Figura 1: Hermes & Hércules. Estes deuses quase nunca aparecem juntos. As funções de juiz mensageiro que Hermes costuma ocupar em cenas mitológicas doutros contextos costumam ser preenchidas por Atena quando Hércules está presente. Como noutros contextos parece inferir-se que Hércules seria um avatar de Apolo é então possível que esta cena represente afinal uma variante inconsciente e tardia do culto dos gémeos primordiais.
Já demos contas que Pan aparece nas etimologias dos nomes de arcaicos deuses do fogo o que, como filho de Enki que é, nos terá que fazer reportar para este deus primordial da divina sabedoria que teve por equivalente helénico o deus das espertezas saloias, Hermes mal acabava de nascer e já andava a roubar o gado de Apolo!
Por su parte, Sánchez Dragó, encuentra en la figura hispánica de Hércules un sincretismo considerable: "En él confluyen Habidis u Osiris-Dionisio-Baco, por una parte, y Baal-Hammon-Melkart-Kronos-Saturno por otra", (p. 205)."Es indudable que el Heracles griego, llamado Hércules por los latinos, era el mismo dios Melkart o Melkarte de los fenicios y cartagineses, que en un principio fue no sólo el dios de la fuerza, sino el de la industria, la astucia, el comercio, los viajes, exploraciones y expediciones legendarias. Su nombre púnico Melkart o Melkarte, tiene el mismo sentido que el término latino Mercurius... Se discutía mucho su nacionalidad, pero en el templo sus sacerdotes seguían el rito egipcio y decían que el dios había venido de Egipto... Así, el padre de la Historia exclama: ¡declárese la verdad y sea Hércules tenido por dios antiguísimo egipcio!" Los fenicios consideraban también a Hércules "protector de las rutas y los caminos, por lo cual hacían montones de piedras que encontraban en sus viajes para conocer el camino de vuelta y además asegurar la felicidad de los negocios y empresas".[1]
De facto, entre Hermes e Hércules existem óbvias analogias étmicas.
Hermes
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< Her
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-Ama
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= Kali
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-ish
|
Hércules
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< Her
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-Kul
|
< *Kur > Kali
|
-ish
|
ALCIDES
O mais provável, em função da própria personalidade miliciana de Hércules é que a etimologia deste nome fosse mais directamente a seguinte:
Hércules < Her + | Grec. kurios = senhor, autoridade suprema => *Herkulios, lit. «o (> *horgul- > Germ. ûrgoli > «orgulhoso») Senhor da Guerra!
Original name = Alkides (renamed by Delphic Sibyl) = Alkaios, changed to Herakles by the Argives.
Em que ficamos? Alcides ou Alcaios ou, como adiante se dirá, *Alexikakos?
Como kauros º kakos => *Alexikakos = Alexi-Kauros
=> *Helish-Kourios, «o jovem filho do sol».
=> Her-Kurish, Iscur, (o deus) dos Exercitos.
Poderia até ter sido Alfeu.
Alfeu < Alpheiu < Alwaios, lit. “aquele que é branco”
< Al-kaios >Al-kides = Herakles, enquanto figura lendária porque, enquanto figura mítica e divina, Hércules deve ter sido o nome que mais seguramente entrou na língua grega a partir de Eragal
< *Heragal-ish, lit. “o filho guerreiro do rei, o príncipe guerreiro, o sol”, filho de *Kurkur(-ish), o poderoso deus pai que transportava o deus menino solar de monte em monte todo santíssimo dia, *Kurkurish
=> Herkales.
Até parece que os gregos clássicos já sabiam que um dia iriam ser dominados pelos árabes porque têm termos que parecem moçárabes.
Alfeu > «Alfaia» < Ár. alhaja, = lit. «coisa necessária», s. f. qualquer utensílio adequado a uma arte ou ofício! Ora, além destes sinónimos este termo comporta ainda: • arreio; • baixela; • atavio; • enfeite; • jóia; • paramento de igreja etc. quando «alfaiate» < Ár. alkhayyát = lit. «que corta e cose». Será mesmo assim? Não haverá exagero na atribuição de responsabilidades dos significados das palavras nacionais a outras línguas? Na verdade, não me parece que se possa separar a semântica de «alfaia» da de «alfaiate» tanto pela semelhança fonética como pelo facto de me parecer que os sentidos primários de alfaia teriam estado relacionados com vestuário e só secundariamente estes sentidos se terão alargado a qualquer utensílio adequado a uma arte ou ofício, seguramente que só depois de se terem perdido por conotações circunstanciais relacionados vestuários distintivos duma arte ou ofício, ou pelo menos duma cooperação medieval, por analogia com os paramentos de igreja. Ora bem, e aqui é que se entronca o nó desta questão, a alvura destes paramentos de igreja tinha que ser imaculada pelo que não seria de espantar que tenha sido a igreja a criar na gíria das sacristias o termo «alfaia». A partir daqui os restos dos sentidos teriam vindo por acréscimo até chegarem onde chegaram. De facto, sendo assim, o «alfaiate» teria sido primariamente o que fazia os paramentos do clero cristão já que o clero árabe não sói paramentar-se para actos litúrgicos. Ora, que o «alfaiate» fosse árabe ou viesse a ter nome árabe estando ao seu serviço do clero cristão seria quase uma heresia! É até possível que o Ár. alkhayyát seja lit. «que corta e cose» e o Ár. alhaja, = lit. «coisa necessária» (< Alkaja, lit. «a coisa»), mas parece-me que será muito difícil que suportem estes sentidos em simultâneo.
Suspeita-se assim que muitas etimologias de termos autóctones e de cariz popular que não se encaixem à tradição latinista acabam por ir parar ao fundo de saco do arabismo. Ora, se não fosse o preconceito rácico implícito no mítico paradigma do indo-europeu talvez utilizássemos mais o árabe como instrumento de investigação étmica e então, não nos esqueceríamos tão facilmente, sempre que nos falham as deixas etimológicas do classicismo, que o árabe descende da mesma fonte comum das linguagens péri mediterrânicas por via dos caldeus e que os fenícios andaram na península a falar linguagens semitas muito semelhantes às arábicas pelo que, em tese pelo menos, será sempre difícil afastar a suspeita de que muitos arabismos sejam renascimentos fenícios, por exemplo! De resto, o arabismo na etimologia do português fica com as costas das possibilidades semiótica tão largas que de tanto serem esticadas acabam por ficar com as costuras à mostra. Na verdade, pelo exposto antes relativamente aos paramento de igreja, o «alfaiate» deveria derivar de «alfaia» e então ter sido na fonte árabe algo do tipo alhaja-yat que é bem diverso de alkhayyát.
Para uma língua como a árabe, que se supõe conservadora, seria evoluir demais em pouco tempo. Em conclusão, «alfaia» derivaria de *alphaja, lit. “a faixa branca?” < Alwaia (> «alvaiade» < Ár. albayãd, brancura) <= *Kar-kaka, epíteto relativo ao fogo do sol > homologa do termo árabe alhaja = Al-haja = a «causa»! Quanto a «alfaiate» seria um mero composto, como tantos outros terminados em -ate, «relativo a todo aquele que faz», neste caso «alfaias». Sendo assim e como tudo se terá passado numa época em que os árabes dominavam a Península Ibérica, e bem possível que, se não podermos demonstrar que o árabe é dispensável para explicar muitas etimologias que o latim não permite prever ou será porque se trata de termos inteiramente autóctone com homologias compreensíveis por uma arcaica fonte comum ou no mínimo foi o árabe que com a sua presença influenciou por ressonâncias a escolha preferencial de algumas palavras autóctones mais aparentadas com o árabe conseguindo assim, numa fase de maturação dos falares ibéricos, marcar pontos sobre o latim já então em decadência desde a época do baixo latim dos séculos finais do império romano e com alguma perda de competitividade depois da pressão dos falares germânicos desde o começo do império visigodo.
De qualquer modo, não deixa de ser interessante, já que quase ignorado por toda a gente, que, afinal, o famoso Hércules tenha tido originalmente o prosaico nome de «Alcides»! Este facto deixa no ar a suspeita de que, no substrato lendário do mito de Hércules, pode ter existido uma personagem histórica, dentro da mesmíssima lógica de probabilidades relativas à existência histórica dum Jesus judaico por detrás da mitologia messiânica de Cristo Salvador, um arcaico deus de morte e ressurreição.
«Alcides» < Alki-de(o)s < Alki-Kius < Kurish | = *Iscur | -Caco
=> *Alex(i)kakos > Alcheihakos > Alchaihos >Alcaios.
Alcides < *Kar-Kitish => *Iscur-Kiki + Ama > Maharkithes > Mer-Kartish > Melkart/Melquides.
Outro dos epítetos espantosos de Hércules foi Buraicos o que parece reportar-nos Bóreas, o deus dos ventos. Obviamente que o deus dos ventos foi, como Enlil, um «manda chuva», senhor das tempestades e da fertilidade vegetal.
Buraicos < *Phur-Yacos < *Pher-Jakos, lit. «o que transporta Jacos, o deus menino Dionísio, *Kakisco, o filho do «Caco & da Caca», o divino casal do fogo primordial < *Kur-kakus, lit. “o filho dos montes (da aurora)” > *Kaphurisco, “lit. o filho da cobra”, facto que, em parte, explica a mitologia da infância de Hércules em que este aparece dominando as cobras, de certa forma uma metáfora do herói patriarcal que necessita de dominar mãe para aceder ao poder supremo!
=> *Hapolisco, lit. “filho de Apolo”.
Ver: HERMES CRIÓFORO (***)
Kronos, imprison Vriareo (Heracles) Kotto and Gye, on Tartaro. Kronos (Vriareo, Kotto, Gye) on Tartaro, tie them and place them. Apollodoros, book A, paragraph 4
Kur Kurish => *Kur-kur-kiko > Wir-Hareu > Vriareo
> Wur-Aireu => Buraicos!
Notar que Jacos foi um dos nomes de Baco/Dionísio, que por sua vez foi um mítico rei de Espanha. Seriam os dórios tão trácios como se julga? Não teriam sido os dórios originários do Douro a terra do «carago» (< carajo < «caralho» > Karhalyo < *Harkal) por excelência?!
- "Dicen Varrón y Silio Itálico, que Baco conquistó España; refiriendo el primero que de Pan, jefe de los ejércitos de Baco, tomó Hispania su nombre. También Plutarco afirma que Pan, jefe de las tropas de Baco, dió nombre a Hispania. Esta noticia la suministra asimismo, algo modificada, Sosthenes, que escribe ‘tomó Spania su nombre de los panes que llevaba Hércules, siendo de anotar que el nombre de ‘panes’ significa los rojos, denominación de ‘rojo’ que se dió al dios Pan, según Servio, por que le representaban pintada la cara de color rojo. De pan e is ‘país, tierra’ en caldeo occadio, se formó el nombre de ispania ‘país de Pan’ o ‘país rojo’, dado el color predominante de nuestra Patria para los navegantes" (p. 18[2]).
«Espanha» < Ish-Pan-hia, literalmente «a terra dos filho de Pan»?
< Ish-Kan-Kia, «terra de *Ishkian», a Fénix, o pássaro de fogo?
< Phanhikia, terra de fenícios?
A mera suspeita de que o nome das Espanhas tenha andado associada ao deus dos pastores que terão sido os primeiros habitantes do paleolítico das regiões de entre Côa e Águeda a fazer fortuna com a venda de gado, é um facto que, só por si, é já razão suficiente para concluir que estamos na pista certa e ter que admitir que a tradução literal deste epíteto de Hércules, o *Pher-Jakos, só poderia ser coincidente com a que se tinha deduzido por *Kurkurish!
Ora, outra coincidência espantosa é precisamente a que envolve Hércules num conflito mortal com Caco pela posse do «gado do céu».
The battle between Hercules and Cacus, although one of the oldest of the traditions common to the whole Indo-European race, appears in Italy as a purely local legend, and is narrated as such by Virgil, in the eighth book of the AEneid; by Livy, at the beginning of his history; and by Propertius and Ovid.
Figura 2: Caco, destruído por Hércules é aqui representado como um deus do fogo na forma da lava dum vulcão!
Hercules, journeying through Italy after his victory over Geryon, stops to rest by the bank of the Tiber. While he is taking his repose, the three-headed monster Cacus, a son of Vulcan and a formidable brigand, comes and steals his cattle, and drags them tail-foremost to a secret cavern in the rocks. But the lowing of the cows arouses Hercules, and he runs toward the cavern where the robber, already frightened, has taken refuge.
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Figura 3: O gado de Gerião ou de Apolo.
Armed with a huge flinty rock, he breaks open the entrance of the cavern, and confronts the demon within, who vomits forth flames at him and roars like the thunder in the storm-cloud. After a short combat, his hideous body falls at the feet of the invincible hero, who erects on the spot an altar to Jupiter Inventor, in commemoration of the recovery of his cattle. Ancient Rome teemed with reminiscences of this event, which Livy regarded as first in the long series of the exploits of his countrymen. The place where Hercules pastured his oxen was known long after as the Forum Boarium; near it the Porta Trigemina preserved the recollection of the monster's triple head; and in the time of Diodorus Siculus sight-seers were shown the cavern of Cacus on the slope of the Aventine. Every tenth day the earlier generations of Romans celebrated the victory with solemn sacrifices at the Ara Maxima; and on days of triumph the fortunate general deposited there a tithe of his booty, to be distributed among the citizens. -- Myths and Myth-Makers: Old Tales and Superstitions Interpreted by Comparative Mythology, by John Fiske.
«Nuvem» < Lat. * nubine, por nube ou antes, e mui mais provavelmente,
plural semita de Nube < Anuwe < Anuki > Enki,
=> a «neve» < Lat. nive, do céu < Grec. nephos, cúmulo de nuvens.
Pois bem, como se verá adiante, «o gado do céu» era feito de «nuvens» e a sua posse, enquanto vacas leiteiras produtoras da chuva, permitia ser «manda chuva», expressão idiomática que não tem o significado de «pessoa poderosa» por mero acaso «pecuniário» ou devido a uma qualquer anedota circunstancial que já teria sido célebre mas que por ora permanece perdida na noite dos tempos, obscuros e indecifráveis, relacionada com os poderosos xamãs da dança da chuva.
O mito de Hércules & Caco encobre, de forma tão mística quão nebulosa, o pecado original do parricídio por mesquinhas razões de poder. Dito de outro modo, podermos levantar a suspeita de que estamos perante uma variante da titanomaquia que deu o poder supremo a Zeus. Para tanto, teríamos de admitir primeiro que, se Caco era filho de Vulcano, então este não pode ter sido filho do próprio pai.
Ora, não tendo havido explicitamente nenhum filho de Enki que tenha tido um nome com ressonâncias fonéticas com Vulcano é quase certo que este nome tenha evoluído a partir das funções que Enki tinha na qualidade de Iscur, o deus que seria não apenas o Sr. do «gado das nuvens» com que se tecem as manadas do gado das tempestades como seria também o deus dos infernos do Kur, como teremos outras oportunidades para o demonstrar.
Iscur >| Ishwur = Wulish | + Anu > Vulcano.
Ver: ISCUR /DEUSES «MANDA-CHUVA» (***)
Acabei de cair no seu blog.
ResponderEliminarParabéns.
Sobre este tema, não tinha ponderado a ligação de Mercúrio a Hercúleo, e a remissão para a Cúria, que é-nos mais clara em Mercúrio do que em Hercúlio.
De qualquer forma, e ainda que a etimologia seja terreno pantanoso, onde somos mais guiados do que guiadores, uma possível terminação em Miercoles e Hercoles, também Cola bem. Cola pelo Culo.
Pois aqui a Cola, é a que da cauda ata à cabeça, e já serviu em tempos para o Estreito de Magalhães, antes de ter o nome dele, enquanto Cola do Dragão ou Draco-Cola.
Coisa do mapa do Infante D. Pedro de 1428, e que depois se lhe ajustaram com o D.E.S.I.R. a mesma Ordem Draconiana do Imperador Sigismundo, e a que pertenceu também Vlad III, o Draco-cola, mais conhecido por Drácula,
http://alvor-silves.blogspot.pt/2010/11/la-cola-del-dragon-draco-cola.html
Cumprimentos.
Pois se a mitologia cola pela «cola» cola por el culo e cola bem porque por algum lado teriam que colar, heheheheheh! Só que para colar Miercoles ao cu de Hercoles tem que fazer uma sandwuish com o fiambre de Melkart que em reigosr é a verdadeira cola entre os três mitos. Mel-Kar-te(s) > M(i)el-Kaures > Mier -coles
ResponderEliminarMer <=> Her > (H)er -coles > Hercoles.
Obviamente que para confirmar a qualidade da colagem temos que fazer estudos comparativos funcionais e das variantes dos epítetos e dos mitos respectivos.
Meu caro,
Eliminarnote que em Melcart pode começar por ver "cart" - termo fenício para cidade.
As raízes etimológicas servem muitos donos...
Claro que kart em fenício tem um dos sinónimos possíveis cidade mas por ser a cidade antes demais a fortaleza dos soldados que eram os kaures que em espanhol degenerou em coles e em Hercules em cules...Pensar a etimologia como um conjunto de relações com uma única origem semântica sem ganhos e perdas pelo meio nem sobressaltos de causa difícil de explicar é um erro que costuma dar origem a irracionalidades.
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