Figura 1: Pintura rupestre de Lascaux. A égua amarela.
«AMARILLO, 1074 (amarellus, 919). Del bajo lat. hispánico AMARELLUS ‘amarillento, pálido’, diminutivo del lat. AMARUS ‘amargo’, probablemente aplicado a la palidez de los que padecían ictericia, por ser enfermedad causada por un trastorno en la secreción de la bilis o humor amargo. Deriv. Amarillento, 1818. Amarillez, 1495.» [Corominas, Joan: Breve diccionario etimológico de la lengua española. Madrid: Gredos, 1987, p. 47]
«A pesar de la caracterización que hemos hecho del latín hispánico como arcaico y conservador, sus descendientes poseen una serie de rasgos que revelan la existencia de cambios innovadores que se circunscriben de modo exclusivo a la Península. Algunas innovaciones hispánicas consisten en la formación de derivados: amaru (“amargo”) > amarellu > “amarillento” > amarillo.» [Penny, Ralph: Gramática histórica del español. Barcelona: Ariel, 2001, p. 11]
Pero hay otra teoría que he leído por algún sitio que hace derivar la palabra de un *ambarellus, formada por el árabe ambar y el diminutivo latino -ellus. Derivar amarillo de ámbar (del árabe al-anbar) y formar sobre esta base un diminutivo con un sufijo latino –ellus me parede más problemático. Sobre todo teniendo en cuenta que hay ámbar de varios colores: ámbar amarillo, gris o pardillo, negro o azabache. Con la expresión ser como el ámbar ponderamos la claridad y transparencia de algunos líquidos, especialmente del vino. De todas formas creo que en portugués el grupo mb se mantiene y no como en castellano, lamer, en portugués lamber, paloma, en portugués p(al)omba con lo que veo difícil hacerlo derivar de un *ambarellus puesto que en portugués está amarelo. Luego otra teoría inverosímil hace derivar de amrah que en árabe significa 'rojizo' por razones semánticas y fonéticas. Está documentado el bajo latín "amarellus" derivado de amarvs. La etimología mozárabe puede ser correcta: mozárabe latina, sin necesidad de recurrir al árabe... "hambra" adjetivo femenino 'roja'... es absurdo. El mozárabe fue una lengua románica (con influencia meramente léxica del árabe) y del latín AMARVS deriva "amargo" como el limón y "amarillo" como el limón. "Hamriella" está documentado en una "jarcha" pero con el significado de 'roja' ("boquiella hamriella").
Como se constata, a etimologia do «amarelo» está longe de ser consensual e de estar definitivamente estabelecida! Afirmar que o «amarelo» derivou do baixo latim espânico amarillu é já melhor do que propor que teria derivado do arábico amrah como se fosse pensável acreditar que alguém, algum dia, tivesse podido confundir o ocre amarelo com o ocre vermelho só por serem ambos formas de argila quase pura cujos pigmentos de hidróxido de ferro lhe conferem tonalidades que podem ter cambiantes desde o amarelo ao vermelho, passando pelo castanho e pelo laranja.
Precisamente por ser o ocre o corante natural mais comum na natureza e há mais tempo conhecido e largamente utilizado pelo homem é que podemos daqui inferir que, além da quase espontâneo desenho a preto e branco a partir do contraste de sombras da gravura e do traço do carvão a representação do mundo a cores aparece no esplendor da arte rupestre, ainda antes da mestria dos cinzentos, apenas com mestria da paleta dos matizes do ocre natural ao ponto de, quase a par da oposição contrastante entre as cores branca e preta tenha sido a oposição vermelho amarela a mais utilizada na pré-história.
Figura 2 e Figura 3: Pinturas rupestres de cerca de 400 anos A. C do povo San da África do sul, da etnia busquímane. A proeminência dos traseiros identifica as mulheres pintadas de ocre amarelo alaranjado enquanto os homens aparecem de vermelho escuro. Na Figura 4: um grupo de tridivas de nádegas proeminentes aparece pintado em ocre amarelo alaranjado. Precisamente para representar a primeira divisão social onde o corpo masculino era pintado a vermelho, de mistura com o sangue dos animais abatidos na caça, enquanto o amarelo era a cor do corpo da mulher, fosse por analogia com a cor da lua mas quiçá fosse apenas por ser o ocre amarelo o mais comum e ser da cor da Terra Mãe. | ||
Obviamente que esta afirmação não passa de uma teoria superficial baseada em elementos arqueológicos colhido ao acaso e que apenas um estudo metódico e exaustivo poderia fundamentar. Para já parece fundamentado que na representação de animais o negro era usado para os machos e o vermelho para as fêmeas. Por outro lado, a exiguidade de recursos pigmentares terá impedido o aparecimento de um tabu simbólico relacionado com as cores. Assim sendo, as cores da arte rupestre são sobretudo monótonas porque acabavam por ser usadas as mais fáceis de obter acabando por aparecerem os mais variados temas representados com as cores que se encontravam mais à mão. Apenas se pode ter como seguro que o ocre vermelho, pela sua óbvia relação com a cor do sangue, foi usado generalizadamente como amuleto mágico, símbolo de vida e, como a Deusa Mãe era adorada pela sua relação com a vida e a morte, é possível que esta cor tenha sido também inicialmente a da deusa mãe do Amaranto.
O vermelho escuro como a púrpura da Sr.ª das Dores e das Angústias é o amarantino da flor que seria venerada nas antigas festividades amaríntias da confederação de Amarinto, celebradas em honra de Artemisa Amarisia. Por outro lado, quanto mais não seja metaforicamente, Deus é o Logos que dá o sentido às coisas e, portanto, natural será pensar que por detrás duma palavra de grande importância social, como é o nome das cores, tenha estado o nome duma divindade.
Figura 7: Amaranto. Amaranto = (cor) vermelho-escuro; (< lat. amarantu-, < gr. amárantos, “que não murcha” -- © 2003 Porto Editora, Lda. --- ou que não sucumbe às mão da deusa da Morte, a deusa mãe Mar-Antu. |
Se não e certo que o cor amarela terá sido desde a origem uma cor feminina, é quase seguro que no início da época história ela terá sido reservada para representar a Deusa Mãe, razão de grande parte dos seus misteriosos e equívocos simbolismos, como de seguida se verá.
> Kam-wer + an > «cambrão».
«Quimera» < Ki-Am-ura > Kamwera > Arb. Hambra >
amrah + ella > Hamriella ó + *cambroelia > «cambroeira».
ó *Hambriela < Am-Wer-lia = Wer-am-lia > vermalia > «vermelha».
Cambrão = substantivo masculino; Botânica. fruto (baga vermelha elipsoidal) produzido pela cambroeira. (De origem obscura) -- © 2003 Porto Editora, Lda.
No entanto, esta proposta acaba por ser uma espécie de “petição de principio” na medida em que significaria já aquilo que veio a significar nos falares ibéricos actuais o que deixa pressupor que se tratava de um termo que os falantes em baixo latim, nos múltiplos concílios católicos do império visigótico, teriam pedido de empréstimo aos autóctone que ainda conservariam no seu léxico termos ibéricos pré-romanos. Se, por um lado, passar do baixo latino «amarellu» para o «amarelo» português parece fácil já passar para o espanhol «amarillo» parece foneticamente pouco satisfatório porque nos deixa com a impressão de ter como que uma derivação independente nas duas línguas dominantes na península. Ora, seria pouco provável que, na mesma província latina, duas vias houvessem para o aparecimento da mesma palavra.
Lat. Amar(u) + ellu => bajo lat. hispánico de 919 Amarellu >
V. Erud. Pt. «amarelo».
V. Pop. Pt. Top. «Amarelho & Amarelhe».
Lat. Amaru + culo > amari-culo > amari-(clo/llu) > Esp. Amarillo.
Os diminutivos portugueses terminados em -lo são parentes próximos dos terminados em -lho, no entanto, os gramáticos costumam ser acertivos em certas regras derivativas que na prática parecem mais um jogo de azar do que um universo determinado e regrado!
Alguns exemplos clássicos:
> Cast. «conejo».
«Coelho» < co(n)-ello < coni-culo < cuni + culo < dim. de cuni =???
«Joelho» < ju(n)-ello < genu-clu < genu + culu- < dim. de genu- (= joelho)
< Cast. Juan | Xu-an| -ete > «joante».
«Chave» < Lat. clavis > Cast. llave, clave, tecla.
«Chumbo» < Lat. Plumbu > plombo, plomo, guiar. Etc.
Desta análise derivativa pode retirar-se, como primeira hipótese, que a regra de que o som latino cl daria ch em português tem muitas excepções ou que, pelo menos, não tem sido dada pelos gramáticos uma explicação cabal para o facto de ser aparentemente aleatório passar do cl latino ora para ch ora para lh em português (tal como, mutatis mutandis acontece no espanhol!).
A arbitrariedade com que isto aconteceu só pode ter tido uma única explicação: os termos chegavam, na maior parte das vezes, ao baixo latim ibérico sem o diminutivo que era depois adaptado pelos falares crioulos locais com diminutivos que estivessem em consonância fonética com similares autóctones. Obviamente que a ignorância em que os autores latinos nos deixaram, porque chauvinistas em absoluto, não nos permitem confirmar esta tese. No entanto, até ver, esta é a única explicação razoável para a arbitrariedade derivativa com que nos confrontamos na análise etimológica do romance português e que a fonologia científica está longe de tornar explicável.
Pelo contrário, sabemos que amaru deus origem ao latinismo português amaro que apenas ficou na história literária por não ter ultrapassado em uso o renascimento e ter sido sempre preterido pelo tradicional «amargo» derivado do latim hispânico o que só comprova o seu enraizamento na matriz linguística da espanidade.
No entanto, este latim espânico derivaria directamente dum verbo correspondente do latino eclesiástico amaricare, seguramente uma das várias variantes itálicas do latim clássico amarescere!
Ămārĭco, āvi, ātum, āre, v. a. [< amarus], amargar (eccl. Lat.).
Ămāresco, ĕre, v. inch. [as if from amareo < amarus], tornar-se amargo (…).
Amareggiare = rattristare, riempire d’amarezza (...); rendere amaro (...) diventare amaro; diventare salato < Lat. Amarescare.
ó Lat. amaror < *Amaricor?
Pt.«Amargo» > Amar(g)or > «amargura» => amargu®ar
Ital. amareggi-are <= amaregg- > amarezza.
O que dificilmente se entende é que o amaru latino tenha dado nome ao genérico comum da cor amarela e a purpúrea amargura tenha ido buscar a sua origem ao espírito inventivo dos indígenas ibéricos.
Se o «amarelo» resultasse dum diminutivo de amaru, sem se saber muito bem porque haveria o amargo amaru dar nome ao doce amarelo, teríamos que explicar porque razão os ibéricos, falantes que desconheciam o uso comum deste termo mas supostamente mui inventivos, não teriam derivado esta cor do tal latino amaru/amaricu com outros diminutivos mais saborosos, do tipo da «amarguinha» (ou outros virtuais tais como *amarguilho ou *amarcilho) e ficado por um termo correlativo do «amargo», tal como seria o latinismo amar-ico!
> *amariclo > Pt.*amaricho > Esp. *amarijo.
Lat. Amaru + culo > amariculo > amarìcuo > Do lat. hisp. *amar-ìcu-
> amarco > «Amargo».
De facto, «amargo» é que é o verdadeiro diminutivo ibérico de amaru o qual nem sequer foi propositadamente inventado pelos ibéricos porque já estaria presente nas formas verbais latina amaricare, amarescere, e italianas amareggi-are!
Seja como for, torna-se claro que, ainda que nos falares actuais o termo «amargo» não soe como um diminutivo, a verdade é que este terá entrado nos falares ibéricos como tal. Ora, a questão que de seguida se poderia colocar seria a de saber porque razão um termo inicialmente diminutivo acabou por ter a conotação dum termo por inteiro! Pois bem, a explicação poderá ser dada postulando que este, ou termo foneticamente muito similar, já pré existiria nos falares autóctones em torno do mitema da arcaica deusa mãe na forma suméria Amorka que veio a dar a origem ao culto da «Sr.ª da Amargura» da semana santa sevilhana.
Srª da «Amargura» < Ama(u)rk-ura <= sumer. Amorka
=> «Amarga».
Ver: PIETA (***) & MORFO (***) & AMORKA (***)
Ora, nos falares da latinidade ocidental termos com esta etimologia ficaram sempre relacionado com coisas amargas e não com o amarelo o que colocaria os ibéricos numa singularidade um pouco estranha. O contraste doce laranja / amargo limão seria tentador como motivador da origem duma das cores do limão!
Diz a laranja ao limão
Qual de nós será mais doce
Sou fiel ao meu amor
Assim ele p'ra mim fosse
Assim ele p'ra mim fosse
Fiel ao meu coração
Qual de nós será mais doce
Diz a laranja ao limão (popular: Alentejo).
É verdade que o fruto da laranjeira deu nome a uma das cores secundárias mas, no entanto, seria o limão tão comum na península ibérica ao ponto de ter dado nome ao amarelo apenas pela sua acidez? Esta seria de facto a fonte mais plausível da relação semântica da cor «amarela» com o latino amaru. Mas esta relação pode revelar-se tão circunstancial e aposteriorística como muitas outras imagináveis. É verdade que em grego moderno kitrinos é o nome da cor amarelo-limão mas também a laranja é um “citrino”. Quer dizer que originalmente kitrinos seria apenas uma variante em dialecto grego do amarelo da deusa mãe Ki-tarina / Catarina, genérico de todos os citrinos de tonalidade amarela, ora esverdeada como o limão e a toranja ora alaranjada como a laranja e a tangerina.
Teria o limão dado nome ao amarelo de forma indirecta e enviesada? Culturalmente é pouco provável mas os equívocos populares são frequentes.
Diz a tradição que “altos castelos verdes e amarelos” é uma adivinha cuja resposta seria a laranjeira, embora a resposta mais apropriada fosse o limoeiro. Terá este equívoco resultado precisamente do facto de o primeiro mestre-escola que lançou em moda este enigma escolar ter encontrado dificuldades na aceitação universal da resposta porque o limoeiro não seria do conhecimento comum, ao contrário da laranjeira?
Na verdade, é um grande óbice o facto de o limão ter sido desconhecido da cultura clássica e ter sido introduzido na Europa pelos árabes a partir da Pérsia precisamente depois de terem conquistado a península Ibérica onde a laranja prosperou mesmo assim mais do que o limão.
«Limão» < Ár. laimun < Pers. Limun < Lime-Anu ó Hermano > Hermes.
=> Lat. limu, s. m. planta da família das algas > «Limo» ó Rio «Lima».
De facto, este citrino só tardiamente encontrou vulgaridade na cultura Europeia havendo relatos de limoeiros cultivados em Génova em meados do século XV bem como referências à sua existência nos Açores em 1494. Sendo assim seria pouco provável que a cor do limão tivesse influenciado a escolha do nome do «amarelo». Depois, porque neste caso o «amarelo» deveria ser parecido com o nome do chá de limonete (se este fosse efectivamente de casca de limão e não de flores de lúcia-lima) e ainda porque na cultura popular o limão, por ser amargo como a fruta verde é sempre cantado como “meu limão, meu verde limão”, logo conotado com a cor verde da «lima», até porque são mais frequentes os limões verdes do que os amarelos!
“Os olhos da Marianita.
são verdes cor do limão” (canção popular infantil).
“Sou branca não sou papel,
Sou verde não sou limão,
Sou vermelha não sou sangue,
Sou preta não sou carvão”. (adivinha de Cabo Verde!).
Quando utilizado como nome de cor, o “amarelo-limão” não é percebido como uma redundância mas como explicitação dum amarelo esverdeado menos verde que o verde-alface.
Sendo assim, a obtusa hipótese de o «amarelo» resultar dum diminutivo do latino amaru pela via do limão que, os falantes ibéricos do baixo latim nunca terão conhecido, afigura-se pouco plausível. Isso não invalida que uma vaga de erudição medieval não tenha levado ao aparecimento de termos como o amarelle inglês, quase que seguramente por influência fonética com o amarelo ibérico!
Amarelle = Um tipo de cereja azeda que tem fruta vermelha pálida e suco incolor ou quase incolor ó Amarelles < German, from Medieval Latin amrellum, from Latin amrus, bitter. –Tennyson.
Posto de lado o limão aparece a ginja como candidato. O ser esta cereja azeda e ter suco amarelado pode ter sido motivo de muita e variada confusão com gingas feitas com estas cerejas, semelhantes a outros licores amarelados e agridoces como é o italiano amaretto, termo que teria a tradução literal na «amarguinha», licor português feito de amêndoas amargas!
Amaretto = s.m. 1 BU sentimento di lieve amarezza; 2 CO biscotto croccante o morbido di forma rotonda e schiacciata, a base di mandorle; 3 CO liquore aromatizzato al sapore di tale biscotto. Amaretto: Licor feito à base de polpa de amêndoas e caroços de abricot. (source of English maraschino and morello).
Maraschino = cherry liqueur: a cordial distilled from marasca cherries [Late 18th century. From Italian, where it was formed from marasca] <= marasca = cherry tree: a cultivated variety of the sour cherry tree that produces the fruit used to make maraschino. Latin name Prunus cerasus. [Mid-19th century. From Italian, alteration of amarasca , from amaro “bitter.”]
Amaretto < amarito < amaristo < amarisho/a
Marasca < amarasca < Amaru-isha > amarisha > Amarija > *amarja > «amarga» => «amarguinha»
Morello = agg., s.m.CO 1a agg., spec. di mantello equino, di colore scuro tendente al nero: cavallo m. 1b s.m., cavallo con tale mantello; 2 s.m. RE sett., livido.
Morello = a small sour cultivated cherry with dark red skin [Mid-17th century. Origin uncertain: perhaps from Italian amarello “amarelle” (influenced by Italian morello “blackish” from, ultimately, Latin Maurus “Moor”.]
A Morello cherry foi introduzida na Grã-Bretanha pelos romanos ainda antes do século I DC. Durante a Idade Média perdeu-se a arte do seu cultivo que só por volta do século XVI voltou a ser reintroduzida por Henrique VIII e que rapidamente se tornou popular entre os agricultores de Kentish, na região do País de Gales. Por volta de 1640, foram identificadas cerca de vinte e quatro espécies diferentes.
Amarello Brutium = Dal caldo sole di Calabria, un grande amaro prodotto con la meticolosa miscelazione di erbe, alcool, acqua e zucchero. Il Gran Liquore Amarello ha un personalissimo colore ambrato ed un gusto "solare" che lo rendono unico.
Figura 5: Morello cherry | Figura 6: Ginjas |
Ginja (= Lat. byssinos, vermelho) é uma cereja ácida (Prunus cerasus), também conhecida como amarena, é uma espécie do género Prunus, pertencendo ao subgénero Cerasus (cereja), nativo de grande parte da Europa e do sudoeste asiático. É um parente próximo da cereja Prunus avium, também conhecida como cereja-doce, mas o seu fruto é mais ácido, sendo útil principalmente para fins culinários. (…) Hoje, porém, poucos são cultivados para comercialização. E, apesar da continuação das variedades Kentish Red, Amarelles, Griottes e Flamenga, apenas a genérica Morello é oferecida pela maior parte das plantações.
L'Amareno (Prunus cerasus), detto anche Visciolo o Amarasco, è un arbusto o albero alto dai 2 agli 8 metri con chioma piramidale e foglie dalla lamina di 5-8 cm e picciolo più piccolo rispetto al Ciliegio, solo 3 cm.
A relação das ginjas com o «amarelo» parece mesmo ser um enguiço na língua italiana, desde o morello cherry ao nome comercial, seguramente moderno, do licor Amarello Brutium®. A relação etimológica entre o morello cherry e um termo amarello que é um mero neologismo importado do Brazil (apenas utilizados pelos marmoristas italianos para denominar granitos polidos de grão amarelo) nada tem a ver com a cereja amarelle que é apenas conhecida pelos ingleses e não passa afinal duma ginja “vermelho-escura”. Mais uma vez deparamos com o enguiço duma espécie de confusão sexual entre o rubro e o amarelo.
Conclusão genérica: a multiplicação de diminutivos foi, e ainda é, uma fonte inesgotável de palavras em todas as línguas.
Conclusão específica: quase todos os diminutivos em torno do gosto amargo se relacionam com bebidas licorosas agridoces do tipo da ginja ou do licor de amêndoas amargas.
Gr. Amygdále > Lat. cl. amygdàla- <???> Lat. vulg. *amyndùla-, >
Amin-thur + ela > It. mandorla < Cast. (al +)mendo®la > «amando(l)a».
> Minu-ta(u)ro!
Parece que o “princípio do menor esforço” não funcionou na evolução ibérica da amargura tal como terá acontecido em falares de evolução mais arcaica.
“Oh, mar salgado, quanto do teu sal, são lágrimas de Portugal!” -- (Fernando Pessoa).
De qualquer modo parece evidente a relação da amargura com o «mar» salgado na medida em que mesmo no latim clássico este termo aparecia sobretudo em oposição à doçura e com conotações concretas tanto com o que era amargo, como com o que era azedo ou salgado.
Ămārus , a, um, adj. [cf. greek ômos = raw; Sanscr. āmas = raw, amlas = sour = azedo; Germ. Ampfer = sorrel, Curtius; cf. Heb, mar = bitter] , bitter.
Ora, o latim e o hebreu parecem ser as línguas que mais próximas estariam da semântica salgada e marítima do «amargor».
> amala > Sanscr.(amlas > amas) > aumas > Greek. Omos.
Lat. Amarus < Ama-Ur > Amor > Mor(te).
Ama-Ur < Ama-Kur > Am-Ker > Am-pher > Germ. Ampfer.
> Amar(e) > «Mar» = Heb. mar.
Parece assim seguro que foi o culto arcaico da Virgem de Macarena que terá originado a semântica do mar salgado por ter sido a poderosa e temível deusa mãe primordial da vida e da morte que os povos ribeirinhos associavam à faina do mar por esta ser a deusa do mar primordial nos limites abissais do mundo.
Por outro lado a dupla semântica da amargura associada tanto ao sabor físico, inicialmente salgado e depois genericamente oposto à doçura, quanto as amarguras da vida ficam explicadas pelo culto duma Virgem Mãe ainda hoje associada à Sr.ª das Amarguras da semana santa sevilhana. Ora, as grandes “ruas da amargura” da vida têm passado quase sempre por guerras e conflitos sociais dos quais, os mais comuns, serão os que acabam na barra dos tribunais instituídos, da opinião pública e da culpabilidade da moral privada. Por isto mesmo não se estranha que o termo grego para crime e pecado seja hamartia, foneticamente próximos do latino amaru.
Hamartia [< hamartanô] = 1. a failure, fault, sin, (…) 2. generally, guilt, sin, Plat., Arist., NTest. ó amarturos [< martus] without witness, unattested, Thuc., etc.:--adv.
Maragna = a whip, scourge, Aesch., Eur. [deriv. uncertain]
Como a pior das angústias e «amarguras» da vida é ir a tribunal sem testemunhas não deixa de ser ainda mais espantoso acaso se confirmar que amarturos, que signifique em grego “falta de testemunha”, seja foneticamente semelhante a «amargura»! Obviamente que a origem étmica de ambos os termos não andará sequer próxima mas a semelhança fonética e semântica e a influência da cultura grega no sul peninsular pode ter sido uma das causas para que, o que em Itália era amarezza, se tenha tornado na «amargura», típica do sentimento trágico da vida que Unamuno atribuía aos ibéricos!
Pois bem, se quase sempre podemos demonstrar uma relação mítica com todos os termos de raiz semântica com relevância social, porque razão iriam os ibéricos buscar para a cor amarela uma semântica relacionada com o sabor «amargo» sem passar pela Sr.ª das Amarguras e das Angústias?
Ver: PIETA (***)
Já vimos que a Srª das Amarguras e das ansiedades de parto foi, possivelmente, entre outras, a Virgem de Macarena, a suméria Tiamat / Amorca ou a grega Afrodite Morfo.
Amorca < *Amaur | < Amaru > Marua > Maria | kaó Amarantu.
Pois bem, as cores das deusas das amarguras da semana santa sevilhana são, por generalizada tradição, o preto e o roxo, porque preta é a nocturna cor da negra morte do sol-posto e roxa, a cianose da dispneia e da falta de ar da ansiedade com que se vestem as angústias expectantes das parturientes e dos que, sem apoios nem testemunhas de defesa, aguardam julgamento ou esperam pelo resultado de pelejas incertas.
A derivação do «amarelo» pelo latim amarus, ainda que foneticamente correcta para o português, deixa-nos com amargos de boca semânticos na medica em que são necessárias muitas e vagas conjecturas para chegar da «amargura» dos biliosos ao «amarelo» dos ictéricos, até porque seria necessário muito e bom saber médico para la chegar, coisa que nem mesmo nos tempos modernos é muito comum. Assim, a hipótese de uma semântica amargosa para o amarelo ter resultado duma relação da icterícia com o “humor amargo” dos médicos hipocráticos (o que, só seria lisonjeira para os médicos ibéricos) peca por falta de realismo linguístico. Na verdade, a influência da medicina medieval na produção de termos comuns terá sido pouca e, depois, a cor da icterícia está longe de ser sempre conotada com o amarelo. A maior parte das vezes o senso comum associa-a mais facilmente ao verde enjoativo dos envenenados do que ao amarelo dos diarreicos e à palidez dos esfomeados, próxima do grego clôros (que deu nome científico ao elemento químico do mesmo nome precisamente por este ter cor clorada), termo seguramente mais próximo da deusa Cloris ó Coloris, da verdura e das cores da primavera, do que apenas do amarelo!
Esta relação mórbida manifesta-se no nome duma doença veterinária chamada «amarilha». Porém, esta relação é seguramente recente, por via erudita e de sentido inverso ao proposto para o que iria do latino amaru ao «amarelo».
Amarilha substantivo feminino = Veterinária: 1. espécie de papeira que ataca os animais; 2. distomatose; distomíase; < cast. amarilla, «id.» -- © 2003 Porto Editora, Lda.
O que dá força e razão de ser às palavras é isso mesmo, a sua carga semântica que, quando é de pouca monta ou está fragilizada por incongruências conotativas, presa a vagas relações de semelhança (inconsistentes porque demasiado subjectivas e variáveis) ou, sendo muito contingentes, raras e fugazes, o mais provável é que essa carga semântica se perca porque, no universo da competição dos sinónimos e dos neologismos, os termos de pouca aceitação social perdem-se depressa na poeira da memória social.
Por outro lado, a coloração dos ictéricos corresponde mais a um descorado verde-alface do que a um esplendido amarelo solar. Na tez, geneticamente morena e escurecida pela laboriosa exposição ao sol meridional, a cor dos ictéricos antigos seria mais acobreada do que cor do amarelo de latão. A cor que mais frequentemente se encontra associada ao azedume das amarguras é o verde das frutas imaturas. Se é verdade que a cor dos que ingerem venenos amargos é, metaforicamente, biliosa e, logo, esverdeada, também é certo que o “amarelo dos peidos” e o amarelento dos diarreicos e enjoados é um amarelo pálido esverdeado. Em qualquer dos casos, estamos perante situações mórbidas vomitivas e repulsivas pelas quais, ainda que já se tenha passado uma ou outra vez ninguém deseja, nem sequer lembrar tal experiência e, muito menos, voltar a passar por ela. De facto, são poucas as casas e automóveis que se vêm pintados nestas cores dum pálido verde-salsa e, seguramente, mesmo quem goste delas não pensará nelas como cores dos enjoados e vomitados. Assim, quando o povo afirma que “se todos gostassem do mesmo que seria do amarelo?” quase de certeza que a sua sabedoria se refere ao amarelo esverdeado a que os gregos chamam chlôros. Já o pathos da Angustia e da paixão pode ser motivo de melancólicas recordações! Existe mesmo o culto mórbido do luto e o do masoquismo, sem contar com os que, dependentes da adrenalina, tudo fazem para se exporem ao stress das situações habitualmente perigosas e angustiantes. Quer isto dizer que na retórica poética da saudade, as relações conotativas com palavras de semânticas lânguida e plangente, são possíveis e frequentes, porque melancólicas e românticas; já as probabilidades de um termo se ligar a uma semântica repugnante, de forma duradoura e estável, são mínimas. A verdade é que o amarelo não manifesta qualquer relação com a semântica do «amargor»! O termo português «amarelento», que só secundária e metaforicamente tem a conotação repulsiva de palidez, amarelidão do rosto e pouca saúde, é um derivado recente do «amarelo», nada ficando a dever, a não ser na perigosa semelhança fonética, ao latino amarulentus!
Ămārŭlentus , a, um, adj. [id.] , very bitter, full of bitterness.
Ora, porque é que o que amarulento, por ser delongadamente amargo, há-de ser amarelento e não verdolengo? De facto, tal como o revelam as etimologias indo-europeias correlativas de amarus, mais facilmente se passaria do amargo e azedo para o verde da fruta imatura e do limão verde do que para o fúlvido amarelo comumente conotado com a doce fruta madura, com a saborosa gema do ovo ou com a geleia e o mel! As cores do amarelo ou são claras como o raiar do dia, abertas e tórridas como o dourado do disco solar ou quentes e alaranjadas como o crepúsculo. No entanto, entre o amarelo e o verde encontra-se a realidade intermédia do verde alface que quando confundido com o amarelo citrino pode ter sido ponto de partida semântico para a conotação do amarelo com a acidez.
De qualquer modo quem veste de amarelo puro tem gosto juvenil e feminino estando ainda longe das amarguras das dores de parto ou das angustias da vida! O amarelo foi desde os primórdios a cor no feminino por excelência como se viu antes.
"Jesus (peace be upon him). He will descent (to the earth). When you see him, recognize him: a man of medium height, reddish fair, wearing two light yellow garments." (Sunan Abu Dawud Book 37, Number 4310)
A semântica do amarelo revela uma dualidade que seria difícil de compreender fora do contexto natural da luz do sol e do luar. Por um lado reporta-nos para o glorioso amarelo dourado dos cultos solares do meio-dia e por outro para o amarelo pálido da Lua, próprio dos cultos femininos de fertilidade. O ouro era considerado a substancia com que eram feitos os deuses tanto no antigo Egipto quanto nas civilizações centro-americanas, o que só pode ser explicado por uma relação comum entre ambas as culturas fazendo depender, obviamente a mais antiga da mais recente. O amarelo dourado foi sempre a cor do “disco solar alado” dos egípcios, caldeus e persas até à aura dourada dos santos católicos, ao disco de raios solares da hóstia consagrada e aos ornamentos barrocos estrelares da Santa Cruz! A da luz perene da pálida da lamparina da Santíssima Trindade mais do que uma sobrevivência do culto persa do fogo eterno e assim uma espécie de homenagem aos deuses lunares, dos medos nocturnos e das culpas infernais!
Assim, é bem possível que, como já se viu a propósito da suposta etimologia amargosa do amarelo, se tenha dado conta desde os tempos míticos que, para além do solar amarelo dourado, existiria o amarelo pálido e frio da cor do luar a que se viriam juntar, de forma espúria, ideias ambivalentes de feminil fecundidade com a masculina impotência e a traiçoeira bissexualidade! Quer dizer que, em tese, a dualidade entre o amarelo dourado e o amarelo citrino não deveria conter outra semântica que não fora a dualidade de género: amarelo forte, no masculino e amarelo pálido, no feminino.
(O amarelo), símbolo de comunicação entre o mundo terreno e o mundo divino na tradição indiana, faz parte das vestes do deus Vixnu. Essa ligação com o mundo do além é também representada, juntamente com o azul, nos sarcófagos egípcios. Entre os azetecas, o deus Sol do Meio-Dia é representado pelo amarelo dos raios dourados do sol e pelo azul do céu[1]. Entre os tibetanos é a cor de Buda, o outro nome do Om, o dourado, e a cor usada nas vestes dos monges. No Islão, o amarelo tanto pode ser a cor da sabedoria, quando dourado, como pode ser a cor da traição, quando claro. No México, o amarelo dourado está associado ao mistério da renovação da vida através do deus Xipe Totec. O amarelo é a cor da fertilidade na China e por isso os nubentes vestiam-se de amarelo e dessa cor eram também as vestes do leito nupcial. Para os chineses, o amarelo é ainda cor do Norte, onde se encontra o reino dos mortos. É associado ao Yang e também à distinção do Imperador, porque tal como o Sol ele é considerado uma espécie de deus e o centro do universo. Porém, no teatro de Pequim, os actores pintam-se de amarelo quando personificam a maldade, o cinismo e a hipocrisia. Na mitologia grega, o jardim das Hespérides, que antecipa uma espécie de paraíso, tem macieiras que dão frutos de ouro e que simbolizam o amor e a paz e por isso são oferecidos ao casal Zeus e Hera. Mas as maças de ouro também são um símbolo de discórdia na guerra de Tróia.. © 2003 Porto Editora, Lda.
No entanto, não deixa de espantar que a verdadeira dualidade seja outra!
Por um lado o amarelo é uma cor positiva, solar, dourada e quase alaranjada; sagrada e benfazeja, quando cor do papado e do Dalai-Lama, de Buda e seus monges, e de Vixnu. Então ela é um símbolo de fertilidade ainda presente na tradição popular da china e, porque cor da medicina, de vida e saúde.
Parece que, pelo menos no caso das antigas civilizações mexicanas, Xipe Totec aparece associado com o amarelo dourado, enquanto cor do mistério da renovação da vida. A descoberta da etimologia do nome de Xipe Totec não parece de evidência fácil! Afinal, com um pouco de ousadia descobre-se que metade do nome deste deus esta virado do avesso, à boa maneira etrusca, exactamente como na relação Júpiter / Teshup, facto que simultaneamente levanta a suspeita de origens comuns para os etruscos e para os azetecas e ainda que a influência dos etruscos sobre os romanos foi tão forte na origem que foram estes que lhe transmitiram o nome de Júpiter.
Xipe Totec < Shuphe te(o-teco) = te(teco) Shup
= *Teshup-teco, lit. filho de Tesub, ou seja, o hitita Telepinus! < Tele-Winu
< Taluki-(anu) > Talush > Grec. Talos > Talo.
Figura 2: Xipe Totec Codex Borgia, paj. 61. Xipe Totec = "Nosso Deus Esfolado". The mysterious Aztec god of agriculture, spring and the seasons, the symbol the death and rebirth of nature. In order to stimulate the growth in both nature and mankind, he flayes himself to offer food to humans (such as the maize seed loses its outer skin to enable the shoot to grow). After he has shed his skin, he appears as a shining, golden god. In his honor, each year in the beginning of spring, people were sacrificed to him. These victims were flayed alive and the priests wore these skins in various rituals. |
These rituals symbolized the renewal of the earth and the budding of new life. Xipe Totec is also the god of the west and the patron of goldsmiths. He is thought to be responsible for sending diseases to man, such as the plague, blindness and scabs. He is depicted as a flayed man, covered in (his own) skin and his name means "our lord the flayed one".
O mito de Xipe Totec tem elementos bastantes para se suspeitar que pertencerá a um estrato da história humana muito arcaico na medida em que nos apresenta a imagem de um deus que se auto-sacrifica pela humanidade da forma mais cruel que seria possível imaginar: Um deus que se esfola vivo como uma espiga de milho desfolhado e que depois se revela nas cores douradas do milho-rei! Que uma metáfora tão macabra quanto explícita tenha dado origem a um mito tão cruel, eis coisa difícil de explicar fora do contexto histórico da cultura Azeteca! No entanto, parece que o auto sacrifício dum filho de deus ou dum rei parece ser o mitema mais arcaico dos deuses salvadores que parece ter-se iniciado na época da caça com o sacrifício do Minotauro e sobrevivido até aos tempos clássicos no mitraismo e ter explodido no neolítico em múltiplos deuses de fertilidade agrícola quase sempre relacionados com a morte relacionada com uma planta sagrada, simbólica da arvora da vida, desde a forma cruel e explícita do deus azeteca Xipe Totec até ao madeiro da cruz de Jesus.
A relação de Xipe Totec com os ourives poderá explicar a relação do amarelo com a traição de Sete que sempre foi considerado caldeireiro pelas suas relações com os deuses do fogo, como adiante se verá.
Ver: SETE (***)
Já a relação de Xipe Totec com as pragas permite correlaciona-lo com Apolo e ao mesmo tempo postular que Apolo foi Telepino entre os hititas ou seja, foi em tempos um deus de morte e ressurreição numa dualidade gemelar com Hermes, do tipo Osíris / Sete. Por outro lado confirmar que os deuses agrícolas eram também solares.
Telepino < Te-| lewino < lupi(no) | ó Apolo Liceu!
< Ki-lu-Ki-an = Ka-ka-lu-an > Haphalaun > Apolon.
A verdade porém, é que parece que todos os cultos de “deuses mortos”, de Tamus a Osíris, terão sido outrora deuses de fertilidade agrícola a que foram dedicados “sacrifícios humanos” em tempos arcaicos e, também mais tarde, em tempos de graves dificuldades sociais e políticas (entre os celtas parece que os “sacrifícios humanos” terão sobrevivido até à idade média e continuado nas fogueiras da inquisição!). Assim, não deixa de ser estranho indício de verdades mal disfarçadas por sucessivas patines restauradoras da história mítica que se tenha acreditado que Osíris teria acabado com os “sacrifícios humanos” quando, no outro lado do mediterrâneo, os gregos registem na mitologia de Hércules a passagem deste herói pelo Egipto onde os seus sacerdotes o tentaram sacrificar a Busíris, obviamente a tradução antiga do nome de Osíris para grego, por sinal adorado em Busíris!
Ver: CANIBALISMO (***) & «DEUS MORTO» OU A MORTE SACRIFICIAL DO PRIMOGÉNITO DE DEUS (***)
A associação do amarelo citrino aos deuses e ritos de fertilidade agrícola parece óbvia, por uma lado por causa do amarelo dos cereais e dos frutos e, por outro, porque as colheitas ocorrem nos meses de máxima actividade solar. A relação do amarelo com a Deusa Mãe deve decorrer do seu papel de Deusa Fértil da Abundância, e obviamente, da cor pálida da lua.
De forma secundária, as prerrogativas do amarelo citrino passaram para os deuses bissexuais como Visxu, Atum e quase todos os deuses castrados dos ritos pascais. Porém, onde a relação do amarelo ficou mais explicitamente relacionada com os deuses salvadores da tradição enquiana é na mitologia do deus Huang-Ti, equivalente chinês do dragão de Marduque, literalmente o senhor (Lat. dux > Ital. duce > Pt. «duque») dos mares, e filho primogénito de Enki).
Huang-Ti = Ti Huang lit. Te(os) | Huang < Ku-Ank(i), ou seja, Enki, também conhecido por Ku ou Gu, o deus marítimo dos Guanches que terá espalhado por toda a parte a civilização neolítica antes da catástrofe minóica que pôs fim a sua talassocracia e a civilização mundial marítima que era a Atlântida.
Hwang-Ti’s name means ‘yellow god’, the son of the thunder god. Huang-ti, the ‘Yellow Emperor’, ruled over a paradise. Huang-ti was considered the father of the Taoist religion, he was the creator, a universal lawmaker and founder of arts and civilisation. Huang-ti’s fruitful era vanished upon his death, is acknowledged to be the planet Saturn.
Em conclusão, a deidade que terá estado ligada ao amarelo teria que ser uma jovem ninfa ou pastora mais doce do que a ginja quanto o foi Amarília deusa da flor do açafrão, da açucena amarela e do amarilis de cor amarela.
Assim e em conclusão, a equação da etimologia do amarelo só pode ser esta:
Amarilis > amarílio > amarilho > amarelho, por conotação fonética antitética com o «vermelho», (com o qual estava miticamente associado desde a pré-história) > «amarelo», (possivelmente por influência dos gramáticos que propuseram a etimologia oficial!)
De facto, adiante se verá que é pelo menos possível propor a antítese do amarelo da bela dona Amarilis com o vermelho másculo do mirtilo, embora de facto, a cor mais frequente deste fruto seja azulada ou cor de vinho, quanto muito roxo e raramente rubro.
Ir para: AMARILIS (***)
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