quinta-feira, 7 de outubro de 2010

DEUSES DAS CORES I – AMARILIS, DEUSA MÃE DO AMARELO, por arturjotaef


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Figura 1: Cornelis van Poelenburgh Amaryllis Giving Myrtill the Prize.
Neste quadro, Amarília é claramente uma açucena amarela tal como amareladas são profusamente as cores dominantes da cena pastoril que a rodeiam o que indica que o autor saberia que esta era a cor das antigas flores do Amarílis.
O mais plausível será o «amarelo» derivar do nome da mítica Amarília, desde logo por causa dos fálicos estames amarelos dos lírios brancos (Lilium candidum) que são as odoríficas açucenas!
Portugês
Espanhol
Grego
Latim
amarelo
amarillo
xanthos / Kitinos
flavos
Amarelo (< Ár. amrah???) < ant. amarelho < Do b. lat. hisp. amarillu, “amarelento; pálido, cor própria dos enjoados pelo “mal-de-mer”” < ??? ó New Latin Amaryllis < Grec. Amarullis < *Amar-lilu, literalmente “o lírio (filho) de Maria“.
O Amarilis actual é um género de planta monotípico também conhecido como “lírio da Beladona” ou flor das “senhoras nuas”. As espécies únicas, Amarílis beladona, são nativas da África do Sul, particularmente da região rochosa do sudoeste perto da Cabo. No entanto, o nome científico do Amarílis deriva do duma pastora das Éclogas de Virgílio do grego αμαρυσσω (latino amarysso) significando “brilhar”.
Amarilis: nymphe promise à Silvio, mais éprise de Mirtillo. Il Pastor fido. Amaryllis was a popular woman's name in ancient Greece.
O nome de Amarília foi glosado até à exaustão deste os tempos clássicos até à modernidade em múltiplas variantes tanto pela melodiosa sonoridade do nome de Amaríla como pelo seu tema apaixonante, ora feito de amores trágicos e impossíveis, ora repleto de belas mulheres difíceis de alcançar!
Em português foi cantada com a lira de um Camões arcádico como Marília de Dirceu por Tomás António Gonzaga:
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela! (…)
Assim sendo Amarília seria em toada lusa o “lírio de Maria”.
Os autores que a fizeram noiva de Sílvio mas apaixonada de Mirtilo talvez estivessem glosando um arcaico mito de morte e ressurreição idêntico ao de Inana / Istar / Tamuz, dividida entre os amores dum pastor e os dum fazendeiro que teria ficado na memória colectiva como nos contos infantis


De resto, o nome de Amarília tem uma infinidade de variantes por esse mundo fora, umas arcaicas e outras compósitas mas menos antigas, a provarem a riqueza do culto da deusa mãe Amara ou Maria!

Amara, Amarabi, Amaracapri, Amarachi, Amarady, Amarae, Amaraette, Amaragrace, Amarah, Amarai, Amaraia, Amaralak, Amaralexis, Amaralys, Amaranagana, Amarance, Amaranda, Amarande, Amarangane, Amarangani, Amaransia, Amaranta, Amarante, Amaranth, Amarantha, Amaranthe, Amaranthea, Amaranthi, Amaranthine, Amaranthine-aurora, Amaraprabha, Amaras, Amarasera, Amarashen, Amarasundari, Amarat, Amarata, Amaratatini, Amaratpal, Amaravaddey, Amaravathi, Amaravathy, Amaravati, Amaray, Amarbar, Amarda, Amardeeppal, Amarea, Amarech, Amarel, Amarela, Amarelda, Amareldee, Amarelise, Amareliz, Amarella, Amarelle, Amarelys, Amarelyse, Amarendra, Amarens, Amarentia, Amareshwari, Amarette, Amarevois, Amarey, Amargo, Amarhis, Amarhyllis, Amarhys, Amari-nicole, Amarialis, Amariana, Amariann, Amarice, Amaricita, Amarie, Amariell, Amarige, Amarii, Amarik, Amarilda, Amarildee, Amarileen, Amarilice, Amarilis, Amariliss, Amarilla, Amarillas, Amarilli, Amarillis, Amarillys, Amarily, Amarilyn, Amarilys, Amarina, Amarinda, Amarine, Amarins, Amarinta, Amarinth, Amarique, Amaris, Amarisay, Amarise, Amarisita, Amariss, Amarissa, Amarisse, Amarit, Amarita, Amarith, Amarithya, Amariyah, Amariza, Amarizia, Amarjaa, Amarjorth, Amarjyot, Amarla, Amarli, Amarlia, Amarlie, Amarllis, Amarna, Amarnda, Amarni, Amaroula, Amarprabha, Amarr, Amarra, Amarraj, Amarriee, Amarris, Amarsha, Amarta, Amarthakala, Amarurenas, Amaruuk, Amarvalli, Amary, Amaryah, Amaryce, Amaryia, Amaryilis, Amaryl, Amaryla, Amarylda, Amarylice, Amarylis, Amarylise, Amaryll, Amarylla, Amaryllis, Amaryn, Amarynth, Amarys, Amaryss, Amarzul. -- AllNames.ru
“Amarris” (ó Amaris) é uma palavra arcaica da comédia francesa que significava «matriz» com a conotação obscena não tanto da natureza matricial da mulher, fértil e parideira, mas da sua suposta natureza histérica e ninfomaníaca.
Amarília é assim um nome de origem grega que quer dizer “deslumbrante”, como é seguramente a luminosa cor do amarelo. Também conhecida como açucena, é sinónimo de “orgulho” na linguagem das flores. A questão que se coloca é a de saber se o Amarilis actual é uma pura descoberta botânica moderna ou se corresponde a uma apropriação por parte da comunidade científica do nome duma flor deste mesmo nome cuja tradição se perdeu nas vicissitudes dos erros e indefinição da evolução das línguas modernas e nos registos da transmissão da vasta herança da cultura clássica.
Pois bem, existem provas e indícios da existência duma flor do Amarilis anterior à sua descoberta nas rochas da região do Cabo.
Desde logo, o facto de Amarilis significar em grego “brilhante” como é o amarelo, e, por segura associação mítica do amarelo com a mulher (de acordo com simbologia já conhecida na pré-história), mulher bela e deslumbrante, e como tal, fatal (na tipologia de Teócrito Amarília é cruel e indiferente!)
Amaryllis est un beau prénom féminin d'origine grecque.
De l'antiquité à nos jours, des héroïnes littéraires ont façonné de leurs qualités physiques, psychologiques ou morales un personnage de légende (on dirait aujourd'hui virtuel) autour du nom.
Chez le grec Théocrite Amaryllis est une bergère qui pousse son soupirant au désespoir. Après Virgile, qui montre la forêt chantant la beauté d'Amaryllis, notre héroïne deviendra l'archétype de la belle femme. Avec Guarini (El Pastor Fido, 1590) Amaryllis aura un grand succès qui se prolongera dans la littérature et la musique de la fin du XVIe au milieu du XVIIIe siècle. Elle figure dans nombre de madrigaux, opéras, comédies et romans pastoraux alors fort en vogue.
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Au cours des siècles les poètes feront appel à Amaryllis pour son pouvoir d'évoquer Virgile ou la poésie pastorale, indissociable de ses origines, et comme descriptif flatteur d'une belle femme, parfois irrésistible mais naturelle car campagnarde. (…)
Depois, há que contar com as estranhas incertezas que rodeiam a história da taxonomia do amarílis bem como as etimologias propostas para o nome desta flor. Na verdade, se não temos a certeza sobre qual planta Lineu nomeou Amaryllis belladonna como poderemos saber se os italianos chamavam beladona ao amarílis actual ou a um qualquer outro amarílis, comum na região mediterrânica e que os ibéricos teriam usado para nome do amarelo, como usaram o nome da fruta da laranjeira, a flor da roseira, a alface, o vinho tinto, e muitos outros nomes rurais para nomes de cores?
Le nom de la fleur d'Amaryllis a récemment posée deux questions complexes, dont la première reste en suspens : Sur le plan étymologique, quelle est l'origine du nom, le grec amaryllis ou le portugais amarelo (ou l'espagnol amarillo)? Sur le plan nomenclatural, quelle plante Linné a t-il nommée Amaryllis belladonna?
Deux hypothèses se disputent l'origine du nom: - L'hypothèse la plus anciennement admise rappelle que ces fleurs étaient appelées bella donna en Italie. Le nom Amaryllis, qui est à cette époque le nom de la personnification de la belle femme pour ceux qui ont fait leurs humanités, s'est alors naturellement imposé pour remplacer ou compléter ce nom vernaculaire.
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Figura 2: hémérocalles.
- Le nom portugais de la couleur jaune a put être donnée à une fleur jaune originaire de l'ancien monde (les hémérocalles?), puis, son orthographe ayant évoluée, glisser ensuite, du fait d'une ressemblance de forme mais non plus de couleur, vers les exotiques Amaryllis après leur découverte.
El nombre Hemerocallis procede de las palabras griegas para día y belleza, que refleja el hecho que las flores individuales duran solamente un día. El nombre común en otros idiomas es: "Tag-lilie" (alemán), "hémérocalle" (francés) y "daylily" (inglés). En español, además de ser conocida como "lirio de día", también se la llama "lirio japonés", "lirio de la mañana" o, "lirio de San Juan", "azucena amarilla", "azucena turca" o, simplemente, "hemerocalis".
El género Hemerocallis es originario de regiones templadas de Asia, particularmente de Japón, Siberia, Corea y China. Sus flores grandes y vistosas, las han hecho populares a lo largo de todo el mundo y, a través de su cultivo, varias de las especies del género se han diseminado e, incluso se han naturalizado, en muchos países de Europa y de América.[
Adiante se verá que também o açafrão foi, ou é, conhecido na península ibérica como açucena amarela o que significa que qualquer tipo de flore liliácea de cor amarela pode ter sido popularmente confundida, pelo menos na península ibérica, como sendo sempre a mesma flor que na Itália eram a “Bella Dona”, numa tradição mítica que remontaria à Madona de tempos imemoriais!
Si cette version était juste, elle n'exclue pas l'influence finale de la précédente. (...) Amaryllis L. Species Plantarum 292. 1753. NB: L'Amaryllis de Linné était en fait un Hippeastrum et non pas l'espèce du cap.Cependant après 2 siècles d'imbroglio, en 1987, il a été décidé de "conserver" le nom Amaryllis pour l'espèce africaine. Amaryllis ne doit maintenant plus être employé au sens d'Hippeastrum.  – Amaryllidaceae, Pascal Vigneron.
One of the first mentions of the species in botanical literature is by Dr. Paul Hermann in Paradisus Batavus in 1698. This Dutch scientist described a plant sent to him from the New World tropics for identification in 1689 as "Lilium americanum puniceo flore Bella Donna dictum" (the American lily with scarlet flowers called Belladonna). In his plant classification treatise of 1700, Elments de botanique, French botanist, Joseph Pitton de Tournefort defined twenty-one species of bulbs with funnel-shaped flowers borne in umbel-shaped clusters at the top of a leafless stalk as Lilio-Narcissus. Carolus Linnaeus accepted de Tournefort's classification of the Lilio-Narcissus genus, first listing five species in Hortus Cliffortianus in 1737, then later encompassing nine in his 1753 Species Planatarum. Subsequently, Linnaeus, in creating the binomial system of plant classification-the system adhered to today by plant scientists throughout the world via the International Code of Botanical Nomenclature-eschewed hyphenated generic plant names. In homage to the beautiful nymph, Linnaeus renamed the group Amaryllis, the name that persists to this day. Excerpt from Amaryllis, by Starr Ockenga.
De facto, o Amarilis de Lineu já não o é porque, ainda que continuando uma amarilidácea, passou a ter o nome de género Hippeastrum. Como se vê, os enguiços do amarelo não têm parança!
Que o amarelo português tenha estado na origem dum percalço de Lineu, voi la, quel surprise!
No entanto, a probabilidade de tal equívoco é remota, tanto mais que, ciosos como os lusos são de todas as migalha de fama marítima que tenham tido, seguramente que se lembrariam de terem descoberto com o Brasil também a flor amarela que teria dado nome ao Amalilis.
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Figura 3: Mais de 10 mil monges budistas se unem perto de Lopburi, na Tailândia, para rezar pela paz. Sul do país ainda tem cenas de violência por conta da instabilidade política (Foto: David Longstreath/AP).
De qualquer modo, alguma coisa deste género terá acontecido porque a relação do «amarelo» com o Amarilis aparece tão óbvia quanto pode ser biunívoca! Dito de outro modo, aquilo que terá acontecido pode ser bem mais simples e bem mais realista. O Amarilis sempre terá existido na Europa mediterrânica como flor-de-lis de cor amarela símbolo universal da Beladona, ainda que só depois das descobertas é que tenha dado nome científico ao moderno Amarilis.
Os amarilis originais poderiam ter sido os lírios dos campos de que fala S. Mateus e teriam sido os lírios cândidos e não os azuis, pois estes não são espontâneos e aqueles só o são na Síria e Palestina. Estes lírios são também conhecidos por lírios da Madona e eram na idade média associados à cândida Virgem Maria.
"Jesus disse: Olhai os lírios do campo; eles não trabalham nem tecem, e no entanto digo-vos: nem mesmo Salomão, em toda sua glória, se vestiu como eles" - Mateus.
«Açucena» = (Ár. assusana, lírio), s. f. lírio branco, cecém; pessoa cândida.
Es un dato curioso que las azucenas solo tienen una fragancia agradable cuando van a morir.
Lilium candidum L. = lys de notredame = Madonna Lily = cajado de S. José. = This lily has been cultivated for centuries. Its original habitat, which might be Asia Minor, is still unknown.
Não sendo nativo da península ibérica os lírios cândidos terão sido introduzidos como açucenas na península ibérica com as invasões árabes onde vieram a confundir-se com a flor do açafrão, como adiante se verá.
«Açucena» < Ár. as-súsánâ (= lírio) < *Ash-ush-an > Heb. Shushan (= lírio)
> Susana, lit. “rebento da filha do Céu (que era Inana / Istar /Anat)”.
Susanna = f From Sousanna, the Greek form of the Hebrew name Shoshannah which was derived from the Hebrew word shushan meaning "lily" (in modern Hebrew this also means "rose").
Sumer. šušana: = sixth (part) (šúš + na4 ?); As = 06; Sus = 60; Šušu = enxoval (de noiva); ninhada; cisterna; agua, forragem, etc. > Grec. Souson. => Sanaz - fiore (persiano).
Susa was the capital city of Elam. It is located in Mesopotamia, on the Ulai River. Susa was occupied for 5,000 years. Archeological work has existed on the site for 100 years. The site has yielded Elamite inscriptions, Old Akkadian texts, Sumerian Ur III texts, and a number of legal texts, including the Codex Hammurabi.
Os termos sumérios com que se pretende compor e decompor o nome šušana são-lhe seguramente derivados posteriores e não componentes originais porque no princípio seria Susana, a Srª. de Susa, a bíblica 'Shushan'.
The patron deity of Susa was the Elamite god Inshushinak or Shushinak.
Inshushinak = "Señor de Susa", divinidad de Elam, reverenciado en la cuidad de Susa. Llamábasele "Soberano Patrón de Cielo y Tierra".
Xochi-lt - fiore (nauhalt, spagnolo); Xochi-quetzal - petalo di fiore, in Nahualt, dea Azteca dell'amore, dei fiori e della terra, sorella gemella di Xochi-pilli.
In-Xux-in-ak < Sr. *Chux-inak, lit. “Enki Xux, prob. “filho de *Xuxa, um dos nomes esquecidos da deusa mãe das águas primordiais”! Quem seria esta *Chuxa-na, lit. a Srª *Xuxa, possivelmente deusa dos «chochos» [= • s. m. (pop.) beijoca] das flores (J!) como a azeteca Xochi? Seria uma Virgem Mãe das águas primordiais, deusa da Natureza selvagem como Artemisa, do ninho e das ninhadas; dos lactentes, porque Sr.ª dos chochos e das chuchas; da alimentação infantil e animal, como as suas relações semânticas derivativas o indiciam?
Artemisa < *Kartu-| musha < Ama-*Xuxa > Xaux > Xoxi-.
Xu-ana era o nome genérico grego para ídolos femininos de madeira. De qualquer modo, a esta deusa mãe seria dedicada a açucena, literalmente “as 6 (pétalas) de Susana”, razão pela qual as seis pétalas das suas flores iriam ser motivo semântico para que componentes do seu nome tivessem acabado por servir para denominar 6, 1/6, e 60 em sumério!
Ora, foneticamente falando, quase se poderia dizer que a açucena ibérica seria um termo autóctone recebido directamente da civilização suméria (e não dos árabes!) que, quem sabe, seria originária das culturas paleolíticas ibéricas ou magrebinas.
Eschaca = Diosa elamita de la fecundidad y las riquezas. Era equivalente a la Ops de los romanos ó Ishat = deusa caldeia da prostituição.
                                         *Ash-ush > Shauska ó Ishat
«Açucena» < Ashushin < *Ash-ush-ina, Ash-at-Ana ó Inana / Anat.
                           Eschaca < Ash-kaka > Ash-at > Ishat.
Obviamente que os equívocos botânicos do amarilis terão começado com o hipeastro brasileiro e acabado com o amarilis do cabo, o único que acabou por ficar com este nome. Os equívocos terminológicos ainda se mantêm no Brasil onde se continua a chamar «açucenas» às amarilidáceas.
"Açucenas" são plantas bulbosas brasileiras que florescem na primavera, após um período de dormência durante o inverno em que perdem toda sua parte aérea. São as "tulipas brasileiras". Geralmente florescem antes de emitirem nova folhagem, como que num passe de mágica. São aproximadamente 70 espécies, a maioria delas seriamente ameaçadas de extinção. Possuem flores de formas e tamanhos variados com quase todas as cores (azul, branco, verde, amarelo, vermelho, vinho, rósea, alaranjado e todos os tons intermediários). Pertencem principalmente à família botânica das amarilidáceas e aos géneros Hippeastrum (antigo Amaryllis), Griffinia, Habranthus, Rhodophiala e Zephyranthes.
Este anacronismo terminológico pode ser um indício da verdade oculta que procuramos. As flores originárias do Brasil que primeiro deram origem aos modernos amarilis seriam semelhantes às açucenas portuguesas introduzidas pelos árabes que vieram a confundir-se com flores nativas amarelas dedicadas à Bela Dona e que teriam sido em tempos remotos conhecidas também como Amarilis.
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Figura 4 : Abraham Bloemaert: Amaryllis & Mirtillo.
A indecisão no senso comum a respeito da verdadeira cor, ou mesmo da verdadeira flor da Bela Dona reflecte-se nas cores com que a mítica Amarília tem sido pintada pela cultura europeia.
Um dos mitos barrocos refere Amarília como sendo uma ninfa ou pastora apaixonada por um rústico Mirtílio.
Ora vejamos: nas representações barrocas de Amarília esta aparece sempre vestida com as cores das açucenas brancas.
Numa representação de Abraham Bloemaert da Figura 3 Amarília aparece vestida como se fosse uma açucena (com túnica branca, lenço e cabelos amarelos e, escorregando da coxa esquerda, um manto em tons esverdeados) enquanto Mirtílio aparece com um manto vermelho qual deus marcial, mas também com túnica amarela. Dito de outro modo, quase que poderíamos afirmar que o mitema Amarilia & Mirtilho derivaria dum arcaico rito floral em torno dum ramalhete de açucenas e mirto, usada nos rituais primaveris de Afrodite & Adónis, ou seja, os irmãos e amantes Vénus & Marte.
Então, quase de certeza que o casal Marília & Mirtillo teria sido em tempos arcaicos um dos nomes do par de gémeos filhos de Amorca, a deusa mãe primordial, ou uma metáfora dum antigo mitema da Virgem Maria e de *S. Martinho, «o deus menino», Marte / Ares / Hórus / Eros. Este seria sempre vestido de vermelhos como o rezam os mitos sumérios:
Assim, toma Tamuz, o amante da tua juventude,
Lava-o com água pura e unge-o com doces óleos do céu;
Veste-o de vermelho, deixa-o tocar uma flauta de lapis-lazuli
E espera que as cortesãs o venham alegrar. -- o decesso de Istar.
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Figura 5: Ferdinand Bol: Amarillis crowning Mirtillo.
Já no quadro da Figura 4, sobre o triunfo das três cores primárias, Fernand Bol parece ver Amarília como açucena branca de S. José pois vestiu-a de branco com adereços amarelos como estames de açucenas, e manto verde como a ramagem do lírium candidum. No entanto, e de forma surpreendente, Mirtílio aparece ali todo vestido num rutilante amarelo, como que a recordar os tempos em que os Amarilis eram os crocos cuja relação com Amarilis teria dado nome ao “amarelo”. Quer dizer que este autor sabia algo sobre a relação deste antigo mito com as cores mas não o essencial pois, pelo menos, deveria ter dado cores rubras e sanguíneas a Mirtilo, enquanto personagem dum arcaico mito deus pascal!
Noutras variantes, Zeus & Atena, os deuses mais populares da Grécia clássica, seriam a mascara mítica dum mitema muito mais arcaico que remontaria à origem da Deusa Mãe Amorca, opulenta e maltesa, sob a cobertura dos epítetos Amarios / Amaria. Atena Amaria, a sempre virgem, seria então a forma antiga da Virgem Maria, e Zeus Amarios, transformado pai daquela num parto desastrado pela barriga das pernas por razões de política mitológica paternalista, seria uma das forma do antigo «deus menino», filho da Virgem Maria!
                                                                    Ama-ur + Ki > Amorca
«Marília» < Amarillis < Grec. Amarullis < Ama-ur | lili < lulu |.
                                 Mirtilho < Martu-llu < Amar    | lilu < lulu |.
Amarios, fem. Amaria, epith. of Zeus and Athena in Achaea, SIG490 (Orchomenus in Arcadia, iii B. C.) -- Amarion, precinct at Aegium in which the Achaean League met, prob. l. in Str.8.7.3 and 5 (but Homarion Plb.5.93.10 , hence Amarios prob. = Homarios, Homagurios (…) as god of the assembly. Marnas, name of Zeus at Gaza (…) Marneion, his temple.
Orchomen- < Orca-Min = Min-Orca, lit, uma das Baleares!
                                             Min-Orca < Ma-(an)-orca <
Ama-Urka > Amorca > Amaur-Ki ó Ki-Amaur < Kaumar- < Homar-
                   > Amaurkia > Amauria > Amaria > Maria + Ana >
Mariana > Marina > Marna.
Homagur- < Kauma-kur < Ki-Amaur-Kur.
                                                                       => (Srª das) Amarguras.
A razão semântica mais profunda pela qual o filho da Virgem Maria viria a dar nome ao amarelo seria afinal bem simples!
Qualquer flor amarela parecida com um lírio seria da Bela Dona e popularmente chamada como *Amaru-Lis.
Este mitema precedeu seguramente em muitos milénios o mito cristão e seria genericamente o eterno culto da Virgem e do «deus menino» que por conveniência pictórica convencional seria sempre representado pintado de amarelo ou pelo menos, como ainda hoje, envolto num círculo dourado como o brilhante sol nascente! As flores amarelas dos cultos pascais de morte e ressurreição solar viriam depois!
Amara = [Deriv. unknown.] = a trench, conduit, channel, for watering meadows.
Maris = a liquid measure; mariskos , bog-rush, Cladium Mariscus,
Exalmuroomai = become salt, PTeb.72.11 (ii B. C.) ó halmuros , a, on, (< [halmê = sea-water, brine] ) salt, briny, Hom. only in Od; Muraina = a sea-serpent; Murios= numberless, countless, infinite.
Ao reflectir sobre as etimologias comparadas de termos em línguas próximas acabamos por esclarecer a verdade oculta nas palavras actuais, perdida pelo silêncio da história na penumbra dos tempos. Amaru só foi amargo em latim por ter perdido a sua relação com a deusa Amorka do mar salgado primordial de que Mara era uma variante enquanto deusa da morte e das suas angústias.
Na Bíblia no Livro de Rute, Naomi chamou a si mesmas Mara, enquanto significando "amargura", depois que ela sofrer as mortes do marido e dos seus dois filhos.

Ver: MORTE (***)

Em grego esta relação com o salgado parece inexistente tanto mais que os étimos em -mar- raramente reflectem relações explícitas com o «mar». Existem no tentanto, termos como amara, que manifesta uma ténue relação com o mar na medida em que os canais, antes de irem irrigar os campos, comunicam geralmente com o mar quando são ribeirinhos (< amarat, lit. “braço de mar”?), maris, mariscos que reflectem ténues relações semânticas com um termo marítimo que seria possivelmente apenas comum mo mediterrâneo ocidental.
Amaryllis < New Latin Amaryllis, genus name, from Latin, from Greek Amarullis <= grec. amaryssein.
Amaryllis: Beauté allégorique, Un prénom à l'étymologie "brillante".
Amarussô [Root !amarug, like marmairô <= marmarussô, flash, sparkle] [only in pres. and imperf.] to sparkle, glance, of the eye, Hes.:--Mid. of light, colour.
Rhousios = reddish, Lat. russus.
Marmarussô < Mar + (a)ma- (Rhousios < Urash) > amarussô.
<= *amarug < Amaruka < Amorka.
Ainda que os gregos se tenham esquecido da origem étmica dos termos marmarussô e amarussô, a verdade é que eles estão relacionados aos deuses sumérios da aurora, Urash, que conferem a estes verbos a semântica do brilho radiante do sol a nascer sobre o mar, própria de povos ribeirinhos como eram os do mar Egeu. Quanto à ideia de que foi o mármore que deu nome ao mar da Mármara pode acabar por ter de se concluir que terá sido precisamente ao contrário. Foi o deus da aurora, Enki / Kur / Urash, que sendo também deus das águas doces e dos rios deu nome de “mar da mãe da aurora” a este mar, pela boca dos egeus ocidentais! O brilho marmóreo deste mar interior, calmo como um rio, assim o indicaria!
Rhoos Cypr. rhoWos Inscr.Cypr.135.19 H., Att. contr. rhous: Ion. and later writers have the heterocl. dat. rhoï (…) ( [< rheô] ):-- stream, flow of water, current (…).
                    «Rego» < Lat. rigu(u) < Lat. rivu < *Urwu < *Urshu < Urash.
                                  Ama-rigu > ama-rug > Ama-russô =>
«Marmório» <= *Marma-rigu < *marma-rug > marma-russô.
     Marmairô ó Marma-| rigu < Lat. rivu < *Urwu => Cypr. Insc. RhoWo- >
rhou- > rheô | > *marmarô > marmarau > (mar da) Marmara.
A etimologia radiante destes verbos poderá ter conferido um “brilho” adicional ao nome de Amarilis (< Ama-ur-lili) que já era literalmente o lírio branco do Amor e de sua mãe *Amaur. Esta deusa era uma cobra-do-mar primordial de que brotou a existência e então seria como que uma lampreia ou uma «moreia», enfim uma qualquer cobra de agua denominada em grego Muraina.
Amaru < *Amaur > Marua > Murai(na)
| > Muri- > Mauri- > Mari- > Maria |-na.

AMARILIS, A BELADONA
Sendo assim, os amarilis vão buscar a semântica brilhante às cores claras e vistosas das suas pétalas e a sua relação com a “Virgem Mãe” decorre do seu papel relevante nos ritos florais das festas de fertilidade da Primavera em honra de Deméter & Korê, de Dioníso, de Afrodite & Adónis, ou de qualquer um dos muitos deuses de morte e ressurreição. Por esta razão se diz que a açucena é o “lírio da Madona” e o cajado florido de S. José não passa de uma decoração apócrifa do casamento da mãe de Jesus com a retórica mítica do arcaico culto de Adónis. Com a secularização galante da cultura renascentista o culto da Virgem Maria começou a deslizar para o culto da arte pela arte da Beleza feminina iniciada precisamente com as “canções de amor”, no ambiente Provençal da antiga mediterraniedade matriarcal, o “lírio da Madona” terá começado a redesenhar-se na “flor exótica da Beladona” sob o signo mítico da arcaica Amarilis, progressivamente exaltada como protótipo da eterna e mutável beleza feminina.
Assim, quando Lineu decidiu dar nome ao Amarilis Beladona sem temer confusões com a Atropa Beladona estava não apenas a obedecer a um imperativo cultural que jorrava das profundezas do mediterrânico matriarcal como estava a seguir uma moda da época barroca e que tinha entrado na botânica em 1698 quando o Dr. Paul Hermann in Paradisus Batavus denominava a açucena brasileira como sendo o "Lilium americanum puniceo flore Bella Donna dictum". Obviamente que, desde logo se pode suspeitar que a tese francesa de que o nome do amarilis decorre do facto de os primeiros amarilis brasileiros terem sido amarelos fica um pouco tremida porque afinal seriam purpurinos.
Mas, qual era afinal o verdadeiro mito de Amarília?
De acordo com os poetas clássicos, Teócrito, Ovídio, e Virgílio, Amarilis era uma ninfa virgem, envergonhada e tímida mas com uma personalidade forte.
Esta perdeu-se de amor por Alteo, um pastor de coração de pedra e que tinha a fama de ser tão belo quanto Apolo e tão forte quanto Hércules, e decidiu que somente a ele seria fiel, não importando a que preço. Indiferente à sua sedução, Alteo proclamou que o seu único desejo era que lhe trouxessem uma flor que nunca tivesse existido antes no mundo.
Amarilis consultou o oráculo de Delfos onde foi lhe foi dada a indicação de que deveria perfurar o seu coração com uma seta dourada, na porta de Alteo. Isto ela fez, vestida de branco como uma noiva, por trinta noites consecutivas, gotejando lentamente o seu sangue. O pastor abriu finalmente a porta para descobrir uma flor com pétalas encarnadas, que tinham saltado do sangue do coração de Amarilis.[1]
Alteo seria Adónis, cognominado Mirtilho?
Alteo, “literalmente altíssimo deus” < Hal-Kiu > Alfeu.
                                                               Keret ó *Kartu ( = Melkart).
Quando o mito refere que Alteo seria tão belo como Apolo estaria a referir-se que ele era, para todos os efeitos um deus de beleza como foi Adónis, e se era tão forte quanto Hércules é porque ele era uma variante de Melkart, como Adónis terá sido. A Amarília que se vestiu de noiva não era senão uma açucena branca.
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Figura 6: açucena amarela.
Figura 7: açucena amarela-tigrada.
Assim, o mito ter-se-á desbotado com o passar tempo e perdido o rigor da cor das pétalas do Amarilis que Alteo encontrou à porta. A possibilidade de a açucena amarela ter sido a que era mais comumente utilizada nos ritos ibéricos pascais de Afrodite & Adónis / Marília & Mirtílio talvez explique o nome do «amarelo»! Na verdade, um dos amarilis classificado por Lineu, o Amaryllis Lutea, era o açafrão.

clip_image011Figura 8: Açafrão = Amaryllis Lutea.
Açafrão = substantivo masculino. Botânica: Aplanta da família das Iridáceas, também designada açafroeira e açaflor, de cuja flor se extrai um corante amarelo-alaranjado aplicado em culinária, em farmácia e em medicina; 2. erva aromática, geralmente utilizada em pó como condimento, proveniente desta planta; (Do ár. az-zá afran, Árabe = amarelo - © 2003 Porto Editora, Lda.
#0290. SPAIN. SOUTH EUROPE. Yellow Amaryllis:  The print bears the date: 1st February 1795. The main colours are Yellow. Green. Grey-Brown and Brown. “Amaryllis Lutea. Yellow Amaryllis.” (Crocus). - Volume 9: Published - c.1795/6 THE BOTANICAL MAGAZINE
http://www.antiquemapsandprints.com/curtis3.htm
-Common Names - Yellow Amaryllis, Yellow Colchicum
-Genus - Amaryllis
-Species - Amaryllis Lutea
-Class - Hexandria
-Order - Monogynia
-Authority - Linnaeus.
-Modern_Genus - Sternbergia
  • Açafrão en Portugais
  • Azafrán en Espagnol
  • Jafran en Bengali
  • Jafran en Assamais
  • Saffraan en Néerlandais
  • Saffran en Islandais
  • Saffron en Anglais
  • Safran en Turc
  • Safran en Norvégien
  • Safran en Suédois
  • Safran en Roumain
  • Safran en Allemand
  • Safrano en Espéranto
  • Sáfrány en Hongrois
  • Safuran en Japonais
  • Zafarani en Swahili
  • Zaffarano en Italien
  • Zaffaron en Pachto
  • Zafferano en Italien
  • Zaforá en Grec
  • Zafraan en Farsi
  • Zafraan en Hindi
  • Shafran en Russe
  • Szafran uprawny en Polonais
  • Ya faran en Thaï
  • Füszer-sáfrány en Hongrois
  • Safran-krookus en Estonien
  • Stigmata Croci en Latin [pharm.]
  • krokos em grego antigo
  • Crò en Gaélique
  • Cròch en Gaélique
  • Crocus sativus en Latin [bot.]
  • Cròdh en Gaélique
  • Krookus en Estonien
  • Fang-Hung-Hua en Chinois
  • Kashmiirajan en Sanskrit
  • Kashmiiran en Sanskrit
  • Kashubha en Tagalog
  • Kesar en Hindi
  • Kesari en Népalais
  • Keshar en Goudjrati
  • Keshar en Bengali
  • Keshar en Marathe
  • Koma koma en Malais
  • Kungumapu en Tamoul
  • Kunkumapave en Télougou
  • Kunyit kering en Indonésien
  • Kurkum en Pahlavi
  • Kurkum en Arabe
  • Naga-keshar-a en Sanskrit
  • Nghe en Vietnamien
  • Sahrami en Finnois
O nome é de uma unanimidade espantosa em todo a Europa incluindo a Turquia pelo que é difícil aceitar que perante o panorama o açafrão seja, de facto, de origem árabe quando nem este o identificam como tal.
Os malabarismos a que a etimologia oficial se presta para fazer derivar o açafrão do árabe são tão inseguros quanto duvidosos sobretudo quando se sabe que o açafrão já existia muito antes do império árabe.
Le mot safran tire son origine du latin safranum, aussi ancêtre de l'italien zafferano et de l'espagnol azafrán[7]. Safranum vient lui-même du mot arabe aṣfar ((أَصْفَر‎),), signifiant «jaune», via la paronymie avec le mot zaʻfarān (زَعْفَرَان‎), le nom de l'épice en arabe. Selon d'autres sources, s'appuyant sur la présence de cultures de safran sur le plateau iranien, safranum viendrait du Zarparan (زرپران), zar (زر) signifiant «or» et par (پر) signifiant «plume», ou «stigmate».
Claro que a relação do amarelo com o «açafrão» é óbvia! As suas flores são amarelas e, por outro lado, com ele podem-se corar os alimentos dum belo e saboroso, porque os olhos também comem, tom de amarelo de «enxofre», nome com o qual o açafrão se aparente fonética e etimologicamente ao ponto de ser muito mais provável derivar do mesmo étimo do açafrão do que do latino sulfur. Mas, que necessidade teriam os povos ocidentais e romanos que ir buscar o amarelo do açafrão ao então obscuro povo árabe quando, se este fosse então de melhor qualidade quando trazido das índias pela rota das especiarias, poderia ter ficado com o nome hindu ou àrabe?
O termo latino sulfur quanto muito terá servido para modelar foneticamente o termo árabe de modo a fazer com que este invertesse a posição do -an final para permitir a este termo rimar como o equivalente latino!
Lat. sul-fure ó «enxofre» < en-xa-fure < e-xafur-en < Ár. (a)zza(u)fran (= amarelo) < Azuphiru < Akk. Azupīru < (Old Babylonian) wr. azugna; u2azugna "a vegetable; saffron?"
Em conclusão: o mito clássico especifico de Amarília & Mirtilo seriam o eco remanescente duma homenagem póstuma ao aparecimento em jogos florais adonisinos da variante amarela tigrada da açucena que viria a ser o amarilis ibérico e que mais não seria do que uma rara e esplêndida variante da açucena amarela, o crocos ou flor do açafrão.
Krokoô [< krokos = açafrão] = coroar (os poetas) com hera amarela. [2]
«Crocos» = < Lat. crocu < Gr. krókos, o açafrão (planta).
De qualquer modo, pelo menos uma língua românica, o catalão, ficou com o étimo dos crocos com o significado de amarelo, na forma groc. dai que estar grogue seja estar ébrio e mareado...
El groc és aquell color que té una longitud d'ona compresa entre els 565 nm i els 590 nm, o bé una mescla de llum roja i verda, que aparenta ser el mateix color. El groc és el complement del blau, i com a tal, els pigments grocs absorbeixen la llum blava. – Wickpedia.
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Figura 9: Cena primaveril num mural duma casa de Akrotiri mostrando açucenas ou crocos, flores-de-lis literalmente aos montes, como o alecrim!
O facto de o verbo grego krokoô ter ficado com o significado de coroação com “hera” amarela significa simultaneamente duas coisas. Primeiro que, na falta de açafrão, os gregos clássicos começaram a utilizar a hera para coroar os poetas vencedores destes jogos florais, segundo que estes acabaram por fazer parte de festivais de casamento tutelados por Afrodite Kiteria, que afinal teria sido em épocas cretenses a própria Deusa Mãe, tal como depois foi Hera!
«Hera» < Lat. hedera < Ki-thera > Afrodite Kitheria.
                                   < A. Hetaera.
Titles of Aphrodite: Hera - the earth, lady; Hero - divine one; Hetaera - companion, protector of courtesans. Kythereias - of Kythera, the island or city on Crete; may mean secret of the wool.
Antig. Grec.
Modern. Grec.
Xantos
Chloros
Ikterias
Kitrinos
Mêlis
Chrusites


Ίκτερος
Κίτρινος
Μαλλιά
Χρυσός
«Icterícia» < Grec. Ík-ter(os) < Ki-ter + an > Grec. Ki-tri(nos).
«Ocre» < Grec. ocros < Hau-Kuros < Ki-kur > Sakar => *Kar.
Grec. Chrus-itês < Xar- < Kar > Kaur- > Haur- < Lat. auros.
Chlôros < chlo-eros > chloêros [= Eur.] = amarelo esverdiado, amarelo-limão ou verde alface.
Dos vários nomes gregos para o amarelo iktérias e kitrinos parece confirmar a relação étmica desta cor com Afrodite Quitéria. Xantos é uma homenagem quase descarada à Deusa Mãe suméria Ki-Antu. Melis a Afrodite Melania e indirectamente a Artemisa de Éfso a que terá sido também a meléfera *Apília. Antes de vir a dar nome à primaveril Aprilia do respectivo mês de Marília e Amarília. Cloros é o próprio nome da deusa das cores da Primavera e chrusi-tes seria em tempos o nome duma tridiva lunar denominada *Charusi ou Carusas, meras variantes fonéticas das Carites ou Cariátides, as Graças companheiras de Cloris e da Glória, deusa das cores da Primavera e da Aurora!
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Figura 10: Mural de Akrotiri: Mulher minóica recolhendo açafrão, particularmente apreciado pelas mulheres de Tera que o recolhiam com cuidado dos montes, possivelmente para a produção dum pigmento amarelo.
"Scholiast on Homer, Il. xii. 292: Zeus saw Europa the daughter of Phoenix gathering flowers in a meadow with some nymphs and fell in love with her. So he camedown and changed himself into a bull and breathed from his mouth a crocus (21). In this way he deceived Europa, carried her off and crossed the sea to Crete where he had intercourse with her. Then in this condition he made her live with Asterion the king of the Cretans. There she conceived and bore three sons, Minos, Sarpedon and Rhadamanthys. The tale is in Hesiod and Bacchylides."
Pancratium maritimum, o nardo marítimo, azucena de mar, lirio de mar, nebulosa, jacinto de mar, alelí de mar o pancracio, es una planta bulbosa de la familia de las Amarilidáceas. Se encuentra en los arenales y en las dunas fijas de las costas del Atlántico y en las costas del Mediterráneo, a pleno sol y tolera bien periodos prolongados de sequía. (…) Pancracio proviene del griego παν (pan, "todo") y κρατυς (cratys, "potente") en alusión a supuestas virtudes medicinales. Maritimum es del latín "mar", por su hábitat costero.
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Figura 11: Pancracio, ou narcisos do mar com estames amarelos, Fresco de Akrotiri.
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Figura 12: Dois jovens de da ilha de Tera praticando o pancrácio, Akrotiri.
«Pancrácio»  < Gr. Pan-krátion, s. m. exercício de ginástica entre os Gregos e os Romanos, que combinava a luta e o pugilato; • (pop.) pateta, idiota, simplório; • pascácio; • (Bot.) género de plantas amarilidáceas; • luta livre greco-romana.
Que relações existiriam entre a luta livre dos jovens cretenses e o nardo do mar que tivessem passado pelo «pancrácio» que não fossem precisamente os poderes lenitivos e curativos que lhe eram atribuídos?
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Figura 13: Anel de sinete minóico com cena tauromáquica.
Tais lenitivos seriam naturalmente usados pelos contendores depois das suas mútuas refregas. Por outro lado, começamos a ver com mais nitidez qual seria o verdadeiro enquadramento dos jogos florais cretenses, que além do «pancrácio» teriam saltos e jogos tauromáquicos.
De qualquer modo, este tipo de exercício físico, que os cretenses conservariam desde as suas arcaicas “festas dos rapazes” em honra da “Deusa Mãe” *Kretu / Kurija, teria tão fortes implicações na cultura popular do mar Egeu que terá recebido dos cretenses o nome para a luta e para o nardo marítimo.
Na verdade, começamos a entender que a preparação da juventude para a vida nas sociedades matriarcais neolíticas acontecia com as "festas dos rapazes" em honra da Deusa Mãe, A Senhora do Amarelo.
Semanticamente o nome grego da cor do cloro é um compromisso semântico entre o amarelo tradicional da Deusa Mãe e do eterno feminino e uma homenagem ao verde das deusas da Primavera. De resto, fica-nos a suspeita de o latino flavus para amarelo ser um falso masculino como Tellus ou Vénus uma vez que nada nos prova que *Kla-Wer não possa ser uma variante de Taweret.
                                                                                      > (H)laure > Bac. lore.
                                                                      > Klaure > Cloris > Grec. chlôros.
                                                  > Lat. Fulvus.
Lat. Flav®us < Ful-We®-ush < *Kur-Ker | -et < Kur-Kur-at |.
                    => Engl. Flawer > flaure > Lat. Flora.

Ver: CLORIS (***)

No mito de Amarília & Mirtílio, referido antes porque glosado até à exaustão pela moda barroca, a coroação do pastor fido seria precisamente uma memória desses tempos arcaicos em que os vencedores dos jogos florais dos ritos pascais seriam coroados em honra da deusa mãe com flores de açafrão ou, na falta destas, por açucenas amarelas, ou outras flores ou ervas amarelas! A cultura de Tera, em Akrotiri, foi violentamente destruída pela explosão do vulcão do arquipélago de Santorini mas as raízes da civilização minóica permaneceram no subsolo da cultura europeia não apenas mediterrânica mas particularmente no mundo da latinidade Andalusa onde se manteve ao longo dos séculos, apesar de todas as dominações e vicissitudes históricas, a exuberância do culto taurino e da mística da dolorida Virgem Mãe de Macarena. Claro que poderemos acompanhar o rasto da cultura minóica em todas as civilizações arcaicas que mantiveram a luxúria colorida do seu amor pela vida, a sua adoração pelo touro bem como a sua aprofunda e mística espiritualidade, como será o caso da cultura tibetana e hindu.
A história do amarilis como flor-de-lis deve remontar às épocas mais arcaicas da cultura mediterrânica porque encontramos flores idênticas ao amarilis em pinturas murais nas ruínas de Akrotiri, por sinal de pétalas vermelhas e hastes amarelas o que pode ser um recurso estilístico para representar açucenas amarelas de açafrão salpicadas com o sangue da Virgem Mãe *Kertu, Amarilis ou Maria de *Amaur!
Os crocos, a flor do açafrão, ou flor-de-lis amarela, seriam uma “reserva estratégica” dos palácios minóicos onde seriam utilizadas para pintarem a cor do ouro que era a substância de que eram feitos os deuses e das estrelas, filhos e filhas da Virgem Deusa Mãe do Caos e do Mar Primordial.
É também na Andaluzia que vamos encontrar o amarelo na vastidão das searas maduras e nos frisos das habitações. Ora, é também na Andaluzia que vamos encontrar no coração da modernidade o suspiro doloroso do Amarilis na profusão floral das “festas da semana santa de Sevilha” e nas “romarias do Rocio”.
Figura 14: Flor-de-lis num mural de Akrotiri
De resto, quando os minóicos chegaram às costas ibéricas terão encontrado açucenas amarelas como o açafrão por todo o lado pois um dos mais belos representantes desta espécie é ainda hoje o lírio amarelo dos Pirineus! O arcaísmo da língua basca não nos revela o verdadeiro segredo do Amarilis mas as espantosas cores tigradas da flor-de-lis dos Pirineus bem podem ter sido a causa deste mito.
Mais interessante ainda é verificar que em torno da etimologia do nome basco Zitori horia para a sua flor-de-lis dos Pirineus vamos encontrar referências cruzadas com o nome de Aforodite Quitéria e com o nome grego da cor da «icterícia» e da citrina cor do verde limão! Em boa verdade, *talia, *taura ou kora seriam apenas um dos muitos nomes genéricos para denominar Korê, a jovens filha de Deméter.
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                                    > Kisw. Zahur > Arab. zahir
Hind. bakul < ka-kur < Ki-Kur > Ki-kar > Ashar > arab. azhar.
                                                    > Ki-kaur > zitaur > basc. Zitor.
                                   «Ci-dália» < Ki-| thaul-ia > Thalia < Kaulia < Kora.
                              Lat. caepulla > Ki-kaur-ia > ciwa-ulia > «cebola».
                                                                          > gr. kikhóreia > lat. cichorìa
                                                                                   > it. cicoria > «chicória».
Hind. An-Kur = Kur-(An ó Ki)-Kur => grec. Kitrinos.
       º An-Thea < An-Ki-ha < Ankisha > rus. anfissa.
                                          > grec. anthos.
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Figura 15: Flor-de-lis amarelo-tigrada dos Pirinéus. Encontra-se a partir de 30m de altitude, desde a beira mar… até 2200m. Em basco chama-se Zitori horia (< hauria = açucena áurea, amarela, doirada ou crisantina).
Anfissa - fiore ( russo, dal greco "anthos", fiore). Antheia - fiore (dal greco).
Azhar - fiori (arabo); zahir - che fiorisce (arabo).
Bakul - dal nome di un fiore della mitologia hindi. Ankur - fiore (hindi). Zahur - fiore (kiswahili).
Como é óbvio, os ibéricos nunca teriam confundido a «cebola» com o cebolilho do qual resulta por plantação, processo agrícola que conheceriam desde os tempos antigos em resultado da colonização minóica, pois terão sido estes que terão introduzido a cultura megalítica na península ibérica tal como a terão também levado para o Egipto com as cebolas nos tempos pré-dinásticos a mesma cultura megalítica que viria a culminar no culto das pirâmides. O bíblico Moisés celebrizou as saudosas cebolas do Egipto mas os frescos de Tera imortalizam o gosto das mulheres minóicas pela recolha de bolbos de açafrão o que significa que estes, antes daqueles que destes a teriam recebido, já conheceriam muito bem os bolbos comestíveis e, destes, os das cebolas. O estudo semântico comparado do amarelo parece revelar que esta cor sempre terá sido considerada a da Terra Mãe, quiçá porque os tons ocres sejam de facto os que domina as áridas paisagens terrestres peri-mediterrânicas e seriam as que durante a maior parte do tempo se vislumbravam na vastidão do Sará da época glacial onde, durante o paleolítico superior, se terá desenvolvido a mitologia e a linguagem formal depois de esta ter nascido nas cavernas ibéricas e nos santuários a céu aberto dos vales dos afluentes a montante do Douro.
Podemos assim concluir que o nome ibérico do «amarelo» constituirá um arcaísmo minóico que destoa no conjunto dos termos analisados em diversas línguas ditas indo-europeias para as diferentes cores construídas quase sempre em nome do deus Wer, o aguerrido deus das estações do ano.

Ver: CORES (***)

Porém, se tal acontece com quase todas cores parece que com o termo «amarelo» tal só acontece fora da regra geral que é a de a cor amarela ser uma cor feminina relacionada com a matriarcal Virgem Mãe Amaru dos primórdios míticos da humanidade!
Mas, o mesmo amarelo pode revelar uma faceta misteriosa, lunar e sombria, porque amarga, tanto no “riso amarelo” dos ocidentais quanto nas tradições que do Islão à China o dão como cor da cobra e da traição; da maldade e do cinismo.
Os gregos modernos traduzem este amarelo dos “fura greves” e traidores pelo termo deilos que no grego clássico significava precisamente vilania, reforçada pela conotação pejorativa e nauseabunda da palidez do medo e da cobardia.

Ir para: MIRTILO (***)


According to the classical poets Theocritius, Ovid, and Virgil, Amaryllis was a virginal nymph, timid and shy but with a spine of steel. She fell head over heels in love with Alteo, an icy-hearted shepherd reputed to be as handsome as Apollo and as strong as Hercules, and determined that she would be true only to him, no matter what the consequences. Indifferent to her charms, Alteo claimed his only desire was that a new flower be brought to him, a flower that had never before existed in the world. Amaryllis consulted the Oracle at Delphi and was instructed to pierce her heart with a golden arrow at Alteo's door. This she did, dressed in maiden's white, for thirty consecutive nights, dripping blood all the while. The shepherd finally opened his door to discover a flower with crimson petals, which had sprung from the blood of Amaryllis's heart. -- Excerpt from Amaryllis, by Starr Ockenga
[2] to crown with yellow ivy.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

DEUSAS DO MAR I, por Artur Felisberto

 

DEUSAS DO MAR I


ANFITRITE

Figura 1: Teseu, Atena, Anfitrite e Tritão.
Para provar que a esposa do deus dos mares teve relações funcionais de copeira próprias das potinijas, habilitada na produção de “poções mágicas”, podemos servir-nos das provas que se seguem:
Amphicty´onis (Amphiktuonis), um epíteto de Deméter, derivado de Anthela, cidade onde ela foi adorada sobe este nome porque era o lugar de encontro da anfictionia de Termópilas e porque na abertura de todas as reuniões eram oferecidos sacrifícios a Deméter Anfictiones. (Herod. vii. 200; Strab. ix. pág. 429.)
La Anfictionía (del αμφικτιονία, a su vez derivado de αμφί (ambos) + κτίζω (construir), por lo que etimológicamente significa fundación conjunta) se trataba de una liga religiosa que agrupaba 12 pueblos (no ciudades), casi todos de la Grecia central. Tenía sus reuniones en el santuario de Deméter en Antela, cerca de las Termópilas.
Como estas reuniões tinham, de facto, a Deusa mãe por anfitriã mitógrafos posteriores criaram a alegoria da deusa Anfictionis como deusa da fraternidade que presidia ao rito de oferecer aos visitantes uma libação de vinho, costume de boa hospitalidade que permaneceu como “porto de honra” nos costumes rurais até ao presente.
Na mitologia grega, Anfitrite é filha da ninfa Dóris e de Nereu, portanto uma Nereiade. É esposa de Posídon e deusa dos mares. A princípio, se recusou a unir-se ao deus, se escondendo nas profundezas dos oceanos, em um lugar conhecido apenas por sua mãe. Acabou cedendo às investidas de Posídon, se tornando rainha dos oceanos. É representada com um tridente, símbolo de sua soberania sobre os mares. Na mitologia romana, é conhecida como Salácia.

Ver: DAGON II / SALACIA (***)

Claro que só por distracção racional, fanatismo mítico ou purismo linguístico é que estas duas deusas não foram entendidas pelos eruditos como sendo a mesma entidade mítica.
Amphitryon (grego Ἀμφιτρύων, gen.: Ἀμφιτρύωνος; interpretado normalmente como aquele que tanto apoia como incomoda ambos os lados) era na mitologia grega, o filho de Alcaeus, rei de Tiryns em Argolis.
Enquanto Anfitrião estava na guerra de Tebas, Zeus tomou a sua forma para deitar-se com Alcmena e Hermes tomou a forma de seu escravo, Sósia, para montar guarda no portão. Uma grande confusão foi criada, pois Anfitrião duvidou da fidelidade da esposa. No fim, tudo foi esclarecido por Zeus, e Anfitrião ficou contente por ser marido de uma escolhida do deus. Daquela noite de amor nasceu o semideus Hércules. A partir daí, o termo anfitrião passou a ter o sentido de "aquele que recebe em casa".
Fosse porque a lenda assim o inventou ou porque assim parecia ter que acontecer por confusão do termo Ἀμφι-τρ-ύων com o da αμφι-κτι-ονία, a verdade é que a visita importuna que ao terceiro dia aborrece passou a ser o que sabe receber principescamente os seus hóspedes como se fossem deuses a quem, como os esquimós, ofereceria a própria esposa se não fosse indecoroso e uma prerrogativa divina.
«Anfitrião» • (< Lat. Amphítryone < Amphitrýon), s. m. aquele que paga e dirige um jantar sumptuoso; • aquele que recebe pessoas em sua casa e oferece um jantar ou banquete lauto.
*Anphitrionis, de que deriva o termo Anfitrião, pai de Hércules, poderia ser assim uma evolução étmica de Deméter Anfictiones, passando por Anfitrite bastando para tanto aceitar que Te(ia) seria de Tanit, esposa de Tunis, a cobra neptunina dos mares da talassocracia cretense.
                             Bast < Kiash + Ana > Than-it > Tanit.
Te(ia) < Teja < Thiash < Kiash + Ana > Kianish => -conis
Amphi-| Ctionis < Ct®ionis < Triconis ó Anphitri + conis º Anphitri-te.
A relação de Anfitrite com Hércules não se ficaria por Amphictionis mas passaria ainda pelo facto de Hércules póstumo ter casado no céu com Hebe, a copeira dos deuses, que seria afinal uma potinija como era Anfitrite…e Deméter Anfictiones.
Ambos os nomes apelam para uma natureza anfíbia, metade peixe metade humana, que, de facto, caracteriza a representação pictográfica da esposa de Poseidon. Claro que o radical *Amphi- não consegue esconder a sua origem a partir de Enki, tal como o sufixo *trite- apela mais para Istar e menos para Tritão, monstro que, em rigor, seria meio golfinho e meio touro como na representação alegórica da figura seguinte.
Figura 2: Anfitrite apela para Tritão, uma variante do nome de Poseidon baseada no símbolo da sua arma de pesca, o tridente, que a mitologia também acabou por individualizar num novo deus autónomo, companheiro de Poseidon, e também metade peixe como Anfitrite.
The Egyptian name for the Sign of Aquarius is Phritithi. Tirgata - Fish Goddess of Syria.
               Phritithi < Kritiki < Kur-kika > Tur-Caca > Tirgata.
=> An + Phritithi = An-Phritithi > Anfitrite!
Anfitrite seria então apenas a deusa do Aquário, porque era uma potinija e, de facto, deusa das águas do mar. Pois bem, não será por mero acaso que Fritite era o nome do signo do aquário no Egipto e Tirgata uma sereia síria, possivelmente a fêmea dum «peixe-gato», filha / esposa de Dagon! De facto, os peixes gatos além de se parecerem com os gatos de Bast, nome derivado do núcleo semântico das deusas do fogo e das bebidas espirituosas, derivadas de *Kiast, eram peixes venenos importantes para o fabrico de poções mágicas.[1]
Se os peixes gatos eram ou não frequentes nas águas mediterrânicas dos tempos minóicos eis algo que caberá à arqueologia do futuro confirmar! A verdade, porém é que tudo leva a crer que, pelo menos em relação a esta deusa, Heródoto tinha razão ao pensar que os deuses gregos teriam vindo do Egipto, ou, o que será mais consentâneo com a lógica dos mais recentes dados históricos, pelo menos de um antepassado comum que teria sido o império minóico.
Ainda no Egipto, a deusa do pote das águas era também a deusa da noite, ou seja Nut, esposa de Gebo, que tudo indica seria Caco e, enquanto senhor da terra, uma forma de Enki, que no Egipto era Nuno, o deus do abismo, tão criador e primordial quanto Ptah.
Nuno = Ne (Ptha) Nu > Neptuno º Poseidon, marido de Anfitrite, a Posidónia ó Neptunia < *Neputana = Newu- | Tan º Taurish < Taret |
> Nebo-Trit ó Anfitrite.
Ora, coincidência comum nestas análises etimológicas a respeito de coisas arcaicas, no Egipto udepu significava copeiro. Uma derivação por transposição de sílabas em repetição de nome seria:
                       < (U)-Thepu < Hewu > Hebe?
Egipt. udepu = uthe-| pu … uthe | -pu ó Ital. puto ó *Pot.
Nehalennia = (Gaul) Goddess of the sea.
Nehalennia < Nekarannia < Enkar Anina < Enkur-Inana.
                                             > *Nepharanina > *Nephrona?

ANFITRITE & HERA

Será possível relacionar Anfitrite com Hera em conformidade com a possibilidade de que em tempos recuados Poseidon e Zeus seriam a mesma entidade divina soberana?
Asherah (< Ash Hera < Ash Kera < Ash Kaura,) Syrian Goddess of the Sea and mother of the gods. She is El's loving consort and is protective of her seventy children who may also be known as the gracious gods, to whom she is both mother and nursemaid. Her sons, unlike Baal initially, all have godly courts. She frequents the ocean shore. In the Syrian city of Qatra, she was considered Baal-Hadad's consort.
Asherah, teria a variante de *Ash-Hera, a deusa Hera do poder destruidor do fogo e da guerra.
Kotharat (was thought to be Kathirat) 'skillful' They are a group of goddesses associated with conception and childbirth. '...The swallow-like daughters of the crescent moon.'
Então, sendo esposa de El ( que era Anu antes de vir a ser Enki, seria virtualmente possível que:
               *Kertu < Hera-ash = *Ash-Hera.
Enki + | *Kertu < Ker-at > Therat > | Amphi-trat > Anphitrite.
                                           > Hel-at > Elat.

Ver: TUNIS (***) & El (***) & HERA (***)

Seascapes, whether realistic or symbolic, held a place of choice in the repertory of North African mosaicists during the entire Roman Period. This panel, decorating the floor of a reception hall in a rich villa, presents the triumph of the sea god Neptune and his wife Amphitrite, standing on a chariot drawn by four sea horses, set against a watery ground teeming with fish. A great veil held aloft by putti underscores the majesty of the divine couple.
Figura 3: Triumph of Neptune and Amphitrite, Constantine (Algeria).
Os putos alados que rodeiam Anfitrite são quase os mesmos que costumam rodear Afrodite e é quase um plágio de uma representação do rapto de Europa

Ver: EUROPA (***)

Amphitrite goddess of the sea and wife of Poseidon. He chose her to be his wife from among her sisters as they were performing a ritual dance. She refused him and fled. Poseidon sent a dolphin after her and it took her back. After he married her, he rewarded the dolphin by making it a constellation and placing it in the heavens."
Claro que Anfitrite foi Posideja e são variantes óbvias da mesma «deusa do mar». Ora, numa talassocracia com a importância da cretense uma divindade marítima seria a deusa mais venerada, ou seja, a própria «deusas das cobras» cretense que era a mesma Deusa Mãe primordial, telúrica e titânica, que veio a ser a esposa de Poseidon/Neptuno.

ANFITRITE, UM TRAVA LÍNGUAS DO NOME DE AFRODITE?

E, até aqui tudo bem! Mas, em que medida têm estes factos alguma coisa a ver com Afrodite? Muito! Desde a deusa asiática Istar/Astarte à deusa equivalente etrusca Turan, todas as deusas do amor são etimologicamente taurinas, esposas do deus do fogo e relacionadas com o deus dos abismos oceânicos, Enki. Sendo assim, nada obsta a que em determinada altura Anfitrite começasse a ter uma variante continental de nome ligeiramente alterado e exclusivamente relacionada com as lides amorosas.
Anfitrite > Amphi-t(au)rite > A(n)ph (Thôr) ite > Aphrô Theite >
Afrodite.[2] => Afrodite = Anfitrite.
Anthretju < An-ther-Ki-Chu < An-tar-kiku > «Antártico».
                                              > Anphi-Tri-kehi > Anfitrite.
Anthretju = war-goddess mentioned in a treaty between the Hittites and Egypt. She seems synonymous with Anat/ Antu.
Como se vê, o aspecto mais interessante desta derivação reside no fenómeno da rotação aparente do étimo intermédio (-Thôr- > -roth-) que se cola ao anterior e ao seguinte contribuindo para a formação de dois novos semantemas (aphro, espuma e theite, deidade) a partir dos vários iniciais. Porém, tal rotação é meramente aparente e resultado de ressonância fonética. De facto,
Anfitrite <= An-Ki-Kyr-Ke < *An Kur Ki-ke => Afrodite.
... ou seja: Afrodite foi outrora casada com o deus dos mares da talassocracia cretense e teve então o nome de Anfitrite. A desgraça da catástrofe apocalíptica da explosão de Santorini terá sido a causa do trauma sócio-cultural que motivou a sisão mítica que originou as duas deusas, fenómeno implícito também no «mito das gorgónias» que transformou a deusa mãe Anfitrite na maléfica deusa mãe com o nome de Medusa.
Porém, o nome de Afrodite pode ter sido:
Aphrodite < Aphridot < Aphurpot < Kaphurat < Kaphur kiath.

Afrodite
< An Kar Kika  

An(u)

Kur

Ki
Ki
Anfitrite
< Anki Karka   
< Anki Kar-ki
An(u)
Ki
Kur


Ki
Artemisa
< Kar kime Kika
< kime Kar-kika
(An/me)
Ki
Kur

Ki
Ki
Neverita
< Nepher-at
< An-Pher-Ish
An(u)

Kur

Ki
Ki
Proserpina
< Kar kar Kian
< Anki Kar kar
An(u)
Ki
Kur
Kar


Perséfone
< Ker-Ki-kian
< Anki Kar-ki
An(u)
Ki
Kur


Ki
Deusa Mãe


An(u)
Ki
Kur

Ki



Ou
An(u)

Kur

Ki
Ki

Fica assim a saber-se que é o radical Aphor- o componente nuclear do nome desta deusa. Que este radical deriva de *Kafura constituindo a origem taurina e ofídia do nome das deusas do amor venal. Uma deusa do amor que parece ter todos estes étimos é a tibetana Brag-srin-mo.
Brag-srin-mo < | Wrag < Phraki < *Kiphur ó Aphor- | -Sar < Kaur < Kur | -Anu-Ma.
Brag-srin-mo = Tibetan goddess of Fertility.
Em conclusão, Afrodite, Anfitrite & Perséfone parecem derivar todas duma mesma Deusa Mãe arcaica, que muito seguramente se chamaria *An-Kur-Kika e que viria a ser, por passagem pela civilização minóica, a Medusa Gorgona. O quadro manifestaria uma relação quase perfeita, no pressuposto fácil de aceitar, de que Kur º Enki e Kika º *Kima.
Tal facto levantaria a suspeita perturbadora de me sumério não ser afinal um termo imotivado primordial mas, tal como eventualmente o étimo primordial Ama, lit. «mãe» de Enki, o deus da sabedoria, o «logos» criador de todas as coisas e por isso legitimamente o deus que ateou o fogo da linguagem com que se nomeiam e escrevem as tábuas do destino! Em qualquer dos casos ficamos assim a saber que em Creta o nome da Deusa Mãe andou associado a um arcaico deus dos oceanos, Enki, e dai o seu epíteto solene *An-Kur-kiki, a esposa do Enki-Kur! De resto, se o radical An não era senão um radical relativo a «senhora do céu» ou seja designativo genérico de entidade divina, do nome de Afrodite destaca-se *Kur-kiki como constituindo a porção nuclear do nome da deusa do amor grego! Ora, desta raiz *Kur-kiki podemos derivar o nome Prithivî, que significa terra em védico.
*Kur-kiki > Phir kiwi > Prithivî.
Quer isto dizer que Afrodite foi a evolução natural da doce e carinhosa mãe do céu e Senhora de toda a terra!
Amfitrith
Amphitritê
The third one who encircles (the sea)???
'Alosudnh
Halosydnê
Sea-Born
Dizer que Anfitrite seria a terceira que, com Tetis/Tiamat, a primeira Deusa Mãe, Afrodite, a segunda, filha da Deusa Mãe primordial e que por isso teria virtualmente por nome *Afrodicha, fariam o trio das Trívias eternas não é senão um outro nível ideográfico de leitura semântica dos nomes mitológicos. Outra leitura seria a de que se tratava de uma *tarisha (= odalisca) de Enki.
Se Anfitrite foi também nascida (da espuma) do mar como Afrodite tal reforça, desde logo, a suspeita de que estamos perante duas deusas sobrepostas ou pelo menos com um mesmo culto original.
De facto, o nome de deusa mais parecido com o de Afrodite é Anfitrite.
Porém, na escassa tradição micénica PO-SI-DA-E-JA é que era a esposa de Poseidon (<= Poteidan E(n)kia = Enkia de Poseidon)! Porém, Posideja reporta-se etmicamente ao deus sumério Enki das águas primordiais como Anfitrite.
Anfitrite < Anki Tarite < Enki Kur Ki = *An-Kur-Kiki => Afrodite.
In Lydian mythology, Omphale is a goddess of the earth, rebirth & augury. The universal Womb and the hub of life.
«Omfala» < Omphale < Aumpharhe < *An-kur-Ki.

Ver: OMFALA (***)

Pois bem, nem de propósito Anfitrite apareceria representada como o próprio nome o indica: às costa de Telepinus, um touro anfíbio com a parte inferior do corpo mais cobra e dragão do que peixe! Ora, os mitos raramente contam a verdade toda!
«Golfinho» < Kaul-phian < Thele-pin(a) > «delfim»
Na mitologia romana Neverita era a esposa de Neptuno, também chamada Salácia (< Karkiha + An > An-kurkiki).
Neverita < Nepher-at < *An-Kur-Kiki.


[2] Anesidora (< An Enki Taura > Anphitaur An => Anphitri |Te = An|).