Figura 1: Æ Aes Grave Dupondius (257 gm). Janiform head wearing pointed petasos FELA-ODI (Etruscan Velathri) retrograde around club flanked by I-I.
Volterra, conhecida pelos antigos etruscos como Velathri ou Vlathri e pelos romanos como Volaterra, é uma cidade e comuna italiana da região da Toscana. A cidade foi um assentamento da Idade do Bronze da cultura proto-villanova, e um importante centro etrusco (Velàthre, Velathri ou Felathri em etrusco, Volaterrae em língua latina), uma das "doze cidades" da Liga etrusca.
Vol-terra < Vol-a-terra < Vul-terra< Vul-tera < Vel-a-thri < *Wer-Thera <
***Ker-Kur***> *Wel-Thera > Fel-a-thri = FEL-A-ODI.
Jano era metafisicamente o deus do devir que para os povos se transforma em memória histórica que depois da terceira geração passa a lenda e com o esquecimento se transforma em mito.
O evemerismo é uma teoria hermenêutica da interpretação dos mitos criada por Evemero (cerca de IV a.C.) em sua obra (História sagrada) (ἱερα ανάγραφη, transl. Hiera anágrafe), da qual somente restaram alguns resumos, e segundo a qual os deuses não são mais que personagens históricos de um passado obscuro, amplificados por uma tradição fantasiosa e lendária.
Assim sendo, segundo os racionalistas romanos do tipo evemerista, Jano seria um estrangeiro, originário da Tessália que se teria exilado em Roma, onde seria recebido favoravelmente pelo rei Camese, que compartilharia seu reino com ele. Jano, então, construiu uma cidade na colina que tomaria o nome de Janículo em homenagem ao deus. Obviamente que, enquanto teoria, o evemerismo reducionistas passa de raspão pela improbabilidade de haver um rei local numa terra incivilizada e que além do mais este tenha partilhado o seu reino com um estrangeiro. Na verdade, quando a lenda se torna exagerada começa a fazer parte do mundo da mitologia fundadora que neste como noutros casos começa a ter tanto de plausível como de sacralizado. De facto, quando se começou a dizer que Jano inventou o uso de navios e o de dinheiro e teria civilizado as populações selvagens do Lácio que não conheciam as cidades, as leis ou o cultivo da terra começamos a entrar no reino da mitologia do grandes sábios Oanes do deus Dagon que muitos milénios anteriores teriam iniciado a civilização na Suméria. Então, outro patamar da interpretação racionalista será afirmar que a narrativa de Jano representa o ideal da Era de Ouro em que supostamente reinava a honestidade e paz entre os homens e a consequente prosperidade e abundância, o que mais não seria que uma mistificação resultante da mistura do ideal do paraíso perdido pré natal com a relativa e prolongada prosperidade da cultura minóica no caldo de cultura de civilização que terá sido a parte mediterrânica, anatólica do crescente fértil do médio oriente particularmente nas contas do mar Egeu posterior à época geológica do grande degelo que precedeu o dilúvio bíblico.
Serve isto para tentar iniciar o começo da explicação da razão da sobrevivência de arcaísmos na cultura latina e romana que os gregos pareciam quase desconhecer e explicar a singularidades do deus Jano Bifronte que segundo Ovídio a Grécia não tem nenhum nume igual. Para o fazer ainda melhor teremos também que repensar os epítetos deste deus.
Other names: Bifrons, Ianuspater (“Janus Father”), Ianus Quadrifrons (“Janus Four-faced”), Ianus Bifrons (“Two-faced Janus”), Dianus, Dionus.
Other Names and Epithets: Ianitos (Keeping Track of Time), Iunonius, Consuvius (‘”The Guardian of the Beginning of Human Life”), Cozeuios, Conseuius (the Sower), Patultius (the Opener), Iancus / Ianeus (the Gatekeeper), Duonus Cerus (the Good Creator), Geminus (Double), Rex (King), Father of the Gods (or part of the Gods), God of Gods, Pater, Patulcius, Clusivius or Clusius (Closer of Gate), Κήνουλος (Coenulus), Κιβουλλιος (Cibullius), Curiatius.
Figura 2: Típico do deus é que ele tem duas cabeças. Um olhando para trás e outro olhando para frente. Janus era o deus do passado e do futuro, dos novos começos. É por isso que o primeiro mês do ano, janeiro, leva o nome de Janus. A escultura retratada é uma herma com dois conjuntos de cabeças duplas. Está localizada, juntamente com sua irmã gêmea idêntica, na Ponte Fabricio (também conhecida como Ponte dei Quattro Capi, a ponte das quatro cabeças), a ponte que liga a Isola Tiberina (Ilha Tiberina) ao resto da cidade de Roma. A Ponte Fabricio é uma obra única por si só, é a ponte romana mais antiga (datada de 62 a.C.) ainda intacta e em uso. Ainda visível ao lado da ponte está uma inscrição que lembra a restauração em 23 aC. As duas hermas Janus foram transferidas de um santuário próximo, provavelmente o Templo de Janus que ficava no local da igreja San Nicola in Carcere. Na verdade, é bastante apropriado que o Templo de Janus estivesse localizado nas proximidades e que os hermes estivessem agora numa ponte sobre o rio Tibre. De acordo com uma lenda, Jano foi um dos primeiros reis do Lácio, uma região ao sul de Roma, e pai de Tiberino. O pobre Tiberino afogou-se num rio que passou a ter o seu nome: rio Tibre.
Como esperado, Janus está presente na região I da divisão do Céu de Martianus Capella e na região XVI, a última, encontram-se os Ianitores terrestres (juntamente com os Nocturnus), talvez a serem identificados com Forculus, Limentinus e Cardea[1], divindades estritamente relacionadas com Janus como seus auxiliares (ou talvez até mesmo não mais do que subdivisões concretas das suas funções), como o significado dos seus nomes implica:
For-culus é o deus da força, um iugum, uma passagem baixa;
Lim-entinus o guardião das limes das portas e dos limites,
Car-dea a deusa das dobradiças das portas que separam a Terra do Céu[2].
O problema colocado pelo adjectivo qualificativo terrestres, pode ser abordado de duas maneiras diferentes. Uma hipótese é que a representação de Martianus implica uma descida do Céu à Terra[3]. No entanto, a representação de Martianus não parece confinada a uma divisão Céu-Terra, pois inclui o Submundo e outras regiões obscuras ou recessos remotos do Céu. Daí pode argumentar-se que a articulação Ianus-Ianitores poderia ser interpretada como ligada à ideia das Portas do Céu (as simplegades) que se abrem no Céu de um lado e na Terra ou no Submundo do outro[4]. Simplégades (lit. "colidentes"), na mitologia grega, eram um par de rochedos situado à entrada do mar Negro, além do ponto onde as sereias cantavam que, por serem movediços, ou flutuantes, naufragavam todos os navios que por ali tentavam cruzar. O primeiro a atravessá-los foi Jasão e os Argonautas, auxiliados pela deusa Hera. Foram eles também os responsáveis por fixar os rochedos.
Stefan Weinstock conjecturou que essas três divindades da porta tinham um lugar na cosmologia como os Ianitores terrestres, "porteiros da terra", guardando a passagem para a esfera terrestre. No esquema apresentado por Martianus Capella, os Ianitores terrestres são colocados na região 16 entre as divindades dos escalões mais baixos, enquanto Janus, o porteiro divino por excelência, é colocado na região 1. Este arranjo pode representar os ianuae coeli, as duas portas dos céus identificadas por Isidoro de Sevilha quando diz que existem dois ianuae coeli, um nascendo (isto é, no Leste) e um poente (o Oeste): "O sol avança por um portão, pelo outro ele recua."
Meridies, vel quia ibi sol faciat medium diem, quasi medidies, vel quia tunc purius micat aether. Merum enim purum dicitur. Ianuae caeli duae sunt, Oriens et Occasus; nam una porta sol procedit, alia se recipit. Cardines autem mundi duo, Septentrio et Meridies; in ipsis enim volvitur caelum.
Além do significado de “dobradiça de porta”, o cardo foi também um conceito fundamental na topografia e no planeamento urbano romanos. O cardo era a principal rua norte-sul de uma vila, cujo levantamento era acompanhado de procedimentos inaugurais que alinhavam o espaço terrestre e celeste. O cardo era também um princípio no traçado do acampamento de marcha do exército romano, cujas portas eram alinhadas com os pontos cardeais (palavra derivada do latim cardo / cardinis) na medida que o terreno permitia.
De outros documentos arqueológicos, embora tenha ficado claro que os Etruscos tinham outro deus iconograficamente correspondente a Jano: Culśanś, do qual existe uma estatueta de bronze de Cortona (agora no Museu de Cortona). Enquanto Janus é um adulto barbudo Culśans pode ser um jovem sem barba, tornando possível a sua identificação com Hermes [5]. O seu nome também está relacionado com a palavra etrusca para portas e portões [6]. Segundo Capdeville, ele também pode ser encontrado na borda exterior do fígado de Piacenza na casa 14 na forma composta CULALP, ou seja, “de Cul-śanś e de Alp-an(u)” sob a autoridade de Pfiffig, mas talvez aqui seja a deusa fêmea Culśu, a guardiã da porta do Submundo [7]. Embora a localização não seja estritamente idêntica, há alguma aproximação nas suas situações sobre o Fígado e no sistema de Martianus. A. Audin liga a figura de Janus a Culśanś e Turms (a representação etrusca de Hermes, o deus mediador grego entre os diferentes mundos, trazida pelos etruscos do Mar Egeu), considerando estas duas últimas divindades etruscas como uma só [8]. Esta interpretação identificaria então Janus com o deus grego Hermes. As medalhas etruscas de Volterra também mostram que o deus de dupla cabeça e os Quadrifrões de Janus de Falerii podem ter uma origem etrusca [9].
Suidas s.v. Trikephalos (trad. Suda On Line) (léxico grego bizantino C10 d.C.) : "Trikephalos (Três Cabeças): Hermes, no papel de alguém ensinando sobre as estradas e portando uma inscrição indicando onde esta estrada leva. Mas talvez ter uma cabeça apontando para cada estrada. Quem montou o Hermes Trikephalos, como diz Filochoros, foi Prokleides, um amante de Hipparkhos. Isaios no discurso Sobre Eukleides escreve: "um curto caminho acima do Trikephalos (Três Cabeças), pela estrada Héstia". Na íntegra, este é 'o Hermes Trikephalos'."
CULSAN
Culśanś – Etruscan God: In the little-known Etruscan mythology, Culśanś has been identified as being the counterpart to the Roman Janus. This connection seems more likely given Culśanś’ role as a god and protector of doorways and his depiction of having two faces.
Figura 3: Estatueta de bronze de Culsans de Cortona. Cortona, Museo dell'Accademia Etrusca, ca. 300-250 aC.
Há uma passagem do autor romano Plínio, o Velho, em que ele diz que um templo de Jano foi consagrado pelo cônsul Gaius Duilius em 260 AC após a Batalha de Mylae no Holitório do Fórum. Continha uma estátua do deus com a mão direita mostrando o número 300 e a esquerda o número 65 – ou seja, a duração em dias do ano solar, e doze altares, um para cada mês.
Isso levou muitos estudiosos a considerar se as posições dos dedos das estatuetas Cortona também podem ser significativas porque se as posições dos dedos fossem destinadas a representar um valor numérico relacionado ao calendário, isso poderia sugerir que Culśanś tinha uma associação com o tempo e o ciclo do ano, assim como Janus. A verdade é que a posição dos dedos do deus Culsans nesta estatueta é estranha, mas, desconhecendo nós a numeração etrusca, pouco mais poderemos adiantar, para a além da suspeita razoável de que poderá ser como Plínio, o Velho, referia.
Segundo o linguista Onofrio Carruba, o nome deste deus é comparável ao do deus hitita Gulsant, nome que deriva da raiz hitita guls, com o significado de "marcar, gravar", portanto o deus Gulsant seria ser “aquele que corta”, com função semelhante à das Fadas Romanas. Guls-: riscar, escrever, marcar. − gulsant- : "marcado" = "excelente". -- Léxico hitita.[10]
Jano Clusivio (Macrobius acima I 9, 15): > Κλουσί-βιον >Κλούσι-ον
ó Clusi-uius
Janus Clusi-vius faz a ligação de Jano ao etrusco Culśanś sobretudo na forma Κλούσι-ον que é quase Culśanś.
Sancho é um nome masculino, e mais tarde um sobrenome, de origem geográfica comprovada na área basca, devido à sua extensa expansão posterior, considerou castelhano de forma matizada. Sua etimologia é obscura e contestada, para alguns do latim sanctus ("santo"), para outros do Basco Santxo ou Sancho, Santzo, Santso, Antxo ou Ancho, Antso ou Antzo. Em latim é Sancius ou Sanctius, que às vezes é castelhano como Sancio. Foi muito popular nos reinos cristãos medievais, em ambos os lados dos Pirenéus, especialmente e principalmente no reino de Navarra.
5. Mientras ninguno de los anteriores argumentos en sí, ni siquiera el conjunto de los cuatro, es para mí tan definitivo que no permita mantener la duda, me parecen, en cambio, cobrar bastante verosimilitud si se examinan a la luz del hecho de que, efectivamente y aparte del uso como nombre propio, sanctus ha dejado en la Península duplos — que pueden atestiguar la existencia de una pronunciación con mantenimiento o reintroducción purista de la c junto a las formas populares correspondientes en que ésta había desaparecido — en los que no parece haber podido jugar ningún papel ni Sancius ni sanctius. (...)
Figura 4: Detail of Culsans on a Sarcophagus from Tuscania. After Taylor.
C) Si en "Al buen callar llaman sancho / santo'" las dos formas re - montan a sanctum, se tendría un nuevo duplo, de fuerza tanto más com[1]probante cuanto que, aparte de venir a añadirse a los anteriores y a corro[1]borarse mutuamente, menos pueden haber entrado en esta denominación común ni Sancius ni sanctius. (...)
De acuerdo con el entronque con el italiano Sanzio; pero éste debe referirse etimológica[1]mente no a un sanctius comparativo neutro, sino a un Sanctius derivado de Sanctus en forma de gentilicio, (...). -- Posibles derivados semicultos de Sanctus, SEBASTIÁN MARINER BIGORRA. (Universidad de Madrid.)
Quando se argumenta com muitas palavras ficamos com a sensação de que «quem muito fala pouco acerta» pois parece que se «al buen callar llaman Sancho» tal aconteceu porque o visado já era Sancho de nascimento pois que, de facto, o mais acertado seria pensar que "al buen callar llaman saggio" que era o que os duques de Toledo temiam que seu filho Sancho não viesse a ser senão há força do provérbio que guarda o bom saber viver. [11] Sendo assim, as dúvidas acontecem porque possivelmente a santidade ibérica não derivariam apenas do latino sanctus porque já por cá andaria em termos que teriam a mesma origem do latim como parece o caso do etrusco Culsans.
Culśu- + Anu > Culśanś < Cur- | Sanchu > «Sancho».
ó *Kur- | Chu-An > *Su-An > Xuan > Jano |.
< *Kur- Chu-An > *Vul-Chan
Vulcano < *Vul-Chan > Welchano.
Passando para a parte desfavorável do Fígado, outra divindade provavelmente equipada com um epíteto é a da caixa 14, cujo nome é abreviado para cvl alp. Eu diria que o primeiro segmento não precisa necessariamente ser preenchido em cul(sansl), como muitos acreditam. O teónimo Culsans (ortografia setentrional) pode de facto ser um composto do tipo iuppiter, a analisar em culi sans, «Culs parental», com assimilação da sibilante inicial de sans, não marcada na pronúncia setentrional, à sibilante final de culs, que em vez disso era. Na verdade, é mais provável que o nome original do deus fosse formalmente idêntico ao apelativo que significa "porta", como no caso do latim Ianus (enquanto o demónio Culsu era na verdade "o Porteiro"). Portanto cvl del Liver pode significar cul(sl) ou mesmo apenas cul(s), tendo em conta que a variante Cui do teônimo é atestada pelo altar perdido de Bagnoregio e, indiretamente, pelos cultores Culianienses de Tarquinia e por alguns nobres provavelmente teofóricos. -- A proposito degli dei del fegato di Piacenza, G. Colonna.
Por outro lado, Cul-śanś é, como se suspeitou antes a respeito do patronímico «Sancho», literalmente (Kul < Kur) o “o monte são e santo”. Ora, a raiz Kur aparece nos epítetos de Jano Quirinus< Κυρ-ινον < Κουρ-ιάτιον. Portanto, tal como Enki era deus do Kur, também Culśanś e Jano Clusi-vius eram deuses infernais. O cretense Velchanos suposto jovem Zeus seria afinal também uma deus infernal dos raios nocturnos.
Culsans (Culśanś) é uma divindade etrusca, conhecida por quatro inscrições e uma variedade de material iconográfico que inclui moedas, estatuetas e um sarcófago. Culśanś é geralmente representado como uma divindade masculina com duas faces e pelo menos duas estatuetas representando-o foram encontradas em estreita associação com os portões da cidade. Essas características sugerem que ele era um protetor de portais, que podia vigiar o portão com dois pares de olhos.
Culśanś < Culśu + Anu< Culśu > Cluvio.
> Clusius> Clusi-vius < Clusium
> Etrusc. (clewsi)> >*Cliusu > Chiusi
> clusus < clūdō, clūdere, clūsī, clūsum
= claudo, claudere, clausī, clausum.
Clausum < proto-itálico *klaudō < ??? do proto-indo-europeu *kleh₂u- (“chave, gancho, prego”). ó grego antigo κλείς (kleís, “barra, ferrolho, chave”), alto alemão antigo sliozan (“fechar, concluir, trancar”) > saxão antigo slūtan (“fechar, concluir, trancar”).
Culśanś < *Kurchan= *Chan-Kur < Ki-An Kur > *Chon-Chu®
> Egipt. Chonso > Lat. Consus.
Ver: CONSO (***)
ANI
Ani é uma figura da mitologia etrusca. Na mitologia etrusca, Ani é o deus do céu. É caracterizado como habitando o céu mais alto e às vezes é representado com duas faces, possivelmente equivalente ao deus acadiano Anu e ao deus romano Janus. Sua posição no fígado de Piacenza correspondia à das grandes divindades celestes que, segundo a teologia etrusca, residem na parte nordeste do céu. A assonância do nome com o do deus romano Jano levara a crer que havia uma equivalência entre eles; Ani Em 1981, uma nova leitura do etruscologista Adriano Maggiani permitiu reconhecer que essa divindade nunca havia existido na mitologia etrusca.
Segundo ele, a existência da divindade Ani foi inferida de uma leitura equivocada, como um dos quarenta nomes de divindades no fígado de Piacenza. A posição de Ani no fígado de Piacenza corresponde à das grandes divindades celestes que, segundo a teologia etrusca, residem na parte nordeste do céu. A assonância do nome com o do deus romano Jano levou à crença de que havia uma equivalência entre eles; na realidade, o correspondente etrusco de Jano é o deus Culsans.
Figura 4: Figado de Piacenza. Não é preciso muita retórica académica para concluir que na posição 3 está escrito TINS.
2.1. As três primeiras regiões. A restauração de uma estrutura mais homogénea às caixas do lóbulo direito e as observações epigráficas feitas relativamente à elaboração do texto inscrito introduzem-nos no problema, em todo o caso muito importante, relativo ao ponto de partida da série. Tem havido um longo debate em torno deste tema e todas as alternativas possíveis foram propostas. Esta escolha envolve, de facto, toda uma série de problemas fundamentais, como o reconhecimento e determinação de uma estrutura orientada para o fígado e a possibilidade de realizar a comparação com a sequência de deuses de Marciano Capella, e é em todo caso uma premissa indispensável para qualquer tentativa de conectar as regiões internas e a coroa externa do fígado. O intérprete do desconforto paralisante que a não resolução deste problema causou entre os estudiosos foi o próprio Weinstock que, após um breve digressão, praticamente desistiu de estender a investigação que realizava sobre a cosmologia etrusca ao bronze de Piacenza.
A solução, à qual Pallottino deu autoridade, é hoje quase universalmente aceite e baseia-se no correto reconhecimento da necessidade de colocar Júpiter nas três primeiras regiões, consistentemente com as informações de diversas fontes antigas, evidenciando a aporia a que o raciocínio demasiado rigoroso tinha levado Thulin, que, para escapar à contradição decorrente de uma passagem de Seneca, acabou relegando Júpiter à “regiones maxime dirae”. Mas, apesar de ter a seu favor a verossimilhança e a evidência das fontes, a solução palottina certamente não ficou imune à possibilidade de críticas, mesmo disruptivas, e de contradições graves, como a correspondência imperfeita dos dados do fígado com as fontes literárias, por exemplo, em relação à terceira região, onde o nome de tin não apareceu; De fato, Pallottino tentou reconstruí-lo sob os traços de um problemático < *t(i)ne (*), para garantir o confronto com Marziano. Mas a hipótese de Pallottino foi combatida sobretudo pela intransponível aporia constituída pelo nome ani = Ianus registado apenas na terceira caixa, quando uma grande e unívoca série de fontes indica o deus como aquele que supervisiona todos os começos. E é muito estranho que este aspecto do problema nunca tenha sido levantado, tanto mais que esta presença embaraçosa também contrastava com o que testemunha, pelo menos uma fonte antiga, notoriamente conhecedora das coisas etruscas. Na verdade, como se sabe, Giovanni Lido afirma no seu de mensibus que Jano foi dito Ουρανός pelos etruscos.
Até hoje, a ambiguidade sobre o verdadeiro ponto de partida de toda a série não parece estar completamente superada, ainda que mesmo na obra recente de Van der Meer a solução proposta por Pallottino seja discutida (com outros argumentos, no entanto) e pareça rejeitada dado que, para concluir, o autor afirma que as regiões 8 e 9 (cada / fufluns) indicam o sudeste. O reconhecimento do nome tins em vez de ani elimina qualquer dúvida quanto à correta numeração das caixas na fita externa. A presença do teónimo em três regiões distintas está, portanto, de acordo com a tradição que atribui a Júpiter três tipos de relâmpagos (distintos não só pelo seu carácter certo mas também pela sua proveniência), mas está sobretudo em harmonia com a tradição representada por Marziano Capella e do pseudo-Acrone, fontes quase certamente independentes entre si, que situam o deus nas três primeiras regiões celestes, atribuindo, ao mesmo tempo, uma garantia de valor documental a estes escritores tardios. A passagem do escoliasta de Horácio é particularmente importante e, embora muito conhecida, talvez valha a pena reproduzi-la na íntegra:
... secundum aruspicum dieta vel disputationes, qui Iovem primam secundam et tertiam partem caeli solum volunt in fulminibus tenere
de acordo com “aruspicum dieta” ou debates arúspicos, aqueles que desejam manter Júpiter na primeira, segunda e terceira parte do céu querem apenas segurar os raios.
(*) Assim como THULIN, ibidem, p. 33 reconstruiu a correspondência com as três primeiras regiões de Marziano acrescentando, às duas caixas da fita externa, a caixa interna com tinsivf, ou como Dumézil, op. cit., pág. 582, identificou Júpiter em três caixas da fita externa do fígado (2, 3, 16 de sua numeração), observando que o deus apareceu duas vezes como Tin e uma vez como vetis. = tne <*t(i)ne parece fundamentado no testemunho de TLE 269, um oinochoe nas figs. Preto com representação de Dioscuri, sobre o qual aparecem inscrições pintadas, de Ribezzo, em RIGI XV, 1931, p. 99 e seguintes, fig. 1-3 acredita-se ser etrusco e lê-se tinsdnf. Na realidade trata-se de um vaso ático, que facilmente se enquadra no âmbito do Grupo Leagros, a que se refere, além da forma (é um oinochoe tipo II, Cambridge classe 162, Beazley, ABV, p. 377, 243 ss.), o estilo das figuras (uma comparação, embora um tanto genérica, em CVA Cleveland Μ., I, Princeton 1971 (C.G. Boulter), p. 12, pl. 18) e sobretudo o carácter das inscrições sem de significado, em que o grupo NEX está frequentemente envolvido, como parece ser possível identificar também no vaso em questão (registo central); ver, além de CVA, Cleveland, cit., p. 12 e seguintes, também CVA, S. Francisco, Cambridge Mass. 1943, p. 30 (HRW Smith). – QUALCHE OSSERVAZIONE SUL FEGATO DI PIACENZA, A(driano) Maggiani.
Por tanto, não se pode concluir que o deus Ani tenha existido de facto no panteão etrusco.
No entanto, nada disso invalida a importância de Jano como deus pai dos deuses e dos começos do mundo romano. Na verdade a equivalência de TIN não deve ser feito, pelo menos no imediato, com Júpiter, mas com Jano. Quase seguramente estes deuses latinos seriam a mesma entidade soberana, que, na origem da cidade de Roma, seria Jano. Se repararmos que Jano é literalmente Ju + Anu = Xu(r) (atmosfera < Kur, ar da montanha) + Anu (céu) compreendemos que, se superarmos o preconceito da tradição jupiteriana, Júpiter seria Ju + Pater, coisa que Jano também era. Por outro lado, a identificação de TIN com Júpiter é meramente funcional. Já a identificação de TIN com Jano é etimológica e funcional.
Sendo o arcaico panteão romano uma herança itálica que, quase seguramente, partilhada com os etruscos, natural seria suspeitar da relação de Jano com os deuses supremos etruscos, Tinia& Uni.
Aceitando que a esposa de Jano poderia ter sido Jana ó Juno e ambos pais de Ju-Tur(a)n(a) fica a restar a relação de Jano com Tinia que, embora não pareça evidente, está-lhe latente na face.
Tin < Tin(ia)s < Tin(ha) < Tina< Ti-nia < *Ti-Iane >Thiane > (Jano ) Dianus
*Ti-Iane >Yu-Ane < Xu-Anu > Ianu > Jano.
Dito de outro modo, se o deus dos céu dos etrusco era TIN:
> Tianit(a) > Tanit.
TINia < *Ti-Ani = Deus (Ti) Ani< Ti-Anu> (Jano) Dianus.
Quanto ao etrusco Ani se ele não existiu explicitamente poderia ter existido enquanto verdadeiro nome de TIN / Tinia. Se não se comprova que Ani tenha estado no panteão etrusco explicitamente como deus do céu a verdade é que ficou implicitamente no nome de Tinia pois Anu foi deus do céu da Suméria e como Ani era uma no Egipto uma divindade lunar que habitava com sua esposa Anit / Anat no mais alto dos seus suspeitando-se que o mesmo terá acontecido na cultura dos plágios pré gregos de que ficou o nome de Urano como sendo literalmente o guerreiro do céu.
Na mitologia etrusca, Ani é o deus do céu. Ele é mostrado vivendo no mais alto céu. Ele às vezes é mostrado com duas faces, possivelmente mostrando uma ligação com o deus sumério Anu e o deus romano Janus.
Na mitologia egípcia, Ani é uma divindade lunar egípcia obscura que foi adorada durante a unificação do Egito por volta de 3.000 aC. Sua esposa e companheira é a deusa Anit. Ele é descrito como habitando no céu mais alto.
Na religião egípcia antiga, Aani ou Aana é o macaco com cabeça de cachorro sagrado para o deus egípcio Thoth. "Um dos nomes egípcios do Babuíno Cynocephalus, que era sagrado para o deus Thoth."
A palavra hieroglífica egípcia para "babuíno" é jꜥnꜥ no estilo alemão de transliteração. Atestada cerca de quarenta vezes na literatura existente, essa palavra se refere ao próprio animal. Muitos deuses egípcios podem se manifestar em um aspecto de babuíno ou ter outras associações com o animal, incluindo:
Hapy, um deus que protege o frasco canópico que contém os pulmões após o embalsamamento.
Khonsu, um deus conhecido como "comedor de corações" nos Textos da Pirâmide. Thoth, um deus da razão e da escrita: "E assim surgiu o Babuíno de Thoth", diz um texto da 18ª dinastia.
Se “a palavra hieroglífica egípcia para "babuíno" é jꜥnꜥ, no estilo alemão de transliteração”, tal poderá significar que Jano ou Jino seria o nome explícito do babuíno egípcio, embora, em copta, a palavra para “macaco” seja “kuptaion”.
A'ani reside em Duat (o submundo / reino dos mortos). Como deus do equilíbrio, ele assumiu a forma de um macaco. Ele registrou a pesagem dos corações dos mortos como se fosse um ciba.
É plausível que ele, como A'ani, e não Íbis / Thoth, tenha participado das Três Batalhas Épicas. O papel de Thoth nessas batalhas era garantir que nenhum dos lados obtivesse uma vitória completa, o que perturbaria o equilíbrio do universo. Para evitar que isso acontecesse, Thoth curaria as feridas dos combatentes.
Embora Thoth, o deus do conhecimento, seja creditado, é provável que tenha sido A'ani, o deus do equilíbrio, que participou para manter o equilíbrio do universo.
Ver: TESHUP, ZEUS & JÚPITER (***)
Suspeita-se que Te-chuva fosse um deus egeu já existente na civilização minóica onde seria Te *Xur-ka, lit. “deus da montanha (Kur) da vida (ka) eterna”, também um deus taurino. Suspeita-se também que uma das variantes do seu nome seria *Te-Cheba que seria literalmente o filho da deusa mãe *Heba / «Eva», que ao casar com o filho passou a Hebat / *Kikat / Hekate. Suspeita-se sobretudo que Techuva seria já uma forma elíptica de *Te-Chu(r)-ka com o significado habitual de aquele que transporta a vida (ka)! Ora, de *Te-Chu(r)-ka vai-se facilmente a Sumer. Iskur ó Cret. *Kurijo. Portanto, tal como Enki era deus do Kur também Culśanś e Jano Clusi-vius eram deuses infernais.
Ahura (Mazda) < Hahur < Ka-Kur > Sakur> Sacher > Saturno.
Ashur < Hashur < Ka-Kur >Ka-Chur < Chu(r)-ka
Teshup < Teicheva < *Te-Chu(r)-ka
< Te-Kur-Sha < *Kurijo.
Culśu < Culśanś <Kur-Xu-Anu < Kur Jano > Welcheno
Kur-Xu-Anu = Kur Anzu
Culsu < Kulshu < *Kalisha < Ishkar > Ishtar / (H)eresh(kigal).
Culsu era a Deusa Demônio dos Portais do Inferno, é uma Tutor Finium, e assim termina o Quadrante Sudoeste, que é conhecido como Regiones Dirae [As Regiões Temerosas].
Clesis, Clisis, Cleusis, Clūsius msg (Clūsiī o Clūsī)
Clusio (Κλούσιος) é um río en Galia Transpadana que desemboca en Ollius, agora Chiese.
O busilis de toda a questão relativa a etimologia tanto de Jano como de Jupiter está na passagem de Iu-gis ó Iu-gus.
É obvia a relação de Iu-gus com o conceito prático evidente da balança oculta no «jugo» Ζυγός (Zygós) e desta com o equilíbrio da boa ordem de Maat e a justiça de Metis ou seja Iu-gis ó Iu-gus remete para a dicitomia Maat ó Metis. Portanto a relação teórica abstrata do tempo eterno e utópica do motum peretuum Iu-gis e a realidade prática duma longa vida saudável passava pela sujeição ao equilíbrio do Iu-gus da lei num mundo caótico da realidade. Esta ideia da justiça alçançada pela virtude implicava o conhecimento das leis da vida que os sumérios apelidavam de «mês», conceito que não estava longe dos meses do calendário latino a que Jano presidia. Por outro lado Jano / Hermes era Enki cujo vizir era o deus Ismud, ou Muhra.
Ahura (Mazda) < Hahur < Ka-Kur> Sakur > Sacher > Saturno.
Ashur < Hashur < Ka-Kur > Ka-Chur < Chu(r)-ka
Teshup < Teicheva < *Te-Chu(r)-ka
< Te-Kur-Sha < *Kurijo.
Culśu < Culśanś < Kur-Xu-Anu < Kur Jano > Welcheno
Kur-Xu-Anu = Kur Anzu
Culsu < Kulshu < *Kalisha < Ishkar > Ishtar / (H)eresh(kigal) A Deusa Demônio dos Portais do Inferno, é uma Tutor Finium, e assim termina o Quadrante Sudoeste, que é conhecido como Regiones Dirae [As Regiões Temerosas].
Clesis, Clisis, Cleusis, Clūsius msg (Clūsiī o Clūsī)
Clusio (Κλούσιος) é um río en Galia Transpadana que desemboca en Ollius, agora Chiese.
Figura 5: Geta (como Augusto). AR denário, Casa da Moeda de Roma, atingiu 211 d.C.; 3.15g. BMCRE C13–4, Colina 1296 (S2), RIC 79 (S), RSC 197. Obv: P SEPT GETA PIVS AVG BRIT; Cabeça de laureado do homem direito, barbudo. Rx: TR P III – COS II P P; Janus de pé na frente, segurando lança invertida e raio. EF[12].
Nota: BMCRE V diz em sua introdução: "Este 'Janus' com raio e cetro é certamente uma expressão fantasiosa da dualidade do Império. O Júpiter imperial é agora 'bíceps'. Foi certamente uma fantasia que agradou mais a Geta do que a seu irmão Caracalla que odiava a ideia de total igualdade de governo e sempre insistia em sua própria antiguidade. No longo prazo, ele não estava disposto a tolerar um colega em quaisquer termos."
Conexão Grega –Por mais que os antigos gregos e romanos tentassem afirmar que Jano não tinha nenhuma ligação com o Oriente Médio, e que Jano é apenas uma divindade romana, existem alguns escritores muito posteriores que equiparariam Hermes a Jano, especialmente durante a era helenística da cultura grega.
Alloprosalos: este epíteto homérico que significa “dupla face” pretende ser depreciativo, chamando Ares de mentiroso, embora se sinta que fala da natureza nutritiva e destrutiva de Ares.
Foram encontradas na Grécia cabeças de deuses semelhantes a Janus relacionadas com Hermes, talvez sugerindo um deus composto.
IUPITER AMBISAGRUS E IUPITER DIANUS.
Zeus& Júpiter raramente, ou nunca, foram Janiformes na arte clássica.
Iupiter Ambisagrus e Lupiter Dianus.
Zeus e Júpiter raramente, ou nunca, foram Janiformes na arte clássica. Em 1843, E. Braun publicou uma cabeça bifrontal no Palazzo Spada em Roma (pi. xx), que ele considerou ser uma representação de Zeus em seus caracteres celestes e ctônicos, o primeiro suave, o segundo severo.
Braun foi seguido por J. Overbeck. Mas E. Gerhard, quando confrontado com a cabeça, não conseguiu detectar tal distinção. E K. F. Hermann4, P. W. Forchhammer, K. O. Miiller, W. H. Roscher, estavam todos inclinados a pensar que o escultor pretendia retratar, não um Zeus Janiforme, mas o próprio Iano. No entanto, Braun foi capaz de apoiar a sua afirmação citando de P. Pedrusi (fig. 215) uma moeda de prata de Geta, cunhada em 211 d.C., que certamente mostra um deus imberbe (?) de duas faces - presumivelmente lupiter - segurando um feixe de raios na mão esquerda e uma lança invertida na direita. |
Forchhammer observou que os atributos são os do Iupiter Conservador, e sugeriu que este deus foi fundido com o Ianus Conservador em um tipo numismático único que comemora o duplo governo de Geta e Caracalla. Eu deveria explicar isto de maneira um pouco diferente.
Uma notável inscrição gravada num pequeno altar encontrado em Aquileia regista o culto de Iupiter Optimus Maximus Conservator & Ambisagrus. O último título é comummente considerado bastante obscuro. Mas, tendo em conta a nossa moeda, torna-se transparentemente simples. Ambisagrus é o latim vulgar para Ambisacrus e significa “Sagrado de ambos os lados”. Isso implica que o Iupiter em questão era um deus semelhante ao Ianus de duas faces. Consequentemente, não nos surpreendemos ao descobrir que na mesma cidade de Aquileia havia um culto a Iupiter Dianus – uma forma antiga de Ianus identificada com o posterior Iupiter. Não é por acaso que este Janiform Iupiter ocorre num distrito permeado de influências celtas.[13] (...)
(D)IANUS, UM IUPITER MAIS VELHO.
Mas as relações que subsistem entre Ianus e Iupiter exigem uma declaração mais clara e uma definição mais próxima. Ianus era comummente reconhecido como o deus mais antigo da Itália. Juvenal chama-lhe Ianus Pater e “o mais antigo dos deuses”. Herodiano fala dele como o “mais antigo deus indígena da Itália”. Procópio diz: “Este Iano foi o primeiro dos deuses antigos, a quem os romanos em sua língua chamavam de Penates”. No que diz respeito ao seu carácter essencial houve menos acordo. Segundo Varro, algumas autoridades o identificaram com o céu, outras com o universo. O próprio Varrão parece ter partilhado desta última opinião, mas M. Valerius Messalla, cônsul em 53 a.C. e um áugure de cinquenta e cinco anos, começou um tratado sobre Ianus com as seguintes palavras:
Aquele que molda todas as coisas e as governa também uniu, por um lado, a água e a terra, elementos pesados que deslizam para o abismo, por outro lado, fogo e ar, elementos leves que escapam para o espaço, através do céu colocado ao redor deles: assim a grande potência do céu uniu duas forças diferentes.
Este extrato, cuja preservação devemos à erudição de Macróbio, permite-nos ver como uma mente filosófica pode passar de uma crença em Ianus como o céu para uma crença em Ianus como o universo. Outros o equipararam ao ar, ou ao caos, ao vazio escancarado. Outros, sob a influência do Orfismo, viram nele “um poder que controla os dois Ursos e envia almas divinas para se juntarem à dança lunar”. E, claro, os mitólogos solares da república e do império reivindicaram-no para si. Outra extensão natural do significado transformou o deus do céu num deus do tempo. Ele era o deus do dia. Ele era o deus dos meses. Ele era o deus das estações. Ele era o deus do ano. Ele era o deus da eternidade, sendo o pai de Aion ou o próprio Aion. Agora, se assumirmos como, penso eu, estamos justificados em assumir que Ianus, como Júpiter, era, para começar, simplesmente o Céu divino, podemos compreender, não apenas todas as tentativas anteriores de interpretá-lo em termos de espaço e tempo, mas também a notável descrição dele como “deus dos deuses” contida em um fragmento existente do hino Saliari. [14].
Seu título Matutinus também adquire novo significado, e podemos apreciar integralmente os versos de Horácio: Senhor da manhã (eu te chamo correctamente, ou ouve o nome de Jano com mais prazer?) Quem apresenta, então os deuses ordene, as diversas tarefas da vida, inaugure minha estirpe.
Além disso, a concepção romana de Ianus alinha-se assim com a dos etruscos, que, como admite Varrão, o consideravam o céu puro e simples. Finalmente, esta visão de Ianus é corroborada pela etimologia mais provável do seu nome.
Correspondendo com a série: Diviana4 Diana5 Iana6
Ianus, portanto, pode ser legitimamente conectado com dius (para diuios), uma palavra que nos é familiar na frase sub dio, 'sob o céu aberto'.
ZAN, UM ZEUS MAIS VELHO.
Em suma, concebo que Ianus e Iupiter eram os deuses do céu adorados por duas camadas sucessivas da população da Itália. Ianus, ao que parece, pertencia à linhagem mais antiga – que, por falta de um nome melhor, eu deveria chamar de Ilírio – e foi mantido pelos novos latinos, apesar do fato de seu próprio Iupiter ser um deus de caráter essencialmente semelhante. Além disso, eu deveria estar preparado para descobrir que, correspondendo a Dianus (Ianus) e Diana (Iana), o antigo deus do céu e sua consorte da península Itálica, havia um par divino semelhante de origem afim no lado oposto do Adriático. E aqui ficamos impressionados com o fato de que o nome Dianus (Ianus) ocorre tanto como radical 0 (Ianus) quanto como radical z (Ian) o hino saliano. Em nossa busca por um equivalente grego, recorremos naturalmente aos escassos vestígios da literatura dórica e às inscrições dóricas, moedas, etc., uma vez que os dórios, como insiste com razão Sir W. Ridgeway, eram ab origine uma tribo ilíria. Agora, a contraparte fonética do Sálico Ian é Zan, que R. Meister provou não ser um hiperdorismo para o Zen*, mas uma forma dórica genuína atestada por todas as fontes dialetais. Ianus ou Ian foi equiparado a Zdn por A. F. Pott (1833)1, HL Ahrens (1843)2, G. Legerlotz (1858)3, C. Petersen (1870)4, H. Usener (1900)3; e a equação não foi contestada com sucesso por nenhum crítico posterior.
O culto de Zan pode ser rastreado mais claramente em Creta, onde ele ostentava o título de Me'gas, "o Grande" Zan - um apelativo natural do deus do céu. Assim, Eurípides, em seus Cretenses, fala de Minos como “Filho de Europa e de Zan, o Grande”. Aristófanes parece estar zombando da mesma peça euripidiana, quando em seus Pássaros ele faz Euélpides ejacular: 'Então agora deixe-o trovejar, Zan, o Grande''!
Mais uma vez, o famoso túmulo em Creta foi inscrito com um epitáfio que, de acordo com a versão mais bem atestada, dizia: "Aqui jaz o Grande Zan, a quem os homens chamam de Zeus*." Se o culto do Zeus cretense se assemelhava ao de Adônis ou Tamuz e em tempos históricos envolvia um festival anual, no qual o deus era morto e comido na forma de um touro, há sentido na curiosa variante de seu epitáfio: “Aqui jaz um Grande Boi, a quem os homens chamam de Zeus”. Os devotos do Zeus cretense na verdade comiam o Grande Boi como parte de seus ritos místicos. Quando, portanto, o vigia no Agamemnon exclama: “Quanto ao resto estou em silêncio: um grande boi veio sobre minha língua”, ele estava, presumo, simplesmente repetindo uma fórmula* dos mistérios cretenses que havia passado para um provérbio para segredo juramentado.
Novamente, se a morte de Zan, o Grande, foi, como a de Tamuz, objeto de lamentação anual, não podemos deixar de recordar o relato de Plutarco sobre a voz que ordenou ao piloto Thamous que levasse a misteriosa notícia: “Pan, o Grande, está morto”. Devemos concluir que esta história singular foi, em última análise, baseada no ritual de Zan? Vale a pena considerar a localidade da suposta ocorrência. A voz desconhecida veio da direção de Paxoi, um par de pequenas ilhas, agora chamadas Paxo e Antipaxo, na foz do rio Thesprotian, Acheron, que flui através do Lago Acherusian até o mar. Thamous deveria fazer seu anúncio “contra Palodes”, um lago lamacento em cuja saída ficava a cidade de Bouthroton ou Bouthrotos. Nenhum dos lugares tinha nada a ver com Pan. Ambos podem ser facilmente conectados com Zan.
Pois no Lago Acherusian estava o túmulo de Plutão, que o autor das Homilias Clementinas compara expressamente com o túmulo de Zeus em Creta. E uma moeda de cobre de Bouthroton, cunhada quando a cidade se tornou uma colónia romana, tem no anverso a cabeça de Zeus usando uma coroa de carvalho, no reverso um boi. Outros cobres da mesma cidade mostram um boi em pé ou uma cabeça de boi. O boi desempenhou de facto um papel na fundação das lendas tanto de Boucheta (Bouchetos, Boucheton, Bouchetion) perto da foz do Acheron como de Bouthroton também; sendo comparável por um lado ao touro de Europa, por outro à vaca de Ilos em Tróia ou no 'touro Adiouniano' em Creta. Parece bastante provável que neste distrito, povoado por tribos ilírias, que abriram caminho de norte a sul e foram parcialmente helenizados pelo contacto com os seus vizinhos, Zeus represente Zan — um nome que reaparece nos Zanes de Olímpia. Quando Zan abandonou a linguagem popular, uma história envolvendo seu nome meio esquecido poderia muito bem ter ficado ligada a Pan. Epitherses, que contou a história, era um gramático de Nikaia, na Bitínia, que vivia no reinado de Tibério; e moedas de Nikaia, cunhadas por Marco Aurélio, Caracala, Macrino, Heliogábalo, Severo Alexandre, Maximino, Gordiano III, Filipo II, Trebonianus Galus e Galieno, dão grande importância a Pã. Além disso, a Teogonia Órfica de Hellanikos há muito havia identificado Zeus com Pã, enganado pelo que parecia uma etimologia óbvia. No geral, portanto, pode-se inferir que a história de Plutarco realmente postula como fonte original a liturgia de Zan, O Grande[15].
O mesmo pode ser dito do canto ritual em Dodona, onde os Peleiades teriam cantado:
Zeus foi, Zeus é, Zeus será: Ó Grande Zeus!
A terra produz frutos; então um hino, Mãe Terra.
O epíteto “Grande Zeus” me leva a suspeitar que também aqui Zeus havia substituído Zan. A noção de M. Mayer de que o nome mais antigo do deus (*Djan, Zan) sobreviveu na Jánina moderna é, temo, uma simples miragem. Mas é tentador procurar, com R. Meister, a contraparte feminina de Zan em *Díaina ou *Diáne, as formas fracas correspondentes à forma forte Dióne. -- Cook, Arthur B Zeus a study in ancient religion.
Zan, não importa qual seja o som inicial nos dialetos individuais, corresponde a Diana e DIanus em italiano, exceto que o sobrenome perdeu a primeira metade da plosiva tão cedo quanto Tan e Dan perderam a segunda. Contudo, esses deuses não correspondem a Hera e Zeus, mas principalmente a Ártemis e seu correlato. No entanto, os romanos não apenas percebiam frequentemente seu Janus como o deus do sol, mas também esqueciam tão pouco sua importância, que era igual e semelhante a Júpiter, que eles - para não mencionar Janus Junonius e outros signos - se referiam a ele precisamente como Jove Diano fala (CIL V, 783), testemunho que Jordan (a Preller Rom. M. I 3 167, 2) tenta em vão refutar. Por sorte, podemos provar um paralelo aparentemente bem atestado com um Jano barbudo e de duas cabeças, e isso em um dos locais mais antigos de Apolo, em Amicleia, onde o mais antigo ídolo pré-Bathvkleiano tinha quatro braços e quatro orelhas e parece que só perdeu a visão por acaso; Esta divindade também é guerreira, como o Jano mais velho. No caso do jovem Romano Veiovis, que sempre foi considerado apolíneo e equipado com flechas, esses pré-requisitos, ou seja, H. a confluência de Zeus e a divindade do sol é reconhecida há muito tempo (Preller, R. M. I, 8, 264 f.). E não é uma circunstância de importância esmagadora, dadas todas as dúvidas que ainda podem surgir contra tais comparações, se o companheiro de culto de Zeus ainda é encontrado como Diwone num local tão antigo e venerável como Dodona, ou mesmo se os manuscritos Schol. Hom. g estão certo, como Diainh? -- Die Giganten und Titanen in der antiken Sage und Kunst By Mayer, Maximilian, 1856.
Nota: É muito provável que a memória de Plutarco tenha esquecido e reconstruído muito parte do que escreveu na medida em que podemos encontrar confusão do nome do deus mortal Tamuz como o do piloto mensageiro da boa nova que era Thamous. Na mesma linha de ideias pode ter confundido Zan com Pan. Por isso faz sentido a explicação que Robert Graves deste relato de Plutarco em The Greek Myths: 5. Ao que parece, o egipcio Tamo ouviu mal o larnento cerimonial: Thamus Pan-megas Tethnece ("o todo-poderoso Tamus morreu!")[16] e entendeu: "Tamo, o grande Pa, morreu!" Na verdade, como mais acertadamente Arthur B Cook sugere, a frase de Plutarco seria: Thamus Zan-megas Tethnece. ("Tamus, o Grande Zan, morreu!"). Por outro lado há que reparar a confusão Zan ó Pan não seria meramente fonética mas de causa semântica porque derivariam ambos do mesmo conceito cretenses relativo aos deuses titânicos cretenses.
> *Thian > Dan > Pan > Tan.
Dor. Zan < *Zdan< *Djan < Dian < Ki-An ó Enki.
>*Gi-anu > Jan(us).
De qualquer modo, Plutarco, sacerdote de Delfos na segunda metade do seculo I a.C., assim acreditou e publicou, mas, quando Pausanias fez sua viagem pela Grecia, aproximadamente um século depois, encontrou santuarios de Pa, altares, cavernas e montanhas sagradas dedicadas a ele, que ainda eram muito frequentadas. -- Os-Mitos-Gregos-Robert-Graves-185-2048
Xu®-Anu < *Ju-an > *Jwan < *Juwan > Zdan > Dan < Than < Tan(a)
> Ti-Tan > Titã.
Xu®-Anu < *Ju-an > *Jwan < *Juwan > >Zdan > Zan(a) = João.
Xu®-Anu < *Ju-an > *Jwan < *Juwan > >Jdan > Jan(us) >Ian(us)
Xu®-Anu < *Ju-an > *Jvan < *Juwan > Giovan > Jove.
> «João».
Ζάν • (Zán) m, forma dórica de Zeus. Assim a ideia de que Zeus era o deus do céu indo-europeu que veio invadir a Gécia na bagagem dos dórios parece falsa pois, pelo contrário parece que o nome do deus Zan era um arcaísmo cretense sobrevivente nas antigas colónias minóicas do Cáucaso que os mesmos dórios vieram a encontrar em Creta quando a esta vieram a regressar como heráclidas. Notar que no grego moderno Ζάν tanto significa o nome pessoal João como o mês de Janeiro o que permite pressupor que o Jano latino é uma evolução fonética do Ζάν cretense. Por outro lado, ao confirmar a identidade de Zan com Zeus permite postular definitivamente que Jano era a forma arcaica de Júpiter que mais não seria do que a forma descritiva latinizada do conceito de Deus Pai relacionado com o triunfo do patriarcado iniciado com o fim da civilização minóica particularmente nas culturas semitas e outras do crescente fértil e depois também, muito mais tarde, nas indo-europeias, não por iniciativa própria, mas por contaminação de próximo em próximo.
Seja como for Jano, Jove e Zeus têm etimologia comum a partir duma virtual etimologia a partir de *Kur-Anu / *Xu®-Anu > *Ju-an < *Juwan > *Jvan. Estes deuses relacionavam-se com o céu , obviamente, por Enki-Kur = Kur-Anu, o monte entre a terra e o céu, ou seja *Kurano > Ourano > Urano, ou seja, a partir de Anu, o primievo deus do céu de todos os dias e noites do ano astral.
Ora, um deus do céu além de ser um deus do «ano teria também que ser «circadiano» e não poderia ser apenas o deus do dia solar porque tinha que ser também deus da noite, logo, o dia, enquanto abstracção do céu iluminado pelo sol, tinha que ter outra relação etimológica, neste caso dual, com os deuses sol e lua enquanto entidades objectivas e logo de seguida com as abstracções dia solar / noite lunar. Assim, a abstracção do dia de 24 hora deve ser recente porque em todas as linguagens comuns se diz bom até ao por do sol e seria ofensivo desejar bom dia a meio da noite! Se existem casos de culturas em que o sol é feminino e a lua masculina a verdade é que na maioria dos casos o dia e o sol são masculinos e a noite e a lua são femininos. Aparentemente, no entanto, o dia latino parece relacionado com a deusa mãe Dione / Diana e, logo, passíveis de confusão com a noite lunar. A verdade é que se a etimologia do «dia» parece ter origem em *Ti-Ana, também parece ser a origem da «noite» a partir de Nut < Anut < Anat.
Dia, Dione / Diana, divus, divinus e divianus
têm outra linha etimológica a partir de Tea
< Ti-a < | Ti < Ki | -Ana < | Ti < Ki | -Anita > Tanit
< Te-Anat > Anat > Anut > Nut > Nox > Noctis.
Em conclusão, a abobada celeste é o céu infinito que preside tanto aos dias quanto às noites, mas, os dias e as noites são tutelados pela deusa Mãe Ki-Ana, a terra fiel do infinito céu.
Agora entendemos que o Céu infinito e externo, sem teto nem domicílio certo, seja de Hermes / Jano e de todos os deuses jupiterianos e as certezas dos dias seguros regidos pelo sol e pela lua tenham que ter um lar tutelado por Vesta / Hestia, ou Deméter, Diana, Tanit ou Hecate, etc.
No entanto, esta bifrontalidade parece ter sido comum, ou pelos menos assim reconhecida pelos celtas. Seria uma contaminação latina ou uma herança arcaica comum com a cultura minóica?
Figura 6: Obverse: ANTONINVS AVG PIVS P P: Head of Antoninus Pius, laureate, right Reverse: TR POT COS III S C: Janus, standing front, holding sceptre.
De acto, o mais estranho na mitologia de Jano é a sua aparente ausência no campo da mitologia grega. Objectivamente Jano seria o Hermes grego se fosse uma mistura de Mercúrio (Hermes latino) com Saturno, mas ainda assim ficaria a faltar uma parte do lado estranho de Jano que é a sua bifrontalidade iconográfica, ou seja, o deus Hermes dos gregos contém, de facto, na sua mitologia, a ambiguidade de Jano mas falta, em toda a mitologia grega a bifrontalidade representativa deste. Em bom rigor este aspecto é menor porque tanto Hermes como Jano eram deuses anicónicos que, na origem, se resumiam a montes de pedras como marcos de caminhos ou de extremos territoriais e no máximo a bétilos ou menhires como Erme e Terminus.
JANO E OS PILARES DO MUNDO
O passo inicial é dado quando os suportes do Céu se personificam como seus apoiantes, resultando em um par de poderes celestes contrastantes. Os pilares de Hércules em uma extremidade do Mediterrâneo, anteriormente chamados de pilares de Briareos e antes ainda de pilares de Cronos, juntamente com os pilares análogos de Proteus no outro extremo, os de Hércules no Pontos ou muito além da Babilónia, os de Hércules e Dionísio na Índia, implicam a crença de que o céu repousa sobre suportes sólidos e tangíveis. No entanto, são meras colunas ou alturas colunares. Os dois pilares diante do altar de Zeus no Monte Lykaion foram igualmente, com toda a probabilidade, concebidos como suportes celestes. E aqui pode-se discernir um certo avanço: os pilares são divinizados, por assim dizer, pelo deus do céu, que repousa sobre cada um na forma de uma águia dourada. Os fenícios, em sua arquitectura sagrada, deram um passo adiante em direcção à personificação. As duas colunas inscritas de bronze, com oito côvados de altura, no Herakleion de Gadeira, que alguns consideraram serem os pilares originais de Hércules, eram pelo menos massas de metal brilhante. Eles foram superados em brilho pelos dois pilares, que Heródoto viu no santuário de Hércules em Tiro: destes, um era feito de ouro puro, o outro de “pedra esmeralda grande o suficiente para brilhar à noite”. Mais brilhantes ainda eram as duas hastes delgadas, que em algumas moedas de Kypros (figs. 325, 326), Sardes (fig. 327) e Pérgamo (fig. 328) representando o templo de Afrodite Paphia flanqueiam e possivelmente duplicam os principais padrões de sua fachada; pois aqui e em outros lugares (fig. 330) eles são tratados como candelabros, em cujo topo estão acesas chamas. Novamente, os dois pilares de bronze polido feitos pelo fenício de Hirão para a vanguarda do templo de Salomão eram, de acordo com W. Robertson Smith, na forma de castiçais ou castiçais huo-e, talvez em uso real como altares de fogo. Os nomes dados a eles - Jachin, 'Ele estabelecerá'', o Estabelecedor, ' e Boas, 'Nele está a Força' (?) – implicam que eles eram, em certo sentido, suportes personificados, embora ainda em forma anicónica. -- Arthur B. Cook, em “Zeus, a study in ancient religion”.
Gold ring from Cyprus with a depiction of the Sanctuary of Aphrodite at Old Paphos. | |
Figura 7: 1 British Museum 1917,0501.1641. | Figura 8: 2 Ashmolean Museum AN1931.548 |
Para os antigos gregos, Paphos era o lugar onde Afrodite amarou quando ela surgiu da espuma do mar. O Santuário de Afrodite Paphia era o centro de seu culto não apenas em Chipre, mas em todo o mundo Egeu. De acordo com Pausânias, seu culto foi introduzido em Pafos, da Síria (o culto era provavelmente de origem fenícia), e de Pafos a Citera, na Grécia.
O primeiro anel agora na coleção do Museu Britânico (Fig. 1), datado de 150-250 dC, foi encontrado em Chipre, perto de Koskinu. “O projeto mostra um pátio semicircular diante da fachada de um edifício. A torre central, de grande pedra cónica, é ladeada por duas torres mais pequenas, evidentemente contendo pilares.”
Não é seguro que o ΚΟΙΝΌΝ ΚΥΠΡΊΩΝ o, o templo de Afrodite de Pafos, seja um bom exemplo dos pilares do mundo embora estejam lá suportando a abóbada das estrelas e da lua mas o bétilo que representava a deusa era seguramente um meteorito cónico e os “castiçais” que o ladeiam poderão ser os seus filhos primogénitos e gémeos primordiais.
Figura 9: Arcos de murta do Ramalhal. Destacada das festividades da terra, a Festa do Ramalhal, que este ano decorre de8 a 12 de Setembro, realiza-se em honra de Nossa Senhora da Ajuda e sente-se uma grande carga tradicional associada, que ainda hoje persiste. Os arcos feitos de murta são o símbolo mais forte desta festa. Constituem uma arte que vem de longos tempos, transmitida de geração em geração e o seu levantamento, outrora feito com a força dos bois e a ajuda dos homens, é um momento de grande emoção para os locais. Os arcos de murta têm, habitualmente, onze metros de altura e os seus desenhos são sempre diferentes. |
Os arcos de murta da freguesia do Ramalhal do concelho de Torres Vedras parece ser uma reminiscência dum arcaico culto à Deusa Mãe a céu aberto na forma de meros e efémeros arcos de murta que de forma agora não inteiramente estranha se parecem com os cultos anicónicos do templo de Afrodite de Pafos.
É uma das mais antigas freguesias deste concelho. No lugar do Amial, por exemplo, são evidentes os vestígios da presença dos romanos no seu território, dos quais a ponte sobre o rio Alcabrichel não é certamente o menos importante de todos. Alicerces de construções foram também encontrados neste lugar. Em Vila Facaia, foram postos a descoberto, nos inícios deste século, vestígios de antigos fornos de alimpar minério e um vaso de barro cheio de moedas de imperadores romanos, datados do século IV d.C. Por Ramalhal, passava a estrada militar romana que ligava Lisboa e o norte através de Montachique, de Torres Vedras e da ribeira de Alcabrichel. Do tempo dos mouros, fica este mesmo topónimo e pouco mais.
Não sabemos que provas se têm de que o topónimo Ramalhal nos ficou dos mouros, mas para o caso é quase tudo porque parece ser o essencial da tradição dos arcos do Ramalhal que “feitos de murta são o símbolo mais forte” das festas desta freguesia, por sinal dedicadas a uma Nossa Senhora que bem poderia ser equivalente da Senhora do Almurtão, porque de ramos de murta são feitos os arcos da sua festa, não fora da Ajuda, esta Senhora.
Ramalhal, como freguesia, foi criada em 1561, chamando-se então S. Lourenço do Tereno. (...) Das "Memórias Paroquiais" de 1758, retiramos as seguintes informações relativas a Ramalhal: "Esta terra (que) existe situada no limite do Patriarcado de Lisboa, a cujo pertence, é freguesia de S. Lourenço do Ramalhal, termo de Torres Vedras."
Nossa Senhora da Ajuda é uma das diversas invocações de Maria, mãe de Jesus. O culto teve início em Portugal durante a Idade Média, sendo particularmente associado a uma ermida que se localizava na praia do Restelo, nas proximidades de Lisboa, onde havia uma imagem de Nossa Senhora que era objeto da devoção de marinheiros e soldados.
E como dos pilares do mundo passamos aos da abóbada celeste e destes aos arcos de Jano acabamos acompanhados por Arthur B. Cook, em “Zeus, a study in ancient religion”, e constatar que a bifrontalidade grega foi reconhecida objectivamente em representações de Bóreas e de Argos, neste caso, um inimigo de Hermes.
Figura 10: Bóreas janiforme.
(p) O significado da dupla face de Ianus. Ainda temos que enfrentar o problema, realmente difícil, mas não - creio eu - insolúvel: Qual foi o significado último da dupla face de Ianus? Sendo as explicações antigas e modernas reconhecidamente insatisfatórias, devemos forçosamente olhar mais longe e levar em conta certos factos observados pelos estudantes de antropologia comparada. E aqui me valerei imediatamente de um obiter dictum na discussão de Sir James Frazer sobre as crenças africanas sobre gémeos: “Na Costa dos Escravos, quando uma mulher dá à luz gémeos natimortos, ela manda fazer uma estátua com duas faces e a erige em um canto de sua casa... Isso sugere que em outros lugares imagens de duas faces, como as de Jano, podem ter sido destinadas a representar gémeos 3. (Frazer Golden Bough3: The Magic Art 1. 269 n. i, citing the Missions Caiholiques 1875 VII. 592.) Vamos colocar a nova chave na nossa fechadura enferrujada e ver se a porta se abre.
Ianus, já dissemos, era originalmente o Céu divino. O céu divino é claro durante o dia e escuro à noite. Sendo, portanto, de caráter duplo ou gêmeo, Ianus era naturalmente representado como um deus de dupla face. Mas, nesse caso, poderíamos razoavelmente esperar encontrar outros deuses do céu duplicados da mesma maneira. Argos, que em sua forma mais antiga parece ter sido um deus do céu comparável a Zeus, é descrito no Hesiódico Aigtmios como “olhando para um lado e para outro com quatro olhos” e retratado em vasos do s. vi em diante com cabeça Janiform.
Uma explicação como esta de Arthur B. em «Zeus, a study in ancient religion» ou outras, igualmente inteligentes e do tipo «bene trovata», resultará sempre porque em boa verdade estamos a anos luz das condicionantes reais e abstratas do pensamento religioso do homem primitivo. A questão que se coloca aqui é porque, com estes mesmos critérios, na Suméria foi Isumud / Muhra, o visir de Enki, a ter dupla face e não Anu, o deus do céu! É certo que nos ficaram mais elementos textuais do que iconográficos relativos aos deuses sumérios, mas, ainda assim, alguns temos uma deusa de quatro cabeças de que já se falou a respeito de Cardeia e que bem poderia ser Ki a deusa dos quatro cantos da Terra Mãe. Por outro lado o deus hindu criador supremo é Brahma, tem quatro cabeças e tem relações etimológicas com Kumarbi e Hermes.
Ver: TRIMURTI (***)
E possível que a teologia Egeia tivesse deuses metaforicamente com várias cabeças de que só Jano manifesta a tradição mas a verdade é que os gregos olímpicos fugiam a estas bisarias que consideravam bárbaras e não nos deixaram inícios dessas práticas arcaicas que pelos vistos só deixaram vestígios em representações de Argo, inimigo de Hermes, e em Bóreas, uma possível variante deste.
Figura 11: Hermes, Argos de dupla face e Ino.
Por outro lado, quais os argumentos para considerar Argo um deus do Céu?
Argos Panoptes (em grego: Ἄργος Πανόπτης, "Argos Omnividente [que tudo vê]"), na mitologia grega, era um gigante cujo corpo era coberto por olhos ou que tinha cem olhos, foi nomeado pela deusa Hera (Juno) para vigiar Io que havia sido transformada em uma novilha por seu marido, o deus Zeus (Júpiter). Enquanto dormia, metade dos olhos se fechava e descansava enquanto a outra metade vigiava. Para acalmar o gigante, Hermes tocou uma melodia tão linda em sua lira que todos os olhos do gigante se fecharam. Uma vez em que Argos Panoptes estava dormindo, Hermes cortou sua cabeça para impedi-lo de reviver e informar Hera (Juno) sobre o que ocorria; isso permitiu que Zeus (Júpiter) tivesse seu encontro. Hera (Juno), para homenagear a morte de seu guardião favorito, colocou os olhos de Argos Panoptes na cauda de seu pássaro favorito, o pavão.
Argus Panoptes ( Ἄργος Πανόπτης ) era o guardião da novilha - ninfa Io e filho de Arestor . Segundo Asclepíades , Argus Panoptes era filho de Ínaco, e segundo Cercops era filho de Argus e Ismene , filha de Asopus. Acusilau diz que nasceu na terra (authochthon ), nascido de Gaia. Provavelmente Miceno (em outra versão, filho de Gaia ) foi um gigante primordial cujo epíteto Panoptes, "que tudo vê", fez com que fosse descrito com múltiplos, muitas vezes cem olhos. O epíteto Panoptes foi aplicado ao deus do Sol, Hélios , e foi adotado como epíteto por Zeus, Zeus Panoptes.
Figura 12: Red figure lekythos depicts Hermes Argeiphontes slaying Argus Panoptes "all-seeing", the hundred-eyed giant & guardian of the heifer-nymph Io-Pan Painter c. 470-460 BC-at Museum of the Roman Forum of Thessaloniki. Hesíodo ou Cercops de Mileto, Egímio Frag 5: "E [Hera] colocou um observador sobre ela [Io], grande e forte Argos, que com quatro olhos mira para todos os lados. E a deusa agitou nele uma força incansável: o sono nunca lhe caiu sobre os olhos; pois ele vigiava sempre." E a partir do estudo destes monumentos e vestígios pudemos chegar a um conhecimento das relações culturais da Grécia antiga que são nada menos que revolucionárias. |
Vemos que, em vez de pertencer originalmente à raça "ariana" da Europa Central e do Norte, o grupo de povos que falam línguas indo-europeias, ao qual nós mesmos pertencemos, e sendo nas suas origens radicalmente distinto da civilização do Egipto e da Ásia, a cultura mais antiga da Grécia pertence realmente à bacia do Mediterrâneo, onde se originou, e por isso faz desde o início parte da cultura dos outros povos mediterrânicos, aos quais a civilização do Egipto também se liga em certa medida. (…)
Ao lidar com a história inicial da Grécia, ele tateou sombriamente, porque, embora tivesse todo o acervo variado de lendas helênicas em mãos, ele não tinha conhecimento do que sabemos agora em certa medida, a verdadeira história do primeiro desenvolvimento da civilização grega. Sabemos que os sacerdotes egípcios poderiam contar-lhe a história de Quéops e de Rhampsinitos, mas nenhum grego poderia contar-lhe a dos homens fortes que viveram antes de Agamemnon. Nem conhecemos os verdadeiros factos da sua história como conhecemos a de Quéops ou Rhampsinitos, mas poderemos fazê-lo um dia, quando lermos a escrita minóica como sabemos a do antigo Egipto. Até então, também teremos de tatear, mas não tão sombriamente como Heródoto, em busca de descobertas arqueológicas modernas, nos contou o desenvolvimento da cultura heróica da Grécia, que podemos agora rastrear até às suas origens, contemporâneas às do próprio Egipto.[17].
De qualquer forma, a morte de Argo foi a primeira mancha de derramamento de sangue entre a nova geração de deuses.
Segundo Asclepíades, Argos Panoptes era filho de Ínaco.
Os próprios antigos fizeram várias tentativas para explicar as histórias sobre Ínaco: às vezes consideravam-no um nativo de Argos, que após o dilúvio de Deucalião conduziu os argivos das montanhas para as planícies e confinou as águas nos seus canais próprios. Depois de tornar a província de Argolis novamente habitável, ele fundou a cidade de Argos. Outras vezes, os antigos consideravam Ínaco um imigrante que atravessou o mar como líder de uma colónia egípcia ou líbia e uniu os pelasgianos, que encontrou espalhados nas margens do Ínaco. Aqueles que fazem com que Ínaco tenha vindo do além-mar para a Grécia consideram seu nome como uma forma grega para o termo oriental Enak, denotando “grande” ou “poderoso”, e este último como a base do grego ἄναξ, “um rei. ”
Ou seja, já mesmo os antigos ligavam o primeiro rei de Argo ao deus sumério Enki. De resto, Inaco tem ressonância com o bíblico Enoque e por ser um mito pós-diluviano podemos relacioná-lo com Jonas e por este com os Oanes sumérios e com Jano. Notar que a cidade de Argo é uma das mais antigas cidades continuamente habitadas em todo o mundo e a mais antiga da Europa situando-se no centro de uma das culturas mais arcaicas do Peloponeso colocando a Grécia no centro da rica civilização do mar Egeu pré micénica.
Argos (grego: Άργος, Árgos (IPA: ˈarɣos) é uma cidade da Grécia, em Argólida, na península do Peloponeso. De acordo com Heródoto foi a primeira grande cidade grega a se destacar no comércio com o Mediterrâneo Oriental, particularmente a Fenícia. É uma das cidades mais antigas continuadamente habitadas. (...).
O nome é pré-grego ("Pelasgo"), assim como o nome de sua acrópole, Larissa. A etimologia o deriva de um fundador mitológico, Argos, filho de Zeus e Níobe (ver também Dânao).
Portanto, o mitema do “estar com cem os olhos bem abertos” ou “dormir com metade dos olhos abertos” é uma metáfora espontaneamente intuitiva para a vigilância atenta e constante e uma variante de ter várias cabeças o que faz de Argos um vigilante redundante.
De acordo com a hipótese de Gamkrelidze, em última análise, do Proto-Georgian-Zan *egr- (“~ Western Georgia”) (cf. Mingrelian მ-არგ-ალი (m-arg-ali, “Mingrelian”), do Proto-Georgian-Zan *m-egr-el-i), um topônimo supostamente adquirido pelos ancestrais linguísticos dos gregos durante sua migração teórica de perto do Cáucaso, junto com Ἀργοναύτης (Argonaútēs) e Ἀργολίς (Argolís). No entanto, poucos outros estudiosos apoiam a migração dos proto-gregos através do Cáucaso e da Ásia Menor.
*Egr- (“~ Geórgia Ocidental”) referia-se às tribos Kart-vel-ianas Ocidentais, nomeadamente Min-grel-ianos. Em Svan não há vestígios desta raiz, em vez disso, os Svans referem-se aos Mingrelianos como მჷ-ზა̈ნ (mə-zän), que é semelhante ao grego antigo Τζάννοι (Tzánnoi), um povo da Cólquida.
O nome nativo (da Geórgia) é Sa-kart-velo (საქართველო; "terra dos kartvelebi"), derivado da região georgiana núcleo central de Cártlia, gravado a partir do século IX, e no uso prolongado referindo-se a todo o reino medieval da Geórgia por volta do século XIII. A autodesignação usada por pessoas de etnia georgiana é kartvelebi (ქართველები) As crônicas medievais georgianas apresentam um ancestral homônimo dos Kartvelebi, Kartlos, um bisneto de Jafé.
“No entanto, poucos outros estudiosos apoiam a migração dos proto-gregos através do Cáucaso e da Ásia Menor”...Absolutamente ridícula esta argumentação de autoridade!
Os Argonautas (/ˈɑːrɡənɔːt/ AR-gə-nawt; Grego antigo: Ἀργοναῦται, romanizado: Argonaûtai, lit. ' marinheiros de Argo') foram um grupo de heróis na mitologia grega, que nos anos anteriores à Guerra de Tróia (por volta de 1300 a.C.) acompanhou Jasão à Cólquida em sua busca para encontrar o Tosão de Ouro. Seu nome vem de seu navio, Argo, em homenagem ao seu construtor, Argus. Eles às vezes eram chamados de Minyans, em homenagem a uma tribo pré-histórica na área.
Até parece que os argonautas teriam precisado do apoio do eruditos modernos para as suas migrações proto-gregos através do Cáucaso e da Ásia Menor quando ela é atestada pela mitologia clássica e pela sua forte possibilidade geográfica e histórica no contexto da dinâmica da talassocracia cretense e da civilização egeia, creto-micénica e anatólica.
ქართველი • (kartveli) (plural ქართველები) < Old Georgian ქართველი (kartveli); ó Mingrelian ქორთუ (kortu) and Laz ქორთუ (kortu). ó Svan ქა̈რთ (kärt) is probably from the same source. = person from the country of Georgia in the Caucasus; Georgian. < Proto-Kartvelian / *kart-.
მეგრელი • (megreli) (plural მეგრელები) = Min-grel-ian< Proto-Georgian-Zan *m-egr-el-, < Proto-Georgian-Zan *egr-. Nota: em Svan não há vestígios desta raiz. Em vez disso, os Svans referem-se aos Mingrelianos como მჷ-ზა̈ნ (mə-zän), que é semelhante ao grego antigo Τ-ζάν-νοι (Tzánnoi), um povo da Cólquida.
სუანი • (suani) = a person from Svaneti; Svan. < proto-kart-veliano *s₁wan- (“Svan”). O etnônimo é frequentemente associado ao nome de uma tribo Sanni, mencionada por vários autores gregos antigos.
Portanto a Cólquida georgiana está cheia de restos etimologicos relacionados com Creta e com os minoicos e os argonautas que eram chamados de "min-uanos" porque a mãe de Jasao era de Orcó-meno.
Seja como for, há que dar conta de que quando no mito de Argos aparece Inaco como seu pai também entra nesta roda mítica Io e Ino deixando-nos a suspeita de que Jano era de facto um deus italiano muito arcaico, prédiluviano, aparentado com Inaco da mitologia da Argólia pré-missénica...e, como tal pai tal filho, Inaco seria também bicéfalo como Jano tal comoIo / Ino seria Juno e esta também uma “vaca sagrada”.
Ver: IO, UMA DAS VACAS SAGRADAS (***)
Esta relação de Jano com a mitologia de Argo e deste com o seu pai o deus do rio Inaco explica o mistério da aparente originalidade da bicefalia de Jano no fundo greco-romano e esclarece a sua origem arcaica anterior a Zeus e aJúpiter. Por outro lado deixa-nos a suspeita de que toda esta mitologia seja mais arcaica ainda do que parece porque foi levada de Argo para a Eritreia e daqui para a Suméria como conta a mitologia dos Oanes razão pela qual Enki não aparece como Bicéfalo, mas, quanto muito, como quadricéfalo. Mas nestas andanças e contra danças da propagação missionária da civilização muita coisa se perde e ganha pelo caminho. Possivelmente a mitra dos bispos apareceu com os Apkalus sumérios vestidos de peixes desde a época dos Oanes enquanto a bicefalia de Jano se perdeu com Saturno pela Itália.
Depois de decapitar Argus, Hermes adquiriu o epíteto Argeiphontes ou “matador de Argus”. O sacrifício de Argos libertou Io e permitiu-lhe vagar pela terra, embora atormentada por um moscardo enviado por Hera, até chegar ao mar Jónico, que leva o seu nome, de onde nadou até ao Egipto e deu à luz um filho amoroso de Zeus, de acordo com algumas versões do mito. | Figura 13: Argos janiforme arcaico. |
Relendo o mito de Argos, confirmamos que um deus da época arcaica dos titãs e gigantes com os cem olhos de estrelas seria o céu nocturno. Por outro lado vamos dar conta de que, como Argos, o deus hindu dos cem olhos foi Indra, "o de mil olhos".
Reconhecido como um Deus da Chuva e do Trovão, Indra, no período védico, foi descrito como o protetor das vacas e rei dos Deuses. Diz-se que ele nasceu da boca do deus primordial ou Purusha gigante, que também é chamado de progenitor de outros membros do panteão hindu. Na mitologia indiana, Indra é dito ser aquele que luta na tempestade com os demônios que tentam roubar as vacas celestiais na forma de nuvens. Seus pais eram o deus do céu Dyaus Pita e a deusa da terra Prthivi; ele nasceu totalmente cultivado e totalmente armado do lado de sua mãe. Sua esposa era Indrani, e seus assistentes foram chamados de Martos. Seus filhos são nomeados como JAYANTA, Midhusa, Nilambara, Rbhus, Rsabha, Sitragupta e, mais importante, ARJUNA.
Sendo Indra, um protector das vacas era uma espécie de Argo e um equivalente funcional dos deuses jupiterianos que não esperaríamos ver no seu mito uma mistura o inverso do roubo do gado de Apolo por Hermes mas aceitando estarmos perante um mistura de informações orais confusas em função das diversidades geocultrais e da usura conturbada do tempo histórico não se estranha que o nome Argos se pareça com Arjuna, o filho de Indra, tal como Jayunta se parece com Juventa, e este com Inaco e ambos afinal com Jano, que como dyaus Pita era Janus Pater.
Brahma criou uma bela mulher, Ahalya. Para preservar a sua castidade, Braham casou-a com o sábio devoto Gautama. Indra desejou Ahalya e conspirou com a lua para enganar o Sábio Gautama. Chandra (lua) fingiu cantar como um galo, fazendo-o acreditar que já era de manhã. Ele partiu para suas abluções e orações matinais. Indra assumiu a forma de Gautama e seduziu Ahalya. Parece que ela percebeu que não era o marido, mas ficou lisonjeada e sucumbiu aos avanços de Indra. Indra esbarrou em Gautama quando saia sorrateiro. O sábio percebeu o que havia acontecido e em sua raiva amaldiçoou Indra, a lua e sua esposa. É por isso que se diz que a lua tem manchas escuras. Ahalya foi amaldiçoada a tornar-se uma pedra e só foi libertada de sua maldição, anos depois, pela graça de Rama. |
Gautama amaldiçoou Indra a a gerar milhares de vaginas, já que ele tinha uma natureza luxuriosa dum cabrão e por isso ficou com o pênis de um carneiro. Envergonhado, Indra não conseguiu enfrentar o mundo. Como ele era o rei, os outros deuses pediram ajuda a Brahma, que os encaminhou a Shiva, que transformou as vaginas de Indra em mil olhos e por iso, Indra também é chamado Sahasra Chakshu (o de mil olhos).
Afinal Indra era um protegido de Chandra, a lua, o que levanta a suspeita de que poderão ter sido um casal ou seja, o nome da lua pode ter estado na etimologia de Indra.
Κᾱ́-σανδρος (Kā́sandros) < Κάσ-σανδρος > «Sandra».
Indra < (Inti<=> Antu) < Andra < Handra< Chandra
< Micen. sa(n)-da-ra < Ka An Kur > Ka An Xur > Xanxu > Chonso.
Ver: DEUSES VÉDICOS– INDRA, O DIVINO «MANDA CHUVA» HINDU (***)
&CHONSU (***)
Sandra is a female name, which is often used as a short form for Alexandra or Cas-sandra. «Alexandre» <ἀλέξω (aléxō, “repelir”) + o radical ἀνδρ- (andr-) de ἀνήρ (anḗr, “homem”) + -ος (-os), portanto “o homem que repele [inimigos]”. O hitita (/Alaksānduš < “Ala-k(a)sand(r)u”) (atestado no século 13 aC) parece ter sido emprestado de um nome equivalente em uma língua ancestral do grego antigo ou de algum dialeto relacionado, talvez o grego micênico pois um nome Linear B, (a-re-ka)-(sa-da-ra), corresponde à forma feminina do grego antigo Ἀλεξάνδρα (Alexándra).
Forma feminina de Κάσσανδρος (Cassandros). Etimologia pouco clara: primeiro elemento possivelmente de κέκασμαι (kekasmai, “Eu brilho; supero”). Conectado ao latim censeō (“honrar”) e ao sânscrito sansayati (saṃsayati, “anunciar”). O segundo elemento provavelmente vem de ἀνήρ (anḗr, “homem”). A forma mais rara Κεσ(σ)άνδρα (Kes(s)ándra) parece ser mais antiga; compare o grego micênico ke-sa-da-ra. Compare também o sânscrito छन्द् (chand, “aparecer, gratificar”).
O resto é mais difícil de entender e as duas cabeças do gigante ficam omissas excepto em poucos desenhos de vasos o que aponta para que a dupla face fosse ao cabo e ao resto uma figura de estilo tanto da duplicidade e ambiguidade inerente a Enki como, no caso de Bóreas, (que nos devia reportar para Enlil) a rapidez com que se movia e removia por todos os lados.
Meu amigo e colega Sir W. Ridgeway em The Early Age of Greece Cambridge 1901 i. 231 e seguintes, em seu artigo Quem eram os romanos? (extr. de Proceedings of the British Academy iii) Londres 1907 p. 1 ss., e em Sir J. E. Sandys A Companion to Latin Studies2 Cambridge 1913 p. 20 e segs. argumenta que o principal elemento aborígene na população da Itália alta e central era formado pelos lígures, que eram intimamente relacionados, por um lado, com os ilírios, por outro, com os ibéricos, e falavam uma língua destinada a se desenvolver no latim clássico; também, que esses Ligures foram conquistados pelos Sabinos, uma tribo Umbro-Sabelliana, que estava intimamente relacionada com os Keltoi e representava o Q Indo-Europeu, não por C ou Q, mas por P; finalmente, que em Roma os plebeus eram lígures, os patrícios sabinos, tendo estes últimos adotado a língua dos primeiros. De acordo com estas opiniões Sir W. Ridgeway Quem eram os romanos? pág. 11 f. afirma: (1) que Ianus era um deus sabino, cuja adoração foi introduzida em Roma por Numa, o Sabino (Varr. de ling. Lat. 5. 165, Liv. 1. 19); (2) que seu sacerdote era originalmente o Flamen Dialis, cujo título Dia-lis trai sua conexão com Dia-nus (Ianus); e (3) que seu culto foi parcialmente fundido com o de Júpiter, "que já possuía Roma", sendo a fusão talvez simbolizada pela dupla face masculina de Ianus.
Não estou aqui preocupado em contestar as linhas principais da etnologia de Sir W. Ridgeway (que, no entanto, não aceito), mas apenas a sua aplicação ao caso particular de Ianus. Às suas alegações, respondo: - (1) Nem Varrão nem Tito Lívio afirmam que Ianus era um deus sabino, cuja adoração foi introduzida por Numa. O que Varrão (ou melhor, L. Calpurnius Piso Frugi frag. 9 Peter ap. Varr. de ling. Lat. 5. 165) e Tito Lívio (1. 19) dizem é que Numa introduziu o costume de manter o portão de Ianus sempre aberto em tempos de guerra – uma questão muito diferente. (2) Nosso etimologista mais competente, Walde Lat. étimo. Wbrterb.-p. 231, refere Dialis, não a Dianus, mas a Diespiter, o antigo nominativo de Iupiter, e cita de forma convincente as formas aequi-dialis, noven-dialis. (3) Se a dupla face de Ianus implica a fusão de dois deuses, devemos explicar da mesma forma a dupla face de Hermes? de Bóreas? de Argos? e de todas as outras divindades Janiformes, da Babilônia à Grã-Bretanha? E o que dizer das divindades com três cabeças, ou quatro? Devemos obviamente basear a nossa posição num princípio mais abrangente.
Argileto (em latim: Argiletum) foi uma estrada da cidade de Roma, na Itália. Situada entre o vale de Subura e o Fórum Romano, entrou entre a Cúria Hostília e a Basílica Emília. Embora com péssima reputação, foi uma das principais vias da cidade e um centro de troca. Provavelmente seu nome provenha da argila (argilla) que foi cavada nas proximidades. A parte inferior do Argileto foi ocupado por casas privadas, e durante o reinado de Domiciano (r. 81–96) e Nerva (r. 96–98) foi convertido no Fórum Transitório (Forum Transitorium).
Figura 14: O anverso mostra o próprio Nero. O reverso retrata o templo de Jano com portões fechados. Para os romanos, este era o sinal de paz em todo o império.
A jovem escola de toponímia italiana coloca o nome de Argiletum em relação à palavra argillai, pela qual um comentador de Estrabão descreve as cavernas oraculares de Averno; a palavra seria construída sobre a base argea e o sufixo letum, ambos pré-latinos. O local teria sido, portanto, caracterizado pela presença de um covil profético na nascente do Lautulae aquae. (…)
À margem desta lição, Servius ecoou uma fábula etiológica. Diz-se que o grego Evandro, rei dos aborígenes palatinos, ofereceu hospitalidade a Argo. Tendo este último sido morto por engano ou por traição, o rei dedicou-lhe um túmulo, um santuário e um bosque sagrado no Argiletum que levou o nome da vítima.
A lenda grega fez de Argos dos cem olhos o de Io, sacerdotisa de Juno transformada em novilha; ele foi o modelo de vigilância que lhe valeu o título de Panopatis. Na verdade, Argo foi um herói bifronte; tal ele aparece no vaso Bassegio, uma ânfora ática de figuras negras, que o mostra perecendo sob os golpes de Hermes, enquanto a vaca Io foge; tal, e na mesma cena, na cratera do Ruvo onde está vestido com uma longa pele de animal. Hesíodo, e depois dele Ovídio, atribuem-lhe dois pares de olhos, um na frente e outro atrás da cabeça, uma forma atenuada de ser bifronte. Se ele se tornou o génio de Argiletum, deve-o antes de tudo à semelhança de seu nome com o deste lugar; mas esta razão foi reforçada por outra melhor: já havia a permanência de um bifrons (Jano) em que os gregos não hesitavam em ver o seu próprio Argo.
Sabemos, por Horácio e Suetonio, que o templo primitivo de Jano, o Jano Geminus, ficava no sopé das colinas; no Infimum Argiletum adiciona Tito Lívio e Sérvio; perto da fonte termal Lautuloe aquoe, especifica Varro e Macrobio. Marcial e Ovídio colocam-no perto do fórum republicano e dos fóruns de César, Augusto e Nerva; Dion Cassius e Procopius perto da Cúria. Hoje concorda-se em colocá-lo atrás do canto norte da basílica de Emília, a nordeste da Cúria, na verdade, no fórum Transitorium onde Servius e Lidus expressamente também o localizam. conta-nos que, no centro da sua área, portanto no local do cruzamento de Argiletum, Nerva ergueu um Jano Quadrifrons que substituiu um santuário mais antigo e modesto. Este é obviamente o Jano Geminus criado no local onde o deus salvou Roma, fazendo com que a fonte termal do aquae de Lautulse explodisse sob os passos de Tácio.
Desde os séculos VI ou V, Jano residia em Argiletum. A sua origem deve ser procurada no país etrusco, perto deste bifrons de Culsans do qual foi descoberta uma estatueta de bronze em Bolonha ou dos bifrons com grandes petasus, imagem do céu, que estampa as moedas de Volterra, ou ainda deste quadrifrons de Jano de Faleries, finalmente importado para Roma em 241 aC, e que Nerva estabeleceu em seu fórum. Quando, no século IV, os gregos chegaram a Roma, encontraram um bifron no Argiletum que identificaram com o seu Argo. Mas por trás deste personagem estrangeiro, devemos procurar o autêntico gênio do lugar, Jano. Nova prova da identidade de Jano e Argo é descoberta. Na passagem que dedica ao Argiletum, Sérvio sugere que este nome provém de um certo Argillus que fez, ou refez, neste local, uma porta que será identificada com Jano Geminus. (…)
Esta sequência lendária: Hércules, Evandro, sua vítima (a novilha Io ou qualquer outra), nós a conhecemos bem; é o do mito de Caco. Aliado de Evandro, Hércules teria perseguido e matado Caco que havia roubado seu rebanho. O dupleto é óbvio: Caco, aqui, é equivalente a Argo. Idêntico a Argo, Caco também é Jano. Entre o deus e ele persistia uma notável analogia: no Argiletum, Jano reside perto da porta Janualis à qual seu caráter bifron deu o título de Geminae portae: no Saline, Caco reside perto da porta Trigemina que evoca esse monstro que Propércio, em memória de Gerião, chamado de três cabeças. A esta identidade, Sérvio dá uma confirmação indireta: Caco, que convém recordar era filho de Vulcano, deus solar como ele, tinha uma irmã, Caca, venerada num santuário onde se encontravam virgens sagradas análogas às Virgens Vestais - se é que não eram as próprias Virgens Vestais - adoravam-no numa casa que é impossível não comparar com a de Vesta, consorte de Jano. (…)
Não é de surpreender que a memória de Caco tenha sido apagada precocemente deste local, dada a importância que os gêmeos romulanos assumiram, importância que obrigou Caco a ceder-lhes o lugar e emigrar para o sítio das Salinas. A verdade é que a sua primeira casa foi efectivamente este átrio do Caci, no sopé das escalas do Caci, na margem deste pântano que também leva o nome de Caco. Em La Saline, Caco ganharia uma nova cara. Uma variante de sua lenda, relatada por Verrius Flaccus, faz dele vítima, não mais de Hércules, mas do pastor Garano, idêntico ao grego Gerião. O gado que Caco roubou de Hércules, e que ele recuperou matando o monstro, era aquele que o herói já havia roubado de Gerião, o pastor de Hesperia. -- Janus, le génie de l'Argiletum, Amable Audin[18].
GERIÃO
E chegamos às três cabeças de Gerião.
Figura 15: Adaptação de James Millingen Peintures antiques et inédites de vases grecs.
Gerião (do grego antigo Γηρυών), na mitologia greco-romana, o nome de um dos gigantes, filho de Crisaor e de Calírroe, dotado de três cabeças; era irmão de Equidna, monstro metade mulher metade serpente, que gerou o cão Ortros, que velava pelo gado de Gerião. Seu mito está ligado ao de Hércules, a quem coube, num dos seus trabalhos, roubar-lhe os bois.
Gerião habitava a Erítia (a "vermelha"), uma das míticas ilhas das Hespérides, situada no extremo Ocidente do mar Mediterrâneo.
O nome Gerião deriva do verbo grego γηρύειν (guerýein), que significa gritar, fazer ressoar? Obviamente que é pouco provável que tenh sido assim porque, o mais provável é que se tratasse de uma divindade solar arcaica Grano, que, de acordo com Virgílio, foi um dos nomes de Apolo Grano - outro deus-sol, ou seja, Grian ou Gryn(eus) deixado nas Ibérias pelos no tempo da idade de ouro da talassocracia minóica muito antes de Hércules grego ter andado por aquela península do deus Gau-des e das ilhas Afortunadas onde mandavam os Gu-anches.
Figura 16: Tafel CV. CVI. Vejamos primeiro uma ânfora do estilo mais antigo, cuja posse permaneceu com o duque de Luynes após várias alterações. Em um campo de batalha onde Eurytion (EYPYTION) e seu cachorro estão mortos, nosso herói invade contra Geryones: (BEPAKLEZ, CAPVFONEZ) como arqueiro, como convém ao herói do sol, enquanto o filho mais áspero da terra, comparável para o gigante, lança três vezes a força de sua lança contra ele. O gigante está fortemente armado, aqui e em outros lugares; Por outro lado, as suas asas são peculiares ao antigo esplendor desta imagem de vaso. Aquele de seus escudos cujo símbolo é visível mostra um pássaro e, além deste símbolo da região aérea, os símbolos da terra e do mar podem ser assumidos no máximo nos outros dois escudos - Atrás de Hércules, Atena (AENAIE) aguarda a vitória de seu protegido. Ela usa apenas uma lança como arma, mas em vez da égide, cobras de língua larga estão cingidas em seu peito, como pode ser encontrado aqui e ali em imagens da deusa do mesmo estilo. Mais à esquerda, aparecem cinco touros do rebanho, que estão em disputa. A sua cor avermelhada não passou despercebida; mas um deles, cuja figura se destaca deliberadamente, é bastante claro, como se fosse o animal escolhido por Hélios (8 6) - provavelmente porque é um desses animais (que, comparáveis às luas, são sempre iguais, mas sempre novo, inviolável e ainda expostos ao roubo, pretende denotar sua renovação no ciclo do tempo. -- Auserlesene Griechische Vasenbilder, hauptsächlich Etruskischen Fundorts (1858), Friedrich Wilhelm Eduard Gerhard.
Ver: OS TRABALHOS DE HÉRCULES - 10º: HÉRCULES & GERIÃO (***)
Caco, um pastor de três cabeças, morto por Hércules que levou seus bois, é idêntico a Gerião, um pastor de três cabeças, morto por Hércules que levou seus bois. Na verdade, esta identidade está na base da versão de Flaco onde os dois personagens, Caco e Garanus, aparecem na mesma história, com a particularidade de que este último se tornou o assassino do outro.
O pastor de três cabeças é uma divindade amplamente distribuída no Mediterrâneo e na Ligúria. Leva o nome de Tauriscus e Tarvos Trigaranus entre os celtas que o fizeram, sem dúvida por analogia verbal, “o touro com os três chifres”. Em Pádua, aparece ligado às águas rituais e presta oráculos à nascente de Aponus, de onde esteve ligado a Grannus, o curandeiro celta, mestre das fontes. Entre os etruscos, ele é Gerun, o triplo guerreiro, assistente de Hades; tal como aparece no fresco do túmulo do Orco, em Tarquinia, num bronze de Orvieto no Museu de Berlim e num bronze do Museu de Lion. Em Roma, Garanus foi copiado diretamente do Gerun etrusco, mas revisto pelos gregos que ali reconheceram seu Geryon. Tudo isto testemunha uma evolução que alterou e complicou o mito inicial. Isto ilustrava simplesmente o sacrifício ritual, na fonte sagrada, de um touro dado como atributo ao herói solar que ali presidia. Os cultos sincréticos apoderaram-se deste herói para torná-lo vítima de um deus mais geral. Os bifrons Argus são mortos por Hermes, mas Hermes tinha o apelido de diprosopos que significa "com duas faces" e, portanto, acaba sendo bifrons como Argus; Garanus é identificável com Hércules; finalmente Caco é o Gerião Romano; Hércules, seu conquistador, é o deus sincrético que substituiu o herói local, mas condenando-o à morte. E, ao sabermos que Hércules foi celebrado no dia 13 de agosto no seu santuário da Porta Trigemina, temos o direito de admitir que, anteriormente, este dia estava reservado ao próprio Caco, mais precisamente, que foi ele quem realizou o sacrifício ritual do touro Cacus. (…)
De seu templo em Argiletum, Janus observou os inimigos sabinos.
No desfiladeiro entre Velia e Fagutal existia um santuário, o Tigillum Sororium, dedicado a Janus Curiatius e Juno Sororia. Ali se localizava a lenda latina de Horácio e sua irmã. Na verdade, Horácio, "pater matutino", é um avatar de Jano cujo título de Curiácio, escrito Koratiôn por Dionísio, é, ao que parece, apenas um simples erro de Ainsi, a partir de Tigillum, de onde Jano observou os inimigos latinos.
Sob o mesmo nome de Horácio, o encontramos em outro lugar. Horatius Cocles, isto é, o Caolho (= zarolho), ou Ciclope, que perdeu um olho enquanto defendia a ponte Sublício contra os etruscos de Porsenna. Agora esta ponte conduzia à Porta Trigémina onde residia Caco. Da ligação entre Caco e Horácio surge a explicação do título de caolho dado a este último. A etimologia do nome Cacus foi proposta na palavra “caecus”, cego. Se existe uma contradição entre o cego Cacus e o Argus de cem olhos, não será ela demasiado sistemática para ser involuntária? (…)
Caco, condenado à morte pelo herói grego Evandro, tinha Caca como irmã e consorte, cuja capela (sacelo) foi assimilado à de Vesta. Turno, condenado à morte pelo herói troiano em Enéias, tinha como irmã e consorte Juturna, cujo sacelo está associado ao de Vesta. Face a Janus, Turnus também oferece relações diretas: Juturna, esposa de Janus, era irmã de Turnus que o altar da fonte do fórum mostra enquanto sua irmã a arma para o combate. Diante de Argo, a posição de Turnus é ainda mais precisa: diz-se que Danas fundou Ardea; através de seu pai Daunus, Tournus rei de Ardea, era descendente de Danas, também mãe de Argus. E Virgílio nos conta que, no escudo de Turnus, Argos estava representado. Finalmente, se não lermos em parte alguma que Turnus era um bifron, descobriremos mais evidências de sua natureza dual. Turnus é tipicamente um génio da fonte. Além da fonte de Juturna, no fórum romano, ele assombrou uma fons Juturnae perto de Lavinium e outra perto de Ardea. Além disso, a menção epigráfica dos Lacuturnenses postula a existência de um lacus Turnus identificável com o lago di Turno na foz do Tibre. -- Janus, le génie de l'Argiletum, Amable Audin [19].
TENEDO
Ao longo de todos os tempos a ignorância dos novos poderes relativamente ao passado costuma ser tão confrangedora quanto é o pedantismo pretensioso dos novos-ricos. A simples associação nas mesmas moedas de prata da face dupla de Tenes e, provavelmente, da sua jovem madrasta e amante Philonome e no reverso o “machado de duplo gume” de Tenedos não permite nenhuma ilação de que pretenderia significar a punição do adultério como pena capital porque tal seria contrário ao mito fundador da cidade que devia a sua origem precisamente ao resultado do adultério da mãe do herói lendário Tenes.
Pelo contrário, este “machado de duplo” gume representava o poder minóico. Por outro lado, enquanto mito fundador pode ser uma mera criação imaginativa tardia dos habitantes da cidade de Tenedos que se teriam esquecido de que este nome teria sido um dos epítetos do seu deus supremo, Tanatos, o senhor da morte.
Figura 17: Those heads portrayed two characters from a local foundation legend: Tenes and, probably, his young step-mother and lover, Philonome. However, even in ancient times the combination of the janiform, male/female head and the double axe on the reverse gave rise to tales of the punishment for adultery (!), and by the end of the 5th century the head on the coins of Tenedos was transformed into one of Zeus and Hera.
Ver: TANATOS (***)
Na verdade, ten-, que deriva de tan, a cobra, é a raiz do verbo latino da posse, tenere, e um dos componentes de Neptuno que seria o deus supremo da cidade por ter sido o da talassocracia cretense, e por isso equivalente do grego don- do “deus menino” Dionísio e de Posei-don. A forma Tenedion presente na moeda de figura anterior será assim uma espécie de redundância relativa ao grande e poderoso deus e senhor da cidade de Tenedos que seria a cobra Ten- / Thon- / Dan-, o “deus menino” dos cretenses, que foi Zeus recém-nascido / Dionísio e Apolo adolescente e em adulto seria o deus supremo, Zeus / Neptuno.
No mundo helénico existe uma ou outra singularidade a respeito dos deuses bicéfalos, além das representações de Argo e de Bóreas já referidas e uma das mais conhecidas são as moedas de Tenedos...para além das mais compreensíveis sobre gémeos opostos.
Figura 18: Este é um óbolo de prata de uma casa da moeda incerta (talvez Tarsos) cunhada por volta de 400-380 aC. O anverso exibe uma cabeça janiforme. Um rosto é masculino e o outro é feminino usando um diadema (Zeus e Hera?). O reverso mostra uma cabeça masculina barbuda triforme. Esta é uma moeda muito rara, charmosa e extremamente fina. (Fonte coinarchives.com).
A cabeça dupla nas moedas de prata de Tenedos eram muitas vezes chamadas de Hera & Zeus. Isso certamente é verdade para a cunhagem posterior (HN). Mas há outra interpretação que quero apresentar aqui: pode ser Tennes & Hemithea! Chamá-lo de Tennes e Philonome, que eu também li, deve ser recusado se você conhece a mitologia. Tennes (ou Tenes), irmão gêmeo de Hemiteia, era filho de Apolo ou filho de Kyknos, rei de Kolonai em Troas, filho de Poseidon, e sua esposa Prokleia, filha ou neta de Laomedon de Troia. Quando Prokleia morreu, Kyknos casou-se com Philonome, filha de Tragasos (ou Kragasos). Pholonome se apaixonou por seu enteado Tennes, que não respondeu aos seus avanços. Profundamente ofendida, ela o acusou em Kyknos de tentativa de estupro. Kyknos acreditou em sua acusação porque ela tinha uma testemunha, o flautista Molpos, e em sua raiva ele condenou Tennes à morte. Ele o colocou em um baú de madeira junto com sua irmã gêmea Hemithea, porque ela não o fez.Não queria viver sem o irmão ou porque lamentava muito alto a sentença de morte, e deixava-os atirar ao mar. Mas o peito, talvez com a ajuda de Poseidon, foi arrastado para a praia de Leukophrys e ambos os gêmeos sobreviveram. Os habitantes escolheram Tennes para seu rei e a ilha recebeu o nome de Tenedos em sua homenagem. Mais tarde, Kyknos descobriu toda a verdade, matou Molpos e enterrou sua esposa Philonome viva. Para se reconciliar com seus filhos, ele navegou para Tenedos. Mas Tennes recusou qualquer contato com seu pai, pegou seu machado e cortou as cordas do navio. A frase "corte com o machado de Tennes" deve ser originada dessa história. Significa algo como "nada para lidar com alguém". Sobre a morte de Tennes conhecemos várias versões diferentes. Ele lutou com os troianos contra os gregos e foi morto por Aquiles, embora Tétis tenha advertido seu filho para fazer isso, porque Apolo certamente se vingaria pela morte de seu filho. Tenedos ficou sob a proteção especial de Apolo. Outros contam que Aquiles matou Tennes junto com seu pai Kyknos quando ele na viagem para Troia fez uma parada indermediate em Tenedos. Outra versão relata que Aquiles durante essa parada intermediária perseguiu Hemithea e Tennes tentou impedi-lo. Mas Aquiles, sem saber que Tennes era filho de Apolo, o matou (Plutarco). Conta-se também que Poseidon tornou seu filho Kyknos invulnerável para que nenhuma espada pudesse feri-lo. Na Guerra de Tróia contra os gregos foi estrangulado por Aquiles. Após sua morte, Poseidon o transformou em um cisne (do grego kyknos = cisne). Mas há vários heróis chamados Kyknos também, todos ligados ao cisne. Após sua morte, Tennes e sua gêmea Hemithea foram adorados como divinos. Diodoro Sículo relata que os habitantes de Tenedos construíram um santuário para Tennes para celebrar suas virtudes. Não era permitido que flautistas entrassem no santuário e pronunciar o nome de Aquiles era proibido. Hemiteia foi equiparada a Leucotéia, mãe do deus do mar Palaimon e venerada como divindade também. Sabe-se que os habitantes de Tenedos sacrificaram crianças aos deuses até tempos históricos, o raro exemplo de sacrifícios humanos na Grécia antiga! Tennes (ou Tenes) é o epônimo de Tenedos. Mas provavelmente foi o contrário: Tennes recebeu o nome da ilha. A mitologia relatada é datada de tempos posteriores. A história com o machado pode ser explicada etiologicamente e refere-se ao machado duplo nas moedas tenedianas. A mitologia em si é o conhecido tema de Potifar (Pauly). Mas provavelmente temos uma mistura de vários mitos diferentes. Assim, temos outro mito do rei Staphylos de Naxos que também tem uma filha Hemithea e encontramos o motivo com o peito jogado no mar. Hemiteia foi resgatada por Apolo e um grande santuário foi construído para ela em Kastabos no Chersoneso (Diodoro Sículo)[20].
A ilha grega de Tenedos produziu durante séculos moedas com cabeças janiformes semelhantes ao anverso desta moeda (exemplo), mas é o reverso que é tão único e fascinante: a cabeça triforme barbuda tem três faces compartilhando dois olhos. Pode ser uma coincidência, mas lembra imagens do deus hindu Brahma, que tem quatro cabeças, uma voltada para cada uma das quatro direções cardeais. Acredita-se que este seja um símbolo de sua omnisciência. Não existe outro design conhecido como este na numismática clássica.
Figura 19: MYSIA, Lampsakos. Cerca de 490/80-450 a.C. AR Siglos – Drachm (17mm, 4,65 g, 6h). Padrão persa. Diademada cabeça feminina janiforme / Cabeça de capacete de Atena esquerda; Kerykeion para a direita; tudo dentro do quadrado incuse. Baldwin, Lampsakos, Grupo A, Série II, 22; SNG BN 1123. Levemente tonalizado, porosidade leve, área de ataque fraco, arranhões no anverso. VF.
TRAJANO
É interessante notar que, derivado do nome do latino Janus, podemos ter o do imperador Trajano, de nome completo Marcus Ulpius Trajanus. Sabemos que a sua família era de Todi, na Úmbria, mas os seus antepassados distantes poderiam ter sido emigrantes macedónios porque uma das etimologias deste nome pode ser eslava ou das bandas da Ilíria.
«Trajano» < Lat. Trajanus < Umbr. Traian < ??? > Macedon. Трајан (Trajan),
< трај (traj, “suportar, aguentar, continuar ao longo do tempo)” + -an (-an)
> Трајан (Trajan) = um nome masculino, variante de Трајко (Tra-j(u)-ko)
ou Трајче (Tra-j(u)-če), ó feminino Трајанка (Tra-janka).
Ou seja, a raiz macedônia do nome Trajano seria Tra-ju- cuja etimologia indoeuropeia pouco ou nada esclarece.
Трај (traj < тра́е (tráe) < proto-eslavo *trajati
< proto-indo-europeu *tréh₂yeti + *-jati, ye-presente
< proto-indo-europeu *treh₂- (“passar”)
ó sânscrito त्रायते (trāyáte, “proteger”), do latim (in)trāre (“entrar”).
Embora não se entenda como é que o sancrito त्रायते trāyáte, no sentido de “proteger”, possa entrar nesta equação do que “tendo entrado, esteja em trajecto e permaneça em transito” acabe por revelar a natureza do que “suporta, aguenta e continua ao longo do tempo” como sendo a força dum animal de transporte taurino dos deuses jupiterianos das tempestades e, por isso, protector de quem o monta. Este deus jupiteriano teria começado no início dos tempos míticos minóicos com *Ju®-ano, o deus En-Ki-Kur, senhor dos céus, da terra e dos infernos, ou seja, Jano. Assim sendo, acabamos por onde devíamos ter começado:
Introibo ad altare Dei,
ad Deum qui laetificat juventutem meam! – Vulgata de São Jerónimo.
Este salmo agora é traduzido no latim da neo-vulgata da forma comum do rito latino como no Salmo 43.
43,4Et introibo ad altare Dei,
ad Deum laetitiae exsultationis meae.
O mais provável é que esta salmodia fosse muito arcaica e usada desde os tempos minóicos em ritos de passagem iniciática para louvar o deus de todas as juventudes guerreiras de todos os tempos e lugares que afinal Jano também deve ter sido. No mínimo é aceitável que os primeiros cristão se tenham atrapalhado a leitura do salmo de David e tenham tropeçado nas invocações litúrgicas introdutórias que em Roma começavam sempre com a invocação a Jano, o deus da juventude dos latinos.
[1] S. Weinstock, "Martianus Capella", Journal of Roman Studies, p. 106 n. 25 on the grounds of Varro apud Augustine above VII 2 and Johannes Scotus Eriugena Annotationes in Marcianum, edited by C. E. Lutz (Cambridge, Mass., 1939; reprint New York, 1970), p. 29, 8.
[2] Tertullian Idolatria XV 5; De Corona Militis XIII 9.
[3] S. Weinstock "Martianus Capella" in Journal of Roman Studies p. 104 and 106.
[4] S. Weinstock above p. 106 n. 25; E. L. Highbarger, The Gates of Dream: An archaeological examination of Vergil, Aeneid VI 893–899 (Baltimore, 1940); A. K. Coomaraswamy, The Door in the Sky (Princeton, 1997); M. Eliade Shamanism: Archaic Techniques of Ecstasis (Princeton, 2004); G. Capdeville, "Les dieux de Martianus Capella", Revue de l'histoire des religions 213/3 (1996), pp. 293–4.
[5] A. Pfiffig Religio Etrusca Graz 1975 p. 330-1.
[6] E. Simon, "Gods in harmony", in Etruscan Religion, edited by N. Thomas De Grummond (Univ. of Texas Press, 2006) p. 58. Cf. also goddess Culśu, the gatekeeper of the Underworld, holding a torch and a key, on the sarchophagus of Hasti Afunei from Chiusi.
[7] A. Pfiffig above pp. 330–331 on Culśu and p. 280 on Alpanu. In Capdeville's citation it looks the author is unaware of existence of two different gods named Culśanś and Culśu respectively.
[8] A. Audin above p. 96.
[9] L. Schmitz in W. Smith above p. 551.
[10] Não se confirma a existência de qualquer deus hitita com o nome Gulsans.
[11] Emilia Pardo Bazán, en un cuento titulado "Al buen callar llaman Sancho", advierte que para muchos eruditos la historia que narra es el origen del dicho. Los duques de Toledo tienen un hijo único llamado Sancho, que no tenía pelos en la lengua para cantar verdades. La reina se prenda del muchacho y lo manda llamar para que sea su paje. El padre se asusta de que el hijo llegue a la corte con su imprudencia en el hablar, pero él le pide que propale la noticia de que se ha quedado sin habla y se hace pasar por mudo. Y como tal entra en palacio. Todo lo ve, todo lo oye, pero siempre calla. Conoce las infidelidades reales, la corrupción de la corte, pero como no habla, los reyes se encariñan y lo colman de favores. Al final rubrica así su buen callar. "A la primera palabra que sueltes, lengua mía, con estos dientes o con mi puñal te corto y te echo a los canes". -- Al buen callar llaman... (elcolombiano.com)
[13] Iupiter Ambisagrus and lupiter Dianus.
Zeus and Iupiter were seldom, if ever, Janiform in classical art. In 1843 E. Braun published a bifrontal head in the Palazzo Spada at Rome (pi. xx)', which he took to be a representation of Zeus in his celestial and chthonian characters, the former mild, the latter stern. Braun was followed by J. Overbeck. But E. Gerhard, when confronted with the head, failed to detect any such distinction. And K. F. Hermann4, P. W. Forchhammer, K. O. Miiller, W. H. Roscher, were all inclined to think that the sculptor meant to portray, not a Janiform Zeus, but Ianus himself. However, Braun was able to support his contention by quoting from P. Pedrusi (fig. 215) a silver coin of Geta, struck in 211 A.D., which certainly shows a beardless (?) two-faced god — presumably lupiter —holding a thunderbolt in his left hand and a reversed spear in his right. Forchhammer observed that the attributes are those of lupiter Conservator, and suggested that this god was fused with Ianus Conservator in a unique numismatic type commemorating the double rule of Geta and Caracalla. I should explain the type somewhat differently.
A remarkable inscription engraved on a small altar found at Aquileia records the worship of Iupiter Optimus Maximus Co{nservator) et Ambisagrus. The last title is commonly regarded as quite obscure. But in view of our coin it becomes transparently simple. Ambisagrus is vulgar Latin for Ambisacrus and means ' Sacred on both sides.' It implies that the Iupiter in question was a god resembling the two-faced Ianus. Accordingly, we are not surprised to discover that in the same town Aquileia there was a cult of Iupiter Dianus — an ancient form of Ianus identified with the later Iupiter. It is hardly accidental that this Janiform Iupiter occurs in a district which was permeated with Celtic influences.
[14] (D)Ianus an older Iupiter.
But the relations subsisting between Ianus and Iupiter call for clearer statement and closer definition. Ianus was commonly recognised as the oldest god of Italy. Juvenal addresses Ianus Pater as 'most ancient of the gods1.' Herodian speaks of him as the ' most ancient indigenous god of Italy2.' Prokopios says: ' This Ianus was the first of the ancient gods, whom the Romans in their language termed Penates3.' With regard to his essential character there was less agreement. According to Varro, some authorities identified him with the sky, others with the universe4. Varro himself appears to have shared the latter opinion5. But M. Valerius Messalla, consul in 53 B.C. and an augur of fifty-five years' standing, began a treatise on Ianus with the following words6: He who fashions all things and rules them too has linked together, on the one hand water and earth, heavy elements slipping downwards into the abyss, on the other hand fire and air, light elements escaping upwards into space, by means of the sky put round about them: thus the great potency of the sky has bound together two unlike forces.
This extract, for the preservation of which we are indebted to the erudition of Macrobius, enables us to see how a philosophic mind might pass from a belief in Ianus as the sky to a belief in Ianus as the universe. Others equated him with the air, or with chaos the yawning void1. Others, under the influence of Orphism, saw in him ' a power that controls the two Bears and sends divine souls to join the lunar dance.' And of course the solar mythologists of the republic and the empire claimed him for their own. Another natural extension of meaning transformed the sky-god into a time-godB. He was god of the day. He was god of the months. He was god of the seasons. He was god of the year. He was god of eternity, being either the father of Aion or Aion's very self. Now if we assume as, I think, we are justified in assuming that Ianus, like Iupiter, was, to begin with, simply the divine Sky, we can understand, not only all the foregoing attempts to interpret him in terms of space and time, but also the very remarkable description of him as ' god of gods ' contained in an extant fragment of the Saliari hymn.
[15] Again, the famous tomb in Crete was inscribed with an epitaph which, according to the best attested version, ran: 'Here lies Great Zan, whom men call Zeus*.' If the cult of the Cretan Zeus resembled that of Adonis or Tammuzand in historical times involved an annual festival, at which the god was killed and eaten in the form of a bull, there is point in the curious variant of his epitaph: ' Here lies a Great Ox, whom men call Zeus. 'The votaries of the Cretan Zeus actually ate of the Great Ox as part of their mystic rites. When, therefore, the watchman in the Agamemnon exclaims — 'For the rest I'm silent: a Great Ox hath come Upon my tongue, 'he was, I take it, simply repeating a formula* of the Cretan mysteries that had passed into a proverb for sworn secrecy.
Again, if the death of Zan the Great was, like that of Tammuz, the subject of a yearly lamentation, we cannot but recall Plutarch's account1 of the voice which bade the pilot Thamous bear the mysterious tidings ' Pan the Great is dead.' Are we to conclude that this singular tale was ultimately based on the ritual of Zan? The locality of the alleged occurrence is worth considering. The unknown voice came from the direction of Paxoi, a couple of small islands, now called Paxo and Antipaxo, off the mouth of the Thesprotian river Acheron, which flows through the Acherusian Lake to the sea. Thamous was to make his announcement ' over against Palodes,' a muddy lake at the outlet of which stood the town Bouthroton or Bouthrotos1. Neither place had anything whatever to do with Pan. Both may be readily connected with Zan. For at the Acherusian Lake was the tomb of Plouton, which the author of the Clementine Homilies expressly compares with the tomb of Zeus in Crete. And a copper coin of Bouthroton, struck when the town had become a Roman colony, has for obverse type the head of Zeus wearing a wreath of oak, for reverse an ox. Other coppers of the same town show either a standing ox or an ox-head4. The ox indeed played a part in the foundationlegends both of Boucheta (Bouchetos, Boucheton, Bouchetion) near the mouth of the Acheron5 and of Bouthroton too';, being comparable on the one hand with Europa's bull, on the other with the cow of Ilos at Troy1 or the ' Adiounian bull' in Crete. It seems likely enough that in this district, peopled with Illyrian tribes, which had pushed their way from north to south4 and were partially Hellenised by contact with their neighbours, Zeus represents Zdn — a name reappearing in the Zanes of Olympia. When Zdn had dropped out of popular parlance, a story involving his half-forgotten name might well become attached to Pan. Epitherses, who told the tale, was a grammarian of Nikaia in Bithynia living in the reign of Tiberius; and coins of Nikaia, struck by Marcus Aurelius, Caracalla, Macrinus, Elagabalos, Severus Alexander11, Maximinus, Gordianus hi, Philippus ii14, Trebonianus Gallus, and Gallienus1", make much of Pan. Moreover, the Orphic Theogony of Hellanikos had long since identified Zeus with Pan, misled by what seemed an obvious etymology19. On the whole, therefore, it may be inferred that Plutarch's story really does postulate as its original source the liturgy of Zan the Great. The same may be said of the ritual chant at Dodona, where the Peleiades are reported to have sung:
Zeus was, Zeus is, Zeus shall be: O Great Zeus! Earth sends up fruits; so hymn ye Mother Earth.
The epithet 'Great Zeus' inclines me to suspect that here too Zeus had displaced Zan. M. Mayer's notion that the older name of the god (*Djan, Zan) has survived in the modern Jánina is, I fear, a simple mirage. But it is tempting to seek, with R. Meister, the female counterpart of Zan in *Díaina or *Diáne, the weak forms corresponding with the strong form Dióne. -- Cook, Arthur B Zeus a study in ancient religion.
[16] Graves (The Greek Myths) relatou uma sugestão que havia sido feita por Salomon Reinach e ampliada por James S. Van Teslaar de que os marinheiros realmente ouviam os gritos animados dos adoradores de Tamuz: Θαμούς πανμέγας τέθνηκε (Thamoús pan-mégas téthnēke, "Todo grande Tamuz está morto!").
[17] And from the study of these monumentsand remains we have been enabled to arrive at a knowledgeof the cultural relations of early Greece which are nothing less than revolutionary. We see that, instead of belonging originally to the central and North-European "Aryan" race, the group of peoples speaking Indo-European languages to which we ourselves belong, and being in its origins radically distinct from the civilization of Egypt and of Asia, the oldest culture of Greece really belongs to the Mediterranean basin, where it originated, and so is from the beginning part of the culture of the other Mediterranean peoples, to which the civilization of Egypt also attaches itself to some extent. (…)
In dealing with the early history of Greece he groped darkly, because, though he had all the varied store of Hellenic legendto his hand, he had no knowledge of what we know now in some degree, the real story of the first development of Greekcivilization. We know that Egyptian priests could tell him the history of Cheops and of Rhampsinitos, but that no Greek couldtell him that of the strong men who lived before Agamemnon. Nor do we know the true facts of their history as we do that of Cheops or Rhampsinitos, but we may do so one day, when weread the Minoan writing as we can that of ancient Egypt. Till then, we also must grope, but not so darkly as Herodotus for modern archaeological discovery has told us the developmentof the heroic culture of Greece, which we can now trace back to its origins, contemporary with those of Egypt itself. -- The Ancient History Of The Near East, From The Earliest Times To The Battle Of Salamis. Author: H. R. (Harry Reginald) Hall.
[18] La jeune école de toponymie italienne met le nom de l´Argiletum en relation avec le mot argillai, par lequel un de Strabon qualifie les grottes oraculaires de l'Averne; le mot serait construit sur la base argea et le suffixe letum, l'un et l'autre prélatins. Le site aurait donc été caractérisé par la présence d'un antre prophétique à la source des aquae Lautulae. (…)
En marge de cette leçon, Servius s'est fait l'écho d'une fable étiologique. Le grec Evandre, roi des Aborigènes du Palatin, aurait offert l'hospitalité à Argus. Celui-ci ayant été tué par erreur ou par trahison, le roi lui dédia une tombe, un sanctuaire et un bois sacré dans l'Argiletum qui prit le nom de la victime.
La légende grecque faisait d'Argus aux cent yeux le de Io, prêtresse de Junon métamorphosée en génisse; il était le modèle d'une vigilance qui lui avait mérité le de Panoptis. Au vrai, Argus était un héros bifrons ; tel il apparaît sur le vase Bassegio, amphore attique à figures noires, qui le montre périssant sous les coups d'Hermès, tandis que s'enfuit la vache Io; tel, et dans la même scène, sur le cratère de Ruvo où il est vêtu d'une longue peau de bête. Hésiode, et après lui Ovide, lui attribuent deux paires d'yeux, l'une devant, l'autre derrière la tête, manière atténuée d'être bifrons. S'il est devenu le génie de l'Argiletum, il le doit d'abord à la ressemblance de son nom avec celui de ce lieu; mais cette raison fut renforcée par une autre meilleure: était déjà le séjour d'un bifrons dans lequel les Grecs n'hésitèrent pas à voir leur propre Argus.
On sait, par Horace et Suétone, que le temple primitif de Janus, le Janus Geminus, se dressait au pied des collines c ; dans l'Infimum Argiletum ajoutent Tite-Live et Servius; près de la source chaude des aquoe Lautuloe, précisent Varron et Macrobe. Martial et Ovide le situent près du forum republicain et des forums de César, d'Auguste et de Nerva; Dion Cassius et Procope à proximité de la Curie 10. On s'accorde aujourd'hui à le placer derrière l'angle nord de la basilique Aemilia, au nord-est de la Curie11, en fait, sur le forum Transitorium où Servius et Lydus le localisent expressément.Martial nous enseigne au surplus que, au centre de son aire, donc sur l'emplacement du carrefour de l'Argiletum, Nerva érigea un Janus Quadrifrons qui remplaçait un sanctuaire plus ancien et plus modeste. Il s'agit évidemment du Janus Geminus élevé à l'endroit où le dieu sauva Rome en faisant jaillir sous les pas de Tatius la source chaude des aquae Lautulse.
Depuis le'vie ou le vue siècles, Janus résidait à PArgiletum. Son origine, il faut la chercher en pays étrusque, près de ce Culsans bifrons dont une statuette de bronze a été decouverte à Bologne ou du bifrons au large pétase, image du ciel, qui timbre les monnaies de Volterra, ou encore de ce Janus quadrifrons de Faleries, finalement importé à Rome en 241 avant notre ère, et que Nerva établit sur son forum. Lorsque, au IVe siècle, les Grecs arrivèrent à Rome, ils trouverent àl'Argiletum un bifrons qu'ils identifièrent à leur Argus. Mais derrière ce personnage étranger, il faut rechercher l´authentique génie du lieu, Janus. On découvre une nouvelle preuve de l'identité de Janus et d'Argus. Dans le passage qu'il consacre à l'Argiletum, Servius avance que ce nom viendrait d'un certain Argillus qui aurait fait, ou refait, en ce lieu, une porte qu'on identifiera au Janus Geminus. (…)
Cette séquence légendaire: Hercule, Évandre, leur victime, (la génisse Io ou toute autre), nous la connaissons bien ; c'est celle du mythe de Cacus. Allié d'Évandre, Hercule aurait poursuivi et tué Cacus qui lui avait ravi son troupeau. Le doublet est évident: Cacus, ici, équivaut à Argus. Identique à Argus, Cacus l'est aussi à Janus. Entre le dieu et lui persistait une analogie frappante : à l'Argiletum, Janus réside près de la porta Janualis x à laquelle son caractère de bifrons fit donner le titre de Geminae portae: à la Saline, Cacus réside près de la porta Trigemina qui évoque ce monstre que Properce, en souvenir de Géryon, disait tricéphale. A cette identité, Servius apporte une confirmation indirecte: Cacus, dont il faut rappeler qu'il était fils de Vulcain, dieu solaire comme lui, avait une soeur parèdre, Caca, vénérée dans un sanctuaire où des vierges sacrées analogues aux Vestales — si elles n'étaient pas les Vestales elles-mêmes — lui rendaient un culte à un foyer qu'il est impossible de ne pas rapprocher de celui de Vesta, parèdre de Janus. (…)
Que le souvenir de Cacus ait été effacé de bonne heure de ce lieu, on ne peut s'en étonner, eu égard à l'importance que prirent les jumeaux romuléens, importance qui contraignit Cacus à leur céder la place et à émigrer sur le site de la Saline. Il demeure que son premier domicile fut bien cet atrium Caci, au pied des scalae Caci, sur la rive de ce marais qui portait, lui aussi, le nom de Cacus. A la Saline, Cacus allait prendre un nouveau visage. Une variante de sa légende, rapportée par Verrius Flaccus, en fait la victime, non plus d'Hercule, mais du pasteur Garanus, identique au Géryon grec. Le bétail que Cacus avait volé à Hercule, et que celui-ci reprit en tuant le monstre, était celui-là que le héros avait déjà ravi à Géryon, le pâtre de l'Hespérie. -- Janus, le génie de l'Argiletum, Amable Audin.
[19] Cacus, bouvier tricéphale, mis à mort par Hercule qui lui prit ses boeufs, est identique à Géryon, bouvier tricéphale, mis à mort par Hercule qui lui prit ses boeufs. En fait, cette identité est à la base de la version de Flaccus où les deux personnages, Cacus et Garanus, apparaissent dans le même récit, avec cette particularité que celui-ci est devenu le meurtrier de l'autre.
Le bouvier tricéphale est une divinité méditerranéenne et ligurique de large diffusion. Il prend le nom de Tauriscus1 et de Tarvos Trigaranus chez les Celtes qui en ont fait, sans doute par analogie verbale, «le taureau aux trois grues». A Padoue, il paraît lié aux eaux rituelles et rend des oracles à la source Aponus, d'où on l'a rapproché de Grannus, le guérisser celtique, maître des fontaines. Chez les Étrusques, il est Gerun, le guerrier triple, assistant de Hadès ; tel il aparait sur la fresque de la tombe de l'Orco, à Tarquinii, sur un bronze d'Orvieto du Musée de Berlin et sur un bronze du Musée de Lyon. A Rome, Garanus est copié directement sur le Gérun étrusque, mais revu par les Grecs qui y avaient reconnu leur Géryon. Tout ceci témoigne d'une évolution qui altéra et compliqua le mythe initial. Celui-ci illustrait simplement le sacrifice rituel, à la fontaine sacrée, d'un taureau donné comme attribut au héros solaire qui y présidait. De ce héros, les cultes syncrétiques se sont emparés pour en faire la victime d'un dieu plus général. Le bifrons Argus est tué par Hermès, mais Hermès a porté le surnom de diprosopos qui signifie «aux deux, visages » et s'avère ainsi bifrons comme Argus; Garanus, lui, est identifiable à Hercule; enfin Cacus est le Géryon romain; Hercule, son vainqueur, est le dieu syncrétique qui se substitua au héros local, mais en le mettant à mort. Et, lorsque nous apprenons que Hercule était fêté le 13 août en son sanctuaire de la porta Trigemina, nous sommes en droit d'admettre que, auparavant, ce jour était réservé à Cacus lui-même, plus précisément, qu'il était celui du sacrifice rituel du taureau Cacus. (…)
De son temple de l´Argiletum, Janus observait les ennemis sabins.
Sur le col entre Velia et Fagutal existait un sanctuaire, le Tigillum Sororium, consacré à Janus Curiatius et à Juno Sororia. Là se localisait la légende latine d'Horace et de sa soeur. Au vrai, Horatius, «matutine pater», y est un avatar de Janus dont le titre de Curiatius, écrit Koratiôn par Denys, n'est, semble-t-il, qu'une simple erreur de Ainsi, du Tigillum, Janus observait les ennemis latins.
Sous le même nom d'Horatius, nous le retrouvons ailleurs. Horatius Coclès, c'est-à-dire le Borgne, ou le Cyclope, perdit un oeil en défendant le pons Sublicius contre les Étrusques de Porsenna. Or ce pont aboutissait à la porta Trigémina où résidait Cacus. Du rapprochement entre Cacus et Horatius jaillit l'explication du titre de borgne donné à celui-ci. On a proposé l'étymologie du nom de Cacus dans le mot «caecus», aveugle. S'il y a une contradiction entre l'aveugle Cacus et Argus aux cent yeux, n'est-elle pas trop systématique pour ne pas être voulue? (…)
Cacus, mis à mort par le héros grec Évandre, avait pour soeur et parèdre Caca, dont le sacellum fut assimilé à celui de Vesta. Turnus, mis à mort par le héros troy en Énée, avait pour soeur et parèdre Juturne, dont le sacellum est associé à celui de Vesta. Vis-à-vis de Janus, Turnus offre également des rapports directs: Juturne, épouse de Janus, était soeur de Turnus que l'autel de la fontaine du forum montre tandis que sa soeur l'arme pour le combat. En face d'Argus, la position de Turnus est encore plus précise: Danas passait pour avoir fondé Ardée; par l'intermédiaire de son père Daunus, Tournus roi d'Ardée, était issu de Danas, par ailleurs mère d´Argus. Et Virgile nous apprend que, sur le bouclier de Turnus, était figuré Argus. Enfin, si nous ne lisons nulle part que Turnus était un bifrons, nous découvrirons plus loin des témoignages de sa double nature. Turnus est typiquement un génie des sources. Outre la fontaine de Juturne, au forum romain, il hantait une fons Juturnae voisine de Lavinium x et une autre proche d'Ardée. En outre, la mention épigraphique des Lacuturnenses postule l'existence d'un lacus Turnus identifiable au lago di Turno des bouches du Tibre. -- Janus, le génie de l'Argiletum, Amable Audin.
[20] The Mythology of Tenedos Discussion in 'Ancient Coins' started by Jochen1, Feb 3, 2019. (Cited from: https://www.cointalk.com/threads/the-mythology-of-tenedos.332304/). Dear Friends of ancient mythology! Preparing a longer article about Janus I came across the old silver coins of Tenedos which show a double head too but a mixed male and female.
Sem comentários:
Enviar um comentário