Figura 1: Atégina.
Incide-se particularmente sobre o conjunto de dedicatórias a Atégina, geralmente designada como dea sancta Turobrigensis,
e em especial sobre o elemento de natureza toponímica que envolve.
Inventariando todos os registos epigráficos com este termo, constata-se
que ele ocorre unicamente em três inscrições da região de Aroche, sem
nenhuma relação com o culto a esta entidade. Em todos os outros casos se documentam as formas Turobrig(a)e ou Turibri, incluindo neste último caso a indicação de origem de um eques alae Vettonum. Deste
modo, propõe-se que se aceitem como completas estas duas formas
onomásticas, sem necessidade de se desenvolverem, como tem sido prática
corrente, como Turobrige(nsis) ou Turobri(gensis).
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(…). Deste modo, haveria que excluir a divindade do conjunto das entidades locais, de natureza pré-romana, integrando-se preferivelmente no próprio âmbito das religiões mistéricas, desenvolvidas em contexto perfeitamente romano. -- [1]
Elem. top.
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Referência teonímica
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Proveniência
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T.
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de(ae) s(anctae) A(tecinae) T (---)7
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Malpartida de Cáceres
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T.
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d(eae) s(anctae) A(tecinae) T(---)
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Cagliari, Sardenha
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T.
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d(eae) s(anctae) A(tecinae) T(---)
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Cárdenas, Mérida
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T.
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d(eae) s(anctae) A(tecinae) T(---)
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Malpartida de Cáceres
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T.
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d(eae) d(ominae) s(anctae) T(---) A(taecinae)
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Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
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Tu.
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d(eae) Ate(cinae) Proserpinae Tu(---)
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Salvatierra de los, Barros (BA)
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Tur.
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d(eae) dom[i]nae Tur(---) [---]
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Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
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Tur.
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Tur(---) Ad(aecinae)
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Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
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Tur.
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<d>o<minae> s(anctae) Tur (---) A(taecinae)
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Saelices (CU)
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Turib.
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deae sanc(tae) Turib (---)
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Mérida (BA)
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Turibr.
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domina[e] Turibr(---) Attaec[i] nae
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Alcuéscar (CC)
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Turibr[i?]
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[---] Turibr[i? At]aegin[---]
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Salvatierrra de Santiago
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[T]urib[ri?]
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do[mi]na[e T]urib[ri?] Add[aec] ina[e]
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Salvatierra de Santiago
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[T]uribri
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dominae [T]uribri Adaegina[e]
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Medellín (BA), Alcuéscar (CC)
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[T]uri[b]ri
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d(eae) d(ominae) [T]uri[b]ri
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Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
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[T]uribri
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[T]uribri A[t/d]ecin[ae]
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Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
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Turibri
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d(eae) d(ominae) s(anctae) Turibri
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Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
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Turibri
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d(eae) d(ominae) s(anctae) Turibri
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Cerro de S. Jorge, Alcuéscar (CC)
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Turibri
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dominae Turibri [A]deginae
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Santa Lucía del Trampal, Alcuéscar (CC)
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Turibri
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dominae Turibri Addaecin(ae) [---]
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Alcuéscar (CC)
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Turobrig.
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dea Ataecina Turibrig(ae?) Proserpina
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Mérida (BA)
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Turibrie
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do(minae) d(eae) s(anctae) Turibri(g)e
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Santa Lucía del
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Turibrice
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d(eae) s(anctae) Turibrice
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Quintos, Beja (BJ)
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Turibrige
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daeae sanctae Turibrige
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Herguijuela (CC)
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[T]urubrigae
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domina [A]ttaegina [T]urubrigae
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La Bienvenida (BA)
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Turobrigae
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deae Ataecinae Turobrigae [s]anctae
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Mérida (BA)
|
O nome completo, augusto, pomposo e latinizado da deusa lusitana Atégina deveria ser:
DEA DOMINA SANCTA TURIBRIGAE ATEGINA
No entanto, as variantes ortográficas do seu nome de Atégina,
nas numerosas lápides encontradas parecem ser demasiada para ser
explicada por mero erro ortográfico devendo-se sobretudo à dificuldade
que os romanos, que adoptaram este culto local, tinham em transcrever
para o latim o nome da deusa numa língua lusitana que os romanos
consideravam bárbara e dura de se pronunciar.
A(tecinae) / A(taecinae) / Attae-c[i]nae / Adae-gina[e] / [A]de-ginae / Addae-cin(ae) / [A]ttae-gina / Atae-cinae = dea Atae-cina Turibrig(ae?) Proser-pina.
ATAE-GINA, ATAE-CINA, ATTAE-GINA, ATAE-GINAE, ATTE-GINA, ATA-CINA, ATTAE-CINA, ADDAE-CINA, ADAE-GINA, ADE-GINA, ADE-CINA.
De acordo com Juan Manuel Abascal Palazón, Ataecina
é uma divindade celta, um dos muitos deuses que integram o panteão
pré-romano, que manteve o seu culto densamente activo durante o
Principado.
É duvidoso que se possa considerar Atégina como uma divindade celta quando o seu culto era preponderante na Lusitânia do sul e na Bética e o céu maior centro Turobriga
situada na Bética que por mais que se chamas Beturia Celta era Andaluza
Ibera ou quanto muito celtibera. Para que fosse considerada uma deusa
do panteão celta teria que ser encontrada em outras partes do druidismo o
que não é um facto.
A palavra Ataeghm estará por *Ate-gena. Em tal caso *Ategena será palavra céltica, composta do prefixo ate-, a que corresponde em irl. ant. Aith e
que significa (em lat.) «iterum», «re», e de -gena, que correspondo, na
forma e na significação, ao lat. gen-i-ta, participio de gigno = gi-gno
«eu gero», thema puro ge(n)-, e á segunda parte do grego en-gen, «neta». – Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal (Volume 2) - Vasconcellos, J. Leite.
Aith- (ath-), prefix, (1) reiterative, re-; (2) intensive, very; (3) negative, in-, un-, dis-, not.
Aith-éirghim, -éirghe, v. intr., I re-ascend, I rise again.
Aith-ghein, -e, f., symbol, type; a counterpart, a similar one; also regeneration; aithghein arshean-Mhícheál, the very picture of old Michael; aithghein Phádraig, one exactly like Patrick.
Aith-ghein-te, p. a., regenerate.
adh-, aidh-, an intensitive prefix, as adhuathmhar, very terrible; adhmholaim, I extol; >aidhmhillim, I destroy utterly.
É
inacreditável a ingenuidade positivista com que Leite de Vasconcelos e
outros fazem a autópsia do nome dos deuses como se de coisas vulgares se
tratassem ou pior, como se fossem arremedos de quimeras compostas de
remendos retirados um pouco do irlandês antigo, outro tanto do
desconhecido gaulês misturado com meio latim e grego e já está pronto
para entrar no crematório.
Obviamente
que para a raiz Gina nem era preciso tanta busca lapidar porque
bastaria recorrer à ginecologia moderna para chegar ao mesmo resultado.
Aith-ghein, -e, f., symbol, type; a counterpart, a similar one; also regeneration; aithghein arshean-Mhícheál, the very picture of old Michael; aithghein Phádraig, one exactly like Patrick.
O mero termo gaélico Aith-ghein teria bastado para fazer de Atégina
a “vera efígie” e o protótipo da ressuscitada! Claro que é espantosa a
sobrevivência dum termo gaélico que deve ser seguramente de origem
ibérica e que atesta como registo fóssil a sobrevivência de um culto de
deve ter sido intenso e extenso da Grande Deusa (Erech-Ki-Gal) da morte e ressurreição solar e da renovação dos ciclos anuais mas é óbvio que foi Atégina que criou estes termos e não o contrário.
Porque haveria de ser derivada do Aith irlandês quando é suposto serem os irlandeses originários da Galiza?
ATI CATHA [Mother CATHA, see above] Daughter of the Sun,
governs quick beginnings, sudden dawnings
ATI CEL [Mother Cel], the Deep-Breasted, the Fruitful Earth. ó Cer(es).
ATI TURAN [Mother TURAN], goddess of love. -- Etruscan Deity.
E porque não derivar do nome etrusco Ati, da Deusa Mãe?
De
tudo o que fica exposto se conclui Ataegina pode realmente estar por
*ate-gena, palavra que nessa hypothese significa «renascida»; como quem
dissesse em latim: re-gini-ta (de regigno), isto é Renata.
Esta explicação levar-nos-ia a admittir que Atégina era na origem deusa
da terra e dos frutos da terra, que renascem todos os anuos. A isto se
ligará o epitheto de invicta, que se lê na inscripção: Dea Ataegina
Turohrlgensis invicta. – Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal (Volume 2) - Vasconcellos, J. Leite.
Como
se confirma, tendo o cuidado de sair do gaélico vulgar e analisando a
onomástica gaulesa parece que a tese de Leite de Vasconcelos de que Atégina seria simplesmente Renata porque o nome gaulês quase igual Ategnia significaria simplesmente “bem-nascida”,
a filha desejada, a descendente. Obviamente que não estamos muito longe
da mesma semântica mas podemos concluir que o prefixo *ate tanto seria
iterativo como intensificador como até diminutivo no sentido de filho e
rebento o que deixa já a suspeita de que afinal este étimo *ate de
especificamente celta porque corresponde à continuação semântica de
infixos que temos encontrado por todo o lado com o significado genitivo
de pretensa (acádico ish) que se podem transformar em nominativos (latinos us, is e grego os) mas sempre derivados do poder criador da Deusa Mãe An-tu > Nin-tu / Ker-tu e com o significado comum mais arcaico de rebento, filho e mulher, -et –at, etc.
A raiz Ate- volta a aparecer numa deusa ibérica de nome Atte-Dia, que até prova em contrário será equivalente a Atégina.
Atte-Dia - Deusa do gado e da natureza a quem se faziam ritos sacrificiais.
Na linha blasfema de tradução pelo irlandês do nome desta deusa seria Atte-Dia ou Athedia a “re divinizada” quando seguramente seria, quanto muito, a Grande Deusa como Ereschqui-Gal, a grande senhora de terra de Erech.
Aditi
é uma personagem da mitologia hindu, em sânscrito significa “Livre,
desimpedido”' Infinito. (...) Ela é amais antiga das deusas, mãe de Agni
e de Adityas com Kasyapa. Ela é associada com as vacas, um
animal sagrado nas crenças Hindus. (...). Definida como a área ilimitada
acima dos céus comparado com que existe abaixo dele (...).
Atégina, além de poder expressar apenas o seu estatuto de filha bem-nascida da Deusa Mãe como era Atena Core e Tanit, pode corresponder a um tipo de divindade conhecida na cultura indo-iraniana como Aditi, possivelmente a mesma que a lusitana Attedia, já que ambas teriam a vaca como animal sagrado e de transporte.
Como Tanit, era a Dea Caelestis,
eram também as deusas da Noite estrelada e, por isso, ambas passíveis
de ter etimologia próxima da noite gaélica. O lado obscuro e sábio das
deusas da noite pode fazer delas divindades maléficas, ruinosas e
enganadoras sobretudo na presença de fiéis insensatos e desatentos. Era
este o papel de Atea, uma deusa que segundo Hesíodo tinha sido gerada por Eris, a Dis-códia, no começo do universo.
Na mitologia grega, Ate ou Atea
(em grego antigo Ἄτη, "ruína", "insensatez", "engano") é a deusa da
fatalidade, personificação das ações irreflexivas e suas consequências.
Tipicamente, faz referência aos erros cometidos tanto pelos mortais como
pelos deuses, normalmente devido a sua companheira Húbris
o excesso de orgulho, que lhes levam a perdição ou a morte. Até vive
nos montes, é uma deusa alada. Pousa na cabeça dos mortais sem que eles
percebam, alertando-os de suas desatenção, sendo assim um divindade
considerada sábia.
De facto, Atégina pode ser, como Ateia uma filhas da Dis-Cordia porque lhe é reconhecida e famosa a tradição da bruxaria negra, do mau-olhado e do devotio.
Deusa de Turóbriga (Betúria Céltica), provém do céltico Ate (irlandês antigo Aith) e gena, tendo o significado de Renascido. Sendo uma Deusa da fertilidade e dos frutos da terra, que renascem todos os anos, foi identificada pelos romanos por Prosepina, e daí ser considerada de Deusa Infernal, que desaparece no Submundo para depois renascer. Era-lhe também prestada um devotio,
que consistia em invocar, através de certas fórmulas, as divindades
para prejudicar alguém (da simples praga até à morte). Era, contudo,
também deusa curadora, e muitas inscrições o comprovam. Era assim uma
Deusa Tripla: da Natureza, da Cura e da Morte, tal qual como todas as Deusas Mães, e tal como foi Artemisa de Éfeso. [2]
Dis-Cor-dia era uma deusa infernal tudo apontando para que fosse simplesmente Cor, a esposa de Dis-Pater de que os gauleses se consideravam filhos na medida em teriam por deus tutelar Crono / Saturno, que teria sido o deus de Creta minóica, equivalente de Enki (Enki-Kur) Sumério
Parece antever-se que Atégina era a deusa das bruxas e adivinhos, curandeiros e bentos.
Quando
desconfiam que a doença é mal de bruxedo, deitam água num prato, metem o
dedo no azeite da candeia e deixam cair na água três gotas. Ao mesmo
tempo dizem: “Fulano Deus te fez, Deus te criou, Deus te livre de quem
mal te olhou”...e vão fazendo cruzes ao mesmo tempo que as gotas de
azeite caem na água do prato. Se estas se espalham ou chegam a
desaparecer é certo o mal ser coisa de bruxedo e então vão à benta ou ao
bento com uma peça de roupa do doente. Se as gotas de azeite não se
espalham, ficam tranquilos, pois não se trata de bruxedo. -- Histórias e Superstições na Beira Baixa, José Carlos Duarte Moura.
«Adivinho» <? Lat. divinu, s. m. adivinhador, bruxo, nigromante. =
Os adivinhos têm também o estranho nome de haríelo, palavra esdrúxula que pressupõe um letra omissa
Harielo < lat. harialo < kari-iulo < Karijulo < Kari-chu-lu <= Iskur.
Harielo era literalmente o sacerdote de Iskur, o deus dos infernos.
Como
se viu, parece que Atégina pouco ou nada teria a ver com adivinhação!
Dizemos: “parece”, porque não podemos ter a certeza disso porque, ao
mesmo tempo que se formaria o termo latino devinatio, de que supostamente teria derivado o termo português para «adivinho», estaria em uso um termo luso *atekina que poderia ter dado um termo *athiwino
(> «adivinho») como sacerdote adivinho de Atégina mas...como
teremos que dizer, estamos no terreno da pura adivinhação e das
acrobacias sem rede.
The name Ataegina is most commonly derived from a Celtic source: the two roots *atte- and *geno- to mean "Reborn" or from *ad-akwī- (Irish adaig) meaning "night".
Assim,
se calhar, as coisas depois de bem pensadas vão acabar por recambiar a
noite gaélica para o latim por via galega e, portanto, numa data recente
já muito posterior a Atégina!
Adaig f (dative singular aidchi) = night.
Descendants: Irish: oíche; Manx: oie; Scottish Gaelic: oidhche.
Lat. nox (-ctis) > «noite» > õite > Irish: oíche > Scottish Gaelic: oidhche
> Manx: oie > Gaélico antigo aidchi > *adaik > Adaig.
Assim,
pelo menos mantinha-se um pouco mais do sentido da dinâmica cultural
antiga e do bom senso da história. De facto, parece que os irlandeses é
que saíram da Lusitânia e os etruscos da Anatólia, ou seja, o sentido da
evolução cultural foi de oriente para ocidente como o comprovaria uma
análise sumária dos níveis civilizacionais entre a Irlanda antiga e a
Etrúria.
Aita, Eita = Pluto, Ruler of the dead & personification of the underworld. Wolf's head from Greek Hades.
Aita < Eita < Hayath > Hajat < Hash-Hash > Hadad > Hades.
Quanto muito pode postular-se a existência de uma ressonância arcaica no termo gaélico antigo Adaig herdado do latim de um mitema relativo a cultos nocturnos e «escuros» relacionado com os deuses dos infernos do Kur que foram o Esckur(o) na suméria, Adad na cultura acádica da caldeia e Hades na Grécia.
Es
curioso destacar que muchos de los yacimientos en los que se han
encontrado inscripciones y objetos dedicados a Ataecina se encuentren
cerca de explotaciones mineras de hierro y estaño. Esto refuerza el
carácter de diosa del Inframundo de Ataecina, ya que en varias
mitologías, el dios del Inframundo es poseedor también de los metales y
minerales ocultos en las entrañas de la tierra. Un ejemplo sería el dios
griego Hades. [3]
Notar que Dionísio teve o título de Adoneus, o governante, seguramente derivado de Adónis Grego, um deus que era a variante de Tamuz que na Caldeia morreu e desceu aos infernos e obrigou Inana / Istar morrer também e a descer aos infernos para o libertar desgraça em que teve apenas a ajuda de seu pai Enki / Esckur.
A mitologia caldeia é a este respeito misteriosa porque por vezes tudo aponta para que Esckur não seja Enki e na oposta para que Esckur seja Tamuz / Damuz. Ora, Ninhursag era conhecida pelos acádios como Damkina, esposa de Ea, ou seja, Enki.
Nin-Ki (Ninhursag) é uma deusa suméria das águas frescas, muitas vezes chamada de Damkina. Ninki se tornou conhecida por ser a primeira esposa de Enki e mãe de Marduk. Quando Enki (Ea) venceu Apsu (Abzu) e Mummu, levou-a consigo para habitar em oculto nas profundezas do Apsu, onde geraram Marduk. Talvez seja filha de Anu e Nammu, e portanto irmã de Enki.
Ora, Damkina < Tham(uz)-Kina > Ush-Kina > At-Gina > Atégina.
Damkina, que era irmã de Eresquigal parece ser fonetimante Demeter que foi seguramente Tiamat(er). Não
nos vamos alongar na confusa genealogia dos deuses sumérios que os
acádios tornaram ainda mais complexa pelo que nos ficamos pela ideia de
que sendo Eresquigal a irmã negra e invernosa da primaveril Innana / Istar, então, até prova em contrário, Eresquigal seria a mesma que Damkina e ambas Atégina.
Este mito deve ser o primeiro esboço relativos aos deuses do submundo do que veriam a ser os complexos mitos do decesso de Istar e Damuz
aos infernos responsáveis pelos múltiplos ciclos de deuses de morte e
ressurreição pascal, pelo menos enquanto não conhecermos alguma coisa de
substancial da mitologia cretense que tudo indicia ser a origem destes
mitos e onde haveria um de nome diverso em cada uma das 100 cidades de
Creta e das ilhas do mar Egeu.
Ver: DECESSO DE INANA / ISTAR (***)
Leite
de Vasconcelos esqueceu foi uma explicação para a variante –Cina de
Atecnia que nos parece um óbvio elo de transição com o sumério (Dam)-Kina.
No entanto, postular um nome de uma deusa celtibera, mais ibera que
celta, como se fora filha de um qualquer irlandês itinerante e gerada
por uma desconhecida deusa latina é positivismo caricato.
O elemento ate- entra em muitas palavras célticas, como: Ate-cingus, Ate-gnata, Ate-gnia, Atemerus, Ate-epomarus, At-eporíx.
O
elemento -gena, tanto nessa forma (feminina), como na masculina -genus =
geno-s, entra também em muitas palavras célticas, como: Ande-genu-s,
Cintu-gena, Litu-gena, litu-ginus, Nemeto-gena y, c no irl. ant. Ingen
«rapariga» <eni-gena (cf. o masculino Enignu-s, nome próprio, =
En-ig(e)nu-s). As próprias inscripções lusitano-romanas apresentam:
Deogena = Deo-gena (em Trás-os Montes) e Medugens = Medu-geno-s (no
Alemtejo ), d 'onde se vê que o elemento -geno-s, -gena era bera
conhecido cá. – Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal (Volume 2) - Vasconcellos, J. Leite.
Que importam os exemplos das palavras supostas celtas apresentadas com prefixo ate- se nenhuma foi traduzida? O gaulês Ategnia por exemplo seria fascinante saber o que significa porque é quase Ategina.
Ate-gnia
- Nom de personne attesté par une inscription découverte à Soulosse
(Solimariaca sur le territoire des Leuques). Elle était selon cette
inscription, la mère de Meddugnatus qui fait une dédicace en l'honneur
de Jupiter. Son nom est basé sur la racine celtique *ategnio- "petit-fils, descendant". Les variantes, Ategnata, Ategnatia, Ategnissa, Ategnutis, Ateknatos, sont elles aussi attestées. [4]
Pois
bem, parece que a este respeito, se Leite de Vasconcelos não estava
profundamente enganado também não estava muito perto da verdade porque Ate-gnia,
que é quase literalmente o nome da deusa lusitana significaria apenas o
descendente ou seja um filhote ou rebento o que, de facto, está de
acordo com o que se suspeita ser o infixo genitivo at/tu em línguas semitas e outras proto linguagens.
No entanto apresentam-se de seguida alguns nomes celtas iniciadas em ate- onde este parece significar grande o que parece o oposto de filhote.
Ate-meria
- Nom de personne attesté sur une inscription découverte à Rifnik dans
le Norique. Elle était la fille d'Atecnatus. Ce nom est probablement un
composé en *ate-mero-,
signifiant littéralement: "la grande folle", "la très agitée". La forme
masculine, Atemerus, ainsi que la variante Atimeria, sont également
attestées. [5]
Ate-pomarus - Nom de plusieurs personnes évoqué sur plusieurs inscriptions. Le nom typiquement celtique, composé en *ate-epo-maros
signifie: le très grand cavalier. Notons que ce nom se retrouve dans
celui d'un des fondateurs légendaires de la ville de Lyon, et dans celui
d'une divinité celtique.
Ate-po-rix
- Tétrarque de Galatie, père d'Albiorix, à qui Pompée légua une partie
de la Zèlitide et de la Cappadoce. Ces terres furent distribuées en
partie à Dyteute après sa mort. Son nom semble signifier le "roi des
cavaliers". Escingos is a compound of the prepositional prefix ex and
cingus (valiant), also in Atecingus, and cognate with Cingetus, Cingetorix, Ver-cinge-torix.
E dizemos: parece, porque as traduções referidas não são convincentes. Se Ate-pomarus significasse “grande cavaleiro” então Ate-porix não poderia significar tão facilmente “rei dos cavaleiros”, sobretudo quando se suspeita que até o nome Vercingétorix anda mal traduzido por razões de conveniência.
Vercingétorix, dont le nom, prononcé «Ouèrkinnguétorix», signifie, d'après Ange de Saint-Priest, «puissant guerrier» (Ver-cing-eto) et «roi» (Rix),
est l'un des premiers chefs ayant réussi à fédérer une partie
importante des peuples gaulois, en montrant de réels talents militaires
face à l'un des plus grands stratèges de son temps, Jules César.
Na verdade, o infixo de chefia electiva germânica já era vitalícia mas ainda tinha pouco a ver com realeza. O sufixo seria –orix cognato de Eurico que seguramente derivaria da tradição egeia dos kauroi.
Ver: EURICO (***)
Obviamente que todos os autores que se precipitaram na etimologia da deusa Renata ou Renascida se basearam na identificação, que os romanos fizeram, entre Atégina e Prosérpina.
Como
vimos nas inscripçoes lª e 7ª, Atégina foi identificada com Prosérpina:
nessas inscripções o nome desta deusa está aposto ao daquella, —
Ataegina Turibrigensis Prosérpina — , facto que tem parallelos noutros
pautheons, por exemplo no gaulês, onde havia Apollo-Grannns, e outros.
Ora, fallando dos Romanos, diz Santo Agostinho:
«praefecerunt...Proserpinam frumentis germinantibus»; creio que a
qualidade aqui attribuida a Prosérpina, de presidir á germinação dos
grãos, -concorda de modo eloquente com a que a cima attribuí a Atégina. –
Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal (Volume 2) - Vasconcellos, J. Leite.
Claro que Atégina é uma deusa Renata e renascida obviamente! Mas o facto de isso ser verdade não quer dizer que se possa aceitar que é assim que o nome de Atégina
se traduz em celta dando assim a entender que seria um nome de fabrico
local sem qualquer relação umbilical com a tradição oriental das deusas
bem-nascidas, filhas queridas de mãe Tiamat / Demeter e que acabaram mortas de amor envoltas nos ciclos de fertilidade agrícola e, por isso...renascidas.
GINA / JANA / JUNO E GENA
Gin
(e não *gen) é tanto gaélico como grego e significará apenas mulher
progenitora, implicitamente responsável pela renovação das gerações, mas
não faria sentido pensar que foi o grego que copiou os irlandeses.
Segundo
a Tradição nos conta, Atégina desce ao Submundo, em busca de Seu Amado
Endovélico, que havia sido morto por um grande javali ( que simboliza as
Forças de Destruição, que desfazem a forma para que a essência possa
renascer ). Atégina desce e se encontra com Seu Amado, agora Senhor do
Mundo dos Mortos: Enobólico, o Muito Negro. Ela, que é a Força que a
tudo vivifica, ao mergulhar nas trevas da Morte, abandona o Mundo dos
vivos à escuridão e ao fenecimento de tudo o que antes era verde e
florido....é necessário mergulhar nas escuras profundezas para se
encontrar o Amor verdadeiro, que é a Vida em seu ápice de realização e
razão de ser. -- [6]
|
Adaegina: Diosa de los infiernos "superiores", que se encuentran en lo más profundo de los bosques.
Atégina deve ter tido uma variante específica de «Castelo Branco» porque para tal aponta o nome romano Egi(p)tania desta cidade.
De resto:
Adaegina < Ata-Egina < At-E(n)kina > Atégina
= Ati-Gina, lit. “Mãe | Gina < Kina >| Diana.
Porém, o que mais interessa por agora é reparar que:
<= Egi-Tan (lit. «Atena Egeia») > Egitania ó Egi(p)tania??? ou
ó Segitania = Segita-Ana > (Ana) Segetia,
....uma deusa já referida como estando relacionada com Ceres
< Kerish > Kaurath (> Koret > Goreth >) Coré…filha de Deméter!
Ver: CERES / SEGETIA (***)
O nome de Atégina pode ter ficado na toponímia portuguesa de forma inesperada no nome de Ataíja de Cima.
Em termos civis, pertence à freguesia de São Vicente de Aljubarrota, concelho de Alcobaça, no distrito de Leiria.
A
nível eclesial, Ataíja de Cima pertence à paróquia de São Vicente de
Aljubarrota, Vigararia da Batalha, na Diocese de Leiria-Fátima. (...)
O nome Ataíja parece provir do árabe Taixa, nome antigo dado pelos Mouros à atual Serra dos Candeeiros. Taixa significa “coroada”, uma vez que a disposição dos montes naquela zona da Serra se assemelha ao desenho de uma coroa. (...) Al Taixa, palavra que terá evoluído progressiva e naturalmente ao longo do tempo, até ao atual nome de Ataíja.
Claro
que Ataíja não prece nada ter derivado do árabe porque os árabes não
coroavam ninguém (usavam turbantes!) muito menos mulheres e se assim
tivera sido seria ainda Altaíja porque, como tantas outras localidades
da zona (Alcaria, Alquidão, etc) iniciada pelo artigo árabe Al, não
teria tido tempo para a se degradar tanto.
Na verdade, «coroada» em árabe é u-ta-u-j ou tauj o que sendo foneticamente próximo é ainda assim diferente de taixa.
«Coroada» = توج = و ت و ج = (u-)ta-u-j.
Com
o artigo árabe, «a coroada» seria então Al-(u)tauj, algo diferente de
Altaixa e que, ainda assim, demoraria muito tempo a corromper-se em
Ataíja, sobretudo não sabendo qual seria a tónica da taija árabe mas apenas que o u é longo justificando a possível tónica actual.
De
qualquer modo aceita-se que tenha sido esta uma etimologia popular
arabesca na medida em que o nome já existente desta localidade à época
da ocupação árabe se assemelharia na língua destes a uma entidade
«coroada» que os moçárabes apontavam como sendo as cumeadas da serra dos
Candeeiros próxima da Serra de Aires que os romanos já tinham
morfologicamente nomeado ad septem ares, onde septem se repostava não ao
número sete mas a uma entidade metafórica «setada», ou seja recortada
como uma coroa!
Ver: SERRA D´AIRE OU DA IRIA (***)
A aldeia (Ataíja de Cima) tem uma ermida originária do século XVI, que foi restaurada durante o ano de 2003. É dedicada a Nossa Senhora da Graça
que, a 2 de fevereiro, ou no Domingo mais próximo, tem a festa em sua
honra. Os seus momentos altos são a Missa Solene e a Procissão ao
Cruzeiro da serra, situado ao cimo da Serventia. Na coluna desse cruzeiro pode ler-se a seguinte inscrição: N. S. da Graça, abençoai os Olivais, 2-2-1949. Isto porque, nessa
mesma procissão, se procede à bênção dos olivais e dos demais terrenos
de cultivo, até há pouco tempo, único meio de sustento das gentes desta
aldeia. Ultimamente, tem-se realizado ainda, dia 2 de fevereiro à
noite, uma procissão de velas, nesse que é tradicionalmente conhecido
como o dia de Nossa Senhora das Candeias.
Assim, segundo a geografia política nos informa, a aldeia de Ataíja de Cima reverencia uma N. S. da Graça com as funções pagãs de zeladora da “Árvore da Vida”, funções quais eram também as de Istar.
Na Grécia era Atena a protectora da Oliveira.
Ora, suspeitando que Eritónio não seria filho de Atena e Hefesto por mero coito ante portas porque em épocas arcaicas seriam marido e mulher como Vulcano e o monte Etna, e, como na Ilíada a consorte de Hefesto é uma Afrodite Cáris ("a graça") ou Aglaia ("a gloriosa"), a mais jovem das Graças, como Hesíodo a chama, então a N. S. da Graça está na aldeia de Ataíja de Cima por mérito próprio porque foi sempre protectora das graças e glórias da oliveira!
Sendo assim, Ataíja de Cima encobre o nome da Atégina e
revela ao mesmo tempo que esta deusa foi padroeira desta terra e uma
das Graças, seguramente por ter sido a mais formosa das deusa que foi a
filha de Deméter e rainha dos infenos, ou seja, Caris, Corete / Core!
De facto, interessa dar conta de que esta mesma deusa nos permite aceitar a suspeita de que Atena Corê foi uma mera variante de Perséfona / Prosérpina...e esta da caldeia Inana / Anat / Istar.
De facto, se os Romanos identificaram Atégina com Proserpina não o terão feito por mero acaso. É certo que as traduções
e permutas antigas das divindades nem sempre andaram certas mas, (que
diabo!) teriam tido algum critério, mesmo que empírico e intuitivo, pois
nem sempre foram desacertadas!
No caso de Perséfona
parece que os gregos nunca acertaram com o nome desta deusa fosse pelos
interditos rituais a que o seu nome estava votado fosse por ser um nome
pré grego cretense difícil de pronunciar. O nome micénio mais provável
seria *Preswa de que poderia ter derivado também o nome do heróico Perseu e da Ociânide Persa uma das muitas filhas de Poseidon. Embora o mito de Demeter diga que foi Zeus o pai de Perséfona, quem o sabe? O mais provável é que Perséfona fosse não Persa mas algo mais próximo do original como Perseia.
Mas
atendendo a que a tradição ocidental italiana parece ter recebido a
tradição minóica desta deusa de forma mais consistente poderemos
reconstruir o nome da deusa dos infernos do modo seguinte:
Persephone/ Prosperpine
|
Queen of the Underworld.
|
> Prosperpine < Phros- | pher > Her | -Pina.
Etrusc. Persipnei < Ferspnai < Pher-esh- | Pina < Kina > Phone > Fona. |
*Perseia < *Preswa < Pher | < Ker >
Her | -eska | < Ker-Kika > *Kertu > Karte | > Keres.
> Heresh + Kigal > Heresqui-gal.
Figura 2: Mapa da área de culto segundo Leite de Vasconcelos.
Em
quasi todas as inscripções traincriptas a cima a deusa recebe o
epitheto geographico de Turobrigensis, Turubrigensts ou Turibrigensis, o
que mostra que a sede primitiva do seu culto foi em Turóbriga, onde
ella tinha certamente um santuário notável. Comtudo, talvez eJle não
fosse longe de Aroche, a antiga Arucciy porque ahi perto appareceu uma
inscripçâo em que uma Baebia Crinita se appellida «sacerdotisa
turobrigense» *, isto é, natural de Turóbriga*; Arucci ficava também,
como Turóbriga, na Beturia Céltica. Que Aroche corresponde a Arucci
mostra-o, alem de semelhança dos nomes, o facto de ter apparecido alli
uma inscripçção em que a civitas Aruccitana faz uma dedicatória a Júlia
Aggripina, mãe de Nero (sec I da E. C.). – Religiões da Lusitania na parte que principalmente se refere a Portugal (Volume 2) - Vasconcellos, J. Leite.
A distribuição do culto de Atégina
reporta-nos para a certeza de que seria uma deusa de entre Tejo e
Guadalquivir ou seja uma deusa tipicamente celtibera. O centro do culto
da Deusa fica hoje na região espanhola de Cáceres muito perto do Tejo
estremenho o que levanta a suspeita de que o nome da deusa recebeu
ressonâncias semânticas e fonéticas deste importante rio ibérico. Atégina
poderia ser Ategina porque a versão Ataegina não implica a esdruxulação
obrigatória do nome. De resto, Tagus deu Tejo em português e Tajo em
espanhol porque quiçá seria *Taego-(eco) em lusitano e Ataegina seria
então a que parecia estar ao lado do drande deus que era o rio
Taego-(eco) ou Taegu-an / Dagon! Este postulado levar-nos-ia a colocar Ategina a namorar com Dagon, um deus que no alto Eufrates foi uma variante de Enki / Eskur e relacionado com o culto dos mortos mas que era sobretudo o deus dos mares da talassocracia cretense.
De resto, sabemos que Atenas morreu de amores por Poseidon
paixão que em vez de terminar em namoro acabou numa disputa acesa sobre
a soberania de Atenas o que determinou que esta deusa ficasse como Corê
eternamente Virgem o que não seria inteiramente verdade porque enquanto
deusa infernal acabaria seis meses do ano nos braços do seu amante, Hades / Dagon / Poseidon ou Plutão.
Ver: DAGON, CRONO E OS CULTOS INFERNAIS
Portanto, o nome da Perséfona cretense, de que devem ter derivados todas as deusas dos infernos, seria algo parecido como S.ª Queres com a possível variante de “Srª da dupla montanha (da Aurora)”, ou seja, S.ª *Querquere de que derivou a Srª do Cárquere de Resende...e a latina Prosérpina. Como S.ª Queres seria equivalente a Ana Queres, que os donos de Penedono rebatizaram como Ana Clara, a variante carinhosa desta deusa em tradição fonética da Anatólia seria *Kuris-Quina / *Queris-Quina que na Lusitânia deveria ter originado um nome parecido a *Quer-Gina e em algum local recôndito das ilhas do mar Egeu uma deusa dos frutos com o nome de *Carispina.
Atégina não parece ter nada a ver com Srª do Cárquere mas nada impede que não fosse esse um dos seus nomes porque se facto foi sobretudo adorada na região que hoje leva o nome de Cáceres.
Figura 3: Panorámica
de la parte antigua tomada desde la Torre Bujaco. En la misma se pueden
observar la torre de la Concatedral de Santa María, las de San
Francisco Javier y la Iglesia de San Mateo, además de parte de la
muralla que rodea al recinto.
No
se ha alcanzado consenso entre los historiadores respecto a la
etimología de Cáceres, considerando unos su procedencia romana, otros un
origen árabe y aún hay quienes especulan con que se trate de un
latinismo pasado por el árabe hasta finalmente adaptarse a la definitiva
denominación cristiana.
(...)
Uno de ellos procedería de la colonia «Norba Caesarina» (...) en
memoria de Julio César. El otro nombre es «Castra Caecilia», otorgado
por el cónsul Quinto Cecilio Metelo Pío a uno de los campamentos
militares de sus cercanías. También podemos encontrar quienes derivan la
palabra «Cáceres» del latín «castris», que significa «en el
campamento».
Afinal, a Catedral de Santa Maria de Cáceres seria uma oculta homenagem a Atégina enquanto Srª do Cá(r)quere, e verdadeira etimologia do nome da cidade cujo antigo santuário seria nas fundações da
Pero
de hecho, el lugar dónde se han encontrado el mayor número de
dedicatorias a la diosa es en la ermita visigoda de santa María del
Trampal en Alcuéscar (Cáceres), evidentemente levantada sobre el antiguo
santuario de ATAECINA. Se conocen otros dos santuarios más , uno en
Malpartida y otro en Herguijuela, los dos también en Cáceres aunque de
menor importancia. [7]
A propósito do topónimo brasileiro Caprina,
que é um município brasileiro do estado de Pernambuco diz-se que: “no
Dicionário Houaiss consta que a palavra carpina vem do tupi kara’pina: o que lavra ou apara, carpinteiro”.
Car(a)pina em tupi-guarani significa: tirar a casca grossa (descascar, aparar) a fruta ou carpo, em grego < *escarpar.
Obviamente
que deveria espantar toda a gente a possibilidade de uma língua
ultramarina brasileira como o tupi copiar termos lusitanos, ou ainda
mais, termos gregos, o que só prova o quanto a linguística comparada
anda desatenta.
Mas
a verdade é quo se não existiu uma deusa explicitamente *Carpina
existiu um casal divino de deuses dos frutos, com o nome comum Carpo.
Na
mitologia grega, Carpo (em grego: Carpus, literalmente "fruta") é um
jovem renomado por sua beleza. Ele é o filho de Zéfiro (o vento oeste) e
Clóris (primavera, ou nova vegetação), formando uma metáfora natural - o
vento oeste anuncia o florescer da primavera, que então traz frutos.
Carpo
(ou Xarpo) pode também se referir a uma horae ou Cárite, deusa dos
frutos da terra. Ela é a filha de Têmis e Zeus, em alguns aspectos o
equivalente feminino de Carpos; ela dominava o outono, o amadurecimento e
a colheita.
Portanto, se o panteão helénico herdado dos hititas não tinha lá uma *Carpina porque, por razões que se desconhecem, preferiu Persófona, teve o Carpo como deus menino fruto da Primavera e como uma das Carites ou Graças, deusa dos frutos e do Outono.
Suspeita-se que o nome latino de Persófona fosse uma litania do tipo a Corê (jovem) *Carpina, ou
seja Prós-Herpina, encontrando-se de passagem uma referência étmica às
aves agoirentas no nome das Harpias que na mitologia celta andam
associadas às deusas da noite e da morte.
Erbina (Erbine Iaedi) – Deusa Igaeditana adorada no interior e nos campos da Lusitânia.
Seria interessante poder confirmar se Erbine Iaedi não seria simplesmente uma forma mal escrita de Erbine & Hades.
Figura 4: Juno Sospita ou Caprotina.[8]
Por esta relação devemos identificar a deusa ibérica Erbina com este grupo de deusas da renovação vegetal...e de passagem as latina Anteverta (Outono a Inverno) & Posverta (Primvavera e Verão).
> «Gorete».
Corê < Kauret > Phrau-ish (>Alm.Frau = mulher)
> Phros (=> A-phro-dite) > Pros-.
Outro aspecto interessante é que *Caprina pode resultar por metaplasmo em Caprina, o que nos faz lembrar de Juno Caprotina...e a cabra de Atégina.
Caprotina is an epithet of Juno in Her aspect as a fertility Goddess. As Juno Caprotina She is associated with goats (Latin capra, "she-goat", caper,
"he-goat") and with figs, both of which are symbolic of fertility: the
fig fruit bears many seeds, and goats are well-known for their
randiness. Her festival was called the Nonae Caprotina, or the "Nones of
Caprotina", held on the nones or 7th day of July, and it was exclusively celebrated by women, especially slave-women.
The
Roman explanation of the Nonae Caprotina is thus: after Rome had
survived a siege by the Gauls (historically in the 4th century BCE),
some of the less-friendly neighboring Latin tribes decided to take
advantage of Rome's weakened position and demanded Roman women in
marriage, under the threat of destroying the city. While the Senate
debated what to do, a slave-woman named Tutela took the matter into her
own hands: with a group of other slave-women dressed as free women, she
went to the amassed enemy army, and under the guise of celebrating a
wedding feast, got the Latins quite drunk. After they had fallen asleep
the slave-girls took their weapons, and Tutela climbed a nearby wild fig
tree (caproficus in the Latin) and waved a torch as signal for the Romans to attack.
(...)
Another explanation for this festival was that it commemorated the day
that Romulus, the legendary founder of Rome, mysteriously vanished
during a thunderstorm, after which He was believed to have been taken by
the Gods and made immortal. The site of His disappearance was the Palus Caprae (or "Goat's Marsh") in the Campus Martius, a swampy basin not far from the spot where the Pantheon is nowadays (...)
Goats,
figs, and a fleeing populace are the common threads in these
traditions; also located near the Palus Caprae (which is the name given
to that area only in the legend of Romulus' disappearance) were the Aedicula Capraria, the Shrine of the Goat, and the Vicus Caprarius, a road literally named "Goat Street", which was probably named so because it led to the Aedicula Capraria. (...)
Figura 5: Juno Caprotina.
And yet another tradition names the invading army that frightened the populace so as being from Ficulea or Ficulnea, an ancient Sabine town whose name means "Of the Fig-Tree". (...)
The
various and confused explanations given for the two related festivals
point to both their importance and their ancient origins. Probably they
are both linked to the fig-harvest, which takes place in Italy in June
and July, and to Juno as a Goddess of the fig tree who ensured a
bountiful crop. (...) The other major theme of the Poplifugia and the Nonae Caprotina (as well as the Lupercalia) was the ritual spiritual cleansing of the city: the fig was known in ancient times as a purgative,
and thus associated with the driving out of evil (as both figs and
fig-branches were used in the Greek rite of the Thargelia, when Athens
was symbolically cleansed), so that the people and the crops might
prosper. The Flight of the People (enemy army or panicky populace) may
also connect to a symbolic driving out of enemies or bad spirits.[9]
Os
metaplasmos iriam ocorrendo tanto por ressonância de proximidade ritual
como de conveniência explicativa por magia simpática. Por exemplo, a poplifugia poderia ser uma corrida aos figos do povo (*populi fici), depois uma fuga ao povo de Ficulea, de seguida uma fuga para as latrinas por causa dos efeitos purgativos do excesso de figos bravos (caproficus) de sicómoros da Vicus Caprarius que só deviam ser comidos por cabras, etc.
Na nos cultos de Elêusis, na Grécia, o nome de Corê
era inefável, e seria por maioria de razão assim em tempos arcaicos e
seguramente também entre os celtas que recusavam a escrita, não sendo
por isso fácil de manter a rigidez formal da liturgia do nome da filha
de Deméter.
Corê *Carpina => Prosérpina.
*Kuris-Quina > *Carispina > Pher-ka-phona > Perséfona.
(*Kur)-is-Quina > | Ich > At | -Quina > Ategina (a cabra) montês.
Notar que não deve ter sido por acaso que os romanos prestaram culto a Juno Caprotina porque Juno é seguramente uma variante, pelo menos homófona, de Jana / Gina.
El sociólogo Moisés Espírito Santo afirma que el nombre combina Atta y Jana,
el primero un epíteto de la diosa madre arquetípica y el segundo el
nombre de la deidad romana Jana (forma femenina de Jano) o posiblemente
de Diana, la diosa de la Luna. Este sociólogo también afirma que Ataecina es una deidad compuesta que surge de tendencias sincréticas. [10]
Nesta rede de anelos étmicos poderia ser apanhada Afrodite Afrogénia, facto que em nada nos confundiria pois em lugar próprio se demonstrou que Atena e Afrodite foram irmãs gémeas enquanto antigas Deusas Mães infernais!
Proserpina < Phrau-Cer-Phina < Kar-Kur-Kina.
Afrogénia < *Aphro-Gina...
(Ate < Adae)-Gina < Ati-Thina, lit. “Mãe Diana” < Kaki-*Kina
=> Ish-Phan > Espan + ia > «Espanha».
> Ish-Than > Shetan (+ eu > Lat. Stan-neu) > «estanho».
> Ish-Than > Ash-tan > Atena < At-Tan > Tanat > Tanit.
Ategina < Ginate, lit. “a deusa do mau génio e do ginete das cobras” J!
< Ki-Anate > Tianat > «Tianita» > Tanita < Tanit.
Also
called: Tanith, Tent, Thinit, Tinnit, Rat-tanit; Tanis is the Greek
version of Her name. She was called "Lady of Carthage", "Lady of the
Sanctuary", and "the Face of Ba'al". The Romans called Her Dea
Caelestis, "the Heavenly Goddess", Virgo Caelestis "the Heavenly
Virgin", and Caelestis Afrorum Dea, "the African/Carthaginian Heavenly
Goddess", as well as the assimilated name Juno Caelestis.
Ver: TANIT (***) & ATENA I (***)
Em conclusão, o nome de Atégina
sujeitos aos interditos do secretismo mistérico, ligado aos cultos
agrários e pascais, pode ser explicado como sendo a corruptela de uma
mera informação do seu estado de “mulher e mãe” o que poderia ser
considerado tanto um discurso ritual matriarcal como revelador do
parentesco desta divindade enquanto esposa de Hades,
o rei dos infernos, indiciando já um discurso patriarcal em início
apenas aceite pela Deusa na forma violenta dum rapto prévio, como no
mito grego.
[1] Omnibus Numinibus et Lapitearum: algumas reflexões sobre a nomenclatura teonímica do Ocidente peninsular, AMÍLCAR GUERRA.
[2] z15.invisionfree.com/MundoMarillier/index.php?showtopic=124
[3] http://networkedblogs.com/zZ4q2?a=share
[4] http://encyclopedie.arbre-celtique.com/ategnia-4959.htm
[5] http://www.arbre-celtique.com/encyclopedie/atemeria-6457.htm
[6] http://iberiaeterna.blogspot.pt/2008/05/atgina.html
[7] http://networkedblogs.com/zZ4q2?a=share
[8] http://www.rfrajola.com/roman/Republic.htm
[9] http://www.thaliatook.com/OGOD/caprotina.html
[10] http://www.thaliatook.com/OGOD/caprotina.html