segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

HERMES, O DEUS DAS ASAS DO VENTO E DAS BOTAS DE SETE LÉGUAS, por Artur Felisberto

 
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PÉTASO DE HERMES.
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Figura 1: Evolução do pétaso de Hermes desde a fase de asas na cabeça até à situação de cabeça descoberta!
Petasos, [petannumi] < πέτασος) «chapéu de abas largas», usado principalmente na Tessalia. Também é uma representação de Hermes.[1]
«Pétala» (< Lat. petala, pl. de petalu < Gr. pétalon), s. f. (Bot.) cada uma das peças que constituem a coroa, nas plantas.
Petannumi = espalhar = Petaô ó  Cf. Lat. pateo, OE. fæpmsondar”.
NB: A tónica de «pétala» indicia uma tónica idêntica em pétaso.
Petalê = petalon = a leaf. Eudaimonias petalon => the Olympian wreath of wild olive. ó petalos = broad, flat..
Tanto na semântica do «cara-puço» como na do pétaso de aba-larga parece estar contida a noção dum objecto de protecção, como a «toca» dos arcaicos tempos trogloditas, esparramado e extenso como seria a «capa» de capuz, que, originariamente seria como que uma manta que servia para cobrir a cabeça e o corpo, como a «toga» romana.
Com o tempo o chapéu e o pétaso fixaram-se na semântica dos meios de protecção da cabeça que no guerreiro era o capacete mas que teria sido com mais propriedade semântica o «barrete» e o «garruço»!
Ora, a verdade é que tanto os capacetes dos guerreiros arcaicos quanto os garruços se caracterizam por exagerarem o comprimento ao longo das orelhas. Este aspecto é particularmente notório no boné de orelhas nepalês, tão arcaico quanto o teriam sido as «coisas» de que estamos a falar! Como os sentidos naturais eram tudo o que os homens primitivos tinham para se orientarem na natureza não parece que seria muito fisiológico tapar as orelhas enquanto receptores do importante órgão da audição, mesmo em climas nada temperados como é o dos altos Himalaias, sabemos que, na prática, as longas abas auriculares de tecido boné de orelhas nepalês acabavam dobrada e presas no alto da cabeça, pelo que se suspeita de que estamos perante um objecto de vestuário com uma forma bizarra estilizada mais não sendo do que a sobrevivência dum arcaico boné de orelhas ritual similar ao pétaso!
Quer isto dizer que chapéus e barretes de aba-larga eram reminiscências cerimoniais dos pétasos rituais dos cultos herméticos. Estes por sua vez seriam a evolução duma espécie de mascaras com asas na cabeça! De facto, ainda hoje a expressão popular «ter caco na cabeça» é ter juízo e, como vox populi vox dei, é quase seguro que «caco» significou o pensamento em tempos arcaicos, possivelmente em homenagem ao ainda mais arcaico deus do fogo e da luz do pensamento que foi Enki / Caco. Juiz supremo foi Hermes, sobretudo enquanto juiz dos mortos, ou seja, dos espíritos e, logo, senhor dos bons juízos e pensamentos correctos. Por outro lado, e nem por acaso:
«Quico» = s. m. (pop.) chapéu pequeno e ridículo.
Phitus = pai, progenitor > Phituô = semear, plantar, fazer vir ao mundo.
Phituô = Porca, planta, gerar = phutas = phutlon = planta.
De acordo com a lógica corrente da linguística são as «coisas» que «coisam» verbos e não, a inversa! Quer isto dizer que é pouco provável que pétaso derive do verbo grego Petannumi, e, pelo contrário, deste é que terá derivado de *peta-nnu, quiçá uma variante do peta-so.
Na verdade, a semântica de pétaso relacionada com o verbo Petannumi com o significado de espalhar, reporta-nos imediatamente para os chapéus de «palha», para as «fitas» dos chapéus e para a relação primitiva das folhas de plantas e piteiras com a arte de empalhar, fazer cesto, saco e para o início da tecelagem.
No entanto, como se vai repetir na etimologia de Pétaso, a natureza esdrúxula deste termo é suspeita de esconder uma consoante muda depois da tónica, quase seguramente um «erre» também.

Ver: PÉTASO (***)

«Petasos» < πέτασος < *Phe®-ta-Shus < Pher-Ka-Xu
ó Phit-uô < phut-as < Kiki > «quico».
«Peta» = • s. f. mentira;• machadinha nas costas do podão; • orelha do sacho;• lula.
A este propósito seria interessante referir que, em muitos casos de evolução linguística mais refinados, existem indícios de que é possível conservar de forma encapotada a semântica original em expressões idiomáticas relacionadas com palavras cujo significado corrente aparenta já nada tem a ver com a origem. O grego já não manifestava conhecer o termo que teria dado origem ao étimo peta- mas é quase seguro que este sobreviveu na língua lusa! Além de significar mentira, «peta» parece ter a semântica do grego Petaô e petalos, “o spread out”, senão claramentena machadinha nas costas (do podão), pelo menos na orelha (do sacho) e na lula”. Ora bem, existem pelo menos duas expressões idiomáticas com o significado de «peta» que envolvem a semântica do pétaso enquanto chapéu ritual de aba-larga!
Enfiar o «barrete» a alguém = mentir, trapacear (com a perícia divinal, cândida e matreira, de Hermes!). «Chapelada» = grande número de listas que, a ocultas, se introduzem nas urnas, a favor de um candidato = trapacear alguém = dar uma abada ou uma banhada em alguém. Assim, aparece que andar a roubar incautos com um chapéu ou algo suficientemente generoso e abonado como uma banheira (ou um petalos) era uma das tarefas preferidas de Hermes.

SOMBREIRO

O reforço de prova de toda esta semântica, vamos encontrá-lo no termo grego petalon que nos vai dar indícios semânticos sobre a origem material do chapéu!
                                                                 > «guita».
                          Lat. vitta < Wita < Kita > phita > «fita».
Grec. Petalê < Ki-tale-te < Ki-tal > phytal-ia = “latada ou parreiral de vinhedo” > Grec. petalos.
   ó Grec. phtalon < *Phytal(i)-an, lit. folhas, ou fitas, no céu > parreiral > cobertura de folhas de oliveira > «pálio» > «sombreiro».
=> Grec. petalon = coroa de folhas de oliveira ou louro => cobertura da cabeça de fitas vegetais > chapéu de palha < chapéu de pano!
> p(e)tilon > Grec. pteron = plumas ou «sombreiro».
Ainda que a etimologia oficial faça derivar termos como «fita e guita» do latino «vitta» a verdade é que nos parece que «fita» teria mais facilmente derivado dum certo grego arcaico e «guita», com ressonância fonéticas bascas, poderia mesmo ser autóctone.
O termo petalon permite-nos, antes de mais, concluir o que já sabíamos: que o termo «pétala» não deriva directamente do grego porque é um neologismo técnico construído artificialmente pelos botânicos modernos. Depois, suspeitamos que, mesmo no grego clássico, este termo era já a evolução de uma realidade arcaica caída em desuso.
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Figura 2: Nesta cena das vaidades de Afrodite aparece uma das suas damas de companhia com um petalon já em tudo idêntico às actuais «sombrinhas» de senhora, para o caso, sobretudo na sua estrutura em gomos de pano montados numa estrutura de suporte possivelmente em verga. A verdade é que deve ter sido a morfologia destes gomos que sugeriu a escolha, feita pelos botânicos, para o nome das «pétalas».
Como Talia seria a «N.ª Sr.ª do monte», a semântica nuclear destes termos terá sido a que permaneceu em petalos: algo largo e alongado. Como seria também a mesma que Potnia Teron, Fauna & Flora então, era também deusa da vida selvagem das montanhas, das florestas e ramos verdes, semântica que permitiu passar de phitu às «palafitas» (< It. palafitta, paus plantados) e às «talófitas» (<Gr. thallós, ramo verde + phytón, planta) que, por ressonância, teria dado origem à conotação de Petalê com as folhas. A verdade é que:
Enki ó Caco º Kitu > phitu- > phytu-
Sendo assim, tal como o *phitalon teria sido um parreiral (ou uma qualquer forma de cobertura vegeta natural, agrícola ou habitacional) também o petalon teria sido uma qualquer forma de cobertura vegetal para a cabeça.
Sendo toda esta semiologia própria de climas mediterrânicos, onde o sol do meio-dia de Verão transforma Horus num leão furioso e inspira a procura de sombra e protecção contra as insolações, a semântica do parreiral, ou do pátio, eventualmente apenas coberto por vegetação natural ou por toscas estruturas artificiais de ramos e folhas, faz sentido e explica a sobrevivência desta semântica no «pátio» que deixaria de ser alpendorada para ser um mero espaço interior aberto!
«Pátio» < Lat. pateo  ógrec.Petaô ó OE. fæpm > “fathom
É bem possível que, entre a semântica da alta cobertura habitacional e a, da cabeça, tenha andado também a cobertura corporal.
A semântica do «pálio» situa-se, aliás, a meio caminho entre ambos estes elos evolutivos virtuais, de que pharos seria a variante grega, sinónima da de peplos.
Pharos = a large piece of cloth. commonly, (…) a wide cloak or mantle without sleeves. Peplos = any woven cloth used for a covering, (…) upper garment or mantle.
«Palio» • (Lat. palliu, capa), s. m. sobrecéu portátil, com varas, que serve, nos cortejos ou nas procissões, para cobrir a pessoa que se festeja ou o sacerdote que leva o Santíssimo; antigo manto usado pelos Gregos.
                                                > Grec. pheklê = Lat. faecula,
Grec. Petalo(n) > petalo(s) < *Pheka-lu < Ki-Kar > pephlo(s) > Grec. peplos.                                    Lat. Palliu < Phar + lu < Kar > Grec. Pharos.
Então, os antigos e arcaicos capotes de palha dos pastores transmontanos terão sido, até há bem pouco tempo, um fóssil vivo na cadeia evolutiva do vestuário. Quem sabe se o pantalon francês não tem origem nesta mesma cadeia etimologia?
Pantalon = Étymol. et Hist. 1. 1583-84 Panthalon, nom d'un personnage de la commedia dell'arte (BRANTÔME, Des Dames ds OEuvres, éd. L. Lalanne, t.7, p.347); Empr. à l'ital. Pantalone, nom d'un personnage bouffon de la commedia dell'arte qui était vêtu d'un costume dont les chausses tombaient droites sur les pieds. En ital. ce nom fut d'abord un sobriquet appliqué aux Vénitiens (cf. début XVIIes., A. D'AUBIGNÉ, Confession du sieur de Sancy ds OEuvres, éd. Weber, p.636) parce que prénom très fréquent à Venise, St Pantaleone étant le patron de la ville.
Já sem grande surpresa esta análise etimológica permite-nos, de passagem, suspeitar que na etimologia do «sombreiro» seja duvidoso que o português o tenha derivado inteiramente do latim.
   Lat. Umbella < Umb®ella < umbraila < Umbra-hula > umbra-Kul(a)
> Lat. Umbrâculum                                 > Engl. Umbrella.
«Sombreiro» < que dá «sombra» < ??? Lat. *sombrar, de *subumbrare < sub + umbrare (< Lat umbro) = sub (illa) umbra.
É obvio que não é necessário ir rebuscar a etimologia da lusitana sombra a um verbo virtual que os prolixos latinistas tivessem ignorado. De fato, em bom português ainda hoje se diz preferencialmente: «estar à sombra» (º Lat. adumbro), e só de forma pouco natural alguém ficará sub ou debaixo da sombra de algo porque implicitamente tal ressoaria a pleonasmo (ainda que sejam sempre mais os que ficam na sombra!). Então, há que preferir que a sombra lusa não é mais do que o resultado do uso sistemático da forma coloquial «stare | su(b)-umbria» (por analogia com o Lat. adumbro) > su-umbra > «sombra» |.
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Figura 3: Baixo-relevo assírio de Ninive onde aparece um sombreiro estruturalmente igual aos actuais!
History of the umbrella = Its origins are fuzzy, but it dates back to ancient times. Some say the umbrella originated in China. Others say it began as a modified fan for Egyptian and Babylonian nobles 3,400 years ago. In any case, the umbrella was originally for protection from the sun, not the rain, and were possibly inspired from the canopy of a tree, which would offer a cool shade
from the heat of the day. Women carried them in ancient Greece and Rome ("umbra" means "shadow" in Latin). Roman women first began to oil the paper sunshades to waterproof them.
Lat. umbella, ae, f. dim. [umbra] (a little shadow, i. e. meton.), a sunshade, parasol, umbrella, Mart. 14, 28 in lemm.; 11, 73, 6; Juv. 9, 50.
Lat. umbrâculum, i, n. [umbra] (any thing that furnishes shade).
No entanto, com tantas excepções às regras comuns da derivação a partir do baixo latim da lusa língua é de ficar de pé atrás quanto a teses linguísticas que pressupõem uma sistemática parolice por parte dos falantes lusitanos. Assim, é de começar a suspeitar que estas formas coloquiais não teriam tido a força de se imporem como norma se não fora a ressonância, por influência fónica, de termos idênticos autóctones. Senão vejamos: no falar popular da região de Foz-Côa «estar à lambra (< Esp. «la umbra»?) do fogo» era outrora quase o oposto de «estar à sombra do sol», o que significa que tempos houve em que clarão e sombra eram como que formas ou cores diversas da mesa entidade que velaria pelo «umbral» dos infernos!
Umbria = Roman Goddess of shadows and secrecy.
«Umbral» • (Cast. umbral < Lat. umerale), s. m. ombreira (de porta); • (poét.) a porta.
A metáfora mais comum para estes fluxos ectoplasmásmicos era o «fumo». A etimologia do fumo derivava de *Kima, a deusa mãe primordial do fogo e das suas fantasias míticas e bem como das pragmáticas artes culinárias. Ora esta deusa andaria associada a outra, se é que não seriam a mesma, sob o nome *Ashma. A ombreira da porta seria assim uma das muitas metamorfoses de palavras surgidas por interferência conotativa, neste caso entre umbria e umeral, sendo difícil sem um profundo estudo linguístico saber se esta interferência ocorreu no latim ou nos falares autóctones romanizados já estamos no reino dos *Kimaver (= Taveret) / Cardeia e Hermes Propileu / Jano, deuses psicopompos e protectores das portas dos infernos.

Ver: *KIMA = TERRA MÃE (***)

Então, como *Ashma ó *Shamaz = «chama»
Lat. Umbra < hum-wera < Ki | ó Kur | Ama-Wer > Primavera, a sombra verde e florida dos montes e dos campos.
                                          < * Shamavera > Esp. *sembra > «Sombra».
Como a sombra não passa de mera e, por vezes, fantástica aparência, razão têm «nuestros hermanos» para dizerem que o que «sembra» é sempre aquilo que parece, como a sombra platónica é a imagem negativa das coisas ideais! E até aqui tudo estaria bem se não nos fosse informado que o sombreiro se chamava pteron, termo que significava também penas (= «plumas»):
Grec. pteron, to, (petomai, ptesthai) mostly in pl., feathers,(…) fan or parasol.
         skiadeion (< skia) sunshade, parasol,
         tholia (Lacon. Salia > ? «Saia»), [< tholos = a round building with a conical roof, a vaulted chamber] conical hat with broad brim, or perh. Parasol.
Se o sombreiro já tinha conotações explícitas com algo feito de penas, muitas mais teria o pétaso de Hermes, o deus dos eidolon, os espíritos dos mortos sem sepultura ou que não tinham pago o óbolo a Caronte.
«Lumbrada» = • s. f. raios de luz. < alumbrada < alumbrar.
«lume» • ( < Lat. lumen), s. m. fogo;
«Alambre» • (Ár. al, o + âmbar), s. m. âmbar (> ambre); • (fig., pop.) pessoa esperta; • finória; • (Cast. alambre), fio de metal, arame.
«Lambrequins» < Fr. L-ambre-quin, s. m. pl. conjunto de recortes, quer de tecido, quer de madeira ou folha, para adorno de cantoneira, pavilhão, dossel, beirado de telhado, etc; • (Heráld.) ornamento exterior do escudo.
«Chama» < Lat. flamma, m. s. ó Lat. flamine, sinc. de filamen), s. m. antigo sacerdote romano que atava os cabelos com fios de lã (daí advindo o seu nome).
«Chama» < Lat. Flam-ma, m. s. <???> Lat. Flâmine < furamen (magnum) < Kur-a-Min > Hermin(ius)
O nome do furamen magnum, o grande orifício do osso occipital, é, seguramente uma metáfora da cratera dum vulcão, seguramente considerado deste a mais remota antiguidade como umbral dos infernos do Kur. A relação entre os picos vulcânicos e os cumes montanhosos seria óbvia ao ponto de ter dado nome lusitano aos montes Hermínios, que seriam também a serra da Estrela (de Alba), facto de cosmologia mítica que nos reporta para o disco solar entre os seios da Aurora. Então, começamos a suspeitar que o nome português da «chama» será uma espécie de aliteração entre o semita Shamaz e um nome mediterrânico virtual da luz do sol que seria *fluxama construído a partir do proto conceito virtual *ashma relativo aos espíritos das coisas invisíveis teofanizadas pelo fumo. Umbra seria então uma espécie de ectoplasma espiritual, um espectro visível duma coisa tão sobrenatural como era a luz natural, até há bem pouco tempo quase igual à luz mística!
«Chama» < *Fluxama < | Phro < Kur | -Ashma
ó Ashma-Ker < *Kimawer > Umbra.
Lat. Flamma<*flumna < Fluamen ó *Fluxa Me-an ó Flumen > Lúmen.                                       > Phlumna > Lat. pluma
Será que todo este raciocínio para chegar ao étimo -shu como tendo a semântica de pluma é vão? E obvio que se -shu tivesse sido, no grego clássico, um dos termo próximo de pluma já há muito que esta semântica tinha sido descoberta e não estaríamos agora a fazer figura de quem descobriu a pólvora seca! Como já se viu, é pteron que dentro das leis etimológicas do grego deriva de phtalon, e não o inverso! Quer isto dizer que o mais que provável é que a aquisição da semântica emplumada seja posterior à semântica vegetal que se descobriu antes e pode ter sido precisamente adquirida durante os rituais herméticos do pétaso de Hermes. Dito de outro modo, foi o pétaso de Hermes que emprestou as penas ao pteron que seria primitivamente um substituto ritual do pétaso! Claro que, sem mais elementos objectivos de prova, a explicação é frouxa mas a verdade é que faz sentido sobretudo sabendo que este termo foge completamente à etimologia de pluma, havendo fortes indícios de que esta teria sido muito mais arcaica pela revelação da sua componente infernal. De resto, parece que os gregos ainda teriam algumas reminiscências deste facto apesar de parecer que este, com suas múltiplas variantes flexionais, era o único étimo pte- dos gregos para pluma.
Grec. Ortho-ploumos, on, (ó Lat. pluma) embroidered with feathers.
Já quando se tratou de encontrar asas para voar o génio grego encontrou centenas de termos para o fazer, ainda que grande parte deles com a raiz pteros!
Um deles, pule (pulai Aïdao = the gates of the nether world) permitiria perfeitamente criar a «pluma», que, como se verá, tem raízes em Plutão (ó Pluto ó Xu-tu).
Psilax (B), akos, ho, epith. of Dionysus at Amyclae, Paus. 3.19.6; he explains it as winged (< from psilon < Dor. for ptilon ), which suggests that it has it.
Psilax < Dor. Psilon < Ptilon
ó Pliton < Pluton < Phlutan < kur-tan < Kur-Ki-An
= Ki-Kur-An > Etrusc. Fufluns.
                        > Maia Kukulcan > Kukukan.

CHAPÉU EMPLUMADO

O chapéu de palha, derivado do capote de palha foi seguramente a transição do petalon para o pétaso.
Grec. Phitu ó petalon ó petaô ó Lat. pateo
                                     > Grec. peta + shu > patasos.
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Figura 4: barrete emplumado de Hermes.
Figura 5: Chapéu de aba-larga de caçador grego!
De resto, Hermes quando não era representado com Petaço ritual era o único deus que usava chapéu, quase sempre de abas largas. Quer isto dizer que, pelo menos em tese, o chapéu civil evoluiu a partir do arcaico chapéu de abas largas, o pétaso, que era ele próprio o chapéu de Hermes e evolução dum arcaico chapéu ritual que não seria senão a forma de teatralizar as asas da cabeça de Hermes, que seriam uma metáfora para o conceito da inspiração divina transportada pelo mensageiro dos deuses, mais velozes do que o pensamento!
Neste caso o cavalo do pensamento até pode ter sido Pégaso o que levanta a suspeita de esta figura mítica ter sido em tempos uma versão zoomórfica de Enki/Hermes. Neste caso o pétaso de Hermes seria a forma vestigial desse arcaica metamorfose de que o Centauro pode ter sido a forma intermédia. Ora, a verdade é que a etimologia do pétaso tem muito a ver com a de Pégaso. Senão vejamos a etimologia do chapéu.
   «Chapéu» < ant. Fr. chapel ó Fr. Chapeau.
                         Lat. capillu ó «capelo» • s. m. «capuz» de frades.
< «capela» • capucha de pano < Lat. capella.
«Carapuça» < Cast. caperuza < chapel-ucha.
Quer assim dizer que o luso chapéu deriva do francês sem que nada na Lusitânia o tivesse antecedido? Obviamente que não, porque já se enfiava por cá há muito tempo o barrete, o capuz e a carapuça, antes dos galicismos, que era como quem diz, a boina basca ou o «garruço»[2].
Tudo aponta para que a “coisa” que esteve na génese do chapéu sofreu ressonâncias com o termo latino para cabelo (capillu) bem como do termo latino capella, lit. pequena capa! A raiz cap- do termo original parece segura mas a estrutura do termo de que nasceu o «chapéu» pode ter sido esta:
                              «Quico» ó kapha > «capa» > «apacete», lit. “equena capa”.  Lat. toga < «toca» < kauka < | Kaku-| Shu. => «cacusha» > «coisa»!!!
                                                 Kiki-ash < Phika-Chu > phita-su > grec. petaso.      «Chapéu» < Fr. chapeau < *capeot < *caphiush => «capuz».

Ver: CHU (***)

E assim nos vem à memória a história da «Branca Flor» onde havia um herói que trocava um cavalo tão veloz como o vento por uma montada mais veloz do que o pensamento.
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Figura 6: O Pequeno Pulgar roubando as botas de sete léguas ao Ogro, gravura de Gustave Doré. O Ogro é uma variante de Dis Pater, o deus dos Infernos denominado também Orcus. O Pequeno Pulgar e o gato das botas seriam variantes populares de Hermes. Quanto às “botas de sete léguas” parece que seriam uma metáfora das botas dos mensageiros postais a cavalo que mudavam de montada a cada sete léguas.
Se não é até parece ser uma metáfora duma rivalidade mítica entre os irmãos gémeos Enlil, senhor do vento, e Enki / Hermes, senhor das almas, dos espíritos e do pensamento! Este cavalo era Pégaso. Uma outra influência do mito das botas aladas de Hermes terá originado a história infantil do “gato das botas de sete léguas”, ambos metáforas de mensageiros!
As asas do chapéu de Hermes são seguramente o equivalente da pena na cabeça de Chu e são uma metáfora óbvia das asas do pensamento e da insustentável leveza do ser aéreo que, enquanto pneuma e sopro de vida, era também metáfora do espírito, consubstanciado e actualizado no pensamento.

PLUMAS E PENAS

A «pena» lusitana, possivelmente celta na origem mas seguramente importado do latim permite a este propósito uma análise étmica cujo exercício nos revela um pouco dos processos de elaboração mítica que presidiu à formação das palavras.
Pennula, ae, f. dim. [id.], a little wing (rare but class.): cum pulli pennulis uti possunt, Cic. N. D. 2. ó Penna + ula. < Penna = a feather, plume.
            «Pena» < Lat. penna < Peninus ó Poeninus ó Lat. Poena = a deusa do castigo penal < Pho-Ana, a deusa da luz celeste = Dea Coelestis (Tanit) <= Benu(na) ó Grec. ptênos (asas)
            < «Penha» < Lat. pinna < peninaó Lat. pinu > «pinho e pino».
Penninus (Peninus or Poeninus; the latter orthog. on account of the false derivation from Poeni, because Hannibal marched over this mountain to Italy, Liv. 21, 38, 6 sqq; Plin. 3, 17, 21, § 123), a, um, adj. [from the Celtic Pen or Penn, summit, peak], of or belonging to the Pennine Alps (between the Valais and Upper Italy, the highest point of which is the Great St. Bernard), (…) VALLIS POENIN, the Valais, Inscr. Grut. 376, 6: DEO PENINO D. D., the local deity of the Pennine Alps, Inscr. Spon. Misc. Ant. p. 85, n. 30; called also, IVPPITER POENINVS, and simply, POENINVS, Inscr. Orell. 228 sq.([3])
Pinikir < Pinen-kir < Phene-Kur < Wen-Kur
             < Pino | Phini < Kian | -Kur, lit. “o monte cósmico primordial da aurora!”
Pinikir = Elamite mother-goddess.
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Figura 7: Este desenho de vaso grego onde Hermes aparece três vezes tem apenas no meio uma forma duplamente alado o que deixa pressupor que de facto este deus só abria as asas das botas e do chapéu quando voava pelo céu!
A fonética das «penas» acabou reforçada pela fonética das asas gregas que tinham em ptênos literalmente os pés dos senhores do céu que eram os anjos
Grec. Pezo < *Peko > *pet > pte + Anu > ptenos = pés do Sr. (do Céu!)
                      pétaso < *pet-Chu.
Grec. pédila (πέ-διλα) < *phethila < *phithala ?> «pétala»!
Sendo assim, o pétaso seria literalmente o pé alado (as botas) do deus das tempestades que Hermes também terá sido enquanto *Kurmasho, ou seja, guerreiro selvagem “que combate nas montanhas”!
His sandals, called pédila (πέ-διλα) by the Greeks and talaria by the Romans were made of palm and myrtle branches, but were described as beautiful, golden and immortal, made a sublime art, able to take the roads with the speed of wind. Originally they had no wings, but late in the artistic representations, they are depicted. In certain images, the wings spring directly from the ankles.
Nesta acepção, Hermes seria marido de Atena Promacha.
Claro que a relação com o púnico Poeni não terá sido tão descabida quanto isso porque, também este nome próprio relacionado com os fenícios teria estado relacionado com a “montanha cósmica primordial” relacionada com o pássaro Benu dos Egípcios e com a Fénix dos fenícios.

Ver: FENIX (***) & FENICIA (***)

O sentido subjacente a estes semantemas é obviamente o mitema da “montanha cósmica primordial” lá onde o deus menino foi dado à luz pela Deusa Mãe primordial. Este «deus menino» Protágono foi Fanes, Fauno ou Pan no mundo clássico e que no Egipto foi Benu.
Que Fanes foi deus da luz, prova-o a mitologia órfica clássica.
Este deus do Amor Primeiro era também um deus da fecundidade penetrante que presidiu à origem do mais obsceno dos verbos portugueses:
«Foder» < Lat. fodeo (= lavrar) < *Pho-Deo, lit. «o deus da luz, Fanes ou *Phoeno, filho de Pena».

Ver: OPS (***)

De facto, Pena, a deusa das Penas latina, deve ter tido a sua origem numa época em que as crianças rebeldes eram condenadas a serem sacrificadas aos deuses tal como os velhos improdutivos eram levados para junto dos deuses no cume das montanhas. Das práticas de sacrifícios de crianças nos topos nevados dos montes restam reminiscências nos ritos de capacocha dos incas. O abandono de idoso no cume das montanhas era, até há bem pouco tempo, motivo de histórias na literatura infantil portuguesa. De qualquer modo a ambiguidade da homofonia entre «pena» de ave e «pena» de castigo e a dor acaba na deusa das Penas, que pela gravidade do seu papel, seria Mut, a Deusa Mãe primordial que, no tribunal de Osíris devorava a alma dos pecadores condenados. Esta Deusa Mãe do parto e da aurora foi também Taweret, a mãe do «deus menino» que foi também Min no Egipto, depois de ter sido Minos em Creta. Claro que a semântica da “montanha cósmica primordial” está subjacente também na etimologia das penhas ibéricas e do Pen ou Penn celta, tal como dos cónicos pinos e pinheiros.

Ver: CERES / CENTAURO (***) & LUCIFER (***)

Ora, este «deus menino» Protágono deve ter tido muitos e variados nomes, entre outros, o de Dionísio, Pluto, Chuto, Chu e muitos outros entretanto ignorados mas presentes na formação de muitas palavras latinas e de outras nacionalidades mediterrânicas, seguramente. Quer então dizer que não espanta que numas etimologias se encontre Minus e noutras Chu a presidirem à formação de palavras relacionadas com o elemento aéreo e com a leveza aérea das plumas. A relação dos picos montanhosos com o ar não derivaria seguramente apenas da “falta de ar” (dispneia) provocada pela rarefacção do ar das altas montanhas (como se o deus do ar dos cumes montanhosos roubasse o pneuma do “sopro vital” aos que dele se aproximavam) mas sobretudo da relação do ar com as tempestades e destas com a importância do deus “manda chuva” para as primeiras civilizações agrícolas.
Pleumôn [later attic form of pneumôn.]
Pois bem, a descoberta empiricamente intuitiva dos mecanismos respiratórios levou à criação do termo relativo à víscera pulmonar. O facto de o grego manter a forma ática pleumon, a par da forma comum pneumôn dá-nos lições importantíssimas sobre a forma discricionária como eram formadas as palavras antigas a partir de semantemas comuns.
Se Pl-eumon = Pn-eumôn, então Pl º Pn, o que, de facto, só se compreende se Plu(to) e P(ha)n(es) fossem nome da mesa entidade, presente nos cumes montanhoso ou seja, uma variante do nome de Chu.
Engl. Lunge ???  <=                   > Atic. Grec. Pleumon.
                             > Phur-Maun > Lat. Pulmone > «Pulmão».
*Kur + Ma-Anu >*Flu-Minu > Lat. Flumen. ó Lat. Fulminare
                               > Culminus > Lat. culminare > «culminar».
                                                  > Pluminus > *Plumna > Lat. «Pluma»
                               = «Pluma» < Lat. plûma < Plu-hem(a) < Kur-Kima?
                               «Chumbo» < Lat plumbum < Plu-hem-wi.
                                  «Chuva» < Lat. pluvia < Plu-        wi-a
A conotação subjacente a um gerador semântico como *Kur-Ma-Anu, supostamente tão genérico quanto arcaico, seria a de algo como o mana do Kur, ou seja, o poder (sagrado e supremo) dos infernos manifestado na montanha cósmica da aurora! A origem do nome inglês Lung para «pulmões» começa assim a manifestar a sua clareza:
Engl. Lung < Old English lungen < Runa-Ken(o) < Uran(o)-Phan, lit. “a luz do céu diurno” < Hauran-Kino ó *Kurniano º *Kurmiano!
Lungen, from Germanic related to Light  = the lungs of sheep, pigs, bullocks, etc., used as a food esp. for pets. Middle English, use of Light as a noun, so named because of their lightness. Old English lēoht, līht, līhtan, from Germani[4]
Assim, nesta mesma linha semântica, Lung estaria relacionado com a luminosidade, não da superfície nacarada dos pulmões, mas do deus dos ventos que, enquanto “manda chuva” era também o deus dos relâmpagos e do céu diurno! De facto, usando a mitologia comparada podemos descobrir que termos aparentemente muito afastados sobe o ponto de vista fonético a acabam por manifestar uma estranha proximidade etimológica!

Ver: MEGALITOS / OBELISCOS & PIRÂMIDES (***)

Supõe-se que, por via popular, as consoantes duplas latina fl, cl, pl derivaram sempre para o luso «ch». É duvidoso que tenha sido sempre assim. Por exemplo: De pl > «ch» são poucas as derivações directas para português por via popular de termos latinos nas condições de conterem estas duplas consoantes e são muitas as excepções, tais como:
Lat. plaga > «praga».
Lat. plicare > pregar.
Lat. placeo > placere > «prazer».
Lat. plăgella > plagula ó phlagila > flagellu > «flagelo», etc. Etc.
Ainda que por vezes a regra se cumpra, a explicação não deve estar na impossibilidade da língua lusa para conter o som das referidas consoantes duplas latinas, que bem suporta em palavras derivadas do latim por via erudita. No caso da «pluma» latina é quase segura que o étimo Plu- se reportava a Pluto ou Plutão, o deus dos infernos. Ora como este deus deve ter sido outrora tão gémeo de Júpiter que poderiam ter sido ambos a mesma entidade, ou seja,
Sumer. Shutu < Chu > *Techuve ó Hitit. Teshup.
...deuses dos estados atmosféricos do ar, do vento e da chuva!
Para terminar, a «pluma» latina seria uma metáfora do «fumo» (< phimu > hem) espiritual de Chu que lhe permitia subir no céu e voar nas tempestades como as nuvens e chover, como Zeus.

Ver: HADES & O INFERNO (***) & ASHMA (***), NEPTUNO/ LAGOS E RIOS (***)

Em conclusão, o pétaso começou quase seguramente como «juízo alado», transportado na cabeça do mensageiro dos deuses! Entretanto, sofreu ressonâncias da raiz egeia phito-, na medida em que os primeiros chapéus teriam sido feitos de folhas de piteiras, a acabou como chapéu alado! En Chu ficou reduzido à pena de ave, que Maat também usava sem que se saiba muito bem porquê, uma vez Maat não era a deusa da escrita, ainda que possivelmente já se usassem penas para escrever em papiros! Existem duas interpretações possíveis em simultâneo! Como Maat é muitas vezes uma deusa alada podem ser uma espécie de apêndices simbólicos remanescentes da natureza etérea destes deuses. Deste passado de alados deuses de transporte das almas Amon e Min conservavam ainda um alto capacete de pluma estilizadas.
Chu < Isho º Phan + isho > Fanes > It. Penacchio > «penacho», que, nem por mero acaso era o símbolo emblemático de Chu!

Ver: MAAT (***) & Chu (***)
Ver: PARECENÇAS (***)& PÉGASO (***)

Heródoto pensava que tinham sido os habitantes da cidade anatólica de Caria os primeiros a usar penas na cabaça mas estava seguramente a fazer confusão com os cretenses da civilização minóica. Penas e «penachos» usaram-nas os filisteus até que os clássicos as resolveram substituir por crinas de cavalo. Seria Pégaso um variante arcaico de Hermes?
Por vezes as tradições obscuras e pouco conhecidas parecem esconder o mistério mais recôndito de verdades arcaicas.
De acordo com uma declaração notada por Eustathius, Stesichorus “chamou as Queres pelo nome de Telquines” que Eustathius identificou com os Curetas de Creta que poderiam invocar rajadas de vento e se inebriariam com poções mágicas de ervas (nota em Harrison, p 171).
Na verdade as Queres eram as deusas das cobras cretenses e seguramente uma variante vingativa e guerreira das Erínias e de Némesis e também deusa mãe Larana, mãe de Larano, deus da guerra e dos Lares, Larvas, Lémures e Penates.

Ver: LARUNDA (***)

Algunos autores romanos describen a los lemures como el nombre común para todos los espíritus de la muerte, y los dividen en dos clases: los lares, o almas benevolentes de la familia, que protegen la domus o casa, y las larvae, o inquietas y horribles almas de hombres malvados. Pero la más común idea era que los Lemures y las Larvae eran lo mismo. Se decía de ellas que vagaban por la noche y que atormentaban y asustaban a los vivos.
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Figura 8: O ker pessoal de um morto que seria encaminhado para o além por Hermes Psicopompo, o guia das “almas penadas”.
Independentemente de saber os nomes que estes espíritos malignos ou demónios teriam noutras civilizações antigas que seguramente os teriam, importa dar conta que foram estes medos arcaicos dos romanos que permaneceram na mitologia popular portuguesa como “almas penadas” espírito de uma pessoa que morreu mas que por algum motivo relativo a morte violenta, território privado do destino das Queres!
Isto aconteceria por vários motivos que o código penal tentaria esclarecer -- seja pela recusa da morte súbita (acidentes), por estar em busca de justiça (assassinatos), por não estarem preparadas para morrerem (suicídios), ou por não terem terminado a sua missão na Terra -- ainda vagam por aqui, cumprindo a sua pena entre este mundo e o outro em vez de padecerem as “penas eternas” do inferno ou gozarem as delícias do paraíso. Não importa saber se estas almas penadas eram aves agoirentas ou vampiros e lobisomens mas saber que enquanto puros espíritos voariam como as aves e por isso teriam «penas»!
A relação das «penas» com a penalidade estaria precisamente na relação do pais da deusa das penas que era Xu, deus da leveza do ar e guerreiro emplumado, precisamente porque seria ave de rapina capaz de voar para o céu e segurar a sua filha Nut no ar! Ora, leve como uma penas deveria ser o coração do morto no tribunal de Osíris para poder subir ao céu e por uma pena se poderia perder a imortalidade o que “seria uma grande pena” tal como as “almas penadas” seriam almas perdidas por não ter “valido a pena” salva-las das “penas do inferno”!
Outras, mais aventuradas seriam “almas penadas” de antepassados relacionadas com os penates latinos.
Na mitologia romana, os penates eram os deuses do lar, adorados tanto pelos romanos quanto pelos etruscos. Os penates eram deuses responsáveis pelo bem-estar e pela prosperidade das famílias. O próprio nome penates vem da palavra penus (dispensa) penitus (íntimo). Isto por que os bens, a dispensa, da família lhes eram consagrados. Os chefes de família eram os sacerdotes dos penates de sua própria casa. Eles eram adorados no seio da família onde compartilhavam o altar da deusa Vesta, localizado no centro da casa.
Penetrate = early 15c. (implied in penetrable), from L. penetratus, pp. of penetrare "to put or get into, enter into," related to penitus "within, inmost," penus "innermost part of a temple, store of food", penates "household gods." ó Penis = 1670s, perhaps from Fr. pénis or directly from L. penis "penis," earlier "tail" (cf. Eng. tail in both senses, the sexual one slang), from PIE *pes-/*pesos- "penis" (cf. Skt. pasas-, Gk. peos, posthe "penis," probably also O.E. fæsl "progeny, offspring," O.N. fösull, Ger. Fasel "young of animals, brood"). The proper plural is penes. The adj. is penial. In psychological writing, penis envy is attested from 1924.
Tal como parece penetrar tento ressoa a introdução do pénis pela cópula numa conotação intuitiva e primitiva que imediatamente nos reporta para os deus fálicos dos pénis que os penates seriam como para a metáfora da penetração dos esposos nos interior dos lares latinos. Obviamente que entrar normal e naturalmente em casa não envolvia a força disruptiva que a penetração violenta determinaria pelo que parece lógico pensar que o termo penetração deve mais a conotação sexual e fálica com o pénis do que com o culto da virgem Vesta, dos lares dos penates
Assim, é muito possível que as «penas» das aves derivem de forma retórica e metafórica do nome dos deuses penates e estes dum arcaico ou variante italiana do mesmo deus de nome Pénis que não seria senão Pan ou Fauno!
«Penas» < L. penna < Penina < Penitus < Penus ó Pénis / Pan / Fauno.
Por outro lado, o santuário dos lares romanos seriam o coração da casa que deveria ser leve de pecados como uma pena mas…ser o tesouro doméstico que permitiria resgatar as almas penadas com o óbulo com que se pagava a passagem dos mortos a Caronte para a viagem do além, bem como o preço de sangue com que se resgatariam familiares em desgraça ou condenados à morte ou a escravidão! E subitamente se explica a etimologia de termos estranhos como «penúria» < Lat. pen-uria = miséria extrema!
Penny = O.E. pening, penig "penny," from P.Gmc. *panninggaz (cf. O.N. penningr, Swed. pänning, O. Fris. panning, M. Du. pennic, O.H.G. pfenning, Ger. Pfennig, not recorded in Gothic, where skatts is used instead), of unknown origin.
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Figura 9: Palácio da Pena em Sintra, entre «penhas, penedos e pinheiros».
Na verdade, a miséria decorreu sempre das guerras, sobretudo perdidas e por isso geradoras de pen-uria, ou seja de elevados preços de sangue que deixariam as famílias na ruína com as dispensas vazias e os tesouros familiares exauridos.
No entanto, se Xu explica a confusão entre as penas do tribunal de Osíris e as que faziam voar nas asas do vento os deuses das tempestades e das chuvas não explica a fonética das penas das aves nem, obviamente, a homografia do Palácio da Pena em Sintra, entre penhas e penedos, nem as localidades de Pinhel, entre pinhais e penedias.
Em conclusão, a pena das canetas posterior aos calamus scriptoribus derivaria das penas latinas das aves mas estas terão evoluído a revelia da tradição indo-europeia de raiz pet- por uma relação com as almas penadas protegidas pelos penates domésticos.
Pen = caneta (1) instrumento de escrever, " c.1300, de O. Fr. O.Fr. penne "quill pen, feather," from L. penna "pena, pluma" de *pet-na-, forma sufixa de báse *pet – correr depressa, voar" (veja petição). Da mesma base vem *pet-ra-, fonte do Skt. Pat-ram "asas, penas, o Gk. Pte-ron "asas".
Pet-be era, na mitologia egípcia, o deus de vingança, adorado na área ao redor de Akhmin, no Egito central. O seu nome traduz-se como Alma do Céu que de forma tempestiva seria céu zangado. Porém, Petbe pode ser uma caldeia introduzida por trabalhadores imigrantes do levante, com sendo a corrupção da frase Pet-(Ba'al), significando Deus do céu. Muito cedo os cristãos compararam Petbe ao Deus grego Cronus.
Fosse como fosse ficamos a saber que o céu, tanto em egípcio como em caldeu era Pete e que Pet-be seria afinal o nome do céu diurno e a alma de Xu, esposo de da deusa hipopótamo I-pet < Kiket, que não seria senão Nut, o céu nocturno. É interessante verificar que o nome do deus vivo crocodilo do Egipto era Petsuchos, com o significado de filho de Sobeco (Grec. Σοῦχος), seja porque Pet significava tanto céu como filho por ser Xu apenas isso, o “deus filho”.
Assim sendo, a semântica das penas das asas dos indo-europeus era semita e relativa aos deuses do céu que para o poderem ser teriam que voar e ter asas e penas!


[1] Petasos, [petannumi] a broad-brimmed felt hat, chiefly used in Thessaly. Also in representations of Hermes.
[2] Provincianismo da região de Foz-Côa para carapuça, seguramente o verdadeiro nome da boina basca! Notar que «barrete» e «garruço» podem ser meras variantes do mesmo termo que, contrariamente à opinião oficial, deve ter origem basca!
«Barrete» (< ? It. barretta, solidéu ?) < War-(u)r-et < Kar-ur-ash > Gar-r-ush > «garruço»!
[3] Charlton T. Lewis, Charles Short, A Latin Dictionary.
[4]"lights," Microsoft® Encarta® 99 Encyclopedia. The Concise® Oxford Dictionary, 9th Edition. (c) © Oxford University Press. All rights reserved.

HÉRCULES & GERIÃO 10º TRABALHO DE HÉRCULES – “O GADO DO GIGANTE GERIÃO”, por Artur Felisberto

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Figura 1: Hércules luta pela posse do gado tartéssico de Gerião

O autor deste vaso parece que teria estado na posse do segredo do elo semântico entre a “luta de Hércules & Gerião” e o episódio da “luta entre Apolo & Hércules pela posse do trípode sagrado de Delos”. O primeiro seria manifestamente muito mais arcaico. Hércules seria de facto o deus solar anteriormente adorado como “macho dominante” e campeão da Deusa Mãe, antes de Apolo ter liderado na Grécia o movimento do controlo da política do patriarcado que havia sido iniciada no império babilónico com o mito da gigantomaquia liderada por Marduque.

Ora, é bem possível que estejamos perante um mesmo mito da luta de gerações entre o sol diurno e o sol posto, contado numa nova versão só que agora já com interferências lendárias relativas a um conflitos de poder religioso relacionados com cultos solares em competição pelo controlo do santuário da Deusa Mãe de Delos.

The Irish Druidical rites manifested themselves principally in sun worship. Their chief god was Bel or Baal -- the same worshipped by the Phœnicians -- the god of the sun. The Irish name for the sun, Grian, is, according to Virgil, one of the names of Apollo -- another sun-god, Gryneus. Sun-worship continued in Ireland down to the time of St. Patrick, and some of its customs exist among the peasantry of that country to this day.[1]

«Grão» < Lat. Granus ó Lat. *Gryneus.

Gaelic. Grian < Gerião < *Ker-yon > Helyon.

Ishkuran ó Kaurishan < *Ker-jon < Karillon > «caralhão e carrilhão».

> Gerião < Grian < Karian < Kary(-An), a deusa dos cárias e das cariátides

> Kali!

É obvio que neste contexto do “roubo do gado de Apolo”, em que o sol apolíneo é Gerião, Hércules tem o papel de Hermes, ou seja um deus dos mortos como Osíris, que adquiriu a imortalidade por ter sido liberto do jugo dos infernos pela deusa da aurora. Então, Cacos empresta o papel a Bato (< Watho < Caco), transformado por Hermes na “pedra de toque”, neste caso com um significado em que Hermes constitui o triunfo do crepúsculo sobre a luz do sol! De facto, se podemos considerar o mito do roubo do “gado de Gerião com a uma óbvia versão do mito do roubo do “gado de Apolo” então Hércules foi, como se demonstras, Hermes e Apolo foi Gerião. Que este gigante foi agente dum mito solar fácil seria demonstra-lo.

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Figura 2: Luta de Hércules com Apolo pela posse do trípode sagrado de Delos.[2]

Todas las leyendas relacionadas con los orígenes de la vida, atribuyen su generación a la acción de una divinidad solar que, de fuerza o de grado, traslada a nuestro mundo su propia potencia vital.

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Figura 3: Hércules & Gerião, que num dos escudos expõe o trípode de Delfos como se fora apolíneo.

De este modo, o bien el Sol se aviene a fertilizar a la Tierra, o bien la intervención de un hijo suyo, deseoso de sucederle, provoca la mutilación y muerte del astro rey, con su consiguiente caída sobre nuestro Planeta y el alumbramiento de la vida al calor suyo.

Resulta significativo y muy esclarecedor el que a la hora de precisar el lugar en el que se habría producido esa supuesta caída de los órganos fecundadores del Sol sobre la Tierra, todas las fuentes y todas las versiones señalen a la Península Ibérica como la favorecida por ese suceso trascendental, del que en definitiva habría de derivarse, en opinión del hombre de la Prehistoria, la propia configuración de la especie humana. De este modo, unos suponen a Gerião - el Sol - siendo postrado por Hércules sobre la geografía española. Otros, como Silio Itálico, pretenden que Inaco fue postrado por Hércules sobre las tierras de Iberia - Inaco significa Sol y es nombre derivado de anaco: cisne-. Y unos terceros, en fin, suponen que el dios sol Faetón, también llamado cisne, se habría ahogado en algún lugar determinado de la propia Península Ibéria.

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Figura 4: Atenas dá assistência estratégica a Hércules na sua luta com Gerião.

Sea como fuere, al dios Sol le es amputado, bien un testículo o bien el miembro viril, el cual cae a la tierra hincándose en ella. Esta es - sencillamente - la explicación a los menhires y a los obeliscos.[3]

De este modo, unos suponen a Gerión - el Sol - siendo postrado por Hércules sobre la geografía española. Otros, como Silio Itálico, pretenden que Inaco fue postrado por Hércules sobre las tierras de Iberia - Inaco  significa Sol y es nombre derivado de Anaco: «cisne» -. Y unos terceros, en fin, suponen que el dios sol Faetón, tambien llamado cisne, se habría ahogado en algún lugar determinado de la propia Península Ibéria.

Figura 5: Escudo de Gerião com cabeça solar de Medusa.

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Gerião era lit. «Sr. Ger(ra), ou seja, o rei de Xerez e do Gerez» e/ou o deus da guerra dos ibéricos?

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Figura 6: Hércules & Geras

Na mitologia grega Geras é o deus que personificava a velhice e que era tido como parceiro e prelúdio inevitável de Tánatos, a morte.

Hércules morreu jovem e casou-se no céu com Hebe, oposto de Geras, razão porque alguns vasos gregos do século V a. C. mostram cenas de Hércules lutando e vencendo Geras, feito que nenhum outro deus conseguia pois Afrodite apenas retardavar a velhice.

É muito possível que o mito da luta de Hércules & Geras resulte de uma confusão de Geras com Gerião.

Geras tenía un templo en Atenas y un altar en Cádiz, donde la profunda religiosidad de sus habitantes les hacía rendir culto incluso a la muerte.

Inti < Inaco < *Ninaco < Anu Kaku > Kikan-ish > Kicanes => «Cisne»

Faetón < Phiat an > Phiaton > Piton.

Gerião, um mito solar correlativo de Inaco, seria o sol do meio-dia em oposição ao sol-posto que seria Geras, o deus da geriatria.

Nalgumas variantes deste 10º trabalho de Hércules, Gerião é confundido com outro monstro, Geros, termo que era também o genérico grego para velho de que deriva o termo gerontologia.

Tudo pode ser verdade no vasto campo das incertezas, até a hipótese tão plausível quanto outras, de os deuses terem começado a nascer junto à Foz do Côa.

Se Geras tinha um altar em Cádis onde era adorado em conjunto com a Morte é quase seguro que estamos em presença dum culto a Gerião, literalmente o deus Geras e que seria seguramente a metáfora do pôr-do-sol.

Tinha 3 cabeças por ser um trisquel solar alado e ser por isso um gigante megalítico.

O nome do monte de Gibraltar seria Monte Carpe possivelmente por ser uma corruptela de Khepri (também Kheper, Khepera, Khepra, Khepre, Khepere) particularmente na variante de Cher-ti na forma de magnífico «chibo» solar alado.

O mais plausível é ser verdade que, só na aparência, é que a Ibéria não participa nos alvores da história porque estas paragens deveriam fazer parte do império marítimo cretense e deve ter sido apenas em resultado do cataclismo de Akrotiri, que ditou a sentença de morte deste império, que o ocidente se separou temporariamente do oriente que a época moderna começou a juntar de novo visto não se encontrar completamente junto ainda! O certo é que o gado dos Tartéssios seria o mais famoso dos tempos antigos precisamente talvez por se ter iniciado nas Ibérias a domesticação do “touro de raça”, segundo alguns aficionados, único no mundo!

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Figura 7: Nesta representação (colorida pelo autor) do combate entre Hércules & Gerião confirma-se o carácter titânico deste deus alado e sobretudo a sua natureza de deus solar de três cabeças que eram as três fases do dia. Notar que no Egipto Khepri era Sol da manhã e Atum o Sol poente enquanto Hórus era o sol do meio-dia.

Como o infixo -ão pode cair nas palavras derivadas enquanto genérico de grande, grande senhor, deus, deus do céu, céu e possivelmente sol, teríamos Ger- como nome nuclear que em grego seria próximo de Geranos, a dança das cegonhas o que nos permite relacionar este deus com Velchano / Vulcano ó Hefesto, deus das aves solares migratórias, as cegonhas, os cisnes e os grous!

Gerión < Kerion < Keiron ó < Cher-ti < Khepri.

< Kaur-An, “o grande Animal Guerreiro, o Touro do Céu!

                              > Xer-yan < Ker-Ishan > Wer-Kan > Velcano.

Gerião era um deus solar ibérico de origem minóica.

Seria na Ibéria Xer(ish) o deus da serra minhota do Gerez e da região andaluza do Xerez.

O xerez (em castelhano jerez e inglês sherry) é um tipo de vinho fortificado, licoroso típico da Espanha, envelhecido no sistema de soleira. Seu nome é derivado da região onde é elaborado, Xerez da Fronteira, em castelhano Jerez de la Frontera. 

El nombre latín clásico de Asta Regia, sin conexión con el nombre actual, se aplica a una antigua ciudad que se encuentra hoy en Mesas de Asta, a unos 11 km del centro de Jerez. 

El nombre castellano actual viene de la forma árabe Sherish.

Su nombre se remonta a la existencia de una Xera fenicia, Sèrès, luego intensamente romanizada con el nombre de Ceret, aunque su localización es desconocida todavía. Fue en la época romana cuando tuvo una gran importancia la ciudad de Asta Regia, cuyos restos arqueológicos se encuentran en la barriada rural de Mesas de Asta.  

(…) Además de la producción y comercialización de vino, también se cultivan frutas, cereales y hortalizas y se cría ganado vacuno y equino, siendo su Mercado Central de Abastos referencia en la comarca.

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Figura 8: desenho de um vaso grego com uma representação helenística de Gerião com as trás cabeças do sol e com duas suásticas ao peito, óbvios símbolos do movimento solar na abóbada celeste.

Seja como for, Gerião, o «Giro», seria desta região de Jerez de la Frontera e nela teria o seu gado vacum e as suas cearas e por isso seria parédro de Ceres.

«Giro» < Lat. gyru < Gr. gýros, circulo, s. m. volta; • rotação; (…) • passeio; • (…) • serviço de policiamento; • adj. (gír.) bonito, catita; (…).

O mesmo étimo Ger- terá ficado em «grão» e Granada e talvez em Córdoba.

O mesmo étimo ger- aparece em termos muito arcaicos como o sumério Din-Gir e o egípcio Net-Ger e também em muitas variantes berberes como sejam o nome de Tanger e da Argélia bem como nos nomes do Nilo e do Níger.

Argélia < Algéria < Arabe: al-Jazā’ir < Tamazight: Dzayer > Thjaier

< Ta-Ger ó Ka-Wir > Kabile (Argélia) ó Awjila (Líbia).

El término "Gibral-tar" proviene de la derivación española del nombre árabe Jabal Tar-iq, que significa 'montaña de Tariq', refiriéndose al Peñón de Gibraltar.

El peñón de Gibraltar era una de las Columnas de Hércules y era conocido en épocas antiguas por los griegos como Mons Calpe, el otro pilar era el Mons Abyla o Jebel Musa del lado de África del estrecho de Gibraltar. En épocas antiguas estos dos puntos marcaban el límite del mundo conocido, un mito de origen fenicio.

El Monte Musa, en árabe Yebel Musa, en bereber Adrar Musa, es un promontorio de 851 msnm, situado en el norte de Marruecos junto a la costa del Estrecho de Gibraltar.

Se considera una de las Columnas de Hércules junto con el Peñón de Gibraltar, en la Península Ibérica, identificándose con el monte Abyla o Abila, una de las dos Columnas de Hércules.

Scalp c.1300, presumably from a Scandinavian source (though exact cognates are wanting) related to O.N. skalli "bald head," skalpr "sheath," from the source of scale (n.2). Fr. scalpe, Ger., Swed. skalp are from English. The verb meaning "to cut off (someone's) scalp" is recorded from 1670s, originally in reference to N.Amer. Indians. Related: Scalped; scalping.

Scale < O.Fr. escale (12c., Mod.Fr. écale) "scale, husk," from Frankish or some other Germanic source, from P. Gmc. *skælo "split, divide" (cf. O.H.G. scala "shell," Goth. skalja "tile," O. E. scealu "shell, husk), from PIE root *(s)kel- "to cut, cleave, split" (cf. L. culter "knife," scalpere "to cut, scrape;" O.C.S. skolika "mussel, shell," Rus. skala "rind, bark," O.E. scell "shell").

Ing. scalp (= troféu de guerra índio feito da pele do crânio dos inimigos)

< escalpo > Escalpar < escalpelar < dissecar com escalpelo < Lat. scalpellu.

Obviamente que o escalpe enquanto termo específico do troféu de guerra índio veio das histórias dos índios durante a colonização americana mas só por mero pedantismo se fixa a história do termo por aqui porque pelo menos em português já havia por cá termo cognato que era nem mais nem menos o «escalpelo» anatómico com que se faziam «escalpes» nos cadáveres e se fazem “carecadas” aos magalas infractores. Este acto já não é chamado de escalvada porque o termo ganhou o sentido de tornar calvo e estéril mas já deve ter sido assim em latim em que scalpere teria sido primeiro algo parecido com «escalar» o peixe com um cutelo (< culter ) enquanto o escalpelo seria usado especificamente para cortar cabelo que como também faziam cirurgia acabou escalpelo cirúrgico! Porém este refinado instrumento de dissecação ficou sempre com «cabelos» pelo delongado uso por barbeiros rústicos.

«(Es-ca-l)avrar» < Cast. d(es-ca-la)brar, ferir na cabeça

< *scal(a)prare < Lat. scal-p-ere < scal-pillu = escalar o pelo = cortar o cabelo

                                                     > Escalvere > escalvado = careca.

Assim, Gibraltar seria em latim apena o que parece ser, um Monte escalvado e escarpado, Mons Calpe, sem nenhuma referência próxima aos pilares de Hércules que de facto deveria então ter nome cristão latinizado próximo dos topónimos congéneres italianos Monte Calvo e Moncalvo.

Como passou de um mero monte escalvado, como soem ser os montes calcários do sul mediterrânico a Gibraltar um nome cheio de sugestões a altar sagrado das cobras da deusa mãe da aurora ou a monte de cabras é algo difícil de saber quando afinal nem de gibões…porque os macacos ali serão recentes e importados do norte de África! Até parece que vamos à procura de história etimológica antiga de vez em quando somo traídos pelas aparências românticas dos lugares e da sua toponímia e deparamo-nos com banalidades modernas como parece ser a etimologia de Gibraltar…que oficialmente remonta à época da invasão árabe de Península Ibérica o que nos deixa um pouco desconsolados mas ainda assim de pé atrás! Como é possível que o morro miticamente mais famoso da antiguidade tenha nome banal de general árabe berbere quando o gémeo do lado oposto do estreito tem nome alternativo Adrar Musa, em homenagem ao profeta Moisés muito anterior aos árabes? De qualquer modo, Adrar Musa já não também Adrar Abyla do outro lado do mar. Tarik, como todos os generais com sorte parece estar cercado de lendas.

O numismata Claudio Amato, ex-presidente da Sociedade Numismática Brasileira, conta que o general teria mandado cunhar moedas mostrando uma linha sinuosa, em "S", representando o seu tortuoso caminho, em comemoração a sua vitória. E os traços verticais do cifrão?

Aí é que entra Hércules, o semideus responsável pelos 12 Trabalhos mais impressionantes do mundo antigo. Em um desses trabalhos, Hércules abriu caminho rachando ao meio uma montanha com apenas um golpe de maça - assim conta a mitologia. Deste episódio veio o apelido do Estreito de Gibraltar, que separa a África da Europa: Colunas de Hércules. Amato, então, liga o cifrão a tudo isso: "nas moedas, os dois traços representam as colunas atravessadas por Táriq na campanha para a conquista". HISTÓRIA DO DINHEIRO, Newton Freitas.

No entanto, nas representações mais comuns o cifrão reporta-nos para as colunas de Hércules como sendo a grade cifra do escudo espanhol.

Estando a cristianíssima monarquia espanhola, tão ligada à coluna de Hércules porque razão teriam mantido o nome árabe da coluna que se encontra no seu país? Por a terem perdido para os Ingleses ou porque à época o nome árabe de Gibraltar já era mundialmente conhecido?

En o "Liber Regum" en parlan: A la sazón que regnaua el rei Rodrigo en Espanna uinieron d Affrica el rei Aboali z Abogubra. Et era rei en Marruecos el rei Amiramozlemin, & estonz uino Taric en Espanya & arribo a Gibaltaric.

En o "Libro de las Cheneracions", relacionato con l'anterior plegan a fer servir a ch d'a grafía moderna: Entonz beno el rey Teric en Espaynna, et aribó a Chibal Taric: por eso ovo nombre Givaltaric, ço es el mont Taric.

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Figura 9: Armas da coroa de Espanha

Figura 10: Emblemas de Carlos I en el Ayuntamiento de Sevilla

No entanto, a adaptação original de Gibil-terra nas línguas italiana, Gibartar em ocitano e o turco Cebeli-tarık, ainda que excepções únicas que parecem confirmar a regra, levantam a suspeitar de que o nome do Monte Carpe (de Geriao, Cher-ti ou Khepri) não seria unânime nos tempos pré-Arabes.

D'après la mythologie grecque, c'est Héraclès qui a érigé les colonnes d'Hercule composées des deux promontoires séparant l'Afrique de l'Europe : le mont Calpé en Europe et le rocher Abyla en Afrique. Dans l'antiquité grecque, le rocher est aussi associé à Briarée, un des Hécatonchires.

Dans la mythologie grecque, les Hécatonchires (…) ou, dans la mythologie romaine, les Centimanes (en latin Centimanu-s, « qui a cent mains », de cente-nus, « cent » et de manu(s, « main ») sont les trois fils d'Ouranos (le Ciel) et de Gaïa (la Terre). Ils se nomment Cottos, Gyès (ou Gygès) et Briarée (ou Égéon).

Quer dizer que Gibraltar antes de ter sido Monte Carpe teria sido Monte de Egião Briareu que acabaria na corruptela *Giber de que, quem sabe, não terá surgido o nome da Ibéria e a primeira parte do nome de Gibr-altar. O culto muito arcaico deste deus peninsular ficaria marcado em Portugal nos cultos de S. Gião e possivelmente terá influenciado a fonética de Gerião. De qualquer modo as colunas de Hércules eram na mitologia Egípcia os membros da deusa Nut, a Nix grega, mãe primordial dos primeiros deuses e de todas as coisas que quotidianamente paria o sol nos montes da aurora e o devorava ao pôr-do-sol. Assim, a oriente as colunas da deusa mãe seriam as portas do paraíso na forma de colunas dos grandes lábios vaginais da entrada das grutas gregas e das pirâmides Egípcias. A ocidente seriam os lábios da boca devoradora da deusa da morte negra (Ki-)Ker, no Egipto Taveret e mais conhecida na Anatólia por Cibele que os turcos, seguramente por memória bizantina, mantiveram no nome de Cebeli-tarık e os italianos, que tinham a memória sub-cultural do grande império Romano, recordavam com ressonâncias sibilinas e telúricas em Gibil-terra. Se Gibra- é de facto a cifra ofídia e telúrica que se enrola nas duas colunas de Hércules é muito provável que já tivesse este nome no tempo dos visigodos sendo já então denominada Gibr-Altar, literalmente o monte / altar / «meseta» de Gibra…ou Giber.

«Altar» < Lat. altare (ó Talar < Cat. aula (= mesa) < Athlar

> Adral, monte em berbere.

Na verdade, mesmo segundo a etimologia oficial não é fácil ir de Jabal Tar-iq ou jabal al-Tariq a Gibraltar num tempo tão curto e recente como foram os sete séculos da história da reconquista em que os cristãos só não mudaram os nomes às localidades reconquistadas que de há muito conheciam como tal!

Tariq < Tarif < Tarib

Jabal al-Ţāriq > Jabel-al-tarib > Ib-je-ber-al-tar > Jeib-ber-al-tar > Jibr-altar.

Vai-se lá mas por voltas tão sinuosas como as do cifrão que supostamente Tariq ibn Ziyad teve que dar para chegar a Espanha.

A suspeita de que o mito fundador de Gibraltar é lendário e marca sobretudo a memória traumática da perda prolongada da Andaluzia para às mãos dos árabes é grande! Quando a esmola é grande o pobre desconfia! Na verdade, por mais méritos Tariq ibn Ziyad tenha tido na conquista de Espanha a verdade é que Gibraltar é um morro demasiado pequeno para ter ficado a dever o nome a tão grande homem e no entanto de valor tão místico e arcaico que não tivesse nome próprio muito antes de Tarik. Pois bem o sucesso da lenda de Tarik deve-se ao significado que este nome tem em árabe próximo da estrela da manhã que já aparecia de forma sugestiva no nome do monte Awila oposto a Gibraltar!

I was procrastinating the other day and intrigued by our conversation on the meaning of the name Tariq. When I first started looking I found definitions such as; the 'night visitor', or 'evening caller'.

Secondly I started finding the definition 'morning star' a lot. This confused me and had me think of Venus so I kept looking.

There are 6 other variants of the name; Tarek, Tareq, Tarick,Tarik, and Tarique. They should all be the same. Tariq Ibn Ziyad was the Islamic military leader that helped conquer Spain for the Moors. The rock of Gibraltar was named for him it means Mtn. of Tariq.

Anyway 'Al-Tariq' is the title of the 86ª surah of the Quran. The most literal translation I could find was 'A night visitant which is a knocking star' It seems most people have taken their meanings from various transalations of the 86ª surah instead of from the meaning of the word taraqa: knocking.

I liked the definition that converts knocking to pulsating. Etymology is a hobby of mine, I hope you found some interest in this post. [4]

Quem sabe se do outro lado do mar os berberes não chamavam ao monte de Gibraltar o “Morro da Estrela”, a deusa mãe da Aurora! A palavra árabe tarik, também significa «regra» possivelmente pela mesma razão semântica que veio a significar em português «tarifa» enquanto “pauta de preços e direitos alfandegários” mas a partir da relação etimológica com «estela» < Lat. stela < Gr. stéle, coluna, “a pedra vertical monolítica, em que os antigos faziam inscrições ou esculturas”…e registavam as «regras» e faziam as pautas de preços.

 

Ver: VACAS / NATURA (***)

 

A forma como certos nomes, etimologicamente correlacionados, aparecem dispersos apela para a possibilidade de estas se tratarem de reminiscências fósseis relacionadas com espécies linguísticas dominantes durante alguns largos tempos por força da memória colectiva cultivada por poderosas dinastias religiosas.

El significado etimológico del nombre de la ciudad ha sido largamente discutido en la historiografía no existiendo en la actualidad consenso al respecto. El primer nombre conocido para la población es el de Corduba otorgado bajo la forma de Colonia Patricia Corduba tras la fundación romana de la ciudad en el siglo I a.C. y que se supone anterior. Dado que la primera aparición de Córdoba en textos antiguos hace referencia al establecimiento de un puesto comercial fenicio en las inmediaciones de la ciudad, se ha dado un posible origen semítico al topónimo. De este modo Qorteba vendría a significar molino de aceite, para algunos autores, o bien ciudad buena a partir de Qart-tuba para otros. Otras etimologías hacen referencia a la existencia de un asentamiento íbero indoeuropeo anterior a la llegada de los fenicios considerando que la terminación uba es ampliamente conocida en Hispania significando bien colina o bien río, referido como Oba el antiguo nombre del río Guadalquivir, siendo Kart-Oba la "ciudad del Oba".

O nome de Gerião e Córdoba estão neste grupo! Gerião por ter feito parte do culto dominante à deusa Ker / Ger do tempo arcaico dos deuses Dingir e Netger. Córdoba por ser uma antiga cidade cartaginesa que fazia jus à origem cretense da cultura fenícia e porque no seu suposto étimo –oba, para rio nos reportar para uma época em que a civilização europeia megalítica ia da Ibéria à Sibéria onde fica a bacia hidrográfica do Obi, a maior da Ásia.

Obviamente que o étimo –oba não passa de variante do berbere oede de Odemira e uma evolução em dialecto de Gua e Côa a que apenas *Gaudi, o deus da Catalunha, dá sentido enquanto senhor do espírito vital (ka) das água que se escoam serpentinas nos rios.



[1] THE IRISH COLONIES FROM ATLANTIS. http://www.sacred-texts.com/atl/index.htm

[2] Rectificação e restauro cibernéticos, do autor.

[3] Acerca de la Zeltiberia, del investigador D. Jorge María Ribero-Meneses SanJosé.

[4] http://tribes.tribe.net/banat-tariq/thread/9d8a8aee-f7ad-4dcd-945f-72809e2bf073#2ff2e41b-b3bd-47e8-ae79-1f3e5fee949d