segunda-feira, 7 de setembro de 2009

DEUSAS DO MAR I, por Artur Felisberto

 

DEUSAS DO MAR I


ANFITRITE

Figura 1: Teseu, Atena, Anfitrite e Tritão.
Para provar que a esposa do deus dos mares teve relações funcionais de copeira próprias das potinijas, habilitada na produção de “poções mágicas”, podemos servir-nos das provas que se seguem:
Amphicty´onis (Amphiktuonis), um epíteto de Deméter, derivado de Anthela, cidade onde ela foi adorada sobe este nome porque era o lugar de encontro da anfictionia de Termópilas e porque na abertura de todas as reuniões eram oferecidos sacrifícios a Deméter Anfictiones. (Herod. vii. 200; Strab. ix. pág. 429.)
La Anfictionía (del αμφικτιονία, a su vez derivado de αμφί (ambos) + κτίζω (construir), por lo que etimológicamente significa fundación conjunta) se trataba de una liga religiosa que agrupaba 12 pueblos (no ciudades), casi todos de la Grecia central. Tenía sus reuniones en el santuario de Deméter en Antela, cerca de las Termópilas.
Como estas reuniões tinham, de facto, a Deusa mãe por anfitriã mitógrafos posteriores criaram a alegoria da deusa Anfictionis como deusa da fraternidade que presidia ao rito de oferecer aos visitantes uma libação de vinho, costume de boa hospitalidade que permaneceu como “porto de honra” nos costumes rurais até ao presente.
Na mitologia grega, Anfitrite é filha da ninfa Dóris e de Nereu, portanto uma Nereiade. É esposa de Posídon e deusa dos mares. A princípio, se recusou a unir-se ao deus, se escondendo nas profundezas dos oceanos, em um lugar conhecido apenas por sua mãe. Acabou cedendo às investidas de Posídon, se tornando rainha dos oceanos. É representada com um tridente, símbolo de sua soberania sobre os mares. Na mitologia romana, é conhecida como Salácia.

Ver: DAGON II / SALACIA (***)

Claro que só por distracção racional, fanatismo mítico ou purismo linguístico é que estas duas deusas não foram entendidas pelos eruditos como sendo a mesma entidade mítica.
Amphitryon (grego Ἀμφιτρύων, gen.: Ἀμφιτρύωνος; interpretado normalmente como aquele que tanto apoia como incomoda ambos os lados) era na mitologia grega, o filho de Alcaeus, rei de Tiryns em Argolis.
Enquanto Anfitrião estava na guerra de Tebas, Zeus tomou a sua forma para deitar-se com Alcmena e Hermes tomou a forma de seu escravo, Sósia, para montar guarda no portão. Uma grande confusão foi criada, pois Anfitrião duvidou da fidelidade da esposa. No fim, tudo foi esclarecido por Zeus, e Anfitrião ficou contente por ser marido de uma escolhida do deus. Daquela noite de amor nasceu o semideus Hércules. A partir daí, o termo anfitrião passou a ter o sentido de "aquele que recebe em casa".
Fosse porque a lenda assim o inventou ou porque assim parecia ter que acontecer por confusão do termo Ἀμφι-τρ-ύων com o da αμφι-κτι-ονία, a verdade é que a visita importuna que ao terceiro dia aborrece passou a ser o que sabe receber principescamente os seus hóspedes como se fossem deuses a quem, como os esquimós, ofereceria a própria esposa se não fosse indecoroso e uma prerrogativa divina.
«Anfitrião» • (< Lat. Amphítryone < Amphitrýon), s. m. aquele que paga e dirige um jantar sumptuoso; • aquele que recebe pessoas em sua casa e oferece um jantar ou banquete lauto.
*Anphitrionis, de que deriva o termo Anfitrião, pai de Hércules, poderia ser assim uma evolução étmica de Deméter Anfictiones, passando por Anfitrite bastando para tanto aceitar que Te(ia) seria de Tanit, esposa de Tunis, a cobra neptunina dos mares da talassocracia cretense.
                             Bast < Kiash + Ana > Than-it > Tanit.
Te(ia) < Teja < Thiash < Kiash + Ana > Kianish => -conis
Amphi-| Ctionis < Ct®ionis < Triconis ó Anphitri + conis º Anphitri-te.
A relação de Anfitrite com Hércules não se ficaria por Amphictionis mas passaria ainda pelo facto de Hércules póstumo ter casado no céu com Hebe, a copeira dos deuses, que seria afinal uma potinija como era Anfitrite…e Deméter Anfictiones.
Ambos os nomes apelam para uma natureza anfíbia, metade peixe metade humana, que, de facto, caracteriza a representação pictográfica da esposa de Poseidon. Claro que o radical *Amphi- não consegue esconder a sua origem a partir de Enki, tal como o sufixo *trite- apela mais para Istar e menos para Tritão, monstro que, em rigor, seria meio golfinho e meio touro como na representação alegórica da figura seguinte.
Figura 2: Anfitrite apela para Tritão, uma variante do nome de Poseidon baseada no símbolo da sua arma de pesca, o tridente, que a mitologia também acabou por individualizar num novo deus autónomo, companheiro de Poseidon, e também metade peixe como Anfitrite.
The Egyptian name for the Sign of Aquarius is Phritithi. Tirgata - Fish Goddess of Syria.
               Phritithi < Kritiki < Kur-kika > Tur-Caca > Tirgata.
=> An + Phritithi = An-Phritithi > Anfitrite!
Anfitrite seria então apenas a deusa do Aquário, porque era uma potinija e, de facto, deusa das águas do mar. Pois bem, não será por mero acaso que Fritite era o nome do signo do aquário no Egipto e Tirgata uma sereia síria, possivelmente a fêmea dum «peixe-gato», filha / esposa de Dagon! De facto, os peixes gatos além de se parecerem com os gatos de Bast, nome derivado do núcleo semântico das deusas do fogo e das bebidas espirituosas, derivadas de *Kiast, eram peixes venenos importantes para o fabrico de poções mágicas.[1]
Se os peixes gatos eram ou não frequentes nas águas mediterrânicas dos tempos minóicos eis algo que caberá à arqueologia do futuro confirmar! A verdade, porém é que tudo leva a crer que, pelo menos em relação a esta deusa, Heródoto tinha razão ao pensar que os deuses gregos teriam vindo do Egipto, ou, o que será mais consentâneo com a lógica dos mais recentes dados históricos, pelo menos de um antepassado comum que teria sido o império minóico.
Ainda no Egipto, a deusa do pote das águas era também a deusa da noite, ou seja Nut, esposa de Gebo, que tudo indica seria Caco e, enquanto senhor da terra, uma forma de Enki, que no Egipto era Nuno, o deus do abismo, tão criador e primordial quanto Ptah.
Nuno = Ne (Ptha) Nu > Neptuno º Poseidon, marido de Anfitrite, a Posidónia ó Neptunia < *Neputana = Newu- | Tan º Taurish < Taret |
> Nebo-Trit ó Anfitrite.
Ora, coincidência comum nestas análises etimológicas a respeito de coisas arcaicas, no Egipto udepu significava copeiro. Uma derivação por transposição de sílabas em repetição de nome seria:
                       < (U)-Thepu < Hewu > Hebe?
Egipt. udepu = uthe-| pu … uthe | -pu ó Ital. puto ó *Pot.
Nehalennia = (Gaul) Goddess of the sea.
Nehalennia < Nekarannia < Enkar Anina < Enkur-Inana.
                                             > *Nepharanina > *Nephrona?

ANFITRITE & HERA

Será possível relacionar Anfitrite com Hera em conformidade com a possibilidade de que em tempos recuados Poseidon e Zeus seriam a mesma entidade divina soberana?
Asherah (< Ash Hera < Ash Kera < Ash Kaura,) Syrian Goddess of the Sea and mother of the gods. She is El's loving consort and is protective of her seventy children who may also be known as the gracious gods, to whom she is both mother and nursemaid. Her sons, unlike Baal initially, all have godly courts. She frequents the ocean shore. In the Syrian city of Qatra, she was considered Baal-Hadad's consort.
Asherah, teria a variante de *Ash-Hera, a deusa Hera do poder destruidor do fogo e da guerra.
Kotharat (was thought to be Kathirat) 'skillful' They are a group of goddesses associated with conception and childbirth. '...The swallow-like daughters of the crescent moon.'
Então, sendo esposa de El ( que era Anu antes de vir a ser Enki, seria virtualmente possível que:
               *Kertu < Hera-ash = *Ash-Hera.
Enki + | *Kertu < Ker-at > Therat > | Amphi-trat > Anphitrite.
                                           > Hel-at > Elat.

Ver: TUNIS (***) & El (***) & HERA (***)

Seascapes, whether realistic or symbolic, held a place of choice in the repertory of North African mosaicists during the entire Roman Period. This panel, decorating the floor of a reception hall in a rich villa, presents the triumph of the sea god Neptune and his wife Amphitrite, standing on a chariot drawn by four sea horses, set against a watery ground teeming with fish. A great veil held aloft by putti underscores the majesty of the divine couple.
Figura 3: Triumph of Neptune and Amphitrite, Constantine (Algeria).
Os putos alados que rodeiam Anfitrite são quase os mesmos que costumam rodear Afrodite e é quase um plágio de uma representação do rapto de Europa

Ver: EUROPA (***)

Amphitrite goddess of the sea and wife of Poseidon. He chose her to be his wife from among her sisters as they were performing a ritual dance. She refused him and fled. Poseidon sent a dolphin after her and it took her back. After he married her, he rewarded the dolphin by making it a constellation and placing it in the heavens."
Claro que Anfitrite foi Posideja e são variantes óbvias da mesma «deusa do mar». Ora, numa talassocracia com a importância da cretense uma divindade marítima seria a deusa mais venerada, ou seja, a própria «deusas das cobras» cretense que era a mesma Deusa Mãe primordial, telúrica e titânica, que veio a ser a esposa de Poseidon/Neptuno.

ANFITRITE, UM TRAVA LÍNGUAS DO NOME DE AFRODITE?

E, até aqui tudo bem! Mas, em que medida têm estes factos alguma coisa a ver com Afrodite? Muito! Desde a deusa asiática Istar/Astarte à deusa equivalente etrusca Turan, todas as deusas do amor são etimologicamente taurinas, esposas do deus do fogo e relacionadas com o deus dos abismos oceânicos, Enki. Sendo assim, nada obsta a que em determinada altura Anfitrite começasse a ter uma variante continental de nome ligeiramente alterado e exclusivamente relacionada com as lides amorosas.
Anfitrite > Amphi-t(au)rite > A(n)ph (Thôr) ite > Aphrô Theite >
Afrodite.[2] => Afrodite = Anfitrite.
Anthretju < An-ther-Ki-Chu < An-tar-kiku > «Antártico».
                                              > Anphi-Tri-kehi > Anfitrite.
Anthretju = war-goddess mentioned in a treaty between the Hittites and Egypt. She seems synonymous with Anat/ Antu.
Como se vê, o aspecto mais interessante desta derivação reside no fenómeno da rotação aparente do étimo intermédio (-Thôr- > -roth-) que se cola ao anterior e ao seguinte contribuindo para a formação de dois novos semantemas (aphro, espuma e theite, deidade) a partir dos vários iniciais. Porém, tal rotação é meramente aparente e resultado de ressonância fonética. De facto,
Anfitrite <= An-Ki-Kyr-Ke < *An Kur Ki-ke => Afrodite.
... ou seja: Afrodite foi outrora casada com o deus dos mares da talassocracia cretense e teve então o nome de Anfitrite. A desgraça da catástrofe apocalíptica da explosão de Santorini terá sido a causa do trauma sócio-cultural que motivou a sisão mítica que originou as duas deusas, fenómeno implícito também no «mito das gorgónias» que transformou a deusa mãe Anfitrite na maléfica deusa mãe com o nome de Medusa.
Porém, o nome de Afrodite pode ter sido:
Aphrodite < Aphridot < Aphurpot < Kaphurat < Kaphur kiath.

Afrodite
< An Kar Kika  

An(u)

Kur

Ki
Ki
Anfitrite
< Anki Karka   
< Anki Kar-ki
An(u)
Ki
Kur


Ki
Artemisa
< Kar kime Kika
< kime Kar-kika
(An/me)
Ki
Kur

Ki
Ki
Neverita
< Nepher-at
< An-Pher-Ish
An(u)

Kur

Ki
Ki
Proserpina
< Kar kar Kian
< Anki Kar kar
An(u)
Ki
Kur
Kar


Perséfone
< Ker-Ki-kian
< Anki Kar-ki
An(u)
Ki
Kur


Ki
Deusa Mãe


An(u)
Ki
Kur

Ki



Ou
An(u)

Kur

Ki
Ki

Fica assim a saber-se que é o radical Aphor- o componente nuclear do nome desta deusa. Que este radical deriva de *Kafura constituindo a origem taurina e ofídia do nome das deusas do amor venal. Uma deusa do amor que parece ter todos estes étimos é a tibetana Brag-srin-mo.
Brag-srin-mo < | Wrag < Phraki < *Kiphur ó Aphor- | -Sar < Kaur < Kur | -Anu-Ma.
Brag-srin-mo = Tibetan goddess of Fertility.
Em conclusão, Afrodite, Anfitrite & Perséfone parecem derivar todas duma mesma Deusa Mãe arcaica, que muito seguramente se chamaria *An-Kur-Kika e que viria a ser, por passagem pela civilização minóica, a Medusa Gorgona. O quadro manifestaria uma relação quase perfeita, no pressuposto fácil de aceitar, de que Kur º Enki e Kika º *Kima.
Tal facto levantaria a suspeita perturbadora de me sumério não ser afinal um termo imotivado primordial mas, tal como eventualmente o étimo primordial Ama, lit. «mãe» de Enki, o deus da sabedoria, o «logos» criador de todas as coisas e por isso legitimamente o deus que ateou o fogo da linguagem com que se nomeiam e escrevem as tábuas do destino! Em qualquer dos casos ficamos assim a saber que em Creta o nome da Deusa Mãe andou associado a um arcaico deus dos oceanos, Enki, e dai o seu epíteto solene *An-Kur-kiki, a esposa do Enki-Kur! De resto, se o radical An não era senão um radical relativo a «senhora do céu» ou seja designativo genérico de entidade divina, do nome de Afrodite destaca-se *Kur-kiki como constituindo a porção nuclear do nome da deusa do amor grego! Ora, desta raiz *Kur-kiki podemos derivar o nome Prithivî, que significa terra em védico.
*Kur-kiki > Phir kiwi > Prithivî.
Quer isto dizer que Afrodite foi a evolução natural da doce e carinhosa mãe do céu e Senhora de toda a terra!
Amfitrith
Amphitritê
The third one who encircles (the sea)???
'Alosudnh
Halosydnê
Sea-Born
Dizer que Anfitrite seria a terceira que, com Tetis/Tiamat, a primeira Deusa Mãe, Afrodite, a segunda, filha da Deusa Mãe primordial e que por isso teria virtualmente por nome *Afrodicha, fariam o trio das Trívias eternas não é senão um outro nível ideográfico de leitura semântica dos nomes mitológicos. Outra leitura seria a de que se tratava de uma *tarisha (= odalisca) de Enki.
Se Anfitrite foi também nascida (da espuma) do mar como Afrodite tal reforça, desde logo, a suspeita de que estamos perante duas deusas sobrepostas ou pelo menos com um mesmo culto original.
De facto, o nome de deusa mais parecido com o de Afrodite é Anfitrite.
Porém, na escassa tradição micénica PO-SI-DA-E-JA é que era a esposa de Poseidon (<= Poteidan E(n)kia = Enkia de Poseidon)! Porém, Posideja reporta-se etmicamente ao deus sumério Enki das águas primordiais como Anfitrite.
Anfitrite < Anki Tarite < Enki Kur Ki = *An-Kur-Kiki => Afrodite.
In Lydian mythology, Omphale is a goddess of the earth, rebirth & augury. The universal Womb and the hub of life.
«Omfala» < Omphale < Aumpharhe < *An-kur-Ki.

Ver: OMFALA (***)

Pois bem, nem de propósito Anfitrite apareceria representada como o próprio nome o indica: às costa de Telepinus, um touro anfíbio com a parte inferior do corpo mais cobra e dragão do que peixe! Ora, os mitos raramente contam a verdade toda!
«Golfinho» < Kaul-phian < Thele-pin(a) > «delfim»
Na mitologia romana Neverita era a esposa de Neptuno, também chamada Salácia (< Karkiha + An > An-kurkiki).
Neverita < Nepher-at < *An-Kur-Kiki.


[2] Anesidora (< An Enki Taura > Anphitaur An => Anphitri |Te = An|).

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