segunda-feira, 17 de junho de 2013

LUPERCALIAS E A LOBA DOS ROMANOS, por artur felisberto.

"Luperca, mais frequentemente usado no plural, Luperci,-orum, isto é, Lupercos, é o deus Lobo. Sobre o assunto não há mais do que simples hipóteses. Admite-se que a palavra tenha origem em lupus, lobo, e em arcere, afastar, repelir, donde "aquele que repele ou protege dos lobos". Na realidade, Luperco só corresponde a Zeus Lykaîos, o Zeus Lobo dos gregos, um dos deuses teriomorfos. O plural, luperci, Lupercos, designa uma confraria de sacerdotes, encarregados de celebrar o culto do deus Luperco, ou Fauno, mais tarde assimilado a Pã, associado à fertilidade. Estas celebrações chamavam-se Lupercalia (as Lupercálias). São festividades nitidamente romanas. Não se encontram práticas semelhantes noutras tradições indo-europeias, como escandinava, védica ou céltica, nem sequer nas práticas indo-iranianas. Perdeu-se completamente a memória da sua origem – e nem mesmo os romanos dos séculos anteriores à era cristã se lhe referiam. Os sacerdotes das lupercálias sacrificavam um bode; depois tocavam na fronte de dois rapazes nobres com uma faca ensanguentada como se fosse a memória de um homicídio sagrado. A seguir limpavam a nódoa com lã molhada em leite. E então dava-se início a uma orgia, em que os lupercos, os membros da confraria, percorriam Roma a dançar. Usavam chicotes, feitos com a pele da vítima imolada para açoitar as mulheres. Os Romanos acreditavam que esta prática tornava os casais mais fecundos e as famílias mais numerosas.

clip_image001Figura 1: Lupercalias.

A ideia de que Luperco derivaria de lupus, lobo, e em arcere (afastar, repelir, donde "aquele que repele ou protege dos lobos") é uma das muitas derivas racionalistas tentadas na época da impiedade helenística. Na verdade, Lupercus deve ter sido um deus dos ligures e o que faz perder a cabeça aos etimologistas clássicos é a passagem latina de lupus a lupercus sem que se encontre pelo caminho a verdadeira face do “deus que transporta a luz” dos infernos que Luperco foi.

Fa-uno tinha já este sentido enquanto “senhor da luz” e Príapo, deus das festas dos alhos-porros e do “carallium” poderia ser também o que transporta a “luz do deus menino”!

«Ligur» < Ly-Kur + ki-ush > Lu-Ker-Kus > Luperco.

                                                      > (Zeus) Ly-ka-îos

Luperco < Lu-pher-ku = Lu-ku-pher > Lúcifer ó Pher-jaco > Príapo

=> Luwu > «Lobo».

=> Laukiash > (Apolo) Loxias, Lyceus > Lician. => «licantropia».

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Ver: APOLO LÓXIAS (***) & PRÍAPO (***) & ISCUR (***)

 

Na verdade Luperco, literalmente o lobo / urso ou orco ou seja uma verdadeira redundância como adiante se verá era apenas uma variante itálica do nome de Apolo / Anpu, que, se calhar, teria tido pelo caminho outra deriva fonética no nome de Príapo, mais apropriado para estas escandaleiras orgiásticas que já eram as lupercais, mesmo aos olhos dos pragmáticos e estóicos helenistas amolecidos pelas promiscuidades permitidas pela prosperidade da pax romanorum.

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Figura 2: Lupa. Imitação de bronze etrusco da época dos reis que foi símbolo nacional de Roma por ser alusiva ao mito da loba que aleitou Rómulo & Remo.

Em boa verdade, o único fundo histórico deste mito seria a frequência com que, na falta de aborto seguro, os filhos indesejados se solteiras e prostitutas (lupas) eram abandonados, a probabilidade de que matronas estéreis os recolhessem os enjeitados e a inevitabilidade de jovens mães de posses mas, sem leite, darem os filhos a uma ama que os amamentava.

Não nos podemos no entanto esquecer que as Lupercais não seriam senão a variante romana entre muitas outras que terão existido nesses tempos em vários recantos do império e que sobreviveram até aos tempos modernos no nordeste transmontano nas “festas dos rapazes” do solstício de Inverno. Ora, neste contexto, talvez esteja errada a afirmação de que “não se encontram práticas semelhantes noutras tradições indo-europeias, como a escandinava, a védica ou céltica, nem sequer nas práticas indo-iranianas”. Nas indo-iranianas é possível que já não existissem arcaísmos como as festas dos rapazes que teriam sido substituídas pelos cultos de Mitra. Mas entre os escandinavos existiam as “Hostes Furiosas”, séquitos fantasmagóricos de guerreiros mortos conduzidos pelas Valquírias que atroavam os céus nocturnos em tenebrosa cavalgada. Os melhores exemplos desta Manner-bünde nórdica são os Ulfe-dnirs («Pele de Lobo») e os “Berserkirs” («Pele de Urso») que se cobriam de peles de animais, viviam todos juntos, dedicados a Odin, variante estranha de Dionísio que estes grupos de guerreiros transformaram num deus guerreiro e soberano. Luperco, afinal, teve quase este nome na Irlanda.

Leprechaun, in Irish superstition, a pygmy sprite sometimes inhabiting wine cellars, sometimes farmhouses, and aiding in work; possesses treasure which human may get by keeping his eye fixed on sprite [1]

Luperco. Este antigo deus itálico, amigo dos pastores e protector dos rebanhos contra os lobos, foi rapidamente assimilado pelos Romanos a Fauno; de pois, após a conquista da Grécia, com Pã da Arcádia. A festa das Lupercalias era celebrada em sua honra para evitar a esterilidade feminina.

Este deus dos pastores teria sido uma mera variante do deus caprino dos sumérios que era Iscur, antepassado de Lúcifer e de Apolo Loxias. Porque protegia os rebanhos contra ao lobo seria também uma mera homenagem aos canídios.

 

Ver: LÚCIFER & ISCUR (***) & LAMEGO (***)

 

Iscur, o “deus dum cabrão” metamorfoseou-se assim no deus lobo que no Egipto foi Anpu. Apolo e Anpu seriam a mesma realidade semântica e partilhariam também parte do património étmico.

Enki < *Anu-Ku > Anwu > Anu-pu

                                             º Lu-pu > «Lupus»

                                                            = Pu-lu + Ka => Ka-pu-lu => Apolo.

                                                                            ó Luku (Lucas) > Loxias, etc.

Wolves in Legend and Literature:

For centuries the wolf has been depicted as a symbol of fighting prowess, courage, and endurance. Beowulf, the legendary Anglo-Saxon hero, named himself after the wolf, and North American Indians used the name for their most powerful warriors. There have been numerous stories of wolves that have raised human children from infancy, as in the famous story of Romulus & Remus.[2]

A tradição da civilização romana revela alguns aspectos interessantes em relação com arcaicas mitologias fundadoras. Desde logo no nome da cidade, pois Roma dever o seu nome imortal aos gémeos Rómulo & Remo!

Quanto à veracidade dos nomes estes são seguramente uma invenção lendária recente tecida sobre reminiscências de arcaicas e repetitivas tradições de gémeos míticos primordiais Lahmu & Lahamu.

Lahmu & Lahamu < *Urki-Ama/*Ur-Kima > Rakima + Anu (ish), lit. os filhos de Lahmu & Lahamu.

Lahmu & Lahamu, os deuses primordiais da epopeia babilónica da criação, seriam as divindade que estaria relacionada com a primeira das três, também míticas, tribos fundadoras da cidade de Roma, os Ramnes ou Ra-M(i)nos!

Este nome deve corresponder a uma entidade mítica muito arcaica relacionada com cultos mágicos e curandeiros em torno de *Ur-Kima, a Deusa Mãe. De facto, neste nome podem ouvir-se ressonâncias de Artemisa. A verdade é que no capítulo sobre esta deusa se pode dar conta de que o poder curativo das «lamas» e das águas termais andaram relacionada com esta deusa e deram fama e prosperidade a cidades que em Portugal vieram a ter nomes como Lamas. Em Itália terá acontecido o mesmo com Roma, seguramente a cidade ocidental de mais famosas romagens senão para terapêutica do corpo pelo menos para cura das almas. Os «lamas» tibetanos terão tido esta mesma origem étmica. O divertido seria se na génese da fundação da cidade eterna estivessem estado antepassados os ciganos que a si próprio se chamam de romanes e cujos elementos masculinos que e andaluza tanto gostam de se chamar por Ramon na Espanha gitana.

Então, na Roma dos Ramnes, já não estranhamos que Carmine tenha sido nome dos livros sagrados das artes divinatórias dos augures pois que *Kar-Minus pode ser uma referência às formas arcaicas dos cultos de Artemisa, a deusa das cobras dos minóicos. As restantes tribos eram os Tities (< *Kiki-ish => citas ?) e os Luceres (< Lukaures > Ligures, homens de Ceres ou de Kar ou seja, filhos da lavoura do cereal dourado pela luz do sol!).

Carmenta; (= Car + menta, as que sutentam e aleitam Kar, o sol?) Mother of the Camenae; aka Postverta. A goddess of prophecy Prophecies in verse (Camoena; Singing) and midwifery; she also brought the art of writing to her land. She was said to assist a woman in labor and to tell the future of the newborn. Camena (plur., Camenae); water nymphs; prophecy; Very prevalent in Roman myth.

 

Ver: GÉMEOS (***) & LYCIAN APOLLO (***)

 

(...) I do not happen to believe that the term employed in many IE languages for "lion" [*lewi(n)-] is a borrowing from Semitic (cf. Hebrew la:yish, "lion") principally because the IE forms show -n in most instances; and because I cannot conceive of the early IE's residing in an area totally without large felines, obviating their need to borrow a word for the concept with which they were already familiar. I do not believe -liuna-s can reasonably be interpreted except as a reflex of *lewin-, whether it is IE or a borrowing from a nearby Semitic source.

O ponto dois só reflecte os escolhos em que cai a etimologia racionalista tradicional quando se arrisca a fazer leituras literais antes do tempo próprio dos termos arcaicos ou quando coloca a lógica divina de pernas para o ar! Na verdade, toda esta pequena literatura enferma dum óbvio subjectivismo apriorístico e preconceituoso, quase a raiar o anti-semitismo como sói ser apanágio dos adeptos do mito das línguas indo-europeias, mas a verdade é que a falta do «n» no la:yish hebreu pouco ou nada demonstra. Primeiro porque o hebreu foi apenas uma das línguas semitas e depois porque nada impede que esta, por ser derivada dos falares acádicos, tenha perdido o «n» pelo caminho, na senda da natural simplificação a que tendem todas as línguas e que se manifesta sobretudo nas mais ricas e elaboradas como terá sido o caso das que mais cedo acederam à cultura escrita nas árias de influências das grandes civilizações semitas do crescente fértil. Porém, a crítica mais directa a este raciocínio reside no facto se ter a miopia de imaginar que o horizonte temporal do nascimento das línguas remontaria aos escassos quatro mil anos antes de Cristo, tempo a partir do qual se admite o aparecimento dos supostos povos indo-europeus, quando a verdade é que até este suposto facto será um mito. Na verdade terão sempre existido povos nómadas nas estepes centro-europeias de que terão surgido tanto as chamadas raças caucasianas como as sino-mongólicas. Quanto aos semitas não estaremos a falar senão de uma zona de mestiçagem (sem qualquer conotação ofensiva) entre o alfobre rácico euro-asiático e as arcaicas raças africanas. Ora bem, nem seque seria necessária a existência de leões árcticos para se ter formado o conceito relativo aos grandes felinos pois, bastaria lembrarmo-nos dos grandes felinos siberianos, alguns já fósseis como os tigres de dente de sabre que, quando brancos, eram animais apolíneos por antonomásia.

It is related by Ovid that Lykaon, king of Arkadia, once invited Zeus to dinner, and served up for him a dish of human flesh, in order to test the god's omniscience. But the trick miserably failed, and the impious monarch received the punishment which his crime had merited. He was transformed into a wolf, that he might henceforth feed upon the viands with which he had dared to pollute the table of the king of Olympos. From that time forth, according to Pliny, a noble Arkadian was each year, on the festival of Zeus Lykaios, led to the margin of a certain lake. (...). The epithet Lykaios, as applied to Zeus, had originally no reference to wolves: it means "the bright one", and gave rise to lycanthropic legends only because of the similarity in sound between the names for "wolf" and "brightness." Aryan mythology furnishes numerous other instances of this confusion. The solar deity, Phoibos Lykegenes, was originally the "offspring of light"; but popular etymology made a kind of werewolf of him by interpreting his name as the "wolf-born." The name of the hero Autolykos means simply the "self-luminous"; but it was more frequently interpreted as meaning "a very wolf," in allusion to the supposed character of its possessor.[3]

Como se vê existe uma lógica de influência mutua que faz com que as bestas selvagens, quando brancas, se encontrem sempre relacionadas com deuses da luz, mormente quando deuses do sol. No tempo em que os animais falavam os homens conheciam a sua personalidade duma forma muito mais intuitiva do que hoje e já então sabiam que quem detinha o poder guerreiro da caça era a leoa e, por isso mesmo, foi sempre esta, e não o leão o animal de estimação das deusas mães! Nesta lógica simbólica o leão não necessitou de ser branco! Bastou-lhe ser selvagem e animal totémico da deusa mãe, relacionado com o arcaico poder do matriarcado, para acabar, pela via enviesada dos símbolos do poder, em animal solar dos tempos patriarcais.

Que o étimo *Ly- aparece na nomenclatura de vários animais é um facto:

«Lince» < lat. lynx < lyanish (º lionês) = semelhante a Lyan ou seja, ao deus Ly, o Lião!

«Licranço» < Lykaurancius.

«Lagarto» < lyacarto < lykauratus, etc.

Sem mais rodeis os o étimo *ly parece reportar para o lado selvagem da vida animal de que os leões são os reis. Que o nome dos felinos deriva de *phielan é óbvio mas o porquê disso já não o é tanto. *Phielan, que terá sido durante milénios o deus supremo tornou-se no nome genérico da chefia divina pelo que a realeza leonina tornava-o candidato natural frequente a deus supremo e, por isso a Phielan > Phelian (> Helion = O sol!) > felino? Quanto ao nome do leão deve ser procurado na genealogia de Elyon de que também deriva o étimo *elan- dos veados sagrados! Por essa mesma razão o étimo *ly- deriva também de Elyon = senhor deus altíssimo!

Ora bem, a etimologia do étimo *Ly- so pode ser:

Phielan > Pha-lian (> Kerian > Helion = O sol!) > Lat. falinu > «felino».

*Lyn- <Elan < Lil An < Ilan < Uran.

Lynkeus < |*Lyn- < ilan < Uran| + | Keus > Zeus|.

One of two sons of Hypermnestra and Lynkeus, Akrisios and his brother Proetos were fierce rivals from an early age; they did, in fact, hate each other, so much so that, when they were both grown, Proetos fled to Lycia, while Akrisios stayed in Argos.

La-sa

> Elsa < Elkia

< Lasha < Urash

Lu-sa

> Lukia > «Lúcia»

< Lusha < Urash

Ly-nsa

> «Lynce» < Ly An Ka < Ulkian

< Lu-An-ash, “lit. filha da Sr.ª Lua” < Uranish ou Urrânia  e filha ou esposa de Urano

De todo o modo o étimo *ly- acaba por vir a fazer parte dos conceitos a respeito da natureza selvagem:

Lvsa [Dea Dia or Lynsa silvestris?]: Goddess of Field and Forest. Lvsa is also a Tutor Finium. Lasa, an assistant to TIN, is a Goddess of Love and Insight.

Urash era um dos nome da deusa lunar dos sumérios o que não admira pois também Diana e Artemisa eram deusa lunares e patronas da Fauna (mais desta) & da Flora (desta, mais Vénus e Afrodite). Não será assim por mero acaso que Lusa / Linsa era entre os etruscos o mesmo que a latia Dea Dia, a deusa da luz clara do dia porque filha da tenebrosa Lua, deusa da Deusa mãe do nocturno luar.

A origem comum destas mitologias é evidente à luz da etimologia. Obviamente que não estaríamos à espera que, do Báltico ao Benin, tanto a semântica mítica quanto a fonética se tivessem mantido íntegras. Lisa seria a variante africana de Lux latino, de Lugo galego e do Luso lusitano. Muito possivelmente estas crenças nitidamente pré-latinas teriam sido levadas para o Benin por antigos marinheiros lusitanos ao serviço dos etruscos. Mavu seria inicialmente Micael ou Hermes (Mancípio* ou o celta Mapon, etc.!) irmão gémeo masculino do Apolíneo Liza ou Urash, o esposo de Maka Devi, e equivalente hindu da Micas lusitana e a mesma que a egípcia Mavet, a nocturna deusa da aurora, do parto e da morte. Gu seria o ebério Gua, filho da Senhora de Guadalupe, ou Mavu, a loba dos amores selvagens.

Laskowice (Leschia, derived from Old Slavonic word for “forest”) - Satyr-like forest spirits in the mythology of the east and south Slavonic peoples. They protect wild animals, and have a particularly close relationship with the wolf.

In Slavic mythology, the Leshy was the spirit of the forest. He was jealous of his forest kingdom and tried to lose travellers in its depth. He could change his shape but could always be recognised by his face which remained blue.

Lisa < Lusa < Lux(a) < Rusha < sumer. Urash (< Urkiku)

Laskowice = Lask-(owice) > Lesch(ia) > Leshy ó Etrusc. Lasa & Lvsa.

Leschi < *Urisco? > «Arisco», selvagem => *Uranisco > linx > «lince».

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Figura 3: Silvanus.

Silvano (no latim Silvanus), era um deus da Roma Antiga, das florestas (no latim silva – donde vem-lhe o nome) que mais tarde passou a ser identificado com o deus Fauno ou com o Pã grego. Alguns autores o descrevem como filho de Saturno, outros ainda de Fauno.

Sua origem é bastante obscura. Assim como Fauno, era deus puramente romano e, também como ele, tinha por atribuição proteger as atividades pastoris. Entretanto Silvano guardava os bosques e se dizia que foi o primeiro a separar as propriedades nos campos.

Apaixonara-se pelo belo Ciparisso que, convertido num cipreste fez com que o deus passasse a andar com um ramo dessa árvore. Era, ainda, músico assim como os demais deuses pastoris. Silvano gosta de assustar os viajantes que andam solitários.

Liza é uma deidade das pessoas de Fon que moram em Benin, África Ocidental. Liza esta associado com o Sol que é considerado pelas pessoas africanas feroz e severo. Liza é descrito como macho e sócio inseparável de Mawu, que esta associada com a Lua.

Mawu & Liza foram também considerados como gémeos. A unidade destes representou a ordem do universo. Diz-se que Liza mora a Leste, e Mawu a Oeste. Mawu & Liza nasceram de Nana Buluku que criou o mundo. [4]

O mito da serpente da sabedoria se não é uma contaminação cristã serôdia será de facto uma prova sobrevivente dum mito variante da criação de que teria derivado a serpente genética dos hebreus. Como é óbvio, a metamorfose mitológica terá feito da filha mão o vice-versa porque Da seria nem mais menos do que a céltica Danu ou Diana, literalmente a senhora do crescente lunar como a Senhora de Gadalupe e quase todas as Virgens Mães ibéricas.

Selvans = Silvan(u)s < Shyr-Wan, lit. “couro” ou guerreiro da deusa mãe

Ven(-us) < Kur-Kian.

Obviamente que este deus latino Silvano era uma mera variante local de uma das muitas tribos italiotas, de Luperco, Apolo ou de Zéfiro.

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Figura 4: Hércules & Silvano

A transformação dum filho de deus solar, como foi por exemplo Horus, num deus primaveril como foi o latino Silvano é fácil de compreender precisamente por intermédio dos mitos recorrentes dos deuses do Amor eterno nos ritos solares de morte e ressurreição. Marte, que foi amante de Vénus porque terá sido em tempos um deus do Amor, foi um deus primaveril e agrícola antes de ter acabado no deus mortal de todas as guerras. Já em sumério tanto ur quanto kur eram termos relativos a coisas agressivas e selvagens. Dito de outro modo, *Sil- < Ki-ur => *Ly-.

Outra conclusão a tirar é que os deuses silvestres derivam dos deuses do fogo por intermédio de Ki, deusa mãe da terra, do fogo e do lar.

 

Ver: LISBOA (***)

 

Ora, esta incursão etimológica seria mera diletância se não permitisse descortinar uma possível explicação para o fenómeno particular da licantropia, patente na mitologia popular da Grécia clássica e que está para as culturas mediterrânicas como o vampirismo paras as culturas centro-europeias. Sem mais rodeios o vampirismo é obviamente uma mitologia de mortos-vivos e pour cause uma forma abortiva de morte ressurreição e portanto, degenerada evolução dos cultos órficos. A licantropia, que chegou até à península ibérica[5], se é que não partiu tudo das culturas megalíticas que se iniciaram por estas bandas, seria uma forma menos deturpada das crenças na ressurreição física...e o rasto étmico remanescente de Anubis. E assim tudo nos reporta para os cultos Órficos dos deuses ofídios.

The Dark Sun is an irrational, chthonic stage in the transformation of Helios; he appears as the Old King, a grey-haired old man, winged and ithyphallic; he is called Phaos Rhuentes (Flowing Light) and may manifest as Leo Antiquus (the Ancient Lion). [6]

Como se vê, um dos epítetos gnósticos do “sol-posto” foi esse mesmo, o de “Antigo Leão” que é o que os pais são quando os filhos assumem o poder.

Ou, se quisermos, Hélio/Apolo era a alegoria “do poder cósmico da fera” adormecido nos subterrâneos do inconsciente colectivo que ressuscita em cada primavera tal como renasce com o renovar das gerações! Então, porque “sol-morto” = “sol-posto” é que “rei-morto, rei-posto”!

Like his sister Hecate, he may appear as a mad dog. (Jung, MC 146-149, 297-8) Similarly Apollo's epithet Lykeios may refer to him as a wolf god (Larousse 113; Oswalt 37). [7]

Ora, na mesma ressonância fonética do nome de Apolo com a etimologia leonina se poderia tropeçar a respeito do conceito teológico judaico relativo ao “Altíssimo deus omnipotente” El Ellyon! Ora, a verdade é que é o étimo do nome do leão que deve ser derivado destes conceitos e não o inverso. Aliás, existe etimologia própria para os animais selvagens a partir do étimo *Ly-, étimo este que não necessita de invocar o nome de deus Apolo ou Appalianos para se dar conta de este deriva muito simplesmente de ur < uru, sumer. guerreiro, animal selvagem, a mesma raiz de que derivou o termo sumério lu para homem, na medida em que todo o homem primitivo eram um predador ou seja, um guerreiro caçador por natureza! Na verdade,

*Lewin- < Lywian (> Libano, terra das florestas de cedros e leõs ) < Luphian (> Lupus) < Urkian (> Urço) < Karkian.

He laid the arrow on the string and prayed to Lycian Apollo, the famous archer, vowing that when he got home to his strong city of Zelea he would offer a hecatomb of firstling lambs in his honour. --- The Iliad Canto V by Homer, Translated by Samuel Butler

Outro epíteto de Apolo foi Lukios (Lycean): Paus. 1.19.3, Paus. 2.9.7, Paus. 2.19.3-7, Paus. 8.40.5, obviamente relacionado com variantes linguísticas do epíteto luminoso de Apolo a partir de Loxias e passando por Lykeios, antes referido. Este nome costuma também ser considerado como significando «peixe-lobo», em inglês Wolffish.

Pausanias Description of Greece [2.31.4] Near the theater a temple of Artemis Lycea (Wolfish) was made by Hippolytus. About this surname I could learn nothing from the local guides, but I gathered that either Hippolytus destroyed wolves that were ravaging the land of Troezen, or else that Lycea is a surname of Artemis among the Amazons, from whom he was descended through his mother. Perhaps there may be another explanation that I am unaware of. The stone in front of the temple, called the Sacred Stone, they say is that on which nine men of Troezen once purified Orestes from the stain of matricide.

Figura 5: The Atlantic Wolffish (Anarhichus lupus) is a fierce looking, but rather docile inhabitant of the North Atlantic. The big canine teeth are used for the consumption of hard invertebrates. A favorite food is the Green Sea Urchin, which the Wolfish consumes, spines and all.[8]

Ora, estranha coincidência, Lukios pode corresponder em português a uma espécie de peixes que tem literalmente tanto este nome como a fama e o proveito.

 

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De facto o «lúcio» (esox lucius) é «um peixe de água doce apreciado pela sua excelente carne» e «o mais agressivo e voraz dos peixes do novo mundo». [9]Existe ainda toda uma família de peixes chamados ofídios que tem por principal representante o «tamboril» ou peixe «gato coberto» que tem «apendices dermicos que contribuem para aumenter o aspecto horrível destes habitantes dos fundos marinhos»![10]

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Figura 6: Apkallu -- According to Mesopotamian traditions, known only from indirect references and from Berossus, Ea sent seven divine sages, Apkallu, in the form of "puradu" - fish (carp?) from the Absu to teach the arts (Sumerian "me") of civilization to mankind before the flood.

Ora, todos estes factos cruzados se encaixam na seguinte referência relativa aos filhos do deus dos mares e de todos os peixes e monstros dos abismos que nele habitam!

O parentesco destas relações étmicas com o deus Alpan das libações alcoólicas dos lupanares, com Lyban < Libens o deuses das Lupercais < Lykan e com os deuses das orgias órficas Urkian > Orfeu é evidente confirmando-se a origem heróica destas tradições a partir da época auria de Saturno.

Saturno <= Kakuran < Kurkian > Kyrwen > Silvens > Sivanus.

Lycian <Lywan < Luphan > Lupan.

                                            > Luphian > Ruphi(us) An < Urki > Urphius => Orfeu!

Like the moon, Helios has many connections with the river Ocean. After he was drowned in Ocean by his uncles, the Titans, he was raised to the heavens and made immortal. Now, at the end of each day he descends again into Ocean in the west, and travels to the east in a golden bowl, where he rises from Ocean again. [11](...)

It is the Red Sulphur (< Kurkur) , the essence of the sun, as the White Sulphur is the essence of the moon: they are the red and green lions. In Greek theion can mean either "divinity" or "sulphur," because sulphur was used for purification - a principal function of Apollo the High Priest. Alchemists say that when sun and moon unite, their rays contain Hudor Theion (Divine/Sulphur Water), the Aqua Divina or Aqua Permanens (Enduring Water), the arcane substance, the miraculous fluid or fiery medicine which separates the elements. Indeed, as the sun may warm or scorch so the Red Sulphur Water has both good and bad effects; since it reduces everything to prima materia, it is the agency of all corruption in the natural world. It is burning, coagulating, putrefying and staining (the essence of the tinctura rubea); it blackens the sun. It is the dragon and uroboros (< Kar kar rus) serpent; it is identified with Set and Typhon, and has its home in the Forbidden Sea, where the High Priestess and High Priest will suffer their Love-Death. Such is the animus, the masculine subconscious. (Jung, MC 93, 98-9, 111-2, 114, 296, A. 150, AS 67-8, 78; LSJ s.v. theion; Rulandus s.v. Aqua permanens) [12]

Proto-Indo-Europeu.[13]

??? < *wlkwo-/wlpo- < Wul-Kiwo??? <= *Kur-kiku.

Modern English

Wolf

Old English

Wulf <

German

Wolf < Wulf < Wulph < Vulk(+ An) => Vulcano.

Latin

Lupus < luphus < Grec. Lukos

Greek

Lukos/Lykos <= *Urki > Urph- > Urfeu => Wolf

Russian

Volk <*Vulk < *Kur-ki > Hurki > *Urki.

Sanskrit

Vrkas < Wurkas < *Kurk(ash) < Kur-Kish ó Iscur

Spanish / Portuguese

Lobo (< Lat. Lupus???) / < lauwe < Grec. Lukos.

French

Loup/Louve (< Lat. Lúpus) < Grec. Lukos?

Importa, no entanto, relacionar estas análises linguísticas com a mitologia lúpica do deus Egípcio Anubis /Anpu.

Anubis = Anu-| Wis (> *Anu-bios, lit. «a besta do Sr. Do céu»?) < Phis < *Anuphi-ush < Enki-ish, lit. filho de Enki, o que corresponde de facto ao papel mítico de Apolo.

Ver: LOXIAS (***)

 

E para entender alguns termos actuais, talvez convenha recordar as línguas raiz: em sânscrito chamava-se VRIKA, em persa VARKA, em grego LYKOS ou LUKOS, em latim, LUPOS, em eslavo VULKII e em lituano VILKA.

O Lobo na Mitologia

Na mitologia greco-latina encontramos vários deuses principais representados sob a forma de lobo. Mencionaremos em primeiro lugar ZEUS LYKAIOS de Arcádia, e também APOLO LYKAGENES; este último epíteto tem sido explicitado como “o da loba”, o “nascido da loba”, quer dizer gerado por Letona transmutada em loba segundo algumas versões, e assim o vemos representado em algumas moedas. Também em Cirene existia o culto a Apolo Licio, pois segundo a lenda, Apolo uniu-se à ninfa que deu nome à cidade sob a forma de lobo. (…)

Entre os indo-europeus, muitos foram os povos que surgiram a partir do lobo. Ao sul do mar Cáspio estendia-se Hircania, literalmente “país de lobos”. Em Frigia temos a tribo dos Orka (Orkoi); na Arcádia os Lyhaones; na Ásia Menor a Lucaonia. Um povo itálico, os Hirpinos, tem o lobo como animal originário; segundo Estrabón, os Hirpinos receberam o seu nome do lobo que lhes serviu de guia até ao seu novo aldeamento; diz este autor que Hirpus é o nome samnita do lobo, tradição também testemunhada por Festo. O homem da tribo samnita dos Lucanos, vizinhos dos Hirpinos, derivava, segundo Heraclito de Ponto, de Lykos, lobo em grego. -- O Grande Matador; A Mitologia do Lobo, © Nova Acrópole 2009.

Sânsc. Vri-Ka < Wir-ka < Pers. Var-Ka,

                                       < Wer-ka > eslav. Vulkii > lituan. Vilka.

Hir-pu < Hir-ka < Her-ka < Ker-Ka < Kur-ka > Hur-ki > Ru-ki

> Grec. Ly-kos > Luphos > Lat. Lúpus                            > Wul-ki.

No entanto, se fossemos aceitar a versão Anpu < *Anuphi < Enuki < Enki, actualmente proposta como a mais autentica, seriamos levados a concluir que Anpu teria sido o próprio Enki, o que só poderia ter acontecido no campo da «liberdades poética da míticas ou nos primórdios da unicidade mítica. Sendo assim, a versão grega parece ser mais consentânea com o senso comum mítico em voga na época antiga, o que só vem reforçar a ideia de que, por regra, os gregos se terão enganado menos do que se supõe a transcreverem a fonética Egípcia o que é fácil de aceitar dado o facto de a dinastia ptolomaica ter origem grega e ter governado o Egipto o tempo suficiente para aprender a falar bem ambas as línguas, tanto mais que sabemos que terão sido os últimos a escrever a difícil ortografia dos hieróglifos.

Como Anu foi Ur no Egipto e deve ter sido o mesmo que Urano na Grécia é quase seguro que foi o filho primordial da Deusa Mãe da Aurora, ou seja, Enki.

 

Ver: SUMÉRIA (***)

 

Então,

Anubis = Anpu ó Uranu-ish < Urash-Anu > Wulkan > Vulcano.

Ø    Iscur-Anu, lit. “filho de Kauran”.

Anubis poderia então ter tido a forma virtual *Uranuphis, filho de Enki e (Hepat < *Nawi-at >) Nephtis. Como corolário desta lógica mítica Seth teria sido uma forma de Enki formando com Osíris uma variante dos deuses gémeos na versão desavinda de Caim & Abel, rivalidade que na versão grega de Apolo & Hermes foi discretamente reduzida ao episódio do roubo do gado de Apolo.



[1]Excerpted from Compton's Interactive Encyclopedia. Copyright (c) 1994, 1995 Compton's NewMedia, Inc. All Rights Reserved

[2]Excerpted from Compton's Interactive Encyclopedia. Copyright (c) 1994, 1995 Compton's NewMedia, Inc. All Rights Reserved

[3] Myths and Myth-Makers: Old Tales and Superstitions Interpreted by Comparative Mythology by John Fiske.

[4] Liza is a deity of the Fon people who live in Benin, West Africa. Liza is associated with the Sun, which is regarded by African people as fierce and harsh. Liza is depicted as male and inseparable from his partner, Mawu, who is associated with the Moon. Mawu and Liza were also regarded as twins. Their unity represented the order of the universe. Liza is said to dwell in the East, and Mawu in the West. Mawu and Liza were born from Nana Buluku, who created the world. - Ardener, Edwin. 1956 Coastal Bantu of the Cameroons. London: International African Institute.

[5] Na minha aldeia natal, lá pelos anos de 1955, existia uma velha, com a alcunha familiar de Putriqueira, latinamente sugestivo fosse da sua miséria extrema fosse do principal mister de prostituição a que as mulheres desta família se dedicavam, a que o povo chamava bruxa. Bruxas eram quase todas as velhas da aldeia com saberes de rezas, mesinhas, benzeduras e fumadoras como endireitas eram os homens idosos com conhecimentos empíricos de ortopedia tal como barbeiros ainda faziam sangrias. Essas bruxas eram sempre muito velhas o que era coisa rara de ver pois nesse tempo raramente se morria de avançada idade. A velha Putriqueira entretinha-se a contar histórias de lobisomens nas esperas do rebusco, atrás dos ranchos da apanha da amêndoa para os donos da Casa Grande (< Megaron < O-Phiaur). O círculo de garotos à sua volta era sempre o maior apesar das sus histórias misteriosamente serem aterradoras e do seu ar lúgubre de mulher feia, de rosto sempre tapado por um amplo lenço preto, e da sua má fama de velha bruxa, acabava por se tornar avoenga e simpática porque as histórias que contava eram vívidas, e sempre referidas a pessoas ou a antepassados próximos de pessoas conhecidas na aldeia. Mesmo quando o diabo aparecia nos seus contos era sempre na figura de lobisomem ou, por vezes também de veado, o que muito nos espantava por ser um animal desconhecido na aldeia e que a velhas nos descrevia na forma de um animal quimérico de cornos galhudos como os ramos sem folhas das amendoeiras.

[6] V. Pontifex Maximus - Archiereus - High Priest (5), Pythagorean Tarot homepage. 72747.154@compuserve.com

[7] V. Pontifex Maximus - Archiereus - High Priest (5), Pythagorean Tarot homepage. 72747.154@compuserve.com.

[8] copyright © 1996 Jonathan Bird/O.R.G., Inc, Jonathan Bird's Home Page.

[9] Historia natural, resomnia editores

[10] Historia natural, resomnia editores

[11] V. Pontifex Maximus - Archiereus - High Priest (5), Pythagorean Tarot homepage. 72747.154@compuserve.com

[12] V. Pontifex Maximus - Archiereus - High Priest (5), Pythagorean Tarot homepage. 72747.154@compuserve.com

[13] In Search of the Indo-Europeans:    Language, Culture, and the Origins of our Diversity Saturday, April 24, 1999 - UTSA Downtown