quinta-feira, 14 de agosto de 2014

HÉRCULES, UM FALSO GÉMEO DE HERMES. por Artur Felisberto.

clip_image002
Figura 1: Hermes & Hércules. Estes deuses quase nunca aparecem juntos. As funções de juiz mensageiro que Hermes costuma ocupar em cenas mitológicas doutros contextos costumam ser preenchidas por Atena quando Hércules está presente. Como noutros contextos parece inferir-se que Hércules seria um avatar de Apolo é então possível que esta cena represente afinal uma variante inconsciente e tardia do culto dos gémeos primordiais.
Já demos contas que Pan aparece nas etimologias dos nomes de arcaicos deuses do fogo o que, como filho de Enki que é, nos terá que fazer reportar para este deus primordial da divina sabedoria que teve por equivalente helénico o deus das espertezas saloias, Hermes mal acabava de nascer e já andava a roubar o gado de Apolo!
Por su parte, Sánchez Dragó, encuentra en la figura hispánica de Hércules un sincretismo considerable: "En él confluyen Habidis u Osiris-Dionisio-Baco, por una parte, y Baal-Hammon-Melkart-Kronos-Saturno por otra", (p. 205)."Es indudable que el Heracles griego, llamado Hércules por los latinos, era el mismo dios Melkart o Melkarte de los fenicios y cartagineses, que en un principio fue no sólo el dios de la fuerza, sino el de la industria, la astucia, el comercio, los viajes, exploraciones y expediciones legendarias. Su nombre púnico Melkart o Melkarte, tiene el mismo sentido que el término latino Mercurius... Se discutía mucho su nacionalidad, pero en el templo sus sacerdotes seguían el rito egipcio y decían que el dios había venido de Egipto... Así, el padre de la Historia exclama: ¡declárese la verdad y sea Hércules tenido por dios antiguísimo egipcio!" Los fenicios consideraban también a Hércules "protector de las rutas y los caminos, por lo cual hacían montones de piedras que encontraban en sus viajes para conocer el camino de vuelta y además asegurar la felicidad de los negocios y empresas".[1]
De facto, entre Hermes e Hércules existem óbvias analogias étmicas.

Hermes
< Her
-Ama
            = Kali
-ish
Hércules
< Her
-Kul
< *Kur > Kali
-ish

ALCIDES

O mais provável, em função da própria personalidade miliciana de Hércules é que a etimologia deste nome fosse mais directamente a seguinte:
Hércules < Her + | Grec. kurios = senhor, autoridade suprema => *Herkulios, lit. «o (> *horgul- > Germ. ûrgoli > «orgulhoso») Senhor da Guerra!
Original name = Alkides (renamed by Delphic Sibyl) = Alkaios, changed to Herakles by the Argives.
Em que ficamos? Alcides ou Alcaios ou, como adiante se dirá, *Alexikakos?
Como kauros º kakos => *Alexikakos = Alexi-Kauros
=> *Helish-Kourios, «o jovem filho do sol».
=> Her-Kurish, Iscur, (o deus) dos Exercitos.
Poderia até ter sido Alfeu.
Alfeu < Alpheiu < Alwaios, lit. “aquele que é branco”
< Al-kaios >Al-kides = Herakles, enquanto figura lendária porque, enquanto figura mítica e divina, Hércules deve ter sido o nome que mais seguramente entrou na língua grega a partir de Eragal
< *Heragal-ish, lit. “o filho guerreiro do rei, o príncipe guerreiro, o sol”, filho de *Kurkur(-ish), o poderoso deus pai que transportava o deus menino solar de monte em monte todo santíssimo dia, *Kurkurish
=> Herkales.
Até parece que os gregos clássicos já sabiam que um dia iriam ser dominados pelos árabes porque têm termos que parecem moçárabes.
Alfeu > «Alfaia» < Ár. alhaja, = lit. «coisa necessária», s. f. qualquer utensílio adequado a uma arte ou ofício! Ora, além destes sinónimos este termo comporta ainda: • arreio; • baixela; • atavio; • enfeite; • jóia; • paramento de igreja etc. quando «alfaiate» < Ár. alkhayyát = lit. «que corta e cose». Será mesmo assim? Não haverá exagero na atribuição de responsabilidades dos significados das palavras nacionais a outras línguas? Na verdade, não me parece que se possa separar a semântica de «alfaia» da de «alfaiate» tanto pela semelhança fonética como pelo facto de me parecer que os sentidos primários de alfaia teriam estado relacionados com vestuário e só secundariamente estes sentidos se terão alargado a qualquer utensílio adequado a uma arte ou ofício, seguramente que só depois de se terem perdido por conotações circunstanciais relacionados vestuários distintivos duma arte ou ofício, ou pelo menos duma cooperação medieval, por analogia com os paramentos de igreja. Ora bem, e aqui é que se entronca o nó desta questão, a alvura destes paramentos de igreja tinha que ser imaculada pelo que não seria de espantar que tenha sido a igreja a criar na gíria das sacristias o termo «alfaia». A partir daqui os restos dos sentidos teriam vindo por acréscimo até chegarem onde chegaram. De facto, sendo assim, o «alfaiate» teria sido primariamente o que fazia os paramentos do clero cristão já que o clero árabe não sói paramentar-se para actos litúrgicos. Ora, que o «alfaiate» fosse árabe ou viesse a ter nome árabe estando ao seu serviço do clero cristão seria quase uma heresia! É até possível que o Ár. alkhayyát seja lit. «que corta e cose» e o Ár. alhaja, = lit. «coisa necessária» (< Alkaja, lit. «a coisa»), mas parece-me que será muito difícil que suportem estes sentidos em simultâneo.
Suspeita-se assim que muitas etimologias de termos autóctones e de cariz popular que não se encaixem à tradição latinista acabam por ir parar ao fundo de saco do arabismo. Ora, se não fosse o preconceito rácico implícito no mítico paradigma do indo-europeu talvez utilizássemos mais o árabe como instrumento de investigação étmica e então, não nos esqueceríamos tão facilmente, sempre que nos falham as deixas etimológicas do classicismo, que o árabe descende da mesma fonte comum das linguagens péri mediterrânicas por via dos caldeus e que os fenícios andaram na península a falar linguagens semitas muito semelhantes às arábicas pelo que, em tese pelo menos, será sempre difícil afastar a suspeita de que muitos arabismos sejam renascimentos fenícios, por exemplo! De resto, o arabismo na etimologia do português fica com as costas das possibilidades semiótica tão largas que de tanto serem esticadas acabam por ficar com as costuras à mostra. Na verdade, pelo exposto antes relativamente aos paramento de igreja, o «alfaiate» deveria derivar de «alfaia» e então ter sido na fonte árabe algo do tipo alhaja-yat que é bem diverso de alkhayyát.
Para uma língua como a árabe, que se supõe conservadora, seria evoluir demais em pouco tempo. Em conclusão, «alfaia» derivaria de *alphaja, lit. “a faixa branca?” < Alwaia (> «alvaiade» < Ár. albayãd, brancura) <= *Kar-kaka, epíteto relativo ao fogo do sol > homologa do termo árabe alhaja = Al-haja = a «causa»! Quanto a «alfaiate» seria um mero composto, como tantos outros terminados em -ate, «relativo a todo aquele que faz», neste caso «alfaias». Sendo assim e como tudo se terá passado numa época em que os árabes dominavam a Península Ibérica, e bem possível que, se não podermos demonstrar que o árabe é dispensável para explicar muitas etimologias que o latim não permite prever ou será porque se trata de termos inteiramente autóctone com homologias compreensíveis por uma arcaica fonte comum ou no mínimo foi o árabe que com a sua presença influenciou por ressonâncias a escolha preferencial de algumas palavras autóctones mais aparentadas com o árabe conseguindo assim, numa fase de maturação dos falares ibéricos, marcar pontos sobre o latim já então em decadência desde a época do baixo latim dos séculos finais do império romano e com alguma perda de competitividade depois da pressão dos falares germânicos desde o começo do império visigodo.
De qualquer modo, não deixa de ser interessante, já que quase ignorado por toda a gente, que, afinal, o famoso Hércules tenha tido originalmente o prosaico nome de «Alcides»! Este facto deixa no ar a suspeita de que, no substrato lendário do mito de Hércules, pode ter existido uma personagem histórica, dentro da mesmíssima lógica de probabilidades relativas à existência histórica dum Jesus judaico por detrás da mitologia messiânica de Cristo Salvador, um arcaico deus de morte e ressurreição.
«Alcides» < Alki-de(o)s < Alki-Kius < Kurish | = *Iscur | -Caco
=> *Alex(i)kakos > Alcheihakos > Alchaihos >Alcaios.
Alcides < *Kar-Kitish => *Iscur-Kiki + Ama > Maharkithes > Mer-Kartish > Melkart/Melquides.
Outro dos epítetos espantosos de Hércules foi Buraicos o que parece reportar-nos Bóreas, o deus dos ventos. Obviamente que o deus dos ventos foi, como Enlil, um «manda chuva», senhor das tempestades e da fertilidade vegetal.
Buraicos < *Phur-Yacos < *Pher-Jakos, lit. «o que transporta Jacos, o deus menino Dionísio, *Kakisco, o filho do «Caco & da Caca», o divino casal do fogo primordial < *Kur-kakus, lit. “o filho dos montes (da aurora)” > *Kaphurisco, “lit. o filho da cobra”, facto que, em parte, explica a mitologia da infância de Hércules em que este aparece dominando as cobras, de certa forma uma metáfora do herói patriarcal que necessita de dominar mãe para aceder ao poder supremo!
=> *Hapolisco, lit. “filho de Apolo”.

Ver: HERMES CRIÓFORO (***)

Kronos, imprison Vriareo (Heracles) Kotto and Gye, on Tartaro. Kronos (Vriareo, Kotto, Gye) on Tartaro, tie them and place them. Apollodoros, book A, paragraph 4
Kur Kurish => *Kur-kur-kiko > Wir-Hareu > Vriareo
                                                   > Wur-Aireu => Buraicos!
Notar que Jacos foi um dos nomes de Baco/Dionísio, que por sua vez foi um mítico rei de Espanha. Seriam os dórios tão trácios como se julga? Não teriam sido os dórios originários do Douro a terra do «carago» (< carajo < «caralho» > Karhalyo < *Harkal) por excelência?!
- "Dicen Varrón y Silio Itálico, que Baco conquistó España; refiriendo el primero que de Pan, jefe de los ejércitos de Baco, tomó Hispania su nombre. También Plutarco afirma que Pan, jefe de las tropas de Baco, dió nombre a Hispania. Esta noticia la suministra asimismo, algo modificada, Sosthenes, que escribe ‘tomó Spania su nombre de los panes que llevaba Hércules, siendo de anotar que el nombre de ‘panes’ significa los rojos, denominación de ‘rojo’ que se dió al dios Pan, según Servio, por que le representaban pintada la cara de color rojo. De pan e is ‘país, tierra’ en caldeo occadio, se formó el nombre de ispania ‘país de Pan’ o ‘país rojo’, dado el color predominante de nuestra Patria para los navegantes" (p. 18[2]).
«Espanha» < Ish-Pan-hia, literalmente «a terra dos filho de Pan»?
< Ish-Kan-Kia, «terra de *Ishkian», a Fénix, o pássaro de fogo?
< Phanhikia, terra de fenícios?
A mera suspeita de que o nome das Espanhas tenha andado associada ao deus dos pastores que terão sido os primeiros habitantes do paleolítico das regiões de entre Côa e Águeda a fazer fortuna com a venda de gado, é um facto que, só por si, é já razão suficiente para concluir que estamos na pista certa e ter que admitir que a tradução literal deste epíteto de Hércules, o *Pher-Jakos, só poderia ser coincidente com a que se tinha deduzido por *Kurkurish!
Ora, outra coincidência espantosa é precisamente a que envolve Hércules num conflito mortal com Caco pela posse do «gado do céu».
The battle between Hercules and Cacus, although one of the oldest of the traditions common to the whole Indo-European race, appears in Italy as a purely local legend, and is narrated as such by Virgil, in the eighth book of the AEneid; by Livy, at the beginning of his history; and by Propertius and Ovid.
clip_image004
Figura 2: Caco, destruído por Hércules é aqui representado como um deus do fogo na forma da lava dum vulcão!
Hercules, journeying through Italy after his victory over Geryon, stops to rest by the bank of the Tiber. While he is taking his repose, the three-headed monster Cacus, a son of Vulcan and a formidable brigand, comes and steals his cattle, and drags them tail-foremost to a secret cavern in the rocks. But the lowing of the cows arouses Hercules, and he runs toward the cavern where the robber, already frightened, has taken refuge.
clip_image006
Figura 3: O gado de Gerião ou de Apolo.
Armed with a huge flinty rock, he breaks open the entrance of the cavern, and confronts the demon within, who vomits forth flames at him and roars like the thunder in the storm-cloud. After a short combat, his hideous body falls at the feet of the invincible hero, who erects on the spot an altar to Jupiter Inventor, in commemoration of the recovery of his cattle. Ancient Rome teemed with reminiscences of this event, which Livy regarded as first in the long series of the exploits of his countrymen. The place where Hercules pastured his oxen was known long after as the Forum Boarium; near it the Porta Trigemina preserved the recollection of the monster's triple head; and in the time of Diodorus Siculus sight-seers were shown the cavern of Cacus on the slope of the Aventine. Every tenth day the earlier generations of Romans celebrated the victory with solemn sacrifices at the Ara Maxima; and on days of triumph the fortunate general deposited there a tithe of his booty, to be distributed among the citizens. -- Myths and Myth-Makers: Old Tales and Superstitions Interpreted by Comparative Mythology, by John Fiske.
«Nuvem» < Lat. * nubine, por nube ou antes, e mui mais provavelmente,
plural semita de Nube < Anuwe < Anuki > Enki,
=> a «neve» < Lat. nive, do céu < Grec. nephos, cúmulo de nuvens.
Pois bem, como se verá adiante, «o gado do céu» era feito de «nuvens» e a sua posse, enquanto vacas leiteiras produtoras da chuva, permitia ser «manda chuva», expressão idiomática que não tem o significado de «pessoa poderosa» por mero acaso «pecuniário» ou devido a uma qualquer anedota circunstancial que já teria sido célebre mas que por ora permanece perdida na noite dos tempos, obscuros e indecifráveis, relacionada com os poderosos xamãs da dança da chuva.
O mito de Hércules & Caco encobre, de forma tão mística quão nebulosa, o pecado original do parricídio por mesquinhas razões de poder. Dito de outro modo, podermos levantar a suspeita de que estamos perante uma variante da titanomaquia que deu o poder supremo a Zeus. Para tanto, teríamos de admitir primeiro que, se Caco era filho de Vulcano, então este não pode ter sido filho do próprio pai.
Ora, não tendo havido explicitamente nenhum filho de Enki que tenha tido um nome com ressonâncias fonéticas com Vulcano é quase certo que este nome tenha evoluído a partir das funções que Enki tinha na qualidade de Iscur, o deus que seria não apenas o Sr. do «gado das nuvens» com que se tecem as manadas do gado das tempestades como seria também o deus dos infernos do Kur, como teremos outras oportunidades para o demonstrar.
Iscur >| Ishwur = Wulish | + Anu > Vulcano.

Ver: ISCUR /DEUSES «MANDA-CHUVA» (***)


[1] SACRALIDADRQUETÍPICAY TRADICIONAL DEL MUNDO ANTIGUO, MONCAYO, CELTÍBEROS Y MITOS VARIOS, Ángel Almazán de Gracia.
[2] SACRALIDAD ARQUETÍPICA Y TRADICIONAL DEL MUNDO ANTIGUO, MONCAYO, CELTÍBEROS Y MITOS VARIOS, Ángel Almazán de Gracia.

SANSÃO, O HÉRCULES CANAANEU, por Artur Felisberto.

Sancus permite-nos finalmente compreender o mito judeu de Sansão como tendo sido uma variante canaanita do Hércules fenício.
clip_image002
Figura 1: Sansão. Representação maneirista (e amaneirada) desta figura da mitologia judaico cristã precisamente na postura pagã em que a «queixada de burro» faz a vezes da «moca de Hércules»!
11 Dessa forma foram mandados três mil homens de Judá para apanhar Sansão na rocha de Etã. “Tu não vês como nos estás a prejudicar?”, perguntaram­lhe. “Não te dás conta de que são os filisteus quem nos dominam?”
(...)
14 Quando ia chegando a Leí, os filisteus foram ao encontro dele aos gritos. Mas o Espírito do Senhor apossou-se dele. As cordas em seus braços se tornaram como fibra de linho queimada, e os laços caíram das suas mãos.
15 Encontrando a carcaça de um jumento, pegou a queixada e com ela matou mil homens.16 Disse ele então:
“Com uma queixada de jumento
fiz deles montões.
Com uma queixada de jumento
matei mil homens”.
17 Quando acabou de falar, jogou fora a queixada; e o local foi chamado Ramate-Leí.
– Antigo Testamento, Juízes capítulo 15.
Sabendo-se que a história de do Rei David corresponde à época heróica da criação do reino de Judá natural seria que esta contivesse referências à cultura típica destes tempos heróicos. De facto muitas seriam estas referências começando pêlos amores viris de David com o filho de Saúl, onde Joanes nos reporta para o deus Adad, dos exércitos canaaneus, e acabando no duelo entre David e Golias. Ora bem, o nome do campeão que os filisteus escolheram para enfrentar David é suspeito de não ser próprio mas uma referência de tal modo genérica...de que se pode concluir o que já se sabia: que os filisteus falavam uma língua indo-europeia.
Golias < Kolias < Kauries.
Samson (Derived from the Hebrew word for "sun"). (...) Because of certain resemblances some scholars have claimed that the biblical account of the career and exploits of Samson is but a Hebrew version of the pagan myth of Hercules. This view, however, is nothing more than a superficial conjecture lacking serious proof. Still less acceptable is the opinion which sees in the biblical narrative merely the development of a solar myth, and which rests on little more than the admitted but inconclusive derivation of the name Samson from shemesh, "sun". Both views are rejected by such eminent and independent scholars as Moore and Budde. The story of Samson, like other portions of the Book of Judges, is doubtless derived from the sources of ancient national legend. It has an ethical as well as a religious import, and historically it throws not a little light on the customs and manners of the crude age to which it belongs. -- The Catholic Encyclopedia, Volume XIII.
Claro que quando nos atrevemos a por em causa a autenticidade de mitos nacionais, sobretudo quando relacionados com os fundamentos da cultura ocidental judaico-cristã, arriscamos sempre a levar na cara com a “rejeição” de eminentes e independentes académicos!
Porém, mais ousado seria dar conta que Sansão na língua inglesa é Samson, termo que fica a meio caminho de filho do semita e somítico «tio Sam» e chega quase a ser o sol do mesmo tio descendente de Chem, *Sam-sun, o que deixa a suspeita de o sol inglês ser mais semita do que indo-europeu, para grande vergonha dos arianos anglófonos J! De qualquer modo, é a própria Enciclopédia Católica que começa este artigo aceitando para etimologia do nome de Sansão, shemesh, o nome do sol judaico. Em rigor a origem não é judaica mas semítica, relacionada com o sol dos babilónicos Shamash.
Lat. Samson < Samashon < *Shamash-an, lit. as «Chamas do céu»
               *Ashma-ash-an > *Shamash(an) > Jud. shemesh.
                                                                       > Shamathan > Samadan.
               *Ashma-| Kiki-an > Sam-kithi(us) > lat. Sanctus. ó Sabin. Sancus.
                                              > Kaki-an > Kashian > Thasian.
Ora, (pasme-se a gente!) um dos epítetos de Hercules grego foi Thasian.
Mas ficamos ainda mais incrédulos sabendo que um autor espanhol descobriu que a entidade que entre os assírios era parecida com Hércules levava ali o nome de Beladarsamdan, o mesmo que Samdan.
Beladar-samdan = Asimilado con Samdan, era el Hércules de los Asirios. [1]

Ver: HÉRCULES LATINO (***)

Quanto ao resto, seguramente que ninguém conseguirá descobrir toda a verdade. De resto, a maioria das vezes as contradições insanáveis nascem apenas de equívocos de linguagem pois que, se calhar não é mesmo inteiramente verdade que a lenda de Sansão seja de facto e apenas "a Hebrew version of the pagan myth of Hercules" mas antes uma versão judaica análoga deste “mito solar”, muito mais arcaico, que já tinha começado na suméria como Gilgameche e que teve versões canaanitas próprias em heróis como Daniel e Keret.
Keret, seria simplesmente o filho de Ker, a morte negra dos helenos que mais não seria do que a forma arcaica de Hera. Esta foi fortemente suspeita de ter sido mãe de Hércules, pelo menos de leite porque aparece num espelho etrusco a amamentar um Hércules crescido e barbudo!

Ver: ETIMOLOGIA DO NOME DE HÉRCULES (***)

De resto, o próprio mito de Hércules, enquanto culto nacional do heroísmo helénico, era já uma antologia de várias versões locais. Na Grécia existiram outros mitos épicos que partilham os mesmos trechos míticos anedóticos, como os de Perseu e Teseu! Por este andar acabaríamos por incluir Belerofonte nos rastos míticos de Hércules, pelo menos pelas semelhanças fonéticas como o nome do assírio Beladar-samdan e Daniel, podemos agora inferir, poderia ter relação com a raiz terminal -samdan.
Dito de outro modo, há que não perder a sensatez e dar conta de que os processos de retórica das culturas da oralidade dependiam de formalismos estereotipados míticos que permitiam contar histórias verídicas (lendas históricas) novas a partir de histórias antigas sabe-se lá se também elas outrora verídicas ou não? Os paradigmas da realidade fractal poderiam permitir-nos a analogia com os processos de modelização a um ponto tal que se nos torna impossível saber responder à velha questão cosmológica: se quem nasceu primeiro foi o mítico “ovo ou a ave”, primordiais!
Samson is also famous for his seven magical locks of hair. The Biblical writers transformed Samson into a Nazarite, a man dedicated to God. But, although he does not cut his hair, Samson hardly qualifies as the usual Nazarite: He drinks strong drink whenever he likes. Samson’s long locks endow him with superhuman strength, however. When shorn, he is, the Bible says, much weaker, “like any man” (Judges 16:17). There is a parallel in Greek epic: Scylla cut her father’s hair while he slept, thus removing his invincibility. The king was then captured by King Minos.
The riddle, the magic locks and a hero of superhuman strength were not the stuff of Canaanite or Hebrew lore; they were, however, very much a part of the later Greek, and probably Mycenaean-Minoan, world.
The adventures of Samson took place in the foothills of Canaan, the Shephelah, an intermediate zone of economic, social and cultural exchange between Greeks and Israelites, between Philistines and Hebrews. This border zone with its hybrid cultural elements is reflected not only in the stories we have examined but in the archaeology as well. It is significant, I think, that archaeologists using material culture data have always been confused about the ethnic and cultural affinities of the inhabitants of this intermediate zone during Iron Age I (1200–1000 B.C.). Was Beth Shemesh, on the edge of the Shephelah, for example, an Israelite or a Philistine settlement during stratum III, the Iron I stratum? The signals are confusing and disagreement abounds.
The ancient inhabitants were probably no less confused, for this was taboo territory, the meeting-ground of alien cultures.
Indeed, there is some uncertainty and confusion about the very identity of Samson’s tribe, Dan. Were the Danites originally Israelites or did they trace their origins to the Danaoi, the Greeks of Homeric epic?
According to Yigael Yadin, Cyrus H. Gordon and Allen H. Jones, the Danites of the Bible were identical with the Homeric Danaoi, the Egyptian Denyen (in Ramesses III’s inscription), the Danuna (in the Amarna Letters of the 14th century B.C.) and the DNNYM (in a Phoenician inscription from Karatepe). According to Yadin’s reading of the Biblical text, Dan “dwells on ships” (Judges 5:17). Unlike other Israelite tribes, Dan lacks a genealogy (Genesis 46:23; cf. Numbers 26:42). Yadin therefore concludes that Dan was not one of the original Israelite tribes in the early confederation; nevertheless, “Dan shall judge his people as one of the tribes of Israel” (Genesis 49:16). Yadin went even further and attempted to locate the Denyen/Danaoi/Danites in the area around Tel Aviv in the 12th century B.C., where he specifically identified the earliest settlement at Tel Qasile, stratum XII, with these immigrants. Eventually the Danites migrated north and established themselves at Laish/Dan in the north (Judges 18), by which time they were thoroughly integrated into the Tribal League of Israel during the period of the Judges. -- When Canaanites and Philistines Ruled Ashkelon, by Lawrence Stager.
Sansão seria muito possivelmente um danita e o seu nome verdadeiro teria sido então *Shamu-Dan
Dani-(el), lit. “Sr. Danó (Sam)-Dan > *Shamu-Dan-es > Çamudães
> Samodães?
Paróquia de Samodães [Lamego] - O documento mais antigo que refere esta povoação é de 1133, data em que Afonso Henriques fez doação de Çamudães a Mendo Viegas, com todos os seus lugares e termos. Foi concelho rudimentar dependente do concelho de Lamego.
Porém, o paralelismo entre os mitos de Hércules e Sansão não se fica apenas pela semântica porque, tal como os congéneres gregos, será o remanejamento de lendas semi-históricas ("ancient national legend") com relatos populares de arcaicos mitos solares (an ethical as well as a religious import). Sendo assim, o que se segue tem pouca razão para ter sido pensável.

HÉRCULES & AQUELÔO

É óbvio que a mitologia de Hércules constitui uma das mais grandiloquentes antologias de mitos solares arcaicos de variadas origens e que teriam por denominador comum apenas o nome, facto que já por si é espantoso e constitui uma forte suspeita de ter existido de facto na Grécia arcaica um culto solar em que o nome de Hércules seria um epíteto comum do deus do sol!
Depois de outros feitos, Héracles chegou a Calidon, nas terras do rei Eneu, que tinha uma filha encantadora chamada Dejanira. Sua beleza havia atraído como pretendente o deus-rio Aquelôo. Dejanira recusava-se a casar com ele, e foi então que Héracles se ofereceu também como pretendente. Ora, o rei Eneu não queria contrariar nenhum dos dois poderosos seres, e prometeu a mão de sua filha ao vencedor em um duelo. Héracles venceu o confronto, e desposou Dejanira, com quem teve um filho, Hilo.
Eneu < En-hehu < Enkiku > Enki-Ku
Dejanira < Tshinura < Chu-An-Ura = An-Urash = Ishtar.
                                              > Phil-otes > Philotes, lit. «filhotes».
«Filho» < Lat. Fillius < Grec. Phil-lus < *Killus < *Kur-lu
                   Esp. Hijo < Grec. Hyllus < Kyrlu < *Kur-lu > Kar-lu[2] + Apa = Apkallu > Apolo.                                             > Grec. Huios (uio/v)
Pois bem, mesmo que não tenha sido assim até pareceria que Eneu era filho de Anu ou seja, Enki, o «deus pai do céu» (ou o «deus filho» do céu e da terra), e Dejanira, a áurea «deusa da madrugada», Ishtar!
Não é preciso dar muitas voltas para descobrir que o nome do filho deste casal divino era o «deus menino» por se tratar literalmente do «filho» por antonomásia.
Quanto ao rio Aquelôo era um rio serpentino «das águas doces» de Enki que lavava os cuidados dos mortais como o rio do esquecimento dos infernos lavava as mágoas dos mortos!
Achelous or Acheloos, "he who washes away cares" A river god who fought unsuccessfully with Heracles for Deianira, he is the source of the cornucopia, or horn of plenty.
clip_image004
Figura 2: A luta de Hércules & Aquilôo. Enquanto rio do esquecimento Aquilôo era o rio da morte de que Caronte era o barqueiro e uma metáfora dos rios do baptismo que lavavam e esqueciam os pecados dos mortais.
O rio Jordão era um bom exemplar deste tipo de rios sagrados onde se dava banho aos pecados pelo baptismo! Ora, será tão certo que esta profunda tradição do poder de lavagem física quanto de purificação espiritual dos rios sagrados do Jordão ao Ganges andou associada com Enki que nos é permitido associar os rituais do «bode expiatório» dos judeus com o baptismo de João Baptista no Jordão com a mesma convicção dos mandeienos ...
Hibil-Ziwa, of the Median hills, upon which they wandered from mountain to mountain. ... mountain to the city of the Nasoraeans is a distance of six thousand parasangs; it is called the enclave ('hdara') of Hibil-Ziwa... Then Yahia-Yuhana took the Jordan and the medicine Water (of Life)... and he cleansed lepers, opened (the eyes of) the blind and lifted the broken (maimed) to walk on their feet ... by the strength of the lofty King of Light - praised be his Name! - and gave speech and hearing to all who sought (him). And he was called in the world " envoy of the High King of Light " - praised be his Name! - (even) at the (very) abode and building of Ruha and Adonai and her seven sons. -- THE HARAN GAWAITHA.
... assim como com a mesma estranha coincidência da tradição cristã que representa João Baptista (que no texto mandeista é Yahia-Yuhana < Kaka Ku(r)kana [3]) como um andrajoso pastor com um cajado e uma cabaça de vinho vestido com peles de cabra como num arcaico ritual dionisíaco!
Achelous < Aker-hau-us < Sakur-Kakus < Ishkur-Caco
lit. “o filho da *Kaphura, por analogia com um rio de lava vulcânica???
Ora bem, a pomba do divino Espírito Santo que aparece no Baptismo de Cristo como um ribombar de trovão não era senão a cobra emplumada do caduceu dos sofistas e ofitas, o deus pássaro Anzu, a forma volátil de Enki o deus da criação entoado as palavras sacramentais da sua própria e divina geração a partir do poder fecundante do céu e da sábia fecundidade da terra: «Tu és meu filho hoje te gerei»!
Afinal, o nome de Hércules foi mesmo um epíteto majestático, solar e grandiloquente, de Enki.
A razão pela qual encontramos Hércules numa autêntica luta interior com a sua própria sombra e consciência na forma de Aquelôo, o rio de esquecimento é porque na verdade estaremos perante uma metafórica referência a todas as fontes de conflito que são os equívocos de saber e as confusões de linguagem. De facto noutros pontos se referirá que Hércules enquanto arcaico mito solar foi um avatar de Enki pelo que o mito da luta de Hércules & Aquelaus só pode ter sido um eco mal contado duma rivalidade de santuários pela posse duma deusa ou sacerdotisa de nome Djanira < *Di-Janura, um nome com uma fonética entre Diana, Jana, esposa de Janus (< Kian > Pan) e Ner-gal, o divino rei Nério dos infernos e da guerra, esposo de Vénus (< Wan < Kian) sempre no contexto étmico de Enki. Mas, como se pôde ver no capítulo sobre Hércules, Dejanira < Thesh-Anur < *Kika-An-Ur > Ish-An-Ur = An Ishura > Ishtar!

Ver: EL-ELION (***) & LÚCIFER /CAPRICORNIO (***)


[2] Lit. o «menino Carlinhos» das anedotas brejeiras, portuguesas!
[3] Nome análogo ao primeiro Apkallu, o Oanes de Berosus, e parecido com o deus latino da duplicidade, Janus.