domingo, 30 de novembro de 2025

Da bigorna de Hefesto aos deuses dos mistérios de Samotrácia e Dionísio, sintetizado pelo Copilot de Artur Felisberto


Da bigorna de Hefesto aos deuses dos mistérios de Samotrácia e Dionísio

“Da bigorna nasce o fogo, e do fogo o mistério que embriaga os deuses.”

Texto exaustivamente investigado e depois sintetizado pelo Copilot de Artur Felisberto.

 

Na Tessália, os Cabiri aparecem nas moedas como deuses guardiões, talvez por terem repelido o cerco gótico de Tessalónica (Banduri).

Em Samotrácia, relatos fragmentários confundem-nos com os Megaloi Theoi, mas o nome oficial do culto era outro. Vindos da Ásia Menor, nasceram no monte Kabeiros, filhos de Hefesto e Kabira, ou mais antigos, como Titãs.

Nos mistérios, Deméter era chamada Kabiria. Axieros, Axiokersa e Axiokersos designavam Deméter, Perséfone e Hades. Prometeu surge próximo dos Cabiri através de Axiothera.

Como os Titãs, cometeram um sacrilégio primordial: o fratricídio de um dos seus. A purificação desse crime era tema central dos mistérios.

O santuário de Tebas foi fundado por Prometeu e Aitnaios (Hefesto). Por isso, os Cabiri aparecem com martelo e tenazes, como ferreiros divinos.

Misturaram-se com muitos outros: Dióscuros em Samotrácia, Curetes, Dáctilos, Penates, até os ídolos de Labão. Guardaram Macedónios, e as Kabirides foram suas irmãs ou filhas. Pluralidade divina, guardiões e ferreiros, sentinelas do mito e da memória.

Goethe trouxe os Cabiri para o Fausto II, Steiner inflou-os na Antroposofia como símbolo da humanidade, e hoje vagueiam em campos esotéricos.

Na Samotrácia, eram gêmeos daimones das danças orgiásticas, em honra de Deméter, Perséfone e Hécate. Filhos anões de Hefesto, serviam na forja de Lemnos, e como filhos de Kabeiro, eram também deuses do mar, salvadores de marinheiros em perigo.

Clemente fala em três irmãos, mas dois cometeram fratricídio. Depois, recuperaram o falo de Zagreus, desmembrado pelos Titãs, e o colocaram no santuário dos Mistérios.

Em Ésquilo, recebem os Argonautas, iniciando-os em orgia ritual.

Misturaram-se com Curetes, Dáctilos e Coribantes, em Samotrácia formavam um grupo maior, guerreiros dançantes, filhos de Hefesto e de Apolo.

Cedalion foi contado entre eles, e os Dióscuros confundiram-se com os Cabiri, sobretudo no mito dos Argonautas Zagreus, primogênito Dionísio, nasceu de Zeus e Perséfone, seduzida pelo deus em forma de serpente.

Armado com raios, foi enganado pelos Titãs com brinquedos, desmembrado e morto.

Atena salvou seu coração, Zeus fez dele uma poção, e Sêmele concebeu o segundo Dionísio.

Os Cabiri recolheram seus genitais em Samotrácia, depositando-os em caverna sagrada, instituindo os Mistérios em sua honra.

Ésquilo recorda Zagreus no *Sísifo*, como filho ctônico de Hades e Perséfone.

Diodoro fala de um Dionísio anterior, chamado Sabázio, celebrado em ritos noturnos e secretos. Chamado Dimetor, “de duas mães”, o jovem herdou os feitos do mais velho, confundindo tradições posteriores.

Um Dionísio antigo de barba longa, outro jovem efeminado. Nos mitos egípcios, Osíris é despedaçado como Zagreus, e de seu órgão nasce Príapo.

Em Creta, Orfeu transmitiu a seguinte tradição: Zagreus, filho de Zeus e Perséfone, foi despedaçado pelos Titãs, e muitos levaram o nome de Dionísio Pausânias conta que em Patras, Dionísio foi criado em Mesatis, onde sofreu conspirações dos Titãs.

Onomacrito fez dos Titãs os autores dos sofrimentos do deus. Nos Hinos Órficos, Perséfone é mãe de Eubouleus, progenitor da videira, nascido ocultamente de Zeus e Perséfone.

Eubouleus é herói dos porcos sagrados de Elêusis, semideus da lavoura e da semente.

Em Creta, filho de Deméter e Karmanor; em Elêusis, irmão de Triptólemo, cujos porcos a terra tragou.

Seu nome significa “Bom Conselheiro”, mas também “Bem Coberto”, ligado ao torrão e ao arado. Foi identificado com Iaco, Dioniso, Plutão, e talvez com Plouto, filho de Deméter.

Clemente descreve os Mistérios como selvagens: Curetes dançam em volta da criança, Titãs seduzem-no com brinquedos, desmembram-no, fervem seus membros em caldeirão, e assam-nos sobre o fogo de Hefesto.

Atena salva o coração, tornando-se Palas. Zeus sente o cheiro da carne, castiga os Titãs, e Apolo sepulta os restos em Parnaso. Do sangue nascem romãs, tabu nas Tesmofórias.

Os Cabeiri guardam as virílias em arca, levam a Lemnos, transmitindo culto e piedade. Assim Dionísio é confundido com Átis, o mutilado.

Pseudo-Higino conta que Hera conspirou contra Épafo/Zagreus, identificado com Osíris. Os Titãs tentaram expulsar Zeus, mas foram lançados ao Tártaro. Atlas recebeu o peso do céu. Líber/Zagreus, filho de Zeus e Perséfone, foi desmembrado, seu coração dado a Sêmele em bebida, gerando o novo Dionísio.

Hera enganou Sêmele, que pediu a Zeus sua forma divina, e foi fulminada pelo raio. Cadmo aprendeu os segredos de Osíris, o Dionísio egípcio, em celebrações noturnas, entoando hinos em língua secreta. Zeus, lembrando o destino de Zagreus, preparou um novo Dionísio em forma de touro. Zagreus nascera de Zeus e Perséfone, seduzida pelo deus em forma de dragão.

O bebê chifrudo ergueu relâmpagos, marcado como herdeiro do trono. Mas Hera incitou os Titãs. Disfarçados com giz, enganaram-no com espelho, e despedaçaram-no com faca infernal. Antes da morte, Zagreus tomou muitas formas: ora jovem como Zeus, ora Cronos, ora bebê, ora louco, ora leão rugindo, cavalo indomado, serpente chifruda, tigre listrado, touro furioso.

No fim, o touro ousado tombou, e os Titãs o despedaçaram.

Sua morte foi início de nova vida: renasceu como Dionísio Depois do massacre de Zagreus, Zeus vingou-se dos Titãs: incendiou Oriente e Ocidente com raios, queimou Gaia, fez Okeanos chorar rios, e depois, apiedado, lavou a Terra com o Dilúvio.

Nonnus recorda que Zagreus, ainda bebê, recebeu raios e trovões de Zeus, outro Zeus Chuvoso em miniatura.

O rio Hidaspes clama a Dionísio, lembrando que lavou Zagreus em seu banho, e que o novo Dionísio nasceu do coração do primogênito, engolido por Zeus antes de gerar Sêmele.

Hera, furiosa, pede a Perséfone que envie uma Erínia: Zagreus não foi salvo, mas Sêmele recebeu o céu estrelado, enquanto Perséfone ficou com o Tártaro. Ela teme que o novo Dionísio, filho mortal, receba honras iguais às de Iaco e de Elêusis. Invoca as Fúrias para impedir sua celebração Perséfone, perturbada, concede Megaira a Hera, para cumprir o desejo ciumento da deusa.

Nonnus teme que Zeus, irado pelo novo Dionísio, não incendeie e inunde a terra outra vez, como fez após Zagreus. Hermes adverte: Zagreus recebeu o raio e morreu; que o filho mortal não sofra igual destino.

Zeus deu trono e cetro a Zagreus, o antigo Dionísio, relâmpago ao primogênito, videira e vinho ao sucessor. Perséfone arma as Erínias contra Penteu, em honra de seu irmão falecido, Dionísio Zagreus.

Gaia incita os Gigantes contra Dionísio, como os Titãs contra Zagreus: duas gerações de assassinos contra dois Dionísios.

Em Atenas, três Dionísios são celebrados: Zagreus, Brómio e Iaco, com hinos e danças em festa conjunta.

Suidas confirma: Zeus uniu-se a Perséfone, gerando Dionísio Ctônico, Zagreus Sabázio, deus frígio, foi identificado com Dionísio e com o órfico Zagreus. Filho da Mãe Reia, transmitiu os ritos dionisíacos.

Estrabão relata que os atenienses acolheram ritos estrangeiros, incluindo os frígios de Reia-Cibele.

Demóstenes censurou Ésquines por participar das iniciações, gritando fórmulas rituais como “evoe saboe” e “hyes attes”, palavras próprias do culto de Sabázio e da Mãe.

Suidas confirma: Sabázio é Dionísio. O grito báquico *sabazein* originou o nome, e os lugares dedicados ao deus e às Bacantes eram chamados *saboi*. Alguns gregos chamavam os Bacoi de Saboi.

Mnaseas de Patras acrescenta: Sabázio é filho de Dionísio Os Kouretes guardaram Zeus no Monte Ida, abafando seus gritos com dança de lanças e escudos. Foram deuses das montanhas, inventores da metalurgia e da apicultura, primeiros guerreiros com armaduras e mestres da dança orgiástica. Pirroico foi identificado com Sileno, Melisseu com Aristeu, descobridor do mel. Foram confundidos com Coribantes, Cabeiri e outros daimones rústicos.

Os Daktyloi, “dedos”, eram cinco irmãos e cinco irmãs, representando as mãos humanas. Da sua união nasceram Sátiros, Oréades e Curetes jovens, que moldaram as primeiras lanças com galhos de freixo. Identificados com Telquines, receberam nomes como Damnameneus e Skelmis.

Os Telquines, magos e ferreiros marinhos de Ceos e Rodes, inventaram a foice de Cronos e o tridente de Poseidon. Descritos com cabeças de cães e barbatanas de peixe, foram lançados ao mar ou ao Tártaro por Zeus. Comparados a Ciclopes e Hecatônquiros, roximam-se dos Kouretes e Daktyloi, como daimones da metalurgia e da tempestade Os Curetes e Daktyloi eram guerreiros nascidos da Terra, surgidos do solo com armas e armaduras, identificados como gigantes.

Hesíodo narra que do sangue de Urano nasceram as Erínias, os Gigantes armados — provavelmente Curetes — e as Ninfas Meliai, nutrizes de Zeus.

Baquílides acrescenta que junto às Erínias nasceram os Telquines, frequentemente confundidos com Curetes.

Hipólito debate a primeira humanidade: Alalcomeneu da Beócia, Curetes Ideanos ou Coribantes frígios.

Diodoro fala de nove Curetes nascidos de Gaia. Estrabão confirma: Curetes como gigantes da Terra. Ovídio descreve-os surgindo da chuva sangrenta da castração de Urano.

Nonnus recorda Daktyloi Ideanos e Coribantes, autocriados da Terra para servir Reia

Anchiale, mãe dos Daktyloi Idaianos, carregou-os à caverna Dictaean em Creta. Alguns dizem que era Reia, auxiliada por Gaia, que gerou guerreiros armados — Curetes e Daktyloi — para proteger Zeus recém-nascido.

Outros relatos chamam os Coribantes de filhos de Cronos. Daktyloi e Ninfas Hecaterídes geraram os primeiros cem homens de Creta, chamados Daktyloi Idaianos.

Hesíodo fala de Ninfas, Sátiros e Curetes dançarinos.

Diodoro conta nove Curetes, nascidos de Gaia ou dos Daktyloi. Estrabão confirma: Curetes e Coribantes descendem dos Daktyloi; cada Curete gerou dez filhos.

Chamados “Cretes”, foram os primeiros a usar armaduras de bronze, por isso chamados “Calcídios”.

Os Curetes guardaram Zeus no Monte Dicte: inventaram a dança armada (Taletas),

esconderam o bebê de Cronos (Corina), dançaram com tambores e flautas frígias (Eurípides).

Reia confiou Zeus aos Curetes e às Ninfas Adrasteia e Ida; Amalteia deu leite e mel; os Curetes batiam lanças nos escudos para enganar Cronos (Pseudo-Apolodoro). Apollônio, Calímaco e Arato confirmam Zeus criado na caverna de Creta. Diodoro acrescenta: Curetes inventaram espadas, capacetes e a dança de guerra Reia deu à luz Zeus no Monte Ida e, para ocultá-lo de Cronos, confiou-o aos Curetes.

Eles o entregaram às Ninfas Ida e Adrasteia, que o nutriram com mel e leite, sob o úbere da cabra Amalteia.

O cordão umbilical caiu junto ao rio Tritão, tornando o lugar sagrado como Ônfalo. A caverna e os prados do Monte Ida foram consagrados a Zeus. Em memória das abelhas que o alimentaram, Zeus mudou sua cor para cobre dourado e tornou-as resistentes ao frio das alturas.

Estrabão descreve os Curetes como jovens guerreiros, dançando em armaduras e batendo pandeiros, para enganar Cronos e salvar o recém-nascido. Chamados “criadores” e “protetores” de Zeus, alguns dizem que vieram da Frígia, outros que eram Telquines de Rodes.

Pausânias narra que Zeus também foi criado na Messênia, banhado por Itomé e Neda na fonte Clepsidra. Em outra versão, Reia confiou-o aos Dáctilos de Ida, identificados como Curetes.

Oppian acrescenta que os Curetes, amas de leite de Zeus, foram transformados em leões, e desde então puxam o carro de Reia, aliviando suas dores de parto Reia enganou Cronos com a pedra embrulhada, e Hera levou Zeus a Creta. Amalteia pendurou-o em berço numa árvore, enquanto Curetes, Coribantes ou Lares batiam escudos e lanças, ocultando seus gritos. Até os Argonautas imitaram esse rito em Samotrácia.

Ovídio explica o barulho incessante do culto: escudos e capacetes golpeados escondiam o choro de Zeus, ritual repetido com címbalos, tambores e flautas frígias.

Virgílio narra que as abelhas receberam dons de Zeus por seguirem os sons dos Curetes e alimentarem o bebê. O tilintar dos címbalos atrai-as às colmeias.

Plínio registra que os Curetes inventaram a dança armada, a dança pírrica de Creta. Estácio descreve Reia ordenando aos Curetes que dancem freneticamente ao redor do bebê Trovejante.

Nonnus detalha a caverna de Dicte: Daktyloi e Coribantes cercam Zeus recém-nascido, dançando e entoando cantos selvagens para enganar Cronos. Akmon guarda o bebê no escudo coribântico, Amalteia o alimenta com leite, enquanto o clangor dos escudos oculta sua infância. Mimas e Akmon exemplificam a dança pírrica, saltos e clangor metálico ecoando no Monte Ida. Ali Zeus brincava, sugava o leite da cabra sagrada, protegido pelos Curetes e Korybantes Os Dáctilos de Ida foram inventores da metalurgia: Kelmis e Damnameneu descobriram o ferro, Delas ou Skythes a fundição do bronze.

Em Creta, ensinaram a têmpera do ferro. Scelmis foi lembrado como inventor do bronze, ligado ao culto de Atena em Lindos. Plínio e Teofrasto confirmam Delas como mestre do cobre.

Um Dáctilo chamado Héracles fundou os Jogos Olímpicos, mais tarde confundido com o Héracles dos Doze Trabalhos. Mulheres faziam amuletos em seu nome, atribuindo-lhe poderes mágicos e iniciáticos. Nonnus recorda a caverna de Dicte, onde Zeus foi criado pelos Curetes.

Alguns mitos narram metamorfoses:

Cronos transformou os Curetes em leões, que passaram a puxar o carro de Reia. Celmis, amigo de Zeus, foi transformado em pedra, memória dura de sua devoção. Os Curetes foram conselheiros de Minos: quando Glauco caiu num tonel de mel, eles anunciaram que quem descrevesse a vaca tricolor traria o menino de volta à vida. Melisseus, o Homem do Mel, reforça sua ligação com o néctar.

Em outra tradição, Hera ordenou aos Curetes que sequestrassem Épafo. Zeus, ao descobrir, matou-os, e Io partiu em busca do filho perdido. Aqui, os Curetes confundem-se com Telquines malignos.

Plutarco lembra que Olimpo trouxe a música instrumental à Grécia, junto com os Dáctilos Idaianos.

Na Frígia, os Dáctilos são identificados com Coribantes de Cibele. Apolônio narra que os Argonautas invocaram a Mãe Dindímene, e com ela Tícias e Cileno, auxiliares da Mãe Idaia. Estes Daktyloi foram levados à caverna Dictaean por Anchiale, que agarrava a terra de Oaxos com ambas as mãos Os Dáctilos Idaianos, cem ou dez em número, fixaram-se em Creta junto ao Monte Ida.

Alguns dizem que nasceram na Frígia e migraram com Mygdon, magos que impressionaram Samotrácia e ensinaram Orfeu. Em Creta, descobriram o fogo e o trabalho do cobre e do ferro, e por seus benefícios receberam honras imortais.

Um Dáctilo chamado Héracles fundou os Jogos Olímpicos, mais tarde confundido com o Héracles dos Doze Trabalhos. Mulheres faziam amuletos em seu nome, atribuindo-lhe poderes mágicos e iniciáticos.

Depois dos Dáctilos, vieram nove Curetes. Nascidos de Gaia ou descendentes dos Dáctilos, viviam em montanhas e ravinas, sem casas. Foram os primeiros a reunir rebanhos, domesticar animais, produzir mel, inventar arco e flecha, caça, Cinco Curetes vindos de Creta chegaram ao Quersoneso, expulsaram os Carianos e fundaram cinco cidades. Triopas, filho do Sol e de Rodes, foi purificado por Melisseu antes de partir para Tessália. Os Coribantes frígios receberam o nome de Coribas, filho de Cibele e Iasão.

Com Dardano e Cibele, levou os ritos da Mãe dos Deuses à Frígia, trazendo também a flauta de Samotrácia e a lira de Lirnesso.

Estrabão observa que Curetes, Coribantes, Cabeiri, Dáctilos e Telquines são muitas vezes confundidos ou tratados como parentes. Todos partilham o caráter de daimones inspirados, ministros em frenesi báquico, que celebram ritos com danças de guerra, címbalos, tambores e flautas, ligados tanto à criação de Zeus em Creta quanto às orgias em honra da Mãe dos Deuses na Frigia Estrabão explica que o nome Curetes deriva de kourai, “moças”, pois os jovens da Etólia usavam roupas femininas e cuidavam dos cabelos. A dança de guerra pírrica nasceu desse costume, e Homero aplicou o nome Curetes a jovens soldados. Pirro, fundador da dança, deu origem ao termo.

Sileno, Mársias e Olimpo foram lembrados como inventores das flautas, ligando os ritos frígios e dionisíacos. Inventaram nomes para flauta, címbalos, tambores e gritos rituais, e designaram ministros como Cabeiri, Coribantes, Panes, Sátiros e Titiroi. Reia era chamada Cibele, Cibebe ou Dindímene, e Dionísio era Baco. Sabázio, filho da Mãe, também transmitiu os ritos de Dionísio Estrabão descreve os ritos trácios kotytianos e bendidianos, semelhantes aos frígios e ligados ao orfismo. Kotys, deusa dos edônios, era celebrada com bombyces, cotylae de bronze, cordas estridentes e tambores subterrâneos, sons que evocavam frenesi e terror. Dionísio foi identificado com Licurgo, sugerindo a unidade dos ritos sagrados.

A música trácia era considerada asiática: Pieria, Olimpo, Pimpla e Leibetron eram montanhas trácias consagradas às Musas, assim como Helicon na Beócia. Orfeu, Musaios, Tamiris e Eumolpo foram chamados trácios. A música de Dionísio estendia-se até a Índia, com instrumentos de nomes bárbaros como nablas, sambyce, barbitos e magadis, e flautas frígias ou berequinas.

Atenas acolheu ritos estrangeiros, mesmo ridicularizados pelos comediantes. Platão menciona os bendidianos, Demóstenes censura Ésquines por participar dos frígios, gritando “euoe saboe” e “hyes attes, attes hyes”, fórmulas do culto de Sabázio e da Mãe Cibele Estrabão observa que os mitos dos Curetes e Coribantes beiram a teologia, pois os antigos exprimiam noções físicas em linguagem enigmática. As peregrinações religiosas pelas montanhas ligam-se à busca por metais e caça, enquanto os frenesis se relacionam à magia, adoração e artes órficas.

Em Éfeso, no Monte Solmissos, os Curetes assustaram Hera com estrondo de armas, ajudando Leto a ocultar o nascimento de Apolo e Ártemis. Um festival anual celebra o mito, com jovens em banquetes e sacrifícios místicos. Estrabão também identifica Cabeiri, Coribantes, Curetes e Dáctilos como equivalentes.

Nonnus descreve os Coribantes como guardiões do menino Dionísio, dançando e batendo armas para ocultar sua infância, como os Curetes fizeram com Zeus.

Na tradição euboiana, Aristeu e seus irmãos cuidavam do jovem deus. Coribantes euboianos guardaram Dionísio com tambores, nomes como Prímneu, Mimas, Ámon e Melisseu aparecem como seus protetores. A história de Sokos, mito euboiano, foi fundida com a tradição dos Curetes. Esses Coribantes viajaram de Creta para Frígia e Atenas, e foram identificados com os Abantes, guerreiros cuja vida era música, barulho de espadas e dança com escudos Na Guerra da Índia, Reia convocou divindades rústicas para o exército de Dionísio. O Curete Pirrico reuniu forças da Europa e da Ásia, e os batalhões euboianos foram comandados por Coribantes: Prímneu, Mimas, Akmon, Damneu, Ocíto, Melisseu e Idaios. Os filhos dos Abantes juntaram-se à hoste, sete capitães que dedicaram sua campanha aos planetas do Zodíaco. Os Coribantes também aparecem como guardiões do menino Dionísio. Na Frígia, cercaram-no com dança e clangor de armas, ocultando sua infância como os Curetes fizeram com Zeus. Encontraram-no como bebê chifrudo, coberto por manto púrpura, sob os cuidados de Místis e Kombe. Viajaram de Creta para Frígia e Atenas, e foram identificados com os Abantes, guerreiros da música e da dança armada.

A história de Sokos é provavelmente euboiana, relacionada a Aristeu e seus irmãos, mas Nonnus funde-a com a tradição dos Curetes e Coribantes Na Lacedemônia, Pirroco era venerado como Sileno-Kourete, e em Brásiae três pequenas figuras de bronze, talvez Dioscuri ou Coribantes, acompanhavam Atena.

Em Messene havia um salão dos Curetes, onde se queimavam oferendas de toda criatura viva. Em Olímpia, altares dos Dáctilos irmãos de Héracles e outro altar do próprio Héracles, ora Curete, ora filho de Alcmena. Em Élis, Héracles Idaios era honrado como Parastates.

Na Arcádia, Megalópolis guardava Héracles como Dáctilo Idaiano, e em Acacésio, Ânito era lembrado como Titã ou Curete, com a história dos Curetes e Coribantes representada em imagens.

Na Beócia, Micalesso tinha um santuário de Deméter confiado aos Dáctilos Idaianos, guardado por Héracles. Na Eubeia, Curetes eram deuses importantes, e em Creta sua dança de guerra reconstituía a infância de Zeus, treino militar celebrado também por Dioscuri e Atena. Estrabão confirma: legislador cretense ordenava que meninos praticassem armase a dança pírrica, inventada pelos Curetes.

Em Samotrácia e Lemnos, Coribantes e Cabeiri eram venerados nos Mistérios. Estrabão relata que frígios e troianos honravam Reia como Mãe dos Deuses, chamando seus ministros Curetes ou Coribantes. Cabeiri eram honrados em Imbros e Lemnos, e também em cidades da Tróia, mas seus nomes eram mantidos em segredo Na Tróia, os Coribantes eram venerados em Hamaxícia e Coribissa, lugares hoje desabitados, mas lembrados como centros de culto orgiástico.

Na Frígia, Berecíntia deu nome aos Cabeiri, segundo Stesimbrotos, por sua montanha Cabirus. Estácio evoca Reia, “mãe berecíntia”, ordenando aos Curetes que dançassem em frenesi ao redor do jovem Zeus. Em Pessino e Ancira, Pausânias recorda terras sagradas aos Cabeiri ou Coribantes.

Na Cária, o Monte Solmissos foi cenário do nascimento de Apolo e Ártemis. Os Curetes, com estrondo de armas, assustaram Hera e ocultaram o parto de Leto. Um festival anual celebra o mito, com jovens competindo em banquetes e um colégio de Curetes realizando sacrifícios místicos Os Coribantes Samotrácios eram sete daimones rústicos, mestres da dança orgiástica dos Mistérios,com escudos, lanças, pandeiros e tambores. Confundidos com Cabeiri, Daktyloi e Curetes, formavam coros de nove Mistérios.

Diodoro narra que Iásion e Cibele geraram Coribas, que levou os ritos da Mãe dos Deuses à Frígia. Daktyloi Idaianos, vindos do Ida, praticaram encantamentos em Samotrácia, ensinando Orfeu os mistérios iniciáticos. Estrabão recolhe múltiplas versões: filhos de Zeus e Calíope, filhos de Apolo e Récia, ou jovens admitidos à dança de guerra da Mãe dos Deuses. Clemente recorda que os Curetes dançavam ao redor do jovem Dionísio antes de ser despedaçado pelos Titãs, e que dois Cabeiri guardaram seus virílios em uma arca levada a Samotrácia. Nonnus descreve as orgias coribânticas: escudos batidos em turbilhão, címbalos e flautas vibrantes, danças acompanhadas por animais selvagens e Dríades, grutas e rochas de Samotrácia consagradas a Hécate. Suidas menciona a caverna de Zeríntia, onde se sacrificavam cães nos mistérios dos Coribantes e de Hécate, ritos vistos como amuletos contra tempestades. Na Eubeia, sete Coribantes protegiam Dionísio e sua ama Macris, filhos de Sokos. Melisseu, o Homem-Mel, liga-se a Aristeu, pai adotivo de Dionísio em algumas tradições Estrabão relata que alguns chamavam os Curetes de “Cretes”, os primeiros a usar armaduras de bronze na Eubeia, por isso chamados “Calcídios”, tanto “de Cálcis” quanto “homens de bronze”. Nonnus descreve a convocação de Reia para a guerra da Índia: os batalhões euboianos, comandados por Coribantes, guardaram Dionísio em sua infância, cercando-o com tambores e escudos. Entre eles estavam Primneu, Mimas, Ámon, Damneu, Ocíto, Melisseus e Idaios, filhos da linhagem de Sokos e Kombe. Expulsos, viajaram de Creta para Frígia e Atenas, até que Sokos foi morto por Cécrope. Retornaram então à Eubeia, terra dos Abantes, onde a vida era música, clangor de espadas e dança do escudo. Sete capitães euboianos dedicaram sua campanha ao Zodíaco, apaziguando os planetas com altares flamejantes Na Guerra da Índia, Reia convocou Coribantes euboianos, guardas de Dionísio em sua infância, vindos da ilha dos Abantes: Primneu, Mimas, Ámon, Damneu, Ocíto, Melisseus e Idaios. Expulsos com Sokos e Kombe, viajaram por Creta, Frígia e Atenas, até retornarem à Eubeia, terra dos Curetes, onde a vida era música, clangor de espadas e dança do escudo. Sete capitães dedicaram sua campanha aos planetas do Zodíaco.

Na batalha, os Diktaianos Coribantes lutaram como dançarinos de guerra: Damneus perseguiu tribos inimigas; Prymneus socorreu as Bacas como Polideuco acalmando o mar; Okythoos correu como Íficlo, matando com lança, flecha e faca; Mimas imitou a dança pírrica, cortando cabeças e oferecendo sangue a Dionísio; Akmon, firme como bigorna, recordou o escudo que guardara Zeus e a cabra Amalteia; Idaios entrou na carnificina com passos intrincados; Melisseus lutou como abelha, ferroando o inimigo.

Juntos, formaram círculo de escudos ao redor do carro de Deríades, e o estrondo da dança de guerra subiu até o palácio de Zeus, fazendo tremer as Horas Os Cabeiri eram divindades místicas de origem obscura, com nome incerto e múltiplas etimologias. Primeiramente mencionados por Ésquilo em Lemnos, foram vistos como protetores dos vinhedos e frutos do campo, recebendo votos dos Pelasgos em tempos de escassez. Estrabão e Ferécides oferecem genealogias variadas: filhos de Hefesto e Cabeira, netos de Proteu, ou ligados a Apolo e Rítia como pais dos Coribantes Sacrifícios eram feitos a Cabeiri e Coribantes em Lemnos, Imbros e Trôade Heródoto relata seu culto em Mênfis como filhos de Hefesto, semelhantes aos Pataïkoi fenícios Ligados aos mistérios de Samotrácia, associados a Hermes e a deusas como Perséfone, Hécate, Ártemis e Bendis.

Aristófanes e Nonnus confirmam sua ligação com cultos lemnianos e hécateanos Stesimbrotus identifica-os com Coribantes, filhos de Cronos ou de Zeus e Calíope, mas Demétrio nega qualquer revelação nos mistérios sobre seus feitos Assim, os *hiera Kabeirôn* foram vistos ora como instituídos pelos Cabeiri, ora como celebrados em sua desonra, refletindo a obscuridade e contradição que sempre os envolveu Os Cabires foram patronos de associações religiosas, identificados com os Pataïkoi fenícios, protetores dos navegadores. Hermes pelásgico, associado aos Cabires nos mistérios de Samotrácia, foi cultuado em Abdera. Orgéons, thiases e eranes veneravam a Mãe dos Deuses, Afrodite Síria, Ártemis Nana, Serápis, Zeus Cariano, Héracles Tiriano, Cabires fenícios e Zeus Cipriota, junto de Sabázio, Hyès, Isodaitès, Adônis e Colylto.

Em Pérgamo, os Cabires eram filhos de Urano, os mais antigos dos deuses, assistindo ao nascimento de Zeus na acrópole, cultuados pela confraria dos Dioscuritas. Cícero, seguindo a teologia acadêmica, multiplicou os Dionísios: o primeiro de Júpiter e Prosérpina, o segundo do Nilo, fundador de Nisa, o terceiro filho de um Cabire, rei da Ásia, em cuja honra nasceram os Sabázia, o quarto de Júpiter e Luna, ligado aos ritos órficos, o quinto de Niso e Tione, fundador das Trietérides Os Cabiri eram divindades ctónicas misteriosas, ligadas a Hefesto e cultuadas em Lemnos, Samotrácia e Tebas. Suas origens misturavam elementos trácios, tirrenos, pelasgos, frígios e hititas. Enquanto o culto de Lemnos permaneceu local, o de Samotrácia espalhou-se pelo mundo grego e chegou a Roma. Fontes antigas discordam sobre sua natureza e número: entre dois e quatro, ora pares de machos e fêmeas, ora todos masculinos. Em Lemnos e Samotrácia, os cultos eram semelhantes, mas não se integravam facilmente ao panteão olímpico. Também foram venerados em Trácia e na Ásia Menor, além de Imbros e outras cidades, segundo Estrabão. Acusilau narra que Kadmilos, filho de Cabeiro e Hefesto, foi pai de três Cabiri, que geraram as ninfas Cabeirides. Ferécides afirma que três Cabiri e três Cabeirides eram filhos de Cabeiro, filha de Proteu, e Hefesto, com ritos instituídos em honra de cada tríade Os Cabeiri eram divindades ctónicas, provavelmente frígias e protetoras dos marinheiros, importadas para o rito grego. Seu nome tem etimologia incerta: comparado ao semítico *kbr* (“grande”), ao hebraico *khaver* (“companheiro”), ao hitita *habiri* e ao sumério *kabar aeris*. Associados ao Monte Cabeiros em Berekíntia, eram venerados como daimones de mistério.

Entre suas figuras, destacam-se Axiocersus e Cadmilo, este último representado como menino e ligado ao Camilo etrusco. Variantes incluem formas femininas e gêmeos confundidos com Castor e Pólux. Antiquários romanos identificaram-nos com os Penates ou deuses Capitolinos.

Em Lemnos, o culto sobreviveu à helenização, com santuário confirmado por epígrafes. Mistérios permanecem obscuros, mas havia iniciações com jarros de vinho e um festival de nove dias, em que o fogo era extinto e renovado em Delos. Estrabão afirma que sua mãe era Cabiro, deusa identificada com Reia e Nereu.

Na mitologia grega, os Cabeiri eram artesãos divinos, filhos ou netos de Hefesto. Ésquilo celebrou-os em sua tragédia *Cabeiroi*, colocando-os em contato com os Argonautas em Lemnos Os samotrácios, ligados a troianos e pelasgos, mantinham mistérios que prometiam segurança aos marinheiros. Seus ritos ocultos não revelavam nomes de deuses, mas falavam em Axieros, Axiokersa, Axiokersos e Cadmilos. Kerényi via Axieros como homem e Cadmilos como pai dos três, embora Burkhart discordasse. Marinheiros invocavam Cabirus como “o grande deus” em tempos de perigo. O santuário foi reconstruído em estilo grego, e Varrão descreveu colunas fálicas de bronze como Céu e Terra.

Em Tebas, numerosos achados votivos de bronze e cultos ligados a Deméter revelam iniciações associadas a ferreiros, como em Lemnos. Taças de vinho quebradas e oferendas infantis sugerem ritos de iniciação da humanidade. Os mitos de Tebas conectam-se a Samotrácia, especialmente pelo casamento de Cadmo e Harmonia Os Cabeiri apresentam semelhanças com Telquines, Ciclopes, Dáctilos, Coribantes e Curetes, todos ligados à metalurgia e frequentemente confundidos entre si.

Diodoro afirma que eram os Dáctilos Idaeos, divindades da deusa-mãe associadas ao Monte Ida. Hesíquio identifica-os com os Chalkinoi, e outras tradições os descrevem como seres anfíbios com pinças metálicas, lembrando os Telquines.

Comyns Beaumont sugere que os mistérios órficos nasceram dos Cabiri. Burkert destaca elementos não-gregos e pré-gregos nos ritos, enquanto Bonfante defende origem frígia. Kerényi associa os nomes de Samotrácia a Deméter, Perséfone, Hades e Hermes.

Os habitantes de Lemnos, chamados Tyrsenoi, reforçam a ligação dos Cabeiri a etruscos e pelasgos. Seus mistérios permaneceram obscuros, com cultos singulares em Lemnos e Samotrácia até a época romana Os filhos de Hefesto masculinos, como Erictónio e os Cabeiri, são figuras ctónicas ou ígneas destrutivas, enquanto suas descendentes femininas personificam prosperidade, glória, amizade e fertilidade. Ardalus e Pylius são exceções benéficas, mas em geral os homens revelam monstruosidade aberta, ao passo que as mulheres ocultam o mal sob beleza insidiosa.

Nonnus descreve Eurymedon, um Cabeiri, guiando potros de bronze forjados por Hefesto, respirando fogo como os touros de Aietes, imagem da força ígnea e metalúrgica dos deuses.

Os Cabeiri são enigmáticos e multifacetados, vistos como anões robustos, artesãos divinos, ligados a Hécate ou Hefesto, nascidos da necessidade primordial de criação e proteção. Surgem em narrativas menores, guardiões invisíveis de marinheiros e ferreiros, acalmando tempestades e fortalecendo armas.

Dotados de poderes extraordinários na metalurgia e na fertilidade, concedem colheitas abundantes e famílias prósperas. Seus ritos secretos são fonte de poder e limitação, circunscrevendo sua influência às esferas que governam diretamente Os Cabeiri são deuses da forja e do mar, envoltos em mistério e guardiões discretos do mundo. Harrison observa que Estrabão não esclareceu a natureza dos Curetes, e que Sátiros, Curetes, Dáctilos, Coribantes e Cabeiri eram vistos como figuras análogas. Os Curetes eram magos e videntes, metalúrgicos cuja arte era considerada mágica e próxima da medicina.

O Hino a Zeus Dicteu invoca o maior Kouros, filho de Cronos, identificado como Zeus, entregue por Reia aos Curetes. Zeus cretense, deus da vegetação, renascia anualmente como Adônis ou Osíris. O hino pede que ele “salte” sobre rebanhos, campos e cidades, fertilizando-os metaforicamente.

A estatueta criselefantina de Palaikastro Kouros confirma a antiguidade dos ritos cretenses, ligados à dança dos Curetes e ao Hino a Zeus Dicteu. Esses ritos, herdados da cultura minoica, perduraram até o século III d.C., quando o templo de Zeus Dicteu foi abandonado após a cristianização da ilha Nas inscrições cuneiformes da Babilônia, Damgalnuna (Damkina) aparece como esposa de Ia em Eridu, chamada “mãe da grande casa” e “Senhora da Terra”. Em Lagaš, Bau é venerada como “Deusa Mãe” por Gudea, confirmando o papel das divindades femininas como patronas da terra e da fertilidade.

Na Grécia, Lemnos e Imbros foram sedes principais dos Kabirs.

Ferécides narra que Hefesto e Cabira geraram três Cabiri e três ninfas Cabeirides. Acusilau menciona a tríade caberiana. Hefesto era considerado o primeiro dos Cabiri, e toda a ilha de Lemnos era sagrada para ele. Moedas de Hefestias trazem sua imagem, tocha e gorros de Dióscuro, ou, em algumas variantes, Apolo-Hélios. A terceira figura da tríade era concebida como “filho, criança”. Fragmentos antigos descrevem o Kabir como “belo filho”, e escoliastas identificam dois Cabiri como Zeus e Dionísio. Ésquilo mostra-os prometendo abundância de vinho, reforçando sua ligação com Dionísio. Lobeck interpreta-os como gênios protetores da segurança e da fertilidade das vinhas.

Na Cária, floresceu o culto a Zeus Estrácio e Crisaoreu, adorado por cários, lídios e mísios. Em Labranda, havia templo antigo e bosque sagrado de plátanos. Esse culto também existia em Heraclea no Latmos, mas fora da Cária não se encontrava, segundo Heródoto Zeus Stratios, ou Labrandenus, era cultuado apenas na Cária, em Labranda e Heraclea no Latmos, representado em moedas com marreta e lança. Plutarco explica o nome Labrandeno pela palavra *lábyris* (“machado”). Baixo-relevos e moedas revelam seu caráter andrógino, com seios visíveis no peito e corpo em bainha, características depois suprimidas pela arte grega.

Apesar da semelhança de nomes, não se confunde com Zeus grego. Sua natureza é semítica, associada à guerra pelo título Στράτιος. Reis de Sídon chamados Estraton e nomes como Αστάρτος em Tiro mostram ligação direta com Astarte. Baal e Astarte eram unidos como divindade andrógina, representando a totalidade pela fusão masculino/feminino. Em Cartago, venerava-se Moloch-Astarte, com templo e sacerdócio próprios.

Astarte também ligada a Esmun, e moedas tírias mostram “Astarte blindada”, equivalente à Vénus Victrix e à Vénus Amathusia cipriota barbada. Assim, Zeus Labrandenus reflete a fusão de elementos semíticos com tradições locais da Caria Nos mitos mais antigos, Ares era marido de Astarte. Os gregos cipriotas identificaram Baal-Astarte com Ares, que recebeu o título de *στράτιος*. Kamš, deus moabita, também foi concebido como Ares, e em Areópolis moedas mostram figuras armadas entre tochas flamejantes, paralelas à Vénus Victrix.

Zeus Stratios em Caria revela fusão semítica: Philo de Byblos narra que Astarte usava cabeça de touro como insígnia, e moedas de Corycus confirmam essa iconografia. Inscrições de Mylasa mencionam sacerdote de Afrodite Estrateia, e cidades chamadas Afrodisias reforçam o culto conjunto. Moeda de Afrodisias mostra deusa lunar com atributos de Cibele, e santuário local venerava Zeus Labrandenus e Zeus Megistos. Em Stratoniceia, Lagina era centro de culto a Hécate, “Mãe dos Cabiri”.

Afrodite Estrateia liga-se ao título semítico *Kadištu*, consagrada de Ishtar, também chamada *πόρνη*. Inscrição cuneiforme de Antíoco Soter identifica Estratonice como *As-ta-ar-ta ni-ik-ku*. Assim, Zeus Cário é uma divindade semítica andrógina, combinação de Moloch e Astarte, adorada como deus da guerra, seu nome reinterpretado pelos gregos posteriores O deus da guerra cário, armado com lança e marreta, revela ligação íntima com Vulcano/Hefesto.

Seu nome Χρυσάωρ conecta-se a Crisoro de Fílon de Biblos, inventor e mago identificado com Hefesto, descobridor de anzol, isco e jangada, primeiro a navegar, venerado como deus após a morte. Associado a Ešmun-Adônis ou Melkart de Tiro.

Crisaor e Crisoro coincidem: Hesíodo e Diodoro derivam o nome de “ouro” (*ploutos*). É tradução grega de divindade fenícia, adaptada como *στράτιος*. Nome ligado a montanha da Cária, centro de culto a Zeus cário.

Cadmo apresenta variantes fonéticas (Κάδμος, Καδμιλος, Κασμίλος), não derivadas de “leste” (*קדם*), mas de *כתם* (“ouro”). Este termo é atestado em inscrições fenícias, nabateias e egípcias, significando “pó de ouro”. Κασμίλος significa “Deus-Ouro” (*כתם אל*), confirmado por amuleto com inscrição CASM associado aos Cabiri.

A fonética fenícia, marcada pelo “chiado púnico”, explica as variantes de Cadmo/Casmilos, revelando a profunda fusão entre tradição cária e semítica Estrabão registra minas de cobre em Κισθήνη, ouro em Sipylus e Bermios, e culto aos Kabirs em Tróia, Lemnos e Imbros. Hierápolis, com fonte mineral para tingimento, mostrava em suas moedas uma figura com tigela e machado, identificada como Χρυσάωρ/Cádmos, deus patrono da mineração e do ouro. Cadmo é lembrado como inventor das minas.

Fenícios dominaram a extração e o processamento de minérios,

abrindo minas em Tasos e exportando produtos de ourivesaria para Egito e Mesopotâmia. Baal, protetor dos navegadores, tornou-se também “Deus do Ouro”, associado a Hefesto na Ásia Menor.

Em Lemnos, Hefesto teria permanecido nove anos, fabricando utensílios e joias, e os fenícios trabalhavam o minério trazido por navios. Moedas Kabir mostram alicates, e Hesíquio chama-os Καρκίνοι (“com pinças”).

Zeus cário, sob o nome ᾿Osόγω, aparece em moedas com martelo e tigela, unindo atributos de Hefesto e Dioniso. O termo semítico *šigu* (“cambaleante, embriagado”) explica sua natureza dionisíaca, revelando-o como divindade semítica híbrida, o “cambaleante” deus da mineração e do vinhoO Baal fenício assumiu caráter dionisíaco, aparecendo em moedas com uvas e espigas, companheiro de Atargatis/Hadad em Hierápolis. A ligação com Dioniso reforça-se pela assonância com o epíteto *Meilichios*.

Hefesto, em vasos antigos, surge como “segundo Dioniso”: montado em mula itifálica, coroado de hera, com cântaro e ramo de videira, rodeado de silenos e ninfas. Narrativas destacam sua amizade com Dioniso e a cena da amarração de Hera. Braseiros decorados com cabeças dionisíacas confirmam associação.

Nos mistérios, Kabir foi representado como Dioniso em Tebas, e vasos do Cabirion mostram silenos e ménades. Em Naxos, Hefesto ofereceu taça de ouro a Dioniso, fábula que reflete a ligação entre vinho e regiões vulcânicas. Dioniso era chamado *Meilichios*; Zeus também tinha epíteto fenício.

Hefesto-Χρυσάωρ, deus de Tiro, aparece em moedas com cabeça de Apolo Hélios,

revelando caráter solar, aparentado a Melqart/Héracles. Zeus cário Χρυσάωρ-Kadmos é, portanto, divindade híbrida, fundindo atributos de Hefesto, Dioniso e Melqart.

Toda a região Κατακεκαυμένη, entre Meandro e Hermos, com os Montes Cadmo como vértice vulcânico, era considerada morada de Típhoeus Em Hierápolis, Equidna era venerada como filha de Crisaor, identificado com Zeus Χρυσαόριος. Hesíodo descreve-a como metade ninfa, metade serpente, companheira de Tífon, filho de Gaia e Tártaro.

Na tradição fenícia, Tífon combate Hércules, que é auxiliado por Esmun, deus da medicina. Cadmo aparece em versões posteriores como guerreiro contra Tífon,coincidindo com Hércules tírio, identificado com Bes.

Bes, figura grotesca derivada do Nimrod babilónico, era protetor contra animais e serpentes, aparecendo em amuletos desde a XII dinastia egípcia. Monstros fenícios em Creta mostram Hércules caçador de monstros, protótipo assírio-fenício do Hércules grego.

Moedas de Cossura e Ibiza mostram figura com avental de pele, martelo e cobra, pernas arqueadas e toucado de penas, caracterizando Hefesto-Besa-Héracles. Vasos jónicos confirmam pés deformados de Hefesto. Crisaor-Cadmo é identificado como Héracles, deus de Tiro.

Heródoto relata que fenícios representavam Cabiri como *patecas*, pigmeus nas proas das trirremes. Pausânias confirma Héracles como Pataeke, equivalente a Melqart. Inscrições em Abidos atestam culto de Bes, ligado às minas de ouro fenícias de Astira. Em Lemnos, a montanha Mosychlos, cuspidora de fogo, foi vítima de erupções vulcânicas, restando penhascos submersos a leste da ilha. Seu nome semítico, “o rugidor”, confirma presença fenícia.

O mito de Gerião, monstro de três cabeças, reflete montanhas de três picos e fumo vulcânico como asas. Ele possuía rebanhos de vacas gordas e bois púrpura, guardados por Eurytion e pelo cão Orthros, filho de Equidna e Tífon. Hesíodo descreve Tífon como monstro de cem cabeças de serpente, rugindo como touros, cães e leões.

Os estábulos de Gerião situavam-se em gruta subterrânea, símbolo da noite e do Hades. Hesíodo afirma que Gerião era filho de Crisaor e Calírroe, descendente de Zeus Crisaor, o Hefesto fenício.

Tífon e Gerião sucumbem a Hércules (Cadmo/Melqart), motivo recorrente de luta entre pai e filho nos mitos fenícios. Hércules aparece como deus benevolente, combatendo forças vulcânicas e corruptoras.

Gerião vive em Erytheia (“Rothland”), e Lemnos era chamada *Aithalē*, “o brilhante”. Hesíodo relata a batalha de Héracles com Gerião, ligada a fenômenos vulcânicos em Kalakesakamean, Lemnos e Etna. Mosychlos, montanha cuspidora de fogo em Lemnos, foi descrita por Nikandro e Antímaco como ardor de Hefesto. Com seu desaparecimento, a lenda de Gerião e seus guardiões perdeu fundamento local, sendo transferida para o Ocidente, fixada em Eritéia junto ao Tartessos pelo culto a Melqart. Sófocles chama Mosychlos de “obra de Hefesto”.

A presença de um labirinto em Lemnos confirma culto ao “ídolo labrudiano”, idêntico a Zeus Stratios-Crisaor, ligando Lemnos ao círculo fenício-cário.

A tríade lemniana incluía a Mãe Terra fenícia, Astarte. Na ilha de Quiso, a ninfa homônima tinha altar guardado por cobra, seu ídolo trazia sol e lua no peito, e era confundida com Ártemis Taurina. Steph. Byz. a chama Lymonos, “grande deusa”, com sacrifícios de virgens e orgias, revelando culto primitivo influenciado por costumes asiáticos. Assim, Khossei deve ter sido Cabira, esposa de Hefesto, e Χρύση, “a Dourada”, identificada com Astarte.

As servas de Ártemis em Lemnos eram hieródulas chamadas Amazonas, também presentes em Éfeso. Mirina, cidade fundada por Amazonas, existia em Lemnos. Crisaor era divindade andrógina, culto lascivo com inversão de trajes e papéis sexuais, prática condenada em Deuteronômio 22:5. O nome “Amazon” deriva de *zonah* (prostituta), refletindo servos de Astarte, a Mãe Terra semita. Em Lemnos, Cabira era venerada como deusa da vegetação, com culto ambivalente que refletia aspectos positivos e voluptuosos de Astarte. Astarte/Ištar era adorada como estrela ascendente, guerreira, estrela poente e deusa da procriação. Seu epíteto ligava-se ao pôr-do-sol (*erebah*). Harmonia, esposa de Cadmo, pode derivar desse epíteto vespertino. Naama, identificada com Vénus, era concubina de Samael e mãe de Asmodeu. Afrodite era chamada “dourada”, rica em ouro e coroada de ouro, como Anaïtis nas inscrições arménias. Assim, Astarte-Chryse era esposa do deus dourado Crisaor-Cadmo.

Em Lemnos, Afrodite dourada unia-se a Hefesto (Crisaor) e também a Ares, pois Crisaor reunia ambos em uma só figura. A Mãe Terra fenícia era representada como Pataeke, ou Kabira. O culto de Afrodite tebana remonta a imagem fenícia trazida por Cadmo, com oferendas votivas à Harmonia feitas da madeira dos navios.

Na Ásia Menor, elementos babilónicos difundiram-se via Fenícios. Inscrições mitanianas revelam culto do deus do tempo Tiš-ši-bas/Tišupaš, e de Hana/Hiana, também associado a Ramman. Ramman, deus da atmosfera e da terra, já era venerado na Primeira Dinastia Babilónica, antes de 2000. Patesi Shamshi-Ramman construiu templo a Ramman e Ashur por volta de 1800. Designado pelo ideograma IM, Ramman era o Grande Príncipe do céu e da terra, senhor das fontes e da chuva. Conhecido também como Mi-ir, Adad, Addu e Dadu, estes últimos usados na “Terra Ocidental”, identificando-o com Hadad Os babilónicos preservaram nomes compostos “filho de Adad”, identificando Bir-Dadda como divindade jovem, filho de Ramman-Hadad. Shala, consorte de Ramman, foi venerada como Mãe Terra, colocada ao lado de Marduk como esposa, e importada da tradição mitaniana. A deusa Šaušbi de Mitanni, identificada com Aštarte, coincide com Sala, ligada a Tišupas. Entre os arameus, Mãe Terra era Atargatis/Derketo.

Bir-Dadda corresponde a Attis da Ásia Menor, todos equivalendo a Ninib, divindade infantil, designado como “descendente de Martu”.

Atargatis, Mãe Terra síria, foi venerada em Hierápolis, representada em moedas com coroa mural e cabelo entrançado. Símbolos de fertilidade: pombas e peixes em ouro e prata. Identificada pelos gregos com Cibele, sempre acompanhada por leões. Na iconografia hitita, Reia-Cibele aparece montada em leão, acompanhada por Átis/Tammuz/Adónis. Luciano descreve a deusa de Hierápolis transportada por dois leões; Anat também sentada em leões. O leão simboliza o calor solar destrutivo, domado pela Mãe Terra.

Na Frígia e Lídia, Cibele era concebida como Mãe Terra. Sófocles atribui a Gaia atributos de Reia e Cibele. Cibele era invocada como deusa misericordiosa e curadora, capaz de afastar doenças e febres, aceitando o suspiro dos aflitos Gibil-Nusku, identificado com Nabû, pertence ao grupo dos deuses jovens da vegetação, como Tamuz-Ningirsu e Ninib, que se tornaram deuses da guerra e do sol. Sua função protetora contra influências nocivas foi transferida a Šamaš.

Na Babilónia, cada cidade tinha tríade: Mãe Terra, seu marido e o filho. Ao absorver cidades, Babilónia incorporou seus cultos, mas manteve a consciência de uma única grande deusa da terra, venerada quase exclusivamente. Os jovens deuses submeteram-se a Marduk-Sol, depois associados às constelações.

A tríade Cabiri, representada como Kabru/Kuburu/Ka-ab-rat (“os Grandes”), equivalia a Ísis, Osíris e Hórus, e era cultuada em cidades fenícias como Berytus. No Líbano, Mãe Terra ainda é adorada como Cabiri, e Hércules de Tiro representado como Pataeke.

Baal e Baalat eram multiformes: Astarte chamada “dea multiformis”, Baal identificado com Cronos, Zeus, Ares, Hélio, Hércules, e também com Hefesto e Dioniso. A Mãe Terra fenícia era associada a Hera, Ártemis, Atena, Hécate, Némesis, Afrodite e Selene.

Em Pérgamo, cidade sagrada dos Cabiri, o friso do grande altar mostra múltiplas figuras divinas, refletindo a natureza variada da tríade.

Cadmo não pode ser explicado satisfatoriamente nem pelo semítico nem pelo grego. Sua fábula contém elementos semíticos: a luta contra o dragão e o hieros gamos, celebrado em Lagas no início do ano. Héracles-Besa, protetor contra serpentes, coincide com Cadmo.

Cabiri babilónicos fundem-se com Cabiri fenícios em Ida. Cibele babilónica (Shala) une-se à Cabira fenícia (Astarte), e Adónis-Eshmun é assimilado ao Attis aramaico-babilónico, mostrando como círculos míticos semelhantes se interligam

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