sexta-feira, 9 de maio de 2014

DEUSES DA LUSITÂNIA – TONGO & NABIA, por Artur Felisberto.

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Figura 2: Fonte do Ídolo, em Bracara Augusta.

O ilustre cidadão Celico Fronto, emigrado, desterrado ou exilado da longínqua Arcóbriga (cidade romana Aragonesa próximo de Calatayud na província de Saragoça), decidiu, sabe-se lá porque carga d'água, mandar construir este pequeno monumento dedicado à divindade fluvial da região conhecida por “Tongo-nabiago”.

Tongoe-nabi-agus era o deus da Fonte do Juramento para o povo castrejo da Galécia, actual norte de Portugal e Galiza. A Fonte do Ídolo, em Braga, é uma fonte romana dedicada a Tongoenabiagus. Possivelmente um deus duplo, Tongoe e Nabia, é um deus das águas. Uma proposta de interpretação de Tongoenabiagus é «o deus do rio pelo qual se jura».

Tongoe-nabi-agus = Thongo ó Thogon < Dagon | -&-| Naviago

Nabi-| aco, literalmente Dagon / Enki, o parédro masculino de Nabia.

A “fonte do ídolo” não estava dedicada a um único deus com o nome Tongoe Nabi-agus porque esta inscrição seria uma frase escrita alatinadamente em dativo seguida do enumerativo «que» como se fora Tongoe Nabia-que significando a fonte de Tongo & Nabia.

Tongo era a variante de Dagon que teve uma variante ainda mais elíptica no nome do rio Tejo e nas termas de Vi-dago.

Além de Dagon, outra variante de Enki era Enkur, o senhor dos infernos como Saturno e Crono. Ora, Crono, na forma de Corono, era adorado como esposo de Nabia.

Corono (Coronus) – Deus cornudo coroado nos mundos subterrâneos, está ligado à guerra e à morte. É o esposo da Deusa Navia. Adorado pelos Calaicos.

Cronisnesi (Croni-Ense) - Uma divindade regional adorada na Lusitânia.

Carneo (Karneios, Carneu, Carneus) – Deus adorado nas planícies da Lusitânia por povos de origem Celta. => Coaran-Ion-Iceus - Deus dos cavalos e do vento, adorado em Olisipo.

Saturno ó Krono < Croni(-Ense) < *Kauranu > Corono

   Carneo < Karn(eios) < Karaun <                    > Coaran (Ion-Iceus).

=> Cario e Caro.

A deusa Nabia da Lusitânia deve ser muito antiga possivelmente de origem cretense do tempo da colonização da Estremadura portuguesas e da região do Ribatejo por marinheiros minóicos dos tempos da mítica Ofiussa!

De facto parece que Nabia seria Nopina na civilização minóica de Creta fazendo parte de uma tríade astral com Nopina, Ma & Serio.

Nopina, in later Greek Nymph or Maiden (particularly, a nubile maiden), whom Faure thinks is a new-moon goddess. (...)

Faure calls Nopina, Ma and Serio a lunar-solar trinity, and illustrates his point using an engraved copper relief plaque with those names and the figure of the sun and a crescent moon. Figures of the sun and moon occur with some frequency as part of Minoan iconography, and it may be that we're now discovering why. -- The Minoan Deities Named: An Archaeologist Gleans Goddesses and Gods from Linear A, article by Melanie Fire Salamander.

Ma era a deusa mãe de Sério e Nopina e por isso terá originado na península ibérica o nome da virgem de Macarena, que seria literalmente a mãe de Sério ou *Kerio!

Cario-Ceco (Cariocieco, Cariocecus) – Deus Lusitano da Guerra, da caça, dos animais, dos mistérios e do futuro. Bodes, cavalos e prisioneiros eram muitas vezes sacrificados a este Deus.

Caro (Carus, Cario, Carieco, Cariense) – Deus guerreiro local Lusitano, equivalente a Marte romano.

De Sério / *Kerio deve ter evoluído o nome do deus lusitano Caro, Cario, Cari-eco e a variante Cario-Ceco, deus aguerrido responsável pelo inefável nome do «caralho» lusitano relacionado com os cultos de mistério que envolviam este deus que seria também da fertilidade viril e por isso possivelmente faria parelha com a deusa latina dos cereais, a deusa Ceres. Obviamente que na Grécia antiga evoluiu para os Kouroi.

 

Ver: CARALLIUS (***)

 

Enquanto membro de uma trindade astral o deus cretense Serio, possivelmente *Ker-io, filho de Ma *Ker-tu, seria o antepassado do nome da importante estrela Sírio, do Círio pascal, da região Síria e muitos outros nomes solares como o deus cita Oitosyros...e o Sol.

Além *Ker-io, desta trindade cretense astral chegou à Lusitânia Nopina na forma de Nábia.

De facto, Nopina seria uma corruptela em fonética tipicamente cretense como Pipituna, Dictina e Despotina de um teónimo que depois de clarificado foneticamente seria *Nin-Ki-ana.

Nopina < Nauphina < Navi-Ana < *Nin-Ki-Ana.

                                            > Nabia.

Nabia era a deusa dos rios e da água na mitologia galaica e lusitana. O rio Navia, na Galiza, o rio Neiva, perto de Braga (antiga capital da Galécia) e o rio Nabão que passa por Tomar, no centro de Portugal, foram baptizados em sua homenagem. Nabia era especialmente adorada entre os Brácaros, tal como é comprovado pelas inscrições epigráficas em língua céltica da Fonte do Ídolo em Braga (Bracara Augusta) e latina de Marecos (Penafiel).

Nabia < Nakia < Ana-Ki, lit, Sr. Ki, esposa e mãe de Enki.

Nábia seria a sempre virgem e «noiva» irmã e esposa de Nabu / Nebo.

Nabu é uma divindade da mitologia suméria. É o deus da escrita e da sabedoria. É o filho de Marduk e casado com Tashmetum.

Claro que se assim tivesse sido Nabu seria neto de Enki, deus que tinha o vício de desflorar as filhas e as netas. Por isso nada impede que Nebo tenha sido um mero epíteto de Enki que com o tempo se tornou autónomo e neto de Dagon.

Nephthys < nephi-ash < Nephy-at > *Nephiot

De Nephthys a *Nephiot o salto seria pequeno demais para não ser suspeito de se tratarem ambos os deuses da mesma entidade. Claro que esta deusa seria a ibérica Nabia, seguramente esposa de Nebo.

De facto, este elo oculto nesta inquirição sobre a origem do nome de Neptuno leva-nos até ao corredor sírio onde Nebo era adorado como deus da ciência, ou seja, funcionalmente equivalente de Enki.

I have heard from your father that you have been given the oath of secrecy in the rites of Nebo. For this reason I write. This letter in under the sign of the double snakes, Cobra and Viper. The god of speech and the god of letters, the god of science.[1]

Ora, é fácil ir de Nephioth a Nebo sem nos perdermos nos enleios dos cultos ofídios.

Nephioth > Newioht > Naboth > Nebo.

Nínive < Acadic: Ninua < Pers. Nainavā < Nin-Nawa => Lusa. Nábia

< Ana-Ki-a > Ana-ti < Anat.

A patrona de Ninive era seguramente Ana-Ki, a Sr.ª Ki, mãe e esposa de Enki que por evolução semântica evoluiu para *Nabia que seria virtualmente irmã e esposa de Nabu…se pudéssemos provar que Tashmetum seriam um mero epíteto desta deusa.



[1] THE PHOENICIAN LETTERS, By Wilfred Davies and G. Zur.

2 comentários:

  1. Este "Cario-Ceco" fez-me lembrar foneticamente o nome duma pequena aldeia perto de Leiria, "Rio Seco". Na verdade passa por lá um pequeno ribeiro sazonal, seco portanto a maior parte do ano, o que se pensa justificar o topónimo. Entretanto, "rios secos" que só correm no inverno, existem por todo o lado e quem sabe não é a esta divindade que se deve o nome do lugar...
    Há um elemento decorativo na Fonte do Ídolo, entretanto, que me intriga, aquilo que se assemelha a um martelo...

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  2. É, de facto, possível que muitos rios e ribeiros «secos» que existem por este Portugal fora sejam antigas designações lusitanas sufixadas em –ceco porque é cada vez mais evidente que os nomes evoluíram do latim, se é que todos evoluíram daí, não de acordo com regras fonéticas infalíveis mas para se afeiçoarem ao que parecia soar ao senso comum dos falantes e riso secos nas estações quentes eram muitos e tinham o nome de odes a sul do Tejo supostamente por origem árabe e berbere. O mais famoso é o caralium seco da Serra de Sicó. No entanto, –(c)eco era uma mera declinação lusitana em nominativo de palavras terminadas em –co porque, neste, caso Cario-ceco seria simplesmente Carioco ou Carieco, já em si mesmo uma forma declinada de Cario mas agora no genitivo com o significado de diminutivo carinhoso, ou seja, Cariosinho (It. Carino) ou Carinho.
    Quanto ao segundo aspecto relativo ao intrigante objecto parecido com um martelo só podemos dizer que a degradação do monumento é tal que, em rigor, pouco ou nada podemos garantir. Por simetria seria outra rola ou pomba o que faria sentido na medida em que Nabia era literalmente a noiva do herogamos anual de *Nin-Ki-Ana com Dagon.

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