segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O TOURO, A CONSTELAÇÃO QUE ORIENTAVA OS POVOS NEOLÍTICOS, por Artur Felisberto.

Figura 1: Up first on Saturday, April 13, look towards the high western sky after local sunset for a waxing crescent Moon. Look to its far upper left and you will see a super-bright star – that is planet Júpiter –  visible easily even from within heavily light polluted city limits.
Fábio Silva, astrónomo português da University College London, descobriu pela orientação de construções megalíticas com seis mil anos que o nome da Serra da Estrela tem origem na estrela Aldebaran.
As entradas dos dólmens construídos há seis mil anos em volta da maior montanha da Serra da Estrela estão todas viradas para o lugar onde, no horizonte, a estrela Aldebaran nasce em abril, e explicam a origem do nome da mais alta serra de Portugal Continental.
Quem descobriu o segredo guardado por aquelas construções megalíticas foi o astrónomo português Fábio Silva, investigador na University College London, onde está a fazer um doutoramento em arqueologia, depois de se ter doutorado em astrofísica na Universidade de Portsmouth, também no Reino Unido.
Três anos depois de ter começado o projeto, o astrónomo já tinha estudado mais de 50 antas e concentrou-se no vale do Mondego, na região de Carregal do Sal, "que tem vários monumentos megalíticos em bom estado de conservação e restauro". Foi então que detetou um padrão comum: todas as antas ou dólmens estão orientados para a Serra da Estrela.
O passo seguinte foi "tentar perceber se a zona da Serra da Estrela que é observável dentro de todos os dólmens - uma encosta - poderia ter algum significado especial relacionado com o nascimento de um astro", prossegue Fábio Silva.
E de facto tinha, porque há cerca de 6000 anos a estrela Aldebaran, a mais brilhante da constelação do Touro, nascia exactamente sobre a Serra da Estrela no final de abril, princípio de maio. -- Virgílio Azevedo, Expresso.sapo.pt. 17.05.2013 às 21h36.
A associação da estrela Aldebarã com a Serra da Estrela de imediato parece ser pouco consistente e conta com pouco mais do que a mera intuição de quem propõe a relação. Na verdade, etimologicamente não existe qualquer relação. Aldebarã seria puro árabe com o significado genérico de “a seguinte” no sentido de mero “olho do Touro” e, por isso, com pouca ou nenhuma relação com a astrologia desta estrela.
Será mesmo assim? Em mitologia não há coincidências e já a mitologia votada a esta estrela pode ser mais credível.
Em termos astrológicos, Aldebarã é considerada uma estrela propícia, portadora de honra e riqueza. Segundo Ptolomeu, é da natureza de Marte. O astrólogo e alquimista Cornelius Agrippa escreveu que "o talismã feito sob Aldebarã com a imagem de um homem voando, confere honra e riqueza. (...) como guardiã do leste corresponde, na tradição, ao arcanjo Miguel ("o que é como Deus"), o Comandante dos Exércitos Celestes. Indicou o equinócio de outono no hemisfério norte em uma fase inicial da história a que se referem escrituras védicas. (...) Para os cabalistas é associada à letra inicial do alfabeto hebraico, Aleph, e portanto à primeira carta do Tarô, O Mago.
En Persia la estrella era conocida como Satvis y Kugard. El astrónomo persa Al Biruni citaba Al Fanik («el camello semental»), Al Fatik («el camello gordo») y Al Muhdij («el camello hembra») como nombres indígenas árabes para esta estrella. En la antigua Roma recibía el nombre de Palilicium, término que proviene de Palilia o Parilia, la fiesta de Pales, divinidad pastoril de la mitología romana. El título de Hrusa designaba a esta estrella en la antigua Bohemia.
En astronomía hindú se identifica con la nakshatra — mansión lunar — de Rohini, y es una de las veintisiete hijas de Daksha y la esposa del dios Chandra.
Por tanto a insegurança relativa à função mítica desta estrela é muita!
Embora as “estrelas planetárias” não sirvam para identificar fenómenos astronómicos zodiacais (anuais) com funções de calendário eles teriam um papel secundário na identificação dos períodos do dia (horas) e indirectamente as épocas do ano pelo conhecimento que se tinha por tabelas dos períodos de conjugação planetários.
A “estrela da manhã”», ainda que não tendo assim uma relação com os equinócios, correspondia aos luzeiros mais visíveis, depois do sol e da lua, porque eram os planetas Mercúrio, Vénus, Marte e Júpiter.
De todas as mitologias mais comuns sabemos que a “estela da manhã” esteve relacionada com Vénus conhecida na Caldeia como Inana / Istar, mas esteve também relacionada com Lúcifer / Hespero / Vespero o que tanto pode corresponder a uma confusão com planetas como relacionada com o ciclo astral de Vénus.
Inanna era associada ao planeta Vênus. Acreditava-se que os movimentos de Vênus no céu correspondiam às visitas de Inanna aos mundos astrais e aos submundos. Por sua posição tão próxima da Terra, Vênus não atravessa a totalidade da área do céu, mas move-se de forma irregular, surgindo no Leste e no Oeste, de manhã e ao entardecer — durante 90 a 93 dias, Vênus desaparece atrás do Sol, reaparecendo do outro lado do horizonte. Por causa disso, algumas culturas do passado achavam que Vênus constituía-se de duas estrelas separadas, cada uma surgindo em um horário, mas o mesopotâmios compreenderam este planeta como uma só entidade. (...)
Inanna era associada a Peixes, a última Constelação do zodíaco, e Dumuzi, sua consorte, a Áries, a primeira constelação.
Ou seja, a complexidade astronómica anterior a Copérnico impedia o conhecimento lógico dos astros planetários que permitiam erros de interpretação tais que levavam a confusões entre astros, no caso entre Vénus e possivelmente Mercúrio e Marte que grosseiramente poderiam ser confundidos como sendo uma só estrela.
Daí virão as confusões que terão sido feitas entre os astros planetários e uma outra das estrelas equinociais da constelação do Touro. Esta poderia ser de facto Aldebarã que, como todas os restantes luminares teriam nascimento aparente sobre a Serra...que então passou a ser da Estrela...e também da Aurora...para a qual ficariam viradas as construções megalíticas da região, obviamente.
The megalithic nucleus of Carregal do Sal, on the Mondego valley, is then looked at in more detail. It is found that there is a preference for the orientation of dolmens towards Star Mountain Range in-line with the topographic arguments of landscape archaeology. In addition, it was found that the topography also marks the rise of particular red stars, Betelgeuse and Aldebaran, during the period of megalithic building, at the onset of spring marking the transition from low ground to the high pastures. This hypothesis finds further support from toponymic folktales that explain the origin of the name of the mountain range. -- Landscape and Astronomy in Megalithic Portugal: the Carregal do Sal Nucleus and Star Mountain Range, Fabio Silva
Actualmente o equinócio da primavera é identificado por estrelas da constelação do Carneiro. De acordo com a Precessão dos equinócios a cada 2150 anos em média a posição do sol vai ter como fundo outra constelação, formando assim as chamadas eras astrológicas.
Mesmo assim podemos aceitar uma relação maioritária com o “olho do Touro” seguida de uma relação marcial e depois com a “imagem de um homem voando” conferindo riqueza como Plutão, deus dos infernos, como S. Miguel Arcanjo, parédro de Lúcifer, o anjo caído da tradição romena onde Aldebaran se chama Luceafărul-Porcesc, e de Hermes Trimegisto, começamos a entender algo de mais substancial relativo a uma relação da serra da Estrela com Aldebaran e que seria o nome dos montes Hermínios que a Serra da Estrela teve, ou seja, „montes de Hermes”.
O nome de Estrela, dado a esta serra, vulgarizou-se apenas no século XVI, e autores antigos são de opinião que tal designação provém de um acidente orográfico: "...se lhe pôs o nome de estrela de altíssimos penedos, um dos quais acaba na feição e modo de uma estrela...". Por sua vez, Pinho Leal sugere que o nome se deve a um templo, que ali terá existido desde os tempos da gentilidade, dedicado à estrela de alva. Mas a explicação mais verosímil já a refere Frei Manuel da Esperança: "...seria em razão de uma estrela notável, que nasce nesta mesma serra, a respeito dos que ficam para a banda do Oriente....". Com efeito, ao por do sol, lá podemos observar aquela estrela a luzir no céu, por cima da Serra da...Estrela.
Que existiria uma estrela a nascer sobre a Serra da Estrela é fácil de suspeitar que seriam muitas até mas qual seria a mais importante é que não é fácil de saber! Que este nome fosse anterior ao que os romanos atribuíam à serra também se pode acreditar porque este povo como muitos outros colonizadores tiveram a tendência para menosprezar as tradições populares locais em detrimento das eruditas que no caso seriam referências dos geógrafos gregos que tinham conhecimentos sobre a ibéria anteriores às guerras púnicas. Mas que “estrela notável” seria a que se erguia sobre a Serra da Estrela desde tempos imemoriais?
Figura 2: Cornos de consagração de um altar portátil de Creta.
Possivelmente, uma das muitas que servia aos povos antigos para anunciar as estações do ano e o início do solstício da primavera porque, em rigor, todas as possíveis do hemisfério norte nasciam algures sobre a Serra da estrela como é óbvio. Na terra não há locais privilegiados, apenas grandes egiões geográficas, para o nascimento de nenhum astro porque esta epifania é sempre aparente.
Une des conséquences de ce déplacement est le changement de position des étoiles sur la sphère céleste dans le système de coordonnées équatoriales. Actuellement dans l'hémisphère Nord, l'étoile brillante la plus proche du pôle nord céleste (dont elle n'est distante que d'environ 1°) est α Ursae Minoris (m 1,97) dite aussi l'étoile polaire. Dans le passé, vers 3000 av. J.-C., c'était l'étoile α Draconis (Thuban) qui servait d'étoile polaire mais elle était beaucoup moins lumineuse que l'étoile polaire.
El nombre de Thuban proviene del árabe Th'uban, «la cabeza de la serpiente». Este era el nombre que los antiguos astrónomos árabes usaban para toda la constelación del Dragón, y a esta estrella posiblemente la llamaran Adib (Al Dhi’bah, «la hiena»).
«Draco» < Draconis > «Dragão».
                                < Thaura-Kian < Kaura-Tan.
                                                        > Kur-kian > Truwan > Th'uban.
O nome árabe da estrela Thuban, que seria então a estrela Polar da época do Touro, ressoa a corruptela de Aldebarã.
Então, na era do Touro o equinócio da Primavera começava com a visão de uma estrela da constelação do Touro aparecendo no cume da Serra da Estrela. Que estrela era esta? Simplesmente a Estrela ou tal como seria chamada pelos povos da época.
O nome Aldebarã é recente e atribuído pelos astrónomos árabes que nem sequer respeitaram a terminologia persa, que seria afinal mais próxima da original babilónica.
Quanto muito o seu nome significaria algo parecido a «olho do Touro» e se calhar o nome árabe não terá sido inteiramente inocente.
«Aldebarã» < al-dabarān < Tha–Waran < Taur-an, lit. Sr. Touro.
Portanto, faz todo o sentido em suspeitar que as culturas neolíticas em volta do ano 3 mil antes de Cristo fossem taurinas não porque tenham sido iluminadas pela constelação do Touro mas porque esta constelação as guiou culturalmente tendo delas recebido o nome em relação ao animal de culto desta época podendo então suspeitar-se que seria o Touro de Creta, o seja o Minotauro, responsável pelas tiaras taurinas dos deuses sumérios e pelos cornos do altar de Creta...e da cultura judaica. Ora, é aceitável que este Deus tenha sido confundido ora com Crono ora com Hermes.
De facto Hermes é literalmente Ker-mesh que tanto pode significar o Minotauro como o “Touro da lei (mesh)” de que derivou a Tora judaica, que por significar também literalmente “a montanha da lei” nos explica o mito mosaico do monte Sinai e o bezerro de ouro dos opositores de Moisés. Seja como for, os montes da Estrela eram também de Hermes. Daí o ter sido a “Serra da Estrela” o local dos “montes Hermínios” porque a “estrela da manhã”, que Vénus era, foi confundido com o seu filho e esposo Damuz e este era seguramente Lúcifer e Hespero, o pai das Hespérides.
Figura 3: Hermes, depois de adormecer Argos com uma flauta, rouba a vaca Io a mando de Zeus...que era o touro branco de Creta.
O mito de Io pode ser interpretado como uma alegoria lunar, na qual a fuga da novilha representaria a precessão dos equinócios e os olhos de Argos, o céu estrelado.
De qualquer maneira é sobretudo importante entender os factos que determinam metodologicamente a minha convicção a respeito da objectividade dos meus estudos. Neste caso, além do facto de Aldebarã se revelar etimologicamente mais do que uma simples transliteração de uma frase árabe com o significado de “seguinte, adiante” significar originalmente Sr. Touro.
Aboriginal culture: In the Clarence River of northeastern New South Wales, this star is the Ancestor Karambal, who stole another man's wife. The woman's husband tracked him down and burned the tree in which he was hiding. It is believed that he rose to the sky as smoke and became the star Aldebaran.
Karambal < Kaur-an-War < Taur-an-Kar < Kur-Kur-an ⬄ Kur-kian
Taur-an, lit. Sr. Touro => «Aldebarã»!
Esta relação entre Aldebarã da Serra da Estrela e um mito australiano serve como resto fóssil de uma arcaica relação entre a cultura ibérica neolítica e a cultura oriental reforçando a suspeita de que o tempo das descobertas ibéricas não foi único e apenas relativo ao sec. XV a XVII mas que foi recorrente ao longo dos tempos mais arcaicos da história marítima europeia, particularmente egeia e atlântica o que reforça a minha convicção de que Aldebaran era o nome de uma estrela alternativa à estrela polar do período zodiacal do Touro!

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