VARIANTES DE AFRODITE E DO AMOR VENAL,
por artur felisberto.
CARIÁTIDES
Figura 1: Cariatides no Erecteião.[1]
Mas, que fariam as Graças, as Tríades e as Cariátides na corte da deusa do amor senão o papel de putas, meretrizes e prostitutas na mesma tradição da prostituição religiosa que já vinha de Istar. Sabemos que Afrodite Urânia foi a deusa do amor platónico, puro e celestial mas Afrodite Pandemos nunca deixou de trabalhar, ao longo dos séculos, pelo aumento da população mundial mesmo ao elevado preço das doenças venéreas e da razia de desmandos políticos e desvarios de alcova em resultado do fogo dos amores e paixões com que o filho desta deusa gosta de brincar!
A má fama de putedo que acompanha Afrodite não tem impedido que esta mais antiga profissão do mundo tenha prosperado, com ou sem as bênçãos do céu, e para gosto e desgosto de divinos pais ciumentos, o que pode significar que teve sempre a protecção tanto de Vénus / Afrodite como de todas as deusas e mães deste e do outro mundo! Na verdade, não foram sempre os «filhos da mãe» os mais afamados santos e heróis bem como os mais bem-sucedidos dos homens?
Ora bem, é muito provável que todos os calões de devassidão e todos os eufemismos para a pudicícia que envolvem os assuntos venais tenham tido a ver com variações étmicas em torno do mote do Amor que vai do maior dos amores que é o de mãe ao de pai e depois ao de amigo, esposa e amantes gratuitos ou mais seguramente mantidos ou comprados. Os dois motivos da pintura de vasos gregos mais comuns são de facto os da devassidão erótica na corte de Afrodite e os da eufórica e satírica embriaguez nos cortejos de Dionísio.
Figura 2: Cariátide, the seven priestesses who attend Artemis Caryatis and other goddesses. "A draped female figure substituted for a column supporting an entablature, occur only rarely in Greek architecture. Their earliest appearance is in a cluster of Ionic treasuries built at Delphi in the mid 6th c. B.C. and the Lyons kore of similar date from the Athenian Acropolis. They are not employed again until the Erechtheion (421-406 B.C.), after which their next use is in the Limyra heroon (370-350 B.C.) in Lycia. (...)" Charis, Grace or Love, is Wisdom, or God's Goodwill, the Holy Spirit, or Great breath; that is, the Power and Spouse of Deity.--[2] Ou seja, não apenas do amor sagrado quanto do platónico e cortês como ainda e sobretudo da vil, porque comum, prostituição. De resto, a sexualidade imperiosa era uma sagrada urgência dentro das atribuições de Eos que assim presidiu, ao lado de fálico Hermes, ao despontar da aurora da cultura desde os primórdios da humanidade! Assim, natural será encontrar na celestial corte da deusa do amor as Graças, as Tríades e as Cariátides como ressonâncias do nome de Afrodite. |
Cariátides < Char-ia-Tite-(ish) < Cur-Hia-Kiki ó Ki-Kur-Kiki => Afrodite.
Figura 3: Perirrantêria agoras the parts of the market-place sprinkled with lustral water.
The distinctive costume, pose and hairstyle of caryatids are presumably related to both their function and meaning. Their origin and significance, however, remain controversial. Suggested explanations for their origin include Oriental influence, borrowing of forms in the minor arts, and the adaption of figures found on perirrhanteria (ritual water basins). The meaning of their iconography has been sought in both historical-political events (Vitruvius) and religious beliefs (as nymph-intercessors). -- Perseus Encyclopedia.
Aporrantêrion, to, (aporrainô) a vessel for sprinkling with holy water. Perirran-têrion, to, utensil for besprinkling, esp. whisk for sprinkling water at sacrifices, or uessel for lustral water.
Perirrihantéria < Phêro- *Urikan | -taurya < *Kur-Kya > Grec. -phoria > Lat.-hallia > => Pt. “tourada e tareia; féria e folia; alas, alamedas e alegria” | lit. “A festa (do transporte, pelas «tricanas») dos urican > Fr. jerricans < Ker-ikan > Grec. ritons < Kur-*Urki-An > *Ki-Antu-uros, muito segura e literalmente as urnas funerárias das cinzas dos guerreiros => os grandes «cântaros» que se chamavam «ânforas» na época clássica.
Ver: ÂNFORAS (***)
Figura 4: Tricanas e potinijas em festa de cantareira!
Os rituais perirrhanteria (baptismo) estariam inicialmente relacionadas com ritos de purificação física pessoal porque, o acto de tomar banho só passou a fazer parte dos gestos de rotina higiénica dos tempos modernos depois da comprovação científica da sua eficácia ao remover os ricos da sujidade meramente baseada nas propriedades físicas da água.
Até ai, para o senso comum a relação entre a doença e a saúde era tão miasmática quanto misteriosa e no período mágico anterior ao empirismo pré-científico o banho teria começado por ser um mero prazer dos sentidos a que as propriedades higiénicas se somavam como dádiva dos deuses.
Ora, como os prazeres da vida foram sempre fonte de apetências conflituosa também acabariam por gerar a culpabilidade suficiente para explicaram o arbítrio curativo do termalismo razão pela qual o banho acabaria por vir a ser ritualizado. A este respeito, a interpretação formalista da lei mosaica viria a ser alvo de críticas indirecta nos alvores do cristianismo e em plena época do empirismo clássico quando Cristo vituperou a hipocrisia dos fariseus que eram como sepulcros caiados, lustrosos por fora enquanto por dentro eram cheios da inevitável podridão intestinal o que serviria como ponto de partida para a metáfora da pureza espiritual que passou a imperar no cristianismo.
Perirra-inô, besprinkle. · Med., purify oneself. Perirran-tês, ou, ho, sprinkler, temple-official at Sardes. Perirra(n?)-ptria, stitch all round. Baptês, ou, ho, dipper, bather:
Pois bem, na falta de água canalizada ao domicílio, estes ritos de higiene pessoal seriam levados a cabo com ajuda de aguadeiras que na época baixa do classicismo já pouco mais seriam do que «regadeiras», serviçais adestradas nas actividades da «irrigação» tanto doméstica quanto agrícola.
Figura 5: O banho da purificação ritual de Afrodite com água lustral.
Ora, estas outrora potinijas micénicas, bem poderão ter sido também as «regateiras» e «varinas» que regateavam o peixe nas «lotas». A este respeito há que duvidar da etimologia proposta para este termo luso «lota» = de lotar (= leilão da pescaria em primeira mão, isto é, dos pescadores aos contratadores, etc.) <= de lote (dividir em lotes; • baptizar o vinho) <= Fr. lot. [objecto ou objectos leiloados de cada vez; (...) lotação de navio]. Galicismo ou não, o certo é que este termo parece andar enleado numa semântica que envolvia tanto pescadores em leilão como lotação de navios mercantes o que nos reporta para o semantema mais geral do marinheiro que baptiza o vinho em libações ao deus Enki, o Sr. das «águas da vida eterna» e deus dos marinheiros. Ora, o nome virtual *Urikan (> Engl. Hurricane, «o deus Ishkur, o *Kuriscano dos furacões»?) é seguramente o deus *Urbino = (Te)libino = o mesmo que *Kaurano!
Ishkur: A storm-god, canal-controller, son of Anu. God of lightning, rain, and fertility.
De facto, se Urano veio a ser o deus grego do céu diurno é porque foi confundido com Anshar, originariamente o sumério deus de transporte para o céu, ou então o rei dos céus, mero epíteto de An/u.
Anshar > Angal = Ishtaran < *Ishkur-Anu.
Angal (Ishtaran): - Patron god of Der, a city East of the Tigris.
A verdade é que Enki era filho de Anu como Enlil logo, um destes seria Ishkur, que, a meu ver, seriam originariamente a mesma entidade, o deus menino solar filho de Ki & Urano.
= *Kaurano > Kaurno > «corno» > Crono >
> Karuano > Karya(no) => Cariátides.
Figura 6: Cariátide suméria com a figura do deus das águas doces, Enki. Ea, o deus «manda chuva» é aqui representado com o pote do «signo do aquário» em atlética atitude colunar qual fálico Hermes sustendo a abóbada celeste enquanto verte a «agua da vida eterna». Pois bem, teria sido esta tradição muito arcaica que veio a explicar a tradição estilística dos deuses cariáticos que a figura objectiviza de forma expressiva. As cariátides não seriam mais do que filhas de Enki, um eufemismo das duplas montanhas da aurora relacionadas com a mitologia da deusa mãe e com a origem do nome de Afrodite! Sendo assim, tem toda a razão quem sugere que "explanations for their origin include Oriental influence, borrowing of forms in the minor arts, and the adaption of figures found on perirrhanteria (ritual water basins)". Só que, seguramente esta tradição seria na origem tão universal que não seria necessário importá-la do oriente. De resto, a civilização cretense mais antiga seria comum com a suméria na sua origem, pelo menos. |
Sabemos o quanto as contingências políticas terão influenciado a religião mas é óbvio que serão sempre motivações de fé as que em definitivo serão determinantes para a alteração do percurso evolutivo da semiologia mítica.
Se alguma veracidade existe na informação que serviu de base à teoria proposta por Vitrúvio para explicar o mito da origem das Cariátides na arquitectura ela não deixa de ser sugestivamente conspirativa para merecer a suspeita de ser preconceituosa e politicamente direccionada.
Vitruvius 1.1.5: The female figures in architecture that supported burdens are said to have been called Caryatids in token of the abject slavery to which the women of Caryae (a town in Laconia near the borders of Arcadia, originally belonging to the territory of Tegea in Arcadia) were reduced by the Greeks, as a punishment for joining the Persians at the invasion of Greece.
Nesta explicação de gosto racionalista mas, com a mesma lógica simplista e superficial que serviu sempre de suporte nuclear a todos os mitos fundadores, existia uma mera e subtil analogia alegórica que, quanto muito, terá servido apenas para reforço didáctico duma situação de homossemia por redundância.
Na verdade Cária não era a famosa acrópole de Megara[3] nem de Mileto[4]. Se pretendêssemos exigir rigor enciclopédico ao profundamente morto e enterrado Vitrúvio (que os deuses tenham em descanso eterno!) referiríamos que havia pelo menos duas Cariae:
Cariae = Aplace in Laconia, sacred to Artemis: (Maidens dance at C. in honour of Artemis) & a place near Pheneus.
No entanto, para comprometer ainda mais do pai dos Arquitecto, existiu uma deusa das «nogueiras» (< Anu-Karias) com este mesmo nome que veio a ser incluída no mito de Artemisa o que permite reportar este culto à cidade epónima da Lacónica onde afinal existia um festival de dança de donzelas em honra da deusa da caça!
Carya was a Greek pre-classical goddess of the walnut tree («nogueira»). She was later assimilated into the Artemis myth, as Caryatis (< Kar Jatis < Kar kakis + An => Afrodite) in this form.
Assim tudo aponta para Vitrúvio se estivesse a referir a Caryatae, cidade portuária de Tegea[5] mas, com muito poucas probabilidades de ser a razão do nome das cariátides que quase seguramente decorrerão do culto que as donzelas de Caria dedicavam a Artemisa, a Pótnia Teron, a Deusa Mãe que foi filha amantíssima de Enki.
The Carmentalia is a day which belongs to the goddess Carmenta. She was otherwise known as Metis, the Titaness of Wisdom. She is also called Car, Carya, or Car the Wise. Carmenta was the mother of Evander. After arriving in Latium with her son, she went atop the Capitoline Hill and began prophesying. Afterwards she became revered as a deity. She is also considered the goddess of childbirth. After her are named the Caryae (walnut trees) and the Carytids (nut nymphs). [6]
Carmenta < Kar-me-Antu < Kar-Min-tu < *Kartu-mna
> Cartona > Cardona.
GRAÇAS
Gratiae - Aglaia (Radiance), Euphrosyne (Joy), and Thalia (Fruitfulness) presided over all beauty and charm in nature and humanity. The Graces, also known as the Charites, are the daughters of Venus by Juppiter or Bacchus. They rule over all kindness and benevolence. They are signified by three young virgins, naked, holding hands. They are the constant attendants of Venus.
Aglaia < Ha-Galiha < *Ki-Kali-ka.
Euphrosyne < Hau-Phro-kina > *Kaku-Phur-Ki-An.
«Dália» < Thalia (< Talo) < Kalia < Karia < *Kar-kika > Karish > Charis.
Charis, a Grace, Goddess surrounded by delight, graces, & Pleasures. Married Hephaestus, possibly one of the Fates.
Como Talo era uma das Horas ficamos com a suspeita de que as 3 graças da primavera não eram mais do que uma das variantes das 3 Horas, numa homenagem primaveril às 3 estações do ano mediterrânico, ou se quisermos, uma variante das 3 moiras ou parcas que teciam os fados ao longo dos factos fatídicos dos anos!
Como Afrodite esteve casada com Hefesto foi Afrodite e logo também foi Charis, a mãe das Graças e filha de Talo, nome Egeu de Gaia, a Deusa Mãe primordial!
Figura 8: As três Graças de Pompeia! |
Figura 7: As Graças dum sarcófago romano de Cartago. Reparar que o formalismo estético da representação destas tridivas seria tão rígido que fazia com que estas duas representações de épocas e locais diversos do império romano parecessem quase um plágio mútuo. (Reconstituição cibernética a partir de original do Museu N. do Bardo, Túnis).
Ver: TALOS (***)
*Kur-Kiki =>
ð Kar-hites > Grec. Char-ites (CariteV) < *Kertu
ð Karishas <=> Ishcaras, lit. «filhas ou servas de Ishtar»
ð => Apsharas.
ð Karishas > Graishas > Lat. Graces > «Graças».
A decomposição etimológica permite suspeitar que estamos perante uma pura divagação mítica de poetas enamorados pois os nomes de todas as três graças são meros jogos de palavras em torno do nome da arcaica deusa mãe de que derivou o nome de Afrodite!
Derceto (< Ker Ketho < *Kur-kik + An => Afrodite) = A goddess of fertility.
Derceto < Ther Ketho < Ker-Kiku > *Kur-Kiki =>
Ø Ka + *Kur-Kiki => Afrodite.
Tsilah Wedo = Haitian goddess of Beauty.
Aka Derceto < Tziraka-Ketho < TsilahWedo.
Tríades < Tari-at-hes < Tar-(i)-at-(ish) < Tar-ish, lit. “filhas de Ishtar”, enquanto deusa do huluppu (a árvore da “vida eterna” e da “boa fruta”)!
Ix Chel = Mayan goddess of Sexual relations
Ix Chel < Ish-xer < Ish-Kar > Istar.
Ver: MATRONAS E MATER DEI (...)
O nome do planeta Vénus nas civilizações centro-americanas era:
Azteca: Tlahuizcalpantecuhtli.
Maia: Kukulcan.
Kukulcan < Ka-phur ki-an > An Phur Kaki => Afrodite!
Auseklis = Latvian goddess of Love
Aus-Kelis < Ash-keris < Ishkar > Istar.
In Aztec mythology, Itzpapalotl is a goddess of agriculture.
Itzpapalotl < Itz-papalo-(tel) < ish-Kapharo = Hapharo-ish > Afrodite.
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