sábado, 8 de fevereiro de 2014

OS DEUSES DA VERDADE E DA MENTIRA por Artur Felisberto.

 (Actualizado a 27/12/2015)

OS DEUSES DA VERDADE E DA MENTIRA
por Artur Felisberto.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/85/Sandro_Botticelli_021.jpg
Figura 1: A Calúnia de Apeles é uma pintura de Botticelli realizada em 1495.
El tema es alegórico; se basa en una descripción literaria sobre una pintura de Apeles, pintor de la antigüedad, hecha por Luciano de Samosata1 en uno de sus Diálogos y mencionada por Leon Battista Alberti en su tratado De pictura.
Incluye diez figuras: a la derecha del espectador, el rey Midas, el Juez malo, es entronizado entre la Sospecha y la Ignorancia, representadas como mujeres de rostros crispados que están susurrándole malos consejos a sus orejas de asno. El trono está sobre un podio decorado con relieves en grisalla. Ante este Juez se encuentra una figura masculina, con hábito de monje, en quien se cree ver representado el Rencor (o la Envidia o la Ira) que conduce a una joven (la Calumnia) a la que están adornando los cabellos la Envidia y el Fraude. La Calumnia, indiferente a cuanto sucede, arrastra a la víctima, un hombre prácticamente desnudo que junta las manos en ademán de pedir clemencia. A la izquierda está la Penitencia, vestida de negro con ropa pesada y andrajosa, que se vuelve hacia la figura que está desnuda detrás de ella. Este último personaje es la Verdad desnuda que resplandece, señalando al cielo con el dedo.
A verdade e a Mentira são, antes de tudo o mais, divindades que presidem a querelas de tribunais primeiro divinos e dos mortos e depois dos humanos eventualmente condenados a morrer.

VERDADE
Alétheia (em grego antigo, ἀλήθεια: «verdade», no sentido de recordação: de a-, negação, e Lethes «esquecimento»), para os antigos gregos, designava verdade e realidade, simultaneamente.
Na Grécia Antiga, Lete ou Lethe significa "esquecimento". Seu oposto é a palavra grega para "verdade" - alétheia.
Na mitologia grega Lete é um dos rios do Hades. Aqueles que bebessem de sua água experimentariam o completo esquecimento.
Lete é também uma das náiades, filha da deusa Eris, senhora da discórdia, irmã de Algos, Limos, Horcus e Ponos.
Seguramente que o termo grego comum para “esquecimento” pareceu com o uso retórico do nome do Letes, o mítico rio dos infernos. Se a verdade for apenas aquilo de que, com Buona Fides, nos recordamos em tribunal estamos perante um conceito prático de verdade que pouco ou nada tem a ver com a lógica e a filosofia. No entanto, que este conceito se encaixasse numa pura negação do esquecimento é demasiada coincidência para ser verdade! De facto, o mais provável é que o nome do rio do esquecimento fosse inventado a partir do nome já existente da deusa Aleteia, a que se associava o conceito de recordação. Aletheia pode não ser uma alegoria helenista e ser de facto o nome de uma antiga deusa, Are-teia, ou Are-tusa. Esta deusa poderia já estar presente nos tempos micénicos com o nome de A-RE-JA, um dos epítetos de Atena, ou E-RE-U-TI-JA, quiçá apenas a forma mais arcaica do nome de Hera. Afinal, esta deusa escondida no fundo de um poço seria Ereuticha, filha de *Kertu, nascida na cova de Ilitía perto de Amniso, na baía de Cnossos, que é mencionada na Odissea em relação com o seu culto.
Tenía estalactitas alusivas al doble papel de la diosa, de traer el parto y retrasarlo, y se han hallado ofrendas votivas a ellas.
En la época clásica tenía altares a ella consagrados en varias ciudades de Creta (donde fue especialmente adorada), como Lato y Eleuterna, y se cree que se le consagraban cuevas (como la de Inatos), quizá en alusión al canal de los nacimientos.
Píndaro, un mitógrafo meticulosamente exacto, tampoco hacía mención alguna de Zeus: “Diosa de los nacimientos, Ilitía, criada del trono de la profundas Moiras, hija de la omnipotente Hera, oye mi canción.” (…)
Para los griegos clásicos, “está estrechamente relacionada con Artemisa y Hera”, afirma Burkert, «pero no desarrolla carácter propio alguno.”
Según el tercer himno homérico a Apolo Delio, Hera retuvo a Ilitía, que venía desde la Hiperbórea en el lejano norte, para evitar que Leto pudiese parir a Artemisa y Apolo, pues el padre de ambos era Zeus. Los demás dioses presentes en el nacimiento en Delos enviaron a Iris para que la trajese. En cuanto Ilitía puso pie en la isla nacieron los dioses.
Leto / Leda / Latona e Ilítia teriam que se encontrar, afinal, algures na mitologia antiga! Terá sido deste encontro inventado pelos hinos homéricos que surgiria a ideia de dar o nome Lete ao rio do esquecimento porque seriam afinal a mesma entidade. Sendo a passagem pela morte uma espécie de inversão mítica do nascimento quando os mitógrafos começaram a postular a intuição de que os mortos renasciam com Ilítia em cada parto e teriam que postular também uma passagem por um local de esquecimento das vidas anteriores que seria o rio onde Leto ia sendo esquecida por Ilítia por intromissão de Hera.

Ver: LEDA (***)

Assim, a verdade nasce na consciência com a recordação das dores de parto da memória.
Allatu (Allatum) is an underworld goddess worshipped by western Semitic peoples, including the Carthaginians Goddess of copulation, wife of the demon king Nergal. She is modelled on the Mesopotamian goddess Eresh-ki-gal.
O nome de Aretsaya significa "A da Terra " e na Epopéia leva o título complete de “Aretsaya bat Ya'abdar. Ya'abdar tem vários significados em torno de ideias de "amplo", "fluxo" e "campos", e é normalmente interpretado como "Aretsaya, filha de Amplos Fluxos", se referindo talvez a campos inundados ou irrigados. Outra interpretação faz do seu nome "a Filha do mundo amplo"; bastante semelhante ao termo Mesopotâmico para submundo, "a Terra distante, e o nome dela corresponde ao Akkadico Allatum, a deusa do submundo. Como deusa ctónica do submundo escuro, a imagem de campo inundado poderia indicar, à primeira vista, uma colheita arruinada; mas apenas os campos alagados por chuvas intensas poderiam simplesmente ser bem irrigados e depois ser semeados e tornados verdejantes. Estes termos insinua assim o seu papel de prosperidade como deusa de Terra. Por esta relação com as terras alagadas ela também pode ser uma deusa dos pântanos.
Outras ortografias: Arsai, Arsay, Arsy.
                                                                  > Eileithyia.
Karet-usha > E-RE-U-TI-JÁ > Eleitija > Hit. Are-tusa > Are-teia >
Karet-usha > «cartucha»                        > Ale-theia.
A equivalente acádica seria a deusa Allatu e a canaanita é Aretsaya.
Claro que Allatu é ja uma forma muito elaborada dum nome mais antigo que teria sido por exemplo, *Kar-la-tu ou *Kartu-la ou simplesmente Cartucha.
A deusa canaanita de nomes Arsai, Arsay, Arsy se teria tido o nome Aretsaya tamém poderia ter tido o de Aretsy e aproximar-se da hitita Aretusa.
A inter-relação que teria existido nos tempos arcaicos entre a mitologia oriental que começaria a estabilizar-se formalmente por via da descoberta da escrita levaria, a ocidente, a uma proliferação de nomes conforme a diversidade geográfica do arquipélago Egeu. Assim vamos encontrar na Grécia um grupo de ninfas que estariam relacionadas com os mitos de fertilidade agrícola canaanitas.
Na mitologia grega, Alseídes eram ninfas associadas aos bosques e suas flores. Habitam nos canaviais e arvoredos Costumavam assustar viajantes que passavam por seus domínios. Segundo a lenda Alseíde, a mais formosa das ninfas, protegeu um campo de papoilas da fúria e dos raios de Zeus. Logo, um arrependido deus olímpico, ao ver seu valor e desejo de cuidar das flores premiou a ninfa, dando-lhe este campo para sempre. Esta ninfa se vê implicada nos mistérios eleusinos.
Também não é preciso muito esforço etimológico para correlacionar o nome de Alseíde com o de Aretsaya e ambos com os de Alétheia.
A deusa latina da verdade será uma alegoria tardia do nome desta divindade trazida pelos antepassados troianos dos latinos? Possivelmente nem assim tanto e por mais estranho que pareça é o nome latino da verdade que nos vai confirmar a origem destes conceitos inicialmente míticos com a realidade fértil da vida agrícola, fonte de toda a criação e de toda a verdade.
En la mitología romana, Veritas (verdad) era la diosa de la verdad, hija de Saturno y madre de la Virtud. Se creía que se ocultaba en el fondo de un pozo sagrado porque era muy elusiva. Su imagen la muestra como una joven virgen vestida de blanco. En la mitología griega, Veritas era conocida como Aletheia.
Os romanos nunca tiveram um panteão coerente e rico como os gregos razão pela qual a sua cultura religiosa se submeteu inteiramente ao helenismo. Nesta linha de investigação, vamos deparar-nos com o deus Vertumno que quase seguramente seria uma variante dum deus de morte e ressurreição pasacal.
Vertumno o Vortumno (en latin: Vertumnus o Vortumnus) era una divinidad romana de origen etrusco (Veltumna o Voltumna) que personificaba la noción del cambio, de la mutación de la vegetación durante el transcurso de las estaciones. Presedía la maduración de los frutos durante el verano y se le atribuía el don de transformarse en todas las formas o cosas que desease.
Vertumno < Wer-Atu-Mino, filho de *Weratu
(e possivelmente irmão da Vir-tus).
Belili: Um nome da deusa Geshtin-anna, irmã de Dumuzi, esposa de Nin-gishzida. Epíteto: "A que sempre lamenta (a morte de Damuz)".
Esta deusa Bel-Ili não diverge muito foneticamente de Bel-et-Ili e poderiam ser a mesma deidade ou mãe e filha como a Verdade e a Virtude.
Figura 2: Virtus de lança e trofeu pisando com o pé esquerdo um guerreiro vencido.
Virtus teria que ser um deus da virilidade na medida em que vir significava em latim a varonia. A verdade é que Virtus, era lit. “o filho varão de *Kertu”, ou seja, o equivalente minóico de Hórus. A relação arcaica com cultos da época de “caça e recolecção” pode explicar o arcaísmo dos cultos das  “Virgens Mães” bem como a conotação marcial de Britomartis.

Ver: DEUSES DA HONRA E DA VIRTUDE (***)

Dito de outro modo, necessitamos de postular uma deidade arcaica com o nome de *Weratu < *Kertu > Beruth que só por mero acaso não seria uma variante fonética da caldeia Bel-et-Ili. Estes nomes reportam-nos para a arcaica Brito-Marte cretense e para a céltica Brígantia, Brites e Brígida.
Beruth = Earth mother goddess of the Phoenicians. Today's Beirut is her city.
In Babylonian and Akkadian mythology, Belet-Ili (lady of the gods - Akkadian) is a mother goddess, probably modelled on the goddess or equal to Ninhursag.
Sabendo-se que Belet acabaria por ser um genérico de “senhora”, este nome seria uma variante acádica da suméria Ninhursag, a “Sr.ª do Monte Sagrado”, também conhecida por “Senhora Ili”, ou seja, a deusa Ili, ou seja...Ili-teia.
Em conclusão, o conceito de verdade tem pouco a ver com a realidade de conveniência do que é possível recordar em tribunal derivado duma etimologia tardia, especulativa e regressiva, do nome de Alétheia e tudo a ver com os cultos pascais de fertilidade agrícola e com os mistérios Eleusínos onde a verdade oculta da sexualidade e a sabedoria da vida eram revelada aos neófitos.
“Que haja água para as cheias do Tigre e Eufrates
Que as plantas cresçam alto nos seus bancos e encham os campos
Que a Senhora da Vegetação empilhe grãos e montes e montanhas.
Oh, minha Rainha do Céu e da Terra, Rainha de Todo Universo
Que ele passe longos dias na doçura de vossos sagrados quadris!
O rei foi de cabeça erguida até os quadris sagrados
Ele foi de cabeça erguida até os quadris de Inana
Ele foi até a rainha de cabeça erguida
Ele abriu bem os braços para a alta sacerdotisa dos céus.
Inana falou:
- Meu amor, a delícia dos meus olhos, me encontrou.
Juntos, fomos felizes.
Ele foi feliz comigo. Ele me trouxe para sua casa.
Ele me deitou no leito perfumado de mel
Meu doce amor deitou-se junto ao meu coração.”
--- A corte de Inana & Dumuz.
O inesperado é dar conta de que a deusa das cobras cretenses era a mãe de todas as coisas, senhora da aurora e do parto e portanto senhora do amor e da vida que toda a mãe transmite aos seus filhos com a verdade e a virtude. Mas esta deusa seria também a mãe do Minotauro e por isso a mãe de todas as guerras e de todas as mentiras. O mais escabroso desta verdade é que Alétheia, a deusa da verdade de que nos podemos recordar num testemunho de boa-fé, pode ter sido a mesma que Aléto, a implacável verdade da lei da vida!
*Alecto, (Ἀληκτώ, a implacável) a Erínia eternamente encolerizada. Encarrega-se de castigar os delitos morais como a ira, a cólera, a soberba, etc. Tem um papel muito similar ao da deusa Nêmesis, com diferença de que esta se ocupa do referente aos deuses, Alecto tem uma dimensão mais "terrena". Alecto é a Erínia que espalha pestes e maldições. Seguia o infractor sem parar, ameaçando-o com fachos acesos, não o deixando dormir em paz.
No Egipto a deusa da Verdade e da Boa Ordem cósmica era Maat, literalmente a “filha da mãe”...quer em Creta era Ker e no Egipto Ta-Wer-et, ou seja apenas *Weret, já que Ta acabaria sendo um mero artigo depois de ter sido o genérico de divindade, ou seja, *Verita depois latinizado como Vertias porque seguramente corresponderia na época minóica a uma tríade de deidades masculinas como as Horai tanto mais provável quanto é uma facto que vamos encontrar este étimo Ver- nas estações do ano, Prima-Vera, Ver-ão e In-Ver-no.
Write (v.) = Old English writan "to score, outline, draw the figure of," later "to set down in writing" (class I strong verb; past tense wrat, past participle writen), from Proto-Germanic *writan "tear, scratch" (cognates: Old Frisian writa "to write," Old Saxon writan "to tear, scratch, write," Old Norse rita "write, scratch, outline," Old High German rizan "to write, scratch, tear," German reißen "to tear, pull, tug, sketch, draw, design"), outside connections doubtful. […]
Words for "write" in most Indo-European languages originally mean "carve, scratch, cut" (such as Latin scribere, Greek graphein, glyphein, Sanskrit rikh-); a few originally meant "paint" (Gothic meljan, Old Church Slavonic pisati, and most of the modern Slavic cognates).
Obviamente que a etimologia do Inglês Write teria que ser de relações duvidosas porque faze-lo derivar de um virtual Proto Germânico *writan com o significado díspar de "tear, scratch" não pode trazer a «verdade» a ninguém. Obviamente que se aceita que não apenas nas línguas indo-europeias como em muitas outras o acto da escrita teria começado pelos grafitos paleolíticos arranhados e rasgados na pedra mas a função da escrita foi desde sempre a de substituir a palavra de honra e gravar para a eternidade a verdade contratual. Por isso se entende que o espírito dos primitivos escritores ingleses seria o de por os pontos nos is à verdade declarada e à revelia das restantes línguas indo europeias ter valorizado menos o aspecto técnico da palavra escrita e sobretudo enfatizar a sua função de verificação da palavra dada. Dito de outro modo, write deve ter sido ou um termo crioulo importado do latim veritas, ou, o que é muito mais provável, um arcaico termo minóico relacionado com a latina Veritas.

MENTIRA
Mistério linguístico difícil de deslindar é o que fez com que o grego deilos deixasse de ter sido a flor, ou a cor, de Talos / Sete para passar a ser apenas o nome da traição miserável mas, a verdade é que terão sido as mesmas razões de psicologia social que continuam a dar ao amarelo uma simbologia negativa e traiçoeira que com o tempo faz com que a alcunha de “amarelos” dos fura-greves viesse a ser-lhes colada à pele e a passar a ser sinónimo desta última negativa realidade. A relação de deilos (δειλός) com a traição poderá ser um aziago étmico congénito, presente em (δολόω = enganar) e no «dolo» do direito romano, já que poderá encontra-se encripta no fonema ulli pela possibilidade de este se confundir com o sumério lul / lu que significava “mentira e traição”.
Lu = Companheiro, Humano, Homem, Pessoas.
Lu-Lu = Ser hmano, homem.
Lul = Rebeldia, Mentira, Deslealdade, Engano.
Lul-La (= prostituta) = Falso, Traiçoeiro.
A semiologia da falsidade e da mentira entre os sumérios estaria ainda ao nível mais primário da realidade social. Qualquer humano poderia ser um companheiro ou um traidor. Possivelmente a primeira evidência social aparecia à consciência dos senhores de escravos aquando da sua rebeldia que ocorreria sobretudo quando estes sentiam a força do grupo. A maior parte das vezes a traição viria dos escravos de maior confiança e mais amarga traição dos amigos mais fiéis.
Em qualquer caso, o conceito sumério de Lul-La (la = prostituta) com o significado de falso e traiçoeiro seria a realidade literal do vernáculo “filho-da-puta” que começaria a surgir numa sociedade que lentamente passava do matriarcado para o patriarcado por força das transformações sociais do esclavagismo e da agricultura intensive para produção de cerveja.
A razão de ser de tão estranha associação semântica pode afinal sem bem simples: é que, lul seria a contracção de *lu-ul, homem flor, ou seja, um homem florido como costumavam ser os cantores de antigamente, e alguns de hoje, um «lu-lu» e um «larilas», calão português que não aparece nos dicionários mas que tem a fonética suméria da delicadeza floral dos que são só «lérias» e nos dão a música suave da mentira e de traição. Enfim, o facto de o amarelo ser a cor de todas as Deusas Mães incluindo Tiamat contra a qual combateu seu neto Marduque; o facto de os “deuses mortos” dos ciclos pascais serem sempre mais ou menos bissexuais ou castrados; o facto de, quer na relação de Creta com o continente helénico, quer na do Egipto com os canaanitas, estes deuses terem andado envolvidos em traições políticas mais ou menos reais ou míticas; a verdade é que o destino pejorativo do amarelo acabaria por ficar ligado, na mística patriarcal, com a cor citrina da perfídia e da traição! Ora, tudo isto pode ter acontecido também porque, em parte, a traição resulta duma cólera retraída, duma inveja vil e biliosa, ou duma cobardia tão medrosa quão merdosa! A relação de Sete com o porco e deste com a vingança cobarde pode ter sido um reforço semântico para a relação deste deus com a traição e com o amarelo bilioso!
De passagem há que referir o óbvio: o termo inglês lie, derivará seguramente do sumério sendo assim uma das muitas provas em como o lado mais vernáculo desta língua, que não sofreu influência da latinização nem do francesismo, deriva de povos primitivos que ali chegaram na época dos gigantes *famoiros, contemporâneos dos sumérios e de possível origem cretense.
Lie (n.) = "an untruth," O.E. lyge, from P.Gmc. *lugin (cf. O.N. lygi, Dan. løgn, O.Fris. leyne, Ger. Lüge, Goth. liugn). To give the lie to "accuse directly of lying" is attested from 1593. Lie-detector first recorded 1909. Synonyms of lie : bull* (* = informal usage)
W.Gmc. *gin-nan, of obscure meaning and found only in compounds, perhaps "to open, open up".
P.Gmc. *lugin < Lu(l)-gen, literalmente o que gera mentiras.
Este étimo manteve a semântica da mentira em termos como «logro» e ludíbrio».
«Ludíbrio» < • (Lat. ludi-briu, joguete), s. m. acto de zombar de alguém; • objecto de mofa, de zombaria; • desprezo; • escárnio; • logro, engano.
Obviamente que não sendo fácil separar a verdade da mentira, sendo ambas estratégias de defesa animal instintiva, podemos aceitar que a mentira apareceu na época minóica como estratégia de guerra psicológica da deusa mãe das cobras e a verdade construída e fabricada (mantras) nos tribunais dos juízes dos infernos presididos por Minos, Sarpedon e Radamento.
A relação de Mitra com a verdade dos contratos parece ter persistido na latinidade lusitana no nome da intrujice (< Pers. druj?) que é a «mentira». De facto a etimologia oficial para este termo é discutível!
                                       > Mentura > Hind. Mantra.
Minotauro > Mintura > «Mentira» < Lat. men-tita, sob o influxo de mentir? < mentior ⬄ Lat. mendax < *Mandrax, o mago embusteiro e  charlatão como Hermes, juiz dos mortos como Minos.
Ou antes, a mentira seria uma forma verbal de mentīor? E qual e porque estranha razão?
Por vezes a mentira realça a verdade deixando o rabo à mostra! Por outro lado, as conveniências de estado devem ter sido urgências muito arcaicas do poder que teve em *Mandrax, o mago embusteiro e charlatão como Merlim e Hermes (juiz dos mortos como Minos), os mais típico e nobre representante da expressão prática de que, “em política o que parece é”, e para tal há que saber mentir com o poder imaginativo da «mente»!
A origem minóica da mitologia persa pode ainda ser encontrada noutros conceitos avéstico tais como Angra Mainyu.
Angra Mainyu > An-kura Minijo > Minus Kaur-an => Sr. Minotauro.
A mentira é assim semanticamente uma invenção mental! A estratégia psicológica do terror sagrado da mitologia seria uma das armas do matriarcado cretense que terá tido na crueldade do mito do Minotauro uma forma de manter o respeito pela talassocracia cretense. Muitos autores antigos pensavam que o mito do Minotauro era de facto uma mentira monstruosa precisamente pela sua inverosimilhança, mas quiçá também pela sua relação com a semântica da mentira! Ora, como muitas vezes as voltas e reviravoltas da conturbada história da mitologia permitem que os sentidos semânticos se invertam, os deuses da verdade e da vida podem transformar-se em deuses de mentira mortal! Ao Minotauro acabou por acontecer isso mesmo, por força da lógica da história que acabou reescrita pelos vencedores atenienses!
Mneme (Lower Greece) = Muse of Memory = Mnemosyne (Rest of Greece).
Se o nome da musa da memória era, ora Mneme ora Mnemosine, pode ter havido múltiplas razões etimológicas para tanto mas um facto não pode ser contornado, eram termos com a mesma semântica logo seguramente variantes do nome da mesma deusa de que Mneme seria a forma elíptica ou apenas a nuclear por oposição a uma variante mais arcaica de tipo apostrófico Mnemosine, literalmente a “Esperta Ausónia” ou seja a astuta filha do senhor do céu que foi Atena / Inana.
Mnemosyne < Mnem(e)- | Ausuna < Ash-Anu
                                          ⬄ Memnon mnêmôn < Min-Anu
> Enki, o deus «Menino» de Ki, o deus dos julgamentos do inferno, senhor dos mês e da mente e das mentiras que a mente humana inventa.
O termo francês “mensonge” reporta-nos para uma semântica construída sobretudo a nível da educação infantil e dos problemas familiares que as mentiras imaginárias das mentes sonhadoras das crianças mais rebeldes causariam. O termo grego ψεῦδος = falso (caminho) parece ter sido gerado neste contexto educativo primitivo. O italiano bugia talvez nos reporte para a tradição italiana do culto do Minotauro como deus do dia das mentiras nas festas dos rapazes explicando também a razão pela qual a mentira tem em inglês como sinónimo informal, o touro, quem sabe se por alguma reminiscência do uso de «tourinas» para treinar os toureiros e forcados no Ribatejo.
«Tourinas» = corrida de novilhas mansas; paródia à corrida de touros, sendo estes representados por canastras, etc.;
Touradas e palhaçadas foram sempre cenários de mentiras, e falsidades que em tempos de rebeldia e de guerra se transformavam em estratégias de guerra psicológica cheias de intrigas, calúnias e de meias verdades transformadas em pragas e impropérios contra os inimigos.

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