III. 3.3.1 A Deucalião nasceu Idomeneu e Creta e um filho bastardo Molus. Mas Glauco, enquanto ainda era uma criança, ao perseguir um rato caiu num pote de mel e afogou-se. Depois do seu desaparecimento Minos fez uma grande procura e consultou adivinhos sobre a forma de o encontrar. Os Curetes disseram-lhe que em seus rebanhos ele tinha uma vaca [1]de três cores diferentes e que a pessoa que melhor descrevesse a cor de vaca também poderia trazer-lhe o seu filho vivo. Assim, quando os adivinhos estavam reunidos, Poluido, filho de Coeranus, comparando a cor da vaca com o fruto do espinheiro (batos), e sendo obrigados a procurar a criança, ele encontrou-o por meio de uma espécie de adivinhação[2]. (…)
Figura 1: Atena & Teseu e a vaca tresmalhada.
A relação do azevinho com o visco e as bagas do espinheiro devem estar relacionadas com poções mágicas capazes de induzirem envenenamentos superficiais com morte aparente. Assim, a erva mágica batos (também chamada Dios Anthos, a flor de Zeus) não seria nem a framboesa nem a amora silvestre mas o azevinho ou o espinheiro já que o visco também não teria grande poder como veneno. Assim, o visco que tem um uso sacramental idêntico ao do azevinho como ornamento natalício pode ter sido o resultado duma confusão dos druidas ou uma forma de com ele desviarem a atenção popular para a verdadeira erva das poções mágicas que seria o espinheiro bravo.
Assim, a erva (?) mágica batos (também chamada Dios Anthos, a flor de Zeus)
não seria nem a framboesa nem a amora silvestre mas o
azevinho ou o espinheiro já que o visco também não teria grande poder como
veneno. No entanto, existem o género botânico dos Diantos, chamados popularmente
por «cravos»...ou seja, decifrar os nomes botânicos antigos é mais errático do
que descodificar hieróglifos!
Mas Minos declarando
que ele teria que recupera-lo vivo, trancou-o (num labirinto duma caverna tumular) com o corpo morto do filho. E enquanto este se encontrava numa grande
perplexidade, viu uma serpente indo na direcção ao cadáver. Ele lançou uma
pedra e matou-a, temendo
ser morto se algum mal
acontecesse ao
cadáver.
Mas outra serpente veio, e, vendo a anterior morta, saiu e depois voltou trazendo uma erva que
colocou em todo o corpo da outra, e tão depressa foi a erva colocado deste modo sobre a serpente morta que logo esta voltou à vida. Surpreso com essa visão, Poluidus aplicou a mesma erva para o corpo de Glaucus que assim ressuscitou de entre os mortos. --
Apollodorus, Library and Epitome (ed. Sir
James George Frazer).
Que erva poderia ser esta senão a descrita antes no sonho de
Minos? Ora, era não seria que nem a framboesa nem a silva o são mas seguramente
um ramo ou folha de planta que poderia ser afinal se azevinho ou de espinheiro.
A confusão feita pelos autores de dicionários ingleses entre o batos mítico e a framboesa poderá
ter ocorrido por meio da silva que pode ter sido confundida com o famoso
espinheiro de Glastonbury.
Un famoso
ejemplar, el espino de Glastonbury, tenía la peculiaridad de florecer dos veces
al año, una a finales de la primavera (como es habitual en los espinos), y otra
durante el invierno, una vez pasados sus momentos más
duros.
Figura
2:
Espinheiro branco ou
Pilriteiro.
O pilriteiro ou espinheiro alvar é uma rutácea. Estes arbustos,
apesar de podem atingir cerca de 500 anos, dos seus espinhos e da sua dura
madeira, continuam um símbolo de beleza e elegância ainda que fora da sua
madeira, dura como o ferro, que antigamente se cortavam os cepos de suplício e
decapitação.
En el folclore
gaélico, el espino (en gaélico, Sgitheach) marca la entrada del Otro Mundo' y se
asocia con las hadas.4 Es muy desafortunado cortar el árbol salvo en brotado,
cuando es decorado como el "Arbusto May" (ver Beltane).
(...)
|
En inglés, el
dicho que recuerda la conveniencia de mantener ropa de abrigo hasta avanzada la
primavera (ne'er cast a clout 'til may is out)
no se refiere al fin del mes de mayo, sino al florecimiento del espino ('may').
Equivale al dicho en castellano hasta el cuarenta de mayo no te quites el
sayo.
Em português o dito seria: «não tires as saias antes das flores
das maias» que são giestas gigantes de flor amarela parentes das piorneiras de
flor branca. Quer dizer que a mitologia botânica teve sempre dificuldades em
generalizar-se por causa das singularidades climáticas e geográficas
locais.
Porém, até a Bíblia sabia que o espinheiro era uma árvore de
extremos e possivelmente do fogo redentor que dava vida aos
mortos.
8 Certo dia as árvores saíram para ungir um rei para
si.
Disseram à oliveira: ‘Seja o nosso
rei!’
9 “A oliveira, porém, respondeu: ‘Deveria eu renunciar ao
meu azeite,
com o qual se presta honra aos deuses
e aos homens,
para dominar sobre as
árvores?’
10 “Então as árvores disseram à figueira: ‘Venha ser o
nosso rei!’
11 “A figueira, porém, respondeu: ‘Deveria eu renunciar ao
meu fruto
saboroso e doce, para dominar sobre as
árvores?’
12 “Depois as árvores disseram à videira: ‘Venha ser o
nosso rei!’
13 “A videira, porém, respondeu: ‘Deveria eu renunciar ao
meu vinho, que alegra os deuses e os homens, para ter domínio sobre as
árvores?’14 “Finalmente todas as árvores disseram ao
espinheiro:
‘Venha ser o nosso
rei!’
15 “O espinheiro disse às árvores: ‘Se querem realmente
ungir-me rei
sobre vocês, venham abrigar-se à minha
sombra;
do contrário, sairá fogo do espinheiro
e consumirá até os cedros do Líbano!’
Juízes
9:8-15Nova Versão Internacional
(NVI-PT).
Por isso mesmo é que o «pilriteiro» tem, como o diabo vários
nomes: abronceiro, branca-espinha, cambrulheiro, combroeiro, corníolo,
escalheiro, escambrulheiro, espinha-branca, espinheiro-alvar, espinheiro-branco,
espinheiro-ordinário, estrapoeiro, estrepeiro, pilrito, pirliteiro. Em Espanhol
parece haver ainda mais.
No entanto, ainda que as bagas do pilriteiro sejam
usadas desde Dioscórides como panaceia cardiovascular, colocando-a assim em
paralelo com o visco, a sua toxicidade deve ser baixa (não havendo nenhum relato de morte por
intoxicação com bagas de pilriteiro...o que já não e verdade em relação ao
visco)
porque foi usada como alimento na pré-história, pode ser usada
para fazer vinho martelo e marmelada e não deve ser usa em “ataques cardíacos
agudos porque tem um efeito lento”.
Então, se o batos da mitologia não era o
pilriteiro, seria o azevinho por ser o que mais se parece morfologicamente com
ele e porque “de 20 a 30 bagas podem ser
mortais para um adulto”.
«Azevinho» = O azevinho (Ilex aquifolium), também chamado
azevim, azevinheiro, pau-azevim e sombra-de-azevim, é um arbusto de folha
persistente da família das Aquifoliaceae, cultivado normalmente para efeitos
ornamentais devido aos seus frutos vermelhos. Estes frutos também são
denominados de azevinhos, bagas, azinhas ou enzinhas. De 20 a 30 bagas podem ser mortais para
um adulto. As folhas também são tóxicas.
Depois porque começam brancas em flor, depois dão frutos verdes
que quando maduro passam a vermelho mas...tudo isto é mitologia interpretativa
porque como já se referiu...nomenclatura botânica antiga teve dificuldades em
generalizar-se por causa das singularidades climáticas e geográficas
locais.
Ver: IXION (***)
Mas Minos declarando que ele teria que recupera-lo vivo, trancou-o (num labirinto duma caverna tumular) com o corpo morto do filho. E enquanto este se encontrava numa grande perplexidade, viu uma serpente indo na direcção ao cadáver. Ele lançou uma pedra e matou-a, temendo ser morto se algum mal acontecesse ao cadáver.
Mas outra serpente veio, e, vendo a anterior morta, saiu e depois voltou trazendo uma erva que colocou em todo o corpo da outra, e tão depressa foi a erva colocado deste modo sobre a serpente morta que logo esta voltou à vida. Surpreso com essa visão, Poluidus aplicou a mesma erva para o corpo de Glaucus que assim ressuscitou de entre os mortos. -- Apollodorus, Library and Epitome (ed. Sir James George Frazer).
Poluído seria um dos curetas por ser filho de Koiranos.
Mas poderia ser também Proteus, um dos deuses do mar ou mesmo um dos deuses dos infernos, Pluto, justificando-se deste modo o facto de alguns mitos dizerem que Glauco era filho de Nereu.
Euripides, Orestes 362 ff (trans. Vellacott) (Greek tragedy C5th B.C.): "There [at Malea] Glaukos, son of Nereus, who speaks prophecies to sailors, an infallible divinity, stood visible before me, and pronounced these words: ‘Menelaus, your brother lies dead, struck by his own wife as he stood naked in the purifying bath.’"
Poluído < Poluthio > Poluto > Pluto
< Phor-hytho > Phro-tito > Proteus, filho de Afrodite Urânia?
Enquanto legendário filho de Minos, Glauco era um místico deus menino dos cultos de morte e ressurreição solar que em Certa teria tido tantos nomes quanto a das cem cidades onde foi adorado. Caiu num pote de mel porque era a variante minóica da forma de preservação dos corpos para a ressurreição futura seguramente uma crença não menos razoavelmente justificada do que a das actuais técnicas de crio preservação em hélio líquido na esperança de que sejam futuramente encontradas soluções para a reanimação pós congelamento e a cura para a morte e envelhecimento. No caso das mitologias arcaicas, a crença na ressurreição da carne aconteceria por analogia com a ressurreição das mortes aparentes que no mito de Glauco aparece relacionada com o conhecimento mântico de Poluído aprendido por magia simpática com o suposto poder de regeneração e rejuvenescimento das cobras.
Mas para isso é necessário que não tenha feito parte do mito original a sugestão de que Glauco aprendeu a arte da adivinhação que depois esqueceu.
3.3.2: Mas Minos não deixou Poluido voltar para Argos, e o obrigou a ensinar a Glauco a arte da adivinhação. Poluido, ensinou, mas quando estava indo embora, disse a Glauco para cuspir em sua boca, o que fez Glauco esquecer tudo.[3] Apollodorus, Library and Epitome (ed. Sir James George Frazer).
Eventually Minôs gave Poluidos leave to return home, but before he did so, the seer bade Glaukos to spit in his mouth. Ovid is wrong in claiming that by so doing Glaukos lost all power of divination and that in this way Poluidos reclaimed the gift he had been compelled to give. If this were true, how could Glaukos have become the famous seer that he did, eagerly sought for his prophecies by people throughout Greece? What really happened is that Poluidos also spat into Glaukos' mouth; in this way a sacred covenant was forged between the two seers. Thus also Glaukos was called Gnôstês (Soothsayer). (This name is also equipotent with the Antitheos Euplokamos, the Godlike One with Fair Locks) -- The Glaukidai, A Myth of the Blue Men, Apollonius Sophistes, Biblioteca Arcana.
Em boa verdade Ovídio nunca refere Poluído e do que diz de Glauco não se pode inferir que tenha perdido os seus poderes de adivinhação.
Assim lhe disse: “Eu não sou Monstro, ó Virgem,
Fera não sou, mas sim do mar um Nume,
E tal, que nem Proteu, Tritão, Palêmon
Tem mais poder nas ondas, do que eu tenho.
-- Fábula 9ª - METAMORFOSES DE OVÍDIO traduzidas por Francisco José Freire.
Se todos os deuses do mar eram adivinhos e se nenhum deles tinha mais poderes do que Glauco então por raciocínio in barbara também este deus marinho (supostamente até filho de Nereu, segundo alguns mitógrafos) tinha poderes mânticos.
Claro que não é fácil de fazer da fábula posterior de Ovídio uma continuação do mito descrito por Apolodoro mas o mais provável é que fosse resultando a falta de continuidade na informação mal recolhida de Ovídio!
De qualquer modo a tradição mais comum seria a de que Glauco era um sábio mensageiro de Nereu ou mesmo explicitamente um deus do mar com poderes de previsão do futuro.
Agora, eles [os Argonautas navegando através do mar de Mármara] de repente viram Glauco, o sábio porta-voz do deus marinho Nereu emergir das profundezas salgadas [4].
"[Os Argonauts] já tinham alcançado o meio do mar do Ponto quando correu uma tempestade que os colocou em grande perigo. Mas quando Orfeu (...) ofereceu orações às divindades de Samotrácia [os Cabiros], os ventos cessaram e apareceu perto do navio Glauco, o Deus do mar, como ele é chamado. O deus acompanhou o navio em sua viagem sem parar por dois dias e noites e predisse a Hércules os seus Trabalhos e a imortalidade, (…) e disse-lhes que por causa das orações de Orfeu, ele tinha aparecido de acordo com a providência dos deuses e foi-lhes manifestando o que estava destinado a acontecer, (…). Após isso, continua o mito, Glauco afundou no abismo "[5].
O nome verde dado a Glauco ou vice-versa equipara-o a Talos e deriva obviamente da putrefacção cadavérica na fase cromática dos livores esverdeados[6]. Obviamente que seria um sinal enfático e retórico de verdadeira morte em oposição à aparente que aparecia nos mitos para reforçar o poder divino da ressurreição pos-mortem ao terceiro dia do deus menino ou outro deus de morte e ressurreição solar. O caso mais conhecido seria a representação da múmia esverdeada de Ósiris que seria por sua vez uma versão recente de outros deuses mortais hermafroditas como Atum, Nuno e Ptá.
Ósiris < Grec. Ausiris < Ausir ó Ausar ó Ausare ó Asar
ó Asari, Aser ó Usir ó Usire ó Wesir <= Ashur < Ish-Kur.
«Gla-uco» < Grauco < Krauco < Karuco < Kur-Aco ó Ish-Kur
> *Kurishco > Iscuriaco > «Esculápio».
Glauco, segundo a versão reconstruída dum templo rival de Apolo Paião não terá recebido de Poluído o xamanismo mas a verdade é que acabou sendo uma variante dos cultos de Esculápio.
3.10.3 Mas alguns afirmam que Esculápio não era um filho de Arsinoe, filha de Leucipo, mas que ele era filho de Coronis, filha de Phlegyas na Tessália (...). E tendo-se tornado um cirurgião, e levou a arte a um passo grande, ele não só impediu alguns de morrer, mas mesmo ressuscitou o morto, porque ele tinha recebido de Atena o sangue que corria das veias do Gorgon, e enquanto ele usado o sangue que corria das veias do lado esquerdo para a perdição da humanidade, ele usou o sangue que escorria do lado direito para a salvação, e por isso significa que ele ressuscitou os mortos. Eu encontrei alguns que são relatados para ter sido criado por ele, a saber, Capaneu e Licurgo, (...), e Glauco, filho de Minos, como Melesagoras refere.[7]
Etimologicamente tudo aponta para que tenha sido o culto de Esculápio que deriva dos arcaicos cultos de morte e ressurreição solar de Glauco e não o inverso. Obviamente que o que Melesagoras refere relativamente à ressurreição de Glauco por Esculápio sé pode ser uma lenda resultante de informação virada do avesso por necessidade de apologia dos cultos de Esculápio.
Fishermen and sailors paid particular reverence to him, and watched his oracles, which were believed to be very trustworthy. The story of his various loves seems to have been a favourite subject with the ancient poets, and many of his love adventures are related by various writers. The place of his abode varies in the different traditions, but Aristotle stated that he dwelt in Delos, where, in conjunction with the nymphs, he gave oracles; for his prophetic power was said by some to be even greater than that of Apollo, who is called his disciple in it. (Schol. ad Apollon. Rhod. i. 1310; Tzetz. ad Lycoph. 753; Eustath. ad Hom. p. 271; Ov. Met. xiii. 904, &c.; Serv. ad. Virg. Georg. i. 437, Aen. iii. 420, v. 832, vi. 36; Strab. p. 405.) --
Ora tanto é plausível que assim tenha sido como é evidente que uma tradição mais profunda de profetas, terapeutas e sábios salvadores e educadores da humanidade parece ter tido origem em Creta e sido propagado por todo o mundo neolítico por marinheiros missionários na forma de cultos em tornos de velhos deuses do mar de que Glauco seria o sobrevivente egeu e Dagon um dos nomes mais comuns e misteriosos na região da Palestina e da Síria.
De facto, tudo aponta que Glauco tenha sido um dos sete sábios do neolítico como Adapa como o sugere a sua etimologia virtual.
Glauco < Glaush > Gaelic. Glas.
< | Gallush > Gal-lu-X(u) | + Apa < Ap-(Zu) Kal-lu
> Apkallu, literalmente “os grandes homens dos Abismos do mar”.
Anthêdôn had a shiny blue-gray scar over his heart where the branch had touched him, and so he was thereafter called Glaukos (Blue-Grey) or in their language Glas (Gaelic, "Grey"). Poluidos explained to the boy that a part of his mortality had been burned away and replaced by divine substance, as shown by the scar. In this way he was reborn as a iatromantis (healer-seer), and he was called Antitheos (Godlike). Moreover, he later discovered that from the serpent-staff he had acquired power over snakes, as have his descendants to the end of time. -- The Glaukidai, A Myth of the Blue Men, Apollonius Sophistes, Biblioteca Arcana.
“According to Mesopotamian traditions, known only from indirect references and from Berossus[8], Ea sent seven divine sages, Apkallu, in the form of "puradu"-fish from the Absu to teach the arts (Sumerian "me") of civilization to mankind before the flood.”
Sumer. puradu < Phuratu < Kuratu < *Kertu > Carpo > «carpa».
< Kurash > «Guraz»? Gulashus > Glaukos?
O mito de Glaucos, enquanto mortal nascido na ilha de Eubea junto a Antedão, reporta-nos antes de mais para a questão dos remédios ou dos «antídotos» para as mordeduras de cobras, que seria um dos fundamentos da mitologia ofídia, razão porque aparece precisamente por esta via e na tradição marítima do império de Poseidon que tinha capital em Creta, a que Antedão da Eubeia pertencia!
Notar que é muito preocupante a relação que o cristianismo primitivo teve com o peixe e este com o começo das civilizações particularmente a Chinesa por meio de Fuxi.
Ver: FUXI (***)
Figura 2: Glauco e o mito do «antídoto» para o veneno das cobras.
Versão de Ovídio: Segundo essa versão, Glauco nasceu um mortal, vivendo como pescador perto de Antedón, na ilha de Eubea. Descobrindo acidentalmente uma erva mágica que conseguia trazer os peixes que apanhava de volta à vida, decidiu experimentá-la em si mesmo. Após comer da erva, Glauco saltou também à água, seguindo o exemplo dos peixes que reviveram.
|
Foi acolhido pelas divindades aquáticas, e com o consentimento dos deuses Oceano e Tétis, foi lavado de tudo que era mortal, tornando-se imortal, e tendo sua forma mudada: seus cabelos se tornaram verdes como o mar, seus ombros alargaram-se e suas pernas se transformaram numa cauda de peixe.
Os Antedonians parecem ter sido de uma raça diferente das outras pessoas da Beócia, e são descritos por Licofrão, poeta trágico, gramático, e comentarista de comédia, como trácios. Virtualmente os pergaminhos deste helenista não seriam os melhores para identificar a raça de origem dos habitantes de Antedão mas se repararmos que os trácios seriam antigas colónias cretenses que, no tempo de carestia dos “povos do mar” desceram com a leva dos Dórios para recuperarem as suas antigas terras de origem ficamos assim com a suspeita de que, pelo menos, seriam de cultura cretense como foram os fenícios e os cipriotas arcaicos. Porém, é credível que enquanto colonos os trácios, bem como depois os dórios, já pouco ou nada teriam de semitas sob o ponto de vista rácico. O mesmo não terá acontecido aos habitantes da cidade piscatória e portuária de Antedão que terão permanecido cretenses…e semitas. Então, por que motivo terá Licofrão confundido os antedónios com os trácios? Possivelmente porque dos antedónios terá isolado apenas o arcaísmo das tradições que há época já só os trácios manteriam.
[9.22.5] Such is the appearance of the blackbirds. Within Boeotia to the left of the Euripus is Mount Messapius, at the foot of which on the coast is the Boeotian city of Anthedon. Some say that the city received its name from a nymph called Anthedon, while others say that one Anthas was despot here, a son of Poseidon by Alcyone, the daughter of Atlas. Just about the center of Anthedon is a sanctuary of the Cabeiri, with a grove around it, near which is a temple of Demeter and her daughter, with images of white marble. -- PAUSANIAS 9. 1 – 22, DESCRIPTION OF GREECE, TRANS. BY W. H. S. JONES.
Antedão, filho de Dius e neto de Antas, portanto, bisneto de Poseidon e Alcione, epônimo da Antedão da Beócia.
Anthedon < Anthas + Dius => Anthetios > Anethoteis > Anedotus.
Os Oanes ou Anedotus, também supostos Hoa-Anes, especialmente adorados como I-Oanes, Ionim de que deriva o mito bíblico de Jonas seriam os Jónios do mar egeu. Estes teriam o mesmo estrato cultural cretense na variante evolutiva micénica mas não o mesmo substrato étnico que seria caucasiano como era o dos dórios.
Ver: DAGON & OANES (***)
Os jónios são os Yəwānīm da bíblia.
A fragmentary Linear B tablet from Knossos (tablet Xd 146) bears the name i-ja-wo-ne, interpreted by Ventris and Chadwick as possibly the dative or nominative plural case of *Iāwones, an ethnic name. The Knossos tablets are dated to 1400 or 1200 B.C. They were then prior to Dorian dominance in Crete, if the name refers to Cretans.
The Homeric name, Iaones, used of some long-robed Greeks attacked by Hector, appears to be the same name without the *-w-.
Some letters of the Assyrian Empire in the 8th century BC record attacks by what appear to be Ionians on the cities of Phoenicia:
For example, a raid by the Ionians (ia-u-na-a-a) on the Phoenician coast is reported to Tiglath-Pileser III in a letter of the 730's find at Nimrud.
The Assyrian word, which is preceded by the country determinative, has been reconstructed as *Iaunaia. More common is ia-a-ma-nu, ia-ma-nu and ia-am-na-a-a with the country determinative, reconstructed as Iamānu. Sargon II related that he took the latter from the sea like fish and that they were from "the sea of the setting sun." If the identification of Assyrian names is correct, at least some of the Ionian marauders came from Cyprus:
Sargon's Annals for 709, claiming that tribute was sent to him by 'seven kings of Ya (ya-a'), a district of Yadnana whose distant abodes are situated a seven-days' journey in the sea of the setting sun', is confirmed by a stele set up at Citium in Cyprus 'at the base of a mountain ravine ... of Yadnana.'
Ionians appear in Indic literature and documents as Yavana and Yona.
Ionians appear in a number of Old Persian inscriptions of the Achaemenid Empire as Yaunā, a nominative plural masculine, singular Yauna
The etymology of the word is uncertain of proof. Both Frisk and Beekes isolate an unknown root, *Ia-, pronounced *ya-.There are, however, some theories:
From an unknown early name of an eastern Mediterranean island population represented by Ha-nebu, an ancient Egyptian name for the people living there.
From ancient Egyptian 'iwn "pillar, tree trunk" extended into 'iwnt "bow" (of wood?) and 'Iwntyw "bowmen, archers." This derivation is analogous on the one hand to the possible derivation of Dorians and on the other fits the Egyptian concept of "nine bows" with reference to the Sea Peoples.
From an Indo-European onomatopoeic root *wi- or *woi- expressing a shout uttered by persons running to the assistance of others; according to Pokorny, *Iawones would mean "devotees of Apollo", based on the cry iē paiōn uttered in his worship.
Com tantas etimologias falhadas apresentar mais uma não pode ser grande risco! Aceitando que o micénio i-ja-wo-ne é a expressão mais antiga do nome dos Jónios, podemos descartar as etimologias egípcias que, pela contemporaneidade, deveriam ter mais semelhança com aquele pois que para ir de Hanebu a *Iāwones seria necessário muito contorcionismo.
I-ja-wo-ne < Ish-| Ha-Kone < Kaku-Anu > Thakaun > Dagon.
Assim, os jónios seriam literalmente os filhos de Dagon que empreenderam a expedição missionária de espalharem a sua fé de deus Glauco, morto e ressuscitado pelo mundo! Por isso é que Jonas, caído ao mar e devorado por Leviatan que o vomitou ao terceiro dia, seria a variante judia muito racionalizada deste mito.
Leviatan < Kelia | < Galya < Glauha < Glauco | -Tan
Ver: MONSTROS MARINHOS (***)
A vocação missionária de Glauco, seguramente ao serviço de Enki / Dagon, o deus que os jónios do neolítico do mar Egeu espalharam pela Síria até ao Eufrates médio aparece assim descrita em Pausânias:
"Notar também à beira mar lá [em Anthedon da Boiotia] o chamado de salto Glauco. Porque Glauco era um pescador, que, ao comer erva, se transformou num deus do mar, e desde então tem predito aos homens o futuro, como é crença geralmente aceita; em particular, aqueles que navegam no mar, dizem todos os anos muito sobre a verdade das previsões de Glauco. Píndaro Esquilo tem uma história sobre Glaukos das pessoas de Antedon”. -- Pausanias, Descrição da Grécia 9. 22. 7[9].
O postulado, nunca confirmado por nenhum indício arqueológico, da morte anual do rei sacerdote matriarcal em nada se configura com a pacífica civilização cretense mas até pode ser possível, ainda que muito improvavel, que este assassínio ritual tenha mantido a civilização cretense unida numa certa forma de cumplicidade mística.
O que se confirma e estaria subjacente ao postulado cultural de Robert Graves é a existência de arcaicos cultos da morte e renascimento do deus menino Zeus ou Dionísio, que teve várias variantes teonímicas, a mais conhecida das quais foi Osíris e a mais recente foi Jesus Cristo.
Pausanias, Description of Greece 6. 10. 1 (trans. Jones) (Greek travelogue C2nd A.D.): "Glaukos of Karystos (Glaucus of Carystus). Legend has it that he was by birth from Anthedon in Boiotia (Boeotia), being descended from Glaukos the sea-deity (daimonos thalasse)."
Karistos has known great glory at different times, from the prehistoric period. It took its name, from the son of the historic-mythical Centaur Heron, the heroic Karistos, who was the ruler of this place and gave it its name. According to mythology, the romance between the two greatest gods of ancient Greece, Zeus and Hera, was created on the top of mountain Ochi (1389m) above Karistos.
Que Glauco faria parte dum movimento arcaico de missionários religioso de mistérios salvíficos, proféticos e caritativos, é uma ideia perfeitamente plausível! No entanto desta realidade arcaica que viria dos tempos minóicos anteriores ao início da história na suméria já só restam mitos mal contados, nomes de deuses e toponímias. De factos, Karistos seria uma variante do nome de Glauco e o facto de que o famoso atleta Glaukos of Karystos seria de Antedão da Beócia, como Glauco pode não ser uma mera coincidência. Como esta ultima cidade grega seria uma colónia de plágios de origem cretense é possível que estes tenham sido os responsáveis pela permanência local do culto e da tradição de Glauco um deus dos mares e semi peixe que teria sido sempre Karistos, ou seja, um deus do amor como foram todos os deuses protágonos. A relação de Karistos com o amor de Glauco ter-se-á perdido e sido substituída pelos rituais do Hieros Gamos de Hera e Zeus! Na tradição gnóstica cristã permaneceu no sacramento do tálamo nupcial. Quanto à relação de Glauco com o amor teremos que entender como eco dele a forte paixão exclusiva que este deus teve com Cila.
Figura 3: Cila a amada de Glauco.
Glauco apaixonou-se por Cila, uma bela ninfa, mas não foi correspondido: a ninfa sempre se afastava da água quando ele tentava aproximar-se, assustada pela aparência dele. O deus recorreu então ajuda à feiticeira Circe, pedindo-lhe que preparasse uma poção que fizesse que Cila o amasse. Porém, estando a própria bruxa já apaixonada por ele, tentou dissuadi-lo com palavras afetuosas. Ele, contudo, afirmou que árvores cresceriam no fundo do mar e algas no cimo das montanhas antes que ele deixasse de amar Cila.
Enfurecida, Circe enfeitiçou a fonte em que Cila se banhava, para que esta se tornasse um monstro de doze pés e seis cabeças. Então, quando Cila finalmente entrou na fonte, viu serpentes na água. Tentando fugir, deu-se conta de que as serpentes eram na verdade o seu próprio corpo. A ninfa foi chorar a Glauco, que a recusou devido à sua aparência terrível. Circe esperou a visita do deus, mas ele, sabendo ter sido obra dela, não a perdoou pela crueldade.
No entanto o mito de Glauco e Cila confirma a caridade cristã de uma forma estranha: se o Amor com Amor se paga a rejeição parece que também! No entanto, enquanto deus do mar, Glauco teria em tempos arcaicos os mesmos atributos de Cila, como acontece com Porcis, não fazendo muito sentido a a rejeição que cila transformada recebeu de Glauco a não ser para Ovídio fazer uma vingança ética. De facto, Glauco & Cila seriam os deuses do Hieros Gamos originais do monte Ochi de Karistos porque não há coincidências em mitologia! Ochi ou Oki seria o monte do deus dos mares também conhecido como Ochi-ano, o deus do Caos Primordial!
«Oceano» < Lat. Oceanus < Grec. Ôkeanos < Ôke | < Ochi < Kaush
> Caos > Caco | + An-os.
Para finalizar teremos que salientar que também por aqui o cristianismo ou não seria original nem inteiramente inocente na sua identificação como o simbolismo do peixe com o nome de Jesus Cristo, porque afinal, Salvador e de Karistos, mestre do amo já tinha sido o deus peixe Glauco.
[1] The cow or calf (for so Hyginus describes it) was said to change colour twice a day, or once every four hours, being first white, then red, and then black. The diviner Polyidus solved the riddle by comparing the colour of the animal to a ripening mulberry, which is first white, then red, and finally black. See Hyginus, Fab. 136; Tzetzes, Scholiast on Lycophron 811; Sophocles, quoted by Athenaeus ii.36, p. 51 D, and Bekker's Anecdota Graeca, i. p. 361, lines 20ff.; The Fragments of Sophocles, ed. A. C. Pearson, ii.60, frag. 395.
[2] He is said to have discovered the drowned boy by observing an owl which had perched on a wine-cellar and was driving away bees. See Hyginus, Fab. 136. Compare Ael., Nat. Anim. v.2, from which it would seem that Hyginus here followed the tragedy of Polyidus by Euripides.
[3] Minos had now got back his son, but even so he did not suffer Polyidus to depart to Argos until he had taught Glaucus the art of divination. Polyidus taught him on compulsion, and when he was sailing away he bade Glaucus spit into his mouth. Glaucus did so and forgot the art of divination. Thus much must suffice for my account of the descendants of Europa. -- Apollodorus, Library and Epitome (ed. Sir James George Frazer).
[4] Now, they [the Argonauts sailing the through sea of Marmara] suddenly saw Glaukos (Glaucus), the sage spokesman of the sea-god Nereus, emerge from the salt-depths. Apollonius Rhodius, Argonautica 1. 1309 ff (trans. Rieu) (Greek epic C3rd B.C.)
[5] Diodorus Siculus, Library of History 4. 48. 6 (trans. Oldfather) (Greek historian C1st B.C.) :
"[The Argonauts] had already reached the middle of the Pontic Sea when the ran into a storm which put them in the greatest peril. But when Orpheus…offered up prayers to the deities of Samothrake [the Kabeiroi, Cabeiri], the winds ceased and there appeared near the ship Glaukos (Glaucus) the Sea-God, as he is called. The god accompanied the ship in its voyage without ceasing for two days and nights and foretold to Herakles his Labours and immortality, (…) and told them that because of the prayers of Orpheus he had appeared in accordance with a Providence of the gods and was showing forth to them what was destined to take place; (…). After this, the account continues, Glaukos sank back beneath the deep." Theoi Project.
[6] Os livores esverdeados resultam do pigmento de sulfametahemoglobina, formada pela acção do ácido sulfídrico produzido pelas bactérias da putrefacção sobre a hemoglobina resultante da hemólise sanguínea hipostática.
[7] But some affirm that Aesculapius was not a son of Arsinoe, daughter of Leucippus, but that he was a son of Coronis, daughter of Phlegyas in Thessaly (...). And having become a surgeon, and carried the art to a great pitch, he not only prevented some from dying, but even raised up the dead; for he had received from Athena the blood that flowed from the veins of the Gorgon, and while he used the blood that flowed from the veins on the left side for the bane of mankind, he used the blood that flowed from the right side for salvation, and by that means he raised the dead. I found some who are reported to have been raised by him, to wit, Capaneus and Lycurgus, (...); and Glaucus, son of Minos, as Melesagoras relates. -- Apollodorus, Library and Epitome (ed. Sir James George Frazer)
[8] Berossus: - Priest of Marduk in Babylon. Wrote Babyloniaca in Greek, around 281 BC for Antiochus I, to narrate ancient Mesopotamian cultural traditions to the Greeks. the work is known only in parts, from quotations from other Greek writers.
[9] Pausanias, Description of Greece 9. 22. 7: "By the sea [at Anthedon in Boiotia] is what is called the Leap of Glaukos (Glaucus). That Glaukos was a fisherman, who, on eating of the grass, turned into a deity of the sea and ever since has foretold to men the future, is a belief generally accepted; in particular, sea-faring men tell every year many a tale about the soothsaying of Glaukos. Pindar and Aiskhylos (Aeschylus) got a story about Glaukos from the people of Anthedon.”
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