SERRA D´AIRE OU DA IRIA
Figura 1: A serra de Aire vista de Torres Novas para Norte.
Serra de Aire = Ad Septem Ares. Ad | Septem < 7 = septem < septa
< septata > setada / serrata < «serra» | + Ares > Ares.
Eis o que pode revelar-se como prova de um óbvio equívoco de geógrafo mal informado! Por confusão com algum termo luso com
o significado explicito de “serra”, e reconhecido como tal pelo povo de
Mira Daire e seus arredores e traduzida pelos romanos como «serra» de
serrar pela simples razão de que em latim a «serra», enquanto acidente
orográfico, é sempre monte (mons) e nunca serra!
É
reconhecido que o conjunto orográfico da serra de Aire e Candeeiros
separam o mar do interior condicionando o clima e os ares húmidos desta
zona da Estremadura portuguesa. Os locais identificariam a serra de Aire
como sendo o que ainda hoje é “a serrada da Iria” ou seja uma metáfora
descritiva da silhueta dentada, como que por uma serra de serrar, da
deusa da Aurora (Iria).
Espantosamente a «serra» de serrar em gaélico é sabh e serrada é sàbhta.
Sabendo-se que a Irlanda se chama em gaélico Eyre, Eire, or Eiriu por ser a terra da deusa Eiru e
suspeitando-se que o gaélico era uma língua galaica decorrente de
imigrações galega pré-históricas podemos concluir sem surpresa que à
época dos romanos já se falava gaélico na Lusitânia e a serra de Aire
seria já isso mesmo a “sàbhta Eira”.
É
também reconhecido que os romanos consideravam as terras húmidas como
insalubres. Sendo assim, os romanos eruditos que por aqui passavam e
perguntavam pelo nome da serra ouviam o que queriam entender. Como
achavam a serra de Aire um local escalvado como que varrido pelo vento
que tudo leva e pouco mais deixa além de “sete (maus) ares”, quando os
indígenas lusitanos se referiam a “sàbhta Eirs” só ouviam o que queriam ouvir e por isso entendiam sàbhta como se fosse septe(m) = 7, numeral.
Assim, a Serra da Iria, por ser considerada por puro preconceito romano de maus Aires, passou a chamar-se em latim, Ad Septem Ares = A dos sete Ares em vez de ser apenas o que é, a serra (silhueta) da Iria.
No
entanto, as ideias míticas surgem como as cerejas num açafate e de
repente lembramo-nos que a serra da Iria poderia ser o arco-íris, a
ceitoira do crescente lunar com que esta deusa faria as cegadas às
searas da Primavera ou o caduceu de mensageira de Hera.
Figura 2: Uma Tridiva Irlandesa: Banba, Fotla and Eriu, as três Horai das estações do ano.
Nesta representação são teluricas como Hermes da esfinge de Gizé
Quando
os Milesianos chegaram da Espanha, cada uma das três irmãs pediu ao
bardo Amergin que seu nome fosse dado ao país. Ériu (Éire, e em sua
forma dativa Éirinn, resultando no inglês Erin) parece ter vencido a
disputa, mas os poetas consideram que todas as três tiveram seu desejo
satisfeito, e assim Fodhla é por vezes usado como nome literário para a
Irlanda, da mesma forma que Banba.
|
Diz
a lenda que santa Iria foi raptada da sua casa por um hóspede nocturno e
foi degolada num outeiro. Sete anos mais tarde, o seu assassino
regressa àquele local, onde já se ergue uma ermida em memória da sua
vítima. Ele pede perdão mas, numa atitude pouco cristã, a sua vítima
nega-lho. Por isso nunca viria a ser uma deusa canónica. Segundo outras
lendas santa
Iria nasceu na aldeia da Torre da Magueixa, concelho da Batalha.
Posteriormente partiu para Tomar onde tinha família e onde seguiu
carreira religiosa.
Seguramente
que nenhuma, destas lendas, é verdadeira porque seria uma deusa
lusitana e pré-grega que veio a dar origem a irlandesa Eiru. É representada a
segurar uma "panela de manteiga” em Magueixa (Batalha) e com uma colher
de pau na Faniqueira (Batalha) o que permite supor que Eiru seria
primitivamente uma deusa de pastoreio e do fabrico da manteiga.
SANTA IRIA
Santa
Iria: esta santa não goza de grande culto popular, mas é frequente
encontrá-la na toponímia. associada à ideia de cidade, é um topónimo de
origem euskera ou proto-euskera, como Irun, Iruña.
A freguesia de Tomar onde se situava o primeiro assentamento
populacional chama-se Santa Iria. É provável que este termo esteja
presente também em Santarém e em Leiria e que a santidade (sacralidade)
provenha do lugar. A antiga Iria Flávia prescindia da santidade, apesar
de estar intimamente ligada à lenda de Santiago.[1]
La denominación "Iruña" provendría probablemente de la palabra vasca (h)iri
('ciudad') y un segundo elemento que no está claro del todo, pero que
podría ser on ('buena'): 'la buena ciudad' (algunos etimologistas hablan
de 'la gran ciudad'). Este concepto se puede apreciar en otros
municipios de Vasconia como por ejemplo Iruñea, Irunberri (Lumbier) o
Irún. Curiosamente, Iruña de Oca, Irún y Pamplona fueron posiblemente
los tres asentamientos urbanos romanos más importantes en la zona norte
del País Vasco y Navarra.
Obviamente que para se chegar ao segundo elemento de Irunha ser teria que fazer derivas este topónimo de Irunia.
Iruña < Hirunia < Kur-| In-ana > Irnini|.
Irnini (Irnina): Goddess of war assimilated with Ishtar.
Suspeitando-se
que o basco tem tanta ou mais antiguidade que o sumério correspondendo à
cultura que outrora dominou toda a Europa Ocidental e Norte de África e
pode ter sido a origem da cultura do alto paleolítico que veio a
desenvolver-se no neolítico no Médio Oriente começamos então a entender
que Irnina seria a deusa
Senhora (ana) das cidades Ibéricas como Cibele e por isso a que criou a
tradição das torres como símbolos heráldicos de poder militar.
Conta
a história que na antiga Nabância (Tomar) nasceu Iria, uma bela jovem.
Desde cedo, Iria descobriu a sua vocação religiosa e entrou para um
mosteiro. A região era governada pelo príncipe Castin-aldo, cujo filho Brit-aldo tinha por hábito compor trovas junto da igreja de S. Pedro. Um dia, Brit-aldo viu Iria e
ficou perdidamente apaixonado por ela. Ficou doente de amor e, em
estado febril e desesperado, reclamava a presença da jovem. Temendo o
pior, os pais foram buscá-la. Iria pediu-lhe que a esquecesse, porque o
seu coração e o seu amor eram de Deus. Britaldo concordou sob a condição de que ela não pertencesse a mais nenhum homem. Passados tempos, Brit-aldo ouviu
rumores infundados de que Iria tinha atraiçoado a sua promessa e amava
outro homem. Furioso, seguiu-a num dos seus habituais passeios ao rio
Nabão, apunhalou-a e atirou o seu corpo à água. O corpo de Iria
foi levado pelas águas até ao Zêzere e daí ao Tejo. Foi encontrado
junto da cidade de Scalabis (Santarém), encerrado num belo sepulcro de
mármore. O povo rendeu-se ao milagre e, a partir de então, a cidade
passou a chamar-se de Santa Iria, mais tarde Santarém. Cerca de seis
séculos depois, as águas do Tejo voltaram a abrir-se para revelar o
túmulo à rainha D. Isabel, que mandou colocar o padrão que ainda hoje se
encontra na Ribeira de Santarém.
Fica assim talvez explicada o nome da humilde Torre de Magueixa que ainda lhe presta culto na região da Batalha.
Na mitologia irlandesa, Ériu, filha de Ernmas dos Tuatha Dé Danann, era a deusa epônima padroeira da Irlanda. Seu marido era Mac Gréine ("Filho do Sol"). Foi mãe de Bres com o príncipe Elatha dos Fomorianos. (...) Ériu, Banba e Fódla são interpretadas como as deusas da soberania.
A mitologia Ibérica de Irnina
teria chegado à Ibéria por via cretense porque parece ser essa a
informação que os irlandeses guardaram no nome do pai da deusa Eriu, Ernemas.
Ernmas < Ernimas < Her-Minos => Hermes / Enki, pai de Inana / Istar.
O marido da deusa Eriu era o pastor de gado andaluz, Gerião e o filho o deus Bres que ficou na Ibéria como Brigo, o deus das cidades lusitanas. Quer dizer que a torre que esta deusa sibilina da Torre de Magueixa poderia ter tido na cabeça era o próprio filho e pai das cidades lusitanas.
Magueixo = T. de Turquel
(instrumento de ferro ou de outro metal à maneira de tesoura ou tenaz; •
(Bras.) torquês.) Alça, que se coloca na dianteira de um carro,
carregado de pranchas ou toros compridos, para que não toquem nos bois.
Cada um dos dormentes, que se colocam no leito do carro, para assento de
pipas, ou de vasilhas semelhantes.
Aparentemente o «magueijo» ou magueixo era a tenaz ou *maquico com que Eriu lidava o fogo da lareira e do forno o que nos permite suspeitar que esta deusa tinha relações com Brígida quiçá por ser a mãe dela como foi de Brigo. Estas entidades deixaram rasto no nome do amante de Iria, Brit-aldo.
De forma interessante, Magueigia poderia ser Magagia a partir de uma proto linguagem ibero-berbere porque nome semelhante subsiste, qual fóssil linguístico na tribo dos haussás que povoa o Sahel ocidental com o significado de princesa herdeira, sacerdotisa...ou mulher dedicada ao comércio. Parece assim que a semântica original mais arcaica seria a de uma sacerdotisa votada à prostituição sagrada. Assim sendo, a etimologia popular que acredita que no português antigo a Torre de Magueixa significava a Torre da Feitiçaria só estaria incorrecta por a condição de pertencer a um feiticeiro quando se sabe que na Idade Média a magia e a feitiçaria pertencia às bruxas que a Iinquisição punha na fogueira da intolerância.
Magajiya (also Magagia). High priestess of Bori and leader of the free women (now considered as prostitutes) who run the cult. – Historical Dictionary of Níger, Abdourahmane Idrissa, Samuel Decalo.
Na verdade a linguística cada vez nos revela mais que não existem coincidências etimológicas, nem possivelmente falsos cognatos porque mageuixa se poderia decompor em ma-gueixa resultando assim que seria uma espécie de deusa mãe «gueixa», termo relativo a uma forma de prostituição aristocrática japonesa equivalente da hetera grega. Para sustentar esta comparação teríamos que aceitar que o Japão não foi descoberto apenas pela primeira vez por «gajeiros» portugueses quinhentistas mas que foi regularmente visitada deste o alto paleolítico senão a ocidente por povos ibéricos pelo menos a oriente a partir do corno de África por berberes.
Sabemos que pelo menos no Egipto a deusa mãe da prostituição sagrada era a vaca Hator...que possivelmente deu nome às heteras gregas. Ora, nem por acaso, nos Açores o «gueixo» é um bezerro.
Magueixo = T. de Turquel (= instrumento de ferro ou de outro metal à maneira de tesoura ou tenaz; • (Bras.) torquês.) Alça, que se coloca na dianteira de um carro, carregado de pranchas ou toros compridos, para que não toquem nos bois. Cada um dos dormentes, que se colocam no leito do carro, para assento de pipas, ou de vasilhas semelhantes. sinónimo de: malhal, mangual, omado.
E agora vem a parte arriscada dos saltos mortais etimológicos.
Acerca da designação do lugar
da Torre da Magueixa existem algumas opiniões diferentes em relação ao topónimo
Magueixa. Diz-se que o lugar da Torre da Magueixa se dava antigamente o nome de
Torre da Magagia que, no português antigo, significava Torre da Magia ou da
Feitiçaria por ter pertencido a um mágico ou feiticeiro. (…)
"... a Ermida da Magueixa
era da invocação de Santa Maria
(Sancte Marie de Magueiga) e não de Santa Iria. Houve aqui, segundo cremos uma
mudança de padroeira: Santa Maria
cedeu lugar a Santa Iria em data
posterior ao primeiro quartel do século XIII.
Quanto ao vocabulário Maguieja
ou Magueixa, diremos que não é exclusivo da região de Leiria, pois também
existe no aro de Lamego uma Magueija, já mencionada num documento de venda
de 1163.
Num documento de 1277, inserto
no livro de D. João de Portel (p. 133), alude a uma herdade na Magueija, junto
do Reguengo, o que parece significar que esta Magueija do termo de Leiria nada
tem que ver com a Magajia de Santa Catarina da Serra, ao contrário do que se lê
na nota manuscrita do exemplar de "O Cruzeiro" existente na
Biblioteca de Leiria.
Magueigia é uma localidade da freguesia de Santa Catarina da Serra,
concelho de Leiria, com cerca de 400 habitantes. (...) O nome da localidade é
muitas vezes conhecido ou referido como Magagia, apesar de não ser o nome
correcto.
De forma interessante, Magueigia poderia ser Magagia a partir de uma proto linguagem ibero-berbere porque nome semelhante subsiste, qual fóssil linguístico na tribo dos haussás que povoa o Sahel ocidental com o significado de princesa herdeira, sacerdotisa...ou mulher dedicada ao comércio. Parece assim que a semântica original mais arcaica seria a de uma sacerdotisa votada à prostituição sagrada. Assim sendo, a etimologia popular que acredita que no português antigo a Torre de Magueixa significava a Torre da Feitiçaria só estaria incorrecta por a condição de pertencer a um feiticeiro quando se sabe que na Idade Média a magia e a feitiçaria pertencia às bruxas que a Iinquisição punha na fogueira da intolerância.
Magajiya (also Magagia). High priestess of Bori and leader of the free women (now considered as prostitutes) who run the cult. – Historical Dictionary of Níger, Abdourahmane Idrissa, Samuel Decalo.
Magajiya translates to "Successor" in English. It is
common with the Hausa tribe in Nigeria and primarily used by Females.
Ilustração[1].
This school was located in Tungan Magajiya, which means, “a place where a trader woman sells her wares”. From
Football to Freetown, Jake; Ruth Schierling.
Na verdade a linguística cada vez nos revela mais que não existem coincidências etimológicas, nem possivelmente falsos cognatos porque mageuixa se poderia decompor em ma-gueixa resultando assim que seria uma espécie de deusa mãe «gueixa», termo relativo a uma forma de prostituição aristocrática japonesa equivalente da hetera grega. Para sustentar esta comparação teríamos que aceitar que o Japão não foi descoberto apenas pela primeira vez por «gajeiros» portugueses quinhentistas mas que foi regularmente visitada deste o alto paleolítico senão a ocidente por povos ibéricos pelo menos a oriente a partir do corno de África por berberes.
A palavra gajo não tem relação
com gajeiro, o marinheiro da gávea nos veleiros antigos. Gajeiro
deriva do italiano gaggia, «gávea».[1]
Supostamente «gajeiro» nada teria a ver com «gajo» mas
suspeita-se que assim não será porque a proposta de deriva do italiano gaggia
não é sustentável porque em italiano gaggia é apenas uma árvore: a acácia.
Então, o mais provável é que o cesto da gávea tenha tido
denominação mais arcaica em algo próximo de *gaijeiro
por ser o local para onde iam de castigo os «gajos» que mais não seriam que os
marujos que se portavam mal.
Por outro lado, como se suspeitaria, gávea não tem
etimologia segura porque é suposto derivar do latim medieval gabia, quando se sabe que este latinório era, as
mais das vezes, uma transliteração em baixo latim dos falares locais. Outros
supõem que derivaria do clássico cavea, “jaula, gaiola” que a gávea
não é por ser um cesto aberto como a «gaveta» (antes de fechada) com que terá
maior relação e que deriva do latim gabata, “escudela de madeira”.
Em conclusão, o mais possível é que o cesto da gávea tenha sido
antes denominado *gaijeiro e
posteriormente sofrido alteração compressiva para *gágija / gaggia, primeiro e depois, alterada
para gávea por ressonância com «gaveto».
Na verdade tende a ser entre marinheiros que as tradições e
falares arcaicos mais se mantêm em virtude do reconhecido isolamento da vida de
marinheiro tanto no mar como em terra. Por outro lado, o termo «gajo» é hoje
informal no português corrente porque esteve muito tempo perdida porque seria
um termo pré-romano que os bem-falantes da latinidade primeiro e depois do
baixo latim perderam e que apenas ficou no calão dos ciganos.
A etimologia da palavra gajo é a
derivação regressiva de gajão ou ganjão. Gajão tem
origem no caló espanhol gachó, do cigano ou romani gadjó,
«homem». Na língua dos ciganos ou roma espanhóis gachó é um camponês
ou homem adulto; gachó (masculino) e gachí (feminino) referem-se a pessoas que não
são ciganas. [2]
Ora bem, o facto de o termo parecer ter derivado do calão
cigano não significa que aí tenha sido criado porque é bem possível que se
tenha passado com os ciganos o que soi passar-se com os marinheiros que pelo
seu isolamento cultural tendem a guardar arcaísmos.
A origem da palavra romani gadjo, ou
gajo, é desconhecida, mas poderá significar «camponês» ou «homem» e ter
a mesma raíz de gav, «aldeia». Outra teoria deriva gajo de Ghazi, um
reino na Pérsia e Afeganistão do século XI.
Em escocês, assim como
no Ulster
e no nordeste da Inglaterra, gadgie ou gadge significa
«homem». Na Bulgária гадже (gadje) significa «namorado ou namorada». Em romeno gagic e gagică
significam «namorado» e «namorada» e também «rapaz» e «rapariga» («garota,
moça», no Brasil). [3]
Se nas língua gaélicas gadgie ainda significa «homem» então é
natural que nos falares pré latinos ibéricos assim fosse também, ou seja, gajo é
um termo ibérico de origem pré-romana aparentada com o gaélico. Já os termos búlgaros
e romenos equivalente podem ter sido para ali levados pelos ciganos muito mais
tarde. Ora bem, é bem possível que nos falares arcaicos «gajo» já fosse um
pouco pejorativo por ser próximo de «gueixo», o bezerro da gueixa, ou seja, um
chulo ou um bastardo.
Na verdade, sabemos que pelo menos no Egipto a deusa mãe da
prostituição sagrada era a vaca Hator...que
possivelmente deu nome às heteras gregas. Ora, nem por acaso, nos Açores o
«gueixo» é um bezerro.
[1] http://palavrasvertendo.blogspot.pt/2015/03/gajo.html
[2] http://palavrasvertendo.blogspot.pt/2015/03/gajo.html
[3] http://palavrasvertendo.blogspot.pt/2015/03/gajo.html
Sabemos que pelo menos no Egipto a deusa mãe da prostituição sagrada era a vaca Hator...que possivelmente deu nome às heteras gregas. Ora, nem por acaso, nos Açores o «gueixo» é um bezerro.
Então começamos a entender porque é que em Turquel magueixo é “a alça, que se coloca na dianteira de um carro de bois para que a carga
não toque nos bois”.
Magueixo = T. de Turquel (= instrumento de ferro ou de outro metal à maneira de tesoura ou tenaz; • (Bras.) torquês.) Alça, que se coloca na dianteira de um carro, carregado de pranchas ou toros compridos, para que não toquem nos bois. Cada um dos dormentes, que se colocam no leito do carro, para assento de pipas, ou de vasilhas semelhantes. sinónimo de: malhal, mangual, omado.
Turquel = instrumento
de ferro ou de outro metal à maneira de tesoura ou tenaz; • (Bras.) torquês.
E agora vem a parte arriscada dos saltos mortais etimológicos.
O nome de Turquel, que ainda hoje é terra de ferreiros e
metalúrgicos, reporta-nos para a tenaz dos ferreiros que nas pinturas dos vasos
relativos ao regresso de Hefesto ao Olimpo pela mão de Dionísio tinha a forma
de uma «macaca» que é seguramente a representação mais arcaica da Deusa Mãe da
Natureza como tipicamente aparece na forma de gorgónia de Medusa.
Há outros indícios que nos levam a aceitar que existiu uma
ligação íntima entre o termo «magueixa» de Turquel e a tenaz dos ferreiros que
é o termo «magujo», “instrumento, para
extrair das juntas da embarcação a estopa velha”, ou seja, uma torquesa.
Assim, aparentemente o «magueijo» ou «magueixo» era uma das
hastes da tenaz ou *maquico com que Eriu lidava o fogo da lareira e do
forno o que nos permite suspeitar que esta deusa tinha relações com Brígida, quiçá por ser a mãe dela como
foi de Brigo. Estas entidades
deixaram rasto no nome do amante de Santa Iria, Brit-aldo. Quer dizer que a Torre
de Magueixa que esta deusa sibilina poderia ter tido na cabeça era o próprio filho e
pai das cidades lusitanas.
Porém, como a acção humana era, para os povos primitivos,
uma imitação da cópula sagrada, criar e gerar era uma imitação do acto criativo
dos deuses que tinha necessariamente que ser sexual. Ora, o símbolo
mágico mais secreto desta cópula divina era o caduceu que na suméria era a
representação do deus Ninguizida na forma de duas cobras entrelaçadas. Por isso
podemos suspeitar que «magueixa» era também a cobra fêmea das cobras
entrelaçadas em cópula sagrada na tenaz dos deuses do fogo.
Porém, como «maguilho» significa macieira
brava *Maguilha ó
Magueixa poderia ser só e apenas uma mata sagrada de «car-queija» / «tojo» em volta duma
macieira enquanto árvore do paraíso que era o jardim das Hespérides e que a
Serra Daire seria, durante o Verão pelo menos, na última glaciação.
Magueixa < Ma-queija
< Ma-*Ki-ash-a
ó *maquico = Macaquito < «Macaca».
«Tojo» < < Gal. Toxo <
Ta-usho < Ka-usho < *Ki-ash.
MA = mãe; Ki = terra; asha = fogo ou filha.
*Kiash e um termo virtual que esta presente no nome de Vesta, Hestia e na «giesta» com que faz
a «festa» do fogo e que por isso se relaciona com lenha ou mato ou qualquer
tipo de planta do monte. Assim sendo tudo leva a crer que Magueixa fosse um
matagal cheio de lenha, tojo e giestas. Uma espécie de floresta sagrada
comunitária. A lenha além de alimentar o fogo eterno e sagrado da Lareira da
aldeia servia para alimentar a forja já na época do calcolítico razão porque a
Magueija de Lamego fica ao lado da aldeia de Bigorna.
Parece que Iria
seria a deusa das éguas das represas e das cisternas seguramente porque
era esta a única forma de ter água nas regiões calcárias da Cova da
Iria.
Transpondo
para a realidade Nabantina o dito e sabendo que a lenda de Iria é
indissociável da designada “cisterna de Santa Iria”, outrora conhecida e
referida como “Pego de Santa Iria”,
excepção se faça à crónica dos monges franciscanos que no século XVIII a
referem como cisterna, poderemos pensar ser esse o lugar por
excelência, determinante para a localização da lenda e posteriormente,
do recolhimento e convento das monjas de Santa Clara na planície de
Tomar, ou seja, o sítio que continha em si alguma particularidade que
levou à sua consagração, tendo em conta que a lenda é falaciosa, não
obstante eventualmente a lenda conter algum acontecimento real mas
bastante diferente do que se veio a fixar muito tardiamente na
hagiografia da Santa.[2]
Desgraçadamente Eyreia (Iria, ou Irene) não deixou rasto lapidar na Lusitânia, nunca foi santa canónica, mas ficou eterna no Arco-Íris.
De facto, a deusa Eiru / Iria teve várias representantes na Grécia:
Eris, deusa da discórdia.
Eirene, one of the Horae; her name means peace.
Ery-theia One of the Hesperides.
Eury-ale, one of the Gorgons.
Eury-nome
1. In one account she is the goddess of all creation, and ruled the Titans (with Ophion) before Cronus.
2. In another she is the daughter of Oceanus and Tethys, and the mother, by Zeus, of the Graces.
Iris-rainbow. Iris was the personification of the rainbow. She was also the messenger of the gods.
A
polissemia dos teónimos gregos é fruto da variedade de cultos que
evoluíram logo tempo separados durante a prolongada idade das trevas da
Hélade em recônditos locais da sua retalhada geografia.
Da vasta mitologia grega em torno da etimologia da deusa que na Caldeia foi Irinina e Iria em Portugal, podemos concluir que ela foi Dis-Cor-Dea, a filha de Deméter
que desceu aos infernos e por isso foi uma das gorgónias. Esteve
relacionada com o culto do pôr-do-sol porque na Irlanda foi esposo dele e
por isso foi a deusa Ery, uma das Hespérides que terá sido esta variante que chegou à Ibéria. No entanto seria também uma deusa da Aurora enquanto Iris, ou pelo menos do fim das tormentas que anunciam a paz dos deuses sobre a terra e por isso também deusa da paz enquanto Eirene e uma das estações do ano, a Primavera.
Santa Iria é celebrada a 20 de Outubro, em pleno Outono, pelo que seria ela a deusa da discórdia como o seu martírio o revela.
Aliás existe em Tomar um provérbio que denuncia essa íntima relação com o touro...o pastoreio e a sementeiras: "Pela santa Eyreia, lavra e semeia"
Compreendemos
então a voltas e reviravoltas que as deusas do calendário dão à volta
do sol onde a mesma deusa passa de deusa das discórdias durante o
inverno como Eris e acaba na Primavera como deusa da paz ou Eirene.
Claro
que os gregos que foram politeístas de vistas curtas durante muito
tempo não deram conta de que todas estas entidades eram meras facetas da
mesma deusa que as vicissitudes da geografia grega autonomizaram. No
entanto, o facto de outros panteões ligados por Creta terem apenas uma
deusa com nome idêntico comprova que terão que ser necessariamente a
mesma entidade mítica.
Não
deixa no entanto de ser tentador relacional Leiria como um culto
começado no cova da Iria e que desceu pelo Nabão até Tomar e pelo Zêzere
até Santarém e depois veio pelo Tejo até Santa Iria da Azóia. A norte
terá tido culto pelo menos em Castro Daire.
Figura 3: “Lenda do Lis e do Lena”, da autoria de Augusto Mota que decorava o café Colipo de Leiria.
Reza
a lenda, que o rio Lis e o seu afluente rio Lena, se perderam de
amores, e que um dia... à saída da cidade, onde os dois se juntam,
celebraram casamento para unirem seu amor... num só rio.
A
região da Cova da Iria, particularmente a da Serra de Mira Daire, é
rica em topónimo em Al- como Alcobaça, Alveiázere; Alcaria, Alqueidão,
Alvados; etc.
«Leiria» < Leireia < *Al-Eyreia = Al-Iris > liris > Lis > «Lis».
Al-Irena > Lirena > Liena > «Lena».
Assim
sendo, além de deusa das águas presas Iria seria também deusa das Águas
Livres do rio Alviela e outros que nascem na Serra da Iria ou D´aire.
NOSSA SENHORA D´AIRES.
Existem duas lendas contadas pelo povo.
Uma
que relata que naquela herdade, chamada dos Vaqueiros, morava um
lavrador rico, supõe-se que Martim Vaqueiro, que possuía uma manada de
bois. Na herdade existia um curral onde todas as noites os bois eram
recolhidos. A certa altura os empregados do lavrador repararam que
durante a noite os bois saiam do curral para irem pastar, mas que no
outro dia de manhã estavam todos lá dentro, com a porta fechada. Foram
então contar o mistério ao patrão que se dispôs a ir dormir uma noite à
porta do curral. Nessa noite apareceu-lhe em sonhos Nª Senhora, que lhe
disse que era Ela que abria a porta aos bois e que era de Sua vontade
que fizessem naquele local uma casa de Deus e que para isso Ela própria o
ajudaria. O lavrador tratou logo de juntar os materiais necessários
para dar início à igreja e como era preciso muito dinheiro vendeu alguns
dos seus bois. Porém, quando os voltou a contar, após a venda, tinha na
manada a mesma conta, tendo sido um milagre de Nª Senhora.
O
aparecimento da imagem da Senhora d'Aires também tem uma lenda, e
encontra-se expressa numa inscrição na portada do Santuário. É um verso
em latim, que relata que após a expulsão dos mouros destas terras, um
lavrador arava o campo quando encontrou dentro de um pote de barro a
imagem que se vê no altar. Sobre esta lenda, diz-se que a imagem foi
descoberta por Martim Vaqueiro quando este lavrava o campo.
Há
muitos anos atrás era obrigatório os rapazes fazerem a Tropa e também
eram obrigados a ir combater em guerras fora do nosso país. Certo dia,
um pobre soldado, onde andava a combater, viu-se envolvido com uma
monstruosa e enorme cobra, ele pensou mesmo que ia ser devorado por ela.
Veio-lhe ao pensamento pedir a nossa Sra. Da Visitação e também a nossa
Senhora D’Aires que o acudisse, se isso acontecesse ele iria esfolar o
monstruoso bicho e oferecia metade da pele a cada uma das Santinhas. Com
o lhe correu bem é claro que cumpriu a sua promessa, por isso existe em
cada uma das igrejas metade da pele, que para terem volume foram
enchidas com pa lha e cosidas. Parecem reais, estão expostas ao longo da
parede de cada igreja.
A
relação da Virgem Maria com as cobras foi reconstruída pelo catolicismo
partir de uma interpretação abusiva, como são sempre todas as
extrapolações mitológicas por conveniência, com uma maldição divina
sobre a mulher proferida por Jeová a quando da expulsão de Adão e Eva do
paraíso.
(Gênesis
3:15) - E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a
sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
Obviamente
que os crentes lêem nos textos sagrados tudo menos o que lá está.
Alguns vêm nesta mulher a Igreja que pisa a cabeça do diabo das Igrejas
opositoras. Na verdade o texto apenas revela a tradição do culto da
cobra que até ao início do patriarcado que Génesis fundamenta era de uma
relação amigável como o culto das cobras cretenses o demonstra
arqueologicamente.
A
Senhora da Visitação poderá ter uma ralação pagã anterior ao
cristianismo porque quase todas as intrusões pagãs no evangelho
ocorreram nos evangelhos da Infância. A Visitação seria uma mera
alegoria do começo da Primavera. Então, Conservando o culto popular uma
relação entre a Sr.ª da Visitação e a Senhora D’Aires podemos inferir
que ambas estariam relacionadas com o culto arcaico das cobras
reforçando a ideia de que Iria seria uma Irínias e por isso seria uma manipuladora de cobras como muitas outras Nossas Senhoras que pisam a meia-lua.
Ver: GUADALUPE (***)
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