Como se viu antes, o epíteto Júpiter do deus supremo dos romanos era afinal um composto de Ju- + pater. Como suspeitamos que a etimologia de pater decorre do nome do deus Egípcio Pta também podemos suspeitar que o radical Ju- deriva do deus egípcio Xu (e possivelmente também do Sumério Gu que foi Enqui e que teve o pássaro Anzu como avatar ou antepassado comum com Xu)
Ju- + Anu > Jano
Ju- + Pater > Júpiter
Pater ó Pta < Phita > Pha + | Ter < Ker < Kur |.
Resta portanto esclarecer a etimologia da raiz Ju-.
Tudo o que acontecia no Capitólio estava de uma forma ou de outra ligado a Júpiter; daí a sugestão de Wissowa de que Liber seria originalmente um epíteto de Júpiter e só com o tempo começou a ser percebido como uma divindade separada, é digna de nota. Esta sugestão não foi reconhecida por estudiosos posteriores, embora o culto de Jove Liber fosse conhecido em Roma.
*22 G. Wissowa, Religion und Kultus der Römer, München 1902, pp. 105–106. (…)
Recapitulemos o que se sabe sobre as celebrações do 17 de Março, além de que as velhas vendiam bolos de sacrifício nas ruas de Roma. O festival teve um caráter duplo, privado e público. A primeira parte ocorreu em casa, no larário domiciliar; em seguida, os jovens dirigiram-se ao Monte Capitolino para oferecer sua reverência a Iuventas, protetora divina dos homens obrigados a servir no exército (iuvenes). A deusa não tinha ali nenhuma área de culto separada, apenas um altar dentro do templo da tríade Capitolina, no espaço dedicado a Minerva *21. (A. Fraschetti, “Jeunesses romaines”, in: G. Levi, J.-C. Schmitt (eds.), Histoire des jeunes en Occident, Paris 1996, pp. 77–78.)
Mario Torelli destacou que a Liberalia, celebrada na primavera, abre o ciclo de festas ligadas aos “ritos de passagem” da juventude masculina romana; a Agonalia de Março ligada a Marte fazia parte do mesmo ciclo. Esta é mais uma indicação de que o nome da Liberalia não deveria ser associado ao deus Liber. Os nomes das festas referiam-se ao nome da divindade que lhes era patrona ou estavam relacionados com o ritual realizado no seu decorrer; mas também poderiam ser derivados dos participantes da cerimônia. Isto não contraria as etimologias conhecidas na Antiguidade, como demonstra o exemplo da Quirinalia, celebrada a 17 de Fevereiro: o seu nome pode derivar não do nome de Quirino, como se pensa habitualmente, mas do termo Quirites, já que nesse dia os cidadãos se reuniriam divididos em cúrias. Este exemplo torna ainda mais necessário considerar *25 a observação de Ovídio sobre a toga libera; mas a Liberalia foi também o dia “em que os liberi se tornaram liberi – quando as crianças nascidas livres se tornaram cidadãos livres”. *26
*25 D. Porte, “Romulus Quirinus, prince et dieu, dieu de princes. Etude sur le personnage de Quirinus et sur son évolution, des origines à Auguste”, Aufstieg und Niedergang der römischen Welt, II, 17, 1, pp. 300–342.
*26 F. Carotta, A. Eickenberg, “Liberalia tu accusas! Restituting the ancient date of Caesar’s funus”, 26 Revue des Études Anciennes 113, 2, 2011, pp. 447–467. -- DIVINITIES OF THE ROMAN LIBERALIA, Danuta Musiał (Nicolaus Copernicus).[1]
Sendo assim parece que o culto de Júpiter, como quase todos os deuses de cultos arcaicos, apareceu no contexto dos ritos de passagem das festas dos rapazes e dos mancebos em idade militar mas...ao lado do de Juventas.[1] Ovid refers to the epithet “Liber pater” (tu pater es), in whom fathers of families trusted. It cannot be ruled out that it is a reference to the Greek conception of Dionysus Dimorphos, who was depicted in two persons: a youth and a mature, bearded man. The latter image was popular among the poets of the Augustan age. But pater was also the epithet of Liber, 16 found mainly in inscriptions. Its cult significance had little to do with fatherly prerogatives. The Romans used this appellation to express their reverence towards the oldest divinities, for instance Jupiter, Mars, Janus and Quirinus; the meaning of the epithet mater, linked with Tellus, Mater Matuta or Vesta Mater, was similar. (…)
Let us recapitulate what is known about the 17 March celebrations besidesth that old women sold sacrificial cakes in the streets of Rome. The festival had a double, private and public character. The first part took place at home, at the household lararium; then the young men proceeded to the Capitoline Hill to offer their reverence to Iuventas, divine protectress of men obliged to serve in the army (iuvenes). The goddess had no separate cult area there, only an altar inside the temple of the Capitoline triad, in the space devoted to Minerva.
Everything that happened on the Capitoline Hill was one way or another connected with Jove; hence Wissowa’s suggestion that Liber was originally an epithet of Jove and only with time began to be perceived as a separate deity, is noteworthy. This suggestion was not acknowledged by later scholars, although the cult of Jove Liber was known in Rome. (…)
Mario Torelli pointed out that the Liberalia, being celebrated in the spring, open the cycle of festivals connected with the rite de passage of the Roman male youth; the March Agonia linked with Mars were a part of the same cycle. This is another 24 indication that the name of the Liberalia should not be associated with the god Liber. Names of festivals referred to the name of the divinity who was their patron or were related to the ritual performed in their course; but they could also be derived from the participants of the ceremony. This is not contrary to etymologies known in the Antiquity, as the example of the Quirinalia, celebrated on 17 February, demonthstrates: their name may be derived not from the name of Quirinus, as is commonly thought, but from the term Quirites, since on that day the citizens would gather divided into curiae. This example makes it all the more necessary to consider Ovid’s remark regarding the toga libera; but the Liberalia was also the day “when the liberi became liberi – when freeborn children became free citizens” -- DIVINITIES OF THE ROMAN LIBERALIA, Danuta Musiał (Nicolaus Copernicus University in Toruń).
Figura 2: Rome mint. AVRELIVS CAESAR AVG P II F COS, Bare head right. / IVVENTVS, Juventas standing left, holding patera and dropping grain of incense on candelabrum. S-C.
Dionísio e Tito Lívio pensaram que ela e o deus Termino "se recusaram" a fazer a cerimônia de reversão (exauguratio) quando Tarquínio desejou reconstruir o distrito do templo no Capitólio. Embora outros deuses tenham sido movidos, esses dois faziam parte da nova estrutura. Dionísio também pensava que o rei semi-lendário Sérvio Túlio fez um fundo do templo para Juventas, e cada família tinha que contribuir para isso. O pensamento de que ela fazia parteda antiga religião romana depende principalmente dessas duas lendas etiológicas, já que ela não é vista no início da história dos festivais romanos.
Seguindo o conselho dos livros sibilinos, que foram lidos durante as ansiedades sobre a Segunda Guerra Púnica, Juventas fez parte dos sacrifícios em 218 aC relacionados a um lectisternium, uma festa pública na qual imagens de deuses eram exibidas como se os deuses fizessem parte dela. [...]. O cultivo de ambas as divindades na época da Segunda Guerra Púnica parece ter a intenção de revigorar os homens em idade de lutar: Juventas "era considerado uma poderosa força divina que prestava um dom vital de força em um momento crítico". [...]. Após a desastrosa Batalha do Lago Trasimeno em abril de 217 aC, Juventas, Hércules e o Genius Publicus foram excluídos por um tempo das honras divinas, pois não foram considerados eficazes. Marco Lívio Salinador prometeu um templo a ela durante a Batalha do Metauro, quando enfrentou Asdrúbal em 207 aC - uma indicação de que Juventas ainda tinha poder. – Wikipedia.
Juturna era uma antiga deusa latina das fontes, às vezes considerada amada por Júpiter, de quem recebeu o domínio sobre todos os rios e águas do Lácio. Ela também é chamada de esposa de Jano e, por ele, mãe de Fontus, o deus das fontes. Virgílio faz dela irmã de Turno de Ardea, rei dos Rutuli, provavelmente em alusão a uma fonte com seu nome no país entre Ardea e Lavinium. Além da lagoa de Juturna no Fórum de Roma, havia também uma nascente com seu nome no Campus Martins, cuja água era considerada sagrada e salutar, e por isso era empregada em todos os ritos e serviços sacrificiais, e também usada por pessoas doentes.
Iu-ven-cus 'bezerro' [m. o. (Lucr:4) ó: iuvenca 'zorra, novilha' (Varrot). PIt. *juwnko-. It. cognatos: Umbr. Iu-enga [nom.pl.], iveka, iuenga [acc.pl.] 'vaca jovem' (...). A sequência -enc- em vez de -inc- é inesperada. Iuvencus pode ser influenciado por iuvenis e iuventus.
Iu-ven-is 'jovem' [m. Eu. (Pl.:4) Derivados: iuven-tus 'juventude' (P1. +), iu-ven-ta 'juventude' (Lab. +), iuven-tas 'juventude' (Lucr. +); iu-nior ‘mais jovem’ (P1. +); iu-nix, -wis 'vaca jovem, novilha' (Persius Flaccus, hapax),
Sum. Zú-kéš = reunir, montar, coletar, reunir, organizar, formar; cooperar ou concordar com. > Sum. Zú-keš.da, contingente, tropa; grupo, coleção; contrato (riksu).
Se Juturna era “às vezes considerada amada por Júpiter”, mas também era “chamada de esposa de Jano” isso significa que temos mais uma suspeita de que na origem Jano e Júpiter eram a mesma entidade mítica. Por outro lado, como os deuses jupiterianos das tempestades e das forças climáticas eram variantes dos míticos touros do céu que acabaram por ser o animal de transporte destes deuses como no caso de Júpiter Dolicheno.
Então, natural seria que a filha de Júpiter fosse uma bezerra, ou seja tanto, uma *Ju-Turana / Juturna como uma juvenca (bezerra) Juventa.
*Ju-Turana > Ju-turna = bezerra =Ju-venka > Ju-venta.
Gaius Vettius Aquilinus Juvencus (fl. c. 330) foi um poeta cristão romano da Espanha que escreveu em latim.
De resto, se Juturna era a deusa das águas salutares e possivelmente da “fonte da eterna juventude”, Juventa seria a bezerra aguadeira dos deuses.
Figura 3: Júpiter, rei dos deuses romanos, trazendo relâmpagos e acompanhado por uma águia romana. (Estátua de mármore (H. 234 cm) feita por volta de 150 dC. JC, pertencente ao Muséu do Louvre).
Também senhora da eterna fonte da «juventude» que tutelava entre os latinos como patrona dos «jovens» mancebos.
Juventas, também conhecida como Iuventus ou Juventus equivalente romano da deusa Hebe (em grego antigo: Ήβη, transl.: Hēbē), é a deusa da juventude, filha legítima de Júpiter (Zeus) e Juno (Hera). Casou-se com Hércules (Héracles) após ser imortalizado, tendo dois filhos Anicetus (Anikêtos) e Alexiares (Alexiarês). Ela era especialmente a deusa dos rapazes "novos a usar a toga" (dea novorum togatorum) – isto é, aqueles que tinham acabado de atingir a maioridade.
Iu-ven-cus equivalente a iu-ven(is) + -cus.
< proto-itálico *-kos < grego antigo -κός < ίκος
= “de ou pertencente a”, “à maneira de” < hίκος < Kίκ(ος)
Janus o abridor; I(u)an-cus (ó Ian-eus)
< Juan-cus < *Ju-van-cus < Iu-ven-cus > Juventus > Juventa.
> It. Gian < Giovanni.
Ver: DEUSES LATINOS – JUPITER I, DEUS PAI (***)
As etimologias antigas associavam o nome de Juno a iuvare, "ajudar, beneficiar", e iuvenescere, "rejuvenescer", ligando-o por vezes à renovação da lua nova e crescente, talvez implicando a ideia de uma deusa da lua Juno era com Diana Lucia.
Iu-v(a)o < iu-vāre, iū-v(a)ī, iū-(va)tum < Lat. Arcaic. iu-vere < *Iu-Wer
ó hitita iyau-wat-ta = “curar-se, recuperar” < “ajudar-se a si mesmo”.
Iu-v(at) ó iu-ven-esco.
Iu-xsta > iu-sta
Ju-sta < ju-xta < ju-xsta < *jovista < proto-itálico *jugist-os (“mais próximo”) < proto-itálico *jou-gest-os (“jungido”) < *joug-os (“equipa de animais de canga”) > latim iūgera >
Ver: JUNO (***)
Iugō, iugāre, iugāvī, iugātum = junto-me, jugo.
«Jugão» = aumentativo masculino singular de «jugo».
1. peça de madeira grossa, adaptada ao cachaço de um ou dois bois, que serve para apor o boi (ou os dois bois que formam a junta) ao carro ou ao arado; canga. 2. junta de bois.
«Jugão» será mesmo o aumentativo de jugo ou uma derivação directa do latim? A tradição etimológica aponta para que tenha sido um «senhor» aumentativo desde sempre, confirmado pelo grego ζῠγόν (zugón) e pelo hitita iú-kan.
«Jungo» < «Jugo» ó «jugão» < galaic. port. *xugon < Lat. iugu(m)
< proto-itálico *jugom, < grego antigo ζῠγόν (zugón), jugo
< ζεῦγος • (zeûgos) par de pessoas ou animais; jugo; biga.
< P. Hel. *zeugón[1] < Micen. ze-u-ko / *ze-u-kon
ó Hitita: As eiras onde se fazia a joeira dos cereais eram locais com chão duro, liso e estrategicamente preparadas para uma melhor exposição aos ventos. (...). Deus permitiu a "Peneira" do diabo para experimentar Jó (Jo. 2.3). Neste texto, percebe-se claramente que o diabo "provoca" a Deus, desafiando-o a permitir "Sacudir" a vida de Jó para que esse negasse a Deus. Neste aspecto, não foi diferente com Pedro e Jesus: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos joeirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos. (Lucas 22:31,32). -- Enomir Santos. (iú-kan).
ó com sânscrito युग (yuga), e o gótico GnR juk.
E entretanto temos um termo que aparentemente tudo levaria a pensar que nada teria a ver com esta conjunto constelativo de ζυγά-ζυγά < (zygá-zygá) <> em «zuka-zuka», ou seja, a copular = dois a dois.
[1] O proto indo-europeístas propõem um Proto Helénico *dzugón enquanto no linear-b aparece um ze-u-ko com o significado de ζεύγοσ / zeugos = «junta» ou «jugo», «jogo» de dois, parelha, par, etc.
Figura 4: bovēs cum iugō («junta» de bois «jung(u)idos» pelo «jugo»).
LIBRA
Ζυγός / (Zygós)
1. Constelação de Libra; signo zodiacal da Libra.
2. Balança de pesar massas.
Não é por acaso que a constelação da libra aparece neste contexto.
«Libra» < Lat. Li-bra < proto-itálico *lī-ðrā, *lei-ðrā (“libra”)
< origem incerta > λί-τρα (lítra)
< Emprestado do proto-itálico *līðrā (“lingote”).
Weiss deriva o termo do proto-indo-europeu *leyH- (“derramar”) com o sufixo instrumental/resultativo *-dʰrom, sob a suposição de que o termo significava originalmente "derramar (de metal)" antes de evoluir para significar um unidade de peso. Neste caso, então cognato com proto-eslavo *lìti (“derramar”), proto-céltico *liyeti (“fluir”), grego antigo λείβω (leíbō, “derramar”), lituano líeti (“deixar fluir”).
No entanto, além do mero achismo de Weiss não parece fazer sentido algum esta proposta que, sendo inspirada no PIE, ainda mais suspeita nos parece, por isso, ousamos propor outra via.
A fonte imediata do empréstimo grego poderá ser o sícolo *lī-trā seguramente derivado da fala de origem que terá sido o latim. Compare-se com a morfologia do grego antigo στα-τήρ (sta-tḗr), um peso e uma moeda padrão como era a libra latina.
Sendo assim, suspeita-se de outros contextos que o étimo –ter foi afeiçoado pelos gregos para ter o significado de “«ter» o poder de” até porque a moeda *lī-trā foi criada com o “poder de valer o que pesa”. Então, a origem da «libra» não sendo grega possivelmente seria de origem fenícia ou aramaica uma vez que os judeus da palestina usavam o termo līṭrā, seguramente por importação, mas usavam também o termo equivalente rīṭlā que seria estranho que fosse por deturpação. Rigorosos como eram os judeus na interpretação da letra dos textos da lei dificilmente manteriam dois termos relativos ao rigor “dos pesos e das medidas” se não soubessem que līṭrā era um neologismo da Magna Grécia traficado pelos fenícios por troca com termo rīṭlā, mas este de antiga tradição semita pela via do aramaico que, afinal, seria a verdadeira origem do nome da «libra». Por outro lado estranho seria que a Magna Grécia inventasse um termo relativo quantitativas fora do peso da tradição que era a maior garantia de segurança do valor dos “pesos & das medidas”. O mundo da justiça comercial dependia inteiramente da confiança na estabilidade destas bitolas que obviamente eram tuteladas pelos deuses «manda chuva» das tempestades e do clima como era o caso dos deuses atmosféricos jupiterianos.
«Arrátel» < Árab. Andal ar-raṭl < Aram. rīṭlā < gibão > līṭlā
< Grec. Sic. λίτρα (litro, "libra, libra romana") > Lat. libra.
Libra < Emprestado de uma língua itálica, em última análise, do proto-itálico *līðrā (“lingote”). A fonte imediata do empréstimo grego poderá ser Sicel *lītrā. A palavra itálica sobrevive também no latim libra. Compare-se a morfologia do grego antigo στατήρ (statḗr).
Στα-τήρ (statḗr), lit. “poder do que está (no mando)”.
Li-ter pareceria ser lit. “o poder de li- (talvez a «leira» ou terra selvagem”), mas que seria apenas um termo arcaico de origem desconhecida que os gregos da Magna Grécia tentavam afeiçoar ao que lhes parecia ser, não sendo portanto de origem helénica mas possivelmente Egípcia como se verá abaixo.
Li-ter > *lī-ðrā > «Libra» ó Li-ber < Eli-Wer ≡ Εἰλεί-θυιᾰ / (Eileíthuia)
< Eilei-dia, a deusa do Aleluia, a deusa mãe do parto que liberta a criança da escuridão para a luz do dia.
«Litro» < franc. litre. < Lat Med. Litra < Greg. Ant. λίτρα (lítra) = Uma moeda de prata da antiga Sicília, valendo um quinto de dracma = δρᾰχμή / (drakhmḗ) = “tanto quanto se pode segurar numa mão cheia” = I. um peso > 2. uma moeda de prata, dracma, no valor de seis óbolos.
Inicialmente, um dracma era um punhado (um "aperto") de seis óbolos ou obeloí (varas de metal, literalmente "espetos") originalmente usados para assar cordeiro. (...)
A noção de que a dracma derivou da palavra para punhado e foi registrada por Herakleides de Pontos (387-312 aC), que foi informado pelos sacerdotes de Heraion que Fídon, rei de Argos, dedicou obolos em forma de bastão a Heraion. Informações semelhantes sobre os óbolos de Phidon também foram registradas na Crónica Pariana.
Dracma, segundo a mitologia grega, era um meio de oferenda à deusa Íris, a deusa do arco-íris que proporcionava depois da oferenda, uma mensagem através da névoa.
Normalmente (δρᾰχμή) é derivado como substantivo verbal (“segurar”) de δράσσομαι (drássomai, “segurar, apreender”). Beekes, no entanto, defende que a existência das variantes δαρχμά (darkhmá) e δαρχνά (darkhná) significa que δραχ- (drakh-) e δαρχ- (darkh-) não continuam o grau zero do proto-helénico *dr̥kʰ- e em vez deste derivam de um termo de substrato pré-grego desconhecido.
«Libra» > λί-τρα (lítra) <=> Aramaic. Jud. Palest.: < līṭrā < rīṭlā < *retela
< *Re-tala > *Re-tara
< Ra + | < tar- < bar- < kar- > gar- > gra-vis.
-ter < tar- > Thar- > thra- > δραχ- > δρᾰχμή.
=> Lat. gra-vis.
=> Grec. βαρ-ύς (bar-ús) <
=> Árab. ṭar-ḥª
Do árabe ṭarḥa, "aquilo que é rejeitado" > a «tara» (o peso vazio de um recipiente) > o peso que se põe num dos pratos para equilibrar uma pesagem.
*Re-tara < *Re-tala seria lit. a «tala» de Rá, o deus sol dos egípcios, usada como contrapeso da balança que avaliava o valor moral do coração dos mortos no tribunal de Osíris.
A personificação da justiça equilibrando a balança remonta à deusa Maat, e mais tarde a Ísis, do antigo Egito. As divindades helénicas Themis e Dike foram mais tarde deusas da justiça.Figura 5: Pesagem do coração no tribunal de Osíris. Caso a balança mostrasse que o coração era mais leve
que uma pena o julgamento seria concluído e o destino decidido. mḫȝt (U38)
— (em: Lista de Sinais de Gardiner), transliterado mekhat < me- (supostamente um “prefixo formador de substantivos”, mas seguramente
derivado do «mê» sumério com o significado de lei) + ḫꜣj (< khai = "medir") + -t (terminação feminina) ó Ma´at,
deusa da boa ordem, justiça e do equilíbrio. Obviamente que o nome de Maat funciona aqui apenas como
ressonante. Como rezam as lendas que as tribos gaélicas foram chefiadas por
Gaidelus que foi um
príncipe grego que, depois provocar a morte do próprio pai, foi exilado Egipto
onde aprendeu a respectiva língua explicando-se assim muitos arcaísmos ingleses
que divergem fortemente das línguas celtas continentais, como por exemplo
“show” = mostrar < Inglês
Medio sheuen < Inglês Antigo sceawian (observar) ó Saxão Antigo skauwon > Frísio Antigo skawia >
Holandês schouwen > Alto Alemão Antigo scouwon < raiz germânica
*skau- < indo-europeu *skou- ó Ant. Egip. khai = "medir" < ?. Obviamente que apostar nesta derivação é
pressupor que o suposto indo-europeu *skou- saiu do Egipto com Gaidelus e
depois se espalhou pelas costas do mar do norte com os seus companheiros, mas
quem pode garantir o contrário?
Mas o mais interessante nas balanças dos egípcios, que possivelmente inventaram, é um seu sinónimo jwsw, transliterado para iusu, foneticamente muito proximo do jugo latino e de Ζυγός / (Zygós).
Themis era a personificação da ordem, lei e costume divinos, em seu aspecto como a personificação da rectidão divina da lei. A deusa alegórica da Jus-titia foi introduzida pelo imperador Augusto e, portanto, não era uma divindade muito antiga no panteão romano. No entanto, ainda que termo latino genérico para deliberação «justa» deve ter tido uma origem arcaica relacionada com um qualquer epíteto de Juno.
Jus-ticia é a contraparte romana de Dike e, por isso, era uma das Horas e deusa da justiça. Ela é filha de Júpiter, a contraparte romana de Zeus, e Themis; suas irmãs são Pax e Eunomia.
Figura 6: Artgate Fondazione Cariplo Canova Antonio, Allegoria della Giustizia.
«Justiça» < Galaic. Xus-tiza ó xus-teza < *jus-titzia
< iūs-tus < iūs-(tus ) + -itia ó Ius + titia
< iūs-tus < Lat. Arcaic. Iov-estos < P. Itál. *jow-estos <?*jowos (+ *-tos)?
< *jowos = local de julgamento < *jokos > «jogo»
Obviamente que uma derivação meramente literal feita exclusivamente das possibilidade gramaticais duma língua correm o risco de chegar a becos sem saída. Porém, se não nos esquecermos que a linguagem se desenvolvia sobretudo no seio da religião e no exercício extremamente rigoroso e cheio de tabus das praticas sagradas destinada a manter a lei e a ordem social tutelada pelo deuses da soberania suprema que eram os «manda chuva» jupiterianos como foi o caso de Jano e de Júpiter; e se nos lembrarmos que este antes de ser pai dos deuses foi Te-shub que veio a ser entre os latino Jove e Ve®-jove de que o arcaico jovestos derivaria enquanto epíteto destes no sentido de quem está (justo) como jove sempre está.
Ver abaixo: JOGO da sorte e do azar que separa o trigo do joio (***)
Iūr-ō, iūr-āre, iūr-āvī, iūr-ātum = jurar, dar juramento.
< Lat. Arcaic iovesō, do proto-itálico *jowezāō,
< ??? proto-indo-europeu *h₂yew-???.
< iūs < iur + -eō. / iūris < Xur < Kur < Ki+ Ur.
Notar que noutras partes destes estudos se deu conta de que o deus Xu dos egípcios e seus cognatos jupiterianos teriam derivado de Xur ó Kur.
Além de «balança» a libra latina significava também um instrumento para medir o «nível» horizontal de algo em construção.
Fr. niveau < Fr. Ant. nivel < *(n)livel(e) < (in *libellus = em libelo)
< Baixo Lat. *libellus < Lat. lībella < *libelila < *libe-rila < liber-ula
< libra + -ula.
Notar que na passagem do Lat. lībella ao Fr. Ant. nivel é preciso postular um virtual Baixo Lat. *libellus < homófono do Lat. Clás. libellus < *libelilus < *liberulus = liber (“libro”) + -ulus, mas que tanto tinha o significado de livrinho como de panfleto ou «libelo» acusatório o que trás implícita uma conotação belicista por ressonância com o Lat. bellum < duellum > «doelo».
Figura 7: Vista de Trier do Thesaurus philopoliticus (1625) de Daniel Meisner, impressão em chapa de cobre de Eberhard Kieser. A imagem mostra uma vista de Trier, em primeiro plano uma coluna antiga com um par de balanças e símbolos ao redor da palavra latina "liber": balanças (libra), na balança esquerda livros (libri), na direita uma criança (liberi), em cima um chapéu, desde os tempos antigos um símbolo de liberdade (liber = livre), dois casais, à esquerda e à direita, apontando para a coluna, São Pedro, padroeiro da cidade, em escudo heráldico.
Por isso é que de facto a etimologia do termo «nível» deriva de um diminutivo da libra latina. Ora, como um dos elos virtuais de derivação passa por liber-, que por sua vez, deriva de ἐλευθέρᾱ / ἐλευθέρᾱ / eleúthera (liberta), por sua vez relacionada com a deusa Ilítia do parto, logo com a semântica da importante fase da libertação da cabeça fetal, aceita-se facilmente que a relação da libra com liber- a libertação correspondesse ao preço de alforria dos escravos na Roma arcaica.
Aproximadamente mil inscrições gregas foram encontradas em Delfos, registrando a alforria de escravos no período entre 200 a.C. e 100 d.C., por meio de vendas fictícias ao deus Apolo. Não está claro como essas vendas fictícias evoluíram ou quais vantagens elas ofereceram em comparação com os contratos seculares.-- Traduções de Inscrições Helenísticas: ALFORRIA DE ESCRAVAS EM DELFOS. ([1])
Os escravos romanos muitas vezes tinham que cumprir condições expressamente negociadas para obter sua liberdade. O uso de tais condições ajuda a explicar por que os romanos libertaram tantos escravos. Eles são uma expressão das considerações económicas subjacentes ao modelo de extracção e alforria da escravidão romana. Acordos entre senhores e escravos ocorriam na prática e eram reconhecidos por lei. As condições podem ser estabelecidas entre os vivos ou por testamento e podem consistir em acerto de contas, pagamentos em dinheiro ou serviços em espécie; alguns seguiram o escravo e eram acionáveis. O dinheiro a pagar pela liberdade muitas vezes vinha do património ou pecúlio do escravo.– Resumo de: A prática da alforria por meio de condições negociadas na Roma Imperial Egbert Koops.
Na Roma Antiga, as alforrias estavam sujeitas a um imposto estadual que nada impede que, numa época de formação do latim, fosse precisamente o preço equivalente a uma libra.
Quando o senhor libertava um escravo, o governo tributava a Vicesima Libertatis, também conhecido como Vicesima Manumissionum que era paga pelo senhor (ou pelo escravo que comprasse a própria liberdade, o que era raro) em 5% do valor de compra do escravo liberto.
Se permitirmos alguma diferença entre o mercado grego e o romano, podemos, penso eu, supor cerca de 500 denários como o preço médio de manumissão em Roma durante o último século da República. -- O Tesouro Sagrado e a Taxa de Alforria. American Journal of Philology Vol. 53, No. 4 (outubro-dezembro de 1932), pp360-363.
Antes de Roma iniciar grandes guerras de conquista fora da Itália central, a maioria dos escravos eram escravos domésticos e relativamente caros. Roma era pouco comum porque os escravos libertos se tornavam cidadãos (e assim aumentavam a clientela do proprietário). Portanto, havia um fluxo constante de saída da escravidão e um oferta limitada. -- Peter Thomson.
Segundo Henrik Mouritsen e Dominic Rathbone Tito Lívio considerava a vicesima com uma prática arcaica em que os libertos depositavam ouro dedicado no erário de Saturno. No mundo grego, os libertos faziam dedicações em templos mas, essas dedicações eram de montantes uniformes, em vez de serem uma variável dependente do preço corrente no mercado de escravos. Assim podemos postular que à partida o nome da «libra» devesse o seu nome ao preço da liberdade.
O custo dos escravos variava de acordo com as leis da oferta e da procura. Inicialmente os escravos seriam bastante caros mas quando Roma cresceu por conquista, os escravos eram abundantes e relativamente baratos. Porém, o preço variava consideravelmente consoante o sexo, a idade e as capacidades do indivíduo. Com base em fontes literárias e documentais, o preço médio de uma pessoa escravizada não qualificada ou moderadamente qualificada nos primeiros três séculos d.C. era de cerca de 2.000 sestércios.
Plauto (c. 250 a.C. – 184 a.C.) menciona que o conservador Catão, o Velho, estava disposto a pagar entre 500 e 1500 denários por um escravo.
Quando as conquistas pararam, o preço dos escravos subiu e, mutatis mutandis, pode-se suspeitar o mesmo para o preço dos escravos da época arcaica. Como o custo de um escravo adulto em geral situava-se entre os 500 e os 1.500 denários no final da República na época arcaica este valor teria sido máximo ou seja se um escravo custava cerca de 1.000 a 2.000 denários no final da República e na época arcaica valeria em média muito mais.
550 a.C. estabeleceu a relação preço / peso do ouro para a prata em 1:10 e depois em 1:13,3. Foram conquistados pelos Persas em 547 a.C., que estabeleceram a proporção em 1:13. Os Atenienses não tinham o ouro porque tinham uma mina de prata em Lavrio. Os romanos estabeleceram a proporção em 1:15,6.
Nossa melhor coleção de preços vem dos famosos registros de alforria de Delfos (Foucart, Main d'oeuvre, 107), e estes podem ser usados com justiça porque os preços gregos dos escravos eram em grande parte determinados pelas compras romanas no famoso mercado de Delos. O preço médio em Delfos era de 400 dracmas. É certo que um preço fixado tendo em vista o imposto que tem de ser pago será naturalmente um pouco mais baixo do que o normal, mas isso era tão verdadeiro em Roma como na Grécia. Sabemos também que, quando o trigose tornou muito pródigo em Roma depois de 63, muitos proprietários libertaram seus decrépitos escravos para o estado alimentá-los (Dio 39.24). Esses escravos seriam muito baratos. Por outro lado, os escravos que compraram sua liberdade ou que ganharam alforria por causa de bons serviços estavam sem dúvida acima da média. Essas duas classes de escravos baratos e caros talvez se compensem. Se permitirmos alguma diferença entre o mercado grego e o romano, podemos, penso eu, supor cerca de 500 denários como o preço médio de manumissão em Roma durante o último século da República. -- American Journal of Philology Vol. 53, No. 4 (outubro-dezembro de 1932), pp360-363.
229 160.000 estimados por Beloch 1886, 414 a partir de um preço de alforria particularmente elevado de 2.000 denários (o que não equivale, cf. Brunt 1971, 549). 500.000 baseia-se no número de Frank de 1933 I, 360-3 para o número de alforrias necessárias para totalizar 4.135 libras de ouro no tesouro em 49 a.C., conforme registado por Oros. 6.15.5 (= 15.000 lateres Plin. HN 33,55 cerca de 12 milhões de denários pela estimativa de Frank). Desde quando Sila esvaziou o tesouro em 82 a.C. até aos números de 49 a.C., Frank estimou uma taxa anual de alforria de 16.000, totalizando 512.000 com base no preço típico de alforria de 400 denários. Brunt 1971, 549 lançou sérias dúvidas sobre estes números, sugerindo que o número de alforrias foi de apenas 8.000 segundo os cálculos de Beloch. Cf. Mouritsen 2011, 121. -- O Tesouro Sagrado e a Taxa de Alforria. American Journal of Philology Vol. 53, No. 4 (outubro-dezembro de 1932), pp360-363.
Se podemos aceitarmos “como o preço médio de manumissão em Roma” à época da criação da libra o equivalente ao preço médio de uma escravo que seria de 1.000 denários e se aceitarmos que o denário equivalia a 1/72 da libra romana de prata então um escravo que pagaria cerca de 27,8 libras romanas de prata de manumissão. Se a relação do ouro para a prata fosse de 1/13 então, o preço do imposto de alforria no fim da Republica seria de 13,9 libras de prata e cerca de 1,07 libras de ouro, o que está muito próximo da unidade.
Para que o preço da liberdade ficasse cunhado numa libra de ouro a alforria teria que ter valido na origem perto 10 libras de prata, ou seja, cerca do dobro do que se supõe ter sido no último século da República romana sendo por isso indagar o que aconteceu no campo da numismática no inicio da República até porque a invenção da moeda no início do século VI AC na Anatólia chegou tarde à República Romana, em comparação com o resto do Mediterrâneo.Figura 8: aes librale arcaico romano. ROMAN REPUBLIC. Aes Grave. Libral Series. Rome, c. 225-217 BC. AE Cast As, 267.80g.
Antes da introdução da cunhagem na Itália, as duas formas importantes de valor na economia eram ovelhas (pecus), das quais a palavra latina para dinheiro (pecunia) é considerada por alguns como derivada, e lingotes de bronze de formato irregular conhecidas como aes rude (bronze bruto) que precisavam ser pesadas para cada transacção. Não está claro quando o dinheiro se tornou comummente usado, mas a tradição romana registrou que o pagamento do exército começou durante o cerco de Veios em 406 aC e parece que Aes rude era a moeda bem antes disso. No final do século 4 aC, o bronze começou a ser fundido em barras planas que são conhecidas hoje, sem qualquer autoridade histórica, como aes signatum (bronze assinado). Essas barras eram fortemente conduzidas, de pesos variados, embora geralmente da ordem de cinco libras romanas, e geralmente tinham um desenho em um e depois em ambos os lados. A função real de aes signatum foi interpretada de várias maneiras; Embora fosse uma forma de moeda, não eram moedas, pois não aderiam a um padrão de peso. Roma produziu seu próprio aes signatum por volta de 300 aC, que se distingue pela inscrição "ROMANOM" (dos romanos) e a produção continuou até o final da primeira guerra púnica em 240 aC, [1] sobrepondo alguns dos desenvolvimentos descritos abaixo.
Lat. aes / aeris < aenus < ahēnus < *aeznos < anterior *ajes-nos
< proto-indo-europeu *áyos > proto-itálico *aos, < *ajos
< ??? proto-indo-europeu *h₂éyos ???,
ou antes:
Lat. aes / aeris < *aer < *aernus < *ahērnus < *akēranus *kakeranus
< Micen. ka-ka-re-a(nos) < ka-ko < Ka®r-ku
> Cret. καυχός (kaukhós) > χᾰλκός / (khalkós).
Osco-Úmbria:
Oscan: αιζνιω
(aizniō, acusativo neutro plural)
Úmbria: (ahesnes, ablativo plural).
A primeira moeda foi a libra de cobre e depois vieram as moedas de prata (denários e sestércios). O comércio tendia a utilizar o sistema monetário baseado no ouro (latim aureus, dourado), embora a prata circulasse e existisse numa relação de valor ouro-prata legalmente fixada. Mas a moeda efectiva era a prata. A moeda de prata passou de 1/72 para 1/84 de libra (327,45 g) na Segunda Guerra Púnica e manteve-se inalterada durante três séculos. As moedas de cobre eram utilizadas para fracções, pelo que desapareceram do grande comércio e, em seguida, os ases deixaram de ser cunhados.
Por volta de 400 a.C., os romanos substituíram o escambo baseado no gado ou o uso de moedas gregas por um sistema monetário relativamente arcaico, assimilado a uma moeda de mercadoria baseada no cobre. No início, eram "blocos" de bronze chamados aes rude, que precisavam de ser pesados para conhecer o seu valor. Figura 9: o aes signatum.O primeiro dinheiro da República Romana remonta ao século IV a.C. Eram lingotes de bronze rectangulares fundidos, que são chamados Aes signatum e foram cunhados principalmente em Roma. São fortemente selados e distinguem-se pela inscrição ROMANOM (dos romanos). As barras pesavam quantidades diferentes, embora o seu peso estivesse fixado em cinco libras romanas. Inicialmente, apenas um dos lados da barra foi timbrada, depois ambos; as barras eram um meio de pagamento, mas não eram moedas, pois não cumpriam os requisitos de peso de cinco libras romanas. Após a introdução de uma moeda única, as barras perderam cada vez mais importância e a produção foi interrompida por volta de 250 a.C.
De acordo com Pompónio, um consultor que viveu durante o século II a.C., os primeiros mestres da casa da moeda foram contratados em 289 a.C.. Assinaram as moedas com "III. AAAFF", que é a abreviatura de tres viri aere argento auro flando feriundo e significa algo como "três homens para a fusão e cunhagem de bronze, prata e ouro". Segundo o Suda, a casa da moeda de Roma estava localizada no Templo de Iuno Moneta, no Monte Capitolino. Nessa altura, os romanos já estavam familiarizados com a cunhagem de moedas, uma vez que as colónias gregas de Metaponto, Crotona e Sibaris, em Itália, cunhavam moedas desde cerca de 500 a.C. e Nápoles desde cerca de 450 a.C.. Roma já tinha conquistado grande parte da Itália central no século IV a.C. e grande quantidades de moedas de bronze foram cunhadas nas casas da moeda, mas relativamente poucas moedas de prata.
A partir do final do século IV a.C., a República Romana baseou a cunhagem de bronze (latim aesin) no padrão de peso da libra romana.
O aes grave foi a primeira moeda romana e tinha o nome de aes librale por ter um peso inicial igual a uma libra latina tornando-se então uma libra romana (327 g).
Notar que a libra era uma unidade de peso e não uma moeda sendo por isso possíveis livras de cobre, prata e ouro. Libra et statera sunt genera speciei trutinae.Figura 10: A primeira emissão em grande escala de moedas de ouro da República Romana fez parte da revisão maciça do sistema de cunhagem de Roma por volta de 211 aC, no auge da Segunda Guerra Púnica contra Cartago. Um novo sistema de cunhagem substituiu o antigo baseado no didracma de prata, ou quadrigatus, e no desajeitado Aes Grave. Na extremidade superior da escala de valor, três denominações de moedas de ouro foram emitidas, todas marcadas com seu valor em aes de cobre. Todas as moedas de ouro tinham o mesmo desenho: uma cabeça de Marte com capacete no ante verso e uma águia em pé sobre um raio no reverso (a águia representava Júpiter e era um dos padrões de identificação levados para a batalha pelas legiões). Estes incluíam uma peça de ouro 60-as, pesando cerca de 3,4 gramas, marcada com um ↓X (VI vezes X); uma peça de 40 (XXXX) e uma peça de 20 (XX). Uma comparação dos pesos dos valores das denominações de metais preciosos indica que a proporção relativa de prata para ouro nessa época era de cerca de 12 para um. O ouro para essa questão considerável provavelmente veio da captura e saque de Siracusa por Roma em 212 aC. Ao contrário das denominações de denário de prata e bronze que foram introduzidas durante esta reforma, as emissões de ouro foram descontinuadas depois de alguns anos, e Roma não retomaria nenhuma cunhagem em ouro por mais um século e meio.
O aes librale era em cobre. Mais ou menos na mesma época foi introduzido o denário de prata que continha em média 4,5 gramas, ou 1/72 de libra romana e era inicialmente equivalente a cerca de 10 aeses de cobre, daí o seu nome denarius < decenarius.
De qualquer maneira, a relação global dos valores ponderados permitem postular que o nome da «libra» se relaciona com o peso do ouro necessário para o escravo comprar a sua liberdade ou pagar o imposto da Vicesima Libertatis entendendo-se assim melhor a relação da libra romana como peso em ouro do preço da liberdade.
Figura 11: carregador de água de Khujand (agora no Tadjiquistão) com sua canga.
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Figura 12: Uma leiteira com uma
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Para terminar precisamos de dar conta de que a relação da balança romana com a libra resulta da sua relação com o peso e com a «tara» que pondera o equilíbrio da «justiça» de que depende a liberdade ou a «subjugação» ao peso do poder e do estado.
JUGO
Figura 13: Romanos passando sob o jugo (1858) por Charles Gleyre, imaginando a subjugação dos romanos após sua derrota pelos helvécios por volta de 107 aC. (Museu Cantonal de Belas Artes).
Por isso a balança terá começado desde tempos imemoriais com a ponderação do equilíbrio necessários para facilitar o transporte de cargas às costas nas pontas duma vara e veio a ser a canga que simultaneamente significava a subjugação do homem à escravidão do trabalho e a certeza de que por mais elaboradas que fossem as cangas nunca aliviariam a dor do peso a transportar.
16 E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.
17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.
18 Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.
19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás. – Génesis 3.
Se os textos religiosos metafóricos fossem para levar à letra muito injustas seriam as leis de Deus quando são apenas as malhas com que se tece a realidade.
Ingl. Mod. Yoke < inglês médio yok < inglês antigo ġeoc ("jugo"), < proto-germânico *juką ("jugo"), < proto-indo-europeu *yugóm ("jugo"), < *yewg- (“juntar; amarrar, jugo”).
Yoke = uma área de terra arável de cerca 20–24 hectares portanto, uma pequena mansão ou pedaço de terra relativa ao trabalho realizado com animais de tracção, com a duração de cerca de meio dia; (por extensão) uma quantidade de jorna. = área arável por uma «junta» de bois num dia = «mansio» < Lat. mānsus + -tiō. < Lat. man-eō, man-ēre, mān-sī, mān-sum. < antigo *manējō < grego antigo μένω (ménō, “eu permaneço” < Arcadocipriota μίνω (mín-ō) < Micen. mi-ni-so < Min + i-jo > De-mi-n + i-jo = *de-mi-ni-jo > Lat. domin(i)us > «domínio».
Parece assim que a ideia de que «domínio» derivar de dominus (“mestre e senhor”) + -ium deve tratar-se de uma etimologia ingénua porque o termo teria derivado directamente do minóico virtual *De-mi-ni-jo, relativo ao demos, o povoado egeu de que derivou a democracia. Por sua vez dominus seria mais do que um senhor porque seria o chefe do demos ou povoado em geral e depois da mansão / casa (domus) em particular.
«Jugo» = «canga» < Celtic: *kom-yungis ??? / Scottish Gaelic: cuing
< PIE *(H)iugo- [n.] ‘jugo”, *(H)ieug-os- [n.] “animais unidos, equipe”
< Kiuko < Ki-wer-ku
< ???? < gaulês *cambica "tronco dobrado", < *cambos ("torcido, torto"), < do protocelta *kambos, do protoindo-europeu *(s)kh₂emb- ("dobrar, curvar") . Compare o occitano chambijo (“viga de arado”)
> «camba» = cada uma das semi-luas da roda do carro de bois.
«Cambio» < gaulês cambion, < proto-celta *kambos ("torcido, torto").
«Cambo» = 1. [Agricultura] Vara para sacudir ou apanhar fruta. = cãibo
< *cãibro < *caimbrão < cambão = ladra
2. Pau ou peça comprida.
3. Pau com forquilha para amparar a situação das latadas.
«Cambo» ó «Cambão» < protocéltico *kambos (“curvo”).
> B. Lat. camba = perna, gambia
> B. Lat. gamba, «jarrete de quadrúpede»
> Italiano gamba, «perna» > Fr. jambe.
< Grego antigo καμπή (kampḗ) = enrrolar dobrar, curvar
< Grego antigo σκαμβός / skambós ("torto", curvo).
De acordo com Beekes, καμπή não pode ser separada de σκιμβός /skimbós (“coxo”) e a variação α/ι, bem como os derivados com "-υκ-" e "-αλ-" apontam para uma origem pré-grega.
Σκῐ́μπους / (skimpous) = pequeno sofá, palete, cama de palha; tipo de rede ou maca usada por doentes ou inválidos em deslocação.
< Desconhecido. (…) Possivelmente um cruzamento de σκήπτω (skḗptō, "apoiar") e χρίμπτω (khrímptō, "amarrar”); (…). Uma conexão com σκιμβός (skimbos, “coxo, torto”) é semanticamente improvável.
No entanto, a língua grega clássica além só apresenta estes termos com a raiz σκίμ-. Ora, se σκίπων é a forma elíptica de σκίμ-πων então a raiz deste dois termos seria a mesma, σκίμ- que poderia ser abreviada para σκί-. Notar que «isco» é um infixo diminutivo comum em português.
Σκί- < σκίμ- < ish-*Kima, lit. filho da terra-mãe, a deusa *Kima.
Ver: *KIMA = TERRA MÃE (***)
Pois bem, neste caso vamos encontrar um termo «esquife» usado na 6ª Feira Santa para transportar o corpo Jesus Cristo.
«Esquife» = qualquer um de uma variedade de estilos essencialmente não relacionados de pequenos barcos. Tradicionalmente, são embarcações costeiras ou fluviais usadas para lazer, como embarcações utilitárias e para pesca, e têm uma tripulação de poucas pessoas. A palavra "esquife" vem do francês antigo esquif, que por sua vez deriva do italiano antigo schifo, que é de origem germânica (lombardo schiff)
< proto-germânico *skipą (“barco, navio”) < Etimologia incerta.
3. Caixão funerário. = ATAÚDE, FÉRETRO, TUMBA
4. Pequeno leito modesto. = CATRE.
Obviamente que os esquifes da 6ª Feira Santa são uma importação mítica do Egipto faraónico onde o sol era transportado numa barca montada sobre um esqui para deslizar na areia do chão desértico. Então, se não é quase seguro que «esquife» e «esqui» têm a mesma etimologia podemos suspeitar disso tanto mais que o esquife no final tem etimologia incerta mas conserva a semântica duma pequeno barco ou barca. Kroonen alega que o esquife seria um empréstimo do latim scyphus (“vaso para beber”) < grego antigo σκῠ́φος (skúphos) que significava um “vaso de madeira para o leite”, quiçá de cortiça, de origem desconhecida, talvez pré-grego e a comparar com σκάφος (skáphos) que estranhamente significava o “casco de um navio, navio em si, cavidade do ouvido externo”. Assim, acabamos por aceitar que todos estes termos seriam cognatos, possivelmente de origem egípcia pois conservam a sua ressonância arabizante e uma vez que as línguas semitas se apropriaram de muitos termos do antigo Egipto ou ambas as culturas o herdaram de outras mais arcaicas que o Sumério. Pois bem, se parece que latinos herdaram no «esquife» a semântica da “concavidade” e os lombardos o semântica claramente a de barco, os gregos herdaram termos análogos com ambas as semânticas o que permite suspeitar que partilhariam com o Egipto a mesma cultura minoica.
ξῐ́φος / (xíphos) = espada, a espada curta, recta e de dois gumes da Idade do Ferro e da Antiguidade Clássica. O osso em forma de espada da sépia. peixe-espada. Gladíolo (Gladiolus italicus). Sinônimo: ξίφιον (xíphion) < σκῐ́φος (skíphos).
Já no grego micênico tardio (Ta-716 de Pilos), atestado no dual (qi-si-pe-e, “duas espadas”). Provavelmente de origem pré-grega, relacionado e talvez emprestado do egípcio zft (“espada, faca”). Se o grego não for emprestado diretamente do egípcio, talvez ambos sejam de um antigo semítico saïf ou sêf, ou de uma palavra líbia ou de "povos do mar".
Claramente relacionado a κύπτω (kúptō, “curvar-se”). De acordo com Beekes, a variação "κυφ-/κυπ-" aponta para uma origem pré-grega.
«Esqui» < Franc. ski, < norueguês ski.
< Nórd. Ant. skíð (“pedaço de madeira”).
< Protogermânico *skī-dą (“«talisca» ou «lasca» de madeira, telha”).
< ??? < Grec. σκί-.
O étimo grego σκί-, comum de «esquife» e do «ski», presente no culto egípcio da barca solar, feita de «lascas» de madeira sentido que deslizou para “as «iscas» de fígado à portuguesa”.
Agora repare-se no quanto a teoria PIE é feita de «achismos» e vagas analogias semânticas que poucas vezes soam bem, quando numa língua a musicalidade fonética conta tanto quanto o sentido!
«Isca» < Lat. esca < o proto-itálico *ēsskā.
< proto-indo-europeu *h₁ēd-s-keh₂, ???
< *h₁ed- (“comer”), a raiz de edō (“comer”)???
O muito duvidoso que se possa fazer fé em mais que uma derivação virtual mas sobretudo a etimologia PIE chega a raízes que mesmo quando se aproximam da realidade possível terminam em becos sem saída em que o sentido seja nem pressentido nem explicado como parece ser a regra do estruturalismo. Obviamente que a «iska» ou (a,e,i,o,u)sca deriva de *is-Ki significando em protolinguagem egeia: “pequena coisa filha da terra” (Ki), como sejam: paus, lenha ou lascas de madeira, etc.
< σκιμβός (skimbós) (coxo, marreco) < *skí(m)phos
< Aeolic. σκῐ́φος (skíphos) < *ish-Ki-phos
< *isk-kiku > Micen. qi-si-pe-e(s).
< κῡφός / (kūphós) “corcunda, curvo”.
< Micen. ku-po > «copo», vaso concavo < concha > barco.
«Curvo» < Lat. curvus < Kur-wos < Kur-kus > *kurphos
> Micen. ku(r)-po > *kurphos > κῡφός / (kūphós).
JOGO da sorte e do azar que separa o trigo do joio.
«Jogo» = 1. actividade lúdica executada por prazer ou recreio, divertimento, distracção. (...) 5. conjunto de peças que permitem a realização de uma actividade lúdica. Ex. «jogo de cama». > 7. conjunto de peças que formam um todo, ex. «jogo de lençóis» que em regra são duplos, um debaixo e outro de cima, o que permite a confusão por ressonância com um par ou «jugo» ó «jogo».
Quando Albert Einstein referiu que “Deus não joga aos dados com o universo” significando que a aleatoriedade não reside na essência das coisas no mínimo esquecia-se das indeterminações matemáticas e dos resultados obtidos com o calculo com números irracionais. No campo do bom senso há que pensar que quando um génio da física se esquece de banalidades matemáticas está a ser um sapateiro que vai além da chinela quando préssupõe condições e limites aos poderes e deveres divinos! Obviamente que não sabemos se Deus joga ou não aos dados mas que nada impede os deuses da sorte e da fortuna de tal é óbvio pois pelos menos a vida é um jogo onde é sempre Deus e a deusa da Morte e da Necessidade a dar o último cheque mate.
«Jogo» < Lat. iocus < proto-itálico *jokos
< ???? proto-indo-europeu *yek- (“falar”, hahahahahaha!!!) ???!
Aragonese: chu-ego Aromano: gioc Asturiano: xu-egu Catalão: joc Francês: jeu Friuliano: zûc Italiano: gioco, giuoco Ladino: jech Ligurio: zêu-go Neapolitano: ju-oco Occitano: jòc |
Galaicoportugês: jogo Fala: ixhogu, xogu, xhu-gu, dxu-gu Galician: xogo Português: jogo Romeno: joc Romanse: gieu, giug Sardo: giogu, giocu, jogu, jocu, zocu Siciliano : jocu Espanhol: jogo Veneziano: xogo, xu-go, zu-go Valão: djeu |
Se repararmos nos descententes do lat. iocus verificamos que o proto-itálico mais provável seria *ju-ku-. De resto, o jogo é um acto lúdico, ou seja: tem em latin o sinónimo ludus ó loidos, loedos > grego antigo λίζω (lízō, “brincar”) < laudo (elogiar, louvar) < laus (fama, mérito, valor, glória < triunfo < sorte no jogo) < Não está clara < *raus < *Ra-ush > Urash > Uraz.
Aceitando uma mudança do proto-itálico *ow para o latim au em posições pretónicas, o termo reflete um proto-indo-europeu *le/ow-V́-d(h)-,[1] que geralmente é rastreado até a uma raiz provisória *lew- (“cantar, louvar”) junto com o proto-germânico *leu-þą (“canção, poema”). A conexão com o irlandês antigo loíd (“poema, lei”) é geralmente rejeitada.
“A conexão com o irlandês antigo loíd (“poema, lei”) é geralmente rejeitada”. Porquê? A verdade é que as regra e as leis eram mais facilmente decoradas pelos estudantes quando cantaroladas em rimas e poemas como era o caso dos anexins lusitanos, de acordo com o testemunho de Estrabão. Por outro lado as glórias e as agruras do jogo da vida decorrem entre as leis da necessidade e a pura sorte do acaso o que significa que na origem da linguagem os termos e os conceitos andassem emaranhados por regras de proximidade fonética e metafóricas muitas vezes aleatórias.
Em regra a etimologia não tem em conta a possibilidade de ressaltos étmicos por resonancia interferente com os respectivos sinónimos. Ora, neste caso, é quase seguro que laudo ressoaou com ludo e este com iocus do seguinte modo:
Ra > Re > *Ra-ush > lau-> loíd- > loidos > ludus
Ra > Re > re + ki > *lek > Prot.-itálic.*lēks > Lat lex
Eng. luck < *lewk < *lek < *lew- ó ius,iuris > Ju-
< Iu-kus > *ju-ku > lat. iocus.
As eiras onde se fazia a joeira dos cereais eram locais com chão duro, liso e estrategicamente preparadas para uma melhor exposição aos ventos. (...). Deus permitiu a "Peneira" do diabo para experimentar Jó (Jo. 2.3). Neste texto, percebe-se claramente que o diabo "provoca" a Deus, desafiando-o a permitir "Sacudir" a vida de Jó para que esse negasse a Deus. Neste aspecto, não foi diferente com Pedro e Jesus: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos joeirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos. (Lucas 22:31,32). -- Enomir Santos. |
«Joeirar» = separar o trigo do «joio» por «joeiramento» com lançamento rápido ao ar do produto da malhada < «joio» (= cizania) + -eira < latim vulgar *iolium < latim lolium < Incerto. Relacionado com o (ou influenciado pelo) grego antigo λῆρος (lêros) (= lixo, ninharia; delírio) pois esta planta era conhecida por atordoar e causar vertigens.
A etimologia tradicional, assente na tradição ortográfica, faz depender este conceito do «joio» que seria um subproduto do joeiramento e não o objectivo final que era seguramente o cereal que servia para comer e fazer cerveja.
(...) os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro. – Mateus 13:28–30.
Mais uma vez «joeirar» não derivaria do «joio» que, no afinal, seria um subproduto inútil deste, mas, antes, de:
Xu-eirar = arejar ó Gua + eira + ar > *jau-eirar > «joeirar».
Que provas temos desta equação?
Nenhuma para além da fé nos deuses que tutelavam estas práticas e situações colaterais ou conjuntas e que eram vitais para a sobrevivência da humanidade primitiva.
[1] Ovid refers to the epithet “Liber pater” (tu pater
es), in whom fathers of families trusted. It cannot be ruled out that it is a
reference to the Greek conception of Dionysus Dimorphos, who was depicted in
two persons: a youth and a mature, bearded man. The latter image was popular
among the poets of the Augustan age. But pater was also the epithet of Liber,
16 found mainly in inscriptions. Its cult significance had little to do with
fatherly prerogatives. The Romans used this appellation to express their
reverence towards the oldest divinities, for instance Jupiter, Mars, Janus and
Quirinus; the meaning of the epithet mater, linked with Tellus, Mater Matuta or
Vesta Mater, was similar. (…)
Let us recapitulate what is
known about the 17 March celebrations besidesth that old women sold sacrificial
cakes in the streets of Rome. The festival had a double, private and public
character. The first part took place at home, at the household lararium; then
the young men proceeded to the Capitoline Hill to offer their reverence to
Iuventas, divine protectress of men obliged to serve in the army (iuvenes). The
goddess had no separate cult area there, only an altar inside the temple of the
Capitoline triad, in the space devoted to Minerva.
Everything that happened on
the Capitoline Hill was one way or another connected with Jove; hence Wissowa’s
suggestion that Liber was originally an epithet of Jove and only with time
began to be perceived as a separate deity, is noteworthy. This suggestion was
not acknowledged by later scholars, although the cult of Jove Liber was known
in Rome. (…)
Mario Torelli pointed out that
the Liberalia, being celebrated in the spring, open the cycle of festivals
connected with the rite de passage of the Roman male youth; the March Agonia
linked with Mars were a part of the same cycle. This is another 24 indication
that the name of the Liberalia should not be associated with the god Liber.
Names of festivals referred to the name of the divinity who was their patron or
were related to the ritual performed in their course; but they could also be
derived from the participants of the ceremony. This is not contrary to
etymologies known in the Antiquity, as the example of the Quirinalia, celebrated
on 17 February, demonthstrates: their name may be derived not from the name of
Quirinus, as is commonly thought, but from the term Quirites, since on that day
the citizens would gather divided into curiae. This example makes it all the
more necessary to consider Ovid’s remark regarding the toga libera; but the
Liberalia was also the day “when the liberi became liberi – when freeborn
children became free citizens” — DIVINITIES OF THE ROMAN LIBERALIA, Danuta Musiał (Nicolaus Copernicus
University in Toruń).
[2] O proto indo-europeístas propõem um Proto Helénico
*dzugón enquanto no linear-b aparece um ze-u-ko com o significado de ζεύγοσ /
zeugos = «junta» ou «jugo», «jogo» de dois, parelha, par, etc.
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