultar por metaplasmo em Caprina, o que nos faz lembrar de Juno Caprotina...e a cabra de Atégina.
Caprotina is an epithet of Juno in Her aspect as a fertility Goddess. As Juno Caprotina She is associated with goats (Latin capra, "she-goat", caper, "he-goat") and with figs, both of which are symbolic of fertility: the fig fruit bears many seeds, and goats are well-known for their randiness. Her festival was called the Nonae Caprotina, or the "Nones of Caprotina", held on the nones or 7th day of July, and it was exclusively celebrated by women, especially slave-women.
The Roman explanation of the Nonae Caprotina is thus: after Rome had survived a siege by the Gauls (historically in the 4th century BCE), some of the less-friendly neighboring Latin tribes decided to take advantage of Rome's weakened position and demanded Roman women in marriage, under the threat of destroying the city. While the Senate debated what to do, a slave-woman named Tutela took the matter into her own hands: with a group of other slave-women dressed as free women, she went to the amassed enemy army, and under the guise of celebrating a wedding feast, got the Latins quite drunk. After they had fallen asleep the slave-girls took their weapons, and Tutela climbed a nearby wild fig tree (caproficus in the Latin) and waved a torch as signal for the Romans to attack.
(...) Another explanation for this festival was that it commemorated the day that Romulus, the legendary founder of Rome, mysteriously vanished during a thunderstorm, after which He was believed to have been taken by the Gods and made immortal. The site of His disappearance was the Palus Caprae (or "Goat's Marsh") in the Campus Martius, a swampy basin not far from the spot where the Pantheon is nowadays (...)
Goats, figs, and a fleeing populace are the common threads in these traditions; also located near the Palus Caprae (which is the name given to that area only in the legend of Romulus' disappearance) were the Aedicula Capraria, the Shrine of the Goat, and the Vicus Caprarius, a road literally named "Goat Street", which was probably named so because it led to the Aedicula Capraria. (...)
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Figura 5: Juno Caprotina.
And yet another tradition names the invading army that frightened the populace so as being from Ficulea or Ficulnea, an ancient Sabine town whose name means "Of the Fig-Tree". (...)
The various and confused explanations given for the two related festivals point to both their importance and their ancient origins. Probably they are both linked to the fig-harvest, which takes place in Italy in June and July, and to Juno as a Goddess of the fig tree who ensured a bountiful crop. (...) The other major theme of the Poplifugia and the Nonae Caprotina (as well as the Lupercalia) was the ritual spiritual cleansing of the city: the fig was known in ancient times as a purgative, and thus associated with the driving out of evil (as both figs and fig-branches were used in the Greek rite of the Thargelia, when Athens was symbolically cleansed), so that the people and the crops might prosper. The Flight of the People (enemy army or panicky populace) may also connect to a symbolic driving out of enemies or bad spirits.[9]
Os metaplasmos iriam ocorrendo tanto por ressonância de proximidade ritual como de conveniência explicativa por magia simpática. Por exemplo, a poplifugia poderia ser uma corrida aos figos do povo (*populi fici), depois uma fuga ao povo de Ficulea, de seguida uma fuga para as latrinas por causa dos efeitos purgativos do excesso de figos bravos (caproficus) de sicómoros da Vicus Caprarius que só deviam ser comidos por cabras, etc.
Na nos cultos de Elêusis, na Grécia, o nome de Corê era inefável, e seria por maioria de razão assim em tempos arcaicos e seguramente também entre os celtas que recusavam a escrita, não sendo por isso fácil de manter a rigidez formal da liturgia do nome da filha de Deméter.
Corê *Carpina => Prosérpina.
*Kuris-Quina > *Carispina > Pher-ka-phona > Perséfona.
(*Kur)-is-Quina > | Ich > At | -Quina > Ategina (a cabra) montês.
Notar que não deve ter sido por acaso que os romanos prestaram culto a Juno Caprotina porque Juno é seguramente uma variante, pelo menos homófona, de Jana / Gina.
El sociólogo Moisés Espírito Santo afirma que el nombre combina Atta y Jana, el primero un epíteto de la diosa madre arquetípica y el segundo el nombre de la deidad romana Jana (forma femenina de Jano) o posiblemente de Diana, la diosa de la Luna. Este sociólogo también afirma que Ataecina es una deidad compuesta que surge de tendencias sincréticas. [10]
Nesta rede de anelos étmicos poderia ser apanhada Afrodite Afrogénia, facto que em nada nos confundiria pois em lugar próprio se demonstrou que Atena e Afrodite foram irmãs gémeas enquanto antigas Deusas Mães infernais!
Proserpina < Phrau-Cer-Phina < Kar-Kur-Kina.
Afrogénia < *Aphro-Gina...
             (Ate < Adae)-Gina < Ati-Thina, lit. “Mãe Diana” < Kaki-*Kina
=> Ish-Phan > Espan + ia > «Espanha».
 > Ish-Than > Shetan (+ eu > Lat. Stan-neu) > «estanho».
> Ish-Than > Ash-tan > Atena < At-Tan > Tanat > Tanit.
Ategina < Ginate, lit. “a deusa do mau génio e do ginete das cobras” J!
                             < Ki-Anate > Tianat > «Tianita» > Tanita < Tanit.
Also called: Tanith, Tent, Thinit, Tinnit, Rat-tanit; Tanis is the Greek version of Her name. She was called "Lady of Carthage", "Lady of the Sanctuary", and "the Face of Ba'al". The Romans called Her Dea Caelestis, "the Heavenly Goddess", Virgo Caelestis "the Heavenly Virgin", and Caelestis Afrorum Dea, "the African/Carthaginian Heavenly Goddess", as well as the assimilated name Juno Caelestis.
 
Ver: TANIT (***) & ATENA I (***)
 
Em conclusão, o nome de Atégina sujeitos aos interditos do secretismo mistérico, ligado aos cultos agrários e pascais, pode ser explicado como sendo a corruptela de uma mera informação do seu estado de “mulher e mãe” o que poderia ser considerado tanto um discurso ritual matriarcal como revelador do parentesco desta divindade enquanto esposa de Hades, o rei dos infernos, indiciando já um discurso patriarcal em início apenas aceite pela Deusa na forma violenta dum rapto prévio, como no mito grego.



[1] Omnibus Numinibus et Lapitearum: algumas reflexões sobre a nomenclatura teonímica do Ocidente peninsular, AMÍLCAR GUERRA.
[2] z15.invisionfree.com/MundoMarillier/index.php?showtopic=124
[3] http://networkedblogs.com/zZ4q2?a=share
[4] http://encyclopedie.arbre-celtique.com/ategnia-4959.htm
[5] http://www.arbre-celtique.com/encyclopedie/atemeria-6457.htm
[6] http://iberiaeterna.blogspot.pt/2008/05/atgina.html
[7] http://networkedblogs.com/zZ4q2?a=share
[8] http://www.rfrajola.com/roman/Republic.htm
[9] http://www.thaliatook.com/OGOD/caprotina.html
[10] http://www.thaliatook.com/OGOD/caprotina.html

sábado, 29 de março de 2014

VII TEOLOGIA & MÍTICA CRSTÃ 3. DOS ÁGAPES AO SANTO SACRAMENTO DA EUCARISTIA, por Artur Felisberto.

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A passagem do pão e do vinho para o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo (transubstanciação) só é celebrada pela igreja Católica Romana. Na Igreja Ortodoxa é visto como mistério. No luteranismo como consubstanciação. Na tradição Reformada como real presença. Nas outras denominações protestantes de tradição evangélica acontece apenas uma ceia, na qual o pão e o vinho não deixam de continuar a serem pão e vinho.

A razão pela qual a retórica católica é de todas as igrejas cristãs a mais beata deve ter a sua razão de ser na evolução do cristianismo romano dentro do politeísmo latino do qual os católicos herdaram quase tudo com o falso legado de Constantino incluindo o misticismo das antigas mitologias de mistérios. Se a eucaristia não é possível hoje em dia sem a Sagrada Hóstia, tal facto fica a dever-se quase exclusivamente a mitologia do borrego expiatório que acabou no catolicismo como a morte do cordeiro pascal que tira os pescados do mundo!

A palavra Hóstia, em latim, quer dizer vítima, que entre os hebreus, era o cabrito sem mácula, imolado em sacrifício a Deus.

Por isto mesmo é que a retórica católica é a mais mística e beata de todas as retóricas cristãs e a respeito do seu mistério fundador não podia fugir a esta regra.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a Eucaristia é "o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até ao seu regresso, confiando assim à sua Igreja o memorial da sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da vida eterna." (n. 271).

Etimologicamente a eucaristia seria também segundo a retórica imaginativa dos católicos apenas um "reconhecimento" ou "acção de graças", o que parece limitar-se a ser a eucaristia para os não católicos, enquanto “memorial da paixão”.

Eucaristia (do grego εὐχαριστία, cujo significado é "reconhecimento", "acção de graças") é uma celebração em memória da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Também é denominada "comunhão", "ceia do Senhor", "primeira comunhão", "santa ceia", "refeição nocturna do Senhor". (…)

Χάρις = II. graça ou sentido favor, influencia, quer por parte do doador ou do Receptor: 1. por parte do Doador, graça, graciosidade, bondade, benemerência, mercês, etc. 2. por parte do Receptor, o sentido de favor recebido, gratidão, agradecimentos, graças. χαρά 1 χαίρω = alegria, felicidade…enviada por algum deus para exaltar o coração.

De facto, não se entenderia muito bem uma retórica mística na qual os crentes se limitariam a participar diariamente na eucaristia apenas como reconhecimento da morte e ressurreição pascal de Cristo. Para tal bastaria o ritual da consagração da Hóstia que veio a ser a missa de Quinta-feira Santa.

Ágape, ag'a-pe (Gr. agapt, amor), era, na história eclesiástica, o banquete de amor ou de caridade, em uso entre os cristãos primitivos, quando os ricos faziam contribuições liberais para alimentar os pobres.[1]

O cristão comum não procurava nos ágapes outra coisa diferente duma “refeição de graça” que a «caridade» dos ricos paleocristãos propiciava.

Uma das coisas do cristianismo primitivo de que os romanos também não gostavam nada era a “comunidade de bens” começada a praticar nos actos com a comunhão dos santos que se mostra não somente com coisas espirituais, mas também e sobretudo com as coisas materiais... como disse S. Paulo: “mas, não digo isto para que os outros tenham alívio, e vós opressão, mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade; como está escrito: O que muito colheu não teve de mais; e o que colheu pouco, não teve de menos” (2ª Coríntios 8:13-15).

44Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. 45E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. 46E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, 47louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos. (Actos II, 41-45 que se repete por palavras idênticas em IV, 32-34).

A admissão nas divisões de pão e outros alimentos era um dos meios mais eficazes de propaganda dos apóstolos. Segundo os «Actos», num só dia inscreveram-se uns três mil pobres diabos na distribuição de víveres e de doutrina. Estes aceitavam a doutrina sem a compreenderem, pois resultava ainda imprecisa e confusa mesmo para próprios apóstolos, como o confirma a querela surgida entre S. Paulo e S. Pedro sobre a circuncisão. As massas dos convertidos às novas doutrinas só se impuseram à sua perseverança com a condição de com elas poderem encher a barriga “porque ninguém prega o Evangelho a estômagos vazios”.

(7) Por otra parte, afirmaban que toda su culpa y su error habían consistido en la costumbre de reunirse un día determinado, al amanecer, y cantar alternativamente un himno a Cristo como a un dios (quod essent soliti stato die ante lucem convenire carmenque Christo quasi deo dicere secum invicem) y obligarse con juramento (sacramento), no a perpetrar cualquier delito, sino a no cometer robos o atropellos o adulterios, a no faltar a la palabra dada, ni a negarse, si les invitaban, a efectuar un depósito. Realizados estos ritos, tenían la costumbre de separarse y de reunirse de nuevo para tomar una comida (rursusque coeundi ad capiendum cibum), pero común e inocente. – Plínio el joven.

À medida que o movimento cristão se alargava aos gentios, onde o direito romano seria mais exigente no que respeita à propriedade, a partilha da economia privada foi sendo substituída pela refeição comunitária que se passou a chamar a “ceia do amor” ou ágate.

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Figura 1: O ágape é um tema frequente na arte paleocristã, como neste Arcosolium das catacumbas dos Santos Marcellinus e Pedro, Via Labicana, Roma.

Esquerda: “AGAPE MISCE NOBIS” = O amor mistura-nos.

MISCE = unir, ter relacionamento carnal, praticar o coito (Cic.)/ misturar / despir / excitar.

Direita: IRENE·PORGE·CALDA = IRENE, nome da deusa de paz, PORGE = oferece CALDA = bebida de vinho com água quente.

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CAʹLIDA, or CALDA, the warm drink of the Greeks and Romans, which consisted of warm water mixed with wine, with the addition probably of spices. This was a very favourite kind of drink with the ancients, and could always be procured at certain shops or taverns, called thermopolia (Plaut. Cur. ii.3.13, Trin. iv.3.6, Rud. ii.6.45), which Claudius commanded to be closed at one period of his reign (Dion Cass. lx.6).

Figura 2: Recipiente de calda para banquetes romanos.

Because all these word arrangements vary in combination with one another, it appears that the Early Christians where saying that agape love, wine (Bacchanalian orgies), and their mixing of carnal sex are all synonymous for the purpose of bringing peace to the world.

A teologia católica faz um esforço tremendo para justificar o quanto o sacramento da eucaristia se afastou das suas origens no ágape tanto nas formas substantivas do ritual quanto na sua justificação espiritual. A verdade porém é a de que o ágape não era, em termos substantivos e práticos, mais do que a adaptação à realidade paleocristã dos banquetes e festins romanos que quando envoltos de espiritualidade se aproximavam das saturnálias, das orgias e dos bacanais.

To pagans, the predawn worship of Christians and their acts of faith were a mystery, which was made no more understandable by the martyred bishop of Lyons, who, when asked who was the Christian god, replied only that "If you are a fit person, you shall know."Attalus, too, said only that the name of his god was not like that of a man. Such secrecy elicited lurid notions of immorality, and there were accusations of "Thyestean banquets [cannibalism] and Oedipean incest, and things we ought never to speak or think about, or even believe that such things ever happened among human beings" (Eusebius, V.1.14).

Marcus Cornelius Fronto, an orator and rhetorician who was the tutor of Marcus Aurelius and later his correspondent, condemned the Christians in a lost speech, fragments of which are preserved by Minucius Felix in the Octavius, a dialogue between the pagan Caecilius and the Christian Octavius that sought to refute such charges. One was that "They are initiated by the slaughter and the blood of an infant, and in shameless darkness they are all mixed up in an uncertain medley" (IX). Another was "the charge of our entertainments being polluted with incest" (XXXI). Justin, who was martyred during the reign of Marcus Aurelius (the record of the trial, based on an official court report, still survives), also mentions "those fabulous and shameful deeds — the upsetting of the lamp, and promiscuous intercourse, and eating human flesh" (First Apology, I.26), calumnies that inspired fear and hostility.

IX. « Cependant, comme les mauvaises plantes sont les plus fertiles, et que les vices gagnent tous les jours de plus en plus, cette maudite secte s'augmente aussi tous les jours. C'est pourquoi il faut travailler de bonne heure à extirper cette exécrable société : ils s'entre-connaissent à de certains signes cachés, et s'entr'aiment presque avant que de se connaître. La luxure fait une partie de leur religion : ils s'appellent communément frères et sœurs, pour transformer une débauche ordinaire en inceste ; on dirait que ces malheureux se plaisent aux crimes. Et certes s'il n'en était quelque chose, le bruit n'en serait pas si grand : on dit encore qu'ils adorent une tête d'âne consacrée par je ne sais quelle sotte superstition, religion véritablement digne de leur vie. Ils ont aussi en vénération, à ce qu'on dit, les parties honteuses de leurs prêtres ; vous diriez qu'ils adorent la nature de leurs pères. Je ne sais si ces soupçons sont faux ou véritables, mais véritablement ces cérémonies et ces dévotions cachées et de nuit sont toutes propres à les faire naître. Et celui qui dit qu'ils adorent un homme qui a été pendu pour ses crimes, et que le bois d'une croix fait une partie de leurs cérémonies, celui-là leur attribue des autels dignes de leurs méchancetés et leur fait adorer ce qu'ils méritent. D'ailleurs, les cérémonies qu'ils observent quand ils admettent quelqu'un à leurs mystères, ne sont pas moins publiques qu'horribles. On met devant ce nouveau venu un enfant couvert de pâte, afin de cacher le meurtre qu'on veut faire commettre : c'est là-dedans qu'il donne, par leur commandement, plusieurs coups de couteau; le sang coule de toutes parts, ils le sucent avidement, et ce crime commun est le gage commun du silence et du secret. Mystères pires que tous les sacrilèges!

On sait aussi quels sont leurs banquets, et l'orateur de Cyrta en fait mention dans sa harangue. Ils s'assemblent tous en un jour solennel, femmes, enfants, frères, sœurs, et enfin de tous âges et de tous sexes, et après avoir bien bu et mangé, lorsque la chaleur du vin et des viandes commence à les échauffer et à les provoquer à la luxure, ils attachent un chien au candélabre et lui jettent un gâteau si loin qu'il n'y peut atteindre, afin qu'en sautant il renverse le flambeau. Ainsi s'étant défaits du témoin de leurs crimes, ils se mêlent au hasard, et par ce moyen sont tous incestueux de volonté s'ils ne le sont tous d'effet, puisque le péché de chacun est le souhait de toute la troupe. – Octavius, Minucius Felix.

Se os cristãos resistiam muito ou pouco às tentações da carne que a “mistura” de corpos reclinados nas camas dos triclinium, que os banquetes dos ágapes de caridade cristã propiciavam, a verdade é que teriam pecado muitas e bastas vezes porque os pagãos os acusaram disso.

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Figura 3: Arcosolium da Catacumba de S. Pedro e S. Marcelino, Roma.

Como algunos se mostrarán remisos a admitir que la embriaguez estuvo al orden del día en los piadosos «ágapes» de los primeros siglos, nos limitaremos a señalarles este comunicado de la Ciudad del Vaticano, con fecha del lunes 26 de octubre de 1970, y reproducido al día siguiente en el periódico France-Soir: «Unas pinturas murales inconvenientes han sido descubiertas este año en las catacumbas de Roma. Muestran a los primeros cristianos bebiendo y festejando durante unos funerales. Al revelar el sábado este descubrimiento, el Osservatore Romano, órgano del Vaticano, subraya que esas pinturas no tienen nada en común con otros frescos cuyo tema es la celebración de la misa por cristianos reunidos alrededor de una mesa. Lo “inconveniente” para el Osservatore Romano es en especial “la abundancia de botellas en pie o tumbadas” representadas en esas escenas de banquete». Evidentemente, nos gustaría saber qué evoca el término «en especial». . -- Robert Ambelain, El hombre que creó a Jesucristo.

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Figura 4: Três casais num triclinium de verão. Pompeia.

É evidente que os romanos não tinham grande autoridade moral para criticarem a imoralidade dos ágapes cristãos porque a decadência do império romano ficou famosa pela licenciosidade dos seus banquetes que facilmente descambavam em orgias.

(…) XXX. « Pour ce qui est du banquet incestueux, c'est une calomnie que les démons ont inventée pour souiller la gloire de notre chasteté, et détourner les hommes de notre religion par l'horreur d'un si grand crime. Aussi te qu'en a dit votre orateur, c'est plutôt une injure qu'un témoignage. Et certes! vous êtes coupables d'incestes plutôt que nous. Les Perses épousent leurs mères; en Egypte et dans Athènes on se marie avec ses sœurs : vos histoires et vos tragédies, auxquelles vous prenez tant de plaisir, font gloire des incestes, et les dieux que vous adorez les commettent avec leurs mères, avec leurs filles, avec leurs sœurs. Il ne faut donc pas trouver étrange s'il y en a tant parmi vous, puisque vous avez vos dieux pour exemple. Vous pouvez vous rendre coupables sans le vouloir, en exposant vos enfants de tout sexe et les abandonnant à la pitié publique, ou en ayant commerce avec toutes les femmes que vous fréquentez; car qui empêche que vous ne rencontriez plus tard ces fruits inconnus de vos débauches? Ainsi vous nous accusez de faux incestes, et ne vous souciez point d'en commettre de véritables. Mais les chrétiens ne mettent pas la chasteté en dehors, ils la mettent dans l'esprit, et ils ne s'étudient pas tant à paraître chastes qu'à l'être en effet. Un mariage nous suffit ; nous ne voyons qu'une femme, ou bien nous n'en voyons point. Pour nos banquets, ils ne sont pas seulement chastes, ils sont sobres ; car nous ne nous amusons point à nous charger l'estomac de vin ni de viandes, mais nous tempérons l'allégresse des festins par la gravité de notre entretien. Que si nous sommes chastes dans nos assemblées, nous ne le sommes pas moins ailleurs. – Octavius, Minucius Felix.

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Figura 5: Con el nombre de asároton oikos o asároton oecon encontramos en la sala destinada a los banquetes romanos, triclinium, un tipo de mosaico caracterizado por simular un “suelo sin barrer”, en el que se hallan representados diversos desperdicios de comida que parecen que han sido lanzados al suelo en ese momento. Entre los escombros se suelen mostrar raspas de pescados, moluscos, verduras, etc. Estos restos nos proporcionan una valiosa información sobre la cantidad y variedad de alimentos que se llegaban a servir en una “cena romana”.

Tamanho era o gosto dos romanos por jantares luxuosos e festas, que costumavam evoluir para orgias, que alguns políticos resolveram baixar leis para moderar a farra. Uma delas, a Antia Lex do século 1º, limitava os gastos com essas comemorações e instituía que os magistrados só poderiam jantar fora se fosse na casa de determinadas pessoas. Está claro que ninguém obedeceu. Acabou sobrando para o autor, Antius Resto porque, segundo o filósofo Macrobius, como todos continuavam com suas orgias, para não contrariar a própria lei ele nunca mais foi visto jantando fora.

As críticas dos romanos relativas à licenciosidade dos ágapes bem poderiam lembrar a fábula do lobo que estando a montante acusou um infeliz cordeiro de lhe turvar a água porque, para alguém decidido a ter razão a todo o custo, qualquer argumento serve, ainda que seja uma mentira”.

- Pois se não foste tu, foi o teu pai! - rosnou o lobo, saltando em cima do pobre inocente.

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Figura 6: Banquete funerário etrusco de que o ágape das catacumbas cristã seria a tradição continuada.

Se foi o filho de Tarquínio, o Soberbo, quem violou uma patrícia foi o pai quem pagou por isso com o fim da monarquia romana porque ninguém apreciava mais do que os etruscos da licenciosidade de um lauto banquete fúnebre na esteira da boa tradição dos simpósios gregos que em nada desmereciam dos opíparos banquetes sibaritas de Sardanapolo.

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Figura 7: Simpósio grego.

Mas se nem todos os romanos foram amantes de orgias privadas desde os tempos etruscos foram alguns adeptos de orgias órficas que passaram a tradição dos etruscos para os paleocristãos!

Enfim, se não foram todos cristãos que se chamaram vulgarmente por irmãos para mais facilmente se conhecerem biblicamente nos ágapes então foram outros paleocristãos também chamados setianos, ofitas, carpocracianos, etc, e que mais não seriam do que variantes judaico-cristãs gnósticas de cultos de mistérios órficos, pitagóricos e dionisíacos, sabásicos, de mistura com muitos outros cultos misteriosos de ritos de passagem e de morte e ressurreição solar egípcios e orientais.

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Figura 8: Novamente, três casais numa cena romana de banquete sexual. Insula della Domus dei Casti Amanti. (Restauro cibernético do autor).

Even Clemens Alexandrinus (d.c. 220 a.d.) found in the Epistle of Judas a prediction concerning the Karpocratians and related sects ("Stromata" III., 2). He relates, among other things, that among the Karpocratians, men and women, after the common meal, after the lights are extinguished, have sexual commerce with each other.

Epiphanius xxvi., 5, describes as follows the conduct of the so-called Gnostics:

Epiphanius described the agape practiced by Ophite Christians, while making it clear that these heretical sexual activities filled him with horror: "Their women they share in common; and when anyone arrives who might be alien to their doctrine, the men and women have a sign by which they make themselves known to each other. When they extend their hands, apparently in greeting, they tickle the other's palm in a certain way and so discover whether the new arrival belongs to their cult. …Husbands separate from their wives, and a man will say to his own spouse, "Arise and celebrate the love feast (agape) with thy brother." And the wretches mingle with each other…after they have consorted together in a passionate debauch…The woman and the man take the man's ejaculation into their hands, stand up…offering to the Father, the Primal Being of All Nature, what is on their hands, with the words, "We bring to Thee this oblation, which is the very Body of Christ." …They consume it, take housel of their shame and say: "This is the Body of Christ, the Paschal Sacrifice through which our bodies suffer and are forced to confess to the sufferings of Christ." And when the woman is in her period, they do likewise with her menstruation. The unclean flow of blood, which they garner, they take up in the same way and eat together. And that, they say, is Christ's Blood. For when they read in Revelation, "I saw the tree of life with its twelve kinds of fruit, yielding its fruit each month" (Rev. 22:2), they interpret this as an allusion to the monthly incidence of the female period."

The contents of these documents are so revolting that one would be glad to agree with //. Usener, " Das Weihnachtsfest," Bonn, 1889, 110, and others, who contest their credibility. Epiphanius, the chief witness, they say, lived too long after the occurrences (he died, at the age of about 100, in 403 a.d.). But he appeals, xxvi. 17, 18, to the oral information of credible men, to original writings of the Gnostics, and to personal intercourse which, as a quite young man, he had with these "Gnostics". Nevertheless, I hold with R. Seeberg it is very probable that the account of the use of the embryo, which is found only in Epiphanius, should be considered unhistorical.

After all, Epiphanius was credulous enough to say about even the Montanists, that they employed in their sacrifices the blood of a child, whose body they had pierced with needles, xlviii.

(…) The partaking of semen virile and sanguis menstruus is ascribed also to the religious party of the Manichaeans, which was allied to the Gnostics, v. Cyrillus of Jerusalem's 6th Catechet. Discourse (348 A.D.), § 33, and Augustine, "De Moribus Manichaeorum," 18, 66, and "De haeresibus," 46.

The explanation of this action of many Gnostics is probably only partially to be sought in their dualistic conception of the world. The sparks of the higher power of light, which exist in the bodies of human beings, are gathered together by means of semen virile and sanguis menstruus, and brought to the Treasury of Light. In this way men earn reward from the highest good God (from whom the Creator-God has fallen away, with His angels and archons). First steps of the libertine conduct, without which rites like those described could hardly have arisen, are already adverted to in the New Testament: Rev. ii., 6, 15. (the Nikolaites), and the Epistle of Judas, especially vv. 7, 8, 10, 12. -- The Jew and Human Sacrifice: Human Blood and Jewish Ritual, an Historical and Sociological Inquiry (1909), Hermann Leberecht Strack

Enfim desde os cartagineses aos comunistas que existiu sempre pretexto para a crítica, cada vez menos fundada, de que os piores inimigos se não são todos uns perigosos e invejáveis debochados são pelo menos quase sempre os que “comem criancinhas ao pequeno-almoço”!

Os gregos não seriam menos amantes que o comum dos mortais mas, por vicissitudes da sua história linguística, feita de sincretismos vários, típica do helenismo, resultante da fusão de dialectos e diferentes línguas que em tempos arcaicos se desenvolveram no isolamento geográfico de ilhas e recantos de várias penínsulas em volta das recortadas costas do mar Egeu, parece que terão criados o gosto pelos requintes das nuances semânticas que os fez descobrir a filosofia. Assim sendo terão diversificados as diversas formas de amor e de afecto em pelo menos quatro termos.

Los Cuatro Amores es el título en español del libro The Four Loves escrito por C. S. Lewis y publicado por primera vez en 1960 en Londres1 y Nueva York. En este ensayo, Lewis aborda el tema del amor dividiéndolo en cuatro categorías, con la ayuda de los conceptos que toma prestados del idioma griego: Cariño (gr.: Στoργη´), amistad (gr.: Φιλíα), eros (gr.: ´Ερος) y caridad (gr.: Αγα´πη), al que él mismo llama "ese amor que Dios es".

Obviamente que todas as guerras religiosas começam por os equívocos semânticos que resultam a maior parte das vezes de más traduções muitas vezes em circunstâncias quase impossíveis. A riqueza linguística ibérica permite tantas ou mais cambiantes do «amor» em geral do que a língua grega (como por exemplo: «afecto», «simpatia», «amizade», «ternura, «paixão», etc) mas não contempla seguramente eros como significando outra coisa que não seja o nome mitológico do deus do amor.

Quanto ao facto de ágape corresponder ao amor cristão, que a igreja apostólica e romana estigmatizou na “caridade, é uma das muitas ficções criadas por dois mil anos de especulação ruminante da teologia cristã de que a de C. S. Lewis seria uma das últimas. Na verdade, o termo grego ágape teria sido pouco usado nos tempos homéricos e na época de Platão seria utilizada para o amor familiar em contraponto com o amor aos camaradas de armas ou de academia (filia), afectos que os gregos terão muito cedo sabido distinguir da paixão libidinosa e do amor sexual.

Parece assim que a derivação desviante do ágape terá começado com os judeus alexandrinos que ao traduzirem a septuaginta usaram intensivamente o ágape para traduzirem o termo hebreu do amor em geral.

Não é certo saber-se por qual razão o termo agapao foi escolhido pelos tradutores da septuaginta mas a semelhança de sons consoantes (aḥava = amor em hebreu) pode ter tido a sua quota-parte de responsabilidade sendo certo que não menor culpa pode ter resultado da pobreza linguística do hebreu na descrição distintiva de afectos e relações familiares. Fosse como fora, ἀγάπη θεῶν foi um epíteto de Ísis o que comprova que ágape era um termo comum entre os gregos do Egipto, possivelmente pela semelhança que teria com equivalente local do mesmo tipo do aḥava judeu da septuaginta. Deste modo os judeus alexandrinos acabaram a desenterrar um termo grego arcaizante (que por estranho sinal significava também, nas tragédias de Eurípedes, “mostrar afecto por um morto”) e que teria tido origem semita comum, possivelmente cretense.

ἀγάπη < haka-pha < Kaka-ka > Ahava > Heb. aḥava.

Assim, o obscuro termo grego ágape pode ter surgido como um mera transliteração de alguma língua semítica. Deste modo, o uso do substantivo ágape parece ser uma inovação dos escritores do Novo Testamento, claramente derivado do uso do verbo agapao na Septuaginta.

Obviamente que as vias derivativas arcaicas que transparecem nesta transliteração entre o amor hebreu e o ágape grego estão longe de ser óbvias. No entanto os encontros e contratempos culturais acabam por pôr a nu verdadeiros fósseis significantes como é o caso de *Kaka-Wet ser um epíteto plausível Hestia / Vesta, a deusa do fogo eterno dos lares sagrados que teria sido, esposa de Hefesto, por sinal mãe do deus do fogo.

 

Ver: DEUSES DO FOGO (***)

 

Pois bem, por conveniências e várias vicissitudes também os mitos andaram seguramente baralhados, e nada obsta a que, como em muitos outros mitos primordiais Hestia e Hefesto fossem a virgem e o deus menino que acabaram também por ser o casal primordial. Como ἀγάπη θεῶν, amor dos deuses (ou, por ser um genitivo feminino plural, das deusas) foi um epíteto de Ísis, suspeita-se que pelo menos esta deusa ainda revelava uma relação entre a virgem mãe e o “deus menino” uma relação com um possível epíteto arcaico de Vesta. Supostamente a esposa de Hefesto era Afrodite mas nunca lhe terá sido muito fiel pelo que alguns dizem que terá tido por esposa Aglaia, “a resplandecente”, “a que brilha”, “a esplendorosa e esplêndida”, seguramente por ser deusa do fogo e que a mais jovem e bela das três Graças que simbolizava a inteligência, o poder criativo e a intuição.

B. Χάρις, ιτος, , as a mythological pr. n., Charis, wife of Hephaestus, Il.

2. mostly in pl. Χάριτες, αἱ, the Charites or Graces, Lat. Gratiae, who confer all grace, even the favour of Victory in the games, Pind.:—in Hom. their number is undefined; Hes. first reduced them to three, Aglaia, Euphrosyne, Thalia.

Aglaia < Hagaraia < Kaka-uria ó *Kaka-Wet = Caca Vesta.

Enquanto deusa do fogo sexual era uma deusa da fertilidade como Isis e por isso acabou relacionada como as Graças do culto de Vénus / Afrodite.

E é assim que sem ter que estudar o catecismo católico passamos do amor das deusas deste, que os petulantes cristãos repudiaram por pura misogenia patriarcal machista, para a Caridade.

A «caridade» paleocristã foi sempre algo mais prático do que o puro e platónico amor cristão.

No entanto é bem possível que debaixo da poeira retórica dos evangelhos (e sobretudo da tradição), que mascara a vera efígie do cristianismo, se esconda uma semântica de significado e eficácia social muito mais profunda.

Kiddush (em hebraico: קידוש, literalmente, "santificação") é a bênção recitada sobre o vinho ou suco de uva para santificar o Shabat ou uma festa judaica. A Torá se refere a dois requerimentos referentes ao Shabat - "mantê-lo" e "lembrá-lo" (shamor e zachor). A Lei judaica portanto requere que o Shabat seja observado em dois aspectos. Uma pessoa deve "mantê-lo" se abstendo das trinta e nove atividades proibidas, e a pessoa deve "lembrá-lo" fazendo arranjos especiais para o dia, e, especificamente, através da cerimônia de kidush.

O termo Kiddush também é usado para se referir a refeição cerimonial servida em uma sinagoga após a recitação do kiddush na conclusão dos serviços.

Nela são servidas bebidas e em muitas vezes bolos, biscoitos, e peixe.

A eucaristia seria tão-somente a primeira comunhão do cristianismo no sentido de refeição comunitária.

Ahora, en apoyo de nuestras conclusiones, citaremos dos autoridades de la exégesis liberal: «Las pretendidas palabras de la institución eucarística sólo tienen sentido en la teología de Pablo, que Jesús no había enseñado, y en la economía del “misterio” cristiano, que Jesús no había instituido». (Cf. Abad Alfred Loisy, L'initiation chrétienne, p. 208).

«Pero entonces, ¿de dónde procede ese rito? ¿De dónde proceden esas palabras? No de Israel. Los judíos no ignoraban la comunión de la mesa, y muchos esperaban con firme esperanza el “festín mesiánico”; se habla de ello en los Sinópticos. Sus sectas, por ejemplo los essénios y los terapeutas, practicaban ágapes sagrados que se parecían mucho a los ágapes de sacrificio. Pero por doquier se trataba tan sólo de un signo de fraternidad; en ninguna parte se percibe rastro alguno de teofagia.» (Cf. Charles Guignebert, Le Christ, III.)

Escuchemos a Pablo: «Y cuando os reunís, no es para comer la cena del Señor, porque cada uno se adelanta a tomar su propia cena, y mientras uno pasa hambre, otro está ebrio». (Pablo, I Epístola a los Corintios, 11, 20-21.) Y Judas, en su única carta, nos dirá lo mismo: «Estos son los que mancillan vuestros ágapes, cuando con vosotros banquetean sin recato, hombres que se apacientan a sí mismos». (Epístola de san Judas, 12.)

Verdade oculta ou exagero ocasional inevitável a verdade é que a Igreja veio a proibir o ósculo da paz e o uso de leitos nos banquetes das igrejas o que acabou com os ágapes no concílio de Cartago do ano de 397.

ÁGAPE (del gr. άγάπη, afecto, amor):Por otra parte los paganos sacaban todo el partido posible de estas comidas en común para combatir á los cristianos y daban torcidas y malévolas interpretaciones al ósculo de paz con que se despedían los asistentes de ambos sexos, suponiendo que tales reuniones eran, más que otra cosa, orgias y bacanales. Hay quien cree que no eran del todo infundadas tales acusaciones; lo cierto es que se dispuso que el ósculo de paz sólo se diera entre personas del mismo sexo y se suprimieran los lechos en los lugares en que se celebraba el ágape. A pesar de estas disposiciones, los abusos persistieron ó la calumnia fué en aumento, puesto que en 397 el concilio de Cartago los prohibió terminantemente. La voz Ágape era sinónima de limosna en el siglo ix. -- Diccionario Enciclopédico: Hispano-Americano de Literatura, Ciencias, Artes, Etc.

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Figura 9: As três Cárites dos favores graciosos das estações do ano que entre os romanos eram as Graças das três idades da mulher: Castitas, Pulchritude & Voluptas.

Entretanto, os ágapes vieram a ser substituídos pela Eucaristia quase seguramente porque o pensamento grego dominante da igreja se foi apercebendo de que a etimologia do termo ágape tinha sido um equívoco dos judeus helenistas de Alexandria e que o “verdadeiro amor de caridade” teria que ser a Eucaristia, até porque os ágapes tinham degenerado num amor demasiado literal.

«Eucaristia» = εὐ-χαριστία = Eu + Kar + ist(-ia) < Χάρ-ι-τες.

A ideia desta renovação litúrgica deve ter decorrido das festas gregas em honra de antigas divindades das estações do ano, as Horas, que depois se transformaram em divindades da Graça e Caridade.

El río Cefiso cerca de Delfos estaba consagrado a ellas, y tenían sus propias festividades, las Caritesias o Carisias que son las fiestas de "Acción de Gracias", en las que se practicaba el banquete "Charistía", en el que se comía torta de miel llamada piramús en honor de las Cárites.

 

Ver: DO SACRAMENTO DA EUCARISTIA A JESUS CRISTO,

por arturjotaef.



[1] AGAPE, ag'a-pe (Gr. agapt, love), in ecclesiastical history, the love-feast or feast of charity, in use among the primitive Christians, when a liberal contribution was made by the rich to feed the poor. -- Encyclopedia Americana, Volume 1