quinta-feira, 14 de novembro de 2013

OS DEUSES MARCIAIS DOS ROMANOS – QUIRINO, por Artur Felisberto.

clip_image002[1]
G. Dumézil croit découvrir, derrière la triade divine Jupiter-Mars-Quirinus, vénérée dans la religion romaine la plus archaïque (et notamment par les trois flamines majeurs), trois catégories fonctionnelles que l’on retrouve dans l’Inde védique: les prêtres, les guerriers et les producteurs. Cette tri-partition primitive subsista, quoique estompée, dans de nombreux vestiges, et G. Dumézil pense la retrouver dans les trois tribus archaïques de Rome, dans diverses formules sacrées (Populus Romanus Quiritesque), et même dans des textes littéraires comme l’élégie de Properce citée plus haut ou le deuxième chant des Géorgiques (vers 532 sq.), qui associe «les anciens Sabins, Rémus et son frère et la vaillante Étrurie». Car l’esprit concret des Romains recouvre cette vieille structure d’une apparence ethnique (Latins pieux, Étrusques guerriers, Sabins éleveurs ou agriculteurs), voire d’une répartition topographique dans le cadre de l’Urbs (Romains du Palatin, Étrusques du Caelius, Sabins du Capitole ou de l’Esquilin), ce qui ne va pas sans de multiples hésitations. -- Série «Histoire ancienne» dirigée par Pierre Lévêque.
Parece que entre los Romanos había una cierta tendencia a reunir a los dioses en grupos de tres, y fruto de esta tendencia son las distintas "tríadas" que aparecen a lo largo de la historia.
La primera Tríada estaba formada por Júpiter, Marte y Jano, pero muy pronto Jano es sustituido por Quirino. Su culto era importante, como lo atestigua el nombre dado a los tres principales sacerdotes ("Flamines".)
La Tríada clásica, que por tener su templo en el Capitolio era conocida con el nombre de "Tríada Capitolina", estaba formada por Júpiter, Juno y Minerva.
A tríade que comanda o panteão etrusco é composta por Tínia, Uni & Menrva. De Tinia derivou termo etrusco tin que significava dia  e não o oposto como a maioria dos eruditos postula. A origem etimológica de Tinia, literalmente Te-Anu, parece óbvia e estranha-se que nunca tenha sido evidente para ninguém que poderia ser o deus sumério do céu, Anu. Tinha vários epítetos, três deles relacionados com as fases dos dias ou das estações do ano.
Tin | Thneth < Thaun-te = The-Taun | > Jupiter Tonans.
Tin | Thufl < The-Ful = Dius Ful | > Jupiter Fidius.
ó Tin Θuf = dues dos votos
Tin | Cilens < Cel-Ens = Senhor da deusa mãe da terra, Ceres ou *Ker-Tu|
=> Júpiter Summanus = Zeus Ctônio, Zeus Catactônio
e Zeus Plúteo, o deus serpentino.
Tin Thneth 'Thundering Sun' = Tin Thneth may be conceived of as fundamentally the sun towards the evening with aggressive elements of storm, thunder and lightning added to emphasize a warrior role. The giver of rain and reliever of droughts (cf. also Roman Iupiter Pluvius). I interpret θne as an abbreviation for the word *θneθ 'thundering', a stative participle of *θun 'to thunder' which in turn is an early borrowing from Latin tonēre. In this way, Tin Thneth means precisely the same as Latin Iupiter Tonans and refers to the same specific god, an originally Etruscan one. -- [1]
Tinia era casado ora com Dalna, a deusa da aurora e do parto, ora como Uni, variante no feminino de Anu. Dalana ou Thalana era seguramente uma arcaica deusa telúrica, do mediterrâneo ocidental, relacionada com as grandes taulas de pedra dos templos megalíticos malteses e que, curiosamente, pode estar relacionada com a língua hitita pela variante virtual *Tel-Ana, a “altíssima senhora do céu” e que por isso era esposa do deus do céu, Te-Ano / ou Tinia, a cobra solar alada. Assim, não será por mero acaso que o primeiro deus sabino a ser adorado no Capitólio seria Saturno...e possivelmente Ceres, na forma etrusca Ati Cel ou Cilens! Quanto a Tins Θne, parece ser uma redundância relativa a uma característica sagrada de Tinia que derivaria do seu nome e que segundo alguns autores seria Thneth, ou seja, Tinia do tonitruante trovão!
Tins | Θne < The-ne(th) < Te-Anu-te, lit. deus Anusho > Xu-an.
                                       > Xu + Anu |-te < at ash | > Janu-ush > Janus.
Também não parece haver dúvidas de que o arcaico deus latino Jano seria apenas a sobrevivência de Xu-an na cultura romana de que Uni seria variante elíptica dum virtual *Iuni, tal como o deus Inuus romano teria sido *Iunus e que teriam tido por variantes femininas a latina Juno depois de ter sido Jana esposa de Jano. A razão pela qual Jano acabou vencido pela a variante local romana Xu-pater da tribo capitolina é difícil de explicar porque a lenda e a história se confundem com o mito.
Secondo la leggenda il primo insediamento sul colle fu fondato dal dio Saturno, nel quale furono accolti i Greci guidati da Ercole.
La Colina Capitolina (Capitolinus Mons), entre el Foro y el Campo Marcio o de Marte, es una de las más famosas y altas de las siete colinas de Roma. (...) Primitivamente era llamado monte de Saturno, que era la principal divinidad de Roma. En una de las cimas, pues consta de dos (llamadas Arx, la del norte, y Capitolium, la del sur), se erigía en lo que se cree fue anteriormente un templo etrusco dedicado a Veiovis, un templo dedicado a la Tríada Capitolina compuesta por Júpiter-Saturno-Minerva (...). La edificación fue destruida y posteriormente reconstruida en varias ocasiones, siendo la primera bajo el reinado de Lucio Tarquino Prisco y la última obra de Tito y Domiciano. Del templo etrusco de Veiovis, una especie de Júpiter infernal, se conservaban la estatua y algunos restos.
Se o templo da primeira tríade capitolina foi erigido por um rei etrusco teria sido dedicada a Tinia / Jano, Uni / Jana & Menrva / Minerva e pelos vistos aparentemente sobre um templo dedicado a um deus infernal Veiovis até porque parece que o local era um cemitério e por perto ficava a Rocha Tarpeia onde se faziam execuções por precipitação!
Possivelmente por ter sido local de aplicação da justiça capital cruel e vingativa pela precipitação na Rocha Tarpeia é que o monte capitolino foi primitivamente dedicado a Saturno e a Vejove, o primeiro relacionado com os sacrifícios humanos e o segundo com a odiosa vingança na guerra.

Ver: AGONIO (***)

clip_image004[1]Figura 1: Le temple de Jupiter sur le Capitole sous la République romaine (illustration de Friedrich Polack, 1896).
Aulu-Gelle décrit la statue du culte dans le temple du Campidoglio, comme un dieu jeune, armé d'arc et de flèches près d'une chèvre qui lui avait été sacrifiée.
Maître des volcans, des marais et des tremblements de terres, de toutes les forces profondes et cachées, il représente aussi la face sombre de l'amour et d'Apollon. Considéré d'ailleurs comme un Apollon guérisseur, on le compara même à Pluton.
Aulus Gellius, in the Noctes Atticae, speculated that Vejovis is the inverse or ill-omened counterpart of Jupiter; compare Summanus. Aulus Gellius observes that the particle ve- that prefixes the name of the god also appears in Latin words such as vesanus, "insane," and thus interprets the name Vejovis as the anti-Jove.
Aulus Gellius informs us that Vejovis received the sacrifice of a female goat, sacrificed ritu humano; this obscure phrase could either mean "after the manner of a human sacrifice" or "in the manner of a burial."
Romans believe that Vejovis is one of the first gods to be born.
clip_image006[1]
clip_image008[1]
Figura 2: Roman Republic. Silver denarius of 85 BC. Laureate, draped and winged head of Genius or Apollo Vejovis right, control-mark & trident behind.
Figura 3: Denarius. 85BC. Reverse: Genius on goat in wreath, caps left and right, thyrsus of Bacchus below.
Os romanos já pouco ou nada saberiam do culto original de Veiove mas algumas tradições orais existiriam a justificar a estranheza do seu culto.
Na Figura 3 Vejove aparece como uma mistura de Apolo laureado e de Hermes psicopompo o que nos indicia que não seria nem um nem outro ou ambos seria enquanto verso e reverso do mesmo deus solar e dos mesmos irmãos gémeos que eram os Dioscuros representados na moeda seguinte. O mais interessante nesta representação é, no entanto, o facto de o símbolo de Veiove não ser o feixe de raios mas o tridente e a roda solar o que nos deixa a suspeita de que este deus seria de origem marinha como Posseidão de quem seria realmente a representação enquanto jovem. Na verdade, sempre se suspeitou que Zeus Velcheno, enquanto cretense, fosse de facto o jovem Posseidão / Neptuno, o sol-posto no mar da talassocracia cretense, e que os três irmãos e primeiros filhos de Crono fossem a mesma entidade enquanto meras variantes das três fazes solares: o sol da manhã, o sol do meio-dia e o sol do fim da tarde, e óbvias analogias paternalistas das três fases visíveis da lua. Na verdade, as tríades divinas, depois das díades do tipo mãe filho / filha, casal, e irmãos gémeos como os Dioscuros, reportavam-se a aspectos cosmológicos patentes na natureza e a uma mera forma simples de classificar o que se supunha ser a ordem mais natural do mundo. O facto de no reverso de algumas moedas sobre Veiove aparecer uma criança cavalgando uma cabra com os símbolos misturados dos Dioscuros e de Baco reportam-nos para a mesma confusão revelada na moeda anterior a respeito da verdadeira natureza de Veiove que pelos vistos seria primordial como Eros / Amor, “deus menino” como Dionísio / Baco e de natureza dual como os Dioscuros.
A insegurança do mito de Veiovis era muita! Se aceitarmos que este deus era de origem cretense e seria Velcheno seria também o primeiro deus cronida alimentado pela cabra Amalteia, ou seja pela Deusa Mãe do Mar e do Amor e portanto seria também Dionísio e Eros / Ares ou seja Marte, o filho unigénito da Deusa Mãe e sempre eterna Virgem Maria.
Veive = Dios de la venganza y asociado a Maris. En el arte, era descrito como un joven que sostenía una corona de laurel y algunas flechas, parado al lado de una cabra.
Ve-tis = Dios del inframundo, de la muerte y la destrucción.
Ve(r)ive < Ve(r)-Hiwe < Ve-Kiku > Ve-isho > Ve(r)-tis > Ve(r)-Dis
> Vē-dius > Vē-diovis > Vē-iovis.
clip_image010
Figura 7: Piazza del Campidoglio a sul da colina do Capitólio, projectada na forma actual por Miguel Ângelo, abre-se em frente por uma grande escadaria, a Cordonata que, no alto, dispõe Castor e Pólux em duas grandes estátuas.
Tanto em etrusco quanto em latim o nome de Vejove, de que nada se sabe a não ser segundo Aulus Gellius a sua natureza inversa como em vesanus, que significa insano, mantém de forma persistente a raiz Vē- com um «e» longo o que é indício de ter contido uma vogal surda, como por exemplo o «erre». Ora, tal como o português «avesso» deriva do Lat. Aversu, suspeita-se intuitivamente que vesanus teria sido *aver-sanus o que confirma a aversão e o ódio vingativo de Veive que por ser um deus criança e jovem seria «verde» e que por ser infernal seria também um deus da «verdade» e da «virtude». Assim sendo, Vejove seria uma corruptela de *Wer-jove iniciada pelos etruscos o qual mais não seria que o jovem Zeus cretense na forma de Velcheno o deus que escapou a ser sacrificado por seu pai, Crono / Saturnoe de ser comido vivo por os seus vagidos taurinos infantis ter sido protegido pela casta guerreira e aristocrática dos curetes. Também assim se começa a entender a relação da tríades do Quirinal com Quirino que mais não seria do que a forma oculta do jovem Zeus Velcheno (chamado “o grande kouro” em hinos cretenses) e também ele protegido pelos curetes, ou pelos coribantes, ou cabeiroi ou Dioscuros. Estes últimos irão aparecer ligados ao culto de Quirino que Vejove seria estando ainda hoje majestosamente presentes no Quirinal.
Quirites = Quir-ites = Dios Cures = Dióscuros.

Ver: GÉMEOS (***) / DIÓSCUROS = CASTOR & PÓLUX

Importa também referir que os curetas, coribantes e cabeiroi estiveram relacionados com seitas secretas guerreiras e aristocráticas reconhecidas como adeptas da pederastia iniciática.
Os primeiros curetes, às vezes considerados o mesmo que os dáctilos, eram três, cinco ou nove daimones rústicos nomeados por Réia para guardar Zeus criança em uma caverna do monte Ida, em Creta. Para mantê-lo escondido de seu pai canibal, o titã Cronos, eles abafavam o choro e os gritos de Zeus com uma dança frenética na qual chocavam ruidosamente suas lanças e escudos. Esses curetes mais jovens eram cem em número e se casaram com suas irmãs melíades e de ramos fizeram as primeiras lanças.
Mais adiante se verá que a relação de Quirino com a lança não será assim despicienda sabendo-se desde já que foram os curetas cretenses os primeiros a usa-las no pastoreio do gado taurino a partir de varas a que terão intuitivamente adicionaram pontas de metal.
A tríade capitolina consagra a devoção da velha tríade matriarcal capitolina ao patriarcado pela transformação de Minerva em filha unigénita de Zeus que em vez de dores uterinas de parto teve enormes dores de cabeça para a conceber como pura ideia transcendental do patriarcado misógino. Na mesma linha a tríade do Quirinal consagra o delírio homófilo do patriarcado onde reina o deus pai do céu, Jove, o seu filho guerreiro, Marte e o filho deste na versão de neto igualzinho ao avô quando jovem.
A cultura que iniciou a regra de que “três foi a conta que Deus fez” agrupando os deuses em tríades familiares, geralmente pai, mãe e filho ou filha foi a do Egipto antigo. Sabendo-se de fonte calara que a mais antiga tradição latina ignorava por completo o Egipto podemos especular que este hábito religioso dos romanos de “reunir a los dioses en grupos de tres” deve ser muito arcaico, quiçá de origem italiota pré etrusca suspeitando-se então que tenha feito parte do substrato cultural arcaico que reunia a cultura egeia com a egípcia por intermédio da talassocracia cretense ou outra similar peri-mediterrânica tanto mais que sabemos que a religião matriarcal de Creta cultivava a tradição do culto às tridivas, trios femininos compostos por Mãe, filha e neta porque presidiam a vários aspectos da vida religiosa ao longo da vida da mulher e da família. De resto a suposta mania que os romanos tinham pelas tríades começa logo no mito fundador das três tribos da cidade de Roma e continuou na divisão administrativa trinitária que deu nome genérico às tribos romanas o que nada tem de trifuncional mas de mera classificação simples e prática (mesmo na “Roma Quadrata” inventada por Varro).

QUIRINO
clip_image012[1]
Figura 4: Temple of the god Quirinus.
Na mitologia romana, Quirino (o mortal Rômulo) era um misterioso deus. Veja também Jano Quirino. De início ele foi provavelmente um deus sabino. Os sabinos tinham uma povoação perto do futuro sítio de Roma, e eles chamaram um de seus sítios, em que eregiram um altar, a Collis Quirinalis ("monte Quirinal") após Quirino; aquela área foi mais tarde incluída nas sete colinas de Roma, e Quirino tornou-se um dos mais importantes deuses do estado como a forma deificada de Rômulo, o fundador e primeiro rei de Roma. Seu nome deriva de co-viri ("homens juntos"); tão como, ele personificava a força militar e econômica do populus romano coletivamente. Ele também alertava a curia ("casa do senado") e comitia curiata ("assembléia tribal"), os nomes de quem são cognatos com ele próprio. A esposa de Quirino era Hora. Em arte, ele era representado como um homem com barba e com roupa religiosa e militar. Ele era às vezes associado com a murta-comum. Seu festival era a Quirinália, no dia 17 de Fevereiro. Quirino foi citado na Eneida, de Virgílio.
Se Quirino era de origem sabina teria que ser anterior a Rómulo e logo a lenda que faz de Quirino a deificação de Rómulo não estará senão a fazer, de forma mítica, justiça à história: Foi Rómulo que levou este deus Sabino para Roma, possivelmente aquando do rapto das sabinas. Este episódio romântico da fundação de Roma fundamenta a tese antes exposta de que a trindade suprema do panteão capitolino reflecte a realidade sociológica de uma cidade que foi de início um quartel sem bordel, e por isso mesmo uma trindade exclusivamente masculinos como veio a ser a tríade católica!
clip_image014[1]
Figura 5. Quirinal em gravura do sec. XVIII com a praça do monte cavalo assim denominada por causa das estátuas da fonte dos Dioscuros.
Ennio nos ofrece — entre el año 250 y el 200 a.C. — el más antiguo de los documentos conocidos acerca de la suerte póstuma de Rómulo. El testimonio de Ennio abarca desde la condición divina de Rómulo, fundamentada ya en su propio na- cimiento («¡oh sangre emanada de los dioses!»)1, y confirmada tras su presupuesta ascensión a los cielos («Rómulo pasa el tiempo sin fin en el cielo con los dioses»)2, hasta la mención de Quirino, cuya identificación con Rómulo no afirma expresamente, y la veneración sagrada que recibe en unión de su esposa Hersilia: «Yo te venero a ti, Quirino, y a ti Hora, esposa de Quirino»3. La ascensión de Rómulo a los cielos, implica, a su vez su caracterización como rey bueno y benemérito por excelencia 4. Véase el contraste con el belicoso y cruel rey Tulo Hostilio, quien a pesar de ser transportado por una tormenta a los cielos no recibió el trato apoteósico del mismo Rómulo. – Muerte, despedazamiento y apoteosis de Rómulo: un estudio sobre la realidad histórica del primer rey de Roma[2] ÁNGEL LUIS CASQUILLO FUMANAL.
Portanto, quando Enio exalta Rómulo como rei bom e benemérito por exelência estava já a acender a fogueira da exaltação política onde Georges Dumézil ser viria a queimar porque foram os próprios clássicos que quiseram enfatizar o papel de “povo eleito” dos romanos com a criação do mito fundador de Rómulo transformado num semi-deus da tríade do Quirinal ao faze-lo incorporar o deus Quirino. E assim apareceu entretanto a tríade arcaica romana venerada no monte do Quirinal que poderia ter sido mais poderosa do que a capitolina e que seria composta por Júpiter, Juno...e Quirino.
clip_image015[1]
Figura 6: Denarius picturing Quirinus on the obverse, and Ceres enthroned on the reverse, a commemoration by a moneyer in 56 BC of a Cerialia presented by an earlier Gaius Memmius as aedile.
Según una leyenda romana, el monte Quirinal habría sido el emplazamiento de un pequeño pueblo de los sabinos, quienes habían erigido altares en honor del dios Quirinus (dando nombre a la colina) y allí habría vivido el rey Titus Tatius tras la paz entre los romanos y las sabinos.
Se han descubierto tumbas fechadas entre los siglos VIII y VII a. C. que confirmarían la probable presencia de un asentamiento de sabinos; la tumba de Quirinus, que Lucius Papirius Cursor transformó en templo de su triunfo tras su tercera guerra contra los samnitas, estaba en esta colina. Algunos autores consideran plausible que el culto a la Tríada Capitolina (Júpiter, Minerva y Juno) hubiera sido celebrado aquí, mucho antes que en el Monte Palatino.
O que sabemos sobre o deus Quirino é mais mito do que lenda que pouco ou nada tem de confirmação histórica. No entanto muitas especulações tem sido feitas, precisamente em torno da tríade do Quirinal suposta mais arcaica que a capitolina ou pelo menos mais original.
Dans un article de la Revue des Études latines, M. J. Paoli, professeur à la Faculté de Droit de Dijon, vient de proposer une interprétation nouvelle du sigle №, vieille énigme des calendriers romains1. Parmi les jours de feriae publicae qualif iésл néfastes», pense-t-il, ceux qui reçoivent ce sigle double (qu'il lit, avec beaucoup d'auteurs, Nef asti Posteriores), pro viennent d'une révision du système des temps sacrés posté rieure à l'union Quirinal-Septimontium, postérieure par consé lqeuse' nt à la constitution de la triade Jupiter-Mars-Quirinus; autres, marqués simplement d'un N (Nefasti), seraient des survivances du plus vieux système, centré sur le grand dieu de l'époque, Janus. -- Jupiter, Mars, Quirinus et Janus”, Georges Dumézil.
No seu opúsculo “Jupiter, Mars, Quirinus et Janus”, Georges Dumézil ataca a proposta, aliás interessante, do professor da Faculdade de Direito de Dijon com uma tareia teórica de tal modo severa que se fica com a sensação de que a história mítica é uma ciência mais exacta do que a matemática e a mitologia uma disciplina tão bem certificada como o catecismo católico.
b) Quirinus sabin ? Cette dénationalisation du dieu romain n'est risquée, dans l'antiquité, que chez quelques savants, par jeu de mots avec «Cures»; pour Ennius, Horace, Virgile, Properce, Ovide, pour Cicéron comme pour Tite-Live et pour bien d'autres, Quirinus est le Latin, le Romain Romulus divinisé. En outre, il n'y a pas trace d'un culte de ce prétendu «Mars sabin» en pays sabin, alors que les dieux authentiquement provinciaux sont attestés dans l'épigraphie de leur pro vince. Enfin, la forme même du nom, avec qu-, ne peut être sabine: on aurait p-3; même M. H. J. Rose, dans son dernier livre, s'incline devant ce verdict de la linguistique : «Ancient tradition had it that he was of Sabine origin, an odd fact, for the Sabine dialect lacked the sound expressed by qu*». -- Jupiter, Mars, Quirinus et Janus”, Georges Dumézil
Claro que Georges Dumézil parte do pressuposto que a língua sabina era muito diferente da latina mesmo no caso de coabitantes dos mesmo montes, que esta era Úmbria mais precisamente Osca e que nunca poderia ter tido um deus chamado Quirino porque não tinham o grafema qu*. No entanto tinham, como os gregos, o K e vários U e então quem pode provar a Dumézil que a grafia autenticamente sabina de Quirino não seria *Kyrinus, á boa maneira helénica, aliás?
Oscan was written in the Latin and Greek alphabets, as well as in a variety of the Old Italic alphabet. The native Oscan alphabet transliteration is as follows.
A B G D E V Z H I K L M N P Ś R S T U F Ú Í.
M. Paoli néglige enfin le fait, assuré par l'analyse de l'homologue ombrien Vofîonus qu'ont donnée MM. Pisani1 et Benveniste, que Quirinus porte un nom bien latin, issu de *couirinos, et que, dieu du *couiriom ou des *couiriai (curiae), il a une valeur non pas ethnique, mais sociale; -- Jupiter, Mars, Quirinus et Janus”, Georges Dumézil
Obviamente que ao chegar a este ponto a argumentação a Georges Dumézil deixa de ser científica para ser tipicamente ideológica e politica. Na verdade, a teoria da trifuncionalidade indo-europeia é uma ideologia fascista encapotada de cientificidade e de tipo racista que tem contra ela o argumento básico de que se fosse um facto sociológico arcaico estrutural estaria patente em toda a história europeia antiga e não apenas na medieval e não teria sido preciso a perspicácia delirante de Dumézil para descobrir que a estruturação mitológica das trindades arcaicas procuravam difundir na sociedade a organização social ideal dos povos indo-europeus quando a mais bem organizada das sociedades antigas, a egípcia, era piramidal e usava as tríades divinas apenas para demonstrar que esta se baseava na evidência socialmente empírica de que a unidade social fundamental é a célula familiar composta por pai, mãe e filhos. Por outro lado as tríades arcaicas pré patriarcais, suspeitas na Tridivas arcaicas das culturas de origem egeia e cretense, eram baseadas nas três idades da vida da mulher: Mãe & avó, mãe & filha e filha & neta.
E quando se pretende demonstrar o indemonstrável duma tese cujo suporte fundamental é ideológico pode chegar-se ao extremo da falta de rigor afirmando:
Quando se conhece o panteão, ou o essencial do panteão, de outras cidades itálicas, verifica-se que ele se adapta sem esforço ao quadro trifuncional. Em Iguvium, antiga cidade religiosa dos ûmbrios, na Itália central, textos (as Tábuas Eugubinas) deram a conhecer o grande ritual durante o qual são adorados três deuses, denominados colectivamente Grabovii, e os seus comparsas respectivos: um é Júpiter, o segundo é Marte, o terceiro chama-se Vofionus, do qual se deriva o nome, em virtude de uma análise fonética rigorosa, conforme ás leis do úmbrio, de um *leudhyon-, do radical do alemão Leute, «as gentes», próximo sem duvida pelo sentido do latim (aparentado também) liberi, «os homens livres» (P. Kretschmer). é o equivalente de Quirinus.[3]
Se for possível navegar nos mares prosaicos da fonética de Vofionus a *leudhyon- sem nos afundarmos em passagens estreitas intermédias, que o autor nem sequer se atreve a enumerar, é porque a fonética não é de facto uma ciência radical com vagas muito grandes, pois qualquer um ali pode surfar à vontade, e tão aleatória que chega a bastar a intuição para encontrar analogias étmicas inaudíveis como é o caso de *leudhyon-.
Pelo contrário, o mais plausível é até que o nome da tribo dos Grabovii seja uma evolução de *Karbowis, literalmente os bois ou os boieiros de *Kar (tal como os deuses sumérios eram representados como touros). Por isso é que o seu deus tutelar seria Vofionus, “literalmente o senhor boi”. A troca dos bês pelo vês terá sido uma pecha linguística arcaica cretenses que teria sido partilhada tanto pelos falares nortenhos lusitanos particularmente minhotos como por alguns dilectos itálicos.
Dans un récent article de la RHR (CXXIX, 1945: Symbolisme social dans les cultes gréco-italiques), M. Benveniste a fait faire un progrès considérable à l'interprétation de la triade ombrienne des dieux Grabovii (Jupiter, Mars, Vofîonus) correspondant à la triade romaine archaïque Jupiter Mars Quirinus: Vofîonus est issu de *leudhyono-; il est donc le dieu de la masse populaire organisée (cf. allemand Leule, etc.) etrépond exactement au Quirinus romain, proprement dieu du *co-uirio-, des «hommes réunis». - «Tripertita» fonctionnels chez divers peuples indoeuropéens, Georges Dumézil.
A afirmação de que Vofîonus est issu de *leudhyono-“ é mais dogmática e inexplicável do que a teoria da consubstancialidade da Santíssima Trindade que incendiou o mundo quando Ário colocou um i em homoousios transformando a igualdade divina em mera semelhança.
Le dieu s'appelle Vofîonus Grabovius, et comme à tous les dieux Grabovii, on lui immole trois bœufs. Sur ce nom de Vofîonus nous n'avons rien à dire, sinon qu'il a l'air d'être une formation comme Epona, Pomona. On peut donc soupçonner que la première partie du mot indique les êtres ou les objets auxquels il préside. Les boeufs qui lui sont sacrifiés portent l'épithète kaleduf calersu (ce dernier mot a perdu son f final, ou plutôt il le partage avec fétu, auquel le graveur l'a joint par erreur). Kaleduf a trouvé, grâce à Grotefend, une explication aussi inattendue que satisfaisante. Isidore, Orig. XII 1. 52, nous apprend qu'on nommait callidi (probablement calidi) les chevaux ayant une tache blanche sur le front. Equi, qui fronlem albam habent, calidi appellantur. - Les tables Eugubines (1875), texte, traduction et commentaire, avec une grammaire et une introduction historique, par Michel Bréal.
Se a impiedade já era apanágio dos cépticos racionalistas clássicos ainda mais o tem sido com os positivistas e ateus modernos.
Ao procurar saber alguma coisa mais sobre Vofîonus ficamos impressionados com o poder profético da hermenêutica do trifuncionalismo porque a pobreza informativa sobre os deuses Grabovii é tanta que os torna quase inefáveis.
De facto, texto, das tábuas iguvinas, muito poucas ilações permite:
L'officiante dia inizio a questa cerimonia dopo il rito della rilevazione degli uccelli, quelli di fronte e quelli alle sue spalle. Davanti alla porta Trebulana faccia sacrificio di tre buoi a Giove Grabovio. Presenti i prodotti della terra. Consacri le vittime sul tavolato sia con il vino sia con la farina: le consacri per la Rocca Fisia e per la Città di Gubbio. Preghi sempre in segreto, sulle carni e sui prodotti della terra. (...)
Davanti alla porta Tessenaca faccia sacrificio di tre buoi a Marte Grabovio. Li consacri per la Rocca Fisia e per la Città di Gubbio. Presenti i prodotti della terra. Consacri le vittime sul tavolato: le consacri con la farina. Preghi in segreto sulle carni e sui prodotti della terra. (...)
Davanti alla porta Veia faccia sacrificio di tre buoi bianchi a Vofione Grabovio, per la Rocca Fisia e per la Città di Gubbio. Consacri le vittime sul tavolato, sia con il vino sia con la farina. Presenti i prodotti della terra. Preghi in segreto sulle carni e sui prodotti della terra.
Entretanto vão aparecendo outras entidades divinas: Trebo Giovio, Fiso Sancio; Fisovio Sancio (Fisovius = Fiducius), Tefro Giovio, Torsa Giovia, Hondos Giovios, Marte Horse, Hondos Çerfios, Çerfos Martios, Prestata Çerfia, Tursa Çerfia, Marte Hodie, Giove Pater, Puemonos Popricos & Vesuna.
Trebo / Tefro Giovio indicia um deus que na Lusitânia foi Trebapolo e que estaria relacionado com os trovões.
Trebo < Tefro > Te-Fero => Ferónia,
literalmente a deusa das feras como Potnia Teron.
Torsa / Tursa < Taurusha ó Istar > Turan.
Vesuna < Venusa > Vénus.
Çerfos / Cerfios/ Çerfia => Ceres.
Popricos = públicos.
Hodie < Pho-Dius, Lúcifer, deus da luz!
Horse < Horte > Horta ou Hora.
Hondos < Phondus > Pontos >Fundus.
A suspeita com que se fica é a de que, de acordo com a tradição da Úmbria, o nome de Jove seria um mero epíteto dos deuses das tempestades que na tradição anatólia tinham o nome da cidade que os adorava.
Obviamente que o senso comum parece identificar Pomona com os pomos e Epona com os póneis e do mesmo modo Bofiano com os «bofes» dos bois mas o mais sensato é pensar que aconteceu tudo ao contrário. De resto, por esta lógica os Grabovius seriam todos deuses boieiros já que seriam seguramente taurinos com a única diferença de que os bois de Vofîonus eram brancos como os que pertenciam a Neptuno.
clip_image017
-- The Text of the Iguvine Inscriptions with Interlinear. Latin Translation and Notes. By Francis W. Newman.
Preveres vehiies tref buf kaler¨uf fetu vufiune krapuvi -- Tavola I a, Trascrizione -- Associazione Culturale Istituto di Ricerche e Documentazione sugli Antichi Umbri
Assim sendo não sabemos de a divindade Úmbria seria Vofîonus, Wofine, Vofione ou Vufiune. Nem sequer sabemos se seria masculina ou feminina. De facto, tudo aponta para que se trate de uma Vaca Sagrada cujo nome mais arcaico seria *Kaukina, variante da suméria Damkina, esposa ou mãe de Enki, e que pode ter evoluído para Anat / Atena.
Em Coptos, no antigo Egipto, Ka-hedj (alma brilhante) era um touro branco dedicado ao deus Min, que representava a energia cósmica, ou seja, sem qualquer relação com a 3ª função de Dumézil.
Ka-hedj < *Ka-Ketz < Kauketish > Kophetus > Coptos
                                                       > Wauphe-(tis /An) > Vofian > Vofione.
Bom, mas Dimezil entenderia que o Egipto, se bem que de cultura muito mais arcaica, ou por isso mesmo, não saberia diferenciar o clero da nobreza e esta do povo e, ainda que bem organizada e piramidal não era de cultura indo-europeia. Concedamos então que Vofionus / Bovião poderia ser Ka-hedj mas não era o touro branco de Min mas o boi Ápis que, apesar de negro tinha um triângulo branco na testa e que tinha um culto funerário osiríaco de grande popularidade nacional!
Ápis (Hapi-ankh) < Ka-phi-an(kish) > Waufianush > Vofîonos.
                                                                                <  Kau-pha-An
= An-Haupha > Anapa = Anoub(a) ó In-pou ó Anub(is).
Tanto pela etimologia como pela semântica podemos fazer correlacionar Vofionus / Bovião tanto com o boi Ápis como com Anubis que era reconhecidamente Apolo Liceu o deus que por ter um gado de nuvens, que Hermes roubou, era boieiro também, ainda que descuidado. Ao identificar Vofionus / Bovião com um deus jovem e viril como Apolo ou Zeus Velchenos podemos estar no caminho certo confiando nos falares ibéricos a polícia é «bó-fia» quando incomoda a «má-fia» calão de que ninguém sabe a etimologia por não ser termo digno de erudição mas que por isso mesmo será primitivo, rústico e arcaico. Mesmo assim, sendo a «bófia» um conjunto de «bofes» e estes jovens másculos e adultos derivará a sua origem do arcaico culto esquecido a Vofionus / Bovião.
«Bofe» = Homem, macho, rapaz. «Bófia» = gíria para polícia.
Apolo < Apolónio < Apaliunas < Kaphurano ó Kurkiano > Vulcano
> Velcheno.                                                  > Wophe(r)ano > Vo(r)fîono.
The triad is composed by Iove or Iove Patre, Marte and Vofionos. The identity of the last has been understood as corresponding to Roman gods Quirinus or Liber, the former from an IE root *leudh- meaning people, [Vittore Pisani "Mytho-Etymologica" Revue des études Indo-europeennes (Bucarest) 1, 1938; Émil Benveniste "Symbolisme social dans les cultes gréco-italique" Revue de l' histoire des religions 129 1945 p.7-9. Cited by Georges Dumézil ARR It. tr. La religione romana arcaica Milan 1977 p. 144. Olivier de Cazanove "Religion in Preroman Italy" in Jörg Rüpke (editor) A Companion to Roman Religion 2008.] the latter either directly from the Italic theonym Loifer or through the intermediary of the Italic or Etruscan interpretation of Greek god (Dionysos) Eleutheros, recorded also in the Etruscan theonym Tin Luth (= Iuppiter Liber) of the Piacenza Liver. – Iguvine Tablets, from Wikipedia, the free encyclopedia.
Seja como for, neste périplo especulativo pelas cercanias etimológicas de Vofîonus ainda não encontramos a sombra nem de Quirinus, nem de Janus, nem de nenhuma função de particular peculiaridade popular que se pudesse encaixar, nem que fora à podoada, no mito dumeziliano da trifuncionalidade que se de facto fosse essencial à estruturação do pensamento mitológico indo-europeu teria deixado marcas indeléveis nos panteões conhecidos e que os clássicos já teriam identificado há muito! Se mais nenhuma objecção houvesse contra a banalidade inútil das teorias de recorte fascista de Georges Dumézil bastaria referir que no único exemplo na mitologia clássica que poderia servir de prova se esvai depois duma análise crítica superficial.
Na falta de provas arqueológicas decisivas a análise da verdade sobre a realidade do deus Quirino deve seguir as linhas das diversas propostas feitas até hoje de acordo com a lógica da razoabilidade.
Quirinus não é de facto um mero epíteto de Marte mas é duvidoso que seja menos belicoso do que este.
O facto de Quirinus ter desaparecido praticamente de cena e de não fazer parte do panteão clássico tem deixado desde a antiguidade a suspeita de que ele nunca terá sido um deus autónomo mas um mero epíteto de um deus guerreiro como Marte. No entanto, alguns historiadores gregos conseguiram identificar o latino Quirino com o grego Eniálio.
The work of Greek historians unfortunately cemented the character of Quirinus. The Greeks naturally assumed that Ares and Mars were equivalent deities. When trying to translate Quirmus into an appropriate Greek title, the writers sought a Greek god with a relationship to Ares similar to the relationship between Mars and Quirinus, hence, Enyalios, a lesser Greek war-god. Sadly, however, Quirins's responsibilities are not purely war-related, nor are they clearly defined in any one canon. Thus, the Greek manipulation aggravated the corruption of Quirinus already incipient in his association with Mars. Furthermore, if Quirinus is little more than another epittet of Mars, as Pahner asserts, Quirmus's equation with Enyalios is tragic, for Quirmus loses his own significance within his context of the many facets of Mars and is endowed with foreign characteristics leading to more disturbing and confused distortions. -- Romulus and Quirinus: An Etruscan Deity in Ancient Rome, Rebecca A. Allen
Polybius' history renders the Roman god Mars by Greek Ares but the Roman god Quirinus by Enyalius, and the same identifications are made by later writers such as Dionysius of Halicarnassus, perhaps only because it made sense that a Roman god who was sometimes confounded with Mars and sometimes differentiated should be represented in Greek by a name that was similarly sometimes equated with Ares (who definitely corresponded with Mars) and was sometimes differentiated.
Josephus in his Antiquities 4, (3)[115] states after telling the story of the Tower of Babel: But as to the plan of Shinar, in the country of Babylonia, Hestiaeus mentions it, when he says thus: "Such of the priests as were saved, took the sacred vessels of Zeus Enyalius, and came to Shinar of Babylonia."
Enyalius or Enyalio (Greek: Ενυάλιος) in Greek mythology is generally a byname of Ares the god of war but in Mycenaean times is differentiated as a separate deity. On the Linear B Knossos Tablet KN V 52 the name E-nu-wa-ri-jo is interpreted to refer to this same Enyalios.
Quirinus < Kyrinus < Kaur-an-us = An-Kaur-us < Anu-Wer-ush
> E-nu-wa-ri-jo > En- | War-ius > valios > | Enyalios.
Quirino é de facto a sobrevivência do deus *Kaurano postulado noutras reflexões sobre os antigos deuses da caça e guerra dos povos neolíticos egeus e anatólios. Pode ter sido Crono, o arcaico deus grego da segunda geração, que na Itália era Saturno e que terá feito parte da tríades capitolina em vez de Juno.

Ver: KAURAN, «ET VERBUM CARO FACTUM EST!» (***)

There are numerous assumptions about the relationship between Quirinus and his fellow deities, but I shall concentrate on one in particular, Mars. By the Augustan period, Quirinus had become firmly attached to his role as an epithet. Historians simply assumed that Quirinus was anotl1er title for Mars, a position that Pahner also holds. "When Mars rages, he is called Gradivus, when he is tranquil he is called Quirinus. -- Romulus and Quirinus: An Etruscan Deity in Ancient Rome, Rebecca A. Allen
Marte Gra-divus era o deus das marchas guerreiras por ter sido o deus solar *Kar de que derivou também Car-io-ceco ou Marte Carioceco que era o deus lusitano da guerra. Tal como os Gra-bovios seriam os bois de *Kar como eram os bois do gado de Apolo.
Embora se suspeite com boas razões que Marte nunca tenha tido o epíteto de Silvano e por isso as inovações a estes deuses revistam a forma de Marte Silvano por mera perda da & de separação a verdade é que o simples facto de a aceitação de um culto particular a Marte & Silvano ter tido livre curso significa que havia boas razões para acreditar no lado pacífico de Marte enquanto guardião da agricultura.
De resto, na Roma antiga, Belona era a deusa da guerra herdada do tempo do matriarcado como Minerva e Marte era inicialmente um deus agrícola ligado à fertilidade da terra. Pelo menos assim foi na sua origem etrusca.
Maris = Dios de la agricultura y fertilidad y deidad salvadora. Posteriormente fue asociado con — y probablemente la fuente del nombre — del dios romano Marte. Marte a su vez fue asociado posteriormente con el dios griego Ares, incidiendo con el tiempo en que el aspecto agrícola de Marte encogiera en proporción a su aspecto de guerrero.
Por outro lado, é duvidoso que Quirino, enquanto derivado do culto do deus *Kaurano, não possa ter sido o deus guerreiro dos sabinos.
During the Augustan Age, Latin writers were eager to connect the glorious tales of Rome's birth to her present supremacy and to show that his supposed divine origins had ensured her success. During this flourish of literature, a curious character emerges Quirinus, whom most say is the deified Romulus. Those writers would have us believe that Romulus's apotheosis had been known since time immemorial, but evidence suggests otherwise. The tale was known at least as far back as Ennius but is of relatively late origin. Then, indeed, who is Quirinus, and why was his character so nicely molded to the heroic figure of Romulus? Moreover, why are there two tales of Romulus's death? There are indications that Quirinus was an ancient grain god, one of Rome's oldest deities. The legends of Romulus portray him as the war-loving founder of Rome. To connect the two, we must return to Rome's earliest organizational system, the curiae, and thence to a brief discussion of Etruscan religion to see that Romulus's death and apotheosis bear heavy Etruscan overtones. In all probability, Quirinus is simply one of the many faces of Mars, whose Etruscan origin, like Romulus's, has been shaded with foreign influences and so altered that his original intents are almost imperceptible. -- Romulus and Quirinus: An Etruscan Deity in Ancient Rome, Rebecca A. Allen.
Claro que temos pena de não ter tido acesso aos indícios de que Quirinos teria sido um antigo deus do cereal dos latinos, como Dagon teria sido dos povos egeus, mas aceitemos que era assim no caso de todos os jovens deuses activos do mundo arcaico: guerreiros por tradição paleolítica e agricultores incipientes por estarem a começar a revolução do neolítico. Quando Rebecca A. Allen afirma que “Quirino é simplesmente uma das muitas faces de Marte, cuja origem etrusca, como Romulus, foi ensombrada por influências estrangeiras e tão alterada que as suas intenções originais são quase imperceptíveis” lamentamos também que seja quase tudo evidente menos a possibilidade de Quirino ter sido uma entidade autónoma e neste caso de origem não etrusca mas possivelmente sabina ou de qualquer modo centro itálica de arcaica origem pelágica ou egeia.
Dionísio de Halicarnasso, escreve um dos vários mitos sobre Quirino. Durante um festival de Sabino ao deus Quirino, uma rapariga de linhagem nobre dançou em honra do deus. Ela foi inspirada pelo deus e entrou no santuário de onde ela surgiu emprenhada por ele. Ela deu à luz um filho, Módio Fabidius que quando crescido se distinguiu por façanhas guerreiras. Ele decidiu fundar uma cidade e reuniu um grupo de companheiros. Depois de viajar uma certa distância, eles descansaram e neste lugar fundou uma cidade a que deu o nome Cures. (...)
Dionísio de Halicarnasso, cotejando Varro, escreve que o nome de Quirino deriva de Cures, de cuja cidade ele é reivindicado ser o deus. E prossegue dizendo que Cures deriva da palavra Sabina de farpa ou lança, curis o que implica, assim, uma associação com a deus guerra Sabino. Tito Lívio, Plutarco e Ovídio também incluem esta associação etimológica com Cures. [4]-- Romulus and Quirinus: An Etruscan Deity in Ancient Rome, Rebecca A. Allen.
Cures de los Sabinos, Curi o simplemente Cures es una antigua ciudad sabina citada por Cicerón, Virgilio, Estacio, Estrabón y Plutarco, probablemente fundada por los sabinos era su ciudad más importante. Sus restos se encuentran en el municipio de Fara in Sabina, provincia de Rieti. (...)
The ancient derivation of Quirites from the Sabine town Cures and the modern derivation from an unattested *Quirium are not convincing. In the former case it appears absurd that a state of admitted racial mixture adopted the name of a minority in order to express what we call today nationality. The Sabines of Cures always called themselves Curenses so far as we know. Sabine and Latin are two markedly different tongues. Since the Romans spoke Latin, we can consider the majority of Romans as Latins and not Sabine or Etruscan. In favor of *Quirium little can be said. At least in the case of Romani we are secure in our knowledge of a Roma whether or not we know what or where Rome was originally. This security is entirely lacking in the case of *Quirium particularly because its proposed location, Collis Quirinalis, could not have directly derived its name from *Quirium and more importantly because excellent evidence points to the fact this hill had an earlier name which has nothing at all to do with a root *quiri-. On the other hand, a derivation of 'Quirites' from *co-vir-yom or *co-vir-ya remains hotly argued because it stands in unparalleled isolation. Linguistically it is possible. For our purposes the relation of Quirites to curia must be demonstrated in the framework of earliest Roman history. -- THE ARCHAIC COMMUNITY OF THE ROMANS BY ROBERT E.A. PALMER.
Obviamente que os argumentos pelo absurdo não se fazem ao modo proposto por Palmar quando este refere “in the former case it appears absurd that a state of admitted racial mixture adopted the name of a minority in order to express what we call today nationality” porque de histórias absurdas está o inferno da política cheio! De resto, como não sabemos se Palmer fala de Quirino, se de quirites e como as cúrias foram criadas depois do rapto das sabinas no preciso número mítico destas fazia sentido no meio de tanta política diplomática realística e pacificadora que o membros das cúrias fossem nomeadas a contento das sabinas que falariam uma língua que não seria muito diversa da romana uma vez que eram tribos vizinhas pelo menos desde a queda de Tróia, ou seja há mais de 400 anos.
Mas na verdade, não faz muito sentido fazer derivar Quirino da cidade sabina de Cures, não tanto pelas razões apontadas por Palmer como indo contra o orgulho nacional emergente dos romanos, mas pela incoerência dos que o invocam a partir de um mito que torna tal pretensão impossível. Se a jovem sabina foi engravidada por Quirino de quem teve um filho que veio a fundar a cidade de Cures, Dionísio de Halicarnasso pensa mal quando postula que esta cidade veio a dar nome a Quirino, pai do fundador da cidade de Cures.
QUIRINUS: From Quirites we turn to Quirinus. Quirinus is an adjective. Those who maintain Quirites is an alternative to Curenses believe Quirinus is the god of Cures. Those who believe in *Quirium consider him the god of that place. However he may be viewed in this light, he joins the company of such famous gods and heroes as Romulus, Latinus, Lavinia, and Sabus. Quirinus, the god, cannot derive his name from Collis Quirinalis and *Quirium does not parallel Palatium which yields mons Palatinus, not *Palatinalis. The hill ought to have been collis Quirinus; it was not.
QUIRITES (…) The curias of a united community represented disparate elements in the primitive state which had no common generic name unless it be Rome. Throughout Roman history the citizens of the city had but one official designation 'Quirites'. For this and other reasons I subscribe to the opinion that the Quirites designates the members of the curias, the later curiales.  -- The Archaic Community Of The Romans By Robert E.A. Palmer.
La genèse de la légende des Horaces et des Curiaces s'explique aussi, selon R. Palmer, dans le cadre archaïque des curies (p. 137).
Le tigillum sororium qu'on célébrait le 1er octobre, au terme de la saison agricole et guerrière, se trouvait entre les deux autels de Janus Curialius et de Juno Sororia; le rite de «la poutre» consacrait les jeunes gens éprouvés comme citoyens curiates (curiati); or, parmi ces curiali comptaient des membres d'anciennes familles albaines ou qui passaient pour telles: d'où l'idée de rattacher ce cérémonial d'origine initiatique aux circonstances historiques de la défaite albaine.
It is notable that the nomina gentilicia of both the Horatii and the Curiatii specify their 'Sabine' origin. The name of the Horatii looks like a derivative of the name Hora, which is considered as Sabine and perhaps had been used as an epithet or attribute of the goddess similar to the Latin Juno. The etymology of the name Curiatii often is sought among such words as (Juno) Curitis, Cures, Curtius, curis (quiris), curites (quirites), currus, supposedly accounted Sabine. A lance (curis) was an ancient attribute of Juno, which perhaps promoted the etymology of the word quirites (Curitis vires) and of the name Mettius Curtius (meddix curiatius = chieftain of curiatii, i.e. quiritium). Perhaps the 'Sabine' colour of the names of both sets of triplets was a reason for the ancient confusion in determining their nationality. The connection of both names with the goddess Juno is striking. The names of the Horatii and Curiatii pertained to the circle of epithets of Juno Sororia (Hora, Curitis) as well as the brothers themselves related to the sister (soror) Horatia. -- R. E. A. Palmer. The Archaic Community of the Romans, bay Robert Turcan In: Revue de l'histoire des religions, tome 183 n.° 1, 1973. pp. 67-70.
clip_image019
Figura 7: Juno Lanuvina, Sospita / Sispita ou Curitis.
Estamos a falar de assuntos que começaram a ser registados por volta do 3º século antes de Cristo e que por isso não justificam tantas divergências fonéticas. A existência de Juno Curitis parece por água na fervura dos delírios etimológicos em volta do termo dos quirites.
Curitis was originally a Sabine Goddess of Protection who especially guarded or watched over the clans of the people. She was worshipped by the neighboring Faliscans, an Etruscan people whose main city was called Falerii, and who though Etruscan spoke a dialect closely related to Latin. She was the main Deity of Falerii and considered their patron Goddess who protected the city. Curitis was assumed to be a form of Juno by the Romans, who called Her (oddly enough) Juno Curitis; but considering the manner in which She was usually depicted, an identification with Menrfa (Roman Minerva) or Athene would seem more logical. Like Minerva, who adopted Her image from the Greek Athene, Curitis was depicted as a martial Goddess who carried a spear and shield, and who wore a goat-skin mantle much like the aegis of the Greek myth, which was a short goat-skin cape or shield probably symbolic of the thunderclouds, as the spear was of the lightning. Curitis's name is from the Sabine word curis and means "Of the Spear"; in addition to its stormy associations, the spear was also seen as representing authority or command, emphasizing Her role as the ruling Goddess.
(…) As I said above, Curitis certainly does share more than a few similarities with Menrfa; but according to tradition, when Falerii was destroyed by the Romans in 241 BCE, their Menrfa was officially brought to Rome under the name Minerva Capta, or Minerva the Captive. Falerii was home to a cult-center of Menrfa, though it has not been determined which of the several temples found there was Hers. The temple of (Juno) Curitis, however, has been identifed with the largest temple there, and dates to the 5th century BCE. It is of a tripartite Etruscan design, much like the Temple of the Capitoline Triad in Rome which housed, with Jupiter, both Minerva and Juno.
(…). Curitis may have been brought to Rome at the same time as Minerva Capta with the destruction of Falerii; by that time, Curitis and Menrfa were evidentally seperate deities (if they ever were the same): the evidence is quite tangled, but perhaps they had originally derived from a common Goddess. At any rate, both Minerva and Juno were Sky-Goddesses who traditionally had the power to throw thunderbolts.
In Rome, Juno Curitis was considered the Goddess of the curiae, the political, religious, and familial divisions or clans of the people of Rome. Curia most likely derived from the same Sabine word curis, "spear", as the Goddess's name; and a related word quirite, "spearman" or "warrior", was used of the oldest tribal peoples of Rome.
Se a cidade de Faleri era o centro de um grande culto a Minerva que os romanos levaram para a sua cidade como Minerva (Capta) é possível que tivessem levado também aquela que era a patrona de todas as cúrias, Juno Curitis, o que deixa a suspeita de que a tríade que ali era adorada seria à maneira cretense exclusivamente feminina formada por Minerva, Juno & Curitis, sem qualquer espanto porque esta última é obviamente Perséfone / Corê que noutras circunstâncias pode mesmo passar por Atena Core. Juno Curi-tis tinha como parédro Jano Cúria-tius, literalmente o deus das cúrias o que confirma que inicialmente este deus estava casado com Juno...porque era a forma mais arcaica de Jove.
Do mesmo modo, Quirino seria a versão masculina de Curtis e por isso mesmo uma variante de Pluto, um “deus menino” dos infernos do Kur sumério e deus que está no fundo de toda esta etimologia desde *Kar, do lusitano Carioseco, de Curitis e de Quirino.
Um aspecto que importa relevar é que a etiologia italiana confirma a persistência de arcaicas tradições cretenses como sejam, neste caso, a de um “deus menino” do amor do vinho e da guerra e que na qualidade de Zeus Velcheno seria simultaneamente deus do céu, do mar e dos infernos subterrâneos antes de se diferenciar nos respectivos deuses olímpicos. Obviamente que tanto Juno Curitis das cúrias romanas como Quirino deus dos lanceiros sabinos, os quirites, permitem esclarecer a raiz da tradição cretense que evoluiu para os kouros gregos.

Ver: KOUROS (***)

This Plautine play evidently influenced Varro who researched the authenticity of all plays passing for Plautus5 own.3 In two different works he derives curia < cura.' Furthermore, Varro's researches into the curias doubtless led him to examine the great annual festival of the Greek phratries, the Apatouria. One of its sacrifices was called koureion and one of the days of the festival was the koureotis (hemera) that is the day of cutting boys5 hair before they enter their phratry. Did Varro know the name of this day and add it to his etymological baggage? He read his Plautus and found a sacrificial agnus curio, a pun which he turned to his advantage. One Roman scholar thought the Plautine magistri curiarum were the divisores of the thirty-five Roman tribes. But Plautus intended his curia and curiales to represent a demos and its demotes. -- The Archaic Community Of The Romans By Robert E.A. Palmer.
Lat. Curiones < Grec. Koure-ion ó koure-otis
ó Quir-ites < Kour-ites < Kour-ya > Kyria > Lat Cúria ó H. Curinus.
Na época lendária de Rómulo as cúrias eram dominadas pelos patrícios e por isso mantinham ainda a sua origem patriarcal anatólica. Do mesmo modo, na Grécia a Apa-turai revelava a festa da longa linha familiar do pai (apa) onde tur /kur expões a raiz cretense e taurina das cúrias bem como a relação do deus Quirino com os infernos do *Kur, génese dos «curros» e «corrais» ibéricos.
The discovery at Sulmona of a sanctuary of Hercules Curinus lends support to a Sabine origin of the epithet and of the cult of Juno in the curiae.
Na verdade existe um grave equívoco na etimologia de Quirino baseada nas cúrias romanas. Se Quirino e quirites parecem derivar da mesma raiz quir- já «cúria» está longe de parecer ter a mesma raiz.
«Cúr-ia» < Cures < Curis > J. Curitis > curites > cur-iates > curiali
ó *Cur-ino <?> Quir-ino > quir-ites < *Quir-ia < *Kyria
Não estamos seguros que a palavra «curia» se teria formado por mera sufixação como a romana cen-túria e a grega apa-túria porque de facto não teria tido na origem o significado de divisão administrativa como a centúria nem de festival como a apa-túria e estaríamos assim perante falsos cognatos.
O facto de os gregos conservarem um termo de formação igual deixa a suspeita de se tratar de um termo arcaico quiçá de origem micénica relacionado com o início da estrutura patriarcal da civilização mediterrânica depois da queda da talassocracia cretense.
No entanto, também não sabemos a etimologia exacta dos termos comparados. É certo que os romanos terão adquirido o termo «cúria» dos vizinhos tendo-o apropriado como se intuitivamente tivesse a semântica de uma reunião de dez famílias patrícias. No entanto se tivesse tido de facto esta origem etimológica por formação neologista seria uma *decaturia e nunca uma «cúria». Isso, no entanto não obsta que a analogia com a centúria não estivesse subjacente aos espíritos dos falantes como se de uma *decaturia. Na verdade, em todas as línguas muitas palavras novas são assim assimiladas e velhas palavras são de novo alteradas para ressoarem ao que melhor parecem ser sendo possivelmente esta uma das principais razões para certas etimologias arrevesadas ou de origem obscura.
Tudo aponta, sobretudo a realidade actual remanescente, que as cúrias se reportassem não aos seus membros, hoje cardeais, mas o local dos curros taurinos onde se realizavam as suas reuniões.
Corte no contexto das monarquias é o nome que se dá ao lugar onde o rei reside, seja permanentemente ou de passagem, assim como às pessoas da casa real e às que as acompanham. O nome parece derivar do latim cohors, que significa ajuntamento de gente em acto de guerra, debaixo do governo de uma pessoa.
É um facto que o conceito da corte portugueses resulta de uma semântica militar própria de uma colónia ocupada primeiro pelas legiões romanas e depois pelos visigóticos. Dito de outro modo, a fonética do termo é de origem militar mas a semântica evoluiu por ressonância com a cúria régia derivada da cúria católica e esta da romana.
clip_image021
Figura 8: Reconstrução da Cúria Júlia que foi durante muito tempo a sede oficial do senado Romano na época dos Césares, que eram da cúria Júlia.
«Corte» < Cohors < Cum + horta = horto comum, campo comunitário,
cercado, «curro» > curral < esp. corro.
| Grec. Oikos > Lat. Hic | + turia ó *(de)c-turia ó *Curria > «Cúria».
Será então que os quirites pré-existiram às cúrias e ambos estes termos podem, por isso, ter uma origem etimológica diferente?
Fraschetti se ahorra, con razón, el caer en la tentación de hacer derivar Quirîtes de curı˘a (<co-uiria, «asociación de varones»), étimo en el que no hay ninguna base para la -i- larga de Quirites. Pero no es cierto que, independientemente de la etimología, los Quirites, que incluyen a todos los ciudadanos de Roma, se deban identificar con los miembros de las curias, que sólo incluyen a los patricios19. A propósito de las curias, A.Fraschetti cita de forma imprecisa a Robert E. A. Palmer 1970 sin concretar páginas. Pero Palmer deja claro en el texto que en las curias no entran todos los ciudadanos, al contrario de lo que sucede en cuanto al término Quirites: «The Quirites, a term by which was then (en la época monárquica) understood all ‘cives Romani’, participated in Quirinalia whereas at Fornacalia only ‘curiales’ celebrated with their curias» (Palmer 1970:161). Es evidente la conclusión de que ‘curiales’ (patricios) es un término más restrictivo que Quirites (patricios y plebeyos). Tal concepción de la pertenencia a las curias era ya entonces un tópico en los manuales al uso, que no se puede abandonar sin un acervo de pruebas fehacientes. Por ejemplo, Jacques Ellul, entre los que estudian las antiguas instituciones, dice que «sólo pertenecían a las curias los miembros de las gentes» (1967:183); y los miembros de las «gentes» eran, como es sabido de sobra, exclusivamente patricios. – Muerte, despedazamiento y apoteosis de Rómulo: un estudio sobre la realidad histórica del primer rey de Roma[5] ÁNGEL LUIS CASQUILLO FUMANAL.
A constatação de que as cúrias eram patrícias e possivelmente de origem arcaica, ou pelo menos micénia, exclui a possibilidade, aliás lendária, de que estas tenham sido criadas por Rómulo.
Como se viu o termo «cúria» é o único que foge à relação etimológica que é inegável entre Quinino e quirites. Por isso não é possível seguir Robert E.A. Palmer na sua consideração de que o hipotético *co-viria está relacionado com os quirites. Isso não significa necessariamente que a instituição dos quirites romanos sejam um instituto arcaico e autóctone de Roma. Pelo contrário, nada desaprova o que dizem os autores antigos romanos de que os quirites derivavam da cidade de sabina de Cures onde afinal mais não seriam do que boieiros ou forcados de origem sabina e adoradores de Juno Quirites e de Jano Quirino caracterizados por serem portadores de forquilhas e varas de ferrão ou «aguilhadas» de picar os bois chamadas curis por eles.
«Aguilhada» = • s. f. vara delgada e comprida com ferrão na ponta (aguilhão < Lat. aculeone), para picar e conduzir os bois.
A «aguilhada», pela sua estrutura tem aspecto de ter evoluído tanto para a lança como para o pilo, arma de mão branca que fez a fama e a fortuna das milícias romanas.
A relação desta arma, curis dos quirites, como os curetes ou couretas de En-kur / Enki e deste com Jano Quirino são incontornáveis.




«Aguilhão» < Lat. acule-one.
«Aguilhada» por aguilha < «agulheta» < Franc. Ant. Aguillette
< Agulha < Lat. acucla < a(n)cu-ru > Lat. angulu > «ângulo»
                    «Âncora» < En + Kur   >*acu-re < acu-ris > acer, acris, acre
< cur-is < Kyr + An     < En + Kur                > acus > acutus > «agudo».

Por su parte, Carandini hace remontar a la Roma proto-urbana, anterior a Rómulo, también la existencia de los Quirites21. Media verdad y medio error: Sí, los Quirites son anteriores a Roma, pero seguramente — como afirma la analística y la antigua arqueología latina — preexistentes en la proto-historia de los sabinos, no en Roma, pues las noticias nos han transmitido que los Quirites vinieron de Cures con el pueblo sabino que se instaló en Roma tras el legendario rapto de las sabinas. Por eso, está perfectamente justificado el orden jerárquico que establece la conocida fórmula de Populus Romanus Quiritium, contra lo que impondría la lábil tesis de Carandini. (...) Es verdad que no hay que excluir que el nombre de las curias provenga de vir, «varón», pertenencia que en el caso que nos ocupa (ver supra) queda restringida a los patricios. Pero ni Quirites ni Quirino están irremisiblemente emparentados con vir ni con curia. (…)Pero no es cierto que, independientemente de la etimología, los Quirites, que incluyen a todos los ciudadanos de Roma, se deban identificar con los miembros de las curias, que sólo incluyen a los patricios. (...) A la curia se pertenecía por nacimiento, pero por nacimiento noble. Precisamente en base al nacimiento (noble) las curias sólo comprendían ciudadanos patricios. Los Quirites no existen por el hecho de que existan las curias. Como demuestra el texto de Dionisio de Halicarnaso (II,7) — que no encuentra ningún obstáculo en anticipar la creación de las curias por Rómulo antes de la fusión de latinos y sabinos—, de la existencia de las curias no se sigue para los romanos el título de Quirites. Tal título se debe a la incorporación a Roma de una masa de población sabina (procedente sobre todo de Cures) ajena —¡ella sí!— a la distinción patricia (los sabinos accederían al orden patricio por el solo hecho de ocupar los cargos públicos de Roma y adquirir el rango de Patres). – Muerte, despedazamiento y apoteosis de Rómulo: un estudio sobre la realidad histórica del primer rey de Roma[6] ÁNGEL LUIS CASQUILLO FUMANAL.
No entanto, é pouco credível que os quirites fossem apenas curenses.
The arcaic legal system of the Romans (VI century-367 BC) was known as "Ius Quiritium"(right of the Quirites) and according to its law, only free citizens, especially patricians, were allowed to carry the title of Quirites; therefore the Ius Quiritium disciplined only the rights of the patricians. When the Ius Quitium was discarded in favour of a more lay legal system (thanks to the plebs) most of its content was discarded, but something survived inside the new Ius Civile: the expression "Ex iure Quiritium"(according to the law of the Quirites) was still used by the Romans even during the Empire, while many of its citizens still called themselves Quirites. According to one theory, Quirites means "those who enjoy the same rights" and therefore bear the same "essence" of the God Romulus.
A única maneira de salvar alguma historicidade da lenda da instituição das cúrias por Rómulo seria a de que terá sido este ou por essa altura que os direitos de cidadania romana, até então exclusivos dos patrícios curiais, começaram a ser dados ao quirites. No entanto este alargamento dos direitos dos patrícios não terá ocorrido sem resistência e Rómulo terá acabado por pagar um elevado preço com a sua morte estranha, suspeita e macabra. A reacção ideológica dos beneficiários da filantropia de Rómulo, que eram sabinos, foi a incorporação da alma deste herói lendário do rapto das sabinas no deus sabino dos boieiros e guerreiros que era Quirino.
Tite-Live encore, après avoir rappelé que “Romulus comptait plus de partisans dans le peuple que parmi les patriciens”, rapporte une rumeur plus sordide d'après laquelle Romulus aurait été tout simplement massacré par les patriciens, et suppose que son apothéose sous le nom de Quirinus fut un stratagème politique destiné à apaiser le bon peuple. Après la mort de Romulus, une mort un peu suspecte, (on dit qu'il a disparu dans un orage) les sénateurs dirent qu'il avait été enlevé au ciel par Mars son père. Le peuple n'y crut pas et demanda des preuves c'est alors qu'un citoyen digne de foi déclara qu'il avait vu en songe Romulus qui lui avait dit qu'il désirait être adoré sous le nom de Quirinus. Alors, le peuple se calma et se mit à l'adorer comme protecteur de la cité. – Romulus et Rémus, Wikipédia.
Sendo assim, o mais plausível é que o lendário Rómulo alargou o número de cúrias aos sabinos integrados na urbs romana adoptando, por respeito à tradição das sabinas raptadas, o costume de consagrar todas as cúrias a Juno Quirites aparecendo assim o jus quiritis que, contrariamente aos pressupostos de Dumezil, sempre foi aristocrático e não popular. O mito de um Rómulo benfeitor começado por Enio já na era republicana terá sido refundado precisamente para justificar a bondade da república romana que as constantes guerras civis parecia não confirmar.
Fraschetti, mal documentado, afirma lo contrario con apodíctica seguridad: «No le ha resultado difícil a André Magdelain contradecir y casi subvertir (capovolgere) la hipótesis avanzada por Georges Dumézil a proposito de un Quirino ‘agrario’ y en cuanto tal divinidad de la ‘tercera función’ indoeuropea, reivindicando con fuerza sus características de dios de la comunidad de Qurites a partir de su propio nombre (*Covirino) indudablemente conectado a *co-viria, la curia» (2002: 103). Pero la etimología que le suministra A. Magdelain (y, antes, P. Kretschmer) está muy lejos de ser cierta. Augusto Fraschetti (no sé si siguiendo a A. Magdelain) se acoge a la autoridad de P. Kretschmer, a la que califica de «todavía fundamental». Pero, aunque Kretschmer haya afirmado que Quirinus provenga de *co-virinus —y Quirites de *co-virites— se trata de una tesis oscura y no unánimemente aceptada, ni mucho menos. Al menos, si hemos de creer a Ernout-Meillet, que en su Dictionnaire Étimologique de la Langue Latine (Klinksieck, 1962) asegura a propósito de Quirinus (s.v.), después de referirse a Kretschmer (1920), que «l’étymologie par *co-virı¯ est insoutenable» (s.v.). En efecto, las dificultades surgen tanto por la morfología del prefijo cum- como por la cantidad de la larga de la palabra llana Quirînus. a) por la morfología del prefijo, que (ante semiconsonante) debería ser con- (<cum), esperándose así un con-uirinus (como conuiva, conuincere, etc.) que no sincoparía en Quirinus; los que se remontan a *Co-uirinus en lugar de *Con-uirinus, reivindican gratuitamente un prefijo co- (<cum), cuya aparición es exclusiva de las formaciones ante vocal (como co-adiuvare, co-operare, etc.). b) por la cantidad, el resultado normal de un compuesto de viro-, «varón», precedido del prefijo con- (<cum), hubiera sido *Convirı˘tes - *Convirı˘nus. Para la formación de una -i- larga (*Convirı¯tes-*Convirı¯nus) es necesaria (en vez de viro-) una raiz del tipo virio-, según acertadamente argumenta Deecke, Falisker 86: «-ı¯- aus Kontraktion von -ii- aus -io-», que justifica Samnı¯tes (frente a Equı˘tes de equo-) en base a Samnio- (Samnium). *Convirı˘tes -*Convirı˘nus (y no *Convirı¯tes-*Convirı¯nus) hubiera evolucionado en todo caso a *Quirı˘tes -*Quirı˘nus (como equites de equo- y dominus, de domo-, etc.. Para conseguir ese tema en -io-, Kretschemer propugna un antiguo *co-uiriom (de donde también surgiría el colectivo curia en antiguo plural neutro ), que naturalmente no encuentra. Pero se apoya en el volsco covehriu- (toticu covehriu sepu, Ley de los Velestri, pueblo volsco), que interpreta como tota publica contione sciente; «sabiéndolo toda la reunión de varones». Contra volsco covehriu- correlacionado con uiro- surgen (además de la ilógica variante co- en vez de con-) otras dos objeciones: 1) la -h- del radical no se explica por viro-, y 2) igual que en el caso del osco vereiia (ver vereiai Púmpaianaí, interpretado como «civitati Pompeianae», en Kretschmer, loc.cit. p.150), la -e- en lugar de -i- hace esta etimología insegura en relación a uiro-; «varón». Con razón Ernout-Meillet (s.v. curia) no está seguro de la etimología de «curia», y concluye que el volsco covehriu es una palabra de oscura etimología. A falta de seguridad en una nueva etimología de Quirites-Quirinus, parece más sabio remitirse a la etimología tradicional, tal como nos la entregaron los anticuarios romanos, que no dudaron —c on sorprendente unanimidad — en relacionar ambas palabras con los sabinos. Eso conlleva dejarse calificar como «renovador de la hipótesis varroniana », lo que no deja de ser un honor. Después de todo, Varrón alguna vez tiene razón; el mismo Kretschmer le sigue a veces; y le sigue precisamente en la segunda parte del artículo que aquí estamos criticando (pp.152-157), cuando deriva de Quirites el verbo quiritare. Dice Varrón: «Se dice que da gritos de auxilio (quiritare), el que implora a gritos la protección de los Quirites» (VARR. L.L. 6,68). Pero el traductor comenta: «Falsa etimología popular (retomada, sin embargo, por algún importante autor moderno) » (L. A. Fernández Miguel, en Varrón. La Lengua Latina. Libros V-VI. Gredos, Madrid 1998, p.333). Conclusión: si uno puede equivocarse siguiendo a Varrón, obviamente también se puede equivocar no siguiéndolo. Y, sobre todo, uno se equivoca siguiéndolo cuando no hay razón para hacerlo. En todo caso, nada mejor que mantener la «hipóteisis varroniana», si ésta es sólida. – Muerte, despedazamiento y apoteosis de Rómulo: un estudio sobre la realidad histórica del primer rey de Roma[7] ÁNGEL LUIS CASQUILLO FUMANAL.
Como quem fala assim é hermano mas não é gago só nos resta fazer nossas as suas sábias e talentosas palavras que de uma fiada destroem as bases frágeis da tão inútil e lapaliciana quanto racista trifuncionalidade dumezileana reponde a verdade e a etimologia no seu devido lugar. De facto, a inscrição úmbria covehriu- de Veletri, foi sempre considerada de difícil tradução.
Em princípio, o rigor das leis fonéticas tem pouca utilidade na análise linguística de falas desconhecidas, de línguas mortas ou muito antigas, mas obviamente que no caso de línguas recentes e bem conhecidas a fonética é quase tudo no estudo da sua evolução linguística.
«Es necesario que los historiadores estén dispuestos a admitir, en ciertos casos, su incapacidad para llegar a conclusiones seguras, porque los elementos de información son insuficientes. Los historiadores deben estar dispuestos a sentenciar, como si fueran jueces: No ha lugar, faltan pruebas». ARNOLDO MOMIGLIANO
Quando Bernard Sergent trata da génese e da expansão da cultura indo-europeia, abordando a organização socioeconómica, as instituições, e analisando em pormenor as suas raízes linguísticas e estabelece no livro “as Primeiras Civilizações (Volume III - Os Indo-Europeus e os Semitas de Pierre Lévêque) que Quirinus provem de *co-vir-inos está possivelmente a forçar a etimologia para provar a sua tese de ser este o deus da terceira função, e por isso um deus de paz ou, no mínimo, um deus guerreiro de tempo de paz e armistício.
*Co-vir-inos = co + vir-inos, ou seja, o conjunto dos crentes em Wir-inus
< Kurinus > Quirinus.
No entanto a equação *Co-vir-inos = co + vir-inos é redundante e desnecessária e tem o inconveniente de ser uma forma composta que teria que ser recente, obedecer à derivação linguística latina bem conhecida para ter a antiguidade adequada para fazer parte do mito fundador de Roma muito posterior à idade heróica dos deuses homéricos.
Esta tese só tem a seu favor o facto de ser politicamente correcta o que incorre na falácia histórica das “causas actuais”. É duvidoso que este princípio se possa aplicar sem as devidas adaptações a pessoas e comunidades de épocas passadas cujos preconceitos e modos de ver e sentir o mundo e as coisas eram completamente diferentes dos modernos. Os princípios da fraternidade republicana actual devem ser encarados com prudência ao analisar a república romana que nos tempos lendários de Rómulo ainda não existiam porque as cúrias eram formadas apenas por patrícios e por isso mais patriarcais que fraternais.
Selon Littré, le terme latin co-viri, littéralement «homme vivant avec un autre» soit: «union des hommes», n'aurait pas la même étymologie que quiris, mais viendrait plutôt du terme indo-européen: vir signifiant «mâle», dérivant lui-même du sanskrit vira signifiant : «héros», «fort» (voir aussi l'étymologie sur l'article Virilité) et du terme latin co, venant de cum, «avec».
Outros tentaram ir mais longe no conceito de irmandade de cama e mesa grato aos anarquistas pós modernos refundando a gaicidade muito para além de Gaia e indo bem mais longe do que a fundação da homofóbica Republica Roma. De facto, a relação atribuída a E. Littré de que “o termo co-viri significaria literalmente um homem vivendo com outro” é possivelmente um abuso interpretativo ao gosto homo-erótico moderno. Por estes pareceres tomados nos seus termos mais plausíveis, os quirites seriam boieiros e compadres que andavam e viviam juntos como em certas castas guerreiras orientais aristocráticas que praticavam a pederastia iniciática e a fidelidade a cultos arcaicos à deusa mãe. Os grupos iniciáticos que sobreviveram até mais tarde proclamavam-se descendentes de cabiros, curetes e coribantes. Assim sendo, é muito possível que os romanos primitivos fossem um quartel etrusco sem mulheres que para sobreviverem tiveram que raptar sabinas chefiadas por curiões. Nesta mesma linha desta tradição xamânica apareceram mais recentemente os «curas» das aldeias católicas.
Estes cabiros que viriam a ter em latim o nome de curios ou curiões seriam primitivamente curetes e é então que as dívidas ou esclarecimentos por causas segundas aparecem. Os equivalentes aos pupilos dos curiões latinos seriam entre os sabinos os quirites que segundo alguns autores derivavam de co-viri ("homens juntos") personificando a força militar do populus romanus. A sua messe de oficiais teria sido a curia (depois "casa do senado") onde se teria reunido a comitia curiata litralmente a *curetada ou "assembléia tribal" dos curetas.
Sendo assim, é Quirites (cidadãos) que vem de Quirinus e não a inversa porque, neste caso, como nos demais, a regra é sempre a mesma: são os deuses que dão o nome às coisas que com elas se relacionam e só excepcionalmente acontecerá o inverso, e, neste caso apenas quando as coisas se transformam em atributos divinos!
Quirites também só pode ser o equivalente fonético do helénico koureta, que todos os cidadãos romanos seriam enquanto recrutas ou reserva disponível em tempo de paz, mas mobilizados em tempo de guerra nos exércitos solares de Kar.
De facto, todos os autores apontam Quirino como sendo um deus da guerra e de origem recente em relação à fundação de Roma para a qual apela o mito.
Para Thomas Bulfinch, Quirinuswas a war god, said to be no other than Romulus, the founder of Rome, exalted after his death to a place among the gods.[8]Outros apontam-no como uma importação relacionada também com as vicissitudes da fundação de Roma.
Quirinus = of Cures, of the Quirites.[9]
Se Quirino seria o deus dos curiões significando inicialmente senhor ou deus kouro quiri-tes significaria o mesmo mas talvez no plural ou seja literalmente kouroi.
Na mitologia romana, Quirino era um misterioso deus provavelmente de origem sabina que enquanto Janus Quirinus era também um epíteto de Jano com funções de deus supremo das tempestades e da guerra. Os sabinos tinham um templo que lhe era dedicado no "monte Quirinal", que foi mais tarde incluído nas sete colinas de Roma. Por vicissitudes políticas de história de Roma Quirino tornou-se um dos mais importantes deuses do estado como forma deificada de Rômulo, o fundador e primeiro rei de Roma. E é então que a retórica mítica e a pseudo etimologia se misturam. Se Quirinus era o deus da guerra das sabinas raptadas passou a ser o deus da paz dos futuros quirites filhos dessas mães sabinas pois que para deus da guerra Rómulo, e a cidade de Roma, tinham já o seu Marte e depois...um deus de mulheres, para mais de origem estrangeira e rival não poderia fazer grandes guerras!
A casta sacerdotal dos Salii Collini estava associada com Quirino enquanto os Salii Palatini eram dedicados a Marte Grã-divus, supostamente o que marcha para a guerra mas que teria uma origem menos retórica.
Grã-divus = Gra | Kra < Kar < Kaur | -divus < Kur-tius
=> Quiri-tes ó Quir-inus.
E é então que mais uma vez se suspeita que talvez Pierre Lévêque não terás inteira razão quando afirma:
«Iuppiter não é uma palavra aparentada com Mitra, nem com Varuna; Mars não é Indra; Quirinus é uma palavra de formação estritamente latina, os Nasatya são já iranianos, mas de modo nenhum indo-europeus». [10]
Que Mitra não é foneticamente aparentado nem com Júpiter nem com Varuna é, de facto, fácil de ouvir...e aceitar! Porém, talvez Marte e Indra tenham a mesma origem étmica e Quirinus não seja assim tão tipicamente latino!
Não é de negar o parentesco funcional entre os vaísya e os quirites enquanto “homens do clã”, já que de semântico terão muito pouco entre si, quanto mais não seja para exemplificar a teoria da trifuncionalidade contra a qual nada há a opor, até mesmo...pela sua banalidade.
De facto, vaísya < Wa®-íshya, eram lit. “a soberania dos filhos dos guerreiros” que o clã era, afinal, mas apenas por condição do seu desenvolvimento sócio cultural.
Os quirites ó kauretas (=> mancebos «recrutas») têm o mesmo significado funcional derivado do Cures latinos ou do Kauros Grego.
Quirites < Kwir-it(es) < Kawur-itu, lit. «filhos da *kafura»
                                   ó Ka-Wer-it > kawrit > Kaur-et > Kaureta.
                                                                        > «cabrito»!
Relacionando exacta etimologia com o nome de uma outra epopeia relativa à guerra de Troia, a Kafiria, podemos ficar com a quase certeza de que este termo significou armada, nome seguramente herdado da época da talassocracia cretense na qual todos os guerreiros eram marinheiros, como mais tarde no caso dos vikings. Interessante é verificar que o nome do cabrito, animal do capricórnico Enki, o deus dos marinheiros sumérios, prece ter etimologia por esta origem.
Já os Nasatya (quem o poderá saber?!) podem ter sido sátiros por uma ambígua confusão metafórica idêntica à que teria permitido a criação do mito dos sátiros a partir dos primeiros cavaleiros.
Nasatya ó Satyana < Saty®an < Iscuran > Saturan > Saturno.
Seriam os Satyros seguidores do deus Saturno, filho de Enki, quando este foi deus da guerra e dos mares e que se tornaram mais tarde pastores das cabras de Enki?
clip_image023
Figura 8: Silver and bronze ceremonial symbols, Alacahöyük (2200 B.C.) Museum of Anatolian Civilizations, Ankara.
Nos túmulos reais de Alaca Hüyük, na Anatólia, encontram-se ornamentos terminais de «estandartes» que prefiguram trindades divinas formadas por um veado central entre dois touros.
Se aceitarmos que a recordação do veado das tundras nórdicas acabou por desaparecer com o tempo à medida que os povos indo-europeus se iam fixando em torno do mediterrâneo e que o veado deve ter sido substituído pelo touro pode ter acontecido que as trindades divinas tenham passado a ser representadas por um touro entre vacas ou bois e daí o nome de Grabovii.
Mas, antes de ter sido boi foi cobra de nome Phian.
Quanto a Bofionus, temos:
Bofionus < War Phian(us)
=> Warkianos => warkia > vaísya e bowian > «bovino».
Restando apenas estabelecer a ligação que terá que existir entre o bos, bobis e o radical indo-europeu para «boi», *Kwaus- => Hwauran < Kau®an, não será então necessário meter o povo a martelo onde nunca esteve.[11] E mais do que evidente que numa fase de organização social pré-histórica do tipo caçador recolector todos os cidadãos eram guerreiros e o povo era uma comunidade para a guerra!
Quando o Irão fala do mal, da druj, «mentira», sabe-se que isso designa explicitamente, tanto nos hinos religiosos como nas inscrições políticas acménidas, homens, povos estrangeiros ou rebeldes.
Que druj > truj é indo-europeu percebe-se dando conta que em português «intrujar» é também mentir e trair o que seria apanágio de rebeldes e estrangeiros![12]
É corrente entre o povo afirmar que a trindade foi a conta que deus fez e não se entende muito bem porque possa ser uma descoberta semiológico dos indo-europeus. Que a estrutura política dita indo-europeia tenda para uma estratificação trinitário com base no clero, nobreza e no povo é de facto banalidade que tende para a asneira na medita em que tal estrutura se encontra por toda o tempo e lugar onde existem as mesmas condições de militarismo sagrado. Reconhecer que antes de Aristóteles a lógica classificativa dos homens de cultura primitivos passava por processos mentais de redução à dinâmica dualista das antinomias e à estática das trindades piramidais deste tipo não será grande novidade mas, é de salientar quem o salienta em estudos históricos ou antropológicos. Se algum acréscimo substancial aos dados da mitologia clássica existe nesta postura metodológica é o de nos permitir ter a certeza daquilo de que já suspeitávamos. Reduzir estas formas e estruturas antropológicas aos indo-europeus é arriscar dar uma mão ao racismo cultural.
A mitologia releva dum esforço intelectual colectivo para por ordem no mundo das representações sociais pelo que dificilmente saberemos o que seria uma religião primitiva sem artifícios culturais! Quer isto dizer que Quirinus pode ter outra explicação nesta história. O mais plausível é ter sido o nome do deus supremo dos Sabinos que, uma vez associado ao panteão romano, já que vinha no dote das mães sabinas raptadas, teve que descer de posição, perder a função marcial e passar a ser um deus pacífico, agrário e de fertilidade, o que não seria difícil de entender pelas razões anteriormente expostas. Mas isso acontecia com Marte bem como com todos os “deuses manda chuva” que ou trovejavam na guerra ou armavam tempestades em tempo de paz para fertilizar a terra e os campos. De facto, o deus da terceira função romana aparece em cena por mera aquisição de ocasião!
Esta assimilação de deuses supremos de povos associados ou conquistados teria inevitavelmente que multiplicar o politeísmo o que contribui para a confusão aparente dos panteões, sobretudo entre as grandes potencias culturais como foi o caso da Babilónia e, mais tarde, de Roma.[13]
Depois, Khiron, nome do bom centauro grego, iniciador sexual e militar de jovens e semideuses tem um nome que se parece por demais com Quirino (Khirin) e ambos com o barqueiro das almas Caronte e, por este, com Crono!
Khiron < Kheiron < Kairon < Kauran.
Charon < Kharon > Chron > Crono.
clip_image025
Figura 9: O jovem Aquiles é entregue ao centauro Quirão para se educação e iniciado nas artes da caça e da guerra.
Este encontro de deuses marciais nas profundidades infernais dos cemitérios vem já dos tempos sumérios dos deuses de Kur.
E não é de espantar pois nenhum deus mandava mais gente amada para a paz tumular das necrópoles do que os deuses dos exércitos!
Que deidades de personalidades tão diversas se confundam num mesmo étimo deixa a suspeita de que o politeísmo tenha sido, também, uma consequência da evolução linguística por mutações fecundas, primeiro, porque enriquecedoras nas variantes do nome de deuses ancestrais e depois, na criação de novos deuses a partir das variantes desses mesmos nomes. Este fenómeno linguístico, reportado a outras palavras, deve ter sido fundamental no enriquecimento semiológico das línguas. Dada a tendência natural para a conservação dos étimos como forma de resistência à dissolução dos significados no ruído de fundo da oralidade, o erro fonético, que, por ser necessariamente comum e anterior à escrita pode ter a origem mais diversa (dislexia, aliteracia, más práticas e facilitismo juvenil, contaminação entre dialectos, pressão cultural de línguas dominantes, modismos e neologismos e jogos de palavras, gíria ou calão e códigos secretos, etc…), só aparece como neologismo desde que a ele possa ser associada a formação de um novo conceito!
A este propósito pode aqui introduzir-se uma reflexão sobre a dialéctica da evolução linguística verificando que as línguas actuais são a resultante da pressão conservadora negentrópica do saber dominantes contra a acção da entropia do “princípio do menor esforço” sobre a memória social, ou seja, da austera autoridade imposta pela economia social sobre tendência libertina da indolência individual. Obviamente que as línguas são mutáveis porque a fonologia o permite mas também porque as línguas, não sendo inatas, têm que ser aprendidas correndo o risco de o serem de forma errada.
Como códigos de construção por interacção social as línguas sofrem as vicissitudes da cultura e só existem substancialmente pela acção hipercorrecta dos gramáticos que constantemente têm que lutar contra as forças dissolventes da ignorância por deficiência congénita ou por erro de aprendizagem o que justificou a existência de vários tipos qualitativos de linguagem que já na Suméria eram identificadas como próprias de crianças e de mulheres em contraponto com a língua escrita factos que os gramáticos modernos dicotomizaram em língua erudita e popular.
Assim, a linguagem como código de transmissão da cultura enquanto memória do adquirido histórico entra nos jogos sociais envolvendo-se e perdendo-se nas querelas de poder e nas guerras religiosas gerando escravidões em nome dos deuses e provocando revoluções por equívocos de linguagem. De qualquer modo a linguagem como a vida é sempre uma luta termodinâmica de produtividade neguentrópica em resultado da luta constante contra a força dissolvente da entropia sobre a memória cultural.
Mas, ainda assim, as variantes dos nomes de deus acabariam por ser fecundas no plano linguístico e geradoras de novos deuses no plano da mitologia pagã!
Ki Ur An (us) > Kiwrenus > Kwirinus > Quirinus.
Quirinus a formé Quirinalis, adjectif qui désigne tantôt un des trois grands flamines7 tantôt le Quirinal, la résidence primitive de la tribu des Titienses, redevable de son nom au roi Titus Tatius le Sabin. Cette colline, toutefois, ne fut ainsi désignée que postérieurement à la division de la ville par régions sous Servius Tullius, où elle s'appelait simplement Collina.
Por mais estranho que pareça Collina, antes de se transformar no genérico de pequeno monte da latinidade já era o monte que veio a ser o Quirinal o que não teria ocorrido por mero acaso.
                       < Col-ilu < Kur-ilu, pequeno monte.
Collina < collis (“monte”) + -ina < Proto-Indo-European *kolən-, *koləm-
          «Carlos» < Kar-lus < kur-lu-ish, o homem do monte do Sr. do Kur,
ou simplesmente, *colilu, pequeno monte.
Claro que nesta etimologia forçada o Proto-Indo-European não explica a queda do duplo «ele» latino e faz derivar um diminutivo em ina de um substantivo terminado em -en. Obviamente que Collina e colis derivam de uma forma de linguagem pré-romana que já se reportava para o culto de deuses das montanhas que seriam antepassados de Kur-Ano / Quirino. Assim, na tríade do Quirinal tínhamos Jove, deus pai do céu, Marte, deus filho a fazer a guerra na terra e Kur-Ano > Crono / Quirino, deus avô, destronado e ocioso no submundo. Por alguma razão se dizia que o monte do Capitólio teria sido dedicado a Saturno, porque este monte era romano como o Quirinal era sabino. Assim, em ambos os lugares se adorava o mesmo “Senhor do Monte” mas com nomes ligeiramente diferentes porque correspondiam a evoluções separadas do mesmo conceito a partir de uma cultura arcaica comum que nem era indo-europeia porque seria egeia ou cretense e que no caso das tríades latinas só aparenta dar razão à tese dumezileana porque os deuses saturninos da idade de ouro eram deuses populares na medida em que eram fartos como todos os deuses infernais e liberais porque tinham sido destronados e viviam ociosos.





[1] http://paleoglot.blogspot.pt/2010_04_01_archive.html
[2] Death, dismemberment and apotheosis of Romulus: a study about the reality of the first king of Rome ÁNGEL LUIS CASQUILLO FUMANAL
[3] As Primeiras Civilizações Volume III - Os Indo-Europeus e os Semitas de Pierre Lévêque.
[4] Dionysius of Halicarnassus writes one of the very few myths regarding Quirinus. During a festival of the Sabine god Quirinus, a girl of noble lineage danced in honor of the god. She was inspired by the god and went into a sanctuary whence she emerged, pregnant by him. She gave birth to a son, Modius Fabidius who when grown distinguished himself by exploits in war. He decided to found a city and gathered a band of companions. After journeying some distance, they came to rest, and at this spot he founded a city naming it Cures. (…) Dionysius of Halicarnassus, borrowing from Varro, writes that the name of Quirinus derives from Cures, whose god he is claimed to be. He continued that Cures derives from the Sabine word for spear or lance, curis thus implying an association with the Sabine god of war. Livy, Plutarch, and Ovid also include this etymological association with Cures.
[5] Death, dismemberment and apotheosis of Romulus: a study about the reality of the first king of Rome ÁNGEL LUIS CASQUILLO FUMANAL
[6] Death, dismemberment and apotheosis of Romulus: a study about the reality of the first king of Rome ÁNGEL LUIS CASQUILLO FUMANAL
[7] Death, dismemberment and apotheosis of Romulus: a study about the reality of the first king of Rome ÁNGEL LUIS CASQUILLO FUMANAL
[8] Thomas Bulfinch, in THE AGE OF FABLE OR STORIES OF GODS AND HEROES
[9] Charlton T. Lewis, Charles Short, A Latin Dictionary
[10] As Primeiras Civilizações Volume III - Os Indo-Europeus e os Semitas de Pierre Lévêque
[11] Os bofes ainda hoje são o nome dos pulmões dos bois que se fartam de bufar de fúria quando raspam o chão antes de atacarem!
[12] Se bem que os etimologistas portugueses nunca se tenham apercebido disto uma vez que ficam indecisos quanto à origem étmica do termo «intrujar» entre uma origem latina a partir de «intruso» e do castelhano «antuejar»!
[13] No Egipto chegaram a recensear-se cerca de 3000 deuses!

Sem comentários:

Enviar um comentário