Figura 1: As tridivas fiandeiras, Parcas, Moiras, Nornas ou Fadas.
A física é uma ciência da natureza cujo nome tudo deve precisamente à Deusa mãe primordial que obviamente foi deusa fiandeira como as parcas e por isso teve como símbolo o fuso que na física acabou por tutelar os fusos horários...a «fusão» e a con-«fusão» do Caos primordial.
«Fusão» < Lat. fusione < Lat. fuso < Lat. fundo.
Fundo, fundere, fūdī, fūsum.
Fundō = From Proto-Italic *hundō, from Proto-Indo-European *ǵʰew-. The change h- > f- is irregular. Cognates include Ancient Greek χέω (khéō) and Old English ġēotan.
Claro que as referências que aqui se colocam a respeito da etimologia indo-europeia são bons exemplos de até onde podem chegar as fantasias da mitologia científica moderna. É óbvio que como em muitos outros casos latinos estamos perante um verbo irregular de dupla origem que partilha a primeira parte com o verbo fundāre[1]. Assim sendo, com qual dos dois o proto-indo-europeu se relaciona? É que logo a seguir se dizem barbaridades do tipo:
Fundo = From Old Portuguese fundo, fondo, from Latin fundus (“bottom”), from Proto-Indo-European *bʰudʰ-mn.
É evidente que no senso comum primitivo “o que fundia ia ao fundo” pelo que estamos a falar de termos relativos a realidades aparentemente permutáveis razão porque partilharam uma parte da forma. Entretanto o verbo latino fundere resultou da fusão de «fundo» com «fuso»...e começou a confusão! Ora, é precisamente aqui que se estranha que os etimologistas do indo-europeu não se tenham deparado com a Physis grega que até perpassa ao de leva na etimologia proposta pelo Proto-Indo-Europeu *ǵʰew-, a partir do grego χέω e do inglês antigo ġēotan que só um cego não vê que tanto xeo como geo- partilham o étimo grego da geografia e da geologia derivado do nome da deusa Gea...e do deus egípcio Gebo.
«Gebo» = También jebo. Nombre burlesco con que se designa a los aldeanos vascos.
«Gebo» (< lat. gibbus) = corcunda, maltrapilho. Ora, Gebo enquanto deus egípcio da terra era cehio de gibosidades que eram os montes e as serras!
Ora, Gea era um dos nomes de Physis, uma das deusas mães primordiais egeias.
«Gebo» = También jebo. Nombre burlesco con que se designa a los aldeanos vascos.
«Gebo» (< lat. gibbus) = corcunda, maltrapilho. Ora, Gebo enquanto deus egípcio da terra era cehio de gibosidades que eram os montes e as serras!
Ora, Gea era um dos nomes de Physis, uma das deusas mães primordiais egeias.
A simples proximidade semântica com pouca ou nenhuma similitude fonética não pode ser uma boa base de comparação etimologia sendo este o principal defeito da etimologia indo-europeia.
Pues bien, todas las cosas se hallan en reposo o en movimiento por naturaleza o forzadamente, y allí donde permanecen por naturaleza, allá también se desplazan por naturaleza, y allá donde se desplazan por naturaleza, allí también permanecen por naturaleza; y donde permanecen forzadamente, allá también se desplazan de manera forzada, y donde se desplazan de manera forzada, allí también permanecen forzadamente. Además, si tal o cual traslación es forzada, su contraria es natural. Así, si la tierra se desplaza de manera forzada desde allá lejos hasta aquí, al centro, se desplazará desde aquí hasta allá por naturaleza; y si la tierra venida desde allí permanece aquí sin violencia, también se desplazará hacia aquí por naturaleza. Pues el movimiento por naturaleza es único. - Aristóteles De Caelo.
A falta de atenção da física medieval e moderna a este facto importantíssimo da intuição física clássica dos movimentos forçados e artificiais em relação aos espontâneos e naturais pode ter sido um dos principais responsáveis pelos equívocos da física moderna. Obviamente que há uma grande diferença entre o movimento natural dos graves (e numa primeira aproximação, supostamente dos corpos celestes) e o movimento forçado tipicamente artificial que só os animais de tiro e a escravidão permitiam.
O paradigma do “estado natural” permitiria também entender o movimento dos corpos sujeitos a forças locais de pressão, seja qual fosse o meio ambiente onde essas forças se manifestassem.
[A pressão é] o esforço que as partes contíguas fazem para penetrar umas nas dimensões das outras. [...] A pressão só existe entre partes contíguas até que a pressão seja transmitida às partes mais longínquas de um determinado corpo, quer seja duro, mole ou fluido. (NEWTON, 1974, p. 54).
• (Lat. pressione), s. f. acto ou efeito de apertar ou de comprimir; • (fig.) coacção; • violência; • influência que coage; • força que actua sobre uma superfície; • (Fís.) grandeza física definida pelo quociente entre a força e a área da superfície onde essa força se exerce.
Na verdade o conceito de pressão / compressão de Newton é limitado e limitador porque parece derivado dos processos de trabalho em prensa pré industrial para espremer os sucos e óleos de frutos pisados e portanto o seu uso em física deve-se tanto as analogias como aos conhecimentos mecânicos entretanto adquiridos no aperfeiçoamento destes ofícios.
Pressure (...) from Old French presseure "oppression; torture; anguish; press" (for wine or cheeses), "instrument of torture" (12c.) and directly from Latin pressura "action of pressing," from pressus, past participle of premere "to press", hold fast, cover, crowd, compress," from PIE *per- (4) "to strike."
«Pressão» < Lat. pressione < pressura < pressus < premere
Premō, pre-me-re, pre(me)ssī, pre(mi)ssum;
< *per + mo-ere < mol-ere < mol-a < moles.
molō (present infinitive molere, perfect active moluī, supine molitum)
«Moledo» = • s. m. pedra grande; • pedregulho; • monte de pedras.
Figura 2: As rochas que deram nome à praia do «Moledo do Minho».
Mōlēs f (genitive mōlis); third declension, mass (of material), rock, boulder, heap, pile, mole, jetty. = Massa (de material), rocha, penedo, montão, molhe, pontão.
Mallet (n.) = late 14c., from Old French maillet "mallet, small wooden hammer, door-knocker," diminutive of mail, from Latin malleus "a hammer," from PIE *mal-ni-, from root *mel- (1) "soft," with derivatives referring to softened material and tools for grinding (cognates: Hittite mallanzi "they grind;" Armenian malem "I crush, bruise;" Greek malakos "soft," mylos "millstone;" Latin molere "to grind," mola "millstone, mill," milium "millet;" Old English melu "meal, flour;" Albanian miel "meal, flour;" Old Church Slavonic meljo, Lithuanian malu "to grind;" Old Church Slavonic mlatu, Russian molotu "hammer").
Decididamente, a origem latina do conceito de «pressão» deriva da actividade de “passagem do «milho» pelas «mós» do «moinho»” que afinal eram isso mesmo, mós que tanto significam «malhos» e pedras de «amolar» como “montes de pão, depois de malhado”.
A proximidade fonética ente o latino mole e molle permite a ressonância dos contrários e a confusão do «malhete» com a «mola» e do «malho» com a «malha».
Notar que em português o martelo latino malleus determina em português sinónimos começados em «eme» tais como «malho», «mangual», «matraca», maçete», «moca», etc!
Seja como for, verificamos que é depois de se «moer» o milho que se «amasa» o pão que só depois é «mo-ldado» e «mo-delado» de «mo-do» a ficar com a forma redonda da «mó» o que irmana morfologicamente o pão com a mó que o tornou possível.
No que respeita à possibilidade de a forma influenciar o conteúdo e vice-versa há que não perder de vista a dualidade ontológica insuperável da realidade humana que se enreda desde que começou a pensar nas questões da matéria e da forma acabando na dualidade onda partícula.
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho logo mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada. -- Luís de Camões.
Ora, por outros contextos sabemos que a «forma» latina é cognata da forma grega «morfos» que se enquadra no contexto etimológico da «mole».
Ver: AFRODITE POLIMORFA (***)
Ma até aqui divagamos em voltas dos molhes mas não descortinamos a origem do termo latino moles relativo a rochas que, no entanto logo intuímos que nos reportaria para a deusa mãe pela raiz ma-.
Ora, de repente faz-se luz ao verificarmos que o supino do verbo latino molō é precisamente molitum...confirmando-se assim que o arcaísmo desta forma verbal latina é também um indício de etimologias arcaicas a explorar.
Poderia pensar-se que, sendo o supino pela sua função vaga e indiferente uma forma pré verbal entre o nome e o verbo com a semântica de finalidade que em português se constrói com a preposição «para» e em inglês com a preposição to que tem o mesmo significado e com o qual se constrói o infinitivo, a terminação latina do supino –tum seria uma mera variante do particípio –tus, sobrevivência do sumério tu com a semântica da deusa do parto Nin-tu, e por isso uma forma nominal adjectivada mōlītus, relacionada com o verbo mōlior que nos reporta para o nome moles, ou seja, aparentemente andamos à voltas. De qualquer modo, não deve ser por mero acaso que a meio do caminho tropeçamos em molitus (, a, um) com o significado de “esforçado, despertado, erigido e edificado” como sói acontecer com os «monólitos».
Um monólito é uma estrutura geológica, como uma montanha, por exemplo, constituído por um única e maciça pedra ou rocha, ou um único pedaço de rocha colocado como tal. A palavra deriva do latim monolithus que deriva da palavra grega μονόλιθος (Monólithos), que por sua vez é derivada de μόνος ("um" ou "único") e λίθος ("pedra"), ou seja, significa "pedra única".
O interessante é verificar que por intermédio deste neologismo científico damos conta de que a moles latina tem que ter relação com o litos grego.
Mas então damos conta de que outros termos se levantam pelo meios como pedras no caminho!
«Laje», «lousa», «lancha» (< Cast. = laje) e «leixões» são termos portugueses entre o grego e o latim que correm ao lado das «fragas» e das «rochas».
Laja, lage, lájea, lagem, s. Não me satisfaz nenhuma das explicações até agora apresentadas para a etimologia destas variantes de um mesmo voc.: nem o lausia (sugerido por Schuchardt, em ZrPh., VI, p. 424, seguido pela Academia Espanhola para o cast. laja e por Garcia de Diego, no Diccionario Etimológico Español e Hispánico, Nº 3802), nem o lat. laginum, em vez de lagãnum. Não sei onde encontrar etimologia aceitável para aquela série de palavras, mas dadas as circunstâncias de as fontes habituais do léxico português me falharem neste ponto e de se tratar de designação de «pedra», não custa crer, julgo, em mais um vestígio dos idiomas pré-romanos da Hispânia, tanto mais que, penso, não há vestígios desta forma fora da nossa Península. -- José Pedro Machado, no «Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa».
A característica que define a laje é ser relativamente plana a um tempo que duas das súas dimensións som de magnitude moi superior à outra: umha laje é chá, ampla (larga) e longa, mais fina. De feito, a nossa verba tem cognatos nas línguas célticas insulares, galés llain 'folha de metal' e antigo irlandês laigen 'lança', e verbas com similar orige coma o grego pelagos 'mar', norueguês flag 'mar', flak 'pedaço', antigo nórdico flaga 'estrato, laje' (veja-se a este respeito Prósper 2002, p. 378 e Bua 2007, p. 34), flō 'lugar, estrato', anglo-saxom flōh (stānes) `lousa, laje’. Todas estas verbas provém do tema proto- indo-europeu *plā-k- / *plā-g- 'largo e plano' (IEW: 831-2). A identidade semántica obriga a considerar a forma altomedieval, e autóctone, lagena como procedente dumha forma anterior *plagena, por perda de p no grupo pl-. Este fenómeno só pode ser prévio a romanizaçom, já que o grupo latino pl- evolve regularmente a ch- em verbas patrimoniais (latim, plumbum ˃ gal. chumbo). E tam só nas línguas celtas, entre todas as línguas indo-europeas ocidentais, cai o p em este (e em caisquer outro) contexto. -- [2]
É duvidoso que o conceito da «lage» seja apenas o de lousa e que os antigos tenham sido tão primitivos que confundissem a planura desta com a do mar confundido ambos os termos de significado tão díspar numa altura já evoluída dos vocábulos, pelo que o postulado de *plagena na evolução da «lage» é inútil e despropositado. De qualquer modo confirma-se que o nome de Leixões seria uma variante de origem galega. Por outro lado, estas etimologias passam ao lado das moles latina e dos litos grego, termos com os quais têm necessariamente que ter estado relacionadas ou não seriam todos estes falares indo europeus.
Em conclusão, o adjectivo molitus estaria entre a moles latina e o litos gregos porque seriam variantes do nome da deusa mãe telúrica *Ma-li-tu que imediatamente se identifica como deusa de Malta ou seja Mirita, Milito ou Afrodite Melânia.
Sendo assim a etimologia da «lage» não necessitaria de passar epelas formas complexas dum virtual indo-europeu *plā-k- / *plā-g- porque derivariam de termos mais simples.
> Lausha > «lousa».
«Laja, lage, lájea» < Lage-Ana < Urash-i-ana > *lagena > «lagem».
Tsaciana < *Tesha Ki-Ana > Laciana < lacium > «latina».
Não podemos saber com exactidão como se deram primitivamente as transliterações do latim clássico para os falares locais ibéricos mas seguramente que estas não foram feitas por limitações anatómicas do aparelho glótico dos falantes mas por mero conflito com homofonias dos falares pré-romanos. Quer isto dizer que se pode postular que nos falares asturo-leonês de Laciana esta deusa que teria sido Diana Lúcia mãe dos latinos seria chamada aqui Tsaciana, possivelmente uma variante da deusa da aurora etrusca Tesano por meio de um nome virtual *Tesha Ki-Ana. Portanto as «lages» derivam do nome da deusa mãe suméria Urash de que derivaram directamente as «rochas». Quanto às fragas...
«Fraga» < «fragosa» < Lat. fragosu < ???
> Lat. fragore, barulho de coisa que quebra < Lat. frango.
«Fraga» < Phuraka < *Kur-asha.
Da pouca relação entre a fraga e o fragor se infere que a etimologia proposta só pode estar errada e ser o latim que deriva do fragor que fazem sãs fragas ao galgarem as serranias...e não o contrário.
*Kur-asha era literalmente uma lasca ou filha da Senhora do Monte do Kur a deusa Ninkursag, Ki ou Urash.
Acabamos então por concluir que toda esta etimologia da «mole» decorre do domínio da deusa mãe que era em simultâneo a deusa das rochas e dos cereais particularmente na «forma» de Afrodite Morfo, a deusa das “belas formas”.
Esta actividade produtiva requer uma capacidade intelectual distante do senso comum e vocacionada para a resolução de problemas concretos: a μῆτις. O sujeito detentor deste misto de inteligência prática e capacidade criativa (astúcia) consegue, pelo recurso a um engenho, obter um desfecho benéfico para si próprio perante uma situação desfavorável.
(...) Em Hesíodo (Th. 146), surge a primeira ocorrência da palavra μηχανή, não com o sentido de «engenho», antes sugerindo a capacidade para os criar.
(…) Já na transição para a Época Clássica, começa a estabelecer-se o sentido técnico do conceito, passando o termo μηχανή a assumir a significação genérica de «engenho» enquanto objecto concreto e factual.
Assim sendo, Afrodite Mechani-tis seria literalmente a deusa da astúcia criativa e que por isso mesmo era Afrodite Morfo ou a Polimorfa da miríade de ofícios (como Istar), e dos poderes dos «mês», sendo também virtualmente a deusa *Mechana, a senhora Macha dos celtas como foi Artemisa, Atena Promachos, deusas jovens e astuciosas esmeradas nas artimanhas da caça de que derivaram nos primórdios da história do estado as tácticas guerreiras e estratégias militares das castas guerreiras ao serviço do poder religioso emergente, possivelmente ainda antes do início do Neolítico.
Mechanitis < *Mechana-i-tis < *Mechanete = Senhorita Mecha
ou Macha.
Evidentemente que *Mechanete teria sido antes Atena do que Afrodite mas o “julgamento de Paris” parece confundir estas deusas numa espécie de tridivas a que falta Hera.
O sentido verdadeiro e oculto deste epíteto *Mechanete teria pouco a ver com a virilidade que o termo «macho» português parece indiciar mas mais com o poder dos «mês», as leis criadoras de Metis que os mitos atribuem ter sido roubadas ao deus Enki por Ísis e por Anat. Na mitologia patriarcal mais recente dos deuses olímpicos Zeus engravida e gera Atena, a deusa da astúcia, depois de ter engolido Metis.
"Because those who use the term mean to say that nature is the first creative power; but if the soul turns out to be the primeval element, and not fire or air, then in the truest sense and beyond other things the soul may be said to exist by nature; and this would be true if you proved that the soul is older than the body, but not otherwise." - Plato's Laws, Book 10(892c)
Dito de outro modo suspeitamos que Afrodite Mechanitis, Melaenis, Morpho seriam o remanescente egeu da mui arcaica deusa mãe *Micas, Murça ou Amorca, Mara ou Maria, a Virgem Negra que teriam tutelado os processos da moagem, amassadura e modelagem manual do pão. Esta mesma divindade seria a deusa Nut / Nyx da noite criadora e Physis a deusa da Natureza.
«Física» < Fysica < Phusis < Ka(u)ki-is > Kausis > «Causa» e Coisa».
Tesis < > Tetkis.
As Senhoras do Destino de várias tradições - conhecidas como as Parcas gregas, as Moiras romanas, as Nornes nórdicas ou as Rodjenice eslavas - tinham como símbolo mágico o fuso, a roda de fiar, os fios e a tessitura. Elas fiavam, mediam e cortavam o fio da vida, entoando canções que prediziam os destinos dos recém nascidos e apareciam como deusas tríplices ou tríades de deusas idosas, envoltas por mantos com capuz ou vestidas de branco, preto ou com idades diferenciadas pelas cores das suas roupas (branco, vermelho, preto). (...)
A deusa padroeira das fiandeiras existiu em várias tradições como a egípcia (Ísis), alemã (Holle, Perchta), basca (Mari), lituana (Laima), italiana (Befana), eslava (Baba Yaga, Mokosh), japonesa (Amaterassu), grega (Ártemis, Athena), nórdica (Frigga), báltica (Saule, Sunna, Rana Neida), além da Rainha das Fadas de França, Espanha, Irlanda, Inglaterra. (…)
Os círculos sagrados femininos – como a Teia de Thea – têm como objetivo principal a formação e sustentação de uma teia feminina de conexão e de reverência à sacralidade feminina, cujos fios estão sendo tecidos, fortalecidos e renovados permanentemente por todas aquelas mulheres que se dispõem celebrar, honrar e servir à Deusa sob Suas inúmeras faces e manifestações. Esse serviço deve ser feito sem qualquer apego aos resultados e frutos dos seus esforços, assim como também as antigas tecelãs cumpriam apenas a sua tarefa ancestral visando o bem estar das suas comunidades. – http://www.teiadethea.org/
Orphic Hymn 10 to Phusis (trans. Taylor) (Greek hymns C3rd B.C. to 2nd A.D.):
"Phusis, all-parent, ancient and divine,
o much mechanic mother, art is thine;
heavenly, abundant, venerable queen,
in every part of thy dominions seen.
Untamed, all taming, ever splendid light,
all ruling, honoured, and supremely bright.
Immortal, Protogeneia (First-Born), ever still the same,
nocturnal, starry, shining, powerful dame.
Thy feet’s still traces in a circling course,
by thee are turned, with unremitting force. Pure ornament of all the powers divine, finite and infinite alike you shine; to all things common, and in all things known, yet incommunicable and alone.
Without a father of thy wondrous frame, thyself the father whence thy essence came; mingling, all-flourishing, supremely wise, and bond connective of the earth and skies. Leader, life-bearing queen, all various named, and for commanding grace and beauty famed.
Justice, supreme in might, whose general sway the waters of the restless deep obey. Ethereal, earthly, for the pious glad, sweet to the good, but bitter to the bad: all-wise, all-bounteous, provident, divine, a rich increase of nutriment is thine; and to maturity whatever may spring, you to decay and dissolution bring.
Father of all, great nurse, and mother kind, abundant, blessed, all-spermatic mind: mature, impetuous, from whose fertile seeds and plastic hand this changing scene proceeds. All-parent power, in vital impulse seen, eternal, moving, all-sagacious queen. By thee the world, whose parts in rapid flow, like swift descending streams, no respite know, on an eternal hinge, with steady course, is whirled with matchless, unremitting force. Throned on a circling car, thy mighty hand holds and directs the reins of wide command: various thy essence, honoured, and the best, of judgement too, the general end and test. Intrepid, fatal, all-subduing dame, life everlasting, fate (aisa), breathing flame. Immortal providence, the world is thine, and thou art all things, architect divine. O, blessed Goddess, hear they suppliants’ prayer, and make their future life thy constant care; give plenteous seasons and sufficient wealth, and crown our days iwht lasting peace and health."
Na linha desta tradição cultural que perpassou indelével pela cultura popular tempos que referir a história infantil da “Bela Adormecida” onde as “fadas madrinhas” fazem o papel de Parcas fiandeiras e de deusas das rocas e dos «fusos».
Na festa do batismo de tão desejada princesa, foram convidadas doze feiticeiras (na versão de Perrault, são sete fadas...mas poderiam ser deusas) para serem as madrinhas, presenteando a criança com dádivas espirituais como beleza, a inteligência, a bondade, etc. No entanto, uma velha feiticeira do reino que fora negligenciada com o falso pretexto de que o rei tinha apenas doze pratos de ouro, interrompeu o evento como Eris no casamento de Paris e lançou-lhe uma maldição: a morte ao picar do dedo num fuso quando a princesa atingisse a idade adulta.
Cada versão do conto tem um nome diferente desta personagem. Em Sol, Lua e Talia, ela tem o nome de Talia, cuja derivação provém da palavra grega Thaleia, que significa "o florescimento". Perrault, por sua vez, não lhe deu nome. Esta é simplesmente chamada como "a princesa", enquanto Aurora é o nome da filha da princesa.
No idioma original é chamada de Dornröschen, cuja tradução de dorn é espinho e de röschen é florzinha, diminutivo de flor. Algumas versões do conto traduzem o nome da princesa para Rosa do Espinheiro, Flor do Espinheiro ou Rosa de Urze.
No conto de Basile, a princesa Talia cai num sono profundo quando fica com um pedaço de linho encravado debaixo da unha. O rei, que já está casado, quando a descobre no castelo abandonado fica de tal maneira apaixonado que a estupra enquanto dorme. Nove meses depois desta visita Talia acorda, e dá à luz dois infantes, o Sol e a Lua.
Em Perrault, a princesa acorda quando um príncipe a descobre e, apaixonados, casam-se e tem uma filha chamada Aurora e um filho com o nome Dia. No entanto, o amado sai para caçar deixando a princesa e os seus filhos ao cuidado da sua mãe ciumenta, que até então não sabia da existência do casamento do filho. Esta é descendente de Ogres e as suas tendências canibais provocariam a morte destes três, se não fosse a compaixão de um cozinheiro, que engana a sua majestade com carnes de animais.
Assim sendo o conto da Bele Adormecida é uma variante popular de mitos arcaicos, onde os ogros canibais eram precisamente os gigantes e titãs ou seja os arcaicos deuses cretenses dos sacrifícios humanos neste caso num mito relativo ao nascimento do Sol e da Lua que a mitologia grega resumiu na genealogia de Teia.
Teia, filha de Urano e Gaia, é uma titânide. Desposou Hiperião, seu irmão, e deu à luz as divindades siderais Hélio, o Deus Sol, Selene, a Deusa Lua, e Eos a Deusa Aurora.
«Teia» < *Teja < Te-ia <=> Tela (> Tellus) < Talia < Te-ra.
Tese < Te-isha < Ki-Ki-ish > Phu-ish > Phusis.
> Te-Tis.
É evidente que Phusis era equivalente de Gaia e de Telus e Tália. De Tellus anatólica veio o termo grego Telos para a causa final.
Nonnus, Dionysiaca 41. 98 ff: -- "[Aphrodite] newly born from the brine; when the water impregnated from the furrow of Ouranos was delivered of deep sea Aphrodite; when without marriage, the seed plowed the flood with male fertility, and of itself shaped the foam into a daughter, and Phusis (Nature) was the midwife -- coming up with the goddess there was that embroidered strap which ran round her loins like a belt [the cestus of love], set about the queen’s body in a girdle of itself."
Nonnus, Dionysiaca 23. 280 ff (trans. Rouse) (Greek epic C5th A.D.): "[Nonnus represents Okeanos and Tethys (i.e. as Thesis) as the primordial gods of creation, in the manner of Homer and the Orphics:] Tethys! Agemate and bedmate of Okeanos, ancient as the world, nurse of commingled waters, selfborn, loving mother of children."
Outra deusa aparentada com a deusa Fisis é a deusa Tese, também protágona e primordial como Fanes / Ofião ainda que na aparencia semântica moderna pareçam como a tese e a antítese, ou melhor, a teoria (das teses filosóficas) e a prática (empírica da física).
TESE foi a deusa protogina (deusa primordial) da criação, uma divindade relacionada com a Physis (natureza). Ela ocorre nas teogonia Órficos como a primeira a surgir na criação ao lado do Hydros (as águas primordiais). Às vezes ela é representada como o aspecto andrógino hermafrodita do deus Phanes.
Tese também ocorrer novamente na mitologia sob o disfarce de Metis, a deusa devorada por Zeus, e como Tethys, a grande enfermeira, mãe de todos.
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No entanto, na literatura existente, estas duas figuras estão normalmente muito longe do velho deus criador cosmológico, do tipo apresentado na Teogonia de Alcman.
«Fuso» e «parafuso» derivam de Phusis obviamente ainda que possa não ser comum dize-lo.
O linguista Rosário F. Mansur Guérios se refere à expressão latina medieval *pare fusu, "fuso parelho", assemelhado ao fuso de fiar.
Obviamente que Rosário F. Mansur Guérios está a fazer uma etimologia pela via popular. É inegável que o parafuso tem a ver com o fuso da roca de fiar mas isso não significa que o nome tenha aparecido desta forma tão simples.
A origem do parafuso possui algumas versões e uma destas aponta como o inventor, o grego Arquitas de Tarento (ou Archytas de Tarentum) por volta de400 a.C., quando desenvolveu o parafuso para ser utilizado em prensas para a extração de azeite da olivas, bem como, para a produção de vinho.
Outra personalidade que desenvolveu aplicações científicas com o uso do parafuso foi Arquimedes, por volta de 250 a.C. , quando desenvolveu o princípio da rosca e utilizou-o para a construção de dispositivos para a elevação de água na irrigação. Porém, é de amplo conhecimento que os romanos utilizavam, e muito, o princípio de Arquimedes para a extração de minérios em suas minas, bem como, para pivôs em portas.
Segundo os [Problemas] Mecânicos, o círculo comporta em si dois movimentos (1, 848b10-12); ou melhor, a trajectória que um objecto descreve ao deslocar-se por uma circunferência é composta por dois movimentos. Um deles segue na direcção da tangente e o outro na direcção do centro do círculo; o primeiro é «de acordo com a natureza» (κατὰ φύσιν) e o outro é «contra a natureza» (παρὰ φύσιν): «Isto acontece com qualquer raio: desloca-se pelo arco de circunferência, de acordo com a natureza na direcção da tangente e contra a natureza na direcção do centro». (1, 849a14-16.)
Estes movimentos eram descritos por Descartes como conatus a centro e conatus recedendi. Conatus a centro, ou "tendência para o centro", é usado por Descartes como uma teoria da gravidade; conatus recendendi, ou "tendência para fora do centro", que representa as forças centrífugas dos vórtices.
Portanto, o parafuso seria sobretudo um fuso que girava ao contrário do fuso normal.
Aristóteles conhecia da mecânica a realidade das forças com que Descartes iria descrever a gravidade enquanto movimentos celestes circulares em vórtice que Aristóteles bem conhecia ao ponto de simplificadamente os descrever como harmonia das esferas celestes.
O problema será saber em que consistem exactamente os atributos «de acordo com a natureza» e «contra a natureza» – questão discutida já desde os comentadores renascentistas51. O texto não é esclarecedor: além da equivalência «de acordo com a natureza»/tangente e «contra a natureza»/centro, apenas é dito, em termos não muito claros, que o movimento «contra a natureza» consiste numa espécie de «efeito de desvio» (ἐκκρούω) na direcção do centro (1, 849a3-22).
Em primeiro lugar, convém manter algum distanciamento em relação à explicação mais abrangente do sistema físico aristotélico: o movimento (enquanto mutação ou passagem de potência a acto) «de acordo com a natureza» deve-se a uma causa eficiente intrínseca ao próprio ente, ao passo que o «contra a natureza» exige uma causa externa. (...)
No caso da mecânica, por se enquadrar em absoluto na técnica, a distinção entre «de acordo com a natureza» e «contra a natureza» dependerá de outras condições. (...)
Para Aristóteles o movimento centrífugo segundo a tangente era natural como o movimento linear e o centrípeto era forçado e antinatural por ser aquilo que Descartes descrevia como movimento impedido por ser contra o anterior. Por qual motivo o movimento centrípeto e antinatural do círculo passou a ser o do parafuso? Seguramente por analogia com o parafuso hidráulico de Arquimedes que de forma antinatural retirava água do Nilo a contra senso da gravidade.
No fundo, Aristóteles parece intuir os conceitos de força centrífuga (afastamento do centro) e força centrípeta (atracção pelo centro). Embora não tenha ainda condições teóricas para os formular em conceitos físicos claros, o seu modelo explicativo da mecânica trá-los implícitos enquanto noções indistintas. Ou seja os clássicos só não inventaram a física moderna porque ainda não estavam em condições de o fazer por falta de uma cosmologia que não fosse olímpica e prerrogativa dos sacerdotes e teólogos!
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