sexta-feira, 30 de agosto de 2013

SACHER, O ALIMENTO SAGRADO PELA AURORA por artur felisberto.

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Figura 1. o «volátil puro» por excelência. Haggada de Páscoa Ashkenaze, sec. XV.

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Les rituels comportent ainsi deux fonctions. La première fonction des rituels est de légitimer certains actes de la vie quotidienne qui sont spécialement dangereux car fortement sacralisés. Dans ce cas la forme du rituel rappelle le mythe qui explique l'origine de cette pratique et permet de réguler la vie de tous les jours en harmonie avec les commandements mythiques. La seconde consiste à reproduire symboliquement toute la mise en mouvement du cosmos afin de le réactiver, de le relancer par cycles, de craintes que la dynamique de la création ne s'arrête d'un coup. Cette seconde forme s'expriment au moment de grandes célébrations annuelles qui reproduisent le passage du sauvage au civilisé. [1]

A leitura bíblica do Antigo Testamento das leis a respeito dos animais puros e impuros, (repetidas em vários livros do Pentatêuco) deixa-nos a impressão duma arbitrariedade absurda, apoiada em critérios taxionómicos confusos, de validade técnica hoje mais do que muito duvidosos.

Obviamente que na fase evolutiva em que o judaísmo monoteísta se colocava, face à irracionalidade supersticiosa do politeísmo animista que a precedia, a persistência destes interditos não deixa de ser um indício de que os preconceitos alimentares se encontravam de tal modo interiorizadas no senso comum da antiguidade que passaram a ser consideradas regras de decência comum, uma vez que a sua violação já não levavam a outras consequências prática que não fossem meramente morais sujeitas a complexos rituais de purificação.

O rito é simultaneamente a celebração rememorável do mito fundador bem como a manifestação da gratidão pela libertação mítica do pecado original trazida pelo antepassado fundador. Dito dum modo ainda mais actual, o rito é a cíclica comemoração festiva, com gestos politicamente correctos e suficientemente expressivos, que permite perpetuar a história dos fundamentos ideológicos positivos duma sociedade! O rito como tudo o que é de génese cultural só tem validade social e só é interiorizado nos gestos de conduta pessoal por pura superstição mimética baseada na lógia da magia simpática. Foi a evidência deste facto que levou os judeus da Tora a condenarem a bruxaria e a magia e todos os ritos privados que não passavam duma mera caricatura grosseira dos ritos oficiais quando não eram mesmo uma distorção subversiva da ideologia dominante ao serviço de deuses estrangeiros.

A este propósito cabe referir que o conceito de carne sacher, tão tipicamente judaica, baseou-se nas chamadas regras cachrout, da «pureza» alimentar.

 

Ver: DEUSAS DAS ÁGUAS PROFUNDAS / PURA AC PUTA (***)

 

«Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe» (Êxodo 23.19) é o tabu alimentar mais misterioso da bíblia. Uma mãe (que o leite basta para representar) e o filho devem estar rigorosamente separados. Uni-los no mesmo recipiente e fundi-las pelo fogo da cozinha equivaleria com efeito a realizar um incesto culinário. Ora o incesto é a mais horrível de todas as confusões: uma mulher, se é mãe de um rapaz, não pode ser ao mesmo tempo sua esposa. Se não a ordem do mundo seria perturbada. Muitas prescrições religiosas judaicas conheceram uma extensão cada vez maior ao longo dos tempos, e este versículo não escapa 5 regra. Mais, a força deste tabu é tal, que. para não correr o risco de infringi-lo, a interpretação do interdito bíblico acabou por englobar produtos e práticas muito afastadas da intenção primeira. Assim. já não era apenas o «cabrito» mas toda a carne; não apenas o leite de cabra, mas todo o leite e todos os produtos lácteos; não apenas a interdição de juntar os dois elementos num mesmo prato, mas numa mesma refeição; e chega-se a salas separadas nos restaurantes: e os pratos e os talheres não são os mesmos; e as pias para a loiça são diferentes.

Claro que o galo da Figura 1 é tanto um “volátil puro” por excelência como o coelho seria um ruminante! Uma lógia naturalista de exclusão sucessiva até ao infinitésimo de toda e qualquer possibilidade de contaminação por alimentos não cachrout (impuros) levaria à impossibilidade prática do consumo de todo e qualquer alimento.

O preconceito remanescente de arcaicos tabus alimentares é patente precisamente pela falta de lógica deste sistema que o racionalismo judaico posterior pretende fundamentar pelo vago princípio da “exclusão do hibridismo”! Obviamente que se trata dum hibridismo metafísico e alquímico que nada tem a ver com o hibridismo genético. No entanto, parte destes preconceitos são o suporte inconsciente da retórica vegetariana bem como da recusa dos alimentos transgénicos por ecologistas radicais.

Foi precisamente a necessidade de voltar a libertar o homem dos ritos caídos em desuso por perda de contacto com a realidade histórica que levou Jesus Cristo a por em causa a literalidade da lei mosaico libertando os cristão da escravidão das consequências do pecado original instituindo o direito ao perdão dos pecados, já não fundamentada no rito expiatório, mas numa ética simultaneamente objectiva e racional baseada nos resultados das boas obras bem como subjectiva e mística porque baseada no respeito do espírito e na responsabilidade decorrente da boa intenção individual. No entanto, se isto é que se depreende do espírito do cristianismo oficial a verdade é que existem e, sobretudo, existiram muitos e vários cristianismos desde o princípio da história na medida em que Cristo é literalmente apenas o ungido de deus, ou seja o que foi supostamente escolhido por Deus para intérprete da Sua Lei.

De facto, O Jesus essénico era um radical cheio de contradições morais respeitáveis mas, ainda assim, responsáveis pela dificuldade que os romanos tiveram para compreenderem e tolerarem as seitas judaicas e sobretudo responsáveis por um gnosticismo esotérico, adepto dum “bom senso” tão óptimo, que acabava em discursos repetitivos, enfadonhos e confusos, quão fora do senso comum. Culturalmente tão exigente na procura do espírito da lei, ao ponto de acabar na prática por oscilar entre o ascetismo catarino dos estóico e a anarquia libertária do hedonismo, o gnosticismo acabou por sucumbir perante o realismo do senso comum às mãos da letra morta da lei da ortodoxia.

Marc. 1, 6 Et erat Ioannes vestitus pilis cameli, et zona pellicea circa lumbos eius, et locustas et mel silvestre edebat.

Porém, parece que Jesus essénico seria ainda mais rigoroso que os piedosos judeus da tradição de sangue, mesmo mais do que João Batista que se alimentava de gafanhotos (< Lat. locustas = lagostas do deserto?) e de mel, porque seria vegetariano.

Engl. Locust <                                    > lopustre > lopster > Engl. Lobster.

«Lagosta» < Lat. locusta(s) < *Locuster < Rau-Ki-aster < Urki-ash-ter, lit. «besta, filha de *Urki, a terra selvagem»!

Notar de passagem que muitos termos relativos a animais ou plantas partilham um étimo que nos reporta para Istar, facto que nos permite suspeitar que o nome desta arcaica antepassada mítica da Virgem Maria tenha tido o significado genérico de vivente. No caso de nos reportarmos a animais o sentido seria o de «bicha» ou «besta», no sentido comum do termo quando referido a animais doméstico e de «fera» quando referido a animais selvagens mas que, quando deturpado por razões de animosidade doutrinária, se tornaria na besta temível do Apocalipse.

Jesus answered: "Be it so according to your faith," and he sat down among them, saying: "It was said to them of old time, “Honor thy Heavenly Father and thy Earthly Mother, and do their commandments, that thy days may be long upon the earth”.  And next afterward was given this commandment, “Thou shall not kill”, for life is given to all by God, and that which God has given, let not man take away. For-I tell you truly, from one Mother proceeds all that lives upon the earth. Therefore, he who kills, kills his brother. And from him will the Earthly Mother turn away, and will pluck from him her quickening breasts. And he will be shunned by her angels, and Satan will have his dwelling in his body. And the flesh of slain beasts in his body will become his own tomb. For I tell you truly, he who kills, kills himself, and whoso eats the flesh of slain beasts, eats of the body of death. -- [2]

Sendo assim, de acordo com a tradição gnóstica, o princípio dos interditos alimentares decorriam do próprio princípio do “não matarás” da lei mosaica que mais nãos seria do que a sobrevivência de arcaicos sentimentos de culpa decorrentes do tempo do canibalismo sagrado da “época de caça e recolecção”! João Batista teria renunciado à caça masculina aderindo à recolecção feminina para se transformar num santo essénico que noutros contextos serão identificados como homens efeminados nas atitudes e nas actividades doméstica. Esta tradição parece ter origens na tradição sacerdotal egípcia.

Na sequência disto mesmo S. Paulo que pouco ou nada conheceria do verdadeiro, mas não necessariamente histórico, Jesus essénico, veio acabar as contendas entre as diversas e confusas interpretações dos interditos alimentares, que mais não pareceriam do que néscios discursos de fartura elitista entre os mais esfomeados do império romano, declarando o seu fim permitindo comer as carnes imoladas aos ídolos, com a condição de se evitar o escândalo (1ª Cor. 8, 12). No entanto, S. Tiago tinha mantido peso da tradição mantendo a proibição das “carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e da impudicícia (Act. 15, 29)!

A pureza ritual que deu origem à pureza de costumes decorreu em parte da semântica da virgindade seguramente em consequência dos interditos relacionados com a mística do sangue considerado no mesmo contexto semântico com que os egípcios entendiam o ka. (Lev. 17, 11 e 14).

 

Ver: DEUSAS DAS ÁGUAS PROFUNDAS / PURA AC PUTA (***)

 

De facto,

Lat. Sacer < Jud. Sacher < Ka-Ker, lit.a deusa mãe primordial que enquanto «Virgem do O» transporta a vida no seu seio” > Sheger

< Ka-wer, < Ka-pher (o que transporta o ka dos mortos) > Ka-Kar.

Sheger: "Offspring of Cattle". God of Cattle.

A mística semita do sangue era tão forte que acabou por contaminar a linguagem e os costumes católicos tanto por intermédio da presença do judaísmo no seio da cristandade como na tradição mais antiga da piedade herdada dos egípcios. A ilegalização do judaísmo pela Inquisição obrigou os judeus a criarem uma riquíssima cultura de clandestinidade propícia ao aguçar do engenho e à purificação da acuidade intelectual. Assim, o facto de ser meramente virtual a origem etimológica do verbo francês cacher podemos admitir que a verdadeira etimologia não é a oficialmente proposta mas a que permite cruzar o termo gálico com o sacher judaico.

«Cacha» < • (de cachar < Fr. cacher ?, ocultar), s. f. (p. us.) acção de ocultar. Dissimulação, fingimento, ardil, trapaça, logro;

Estaremos em presença de termos que derivaram do judaísmo como as moiras de feijão preto que pretendiam ocultar as regras cachrout da sanha da inquisição?

Franc. Cacher ó Du lat. *coacticare «comprimer, serrer» forme renforcée du lat. coactare «contraindre» (Lucrèce dans TLL s.v., 1369, 50), fréquentatif de cogere «id.». De coactare, les formes méridionales de type cacha «écraser, broyer, presser, blesser» (MISTRAL); ce même sens de «écraser» est attesté dès le XIIe s. pour le dér. a. fr. escachier (CHR. DE TROYES, Erec et Enide dans T.-L.); le sens de «dissimuler», peu fréq. jusqu'au XVIe s., est dér. de celui de «presser, comprimer»; cacher a fini par supplanter en ce sens les verbes a. fr. escondre, esconser et musser.

Lat. *coacticare > lat. coactare

=> Proven. cacha? < (es)cachier > «escacar = escaqueirar».

Com tanta virtualidade na etimologia do verbo francês cacher as probabilidades de este ter dado origem ao português «cacha» começam a ser poucas. A semântica da ocultação dissimulada, necessariamente subtil e superficial, e não é compatível com a semântica do que não se vê por ter sido pura e simplesmente reduzido a cacos de forma violenta! O cruzamento dum termo cacha meridional com este sentido de «escacar» com um foneticamente idêntico de origem judaica pelos vistos só começou a acontecer por volta de século XVI, ou seja, depois da expulsão por D. João II dos cultos e ricos Judeus portugueses que se foram fixar na Holanda com a qual os franceses tiveram ricas e intensas relações por volta desta época!

Quando os judeus se converteram ao judaísmo tiveram que adoptar as atitudes e praticas religiosas dos cristãos. Mesmo os se converteram em cristão novos de boa fé foram confrontados com a dificuldade de terem que perder hábitos alimentares tradicionais que, sem que disso fossem culpados, eram diferentes dos hábitos alimentares dos cristãos o que, em si mesmo, não constituía crime nem imoralidade para os cristãos que tinham rompido com os “interditos alimentares” por razões religiosas logo nos tempos da fundação do cristianismo. Pelo contrário, os “interditos alimentares” era uma condição de pureza ritual para os judeus. Com esperteza saloia os inquisidores aprenderam a fazer aos judeus o mesmo que os magistrados romanos tinham feito aos cristãos para os confrontarem com a sua devoção obrigando-os a comer das carnes imoladas aos imperadores e aos deuses romanos. Assim, o facto de um cristão novo não comer alimentos com sangue poderia ser, para os inquisidores ibéricos, uma prova da sua falsa conversão!

Por exemplo, fazer morcelas cacher seria uma forma culinária de fazer enchidos com cor de sangue utilizando feijão preto ou outros condimentos que dissimulassem aos olhos dos inquisidores a falta de sangue. Assim sendo, a probabilidade de o termo português «cacha» (de jud. cacher ó franc. Caher) ter sido utilizado pelos cristãos novos ibéricos para dissimular as sua práticas alimentares judeizantes é muito grande.

Como os animais de «transporte das almas» tenderiam a ser sagrados e intocáveis natural seria que fossem únicos ou de número muito limitado em cada grupo humano pois que, de outro modo, ficaria reduzido o universo de caça. De qualquer modo, a lógica mitológica nunca foi clara nem linear e o canibalismo sagrado pode ter sido uma das razões para a caça dos animais totémicos em certos casos. A ideologia complexa formada em torno dos interditos relativos aos animais de transporte foi seguramente a origem dos tabus alimentares e sexuais. A necessidade duma identificação clara dos seres intocáveis responsáveis pelo tabu do que era puro ou impuro levou à necessidade de transformar os animais de transporte das almas no totem da tribo. O totem, que começou possivelmente por ser um mero menhir, representava a forma figurativa, bem visível à entrada dos acampamentos de caça, do animal sagrado da tribo que não podia ser abatido nem consumido constituindo assim o primeiro interdito social e esboço embrionário das tábuas da lei de Enki (e milénios depois, de Moisés) de que iriam derivar as estelas de Hamurabi e o código penal!

Le tabou comme pénalité naturelle; forme l'ossature du système des interdits qui est mis en scène par les rituels. Le terme tabou est un mot polynésien qui désigne l'ambivalence du sacré en traduisant la "terreur sacrée" qu'il inspire. Mais ces restrictions tabou ne procèdent pas d'une logique de l'interdit telle que la pensée contemporaine pourrait la concevoir, car leur essence n'est ni morale, ni religieuse, ni juridique. En effet, les prohibitions tabou ne constituent pas un système éthique qui détermine les interdictions par une raison, la transgression se suffit à elle-même et le châtiment se déclenche automatiquement, en vertu d'une nécessité interne. Le tabou violé se venge tout seul car, par simple contact, la force terrible dont il est le siège se libère et détruit l'imprudent qui n'est pas assez puissant pour la supporter. Le mode de fonctionnement du tabou s'apparente donc plus à celui d'un principe de la physique que de celui d'une disposition normative. Cependant cette "action-réflexe" d'autoprotection du sacré induit indirectement une réaction de protection de la société contre le transgresseur. Son infraction l'ayant exposé à la force du sacré (le mana), il devient lui-même tabou car au contact de la sacralité, il s'est chargé d'une part de ce mana qui le retranche de la société de ses semblables, à moins qu'un rite de purification n'ait été prévu.

Independentemente do facto de conotação determinística que os polinésios emprestavam ao termo «tabu» estar de acordo com o seu estado de evolução cultural e de o «terror sagrado» só ser desconhecido de quem nunca passou pelo temer beato de comungar em pecado ou de imaginar que alguém pudesse profanar a hóstia consagrada a verdade é que numa sociedade primitiva que misturava as leis da natureza com direito natural e o profano com o sagrado natural seria que a força do determinismo das lei naturais fosse emprestada ao tabu. De qualquer modo, dado que o limites do tabus se estendiam apenas a escasso aspectos fundamentais constituintes da ordem totémica podemos aceitar que a reacção de terror sagrado do polinésio primitivo não era senão o equivalente da contrariedade que uma pessoa de carácter sente quando se vê forçado a infringir os seus princípios fundamentais. Ora, já muitos autores salientaram as estranhas ressonâncias de certos termos polinésios com termos de origem mediterrânica. Pois bem, sem ter que recorrer a analogias entre as tábuas da lei mosaico e as tábuas do destino de Enki a verdade é que tabu pode ter tido a mesma origem étmica.

«Tábua» < Lat. Tavu-la > Tawu = «tabu».

                                     «Fatima» < Ta-*Kima > Tatime > Totem.

(…) Le totem est en règle générale un animal comestible (plus rarement une plante et exceptionnellement une force naturelle) qui se trouve dans un rapport particulier avec l'ensemble du groupe clanique. Ce rapport s'exprime en trois étapes d'une chronologie imprécise: le totem est l'ancêtre mythique du groupe, sa sacralité n'est pas ambivalente pour les membres du clan qu'il protège, car ils se soumettent à un interdit de consommation de sa chair; ce n'est qu'en cas de violation de l'interdit que la force destructrice du tabou réapparaît derrière le totem. La division de la tribu en clans totémiques se présente donc à première vue comme un mode de gestion du sacré. Daí que a impressão que nos fica duma análise superficial dos interditos alimentares dos povos primitivos seja a de uma realidade tão complexa quanto irracional. Daí também que sejam os estudos de tradição psicanalítica os que têm entendido melhor a manifestação mágica do consciente colectivo primitivo ainda presente no subconsciente da cultura moderna.

Não e surpresa nenhuma suspeitar que os totems primitivos tenham estado sob a protecção da deusa mãe a Potnia Teron protectora da caça, senhora da vida e da morte, a que sangrava mensalmente e não morria, a deusa canibal por excelência que devorava o filho solar todas os fins de tarde para o parir com a aurora. Relacionada com Artemisa e com os sacrifícios humanos era também etimologicamente próxima de *Kima, deusa das artes culinárias e portanto responsável pelos tabus alimentares. Se o totem era o antepassado da tribo então estamos perante uma mitologia fundadora que quase sempre reporta para mitologias cosmológicas. Ora, pelo menos nas culturas peri-mediterrânicas o antepassado cosmológico primordial foi a Deusa Mãe. Pontualmente as tribos individualizavam-se pela sua identificação com o animal sagrado com que o herói fundador da tribo se tinha identificado em vida nos seus delírios místicos de iniciação! A complexidade ideológica decorrente dum sistema de crenças como este terá estado na génese dos primeiros conflitos tribais facto que permitem concluir que afinal todas as guerras foram sempre tanto guerras santas mesmo quando vinganças de sangue quanto é aterrador pensar que terão começado por resultar de conflitos canibais antropofágicos em honra da Deusa Mãe!

 



[1] L'Aliment sacré, Par Christophe Meyer.

[2] The ESSENE GOSPEL OF PEACE - Book One - The Original Hebrew and Aramaic Texts,Translated and edited by,EDMOND BORDEAUX SZEKELY.

MAAT, A DEUSA METIS DOS EGÍPCIOS, por Artur Felisberto.

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Figura 1: Maat em postura alada para voar no céu como as almas dos mortos e acompanhar a barca solar ou, tão leve como a verdade que vem ao de cima como o azeite e que, no Antigo Egipto, se supunha pesar tanto como as “penas d´alma” dos corações puros!

Na mitologia egípcia, Maet ou Maat é a deusa da Justiça e do Equilíbrio. É representada por uma mulher jovem portando em sua cabeça uma pluma. É irmã (ou filha) de Rá, o deus do Sol e esposa de Tot, o escriba dos deuses com cabeça de ibis. Com sua pena da verdade ela pesava as almas de todos que chegassem ao seu Salão de Julgamento subterrâneo. Ela colocava sua pluma na balança e no prato oposto o coração do falecido. Se os pratos ficassem em equilíbrio, o morto podia festejar com as divindades e os espíritos da morte. Entretanto, se o coração fosse mais pesado, ele era devolvido para Ammut (deusa do Inferno, que é parte hipopótamo, parte leão, parte crocodilo) para ser devorado. Como se vê, os deuses egípcios não eram pessoas imortais para serem adoradas, mas sim ideais e qualidades para serem honradas e praticadas. -- Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Figura 2. Maat

clip_image003, MA'AT is most often translated as "truth," or "cosmic order," and her ostrich-plume symbol as the "Feather of Truth." The modern term "reality," however, is closer to the nuance of the ancient meaning. Truth is a relative concept, easily abused, and one's truth is another's delusion, yet all share a common physical reality. That is ma'at, the reality of reality. The practically-minded Egyptians knew that the world of human sense perception is grounded in immutable laws that even the gods cannot subvert or deny, and their remarkable observations of the environment and technological triumphs became the foundation of most early sciences. The word for this fundamental, unchanging reality, ma'at, derives from the same ancient root word as "mother," "matter," "material," "mathematics," "measure," "meter," that is, from mater, which is the physical body of the World Mother.

It is a subtle but meaningful difference in attitude in that it has the Egyptian asking not, "Is it true?" but "Is it real?"[1]

Claro que a raiz de que despontam os termos referidos só pode ser Ama / Ma, o étimo derivado do onomatopaico universal relacionado com sucção mamária de que o mamífero humano retirou o nome de sua Mãe e o conceito da Natureza e da Mater Genitrix de todas as coisas concretas!

Se a «matéria» de Aristóteles ficou como uma marca de inferioridade diabólica foi-o somente por culpa de misógenos sacerdotes patriarcais porque, na origem, mesmo o Espírito Santo que pairava sobre as águas primordiais era filha dos abismo de Enki ou mesmo a própria Deusa Mãe de todos os deuses, Ti-a-Mat, que eram a trevas primordiais.

 

Ver: TIAMAT (***)

 

Ora, a ordem e a «métrica» da «matéria» (ma-ter) que nasceu do caos foi ainda resultado do poder (ter) criador e educativo da «mãe» (ma)! Que a «matemática» tivesse estado sob os auspícios do mat-mat da contabilidade no ram-ram da economia doméstica não seria coisa de espantar já que o mais provável será que a «matemática».

«Matemática» < Lat. mathematica < Gr. mathematiké <= Ma-Themis & Tikê, lit. «Mãe da justiça e do destino / os mes das leis e do destino.

Sendo assim, mesmo que fosse apenas por analogia funcional, Maat deveria ter tido algo a ver com Themis. De resto, Ma-at está no étimo de todos os sistemas filosóficos e de todas as teorias e «ismos»!

Ma-at < *Ma-ish > Ish-Ma => -ismo!

Maat está também perto da tradição dos «Amish»! Assim sendo, esta deusa ocupa o papel de divindade criadora primordial na teologia tebana o que nos permite descobrir alguns dos seus mistérios por analogia com os sistemas cosmológicos de outras capitais de teologia egípcia. No caso de um cotejo com a Tríade mitológica de Mênfis ficamos a saber melhor o que já suspeitávamos!

Obviamente que não é possível saber de forma dogmática se Maat era literalmente a mãezinha ou a filha de mãe porque tanto é irmã como filha de Ra, o equivalente de Urash sumério que em alguns textos é também um epíteto da deusa mãe primordial Tiamat. Funcionalmente tem muitas dos atributos que vieram a ser dado a Atena na sua qualidade de evolução linguística e mitológica de Anat / Istar. No entanto, a deusa grega mais próxima fonética e semanticamente de Maat na Grécia antiga foi Métis, a deusa da justiça inclemente da natureza.

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Toth era uma variante de Ptah.

Toth is self conceived at the beginning of time. Husband of Maat. Brother and some times husband of Seshat.

Figura 3: Maat era representada como uma mulher com uma pena de avestruz na cabeça. No julgamento dos morto segura a balança que pesa o coração humano porque ela era a deusa da verdade, do direito e da boa conduta.

She said to be the wife of Thoth and had eight children with him. The most important of her children was Amon. These eight were the chief gods of Hermopolis and according to the priests there, they created the earth and all that is in it. A patron of craftsmen, Ptah's name means "Creator". He is depicted as a mummified man with only his hands free to grasp a sceptre composed of the symbols of life (ankh), power (was), and stability (djed). He is also typically shown wearing a skullcap and standing on the plinth-shaped hieroglyph that is part of the name for Ma'at, the goddess of fundamental truth.

 

Ver: PTAH (***)

 

GENEALOGIA DOS DEUSES EGÍPSIOS por Amom (Tebano)

1º geração. =>

Thoth + Maat

2º geração. =>

Amom & Amenet

Heq & Heqet

Nun & Naunet

Kau & Kauket

3º geração. =>

Khons

 

Então, se Seshat ocupa nas relações familiares de Toth posição idêntica à de Néftis e Maat à de Isis existem fortes possibilidades de a Tríade Tebana ser variante da tríade de Ósiris mas não com funções de cultos de morte e ressureição mas funções no vasto campo da realidade cultural. De resto:

Seshat/u = Sesh-(at/u) + Maat = Set & Maat  = Sekhmet.

Sheshat = Goddess of fate, "Mistress of the house of books", heaven's secretary, invented writing and mathematics, and architect. Also Seshatu.

Claro que:

Sesh-at < Kesh-at < Ki-at  = Ki-at =>

ð    Sesht > Set.

ð    Phiat > Ptah.

ð    *Pot > Thot

Se Maat era a verdade, do direito e da ordem adequada Isfete era o seu contrário. Ora.

Isfet < Ish-phi-et < *ish-Ki-at ???

"It's opposite being "Isfet", which means, lacking in justice; out of balance, disorder, etc."

Não seria a primeira vez que se constataria que um antónimo resulta de uma mera variante do nome original por mera ligeira deformação fonética!

GENEALOGIA DOS DEUSES DA TRIADE DE MEMPHIS

1º geração. =>

Ptah + Sekhmet

geração. =>

Nefertem (= Nefer-Atum, lit. «o que transporta o Aten, disco solar, no céu»!) + Maahes.

2º Que, neste caso, Maat era uma variante de Sekhmet. De resto, sob o ponto de vista etimológico é possível deduzir que:

Sekhmet < Keki-Met.

= Isis & Maat  < = Ki(ki) + Maat = *Kima-at = Tiamat.

                                                                             => Themish.

A conclusão que se pode tirar é que, pelo menos Ptah e Osíris, enquanto deuses mumificados eram variantes da mesma entidade. A possibilidade de serem, com Thot a mesma entidade é grande também.

Na verdade, como primordial que era esta deusa poderia ainda ser identificada com Tiamat, a deusa das verdades nuas e cruas do começo do mundo e, de certo modo, a deusa que pôs ordem no caos primevo. Funcionalmente é fácil de ver em Maat um equivalente da deusa grega Metis (era a deusa grega da prudência) e Temis, a deusa dos oráculos, da justiça de das boas sentenças. Mas, como a fonética do termo Maat deve ter andado embrulhado com as linhas de derivação étmica que levaram ao aparecimento na suméria do termo Me relativo “às leis penais e às regras das artes e ofícios” bem como às leis do destino individual e cósmico podemos aceitar que estamos no mesmo reino mítico de Enki e de Inana/Ishtar, os deuses detentores da sabedoria e das tábuas dos mes e das «leis do destino». De resto, parte deste papel pode ser encontrado também nas sábias funções de Atena, a deusa das “boas tácticas e das adequadas estratégias”.

 

Ver: AS DEUSAS DAS LEIS, DO CRIME E DO CASTIGO (***)

 

Entre os gregos os oráculos podiam entrever e revelar o que estava escrito no livro do Destino. Antes de estar na posse de Apolo o “oráculo de Delfos” era Telus quem o possuía a meias com Neptuno. Depois, Telus cedeu os seus direitos a Temis, e esta tê-lo-á cedido à força a Apolo depois de este ter morto a Piton da Deusa Mãe que era adorada no santuário de Delos.

There are many goddesses in Egyptian mythology. Each goddess has a particular role. The role of each goddess is social or political. The Egyptians believed that if the goddesses were doing well, the people do well, and if they don't do well the people suffer as well. When all is well with people and gods and goddesses, when all is right with universe, Egyptians say maat is good.

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Figura 4: Maat, alada.

Os deuses primordiais eram alados porque esta forma de os representar seria uma metáfora do conceito intuitivo primitivo de ser celestial ou angélico. O Espírito Santo do pensamento era conotado com a invisibilidade do ar e do vento e eram representados por uma ave, como Anzu, a forma alada de Enki, deus sumério da sabedoria, e Maat! Os egípcios, eram geograficamente isolados pelo que, as influências culturais que recebiam do exterior, particularmente do mar egeu e da mesopotâmia, eram interminavelmente reelaboradas pela casta sacerdotal até à exaustão!

Appendix (From the Papyrus of Nu, Brit. Mus. No. 10477, Sheet 22). [The Following] Words Shall Be Said By The Steward Of The Keeper Of The Seal, Nu, Whose Word Is Truth, When He Cometh Forth To The Hall Of Maati, So That He May Be Separated From Every Sin Which He Hath Committed, And May Behold The Faces Of The Gods. The Osiris Nu, whose word is truth, saith: Homage to thee, O great God, Lord of Maati!

I have come unto thee, O my Lord, and I have brought myself hither that I may behold thy beauties. I know thee, I know thy name, I know the names of the Forty- two Gods who live with thee in this Hall of Maati, who live by keeping ward over sinners, and who feed upon their blood on the day when the consciences of men are reckoned up in the presence of the god Un- Nefer. In truth thy name is

"Rehti-Merti-Nebti-Maati" = (Reh-Mer-Neb-Maa)ti

In truth I have come unto thee, I have brought Maati (Truth) to thee. I have done away sin for thee. I have not committed sins against men. I have not opposed my family and kinsfolk. I have not acted fraudulently in the Seat of Truth. I have not known men who were of no account. I have not wrought evil. I have not made it to be the first [consideration daily that unnecessary] work should be done for me. I have not brought forward my name for dignities. I have not [attempted] to direct servants [I have not belittled God]. I have not defrauded the humble man of his property. I have not done what the gods abominate. I have not vilified a slave to his master. I have not inflicted pain. I have not caused anyone to go hungry. I have not made any man to weep. I have not committed murder. I have not given the order for murder to be committed. I have not caused calamities to befall men and women. I have not plundered the offerings in the temples. I have not defrauded the gods of their cake-offerings. I have not carried off the fenkhu cakes [offered to] the Spirits. I have not committed fornication. I have not masturbated [in the sanctuaries of the god of my city]. I have not diminished from the bushel. I have not filched [land from my neighbour's estate and] added it to my own acre. I have not encroached upon the fields [of others]. I have not added to the weights of the scales. I have not depressed the pointer of the balance. I have not carried away the milk from the mouths of children. I have not driven the cattle away from their pastures. I have not snared the geese in the goose-pens of the gods. I have not caught fish with bait made of the bodies of the same kind of fish. I have not stopped water when it should flow. I have not made a cutting in a canal of running water. I have not extinguished a fire when it should burn. I have not violated the times [of offering] the chosen meat offerings. I have not driven away the cattle on the estates of the gods. I have not turned back the god at his appearances.I am pure. I am pure. I am pure.

My pure offerings are the pure offerings of that great Benu which dwelleth in Hensu. For behold, I am the nose of Neb-nefu (the lord of the air), who giveth sustenance unto all mankind, on the day of the filling of the Utchat in Anu, in the second month of the season Pert, on the last of the month, [in the presence of the Lord of this earth]. I have seen the filling of the Utchat in Anu, therefore let not calamity befall me in this land, or in this Hall of Maati, because I know the names of the gods who are therein, [and who are the followers of the Great God].

Then they say unto me, "Advance straightway on the city which is to the North of the Olive Tree. What dost thou see there?" The Leg and the Thigh. What dost thou say unto them? Let me see rejoicings in these lands of the Fenkhu. What do they give unto thee? A flame of fire and a sceptre-amulet [made] of crystal. What dost thou do with them? I bury them on the furrow of M'naat, as things for the night. What dost thou find on the furrow of Maat?

«Mandamento» = Lat. manda(re) + Lat. mente = «ordem»

< Lat. ordine < aurthina < *Kartu-na, lit. «algo relativo à Sr.ª da cidade» ou relativo à deusa da Fortuna!

«Método» < Lat. methodu < Gr. méthodos <= Meth(is)

«Mote» < Prov. mot < Lat. vul * mottu (< b. Lat. muttu, grunhido de vaca???)

< Lat. modu (> «modo») < Meatu < Meat < Maat => Methis => Themis > «tema».

«Meios» < Lat. mediu < Methi-tu, lit. «o que foi medido por Maat»?

Mont(h) < Monto < Menthu = was the God of War. Menthu was portrayed as a man with a hawk’s head. However, Re the sun God, was also shown as a man with a hawk’s head. For this reason, the two were often confused.

Menhit < Menchit = An ancient Egyptian lion-goddess, and a goddess of war.

Manda- < Mente- < *Meantu < *Ma-An-Shu < *Ama-Antu > Mamentu > Sumer. Mammitum > Mammetum.

Mont(h) < Monto < Menthu <= *Ma-An-Shu > *Meanshu-at > Menshit > Menhit > Amentet.

Ma-ter + An => Mat-er-ana > Matrona.

Que do bem-estar das divindades femininas dependesse todo a ordem do mundo é algo que só tem de espantoso no facto de esta teoria política cosmológica fazer depender a harmonia universal exclusivamente do seu lado feminino. Porém, o termo Ma´at, como se viu, apela tanto para a mulher (at) como sobretudo para a mãe (Ma) pelo que a razão semantica do vasto conceito teológico da «verdade natural das coisas» incito em Ma´at, relativo ao frágil equilíbrio dos múltiplos e contraditórios acontecimentos naturais de que dependia a ordem universal deve ter tido, por essas mesmas relações semânticas, muito a ver com a essência mesma da cultura matriarcal que precedeu o início da história. Sendo assim, o conceito que estava por detrás do termo Ma´at não seria mais do que o que resultava das regras educativas impostas por todas as mães desde os primórdios dos tempos. Na prática tais regras acabavam por se traduzir na interiorização de normas de conduta ética que viriam a ser o embrião dos códigos penais e que antes de o serem foram mandamentos divinos cujo incumprimento viria a ser julgado depois da morte no tribunal de Osíris nas dependências do foro da deusa da Sabedoria e da Verdade, Ma´at.

Em conclusão, não existem dúvidas de que o semantema relativo à deusa mãe esteve intimamente relacionado com o conceito do “poder maternal” que, enquanto o meio mais elementar e natural de educação das crianças é também o mais arcaico principio de referencia da vivência social.

Tal como nos é revelado pela etimologia comparada este conceito teria sido aproximadamente descrito como *Ma-An-Shu (= Matrona) entre os Egípsios a partir da frase ritual relativa à senhoria da deusa mãe *Ama-Antu, lit. «Mãe e senhora do céu» > Sumer. Mammitum, ou da minóica Menthu, que pouco mais seria do que uma mera invocação à Sr.ª das cobras, a Mãe Anat, ou Tanit.

The cobra was also representative of various deities such as Neith, Ma'at, and Re.

Se, entre outras, Maat foi deusa das cobras existe grande probabilidade de todas elas terem sido variantes da mesma Deusa Mãe primordial da Noite e da Morte que na Síria foi Anat e veio a ser Atena na Grécia. Assim, a origem semântica da função teológica de Maat não faz mais do que consagrar o matriarcado como tendo sido a primeira ideologia política da humanidade, confirmando no plano linguístico o que já se sabia do campo da antropologia e se suspeitava do estudo pré-história do neolítico.

Então, Maat terá começado por ser apenas a variante da Deusa Mãe que começou por ser a deusa do oceano primordial, Tiamat na suméria e Amentet / Naunet no Egipto, passou a deusa do céu estrelado Nut e acabou como Neite / Anat / Atena, a deusa da aurora primordial

Inana-at > Ninet > Nunet > Neit > Neut > Nut.

Mut = Her name means "mother" and in many ways she was regarded by the Egyptians as the great "world mother," and mother of the pharaohs. It appears that Mut was originally the female counterpart of Nun. However, in Thebes she replaced Amaunet to become the wife of the great god Amon. Mut is one of the few goddesses who were self-created. She was called, "Mut", who giveth birth, but was herself not born of any."

Na tríade tebana Amenet/Amaunet era filha de Maat pelo que não seria aceitável uma equação do tipo:

Amaunet ¹> Ama-an-at ¹> (An) Ama-at ¹> Ma-at.

Mwt: The original mother Goddess. Mwt & Bast is one of the oldest combined deities, with the Mother Mwt and the Maiden Bast. Wife of Amun. Thousands of children, including Bast, Neith, Hapi, and Khons. Later faded in importance as Aset becomes the primary mother Goddess. Typically shown with the head of a vulture.

Respeitando a tradição a relação Mwt & Bast permite antever que estamos perante uma metáfora oculta em que Mwt significaria isso mesmo, aquela que era a «mãe de Bast»! Então,

Mut < Mwt < Mewet < *Mawatu , lit. «a Terra Mãe que teve parto»

< *Ama-Bast < < *Ama-Ki- > *Kima-at < Tiamat.

Por ser auto-gerada e não concebida Mut iria ser também a que seria capaz de conceber sem deixar de ser a sempre «Virgem Mãe» como Artemisa. Pois bem:

Tiamat < *Ki-Ama -at = *Ama-Ki-at > Ma-hi-at > *Maya-at > Mayet.

Ø     Ma-Phiat, lit. «mãe Ptah».

Ø     Mawet > *Ma-Bast >

Ø     Ma-Kesta = Mesta.

Speech Of Kesta (Mesta). I am Kesta, thy son, O Osiris Ani, whose word is truth. I come to protect thee. I will make thy house to flourish, permanently, even as Ptah hath commanded me, and as Ra himself hath commanded. "As concerning the Seven Spirits who are Kesta, Hapi, Tuamutef, Qebhsenuf, Maa-atef, Kheribeqef and Heru-khenti-en-ariti, these did Anubis appoint to be protectors of the dead body of Osiris. -- Livro dos mortos.

Ma-Kesta = Mesta <= *Ama-Ki-at => Maya + Hestia > Maiesta.

 

Ver: ARTEMISA (***) & NOITE (***)

 

De qualquer modo este conceito da verdade factual dos antigos egípcios não pode ser senão equivalente da que na Suméria teve o nome de més e, por isso relacionado com a Deusa Mãe Primordial, ora Ama, ora Mamu. Assim, e duvidoso que Maat tenha sido desde a origem uma mera alegoria e é quase seguro que tenha sido um dos nomes da Deusa Mãe primordial.

Ma'at, reconstrução do que deve ter sido pronunciado como *Mu(Muh-aht), o conceito do Antigo Egípcio para lei, moralidade, e justice, o qual foi divinizado como uma deusa.[2]

É bem possível que entre Maat e Mut tenha havido uma qualquer cumplicidade do género das que sempre existem entre mãe e filha e que expliquem em parte a ambiguidade fonética que existe entre Maat e Mut, ou apenas a conexão etimológica Mu-et.

Maat < *Muh-hat < Muet > Mut > Lat. Muta.

Porém, estas ambiguidades fonéticas vão mais longe ao ponto de ser espantoso que se não tenha dado conta que Ama + Mut = Ammut, lit. «a mãe da mãe, ou seja, a velha avó»!

Atemisa < *Kar-ke-mish < Kar-Ki-Mash(a)

Ammut was a creature which dwelled in the Hall of Ma'at awaiting the judgement of the deceased that passed through there. Those souls who were found unworthy to dwell in the Afterlife were devoured by her. The process of judgement involved the weighing of the dead's heart against the feather of Ma'at.

Então, existe a hipótese a ponderar de que, uma das trindades de grupos de deusas Mães primordiais dos egípcios, seriam as «tridivas»:

Ammut, a velha avó, tão velha e tão feia quanto invejosa como a bruxa má da história da “Branca-de-neve”, Maat a mãe adulta que na tríade tebana era a mãe de Mut, a filha e jovem mãe! O estranho em toda esta criteriosa análise mitológica reside no facto de, em rigor conclusivo, Maat significar apenas «princesa», que é o que significa mesh em sumério/acádico.

Maat < Ma-ash > Celt. Macha, lit. Ma-(an)tu, «a filha da Sr.ª sua mãe»!

Masaya is the Nicaraguan Goddess of volcanoes. She lives in the Underworld with Mic-tan-teot, the God of the Underworld, and receives the souls of evil people when they die. Masaya is depicted as an old crone with black skin, drooping breasts, and white wispy hair, similar to the gases that rise from the volcano in Nicaragua that is named for her. The Chorotega people used to sacrifice virgins by throwing them into the volcano, hoping that the Goddess would provide divine oracles in return for the sacrifice. Masaya’s name means “burning mountain.”

 

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Figura 5: Maat, com o ankê da vida o caule da verticalidade de Min, e a pena de Xu.

Ora, em rigor, se Ammut «era a rainha-mãe» Mut é que seria sempre a princesa já que Maat deixaria de o ser desde que Ammut enviuvasse! Por outro lado, a mais nova de todas, a mais digna das «princesas» casadoiras seria seguramente uma virgem mas só excepcionalmente seria mãe pelo que o epíteto de Mut, a «mãe» só virtualmente lhe caberia inteiramente!

Ora, a única conclusão a retirar destas, e de outras menos explicitas, incoerências mitológicas só pode ser a que a mitologia, tal como o suporte ideológico de todas as políticas, era um universo conceptual onde as incoerências se resolviam com outras incoerência num jogo infantil de «faz de conta» tecido de sonhos acordados e de analogias metafóricas que tinha os céus por limite e por substância a metafísica da infinita possibilidade de todos os impossíveis!

No mesmo ambiente cultural, mashu significava os gémeos o que vem reforçar a convicção de que estes irmãos gémeos começaram por ser os lamashu, os guardiões dos duplos montes da aurora, acabaram por vir a ser metaforicamente o sol e a lua, e na tradição clássica, os príncipes filhos de Zeus, Apolo e Artemisa.

Mas neste volteios da contaminação semântica das mitologias de povos e culturas diversas ficou logar para Artemisa se transformar na lembrança duma Atena Promacho que não seria senão uma forma de dizer, Atena a princesa dos infernos como Proserpina, onde também julgaria os mortos como Maat ao lado de seu irmão Hermes Psicopompo!

Maiesta = The Roman goddess of honor and reverence, and the wife of the god Vulcan. Some sources say that the month of May is named after her. Others say she is the goddess Maia.

Mais uma vez se chama a atenção que a majestade da deusa mãe era o poder do matriarcado que enquanto maternal e divino era o fundamento teológico do poder social e das regras éticas e penais.

De facto,

*Meanshu = Me-An-shu =>

ð    An-Ma-ash = Celt. Macha

ð    = Ma´at< *Muh-hat.

Poena was the attendant of punishment to Nemesis.

Nemesis < An-Meshis < *An-Ama-ash

> *Meanshu-at => Maat.

Pena < Phoena, lit. «a Sr.ª da luz» que ilumina os pecados da humanidade?

< «Fiona» < Fauna < *Kian-a > Diana = Artemisa.

Pena não parece ter equivalente fonético no panteão Egípcio com a função específica da punição. Foneticamente falando talvez possamos aceitar Mehen para funções paralelas de policiamento, se bem que não do foro punitiva mas mais em funções defensivas no papel de guarda-costas do deus sol.

Mehen < Mashen < Ma-*Kian > Ma-A-tan, lit. «Mãe Atena

= Deusa mãe das cobras»!

Mehen An Egyptian serpent god. He defends the solar bargue of the sun-god during his nightly passage through the underworld. Mehen was usually depicted as a snake coiled about the barque.

O espantoso é que tenha mesmo existido um deus com estas funções e cujo nome era Maahes < Ma-ashis o que pode literalmente ser traduzido, de entre outros modos, como «filho de Maat»! Ora, a verdade e que Maah(es) + An = Ma-ash-an!

Maahes, (whose name has been translated to mean "True Before Her") a somewhat obscure leonine god who may be of foreign origin, is represented as a lion or a man with a lion's head. Maahes (also called "Lord of the Massacre") punished the transgressors of Ma'at and was represented as either a lion or a man with a lion's head and a knife. His protection was invoked over the innocent. He was principally worshipped in the area of the Nile Delta. In Greek literature he is called Mihos or Miysis.[3]

Não se entende porque é que este deus seria mais estrangeiro que qualquer outro! Quando Maahes foi traduzido «a verdade antes dela» já se estava a suspeitar que estávamos nas proximidades de Maat, a deusa da ordem e da verdade do fiel da balança, pelo menos na barra dos tribunais de Osíris! Mas, as traduções de coisas antigas andam um pouco enfaticamente exageradas pois, entre «massacre» e «castigo» seria de preferir a conotação de penalidade que lhe estava associada, pelo menos na tradição judicial que se suspeita no termo do português antigo «homizio» = homicídio, crime que pelas leis antigas era punido com a morte, o desterro, etc. Ora, afirma-se que «homizio» < Lat. homicidiu?

Porém, cada vez as dúvidas são maiores de que português derive por via popular inteiramente do latim, como se as línguas autóctones tivessem resistido ao contágio de línguas mais elaboradas e evoluídas do que o latim, como fora o caso teoricamente muito provável do minóico e depois, do fenício e do grego, e acabassem impávidas e serenas perante as invasões do latim erudito e que este tivessem chegado a todos os recantos, e quantos são ainda inacessíveis, da Península Ibérica!

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Figura 6: Atena Promacho, (de Nikomachos.)

Se os gregos chamavam Miysis ao deus Egípcio das penas então os «homizios» eram aqueles que entravam na alçada deste deus que era o mesmo «macho castigador» que vamos encontrar na análise do nome de Hermes e de Atena Promacho, até porque Atena teve parte das funções de Maat. Maahes era filho de Ptah & Sekmet.

Por sua vez, esta terá sido uma filha de Ptah, uma vez que esta deusa estava relacionada com a «base figurativa» deste deus:

Ptah is also typically shown wearing a skullcap and standing on the plinth-shaped hieroglyph that is part of the name for Ma'at, (...)

Então, já não será mera sugestão fonética dar conta que a «ordem», mais do que a «verdade», sempre foi uma questão de rectidão e verticalidade viril pelo que o nome de Maahes (< *Me-ash >) Ma-at não são senão nomes dum casal de deuses irmãos do fogo divino, o sol e a lua, equivalentes de Apolo / Artemis.

Hindu. Maha Devi | < Maca(ca) < Ama-Ki > Meash | Thewi

> Macha, a deusa celta!

 

Ver MEASH/MACHA (***)

 

Mas, a meu ver existe uma relação mais subtil entre a Poena, a deusa grega das penas criminais, que passa pela homofonia «pena»/pluma.

«Pluma» < *Shu-Ama = *Ma-shu > Maat !!!

The feather, because of its name, "shut", was a symbol of Shu. Shu was the Egyptian god of the air and the father of the earth (Geb) and the sky (Nut). Shu was often shown wearing a feather in his hair. Occasionally Geb was shown dressed in feathers, a representation of the air which covers him. Usually, the feather was a symbol of Ma'at, the goddess of truth and order. The goddess was always shown wearing an ostrich feather in her hair. The feather by itself was her emblem. In art, the feather was shown in scenes of the Hall of Ma'at. In art, the feather was shown in scenes of the Hall of Ma'at. This hall is where the deceased was judged for his worthiness to enter the afterlife. The seat of the deceased's soul, his heart, was weighed on a balance against the feather of Ma'at.

clip_image009 Figura 7: A pena de Maat garante o peso fiel do Coração dos mortos.

If the heart was free from the impurities of sin, and therefore lighter than the feather, then the dead person could enter the eternal afterlife. Other gods in the judgement hall who were part of the tribunal overseeing the weighing of the heart were also pictured holding a feather. During the feast of Min, men would erect a ceremonial pole. These men would wear four ostrich feathers on their head. The significance of the feather in this context is uncertain. [4]

Claro que a metáfora da pluma enquanto analogia da leveza da alma liberta de pecados seria aqui uma mera coincidência homófona que teve a sorte de ter pelo meio o nome de Shu, enquanto senhor do ar e das tempestades, de que derivaria o nome de Teshub e de Jupiter. De qualquer forma, ainda que seja assim suspeito que Maahes fosse uma variante de Shu e este uma dos filhos de Maat por analogia com a triade heliopolitana. Como existe a suspeita que Min = Menthu < *Meanshu, e já outrora a rectidão eréctil seria uma metáfora da rectidão moral (já então conotada com o machismo nascente) fica assim explicado o uso do toucado de penas que seria usado pelos Egípsios nas festas de min, seria usado pelos «machos guerreiros minoicos e teria sido exportado para as Américas pelos mesmo minoicos como símbolo de bravura e machismo guerreiro. Dito de outro modo, teríamos aqui mais uma inesperada prova de que não foram os portugueses e os castelhanos os primeiros a chegar às Américas, mas antes os seus antepassados tartéssicos ao serviço do rei Minus!

 

Ver SEKMET (***)

 

Sekhmet = *Kiat/Bast + Maat º> Artemisa º Atena + Hestia.

Porém, como Thoth º Hermes, filho de Maia .... e como Ma’ < Maat < Mayet[5] < *Maya-at, lit. «filha de Maia» ...fica-nos a suspeita de que Maat, de acordo com o que era comum na corte dos faraós, foi casada com o próprio irmão! Ora, pode bem ter sido esta a razão pela qual ela era considerada a «irmã de Ra»!

 (...) The last role of Ma'at was to help guide the Sun-god Re as he made his journey across the skies. It was she that determined the course that his boat took across the sky each day. It was sometimes said that she actually traveled in his boat with him, guiding its direction.

Assim, quanto a ficamos a saber da especial relação que este deus teve com Maat.

The word, Maat translates "that which is straight." it implies anything that is true, ordered, or balanced. She was the female counterpart of Thoth. We know she is a very ancient goddess because we find her in the boat of Ra as it rose above the waters of the abyss of Nu on the first day. Together with Thoth, they charted the daily course of the sun god Ra. She is sometimes called the "eye of Ra" or the "daughter of Ra".

Funcionalmente a analogia entre a mitologia grega e a egípsia continua possível. irmã gémea de Maat, Apolo de Artemisa, esta por sua vez, a soma de fonética de Hera e Témis, ambas esposas de Zeus / Xu.

País\Deus

Deus do sol

Deusa da lua

Egipto

Ra

Maat

Grécia

Apolo

Artemisa

"Mehurt is the great Celestial Water, but others say that Mehurt is the image of the Eye of Ra at dawn at his birth daily."[Others, however, say that] Mehurt is the utchat of Ra. "Now Osiris the scribe Ani, whose word is truth, is a very great one among the gods who are in the following of Horus; they say that he is the prince who loveth his lord." (…) 'Thou spreadest thy hair, and I shake it out over his brow" is said concerning Isis, who hideth in her hair, and draweth it round about her. "Uatchet, the Lady of Flames, is the Eye of Ra." -- Livro dos mortos.

Então,

Maat = Mehurt < Makurat + An = Macarena!

Mehurt = Naunet < *Ma-Kur-et, a Deusa Mãe *Kertu que por ter sido deusa das cobras cretences seria tambem deusa do crescente lunar!

Makurkian > Macarena!

Maat is a Neteru who best represents the Kemetan idea of Divine Order. Pictured as a woman with extended wings, Maat is associated with seven cardinal virtues: truth, justice, propriety, harmony, balance, reciprocity and order. These virtues, along with 42 other laws, correspond to the Divine Order by which the universe --- from the common person to the Neteru --- must abide.

Na acepção de utchat de Ra, Maat era a lua ou pelo menos uma das deusas da aurora. Na verdade Ma-at < Ma-ash > Mashu, um dos montes gémeos da aurora! Isis e Néftis eram, nos tempos osiríacos mais recentes as deusas que tinham este papel!

Nephthys also, like Isis, has many forms, for she is one of the two Maat goddesses, and she is one of the two Mert goddesses, and she is one of the two plumes which ornamented the head of her father Ra. Meret (Mert) The Egyptian goddess of song and rejoicing.

 

Ver: DEUSAS DA AURORA (***)

 

Em suma não é fácil saber qual foi a razão decisiva que permitiu fixar o semantema da ordem rectidão e verdade na esfera de Maat embora me pareça relevante lembrar que Maat/Mashu/meshes ao significar «príncipe»/«princesa» num mundo que começava a delinear, para legitimação do poder organizativo faraónico emergente, uma ideologia de tipo hereditário manifestada em ritos de fertilidade com base nos recentes conhecimentos de reprodução agro-pastoril, teria que significar também a manifestação da vontade dos deuses por meio da verdade da primogenitura. De forma secundária, a honra militar seria a que garantia para a rectidão eréctil do machismo real metaforicamente abençoada pelos deuses taurinos! Em qualquer dos casos, é bom que se note que se assiste a uma apropriação dum termo próprio de um ideologia em decadência por uma ideologia nascente com as inevitáveis distorções semânticas que isso iria motivar. Um aspecto interessante reside no facto de a língua lusa ter mantido mesmo nome para o macho dominante da deusa mãe do matriarcado para rotular o machismo como nome da ideologia sexual do patriarcado!

Hokhmah (Torah): This Goddess' name means "Wisdom". It is said that she was created before all else. In fact, she took part in the dividing of the Primordial Waters (Prov. 8:23, 28). She is equated with the Torah, wich is said to have been created first, and is the embodiment of Wisdom to the Jewish people. (See Maat of the Egyptians).

Hokh-mah < mah-Hokh < *Ama-Kauki > Masha.

                                                                  > Ma-at.



[1] -- WALK LIKE AN EGYPTIAN, A MODERN GUIDE TO EGYPTIAN PHILOSOPHY AND RELIGION by Ramona Louise Wheeler.

[2] Ma'at, reconstructed to have been pronounced as *Mu??at (Muh-aht),[3] was the Ancient Egyptian concept of law, morality, and justice[4] which was deified as a goddess.

[3] -- adaptado de texto de Stephanie Cass na Encyclopedia Mythica.

[4] "http://www.ixpres.com/Netjert/min.htm"

[5] mayate (noun, masc.) homosexual (Mexican Spanish)