Figura 1: Foliões num vaso grego.
«Folia» s. f. dança rápida ao som do pandeiro em que entra muita gente; • pândega; • folguedo. < (Fr. folie, loucura) <???> «(eu)foria» < Gr. euphoría < eu, bem + phorós, = portador (de objectos sagrados nas festas carnavalescas de Dionísio) = «folião» = • s. m. farsante; • folgazão; • histrião; • dançarino;
É óbvio que é muito duvidosa a etimologia de «folia» perante a «euforia» dionisíaca dos «foliões» carnavalescos com a qual se assemelha muito mais do que com as loucuras francesas.
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Figura 2: Detalhe infernal do tríptico “O jardim das delícias” de H. Bosch.
O louco e a gaita-de-foles; a luxúria e a folia caricata num delirante negativo à luz da culpabilidade cristã medieval.
«Folgar • < Lat. follicare, v. tr. dar folga a; • dar descanso a; • alargar; • desapertar; • pôr à vontade; • v. int. ter descanso; • divertir-se; • «foliar»; • gozar;
«Folia» • (Fr. folie, loucura), s. f. dança rápida ao som do pandeiro em que entra muita gente; • pândega; • folguedo.
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Fool (n.) c.1275, from O.Fr. fol "madman, insane person," also an adj. meaning "mad, insane," from L. follis "bellows, leather bag," in V.L. used with a sense of "windbag, empty-headed person". Cf. also Skt. Vat-ula- "insane," lit. "windy, inflated with wind." ó «fút-il» / «Vaz-io».
Portanto, é na tradição grega das festas carnavalesca que deve ser encontrada a etimologia da euforia dos foliões do carnaval e de outras farras e festanças e não na folie francesa que seria uma conotação «foleira» se não fosse o prestígio pedante da língua dos afrancesados trazidos pelas invasões francesas.
COMOS
Figura 3: Dionísio dando de beber a Comos, o “deus menino”!
Filóstrato, o Velho, imagens 2 (trad. Fairbanks) (retórico grego 3º sec. a. C): "[ uma descrição Ostensiva de uma pintura grega antiga em Neapolis (Nápoles):] O espírito Komos (Comus) (Folia), a quem os homens devem os seus festejos, está parado à entrada de uma câmara – de portas dourada, penso eu mas para as fazer é uma lenta questão, por o tempo actuar supostamente durante a noite. No entanto, a noite não é representado por uma pessoa, mas sim pelo que é sugerido estar acontecendo e a esplêndida entrada indica um rico par de recém-casados deitados num sofá. E Comos acabou de chegar como jovem para se juntar aos jovens, delicado mas já adulto, corada pelo vinho e, embora erecto, ele acaba adormecido sob a influência da bebida.
Enquanto dorme reclina o rosto sobre o peito pelo que a garganta não é visível, e eleva a mão esquerda até à orelha. (…)
E o que há mais a revelar? Bem, que mais senão os foliões? Não ouvem as castanholas e a nota estridente da flauta e o canto desafinado? As tochas dando uma luz fraca suficiente para que os foliões possam ver o que está à sua frente, mas não o suficiente para que possamos vê-los. O estridor das gargalhadas aumentando e as mulheres correndo junto aos homens, vestindo sandálias masculinas e roupas em estranha moda de cinta apertada, pois a orgia permite que as mulheres se mascararem como homens e os homens possam trajar de mulher e macaqueiem a caminhada das mulheres. As suas grinaldas estão já murchas, mas esmagadas na cabeça por conta da corrida frenética dos dançarinos que já perderam a sua aparência alegre; porque o espírito livre das flores despreza o toque da mão levando-os a murchar antes do tempo."
O que é mais fascinante na descrição de Filostrato e o carácter actual das pândegas gregas que em muto pouco diferiam das modernas excepto no lado travestido que os modernos reservaram para o carnaval.
Figura 4: Foliões e uma flautista. (Desenho de vaso grego da obra “Collection de vases grecs de Mr. le Comte de Lamberg” de Alexandre de Laborde).
Komos (ou Comus) era o deus da folia, pândegas e festas. Ele era o filho e o copeiro do deus Dionísio. Komos foi retratado tanto como um jovem alado, ou como um satyriskos (sátiro infantil) com patê de calvície e as orelhas de burro.
Kama - o deus hindu do érotisme, do desejo sexual e do amor apaixonado (na «cama»)!
Figura 5: Cena de um grupo de foliões ou Komos retirada de uma representação de um vaso grego. (Furtwängler-Reichhold, Griechische Vasenmalerei colorido ciberneticamente pelo autor.)
Un como (en griego antiguo κῶμος, kỗmos) era una procesión ritual festiva en la Antigua Grecia. Se puede definir como un grupo de hombres en movimiento comunitario. Las prácticas precisas que este término bien atestiguado en la literatura griega comprende son confusas. (…)
Se trataba de una expresión de sociabilidad no confinada únicamente en la esfera de las prácticas religiosas públicas, como por ejemplo las Dionisias, las Faloforias y otras celebraciones unidas al importante culto de Dioniso; si no que a veces se presentaba como una forma de ritual privado, que participaba en festividades como las celebraciones nupciales, y estaba estrechamente unido a importantes prácticas sociales como los banquetes. En este dominio, el como daba rienda suelta al deseo de frenesí y de jolgorio que seguían a las prácticas convivales; constituía un importante componente de la vida social de la Antigua Grecia. (…)
Tal relación es sugerida y confirmada por Aristóteles, referida a la derivación etimológica de κωμῳδία, de κῶμος y ᾠδή/ ôdế, «canto».
Sin embargo, Aristóteles, en la tercera parte de la obra, evoca también la tradición de que el término komoedia derivado de kom-, provenía del término que en dialecto dórico indicaba el pueblo, en el sentido geográfico. En tal caso los orígenes de la comedia habría que buscarlos en los espectáculos y en las farsas mímica megarienses que se desarrollaban, justamente, en los pueblos. Sin embargo, permanece oscuro el saber a través de cuáles voces, las formas expresivas del «canto de la juerga», o de la pantomima, se desarrollaron en la Comedia griega antigua de las Dionisias del siglo VI a. C.
Figura 6: Komos de foliões masculinos retirada de uma representação de do mesmo grego da figura anterior. (Furtwängler-Reichhold, Griechische Vasenmalerei colorido ciberneticamente pelo autor.)
Neste caso, a origens da comédia seria olhar para os espectáculos e as farsas mímicas de Megara, que tinham lugar precisamente nas aldeias. (…). A metamorfose da piada, popular e improvisada num verdadeiro género teatral viria a acontecer na Sicília.
El helenista español, Francisco Rodríguez Adrados, de común acuerdo con Wilhem, interpreta el término κῶμος «como el conjunto de coros y celebraciones de los concursos de las Grandes Dionisias (el ditirambo, la tragedia, la comedia y el drama satírico)», a tenor de la investigación lingüística del primer fragmento de las didascalias de los concursos de estas fiestas, fragmento recogido en IG II 971. Afirma que el coro de las tres manifestaciones teatrales son «comos, que frecuentemente entran en la orquestra entonando himnos, plegarias y súplicas, cantando luego trenos o peanes impetrando o celebrando la victoria, bendicen o maldicen, todo ello con escarnio o alegría desenfrenada; salen cantando el éxodo, a menudo ejecutando acciones rituales». Lo anterior le sirve para argumentar que el como no es patrimonio de la comedia y que la identificación con ésta se produjo a pesar de que el comienzo de las representaciones oficiales de tragedias en Atenas comenzaron en 534 a C., y las de la comedia en 485 a C. Infiere que el sentido de la palabra como en komoidía y su derivada kómikos pudo pues haberse producido por oposición a tragoidía y tragikós, por la razón que fuera, igual que ciertos comos se han denominado tragoidíai. Y debido a esto, el término komo en la komoidía designa a «los coros de carácter no trágico». – Wikipédia.
O hípercorrectivismo de Francisco Rodríguez Adrados não pode ser contestado senão por quem saiba mais do assunto do que ele!
Toda a gente sabe que o que começa em comédia pode acabar de maneira trágica, do mesmo modo que “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”! Por isso, não pode ser contestado por ninguém que a farsa não tenha entrado nos primeiros esboços do teatro grego de mistura com a tragédia nem que a comédia não seja tão antiga ou mais que a tragédia ainda que esta tenha começado oficialmente em Atenas quase um século antes da comédia! Porém, ninguém pode contestar que este formalismo aconteceu no seio das festividades culturais das Grandes Dionisíacas sendo por isso no seio do culto deste deus que deve ser encontrada a origem tanto dos nomes das duas grandes formas teatrais como do estranho termo grego κῶμος.
Figura 7: Cortejo de foliões cómicos. (Desenho de vaso grego de Jahn, Otto)
É evidente que tanto Aristóteles como todos os eruditos que o seguiram na busca da etimologia do κῶμος grego se esqueceram de indagar junto da comitiva de Como, o filho de Dionísio, como se deveria interpretar esta palavra, seguramente pré grega porque da mesma origem será seguramente o «comício» latino.
«Comício» < Lat. comitiu = cidadãos que se juntam para discutir assuntos de interesse público > assembleia popular entre os antigos Romanos.
Ora, o termo latino sobrevaloriza precisamente o lado popular do termo dando razão a Aristóteles que o considerava a komoedia derivada de kom-, do termo em dialecto dórico relativo a pessoas do povo.
Figura 8: Komos satírico ou o início da comédia! (Desenho de vaso grego da obra “Collection de vases grecs de Mr. le Comte de Lamberg” de Alexandre de Laborde).
Na verdade desde sempre o povo diverte-se espontaneamente muito mais com farsas brejeiras do que com representações demasiado trágicas. Não se podendo brincar com coisas sérias o povo reserva o lado dramático da vida para os entendidos e consagrados à religiosidade.
Dados os rigores económicos da época antiga e a típica frugalidade diária da alimentação de Grécia clássica os Komos eram antes de mas uma boa oportunidade para tainas, pândegas, patuscadas e «comes e bebes»! No fundo pouca diferença haveria do que depois continuou a acontecer nas festas e romarias da cristandade tão concorridas quanto divertidas como eram as romarias minhotas…e a Senhora dos Remédios e para as quais se ia cantando e dançando com o farnel à cabeça ou aos ombros.
Figura 9: Foliões gregos em marcha festiva para as dionisiácas rurais. A matrona central de cesto da merenda à cabeça é um poderoso arquétipo da fartura matriarcal. (Um dos mais belos desenhos da obra Antiquités étrusques, grecques et romaines de Sir William Hamilton & Pierre d' Hancarville)
Ver: LAMEGO (***)
«COMIDA»
De facto, o contexto do deus Comus reporta-nos para as folias populares que em tempos arcaicos
aconteceriam com carácter espontâneo sempre que o povo podia comer bem e beber
melhor em festas comemorativas fora em festividades públicas com pompa e
circunstância fosse em festanças privadas mais ou menos informais. De facto os
casamentos presididos ou não por Himeneu
serão, desde tempos imemoriais, motivos bastantes para folias de «comitivas»
intrusivas que de forma solidária e oportuna se viriam juntar à festa dos
«comensais».
A este propósito, seria interessante saber a etimologia da
palavra «comer» de uso comum que, por isso mesmo, varia muito nas línguas
latinas.
«Comer» < Lat. *comedere < Lat. edere (comer).
É, não obstante, o ponto de vista teoricamente certo. Antes
de tudo, há a circunstância de que os falantes de uma língua nada sabem
espontaneamente da história dela e a manejam apesar de tudo de maneira
plenamente eficiente. Depois, há a observação de que muitas vezes o
conhecimento histórico, aplicado à análise sincrônica, a torna absurda. Por
exemplo, port. comer vem do lat. comedere, em que com” era um prefixo com a
idéia de «reunião»; mas é claro que “com” no verbo português é a raiz e
distingue esse verbo de beber (<< deglutir um alimento sólido» versus
«ingerir um alimento líquido»); (...). Finalmente, na análise histórica
partimos sempre de uma análise sincrônica, tomada como ponto de partida (lat.
comedere, por exemplo, sem cogitar de formas anteriores indo-européias que
historicamente a explicariam). É sincronicamente que consideramos comedere =
com + ed + ere. -- Estrutura da Língua Portuguesa - Joaquim Mattoso Câmara Jr.
A verdade é que os falantes passam ao lado do que os
eruditos pensam saber com majestosa e soberana sobranceria porque se ficam
sempre por aquilo que lhe parece e assim pelo menos raramente se enganam.
Para os eruditos ibéricos comedere seria comer com o que em
latim se expressava com a raiz era con-
não se entendendo assim porque deglutir comissialmente não teria ser conedere. Os eruditos anglo-saxões
preferem derivar o termo de comedo / comedones com o significado
de comilões em que com- seria um intensificador! Como só os falantes ibéricos
usam termos derivados de comedere poderia ficar-se a pensar que os ibéricos
eram todos uns grandessíssimos glutões? De modo algum porque os eruditos é que
pensam saber tudo mas ignoram por vezes o básico que o senso comum nunca perde.
Figura 10: Banquete
(simposium) de comensais. (Desenho
adaptado da obra Darstellungen griechischer Dichter auf Vasenbildern
de Otto Jahn).
Edible (adj.) = 1590s, from Late Latin edibilis
"eatable," from Latin edere "to eat," from PIE root *ed-
"to eat" (cf. Sanskrit admi "I
eat;" Greek edo "I eat;" Lithuanian edu "I eat;" Hittite edmi
"I eat," adanna "food;" Old
Irish ithim "I eat;" Gothic itan, Old Swedish and Old English etan,
Old High German essan "to eat;" Avestan ad- "to eat;" Armenian utem
"I eat;" Old Church Slavonic jasti
"to eat," Russian jest "to
eat").
Obviamente que os latinos não usavam o termo comedere quando degustavam de forma
«comedida» < co(n)-medida a porção «edível» dos alimentos! Seguramente que
os latinos ibéricos também não pelo que *comedere
deve ser um termo tomado de empréstimo do latim pelos eruditos como
intermediário de algo que nunca careceu de mediação! Na verdade, os ibéricos
seriam naturalmente comilões em tainas e festanças que já eram conhecidas por
cá como algo próximo de «comida» pela via da tradição grega de Komos.´
Na verdade, a ideia de que «comida» deriva do que é «comido»,
pelo verbo «comer», é absurda! Na mente do falante antes do acto de comer vem a
«comida» que depois de consumida já não é nada senão fezes! Os objectos
concretos não derivam de acções abstractas mas é antes coisa a inversa a que
ocorre!
«Comer» vem de «comida» e não de comedere que, como adiante se verá, pode ter derivado dum nome
divino comum.
Figura 11: Banquete (simposium) de comensais do
mesmo vaso da figura anterior.
«Comer» < com(d)er < comider < «comida» + ere <
«comida»?
Obviamente que a «comida» em sentido retórico seria tanto os
alimentos como o momento e acção e comer presidida por Comos, o filho de
Dionóisio e deus da fraternidade e liberalidade comicial. Começamos agora a
entender porque é que os termos latinos derivados de comedere tinham a conotação de glutonaria dos banquetes festivos.
Também agora começamos a suspeitar que ou comedere ou Comos terão que rever a sua etimologia.
•comĕdus,
glouton.
•cŏmes-tĭbĭlis, mangeable,
comestible.
•cŏmes-tĭo, action de manger.
•cŏmes-tŏr, mangeur,
consommateur.
•cŏmes-tūra, action de manger.
•cŏmēs-(t)ŭs, action de manger.
Três termos com a mesma raiz para a acção de comer parece
imaginação demais de quem especula que seria de menos a dos falantes latinos!
Obviamente que a acção de comer e o que é comido se confundem possivelmente na cŏmestūra, no momento do acto de comer, cŏmēsŭs, e lugar da comida, que seria o cŏmestĭo...e
de que derivou o termo comício.
«Comício» < Lat. comitiu = cidadãos que se juntam para discutir (com “comes e bebes”) assuntos de interesse público => assembleia popular entre os antigos Romanos.
Reparando bem verificamos que todos os termos latinos
relacionados com comedere revelam a raiz comest-
muito próxima do nome do deus Comos.
Sendo assim, é legítima a suspeita de que comedus e comedere se teriam afeiçoado para parecerem com tendo a etimologia com-ed-ere. Mas o facto de não ter sido
*con-ed-ere reforça a suspeita de estarmos perante uma falsa etimologia.
«Comer» < *come(s)dere
<= Comos + ter.
Não há que ter grandes dúvidas de que Comos era a mesma
divindade que ente os hindus foi Kama.
De resto, Comos não foi uma
divindade grega muito diferenciada porque partilhava um terreno comum aos Erotes e a Potos.
Kama - o
deus hindu do érotisme, do desejo sexual e do amor apaixonado (não
penas na «cama»?)!
Comus < Kaumus
< *Ki-Ama-ush, literalmente o filho de *Kima > Kama.
A relação da deusa mãe Kima com a comida está nos olhos de
todas as mães, senhoras dos segredos da cozinha e donas de casa.
Para concluir, no fundo o povo comum reúne-se espontaneamente com alegria sempre que há comes e bebes e quando os tempos eram rudes e de carestia inventavam justificações míticas para o fazerem em feriados e dias fastos dedicados aos deuses da devoção corrente. As “festas dos rapazes”, mais próximas das actuais festas académicas, seriam momentos de diversão juvenil que na Grécia se formalizaram em festas dionisíacas e deram origem ao tão formalizado e comercial carnaval moderno.
Figura 10: Foliões dionisíacos. (Desenho de vaso grego da obra “Collection de vases grecs de Mr. le Comte de Lamberg” de Alexandre de Laborde).
Figura 11: O Komos público mais comum dos gregos era o cortejo carnavalesco das festas dionisiácas que acabavam quase sempre em bacanais.
Assim, ainda que a comédia e o drama sejam aspectos formais eruditos do lado espontâneo da vida comum e popular há que não esquecer que o nome do κῶμος grego e dos comícios latinos estão relacionados inegavelmente com o nome do deus grego das folias que era Como. Se entre os gregos este deus presidia sobretudo as folias dos casamentos entre os hindus o seu equivalente fonético Kama é mesmo o deus do amor.
Figura 12: Dança satírica em que o culto fálico aparece explícito como componente natural das festas de acasalamento que os bacanais eram inevitavelmente. (Desenho de vaso grego manipulado e colorido ciberneticamente pelo autor)
Como foi que se ligou semanticamente o amor hindu com o amor casamenteiro grego para acabarem no lado popular dos comícios latinos?
Seguramente por meio da simpatia que a festividade gera entre comensais e comitivas que partilham a mesma mesa e a proximidade da cama muito antes da mesma fé que em tempos arcaicos era mais geral e comunitária que particular e familiar!
“Everyone is dressed in their finest robes and bedecked with jewels; gaiety prevails. First are the bearers of the amphora of wine and the vine branch. Next is the leader of the sacrificial billy goat, who prances along happily. Then a young woman, the Basket Bearer (Kanêphoros), bejeweled and adorned in her best finery, carries forward the sacrificial basket of figs, that most sexual of fruit. Behind her are the strong Phallus Bearers (Phallophoroi) carrying the giant Phallus on a platform that holds it erect at an angle. It is a long red pole, which is wreathed in ivy and has two eyes painted on the sides of the head."
O Phales, comrade revel-roaming
Of Bacchus, wanderer of the gloaming,
Of wives and boys the naughty lover,
Here in my home I gladly greet Ye,
The worst of winter nearly over,
And press You with my bold entreaty.
The Priest is followed by the bearer of the pot of vegetables and by the other men and maidens. (Although married women participate in the sacrifice and revels, they are not in the procession, but watch it from the sidelines. In this festival the men are in charge, whereas the women dominate other Dionysian festivals.
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Figura 13: Andor fálico na procissão das falofórias.
Figura 14: Hefesto com o fogo dos grelhados, Dionísio com o vinho e Pan com a música, eram os três componentes masculinos que nunca faltavam a um divino, bem comido e melhor regado, bacanal.
Nem por mero acaso a «cama» aparecia no megaron grego tanto para dormir como para comer.
> κῶμος => «comédia».
Como < Kama < *Ki-ma / Ki-mesh > Ashma ó Fumo / Fama.
«Comida» ó Lat. come | Kom- | dere < ter | > comi-tiu > «comício».
Lat. domus < κῶμος < Kom- > Lat. com-marca > «comarca».
=> Nomos egípcio por Numes ó Anumes.
/ Numes por Κῶμος?
Ver: KIMA (***)
Na Ática, que nos interessa mais de perto, havia os seguintes tipos de festivais dionisíacos:
Lênaias rurais; as grandes festas das Anthestêrias e as Oskho-phorias urbanas.
1 - As Lenhinas eram literalmente as “festa da lua”, os festivais rurais dos tonéis de vinho, aproximadamente em Janeiro, porque não há luar como o de Janeiro nem amor como o primeiro. O termo grego Lenhia poderá ter a ver com a lenha com que se faziam as fogueiras de Inverno
2 -As Antestérias seriam literalmente as “festas em honra da deusa mãe, Antu”, que só não eram as “Maias” por serem realizadas aproximadamente em Fevereiro e Março, e, que por isso mesmo, seriam o equivalente das festas carnavalescas dos gregos e a antecessora da Páscoa. No entanto faziam parte dos cultos Eleusinos da Deusa Mãe Deméter. Era o mais antigo e grandioso dos festivais dionisíacos e por isso também chamadas de "Velhas Dionisíacas".
3 - As Oscofórias poderiam ser literalmente as “festas do «deus menino», (Dioniso, filho de deus do fogo que era Hefesto”). Este festival da colheita das uvas, realizava-se aproximadamente em Outubros, quando havia uma corrida de rapazes levando ramos de parreiras.
Lenhinas < Ren-Kinas < Uran-kian-as
Renaia < Rênaya < Uran-aya,
Antes-térias < Antu ishtauria.
Osco-fórias < | Auskau < Kaukisco | kauria.
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<= Figura 15: Hermes ictifálico.
Far happier 'tis to me and sweeter,
O Phales, Phales, some soft glade in,
To woo the saucy, arch, deceiving,
Young Thratty, buxom country maiden,
As from my woodland fells I meet her,
Descending with my kindling laden,
And catch her up and I'll entreat her,
And make her pay the fine for thieving.
O Phales, Phales, come and sup,
And in the morn, to brace you up,
Of joy you'll quaff a jovial cup.**
Now the men have set up the Phallus outside the sanctuary where the comic dancers will dance around it
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Now we worship You as Orthos, He Who Stands Erect. And when they place two rocks or full wine skins at the base of the Phallus, then we will know the God is Enorkhos.
En-or-khos < An Or-thos
Or-thos < Aur-teo(s) < Lit. deus Kar > Caristos ó Iscur,
Enorkhos = ἐνόρκιος = Voto, juramento?
They say that Dionysos and His Divine Phallus are always together, and so He is with us here at the sanctuary.
Inside the sanctuary we hear the Priest call out
"Euphêmeite! Euphêmeite!").
The Basket Bearer comes forward and with a ladle spreads sauce on the cakes that have been brought for the God. The Priest prays to Dionysos:
'Tis well. Lord Dionysos, grant me now
To show the show and make the sacrifice:
As Thou woulds't have me, I and all these folk;
Then keep with joy the Rural Dionysia;
No more of striving now. And may this rest
Restore our souls and answer to our hopes.
Before he sacrifices the goat, the Priest says:
You, the Goat, who is the God, came and ate the fruit-bearing vines, but now the root shall bring forth grapes in abundance, and we will have sufficient wine to pour over you in this sacrifice. The women trill the shrill "Ololugê" and the goat is slaughtered."
EUFHMEITE = Speak no evil < *Kau-kima-tu!
Este grito "Ololugê" parece-se foneticamente com o «Aleluia»!
Ver: ALELEIA (***)
Figura 16: A festa do vinho ou "o regresso de Hefesto".
Figura 17: Continuação da anterior festa do vinho agora com "Dionísio e os sátiros". (Restauro cibernético feito pelo autor a partir de fotografias de Maria Daniels, "courtesy of Harvard University Art Museums" para o "Perseus Vase Catalog", de uma bela cratera grega mas muito danificado, atribuída a Kleophrades.)
Na base da estátua de Zeus, Olímpia, Fídias colocou as doze divindades olímpicas em pares formados por um deus e uma deusa, como companhia da Hestia retratou Hermes, deus do comércio. Há entre eles uma relação profunda: de amizade e afinidade de função. Hestia era a deusa do fogo e o paredro fonético e funcional de Hefesto.
Figura 18: Bacantes seguindo Dionísio e as sacerdotisas de *Kafura. Rectificação feita ciberneticamente pelo autor.
Figura 19: Hermes preside a uma folia de «panascas» < panish-kas, lit. «almas dos filhos de Pan»???. Rectificação feita ciberneticamente pelo autor.
Porém, no Verão celebravam-se na Grécia as festas chamadas Oscophoria, obviamente um culto agrícola relacionado com as uvas temporãs.
Figura 20: Dionísio o deus da erecção viril dos gregos.
Nestas festas dionisíacas os herma eram cerimoniosamente vestidos e coroados ficando com o aspecto de “espantalhos de palhas”. Deste modo fica-nos a suspeita de que, mais do que para espantar os pardais por mecanismo que, de facto não seria muito plausível em etnologia animal, a verdade é que os espantalhos (< ish panta allyum, festa “das fogaças e dos fogachos” em honra de todos os deuses do fogo, e a que Hefesto cerimoniosamente presidia) seriam, tal como os palhaços (< palliakius) , rastos mnésicos degradados de cultos a deuses fálicos antigos!
PALLIUM
ou A PROFANAÇÃO DOS FALOS.
O “santo dos santos” de qualquer procissão católica é o «pallium» que como vimos deriva a sua razão de ser do brilho triunfal do sol no étimo de halya de que veio o «alho» sempre tão ligado à boa sorte e à protecção contra vampiros.
Ver: APOLO KARNEIOS (***) & LUPUS (***)
Quer isto dizer que, debaixo do palio da vitória, era ostentado o sagrado corpo do deus dos exércitos. Os cristãos ostentam a hóstia consagrada na luneta da custódia que tem a forma áurea e resplandecente do sol de Mitra! Mal sabem os cristãos que sob o mesmo palio se ostentava outrora o mesmo orgulho resplandecente de deus Kar que era o Phallyum.
Figura 21: No fim dos bacanais carnavalescos faziam-se votos de vitalidade viril a Hermes / Dionísio. (Elite des monuments ceramographiques da obra de Charles Lenormant & Jean de Witte).
O Falo de Sacar seria, de facto, o santíssimo sacramento (< o fermento ou o poder mágico da fertilidade de Sacar ) e daí a referência clássica ao deus Phallo (> Pallas Atenas) como paredro de Dioniso.
Figura 22: Bacanal ou o Hierogamos de Dionísio & Ariadne. (Museo Archeologico Nazionale, Naples)
As características especiais de Dionísio acabaram por atrair outros seres a princípio de origem heterogénea tais como os Sátiros, seres com características animalescas que representariam forças vigorosas da natureza, paixões e emoções da mente humana. Em geral são representados como covardes, sensuais, livres e bem-humorados e com um pénis em permanente erecção.
Figura 23: Também os homens jovens, (orgulhosos da potencia jecundi), prestavam homenagem ao falo de Hermes / Dionísio.
Havia também os Silenos, sátiros velhos, bêbados e lascivos. Já as Bacantes ou Ménades eram entidades femininas, às vezes ninfas, às vezes mulheres, que tomavam parte no cortejo de Dionísio com os cabelos soltos e enfeites florais e cuja forma de contacto com a divindade era o êxtase, o entusiasmo. Vemos igualmente associados a Dionísio os Centauros, representantes também da força e do vigor natural e amantes da embriagues e finalmente Pan, deus da vida rural.
Evidentemente que, não sendo os judeus os únicos a ter o interdito do nome próprio de Deus, P de Pan ou de «pénis» foi apenas um artifício para ocultar o nome do divino «caralho» de Kar (< *Karallyum, “a festa e o gozo de Kar”, cobra solar, que alada por conseguir voar no céu durante o dia, já que de noite navegava numa barca no mar primordial?). Inicialmente teria sido também T ou D de teos ou deos pois deve ter havido uma forma em thalyum de que vem o «talo» das plantas, como da forma em D vieram as «dálias»…os «galhos», e os «alhos» que não se devem misturar com os «bogalhos» (J!).
Em boa verdade devemos estar em presença dum mito intelectualista que encobre a tradição mais arcaica das colunas fálicas da deusa mãe presentes na porta dos leões micénica e que em Gibraltar eram de Hércules e, de bronze no Templo de Salomão. Retorcidas como as cobras da sensualidade vieram a tornar-se as colunas salomónicas em estilo barroco de Bernini.
Mas…, se tal aconteceu terá sido bem mais tarde depois de ter sido esquecido o nome do deus oculto no Pálio < Pallium.
Sem o hallyum apenas restava o P de «pénis». Este seria genitivo, de tal modo que Phalyum se torna a sorte (lat. alia) e orgulho do «Pê», do deus Pan.
Tudo leva a crer ter começado pelo som Phi dos Ofídios do culto da Grande Deusa a Terra Mãe, culto este que Moisés respeitou por estranha ordem divina:
«--- Faze uma serpente ardente e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido, olhando para ela, viverá». Números, cap. 21 8
Ora, um poste com uma píton é um pálio e era no pau levantado ao alto que se efectuava o «empalamento» dos condenados.
After the Egyptians abandoned the mine in the Timma Valley (some thirty kilometers north of the Gulf of Aqaba) during their decline in the twelfth century BC, the Midianties converted the temple into a shrine of their own for a while...In the makeshift Holy of Holies of the shrine, the excavators found only one object, perhaps the most intriguing object of all Timma-tiny, beautifully molded copper serpent with a gilded head, the ancient fertility symbol of the Middle East. It immediately called to mind the 'serpent of brass' of Moses (Numbers 21:9), which later became such an object of veneration." - Magnus Magnusson, BC - The Archaeology of the Bible Lands.
"Cut down the asherah: and he broke into pieces the bronze serpent that Moses had made, for until those days the people of Israel had burned incense to it; it was called Nehushtan." - 2 Kings 18:4
Nehushtan < Nephushtan < *Nephiat An => Neptuno. De resto, esta tradição dos cultos fálicos entre os judeus manifestou-se ainda nas estranhas colunas de bronze que ladeavam a entrada do santo dos Santos do templo de Salomão. De facto, é sabido que um dos símbolos antiquíssimos da deusa mãe era formado por duas colunas fálicas. E são duas as colunas das armas de Espanha tal como eram dois os pilares de Hércules levantados em honra da deusa mãe da terra da Ibéria à entrada do estreito de Gibraltar (< Kiwra-Altar, lit. «os pilares do altar da Kiphura»). Sendo a cobra um animal solar e Atum o próprio deus sol, metade homem metade serpente como Abzu, então: Ophideo < O Phi Deo < Phi + Atum = Deo => Phitom Cobras, falos e pilares eram símbolos antiquíssimos relacionados com os cultos da Grande Deusa Mãe e de seu filho amantíssimo, ora o deus menino do sol da alvorada ora o amante morto nas guerras quotidianas do sol posto.
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Figura 24: Vaso grego. Sem comentários!
Atum = A primordial god that was represented in the form of a human and a serpent. The version of the Egyptian god Amon who creates Shu and his sister Tefnut via masturbation (or expectoration). (Sumeria) A creator god in Mesopotamia, later called Ea. => Aten (Aton) = The Pharaoh Akhenaton decreed him to be the one and only god in his attempt to establish a monotheistic religion.
No entanto, tudo leva a crer que esta tradição arcaica derivou para o culto do «Filho de Deus» nos cultos de fertilidade agrícula onde Eia/Enki = *Enkur/Kur/*kaukur foi:
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Sacar > Saturno e Ósiris, no Egipto, Damuz
< Thami-Chu < Ki-Ama-ish, lit. o “filho da deusa mãe *Kima”
= Tiamat) na Caldeia,
Adonis < At-An-Ish, lit. «filho de Anat/Atena», na Síria e
Atis [< At-(An)-Ish] na Anatólia! E depois, Jesus Cristo
< Jehu *Karestos <
(Kiwe Kurish, o filho do deus do fogo do inferno) no cristianismo.
No Egipto o Pitom sagrado era um dos símbolos do terrível poder dos faraós, chamando-se «Uraeus» (< Uraneu) pela sua relação com os deuses uranianos. A cobra teve uma relação tão intima com Deus desde os começos da humanidade que existe a forte suspeita de ela ter sido o próprio Urano. De facto Gr. Ourá = cauda porque urá foi cobra, pois…
«Cobra» < Cupra, < Kap ura na = cabeça da cobra, campeã!
Hermes, Pane Dionísio eram os únicos deuses gregos que reunia ainda na sua simbologia alegórica e mítica este arcaico papel de «divinos filhos da Mãe» e da tradição solar de Aton!
Cupra, por ser da cor do cobre ou foi o cobre que recebeu este nome por ser da cor da cobra e ser extraído de Chipre, ilha das Cobras da deusa mãe cretense? Estranho, no entanto que de caupra > Capra tenha vindo a cabra, fêmea do bode ligado aos cultos caprinos (dionisíacos, báquicos e saturninos, carnavalescos, etc) de que o diabo herdou o aspecto e a má fama!
O santo padroeiro das festas do fogo de S. João tem todo o aspecto de ser o sucessor de Apolo não apenas pelo lado de Jovanes baptista, o mandaenos e gnósticos, mas pelo lado de Jovani, o evangelista do amor que foi o amado/eromeno de Jesus.
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Figura 25: Hermes ao lado da cobra enroscada ao falo do mundo (omfalos?)!
The Ophites "made a very special cult of these reptiles: they kept and fed them in baskets; they held their meetings close to the holes in which they lived. They arranged loaves of bread upon a table, and then, by means of incantations, they allured the snake until it came coiling its way among these offerings; and only then did they partake of the bread, each one kissing the muzzle of the reptile they had charmed. This, they claimed, was the perfect sacrifice, the true Eucharist. "Where is it - in the Dionysiac orgies, in the cult of Asclepios, or in the mysteries of Sabazios which, according to Arnobius (Adversus nationes, V.21), also made use of the image of the serpent - that one must look for the origins of such practices? Or do they not remind one even more of the cults of certain pagan sects which made a special cult of the serpent of the constellation Ophiuchus (if we are to believe the Astonomica of Manilius, 5; 389-93)? Like our Ophites, these adepts held the reptiles to their breasts and caressed them, as living symbols of the celestial image that they worshipped." - Jean Doresse, The Secret Books of the Egyptian Gnostics.
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A este propósito deve ser referido que o povo católico ibérico manifestou sempre um certo desdém pelo rigor da hagiologia já que era a melhor forma de iludir e convencer o clero a festejar os mitos tradicionais mantendo deste modo um paganismo mascarado de cristão. Assim se compreendem as confusões frequentes de S. João que é Baptista porque os bispos o determinaram mas, porque o seu ascetismo cairia mal numa festa desbraga, o povo trocou-o pelo que é evangelista.
Mantendo-lhe a roupagem ascética deram-lhe ares de pastor com o cordeiro pascal ao colo pois o evangelista apelava na sua epístola para os cristãos exclamando:
-- “ovelhinhas do meu rebanho”!
Ora, a verdade é que estamos perante uma manifestação da arcaica tradição do “Bom Pastor” iniciada por Hermes Crióforo.
Ver: HERMES CRIÓFORO (***) & PANASQUEIRAS (***)
[NB The following passage is from an early Christian writer's critique of the pagan gods.] "Phalloi are consecrated to Dionysos ... This is the origin of these phalloi. Dionysos was anxious to descend into Haides, but did not know the way. Thereupon a certain man, Prosymnos by name, promises to tell him; though not without reward. The rewards was not a seemly one, though to Dionysos it was seemly enough. It was a favour of lust, this reward which Dionysos was asked for. The god is willing to grant the request; and so he promises, in the event of his return, to fulfil the wish of Prosymnos, confirming the promise with an oath. Having learnt the way he set out, and came back again. He does not find Prosymnos, for he was dead. In fulfilment of the vow to his lover Dionysos hastens to the tomb and indulges his unnatural lust. Cutting off a branch from a fig-tree which was at hand, he shaped it into the likeness of a phallus, and then made a show of fulfilling his promise to the dead man. As a mystic memorial of this passion phalloi are set up to Dionysos in cities. ‘For if it were not to Dionysos that hey held solemn procession and sang the phallic hymn, they would be acting most shamefully,’ says Herakleitos." - Clement of Alexandria, Exhortation to the Greeks 2.30.