No livro History of ancient pottery: Greek, Etruscan, and Roman (Volume 2) - Walters, Henry Beauchamp, 1867-1944, aparece o seguinte desenho na página 59 do Segundo volume:
Logo aqui o autor, Henry Beauchamp Walters, refere que esta cena de “Dionísio entre sátiros e ménades” aparece numa Hidria de Panfaios que ele bem conheceria por estar à sua guarda enquanto conservador assistente da secção de antiguidades greco-romanas do Museu Britânico em finais do século XIX e início do século XX. Actualmente os curadores deste museu devem estar com problemas financeiros devidos à crise global porque no seu site,
http://www.bmimages.com/results.asp?image=00189004001&imagex=1&searchnum=0003, o simples direito a uma fotografia deste vaso para uso num blog gratuito não aparece referido e para publicação on line o seu valor pode montar a £138.00 GBP! Já agora exige-se que o fotógrafo seja dos mais famosos!
As pessoas começam a perder a noção do ridículo! Uma instituição como o British Museum é património cultural da humanidade e pode pedir esmolas e patrocínios mas andar a vender fotografias de relíquias sagradas é sacrilégio! Os curadores do British Museum desceram ao nível dos vendilhões que Jesus expulsou do Templo!
The 1961 Report of the Register of Copyrights on the General Revision of the U.S. Copyright Law cites examples of activities that courts have regarded as fair use: “quotation of excerpts in a review or criticism for purposes of illustration or comment; quotation of short passages in a scholarly or technical work, for illustration or clarification of the author’s observations; use in a parody of some of the content of the work parodied; summary of an address or article, with brief quotations, in a news report; reproduction by a library of a portion of a work to replace part of a damaged copy; reproduction by a teacher or student of a small part of a work to illustrate a lesson; reproduction of a work in legislative or judicial proceedings or reports; incidental and fortuitous reproduction, in a newsreel or broadcast, of a work located in the scene of an event being reported.” (…)
Copyright protects the particular way authors have expressed themselves. It does not extend to any ideas, systems, or factual information conveyed in a work. The safest course is always to get permission from the copyright owner before using copyrighted material.
(…) When it is impracticable to obtain permission, use of copyrighted material should be avoided unless the doctrine of fair use would clearly apply to the situation.
O direito a citações e comentários é tão antigo que há preciosas informações de célebres autores da antiguidade que só chegaram até nós graças a citações de outros autores por vezes de menor valor! Se o uso e abuso do direito de autor fosse levado ao extremo muitos artistas ciosos da sua autoridade ficariam esquecidos nas prateleiras que já ninguém quer comprar. Obviamente que o «Copyright» protege a integridade da obra e não as rendas dos autores que se presume que vivam do que produzem de acordo com o mérito que têm. Por a alma a render nas esquinas do «Copyright» pode ser uma forma de prostituição muito mais mesquinha que a mais antiga profissão do mundo que mostra os seus dotes de graça nas bermas das estradas por inteligente cinismo publicitários. Não se entende é que direitos autorais possam ter os curadores dos museus a obras de autores antigos exumadas por arqueólogos a maior parte das vezes também já mortos e enterrados.
Direitos fotográficos por uma imagem com a qualidade da que se apresenta acima? Nem que estes museus tivessem ao seu serviço os fotógrafos mais famosos teriam justificação para cobrarem fortunas pelo acesso a informação que os museus, enquanto instituições de utilidade pública e interesse cultural universal, deveriam prestar graciosamente. Quanto muito estas instituições têm direito a cobrarem uma taxa de acesso e tudo o que vai além disso é pura sovinice que a magnanimidade da cultura universal torna inadmissível!
Inicialmente nem queria acreditar! O «Perseus Project» apresenta um vasto manancial de material de investigação que pode estar nas mais variadas formas de «Copyright» mas ninguém acederia muitas vezes a este projecto digital on line se a maioria deste material estivesse como quase todas as fotografias de vasos gregos do British Museum na situação inacessível de «Image access restricted». Restrito porquê e a quem? Escandalosamente a quem paga! O British Museum, contrariamente à tradição liberal britânica não faz saldos da cultura e vende a alma a peso de ouro, ou seja, em libras esterlinas! Adiante!
Felizmente a obra de Henry Beauchamp Walters, atrás referida está em domínio público!
Como se dá imediatamente conta, trata-se de um desenho de uma hídria de «figuras áticas negras» ostensivamente assinado por Panfaios.
Across upper edge of the main panel runs the inscription, *P*A*N*F*A*I*O*S *M*E*P*O*I*S*E*N, "Pamphaios made me." -- Perseus Project.
Notar como por vezes o grego ressoa a português arcaico!
Panfaios me poisen = “Panfaios me poisam”!!!
Ora o autor do desenho de Henry Beauchamp Walters apenas vincou os contornos das figuras.
Sendo assim, a primeira coisa a fazer seria tratar o desenho como se fosse o negativo do original.
Mas logo damos conta de que, como é habitual, as ramagens dionisíacas deste tipo de «figuras áticas negras» são escuras em fundo claro porque, tal como as inscrições, eram feitas em contraste: negras em fundo claro e claras em fundo preto. Neste caso, ficaram brancas em fundo claro o que não corresponde ao esperado pelo que se tiveram que fazer sobreposições de imagens parciais para obter os aspectos das imagens que não podiam ficar em negativo e para manter os contornos que o autor da obra de Henry Beauchamp Walters magistralmente desenhou. O resultado foi o seguinte:
Claro que estamos longe do padrão quadrangular dos murais e dos painéis figurados que os egípcios consagraram e os clássicos sempre apreciaram. No entanto a arte cerâmica tinha formas curvas intrínsecas inalteráveis a que o desenho tinha que se adaptar pelo que, salvo raras excepções, raramente era quadrangular. No entanto, a quadrangulação destes desenhos é quase sempre possível demonstrando-se assim que era na forma quadrangular que os artistas da cerâmica gregas projectavam os seus desenhos.
A quadrangulação cibernética deste desenho revelou-se difícil porque o apresenta assimetrias notáveis, provavelmente decorrentes do suporte em barro, que houve corrigir, e o resultado final foi este:
E finalmente este:
E finalmente este:
ótimo trabalho...gosto de desenhar vasos antigos...e pesquiso muito sobre eles...
ResponderEliminarObrigado. Considero que continuar a desenhar e restaurar vasos antigos é uma trabalho de duplo valor, artístico e arqueológico, que a fotografia de modo algum substitui!
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