sexta-feira, 13 de junho de 2014

HERMES TRIMEGISTO O TRIO DE HADES/OSIRIS, HERMES/TOTH & ANUBIS/APOLO LICEU. Por Artur Felisberto.

clip_image002Figura 1: Hermes como juiz dos mortos na morte de Sarpedon num belíssimo vaso de Eufrónios.

HERMES UM JUIZ DOS MORTOS

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Figura 2: Hermes pesando a almas dos heróis perante a surpresa de Eos.

Hermes é quase o nome de Hímeros, um dos Erotes, ao contrário, o que não terá sido inteiramente ao acaso visto que Hermes era não apenas mais um anjo, do mesmo tipo dos filhos de Afrodite, como seria quiçá o pai dos filhos desta, obscura razão pela qual ainda apresentava na iconografia clássica alguns apêndices alados no caduceu do bastão, no chapéu e nas sandálias e era pelos gregos, por equivoco semântico possivelmente assim originado, considerado por antonomásia o «mensageiro» dos deuses.

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Figura 3: Hermes seria um dos Erote adulto e um mensageiro de Afrodite e pai dos amores!

Quand on étudie les noms divins de la Grèce et de l'Italie, on s'aperçoit qu'ils passent aisément d'une forme simple à une forme plus compliquée. Le nom ´Eriounniosç que porte Hermès donne l'idée pour ce dieu d'un nom élémentaire qui devait se confondre avec celui d'Éros. Iris, dont le caducée est l'attribut, est de même antérieure à Hersé. De Y Hermès hellénique on passe au Tunns des Etrusques, le même que le Terminus des Latins. Hersé conduit à Pcrsé ou Perséis, dont la forme masculine est Persès; Persé est, à son tour, le principe du nom compliqué de Perséphatta, comme Persès fournit Perseptolis. Vouloir comprendre encore le nom latin de Mercure dans cette recherche, ce serait peut-être pour le moment forcer la mesure et nous nous en abstiendrons. Mais on peut annoncer d'avance que ce nom rentre dans les mêmes conditions que celui d'Hermès. – Charles Lenormant; Jean Joseph Antoine Marie de Witte, Élite des monuments céramographiques: matériaux pour l'histoire des religions et des moeurs de l'antiquité (Band 3).

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Figura 4: Psicostasia .

Har-nedj-itef (Harendotes) - An Egyptian guardian god, one of the manifestations of Horus. In this form, he guards his father Osiris in the underworld and therefore called "Horus the savior of his father". also protects the dead and is portrayed as a falcon on sarcophagi.

É estranho que neste caso Harendotes, a versão de ouvido dos gregos, pouco tenha a ver com a etimologia de Trimegisto mas, algo se passou que fez com que seja também foneticamente afastada de Har-nedj-itef.

Harendotes < Harendjotesh < Kar-Endji-tef

< Kur-Enki-teku > Har-nedji-tef.

Para Enki = Minus => Kur-Enki = *Kerminus, e então =>

Karme-tishu > Karme tisho > *Thurme Phiasto

> Tryme-kesto > Trimegesto > Trimegisto => Hermêz!

Possivelmente ambas as versões sofreram mutações fonéticas difíceis de compreender por agora. O certo é que Hermes Trimegisto era considerado o Deus Egípcio do ocultismo que costumava também adorar relacionado com Tote. Sabemos que foi Tote e não Horus quem foi identificado pelos gregos com Hermes, o deus dos mortos da «4ª feira de Cinzas»!

Figura 5: Tot no Tribunal de Osíris.

The god of wisdom, Thoth was said to be self-created at the beginning of time, along with his consort Maat (truth), or perhaps created by Ra.

Dito de outro modo, seria o mesmo que dizer que Tote era uma variante do nome de Enki.

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Thoth < Tahuti < Ta-| Kuti < Ki-ut < Teo | Kuki > Kauki > Caco / Enki.

Thoth was depicted as a man with the head of an ibis bird, and carried a pen and scrolls upon which he recorded all things. He was shown as attendant in almost all major scenes involving the gods, but especially at the judgement of the deceased. He served as the messenger of the gods, and was thus equated by the Greeks with Hermes.

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Figura 6: Psicostasia dos heróis da guerra de Tróia.

Ora bem, sendo assim, Tote não precisava dos adereços voláteis de Hermes para voar pois ele era afinal a serpente emplumada em forma de pelicano. Ora, se entre as mulheres divinas encontramos a tradição das «tridivas» também aqui encontramos as três formas divinas do deus dos mortos: Osíris o «morto vivo», Anubis/Anpu, o «lobisomem» apolíneo, e o hermético pelicano ou ave de pescoço de «serpente emplumada» que pode ter sido Tote.

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Figura 7: Toth, Tot, Tôt, Thoth

ou Zonga é o nome em grego de Djehuty (ou Zehuti), um deus pertencente ao panteão egípcio, deus da sabedoria um deus cordato, sábio, assistente e secretário-arquivista dos deuses.

É uma divindade lunar (o deus da Lua) que tem a seu cargo a sabedoria, a escrita, a aprendizagem, a magia, a medição do tempo, entre outros atributos.

Era frequentemente representado como um escriba com cabeça de íbis (a ave que lhe estava consagrada). Também era representado por um babuíno.

Thoth served in Osirian myths as the vizier (chief advisor and minister) of Osiris. He, like Khons, is a god of the moon, and is also the god of time, magic, and writing. He was considered the inventor of the hieroglyphs.

Seguramente estes deuses eram, na tradição piedosa de sincretismo religioso dos egípcios, variantes e avatares do arcaico deus do fogo que teia sido Kako/Enki. As semelhanças de Toth com Khons permitem a correlação com o canídeo Anpu, (< também Khaunus, o «cão» < kaunuki < Kian Kaku) e não deixam de ser expressivas quanto a estas virtualidades.

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Figura 8: Hermes pesando os keres dos heróis!

Sometimes the whole complex conception is wrapped up in the notion of a single dog, the messenger of the god of shades, who comes to summon the departing soul. Sometimes, instead of a dog, we have a great ravening wolf who comes to devour its victim and extinguish the sunlight of life, as that old wolf of the tribe of Fenrir devoured little Red Riding-Hood with her robe of scarlet twilight. Thus we arrive at a true werewolf myth. The storm-wind, or howling Rakshasa of Hindu folk-lore, is "a great misshapen giant with red beard and red hair, with pointed protruding teeth, ready to lacerate and devour human flesh; his body is covered with coarse, bristling hair, his huge mouth is open, he looks from side to side as he walks, lusting after the flesh and blood of men, to satisfy his raging hunger and quench his consuming thirst. Towards nightfall his strength increases manifold; he can change his shape at will; he haunts the woods, and roams howling through the jungle." [1]

À primeira vista parece espantoso que a primeira preocupação cultural da humanidade tenha sido com a vida para além da morte quando era a vida neste mundo que deveria ter sido motivo das maiores preocupações, de tão precária e quase efémera que ela era então tanto em termos de longevidade/mortalidade quanto de qualidade/morbilidade. Porém, a verdade é que a lógica dos instintos vai precisamente no sentido de que, quanto mais precária e esforçada for a sobrevivência, mais valor tem e mais custa deixa-la.

Assim sendo, os cultos dos mortos apenas reflectem o quanto a humanidade aprendeu, na luta pela sobrevivência, a valorizar o gosto de viver de forma culturalmente digna e civilizadamente humana!

Pela vasta e acumulada experiência nas suas funções de juiz das almas dos mortos, foi convidado para ser um dos juízes do primeiro concurso de beleza celestial, ao lado de Páris, razão pela qual se pode pressupor que esta entidade mítica não era senão uma manipulação política posterior feita a pretexto de um facto verosímil relativo a um dos muitos episódios do ciclo da guerra de Tróia e em torno de um mito solar mais arcaico relativo a Apolo, o deus do sol diurno, em contraste com Hermes que era o deus do sol-posto.

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Figura 9: Hermes, numa cena do julgamento de Paris dum vaso grego arcaico. Notar que o caduceu seria um «bastão (do poder) das cobras» (cretenses) utilizado como sinal de poder de bons curativos e de melhores julgamentos, uma vez que nesta cena é transportado também por Paris, também ele no papel de juiz dum concurso de beleza divina. Por outro lado, Hermes é o juiz de todas as contendas representadas em múltiplos vasos gregos. Por ser um juiz dos mortos que os gregos mais respeitavam, Hermes acabou por ser o juiz por antonomásia, ou seja, o símbolo do proprio julgamento e uma espécie de juiz divino do supremo tribunal da verdade!

De facto,

Páris < Phar ish < *Kar-Kaka

 => Kaka-kar + lu > Apkallu > Aphallu > Apolo (Licaios).

 

Ver HADES & O INFERNO (***) & APOLO (***) & SOL-POSTO (***)

 

Hades and Persephone were also seen to be judges of the dead, and in this capacity they were assisted by three heroes whose earthly deeds had identified them as great in wisdom and justice. They were called Minos, Rhadamanthys (< Urash-Ama-Antu-ish) and Aeakos (< Ayacos < Hajacos < kaxacos < *Kakikos), the last also being the gatekeeper of the lower region of Hades.

Parece que existem outras versões em que o terceiro juiz era Sarpedon.

History: (Greek-Roman Myth) - Tartarus is the underworld to which the spirits of the dead, particularly those who worshipped the Olympian Gods, were escorted by the god of death known as Thanatos. Upon arrival in Erebus, the ferryman Charon carried the dead across the Styx. Guarded by Cerberus as they entered into Hades, they were judged over by Minos, Sarpedon and Rhadamanthys who judged over the dead as to whether they were good or evil in life. Those who gained the favor of the gods were allowed to spend the afterlife in the region of Elysium while those judged evil were imprisoned in Tartarus for punishment. After being judged, the spirits of the dead were required to drink from Lethe, a spring that made them forget their lives on Earth.

A prova de que as tradições clássicas nesta matéria não eram uniformes confirma-o o facto de Hermes ser, afinal, o juiz dos mortos mais popular e nem sequer parecer fazer parte da tróica minóica. No entanto, como adiante se verá, Hermes pode ter tido uma variante *Carminos que pode, por sua vez, ter sido um dos nomes de Sarpedon e de Eros.

 

Ver: PIETA / SARPEDON (***)

 

Ora, com Sarpedon a fazer parte desta junta de Juizes de resurso supremo temos então possibilidade de comparar estes deuses com identica trilogia avéstica.

Legends, which are probably not those of Zarathushtra's original teachings are: After death, the urvan (soul) is allowed three days to meditate on his/her past life. The soul is then judged by a troika Mithra, Sraosha and Rashnu. If the good thoughts, words and deeds outweigh the bad, then the soul is taken into heaven. Otherwise, the soul is led to hell. -- Farhand Mehr, "The Zoroastrian Tradition", Element Books, (1991)

Mitra < Mi(n)tar < Minotauro, lit. o touro de (ou o próprio) Minos.

Radamanto < Rhadaman-Tis, lit. o deus Ratha-Minos

=> o deus Ratha = Anu | Urat > Urash > Rash | > Rash-anu > Rashnu.

Sarpedon = Sar-Phit-on < *Kar-Kiki-(anu) > Sra-aush > Saraosha.

*Kar-Kiki > *Ka®kikos > Hashacos > Hajacos > Ayacos > Ajax.

Mitra é seguramente Minos, Rashnu, Radamanto e Sraosha, Sarpeidon, cuja variante etimologicamente mais deteriorada seria Ayacos, ou seja, a tradição persa conserva a tradição grega. A primeira impressão seria pensar que esta era uma partilha indo-europeia mas começamos a suspeitar que a chamada tradição indo-europeia não será mais do que a primitiva tradição minóica, por esta cultura espalhada por todo o mundo, mas cujas ligações directas foram perdidos com a destruição da Atlântida. Claro que se poderia contrapor que teriam sido os gregos que, na sua infantil ignorância do passado confirmada pelo sacerdote saíta de Platão, teriam remontados as suas tradições mais arcaicas aos tempos minóicos do mesmo modo que as gentes do povo português costumam reportar lendas e ruínas antigas ao tempo da dominação árabe falando em “moiras encantadas” e, concretamente em pelo menos um lugar duma aldeia de Seixas, no alto douro, chamando “fonte da moira” a um legado facilmente inidentificável como de origem romana. No entanto, embora tal objecção não elimine a realidade minóica de que os gregos tinham, apesar de tudo, alguma lembrança, seria difícil que tivessem incorporado sistematicamente no nome de alguns dos seus deuses primordiais étimos incontestavelmente minóicos.

 

Ver: MITRA / ABATUR (***)

 



[1] Myths And Myth-Makers, John Fiske.

HERMES CRIÓFORO, “O BOM PASTOR” Por Artur Felisberto.

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Figura 1: PLANCHE LXXXVII.
Hermès était honoré sous l'épithète de Criophore (Krioforos) dans pinceurs endroits de la Grèce et particulièrement à Tanagra en Béotie. On Citait une statue célèbre de Calamis qui représentait le dieu portant un belier sur ses épaules. – Charles Lenormant; Jean Joseph Antoine Marie de Witte, Élite des monuments céramographiques: matériaux pour l'histoire des religions et des moeurs de l'antiquité (Band 3).
A propósito dos textos de linear-b de Pilos diz-se o seguinte:
Besides the priests and priestesses, certain other religious officials are mentioned: the Karawi Poro (= klarwiphoros or "key-bearer") whose precise function is unclear since it is not known to what such an official had the key.[1]
Segundo este autor,
Karawi-phoros = o que transporta os Karawi < Krawi («cravos») > klawi
> clavis = «chaves»?!
Mas poderiam ser também pregos ou flores denominadas mais tarde por cravos ou cravinas, precisamente em honra do deus sol que os faz desabrochar na primavera. No caso de as portas dos templos já terem, há época, chaves a guarda-las, em vez de deuses como Janus, não se percebe porque é que seriam precisos funcionários sagrados paras transportar algo relativamente desnecessário senão mesmo inexistente.
As chaves seguras são uma invenção moderna.
Os antigos contentavam-se com trancas que só fechavam por dentro e trincos e ferrolhos que seguravam as portas por fora guardando os de dentro apenas do vento e dos animais, porque de roubos e assaltos se guardavam os próprios.
A Arcádia, um dos principais centros da velha raça pelágica, sonharia com Hermes, uma personificação da potência protectora da natureza e especialmente da terra. Originalmente era figurado por um pedaço de madeira encimado por uma cabeça, e ali se fixava um símbolo grosseiro, que entre os povos pastores exprime simplesmente a força procriadora. Esse carácter pastoral desaparece, de resto, rapidamente, para passar ao deus , que em várias tradições é filho de Hermes. Mas o carneiro, que lhe é consagrado, e que vemos às vezes entre os seus atributos, relembra o antigo carácter de divindade campestre, e é sob tal aspecto que se chama Hermes Crióforo, ou porta-carneiro.
De facto, ainda até há bem pouco tempo as portas das nossas aldeias não eram fechadas senão deste modo já que a única segurança contra ladrões seria pouco ou nada ter e, uma boa vizinhança. Nos temos micénicos seria ainda muito mais assim.
Numa análise da terminologia grega para chave no sentido instrumental verificamos que existem termos para “transportar e guardar chaves” em que a “chave” seria inseparável de quem a transportava, não passa disso mesmo, alguém com funções de mordomo ou vigilante.
Kleido-phor-os, bear keys, kleido-phulakion, safe for keeping keys, kleido-phulax, one who keeps the keys, mas kleid-oô (kleis) lock up,
No entanto a função de guardião das chaves das cidades atribuídas a Jano / Hermes parece contraditória com a fama de ladrão sorrateiro deste último particularmente das oferendas aos deuses.

Ver: HERMES, "O GRANDE FILHO DA MÃE" (***)

Porque teriam então os gregos permitido que as funções de guardiões das cidades fossem dadas a um deus ladrão e protector de gatunos? Porque a ordem divina e natural das coisas não se escolhe e no fundo não estavam senão a confirmar a simbiótica dualidade entre polícias e ladrões que terá havido desde sempre e dificilmente deixará alguma vez de haver.
Outros termos são mesmo mais explícitos ao fazerem depender a «chave» de qualidades humanas de vigilância, tais como phrourodomos (< kouro domos) , guarding the house, oikouros, watching or keeping the house. Quer dizer que, mais do que o ferrolhos, eram os que guardavam a casa que eram os verdadeiros guardiães do lar, quase sempre a mulher e governanta, como no caso do conteúdo semântico do termo oikoureô, mas também oi-Kouros como no caso dos guardas do palácio e, em termos mais especializados, os «polícias» ou phulax. Sendo assim, a tradução do genérico kleido-phor-os, bear keys, e seguintes devem ser confrontadas com o facto de kleid-oô (kleis) significar “tomar conta de”.
Figura 2: Hermes, o salteador de estradas com o carneiro como seu “animal de transporte”.
Freixo, filho de Zeus, por causa das artimanhas de sua madrasta, fugiu com sua irmã Hele da Grécia, nas costas de um carneiro, Crius, cujo pelo era de ouro. Na passagem da Europa para a Ásia, Hele caiu no mar e morreu, no local que passou a ser chamado de Helesponto. Freixo continuou a viagem, atravessou o Ponto e chegou à Cólquida, onde, obedecendo a um oráculo, sacrificou Crius, o carneiro e ofereceu a sua pelo no templo de Ares.
Dragão da Cólquida, na mitologia grega, era conhecido como o guardião do velocino de ouro, no qual o herói Jasão e os argonautas conseguiram se apoderar. O dragão da Cólquida era muito grande, mas era muito lento. A lenda diz que dormia com um olho aberto e outro fechado.
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Figura 3: Jasão oferece o velo de ouro na corte olímpica ao divino Zeus. [2]
Muitos heróis tentaram, mas apenas Jasão conseguiu matá-lo. Para conseguir o velocino dourado, os heróis teriam que matar búfalos de fogo, semear seus dentes, lutar com guerreiros cadavéricos nascidos dos dentes, chamados Sparti, derrotá-los para chegar até o dragão e matá-lo. Tudo isso no mesmo dia.
«Polícia» < Lat. politia < Gr. Politeía (governo de cidade)
             (reforço semantico) <= *phaul-ihs < kaur-ish <
Phulax (= vigilante, guarda, sentinela) < phulassô < Kur-ish
(os cortesãos, filhos do deus do Kur) => Phrouros (vigilante, guarda)
< Kaururos < Karkulos > Hercales.
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Se, em sentido real, quem tomava conta da aldeia enquanto conjunto de casas eram os Kouros então os que tomavam conta das habitações, em sentido figurado, eram os deuses galardões, como Janus. Na Grécia este papel pertencia a Hermes na forma de estátuas ictifálicas, os Erma, à entrada das portas das habitações.
Figura 4: Hermes refastelado a cavalo do seu animal de transporte.[3]
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Figura 5: Dionísio, Hermes levando um bode ou um carneiro para ser sacrificado, e Afrodite.[4]
Assim se compreende que outras variantes com o significado relacionados com os «guardas das chave» fosse o verbo oromai (= keep watch), correlativo de oikourêma (= the watch or keeping of a house) e de phrourêma ( that which is watched or guarded).
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O termo substantivo da língua grega relacionado com estes era ourêma (= ouron = urina)! Ora, a conotação entre eles pode entender-se perfeitamente se aceitarmos que é com urina que os animais territoriais marcam os seus domínios. Um instinto genital deste género persistiria na espécie humana na forma de rituais de exibicionismo da força do jacto urinário, de que as uretras bem visíveis em certos repuxos de jardins, na forma de pequenos Erma, poderiam ser mais do que a divinal reminiscência e, a bem explícita erecção dos Erma gregos, a pujante manifestação metafórica. Então, pelo menos no caso de oikourêma, seria evidente a sua relação com o Erma da casa, a esfinge guardiã das pirâmides e das casas dos mortos.
Hermes ó Erma < ourêma < oromai < Hauramahi.
Figura 6: Hermes Crióforo, antepassado do bom pastor.
Se é facto que existiu, relacionado com «chaves», o conceito de kleido-phor-os este poderia de facto ter tido o micénico Karawi-Poro por antepassado mas, pelos vistos, não como sendo aquele que transporta as chaves mas como o que as guarda, ou melhor, como o que guarda e toma conta das casas, palácios e templos.
Como sabemos, no entanto, que houve vários tipos de transportadores sagrados aparentados com o que é sugerido neste nome micénico karawiforos, tais como crióforos, lucíferos e cristóforos suspeitamos que estes não seriam afinal senão os precursores dos modernos transportadores de liteiras e riquexós e dos pálios e dos andores nas modernas procissões católicas.
karawi-poro < *kurka-Kauro > Klautho-wuro > kleido-phor-os.
Ora, karawi parece ser um nome com a estrutura etimológica dos kauroi, tão típicos da Grécia arcaica pelo que, o mais certo seria que estes transportadores sagrados seriam os sacristães que transportavam os andores dos Koiros apolíneos.
Os Karawiporos micénicos seriam análogos a Hermes Crióforo.

Então temos de aceitar que seria muito antiga a ênfase relativa à particular força física dos que, sendo capazes de transportar as estátuas sagradas do divino Apolo, seriam também capazes de tomar conta da segurança dos palácios e dos templos. Dito de outro modo os Karawiporos seriam uma antiga manifestação micénica do ritual do transporte dos cestos das cobras sagradas das faloforías dionisíacas. Em qualquer dos casos, o transporte de deuses solares, fosse em barcas sagradas fosse em andores na forma de discos solar ou de estátuas solares de Apolo, os koiros, ou dos tronos reais, seriam suficientes para geraram o conceito dos kleido-phor-os relacionados com o semantema da segurança pessoal e das habitações de que derivou o significado para «chave».
Figura 7: O Bom Pastor!
João 10: 11 Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
12 Mas o que é mercenário, e não pastor, de quem não são as ovelhas, vendo vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa.
13 Ora, o mercenário foge porque é mercenário, e não se importa com as ovelhas.
14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem,
15 assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.
16 Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor.
A imagem de Hermes Crióforo acabaria por se confundir com a representação em que Cristo, o deus solar transportado como o cordeiro de Deus da ressurreição pascal, se confunde com o papel do «Bom Pastor» da parábola cristã.
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Em honra desta classe de sacristães teria sido criada a festa kleidagôgia, a procissão dos transportadores de chaves. Mesmo entre eruditos no classicismo parece que existe a possibilidade de confundir Hermes com Dionísio, o que é quase tão grave como confundir o pai com o filho. Na verdade, há que suspeitar que Dionísio é a criança que Hermes transposta ao colo. Esta figuração mítica deve ter sido tão poderosa que permaneceu no cristianismo católico como «S. Cristóvão» [< Espan. Cristobal < Cresto-war < Karish Baal => Cristóforo, «o que transporta Karish, o fogo de Kur»], o santo dos caminheiros e viajantes que transporta o «Deus Menino» ao colo.
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Dionysus was a Greek god of happiness. He was also called Bacchus and Iacchus.
Hesus = "Lord" or "Master". A Celtic agricultural deity of the Essuvi (Gaul), who derived their name from him. His cult was associated with the bull (with three skulls) and he is portrayed with one. He is also represented cutting branches from trees with an axe. According to some he was a bloodthirsty god, while other regard him as a god of commerce (similar to Mercury). His consort is Rosmerta.
«Menino Jesus» <= Dion | Ysius, < Ki kius <= Ki-Kius (> *Kakikus > Yaccus) o filho de Kius, variante de Enki/Eia, e da terra, Ki cujo plural enfático, Kiki pode ter originado Isis, deusa sempre presente nos mistérios da morte e ressurreição do «Filho de Deus». Então, Ysius foi filho de Esus, variante céltica de Hermes / Enki.
Na Figura 2 de “Paposileno com Dionísio” ao colo a força da eternidade do mito do sol nascente mantêm-se!

Figura 8: Paposileno com Dionísio.
Na continuação recente desta mitologia paternal “do homem maduro que, não podendo parir, exalta mesmo assim o seu poder criativo levando enternecido o filho ao colo”, temos S. António de Lisboa, o santo casamenteiro, gentil nas açucenas da fecundidade e com figura de pai extremoso na sua postura de contente por ter o menino Jesus em cima do missal.

Ver: S. ANTÓNIO DE LISBOA (***)

Claro que Hermes Crióforo significa o respeito pela arcaica tradição do cordeiro pascal como símbolo do sacrifício solar no solstício da primavera própria de povos que acabaram de descobrir a pastorícia! O cordeiro acabou por vir a substituir no tempo de Abraão, como é sabido, os sacrifícios humanos dos primogénitos, razão do particular zelo de Hermes pelo “deus menino”, seu filho Dionísio!
Um dos epítetos de Dionísio, Bromios, indicia isso mesmo.
Bromios < Wormihos < Kermisho, lit. Hermes, ou o filho de Erme.
Se Hermes foi filho dum virtual Erme, porventura Kumarbi, então é bem possível que este fosse afinal Paposileno que não seria outro que não “deus pai” Saturno na posição de pai da primeira geração! E a verdade é que quase todos os mitos não envolvem personagens que vão além da 3ª geração, a partir da qual geralmente se esgotam as filiações humanas, eventualmente de deuses filhos de humanos ancestrais divinizados. Neste caso Hermes seria o pai de Dionísio que faria o papel de deus da 3ª geração!
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Figura 9: Apresentação de Dionísio a Paposileno, ao colo de Hermes.[2]
Dionísio e Cristo são ambos deidades duma simpatia ambivalente por constituírem uma estranha evocação de arcaicos ritos solares de luxúria e fertilidade agrícola no seio de mistérios de paixão, morte e ressurreição! Porém, Dionísio ressuscita “deus menino” para nascer fisicamente enquanto Cristo ressuscita para a vida eterna depois de morrer como “filho do homem”!
Claro também que o cordeiro pascal era o «agnus dei», o Agni hindu do fogo que não seria senão uma forma de referência ao sol. De qualquer modo o epíteto de Crióforo é equivalente de Lucífero, o que transporta o «lumen Cristi» depois da sua ressurreição primaveril!
Como deus de fertilidade agrícola, correlativo de Pan, Hermes então teria que ter sido também um deus do amor no masculino, tal como Apolo, só que, não tanto do amor platónico dos aristocratas mas sim do amor genital como só poderia ser o amor de Hermes (neste caso um análogo masculino de Afrodite Pandemos), o mais popular dos deuses helénicos. Desses tempos paleolítico ficou a reminiscência étmica dos hermas que começaram a garantir a fertilidade dos campos, na forma de gigantescos espantalhos que seriam uma caricatura de Hermes Crióforo, e acabaram em épocas mais prosaicas de direito sucessório paternalista a marcar as «bermas» dos campos.
Hermas > wermas > «bermas» & «estremas»!
Crióforo < Kar yau Kur-o > Cari-Kau-Thur => «caricatura».
Bom, tentar explicar as variações pontuais destes mitos nos diversos centros em que eles foram cultivados seria pura perda de tempo e um atentado contra o “direito natural à diferença, de inspiração implícita na da liberdade criativa”. Inovar não é o mesmo que falsificar e é até uma condição para evitar o crime do plagiado. Estes mitos dos deuses de transporte do deus menino são óbvias derivações recentes de antigos mitos solares de que os grifos, os deuses Alfeus e os “deuses de transporte solar”.

Ver: FOGO (***) & HELIOS SKOTAIOS (***) & LÚCIFER (***)

Paposileno < Papau-Kyreno < Papia Kurano, lit. “pai Krono/Saturno”!
A este propósito importa identificar Paposileno, lit. “pai Krono/Saturno”, pai dos sátiros e silenos (logo ele o próprio Pan), avô de Dionísio, pai de Hermes/Miercoles/Hercules. Se Zeus foi pai de Dionísio como resolvemos a pretensão mais provável de ser Hermes o verdadeiro pai?
Hit. Kumarbi < Kurmaki > Hermash > Hermes.
Kumarbi - The supreme god of the Hurrians, creator-god and father of the gods. Father of Hedammu and Ullikummi. Son of Anu. He castrated his father by biting off his genitals and then spat out three gods, Teshub, Tasmisus and the river-god Aranzakh. He married the daughter of a sea-god and they produced the monster Hedammu which came out of the sea to devour animals and humans. When he was overthrown by Teshub, he produced, by impregnating a stone pillar, the giant, Ullikummi, to help him but this being was rendered helpless by Ea. Also called Kumarbi, Ellil, Sumerian Enlil, Elil, Enlil, Bel-Enlil, Great Mountain, Ilu, Lord of the Storm, Narru, Nunammir, Old Bel, Rimm, Rimn, Zulummar, Bel, Illil(os), Ilu, 'windlord', Babylonian Adad, Ea, Hurrian Ellil, Kumarbis or Ellil.
Evidentemente que só é possível explicar os enigmas de Kumarbi admitido uma grande mistura de mitos na mitologia grega. No meio desta caldeirada divina em Hermes confluíram dois deuses, Erme, um deus esquecido mesmo dos sumérios virtualmente chamado Kumarbi na Anatólia, apenas presente nos megalitos ictifálicos e que seria uma sobrevivência do nome do filho e esposo de *Kima e Enki, quiçá uma mera evolução do anterior. Como Kumarbi era um deus supremo dos hititas este facto acabaria por obrigar os mitógrafos recentes a adaptar este papel a Zeus.




[1] MYCENAEAN RELIGION AS EVIDENCED IN THE LINEAR B TEXTS, Texts from Knossos, © Copyright 1996, 1997, Trustees of Dartmouth College.
[2] Restauro cibernético do autor.
[3] Restauro cibernético do autor.
[4] Restauro cibernético do autor.