Figura 1: Hermes como juiz dos mortos na morte de Sarpedon num belíssimo vaso de Eufrónios.
HERMES UM JUIZ DOS MORTOS
Figura 2: Hermes pesando a almas dos heróis perante a surpresa de Eos.
Hermes é quase o nome de Hímeros, um dos Erotes, ao contrário, o que não terá sido inteiramente ao acaso visto que Hermes era não apenas mais um anjo, do mesmo tipo dos filhos de Afrodite, como seria quiçá o pai dos filhos desta, obscura razão pela qual ainda apresentava na iconografia clássica alguns apêndices alados no caduceu do bastão, no chapéu e nas sandálias e era pelos gregos, por equivoco semântico possivelmente assim originado, considerado por antonomásia o «mensageiro» dos deuses.
Figura 3: Hermes seria um dos Erote adulto e um mensageiro de Afrodite e pai dos amores!
Quand on étudie les noms divins de la Grèce et de l'Italie, on s'aperçoit qu'ils passent aisément d'une forme simple à une forme plus compliquée. Le nom ´Eriounniosç que porte Hermès donne l'idée pour ce dieu d'un nom élémentaire qui devait se confondre avec celui d'Éros. Iris, dont le caducée est l'attribut, est de même antérieure à Hersé. De Y Hermès hellénique on passe au Tunns des Etrusques, le même que le Terminus des Latins. Hersé conduit à Pcrsé ou Perséis, dont la forme masculine est Persès; Persé est, à son tour, le principe du nom compliqué de Perséphatta, comme Persès fournit Perseptolis. Vouloir comprendre encore le nom latin de Mercure dans cette recherche, ce serait peut-être pour le moment forcer la mesure et nous nous en abstiendrons. Mais on peut annoncer d'avance que ce nom rentre dans les mêmes conditions que celui d'Hermès. – Charles Lenormant; Jean Joseph Antoine Marie de Witte, Élite des monuments céramographiques: matériaux pour l'histoire des religions et des moeurs de l'antiquité (Band 3).
Figura 4: Psicostasia . Har-nedj-itef (Harendotes) - An Egyptian guardian god, one of the manifestations of Horus. In this form, he guards his father Osiris in the underworld and therefore called "Horus the savior of his father". also protects the dead and is portrayed as a falcon on sarcophagi. É estranho que neste caso Harendotes, a versão de ouvido dos gregos, pouco tenha a ver com a etimologia de Trimegisto mas, algo se passou que fez com que seja também foneticamente afastada de Har-nedj-itef. |
Harendotes < Harendjotesh < Kar-Endji-tef
< Kur-Enki-teku > Har-nedji-tef.
Para Enki = Minus => Kur-Enki = *Kerminus, e então =>
Karme-tishu > Karme tisho > *Thurme Phiasto
> Tryme-kesto > Trimegesto > Trimegisto => Hermêz!
Possivelmente ambas as versões sofreram mutações fonéticas difíceis de compreender por agora. O certo é que Hermes Trimegisto era considerado o Deus Egípcio do ocultismo que costumava também adorar relacionado com Tote. Sabemos que foi Tote e não Horus quem foi identificado pelos gregos com Hermes, o deus dos mortos da «4ª feira de Cinzas»!
Figura 5: Tot no Tribunal de Osíris. The god of wisdom, Thoth was said to be self-created at the beginning of time, along with his consort Maat (truth), or perhaps created by Ra. Dito de outro modo, seria o mesmo que dizer que Tote era uma variante do nome de Enki. |
Thoth < Tahuti < Ta-| Kuti < Ki-ut < Teo | Kuki > Kauki > Caco / Enki.
Thoth was depicted as a man with the head of an ibis bird, and carried a pen and scrolls upon which he recorded all things. He was shown as attendant in almost all major scenes involving the gods, but especially at the judgement of the deceased. He served as the messenger of the gods, and was thus equated by the Greeks with Hermes.
Figura 6: Psicostasia dos heróis da guerra de Tróia.
Ora bem, sendo assim, Tote não precisava dos adereços voláteis de Hermes para voar pois ele era afinal a serpente emplumada em forma de pelicano. Ora, se entre as mulheres divinas encontramos a tradição das «tridivas» também aqui encontramos as três formas divinas do deus dos mortos: Osíris o «morto vivo», Anubis/Anpu, o «lobisomem» apolíneo, e o hermético pelicano ou ave de pescoço de «serpente emplumada» que pode ter sido Tote.
Figura 7: Toth, Tot, Tôt, Thoth ou Zonga é o nome em grego de Djehuty (ou Zehuti), um deus pertencente ao panteão egípcio, deus da sabedoria um deus cordato, sábio, assistente e secretário-arquivista dos deuses. É uma divindade lunar (o deus da Lua) que tem a seu cargo a sabedoria, a escrita, a aprendizagem, a magia, a medição do tempo, entre outros atributos. |
Era frequentemente representado como um escriba com cabeça de íbis (a ave que lhe estava consagrada). Também era representado por um babuíno.
Thoth served in Osirian myths as the vizier (chief advisor and minister) of Osiris. He, like Khons, is a god of the moon, and is also the god of time, magic, and writing. He was considered the inventor of the hieroglyphs.
Seguramente estes deuses eram, na tradição piedosa de sincretismo religioso dos egípcios, variantes e avatares do arcaico deus do fogo que teia sido Kako/Enki. As semelhanças de Toth com Khons permitem a correlação com o canídeo Anpu, (< também Khaunus, o «cão» < kaunuki < Kian Kaku) e não deixam de ser expressivas quanto a estas virtualidades.
Figura 8: Hermes pesando os keres dos heróis!
Sometimes the whole complex conception is wrapped up in the notion of a single dog, the messenger of the god of shades, who comes to summon the departing soul. Sometimes, instead of a dog, we have a great ravening wolf who comes to devour its victim and extinguish the sunlight of life, as that old wolf of the tribe of Fenrir devoured little Red Riding-Hood with her robe of scarlet twilight. Thus we arrive at a true werewolf myth. The storm-wind, or howling Rakshasa of Hindu folk-lore, is "a great misshapen giant with red beard and red hair, with pointed protruding teeth, ready to lacerate and devour human flesh; his body is covered with coarse, bristling hair, his huge mouth is open, he looks from side to side as he walks, lusting after the flesh and blood of men, to satisfy his raging hunger and quench his consuming thirst. Towards nightfall his strength increases manifold; he can change his shape at will; he haunts the woods, and roams howling through the jungle." [1]
À primeira vista parece espantoso que a primeira preocupação cultural da humanidade tenha sido com a vida para além da morte quando era a vida neste mundo que deveria ter sido motivo das maiores preocupações, de tão precária e quase efémera que ela era então tanto em termos de longevidade/mortalidade quanto de qualidade/morbilidade. Porém, a verdade é que a lógica dos instintos vai precisamente no sentido de que, quanto mais precária e esforçada for a sobrevivência, mais valor tem e mais custa deixa-la.
Assim sendo, os cultos dos mortos apenas reflectem o quanto a humanidade aprendeu, na luta pela sobrevivência, a valorizar o gosto de viver de forma culturalmente digna e civilizadamente humana!
Pela vasta e acumulada experiência nas suas funções de juiz das almas dos mortos, foi convidado para ser um dos juízes do primeiro concurso de beleza celestial, ao lado de Páris, razão pela qual se pode pressupor que esta entidade mítica não era senão uma manipulação política posterior feita a pretexto de um facto verosímil relativo a um dos muitos episódios do ciclo da guerra de Tróia e em torno de um mito solar mais arcaico relativo a Apolo, o deus do sol diurno, em contraste com Hermes que era o deus do sol-posto.
Figura 9: Hermes, numa cena do julgamento de Paris dum vaso grego arcaico. Notar que o caduceu seria um «bastão (do poder) das cobras» (cretenses) utilizado como sinal de poder de bons curativos e de melhores julgamentos, uma vez que nesta cena é transportado também por Paris, também ele no papel de juiz dum concurso de beleza divina. Por outro lado, Hermes é o juiz de todas as contendas representadas em múltiplos vasos gregos. Por ser um juiz dos mortos que os gregos mais respeitavam, Hermes acabou por ser o juiz por antonomásia, ou seja, o símbolo do proprio julgamento e uma espécie de juiz divino do supremo tribunal da verdade!
De facto,
Páris < Phar ish < *Kar-Kaka
=> Kaka-kar + lu > Apkallu > Aphallu > Apolo (Licaios).
Ver HADES & O INFERNO (***) & APOLO (***) & SOL-POSTO (***)
Hades and Persephone were also seen to be judges of the dead, and in this capacity they were assisted by three heroes whose earthly deeds had identified them as great in wisdom and justice. They were called Minos, Rhadamanthys (< Urash-Ama-Antu-ish) and Aeakos (< Ayacos < Hajacos < kaxacos < *Kakikos), the last also being the gatekeeper of the lower region of Hades.
Parece que existem outras versões em que o terceiro juiz era Sarpedon.
History: (Greek-Roman Myth) - Tartarus is the underworld to which the spirits of the dead, particularly those who worshipped the Olympian Gods, were escorted by the god of death known as Thanatos. Upon arrival in Erebus, the ferryman Charon carried the dead across the Styx. Guarded by Cerberus as they entered into Hades, they were judged over by Minos, Sarpedon and Rhadamanthys who judged over the dead as to whether they were good or evil in life. Those who gained the favor of the gods were allowed to spend the afterlife in the region of Elysium while those judged evil were imprisoned in Tartarus for punishment. After being judged, the spirits of the dead were required to drink from Lethe, a spring that made them forget their lives on Earth.
A prova de que as tradições clássicas nesta matéria não eram uniformes confirma-o o facto de Hermes ser, afinal, o juiz dos mortos mais popular e nem sequer parecer fazer parte da tróica minóica. No entanto, como adiante se verá, Hermes pode ter tido uma variante *Carminos que pode, por sua vez, ter sido um dos nomes de Sarpedon e de Eros.
Ver: PIETA / SARPEDON (***)
Ora, com Sarpedon a fazer parte desta junta de Juizes de resurso supremo temos então possibilidade de comparar estes deuses com identica trilogia avéstica.
Legends, which are probably not those of Zarathushtra's original teachings are: After death, the urvan (soul) is allowed three days to meditate on his/her past life. The soul is then judged by a troika Mithra, Sraosha and Rashnu. If the good thoughts, words and deeds outweigh the bad, then the soul is taken into heaven. Otherwise, the soul is led to hell. -- Farhand Mehr, "The Zoroastrian Tradition", Element Books, (1991)
Mitra < Mi(n)tar < Minotauro, lit. o touro de (ou o próprio) Minos.
Radamanto < Rhadaman-Tis, lit. o deus Ratha-Minos
=> o deus Ratha = Anu | Urat > Urash > Rash | > Rash-anu > Rashnu.
Sarpedon = Sar-Phit-on < *Kar-Kiki-(anu) > Sra-aush > Saraosha.
*Kar-Kiki > *Ka®kikos > Hashacos > Hajacos > Ayacos > Ajax.
Mitra é seguramente Minos, Rashnu, Radamanto e Sraosha, Sarpeidon, cuja variante etimologicamente mais deteriorada seria Ayacos, ou seja, a tradição persa conserva a tradição grega. A primeira impressão seria pensar que esta era uma partilha indo-europeia mas começamos a suspeitar que a chamada tradição indo-europeia não será mais do que a primitiva tradição minóica, por esta cultura espalhada por todo o mundo, mas cujas ligações directas foram perdidos com a destruição da Atlântida. Claro que se poderia contrapor que teriam sido os gregos que, na sua infantil ignorância do passado confirmada pelo sacerdote saíta de Platão, teriam remontados as suas tradições mais arcaicas aos tempos minóicos do mesmo modo que as gentes do povo português costumam reportar lendas e ruínas antigas ao tempo da dominação árabe falando em “moiras encantadas” e, concretamente em pelo menos um lugar duma aldeia de Seixas, no alto douro, chamando “fonte da moira” a um legado facilmente inidentificável como de origem romana. No entanto, embora tal objecção não elimine a realidade minóica de que os gregos tinham, apesar de tudo, alguma lembrança, seria difícil que tivessem incorporado sistematicamente no nome de alguns dos seus deuses primordiais étimos incontestavelmente minóicos.
Ver: MITRA / ABATUR (***)