Figura 1: Apolo Paião canta uma Peã depois de matar a Piton de Delos.
Como se lê em Homero, os primeiros atributos de Apolo foram o ser a causa da morte súbita resultante das suas flechas infalíveis, a música, a vingança e punição da violações da lei sagrada, o causador de doenças, particularmente da peste e apenas secundariamente um curandeiro que acabou como pai do deus da medicina.
Porém, como adiante se irá concluir, as funções médicas de Apolo seriam uma herança cretense pela via do arcaico deus Paião.
Na Ilíada, é Paião que com ervas medicinais os deuses cura os deuses Ares e Hades feridos em circunstâncias diversas.
Na Odisseia, Homero afirma sobre o Egipto:
Lá a terra do cereal existe uma grande variedade de medicamentos, muitos dos quais curam quando bem misturados mas muitos outros são drogas perigosas; lá cada homem, mais sábio que toda a espécie humana, é um médico pois pertencem à raça de Paião.
Hesíodo identifica Paião como divindade particular ([1]): A menos que Febo Apolo o salve da morte, ou o próprio Paião, que conhece as drogas para todos os usos.
Assim sendo, «Paião» era o nome de um deus da cura da Grécia micénica arcaica possivelmente de origem cretense que foi assimilado mais tarde pelo culto de Apolo.
Os invasores anatólicos que traziam com os seus exércitos, possivelmente fugitivos do império hitita após a queda de Atussa, impuseram o seu deus das pragas o luvita Apaliunas a toda a Grécia. Apolo, pela sua capacidade de trazer as pragas e a doença era sobretudo temido e adorado como um deus que ao evitar as pregas propiciava a saúde.
Como inicialmente Apolo seria temido em tempo de epidemias para que estas se não propagassem e por isso adorado em simultâneo com Paião, o médico micénico dos deuses, para que curasse as vítimas da peste trazida por Apolo.
Uma animosidade latente este estes deuses seria assim inevitável. No entanto, o arcaico Paião seria desconhecidos dos dóricos e acabaria por ser olhado com desconfiança quando identificado com os seus antigos inimigos micénicos. Então, um processo de apaziguamento por sincretismo mítico acabaria por acontecer com a sujeição de Paião ao poder de Apolo que passou a incorporar o nome e os poderes deste deus arcaico na forma de Apolo Paião.
Com o tempo, Paião tornou-se primeiro um epíteto de Apolo e depois muito mais tarde de seu filho, Asclépio / Esculápio, o deus da medicina clássica.
Foi esta lógica mítica da absorção dos poderes médicos do arcaico Paião que permitiu transformar Apolo foi num deus da medicina com outras variantes pelo menos nos epítetos de Apolo Loimios em Lindes, Rodes, de Apolo Oulios dos milésios e em Delos, Apolo Iatros, nas colónias jónias do mar negro.
No papel de Apolo como curandeiro, seus epítetos incluem ainda Acésio, Iatro, Acestor, Alexicaco (“ O que reprime o mal”) e Apotropeu (“O que afasta o mal”). Este último é seguramente um neologismo perifrástico com o significado literal de “atrair para trás”. Neste sentido Apolo Epikourios é O que ajuda, socorre e cura…porque é O que está em cima dos jovens guerreiros, os kouroi (para os encorajar e proteger!) e por isso era também Kurotrophos, o que protege os jovens kauroi.
Os restantes parecem ter por base a visão regressiva infantil do “deus menino” consolador e protector dos jovens guerreiros. O termo loimos era literalmente o que os gregos entendiam por praga e pestilência. No entanto, o termo pode ter sofrido influência do termo λύμη, “afronta brutal, mau trato, mutilação” e de λῦμα, “corrupção”, termos que poderiam estar relacionados com os aspectos mais condenáveis da guerra como o “cerco e o ataque abusivo” previsto no termo λοίδορος bem como no termo oulios οὔλιος que era o que entendiam os gregos por “calamitoso e mortal”.
Loimos < Lohimos > rumes > ruma < Ur-mês, literalmente “as leis do guerreiro”.
Loidoros < rauithauros <?> «ratoeira».
Estamos então subtilmente no terreno dos efeitos colaterais da guerra que trás sempre o cortejo da desgraça da fome e da peste!
No entanto, Apolo Loimios seria “Loxias, o dos oráculos termais que libertam da praga” quiçá pelo efeito curativo das lamas termais que dão etimologia aos cremes de Artemisa tal como Oulios com os óleos balsâmicos seguramente a através de uma ressonância anatólica de que teria derivado o óleo latino sugestiva no termo ἄλειμμα com o sentido de “qualquer coisa usada por untar, unguento, gordura” e ἔλαιον, azeite. De resto não devemos esquecer que os hititas adoravam a deusa Lama, tutelar de cidades e animais que já era uma derivação das deusas mesopotâmicas Lamashtu, Lamassu, Lamasthu, etc. que ora eram boas ora maléfica, como parece ter sido quase sempre o rito arcaico da terrível deusa mãe. Por isso este nome recorda os Lémures romanos (espíritos de antepassado, e Laima, a deusa do destino Báltico).
Aces-io ó Aces-tor < Aces- < Kakes < Cacus > Kakiko > Icaco > Ico.
Alexicaco < Aresh-icaco = Ares + Icaco / Baco.
Iatro < Ia-ter(o), literalmente “o poder da violeta (do grito e da seta)”
< | Ica(co) < Iacchus < Kakikus > Bacchus | - tero.
Neste aspecto curativo, os romanos veneravam Apolo Médico e um templo lhe foi dedicado em Roma, perto do de Belona onde era também por estes referido como Averrunco (“O que previne os males”).
Iatros não seria um epíteto natural de Apolo mas um título dado a posteriore já depois de estabelecida a arte médica porque seria inicialmente um termo elabrado em torno do culto de Dionísio. De facto, todos os termos iniciados com a raiz iat- se reportam a situações de cura e medicina. Apenas o termo iãton se reporta a algo que pode ser a origem arcaica deste termo que seria uma espécie de xarope preparado à base de mel, vinho e violetas que “aqueceria” a garganta e seria uma delícia de tomar (ἰαίνω). Ora, ἴα significaria tanto “violeta”, como “seta”, como “grito” (de guerra). Porém, com setas ou violetas esta poção mágica seria pouco mais do que vinho quente com mel que sempre foi um bom remédio para a dores de garganta dos guerreiros engripados nas noites de relento nos bacanais das “festas do rapazes”. De facto, Ἴακχος era Iacchus, nome místico de Baco e uma canção festiva a Dionísio.
A confirmar esta autonomia original de um deus da medicina anterior a Apolo, ou pelo menos de um epíteto de um “deus menino” denominado Paião existe o mito de um deus com este nome filho de Poseidon, deus tutelar dos mares minóicos e que teria levado a talassocracia cretense até à Trácia, a partir do Helesponto, e onde teria o nome de Edono. Notar então que o nome do ibérico Endo-vélico pode ser uma síntese do deus Edono como o do latino Averrunco, literalmente o “deus menino” (Ico, Icaco) que transporta a vida do céu à terra”!
Averruncus < Ka-pher- | Enki > Enti > Edon >
Edono | -ush > Endo-Wer-kico > Endovélico |
Em mitologia grega, Paeon era um filho de Poseidon por Helle que entrou no Helesponto. Em algumas lendas ele foi chamado Edonus. Ele era o irmão do gigante Almops. [[2]]
Edonus (Greek: Ἠδωνὸς) was the mythical ancestor of the Edonians in Thrace and Thracian Macedonia. The names Edonus, Edonian, Edonic is therefore used also in the sense of "Thracian," and as Thrace was one of the principal seats of the worship of Dionysus, it further signifies "Dionysiac" or " Bacchantic."
Paeonians, a people of Macedónia.
Paio, Paião, Edono ou Dionísio, a verdade é que parece que este deus curandeiro seria bem conhecido pela tradição arcaica para além dos limites da ilha de Creta, uma vez que iria até à Trácia, tendo dado nome a um povo da Macedónia senão mesmo teria andado por todo o mundo ocidental influenciado pela talassocracia cretense.
> Pos- | Edaon > «Edono».
«Poseidão» < Mic. Po-se-da-o < Mic. Posedaone < Pose-da- | wone < Phone
< Pha-et-on > Fotão ó Faetonte ó Paião.
Na época de Platão já se tornara corrente uma visão de que Apolo era a antítese e o complemento de Dionísio, seu irmão, o deus dos excessos, das relações entre o corpo e a alma, da embriaguez, da orgia, das emoções descontroladas, da transgressão, dos mistérios ocultos, do teatro e das mênades, enquanto que Apolo passou a ser mais ligado à esfera racional, à vida quotidiana, à arte e à ordem social, preservando contudo seu papel de inspirador da profecia e portador da palavra divina, ou Logos, também um símbolo do espírito e do intelecto. Para os iniciados nos Mistérios Órficos Apolo e Dionísio eram manifestações polares da mesma divindade.
No entanto, outros tempos terão havido em que, Apolo, nas variantes de Paião, Carneios e Pitião, terá sido o mesmo deus, que noutros locais seria apenas o deus menino Dionísio. O «paio» pode ter aparecido nas festas de Apolo Carneios pela tradição de guardar as sobras de carne desta festa a que se seguia um longo período de canícula e carestia anual de 40 dias antes do solstício da primavera. A festa dos rapazes de Trás-os-Montes acabava no Entrudo e “nesse dia fazia-se a despedida da carne. Neste, como em outros concelhos e regiões, havia gente que guardava a carne que sobrava no dia de Carnaval e só no dia de Páscoa é que a comiam”. O Paio enquanto cego de porco enchido com os restos da carne do Entrudo seria, depois de seca no fumeiro, possivelmente dedicada ao deus Paio que assim lhe terá dado nome ao enchido…é à grande festa da passagem, a «Pascoa».
Pelasgia > Pelasgoa > *Payas-coa > «Pascoa»
< Lat. pascha < Gr. páscha < Hebr. Pesakh < *Pelesesh < Phereset < Ker-et.
Menos directamente ainda, no entanto, o termo pathos deve ter tido origem no deus Paião.
Do grego pathos, (πάθος) paixão. Qualidade na fala, em escritos, acontecimentos ou outros, que excita a piedade ou a tristeza; consequências terríveis do descomedimento humano, sugerindo no espectador da tragédia o temor religioso ou a sua simpatia, dependendo, desta forma, das intenções e da concepção filosófica do autor da tragédia.
Es uno de los tres modos de persuasión en la retórica (junto con el ethos y el logos), según la filosofía de Aristóteles. En la Retórica de Aristóteles (libro 1, 1356a), el pathos es el uso de los sentimientos humanos para afectar el juicio de un jurado.
«Paixão» < Paijão < Pajawon > Lat. passio-ne => «passos» > paxos > pathos.
O sofrimento moral e físico dos adolescentes apaixonados pela força do amor em tempo de paz ou pela violência do ódio em tempo de guerra recoloca no plano metafísico Eros em confronto com Tanatos, terrenos propícios para os conflitos emocionais do fim da adolescência que irão ser o terreno fértil para as doenças psicossomáticas e de conversão que irão fazer a fortuna dos curandeiros e o sucesso do xamanismo até aos tempos modernos. Não podemos deixar de incluir neste «patos» o longo sofrimento da humanidade em matéria de mortalidade materno infantil muito presente até aos tempos modernos bem como as variantes mórbidas expiatórias dos sacrifícios infantis e nas variantes mais mitigadas do rapto cretense de crianças para pederastia iniciática.
Anjos da montanha - As crianças foram encontradas no monte Llullaillaco, um vulcão de 6.739 m de altura perto da fronteira da Argentina com o Chile. Seu sacrifício ocorreu num ritual conhecido como capacocha. Elas caminharam por centenas de quilômetros, vindo de Cusco, a antiga capital inca no Peru. Ao chegar à montanha, beberam chicha (bebida alcoólica feita com milho), foram colocadas para dormir em nichos subterrâneos e morreram congeladas. Só crianças bonitas, saudáveis e fisicamente perfeitas eram escolhidas para o sacrifício. De acordo com as crenças incas, elas não morriam, mas se juntavam a seus ancestrais e viravam uma espécie de anjos da guarda de suas vilas natais.
When a capacocha ceremony was to be held, the Inca sent out to the provinces a demand for tribute payment of gold, silver, shell, cloth, feathers, and llamas and alpacas. They also demanded tribute payment of boys and girls between the ages of 4 and 10, selected for physical perfection.
Catulo, em seu relato do nascimento do Minotauro, se refere a outra versão do mito, na qual Atenas teria sido "obrigada pela praga cruel a pagar compensação pela morte de Androgeu." Egeu deve então evitar a praga causada por seu crime enviando "jovens rapazes, bem como as melhores garotas solteiras, para um banquete" do Minotauro. Minos exigia que pelo menos sete rapazes e sete donzelas atenienses, escolhidos através de sorteio, lhe fossem enviados a cada nove anos (ou, segundo alguns relatos, anualmente) para ser devorado pelo Minotauro.
Os escritores posteriores passaram a referir jovens em vez de crianças porque tamanho seria o horror pensarem que seriam crianças puras e inocentes que preferiram pensar que eram jovens já poluídos pelo viço da adolescência. De passagem notar que o conceito arcaico de pureza ritual só indirectamente teria a ver com a moral e com a sexualidade porque se referia materialmente a perfeição física e por analogia à inocência e ausência de dolo ritual.
A Paixão de Cristo por amor à humanidade e pelo sofrimento da condenação à crucificação sendo o grande mistério da tragédia cristã não será senão a reconversão dos mistérios pascais dos arcaicos ritos de passagem das festas dos rapazes que preparavam os adolescentes para a vida adulta e que se multiplicaram por todas as culturas neolíticas em ritos de morte e ressurreição solar, de que o de Atis, Tamuz, Dionísio e Adónis seriam os mais comuns na época clássica.
Paião o deus do sofrimento e da paixão, antes de chegar ao Brasil na época arcaica da talassocracia cretense terá andado pela península ibérica onde deixou os topónimos Palhavã, Paião e Paio…e o nome do enchido. De resto, a sobrevivência da relação etimológica entre Pelágico e «paio» parece ser uma prova disso.
As tabuletas de liner b não o dizem mas pode inferir-se isso por comparação indirecta com os curandeiros dos guaranis do Brasil.
Figura 2: Pajé guarani com o seu toucado de penas minóico. A Pajelança é encontrada no Amazonas, Pará, Piauí e Maranhão, uma religião autóctone, que foi gerada por elementos exclusivamente ameríndios. As curas e rituais são realizados pelo pajé, equivalente do xamã norte americano, com danças, cantos, e o instrumento sagrado, o maracá, um chocalho e o uso de alcalóides vegetais, que possibilitam o transe. Cada região tem entidades distintas que são invocadas, porém sempre são espíritos da natureza, de animais ou de antepassados mortos. |
No Piauí, a Encantaria mescla a pajelança amazônica com o catolicismo popular.
Na ilha de Creta, na época Micénica, aparece escrito em linear-b numa placa de Knossos o nome do deus PA-JA-WO-NE, possivelmente a mais antiga referência helénica ao epíteto Paião de Apolo. Igualmente aparece a inscrição PA-KI-JA-NE, suposta ser nome de um santuário (Sphagianes?) mas que bem poderia ser uma variante deste mesmo nome[3], ou, pelo menos, o rasto dum elo perdido da evolução étmica do nome de Apolo!
Os " santuários " identificados em Linear-B estão baseado em uma concentração dum culto pessoal dum local particular (por exemplo a Pakijane) ou em uma formação adjetival do nome do deus (por exemplo Posidaion). Ora, neste caso, a possibilidade mais lógica seria considerar que Pakijane estaria relacionado com Pajawone!
Figura 3: Este Kouro arcaico, que apresenta ainda a típica cintura apertada dos jovens cretenses e os grandes olhos de tipo sumério, poderia ser, como todos os outros que lhe sucederam durante todo o período arcaico da história grega, uma evolução do culto dos toureiros para o culto solar apolíneo. Neste caso, teríamos um sacerdote de Pakijane ajoelhado, o que seria estranho para um deus, ou um kouro recebendo a iniciação de Pajawone. Παιάν, Paián, Peã é uma redução da forma Παιάϝων, Paiáwôn, como atesta o dativo micênico pajawone. Não se conhece a etimologia deste vocábulo, originariamente empregado como apelativo de uma divindade, embora Schwyzer procure relacioná-lo com o verbo paíein, "ferir", porque "com um golpe mágico, curava as doenças". Pisani opta pelo verpo paúein, "acalmar, suprimir, fazer cessar" as enfermidades. Segundo Chartraine, é bem possível que o teônimo seja um termo de substrato ou empréstimo. Na Ilíada, Péon cura ferimentos de Ares e é tratado como uma entidade claramente diferente de Apolo, que luta ao lado dos troianos, cura apenas humanos como Glauco, nunca deuses. |
Atendendo a que na cultura fonética do mar Egeu o fonema Ki evolui quase sempre para Phi poderíamos postular:
PA-JA-WO-NE < Pashafone
< PA-JA-Kau-NE ó
PA-Ku-JA-NE = PA-KI-JA-NE.
Ou então,
Pa-Ja-Wo-Ne < Pasha-| Wauni < Benu < *Phianu < Kaune > Neku < Enki
ó Kian!
A propósito da deusa cita Artimpasa chegou-se à conclusão que -pasha poderia ter o significado de “filha do pai”.
Vénus = Artimpasa = Artim + | pasa < Apaosa < Apha-usha |
Neste caso, o micénico Paja-vone seria, tal como Apolo, um verdadeiro príncipe filho do pai Enki ou Enlil.
Ver: KAFURAS (***) & APILIA (***)
Esta é seguramente a etimologia mais provável deste nome micénico mas, outras hipóteses bem mais interessantes se levantariam se aceitássemos que poderíamos estar perante uma variação linguística do tipo G/J > hl > ll > rr > r, que aliás não é tão rara como isso! Encontramos esta etimologia na passagem do castelhano para o português (v.g. Pt. «velha» / Cast. «veja»). Então teríamos:
PA-JA-WO-NE < Pa-ja-ko-ne ó PA-KI-JA-NE >
PA-WO-JA-NE < Pha-Kau-Lhu-Ane >Haphalluane > Luv. Apaliunas
=> Apolo! Ou então,
Pajawone > Phalakon < Phurakaune > «furação» < *Kaphurano.
Phallaw-an => «Palhavan» => Phallium > «Pallium».
Paiawon > Pa ya uan > Paean...um dos epítetos de Apolo.
Pa(y)an > Pan < Pha(i)na < Phian < Kian.
De qual das vias étmicas derivou o deus Pan?
Foneticamente nada obsta a que possa ter existido um nome de deus que possa ter originado na cidade de Lisboa a toponímia de «Palhavan» onde se situa o Hospital de Oncologia, o que de forma indirecta pressupõe que este deus curativo possa ter também sido adorado nesta cidade com um nome que veio mais tarde a originar este termo.
Em boa verdade, este deus veio directamente de Kian por via continental a partir dos deuses hititas, ou outros, da Anatólia. Por outro lado, e fazendo o percurso ao contrário teríamos, de forma aliás pouco convincente a possibilidade de encontrar o nome de Apolo derivado dos falares micénicos.
A(n)pu-at < Upuaut < Upau at < Upô ish > Ophois
=> Mic. Upojo > Apojo > Apolho > Apollo
> *Apajo > Pajo + Ko [4]=> Pajawo.
«Pavão» < Pavone < Payawo-an < Phajawone < Pawinios > grc. paiwnios.
Pan = Pa(ja)an > «Paião» > «Paio».
U-po-jo Po-ti-ni-ja: algunos interpretan que upojo podría referirse al mundo subterráneo y sugieren la hipótesis de que su significado sería de "señora de los infiernos".
Anubis was also worshipped under the form Upuaut ("Opener of the Ways"), sometimes with a rabbit's head, who conducted the souls of the dead to their judgement, and who monitored the Scales of Truth to protect the dead from the second death in the underworld.
Upuaut o Upuat «el que abre los caminos», deidad de la Duat (Más Allá), dios funerario y de la guerra en la mitología egipcia.
A única realidade convincente é a de que Anpu já era uma variante de Apolo que pode ter influenciado por ressonância com Upojo, a fixação do nome anatólico deste deus, Apaliunas. A deusa micénica U-po-jo Po-ti-ni-ja seria assim, possivelmente, Pótinia Teron, ou seja Artemisa enquanto irmã e esposa de Upojo.
A via apolíneo a partir desta fonte cretense veio, quanto muito, a reforçar esse nome ou então Pan é «Paio» sem precisar de se derivar do micénico Pajawone!
Ver: OFIUSSA (***) & ANPU, (ANUBIS) APOLO EGÍPCIO (***)
Cotejanto o dicionário da língua grega clássica verificamos que a única relação que Apolo Paião tem com a medicina é pelo adjectivo paiwnios que não tem outro significado que não seja “relativo a Paião, medicinal, curativo”, de onde se infere que a relação deste termo com a medicina não deriva das credenciais iniciais de Apolo, nem do mero adjectivo paiwnios, mas do arcaico deus «Paião» que as teria por inerência de funções.
Tupi pajé < Pajet < Pajoco < Micenic. Pajawo + Anu
=> PA-JA-WO-NE ó Paião.
«Creta» < *Ker-tu < Pher-Kako < Ker-kiko < Kurish > Iskur
Pelágio < Pelágico < Pher-Kakiko, o que transporta “o deus menino” Baco
> Pelayo > Peaio > «Paio».
Particularmente em Portugal existem muitas localidades com o nome de S. Paio.
Era São Pelágio natural da Galiza. Seu pai, homem rico, era irmão de Hermígio, bispo de Tuy nos princípios do século X. A ocasião da sua vinda a Córdova, que foi a do martírio, refere-o um sacerdote dessa cidade chamado Raguel. Ensoberbecido. Abderramão III, rei emir de Córdova, quis assenhorear-se das restantes províncias da Espanha, habitadas pelos cristãos. Para tal fim chamou em seu auxílio, aí por volta do ano 920, os mouros de África. Com um exército numeroso e bem equipado entrou por Castela no reino da Galiza, ao tempo em que D. Ordonho II, rei de Leão, o era também daquela província. Sabendo este religioso príncipe a determinação do orgulhoso agareno, e auxiliado por D. Garcia, rei da Navarra, e pelos Grandes e prelados de ambos os reinos, marchou a conter o ímpeto dos bárbaros. Encontraram-se as duas hostes. Sendo incomparável o número dos cristãos com o dos mouros, tocou a vitória a estes. Voltaram os mouros a Córdova, vencedores e carregados de despojos. Entre os muitos cativos que levavam, ia Hermígio, bispo de Tuy, a quem puseram carregado de grilhões numa obscura masmorra. Tinha em Córdova alguns amigos, que angariou por ocasião da sua estada naquela cidade, donde trasladou as relíquias de santo Eulógio. Tratou. ao cabo de ano e meio, do seu resgate, oferecendo aos mouros as somas que quisessem pedir. E, para cumprimento da palavra , teve de deixar como refém o sobrinho Pelágio, menino de rara formosura e extraordinários talentos. O ilustre menino sofria resignado as durezas da prisão, não se queixando nem lamentando como os outros cativos. Escolheu para mestre a S. Paulo, lendo as suas cartas e meditando os seus trabalhos apostólicos. Guardava tanta gravidade em todas as conversas que detinha os que se desmandavam e se, por acaso, os infiéis tratavam algum ponto de doutrina, confundia-os com a verdade da fé revelada. Não podia o inimigo da salvação ver com indiferença os progressos feitos por Pelágio na virtude e, por isso, quis perdê-lo. Um filho ou pajem de el-rei viu por acaso na prisão o menino cristão de rara formosura e, ponderando o caso a Abderramão, este o mandou vir imediatamente à sua presença. Ardendo este nos mais torpes desejos, fez-lhe grandes ofertas, procurando afastá-lo do amor a Jesus Cristo e à sua lei. Este respondeu: «Fica sabendo que tudo quanto me ofereces tem um fim mortal; não assim os bens que, sendo cristão, espero conseguir. Jamais negarei ao meu Senhor Jesus Cristo, a quem adoro e confesso por verdadeiro Deus». Pareceu a Abderramão que estas expressões nasciam de um coração pueril e, querendo acariciá-lo, tocou-lhe brandamente no rosto, dizendo palavras aliciadoras. Mas Pelágio, revisto de um valor superior à idade, repeliu-o, dizendo: «Desvia-te; pensas acaso que eu sou algum dos teus efeminados lacaios?». Fiou o rei a empresa a uns cortesãos lisonjeiros, os quais não omitiram meio algum de quantos podiam contribuir para perverter o nobilíssimo mancebo. Vendo Abderramão que era inflexível a resistência de Pelágio, trocou a sua amorosa paixão em raivosa cólera, mandando imediatamente que, levantando-o do chão com umas tenazes de ferro, o deixassem cair muitas vezes e com grande crueldade, até que, ou negasse a Jesus Cristo, ou acabasse a vida nos tormentos. Arremeteram contra Pelágio os verdugos e começaram a fazer em seu corpo a carniçaria que aquele lobo ordenara. Despedaçavam-no com algazarra, sem em seus rostos se ver sombra de piedade. Levantava o menino as mãos para o céu, pedindo a Deus fortaleza para consumar o sacrifício. Imediatamente lhas derribaram com o alfange. Outros lhe cortaram os braços, outros os pés, decapitando-o em seguida. Feito assim em pedaços, o lançaram ao rio Guadalquivir. Durou este glorioso combate desde as onze e meia da manhã até às duas da tarde do dia 26 de Junho de 925, o qual foi domingo naquele ano. Foi assim despedaçado aos 13 anos. O seu culto veio a tornar-se popular em Portugal.
Figura 4: S. Paio da Mortosa. | Por muitos anos, o ponto alto dos festejos era realmente a majestosa procissão e o "banho" ao Santo. Um ritual que teria origem na lenda que afirmava que o S. Paio era bêbado. Ainda hoje penso ser essa a desculpa dos romeiros para justificarem os seus exageros no consumo de vinho, nos dias em que dura a folia. Não encontro outra justificação para se ter apelidado de bêbado o Santinho que, segundo reza a lenda, teria dado à costa no areal da praia, arrastado pelas marés, desde o norte da Galiza. Bêbado e maroto (assim lhe chamavam), por gostar de puxar o lenço às varinas na hora que estas se sentavam no areal, de canastra ao lado, enquanto esperavam que as redes trouxessem à praia o peixe que haviam de carregar à cabeça, caminhando por essas estradas fora, até Albergaria, Canelas, Fermelã e S. João de Loure. O banho ao Santo era dado logo a seguir à procissão, quando recolhia o andor à sacristia. Colocavam-no numa pia e iam-lhe despejando pela cabeça litros e litros de vinho que era trazido a propósito pelos romeiros para essa ocasião, no cumprimento de promessas por diversas graças recebidas ao longo do ano. O precioso néctar era depois recolhido da pia e bebido fora da capela, ao qual davam o nome de "vinho santo"... – Namorado da Ria: S. Paio da Torreira, Francisco Vieira. |
Esta lenda deve ter tanto de história como de mito mas, a ter acontecido, teve todos os ingredientes para substituir em fama e adesão popular a qualquer um mito que tivera existido antes:
Primeiro, relata a história de uma criança bela, terna e de espírito vivo e sábio mas de vida curta porque sujeita à máxima prova de fé pelo martírio precoce.
Depois porque tem os ingredientes de uma história sadomasoquista de violação pedófila. A história de S. Pelágio até pode ser verdadeira mas nada obriga a que este santo tenha sido a origem da devoção a S. Paio que lhe deve ter sido precedente.
S Paio e S. Gião andam muitas vezes ligados e S. Gião era particularmente venerado na época visigótica. A tradição galega de S. Paio vem da época de Pelágio (do latim Pelagius pelo grego Πελάγιος, que era em galego e castelhano Pelayo) que foi o fundador do Reino das Astúrias. Nem por acaso, Pelaio foi também o nome do ermitão implicado na redescoberta do túmulo de Santiago.
A começos do século IX, num contexto sócio-político saturado de necessidades espirituais, intolerância religiosa e pressões militares, acontece a descoberta do sepulcro apostólico, que podemos datar por volta do ano 820. Conta a tradição que um ermitão, de nome Pelaio, que vivia no lugar de Solovio - onde está situada a igreja de São Fiz de Solovio, na Compostela actual -, no bosque de Libredón, observou durante várias noites sucessivas unas resplendores ou luminárias misteriosas que pareciam uma chuva de estrelas sobre um monte do bosque.
Em português teve as variantes Paio e Pais sendo por isso nome galego comum que bem pode ter sido originário de um arcaico mito de origem minóica envolvido nos rituais de passagem das “festas dos rapazes” em torno do culto de um “deus menino” que seria Paio ou Paião e correlativo do micénico Pajawone.
Que este “deus menino” pode ter sido Dionísio não restam dúvidas pelo menos na tradição de S. Paio de da Mortosa.
«Paiã» ou «Paião» (em grego: παιάν, παιήων or παιών) é o nome de um hino sagrado especialmente dedicado a Apolo.
Como o arqueiro infalível e deus da luz, matador da serpente Piton, que era um símbolo das forças do mundo subterrâneo e do caos irracional, Apolo era uma imagem do iniciado que penetra nos mistérios da Natureza através da ciência e domina a animalidade da natureza humana através da vontade, do conhecimento e da disciplina; era, também por isso, o deus das expiações, purificações e penitências. Uma das versões de seu mito diz que ele mesmo, após matar a Piton, que era uma criatura divina, teve de se purificar e fazer expiações por oito anos em um exílio no vale de Tempe, sob a protecção de um loureiro. Sendo um deus curador e ligado à ordem social, por extensão foi associado com os ritos de passagem da infância para a idade adulta, tornando-se a imagem do educador ideal, provendo inspiração e instrução para o cultivo do corpo e da mente em um equilíbrio harmonioso e para uma correcta inserção social do jovem na vida comunitária.
Como hino, o peião foi citado já por Homero, e era um canto de triunfo, exaltação ou acção de graças, cantado em forma antifonal por um solista e um coro, acompanhado pela cítara, o instrumento de Apolo, e também pelo aulos. Tipicamente era composto no modo dórico.
Such songs were originally addressed to Apollo, and afterwards to other gods, Dionysus, Helios, Asclepius. About the 4th century the paean became merely a formula of adulation; its object was either to implore protection against disease and misfortune, or to offer thanks after such protection had been rendered. Its connection with Apollo as the slayer of the Python led to its association with battle and victory; hence it became the custom for a paean to be sung by an army on the march and before entering into battle, when a fleet left the harbour, and also after a victory had been won.
Sem mais investigação e análise o Paião pareceria ser uma singularidade no conjunto das formas de canto da época clássica de que teria derivado o canto litúrgico bizantino que influenciou fortemente o canto gregoriano. Ao longo dos tempos os cantos, litúrgico bizantino, bem como os anteriores da cultura clássica influenciaram o canto popular mediterrânico que em Portugal sobreviveu nos cantares alentejanos, prosódicos e arrastados. No entanto, inicialmente o canto e a dança formariam um conjunto inseparável dos processos rituais de encantamento da religião arcaica. É possível que as forma mais primitivas de canto e dança ritual tenho começado com os encantamentos xamânicos ainda sobreviventes nos temos modernos entre os ameríndios.
Entre as diversas danças corais da Grécia clássica diferenciavam-se modalidades como as guerreiras (gimnopédicas, pírricas) e as dionisíacas, em honra do deus Dioniso, que comemoravam as estações do ano.
Las Gimnopedias (griego Gumnopaidía), literalmente «la fiesta de los niños desnudos») eran festividades religiosas celebradas en Esparta, en julio-agosto, en honor de Leto y de sus hijos, Apolo Pitio y Artemisa.
Consistían esencialmente en bailes y ejercicios ejecutados por los jóvenes espartanos, alrededor de estatuas que representan a los dioses en cuestión, situadas en un lugar del ágora llamado el khorós. Coros de adolescentes, de efebos y de jóvenes adultos que se enfrentaban en bailes que imitaban los ejercicios de la palestra, enteramente desnudos, delante de los otros lacedemonios, los extranjeros y los hilotas. Los solteros mayores de más de 30 años eran en cambio excluidos de la asistencia.
Baião é um ritmo de dança popular da região Nordeste do Brasil, derivado de um tipo de lundu, denominado "baiano", de cujo nome é corruptela. O conjunto da instrumentação básica do baião, segundo Luiz Gonzaga num depoimento, é de origem portuguesa, mais especificamente da chula.
No entanto, a dança brasileira do baião nada deve ter a ver com a Baia mas com a terra de origem do Chula e que só pode ter sido o Baião, região do Marão e do Douro de que saíram muitos dos portugueses que fizeram o Brasil.
O «chula», tal como era dançado com uma lança de quatro metros, era uma dança guerreira e por isso equiparável ao Paião grego.
Danças Tradicionais de Baião: A Chula é uma dança muito difundida em Portugal. Esta caracteriza-se pela agilidade do sapateio do sapateio do peão/peões, em disputas, sapateando sobre uma lança estendida no salão. A chula era dançada somente por homens, ao desafio. Diz-se que esta é originária do Minho e do Douro, do folclore português, embora alguns estudiosos a relacionem com o Lundú ou o Baião, com relação à música, daí esta ser tão tradicional no concelho. Esta era dançada da seguinte forma: dois dançarinos ficavam frente a frente tendo entre si uma lança de quatro metros de comprimento. Um dos oponentes executava uma sequência de difíceis passos coreográficos indo até à extremidade oposta da lança e retornando ao seu ponto de partida. Ao segundo oponente cabia repetir o passo do primeiro e fazer um mais difícil, ao que o seu oponente deveria fazer o mesmo. Perdia a disputa aquele que saísse o ritmo, errasse o passo, perdesse o ritmo ou chutasse a lança. Ultimamente as suas regras foram modificadas, adaptando esta aos campeonatos regionais, os rodeios, mas a ideia de criatividade e difícil execução dos passos como objectivo de disputa foi mantida, o que tem tornado o concurso individual mais procurado do que o tradicionalista.
O próprio nome da dança, o «chula», está seguramente relacionada com os couros ou curetas que o dançavam uma variante da gimnopédia para protegerem o “deus menino” de ser devorado por um pai tirano!
O chula terá tido variantes que sobreviveram no Brasil como por exemplo no «espontão».
Na região nordeste do Brasil, o espontão, além de remeter às commpridas lanças, pode designar também uma dança guerreira integrante das festividades do dia de Nossa Senhora do Rosário, na qual um grupo de homens dança empunhando lanças e espontões, saltando, avançando e recuando, com larga margem de improvisação, ao som apenas do tambor marcial.
Por seu lado não iremos cometer a leviandade de pensar que o nome das terras do Baião derivam do nome grego da dança mas também não cairemos na petição de princípios de considerar que Baião precisaria de uma cavaleiro estrangeiro, filho de um rei de Itália e neto de um rei de França, para lhe dar o nome como se Bayonne pudesse ser um topónimo sem uma qualquer etimologia celta que estivesse proibida de ter chegado ao Baião pelo rio Douro. Até prova em contrário o nome das terras do Baião derivam do nome do deus Paião que para aqui trouxe a sua dança dos “chulos” guerreiros do “deus menino”. Noutros locais estas danças deram origem ao «fandango»…e ao «tango».
To discover the relation between Paean or Paeon the healer-god and paean in the sense of "song" it is necessary to identify the connection between ritual chant and the shaman's healing arts Martin Nilsson observed: The curing of diseases everywhere plays an important part and among primitive peoples lies in the hands of sorcerers and priests. There was in earlier Greece a class of seers and purificatory priests which in all essentials fulfilled this function. The art of healing consisted in magical ceremonies and incantations. In later times these were usually called έπωδαί, charms, but in earlier days they were certainly called paeans (παιάν), for Homer speaks of the god, Paieon, who takes his name from them. With the charm was blended the name of the god, and thus the paean became a song of thanksgiving and eventually of victory. (…)
A semântica grega de Paião aponta quase que exlusivamente para um «deus menino» pois todos as conotações significantes de termos gregos semelhantes a Paião se reportam ao conceito de jovem criança.
«Paiã» / «Paião» < Lat. paean < Gr. paián / paión < paio, o [ Deus, Apolo ] que fere), s. m. hino em honra de Apolo na antiga Grécia; • cântico de guerra.
Paideia < educação infantil < rapaz ó paideios = infantil
=> paiderasthes = pederasta, pedófilo ó paidion = criança < pais = filho, criança.
<= paiw = A. ferir, golpear. B. comer.
Se denominaba paje a todo joven que estaba al servicio de un noble o de un rey. El nombre deriva del italiano paggio y por contracción de la palabra latina paedagogium. Este servidor se ocupaba del servicio interno de la casa. Por lo general el paje solía ser muy joven y tener entre 16 y 20 años aproximadamente.
Em conclusão, Paio ou Paião era um “deus menino” como Dionísio.
Nalguns casos este deus menino evoluiu para cultos de mistérios dionisíacos, sobretudo entre os jónios, noutros para cultos espartanos de origem dórica e por isso dedicados ao deus Apolo de origem anatólica. Nalguns casos estes cultos eram dedicados a Hermes Agoraios e raramente a Ares.
Um destes cultos foi dedicado a Telefo, filho de Hércules, deus que quase seguramente seria o mesmo que o hitita Telefino, deus Delfino de morte e ressurreição solar que teria como mitema nuclear o nome de Enki / Kian[5].
Ver: LAMEGO (***) & ANJOS (***)
Não temos provas reais disso mas este deus delfim seria filho de Poseidon o que nos coloca dúvidas a respeito de ter sido filho de Hércules, a menos que este fosse uma mera variante de Enki. Porém, Delfim não apenas por ser relacionado com Delfos foi Apolo Pítio.
O nome de Delfos tem origem em Delfíneo, epíteto de Apolo originado em sua ligação com golfinhos. De acordo com a lenda, Apolo teria ido a Delfos com sacerdotes de Creta no dorso de golfinhos. Outra lenda sustenta que Apolo chegou a Delfos vindo do norte e parou em Tempe, uma cidade na Tessália para colher louro, planta sagrada para ele. Com base nesta lenda, os vencedores nos Jogos Píticos recebiam uma coroa de louro colhido em Tempe. Na juventude, Apolo matou a terrível serpente Píton, que viveu em Delfos perto da Fonte Castalian, — de acordo com alguns — porque Píton tinha tentado violar Leto quando se encontrava grávida de Apolo e Artemis. Esta era a fonte que emitia os vapores que permitiam ao oráculo de Delfos fazer as suas profecias. Apolo matou Píton, mas teve que ser punido por isso, dado que Píton era filha de Gaia. O altar dedicado a Apolo provavelmente foi dedicado originalmente a Gaia e depois a Posseidon. O oráculo nesse tempo predizia o futuro baseado na água ondulante e no sussurro das folhas das árvores.
Em resumo, o oráculo de Delfos revela o encontro arcaico anterior à época dórica de Apolo de um deus vindo do norte, seguramente da Anatólia, na forma de Telepino com um deus vindo de Creta, que seria Paião, filho duma Piton. O nome do delfim, filho de Poseidon, deus da talassocracia cretense, seria tanto Paião como Tele-Phino.
Embora ainda se ignore a etimologia de Delfos, os gregos sempre a relacionaram com (delphýs), útero, a cavidade misteriosa, para onde descia a Pítia, para tocar o omphalós, antes de responder às perguntas dos consulentes.
A cavidade misteriosa de Delfos não seria o umbigo do mundo mas a vulva de Geia que quotidianamente pariria o deus menino Piton, a “cobra solar alada” que seria Dionísio e Telefos. Os dórios apropriaram-se deste culto matriarcal que votaram a Apolo Pítio e Paião tecendo para o efeito um mito heróico patriarcal emprestado da epopeia da vitória de Bel Marduque sobre os monstros de Tiamat!
Delfos seria assim um templo oracular dedicado a Telefos, o “deus menino” que veio a ser filho de Hércules mas que não seria senão o hitita Telebino. Obviamente que em tempos muito mais arcaicos ainda a cobra piton seria o próprio “deus menino” dos mistérios elêusicos, filho de Gaia, a Terra Mãe! Também por isso o deus Paio acabou por dar nome português a um enchido fálico, como se referiu antes.
No entanto, é muito possível que à época, ainda que arcaica, ambos os deuses seriam identificados como variantes do mesmo deus das curas termais e dos oráculos proféticos, presentes nos ritos de passagem dos couros gregos.
Por outro lado, Hermes Psicopompo, irmão gémeo de Apolo, era, enquanto o lado obscuro do dia, uma variantes crescida de Dionísio e talvez seja a razão pela qual Pushan, a variante etimológica hindu de Paião, era também um psicopompo.
De facto, Telebino, filho de Tellus faz pensar que pela transformação Tele ó Lete, seria Apolo. Faz também suspeitar que seria Orco, o senhor dos infernos como foi o “deus menino” Pluto ou Plutão.
Te-| Lebino < Urbino < Urcino | > Orco
«Fruto» < Lat. fructo < Phlu-kito > Pluto
< Kur-kito > Carphote > Karpô> «Carpo».
Karpô (ou Carpo) era uma das Horai (estação) ou Karis (graça) deusa das frutas da terra. Ela foi adorada em Atenas ao lado das deusas Auxo (Crescimento) e Hegemone (Líder).
Ver: PSICOPOMPOS (***)
Figura 5: Painal, deus mensageiro dos astecas. Na mitologia asteca, Paynal era o mensageiro de Huitzilopochtli que era o filho de Coatlicue e um deus de guerra e o sol. Uma destas variantes arcaicas viária a ser o deus asteca Painal, o deus mensageiro como Hermes e como o anjo judaico-cristão Gabriel. Se fica assim a suspeita de que a cultura asteca teve uma forte influência fenícia mais suspeito parece ser ter sido a cultura cretense pré micénica do mesmo estrato cultural. Assim o deus asteca Pain-al teria sido afinal Paião tal como veio a ser o anjo Fani-el, considerado o chefe dos Ophanim, seu nome significa a face de Deus. |
Os Ofanes seriam os filhos da cobra Ophi ou Piton, uma entidade tutelar de Creta na forma de deusa mãe das cobras cretenses. A face visível de deus seria o sol primordial que afinal o deus Paião seria, uma das razão pela qual veio a ser Apolo. O asteca Painal além de revelar a confusão de papeis de Fanuel com Gabriel manifesta a relação fácil de suspeitar entre o facto de a face visível de Deus ser o sol e o por isto ser este o seu principal mensageiro como o são também todas as formas particulares da luz enquanto teofanias, como o relâmpago, o raio, a aurora boreal e o arco íris.
Apolo Phanaios = O que vai aparecendo; de Phanium, Khios onde Latona viu primeiro Delos.
O monte de Sião da aurora primordial faria deste deus menino o filho da deusa mãe, deus da luz protágona, Fô, Fanes, Fotão, Faetonte, Fósforo, Fauno, Pan, Paião…que era também o pássaro Benu dos egípcios.
Paynal < Phajna-el < Pa(ja)an > Payan.
Huitzilopochtli < Huitzil-(opoch-tel) < Kuitzir <= Ishkur?
Osíris < Hausir < Hushir > Etrusc. Usil ó Suli(s) > Sol.
Opoch-tel < Apak(te)lu < Apkallu.
Como um outro nome para Pan é Hylaeos foi seguramente um deus da luz cujo epíteto Hylaeos o aproximava dum deus solar como Hélio.
Hylaeos < Phurakius < Kur + *Kius .
Pan < Phan => Payan.
Ora ainda, este deus Pay-an teria sido foneticamente Pallyas, também um deus da caça e por isso parédro, ou seja, o esposo de Pallas Atena, a deusa macha como Artemisa que fazia parédro com Apolo.
Apollo < Apaullao < (Apa)
<= Paja wo < Apphallu Kiu < Ap Kal lu > Phallo real.
Irkalla < Kar Kal la > Rainha Phalla => Pallas Atena, rainha do céu.
Mas, é bem provável que a variante foneticamente próxima de Apolo já existisse entre os micénicos na forma sintética do nome Pe-Re-
Pe-Re- (= *82 Peleia?), E porque não < *Phere < Pele? > Apleu?
> Etrus. Aplu > Apolo)?
Ver: KOUROS (***) & DIONÍSIO (***)
Noutros capítulos se verá que existe correlação semântica suficiente entre Osíris e os mistérios órficos e, por isso mesmo, dos deuses mortos do sol-posto com o deus da luz solar que foi Apolo!
Eriphullios, epíteto de Apollo & Hermes, Hsch. <= Eriphullos, on, com muitas ou longas folhas, como os gladíolos ou como a caruma eriçada dos pinheiros?
No epíteto Eriphullios <= Eri-phullos, descobre-se a natureza essencialmente compósita e tardia destes nomes e uma parte da razão de ser do nome de Apolo!
Phullas, ados, hê, como Adj., ramalhudo. Phallos, ho, membrum virile, falo, ou um representação deste, levado em procissão no culto de Dionísio como um emblema do poder gerador da natureza. --[6]
Apolo < Apollon < Haphaullo(-an) < Kephal-lu => Cefalos.
Ver: EOS (***)
Insisto nesta análise porque me parece que se está perante uma situação típica em que o sentido se perde com o uso e se degrada com o abuso!
Kullos, ê, on, club-footed and bandy-legged; generally, deformed, contracted, (…) crippled in the arm, (…) put into a crooked hand. kullo-podiôn [i_], onos, ho, (pous) club-footed, halting, epith. of Hephaistos.
«Cavalo» <= Ke-phal-lu < Ke | Grec. Phallos < *Kar-lu < Sumer. Kur lu >
Grec. kullos. > Pallas > Grec. Pallax > palantes >
Lat. Parentes > «parentes»!
Figura 6: Kephalos foi raptado por Eos em virtude da sua beleza o que prova que a pedofilia clássica não era exclusiva dos deuses masculinos. Por outro lado este mito parece uma variante de género simétrico do de Zéfiro!
Na mitologia grega, existem vários personagens com o nome Céfalo. Céfalo, filho de Deioneu era o marido de Prócris por quem a deusa Eos se apaixonou.
Céfalo era um belo jovem que, amando os exercícios, se levantava todos os dias antes do amanhecer para caçar. Numa destas ocasiões, Eos viu-o e apaixonou-se, raptando-o. Céfalo, no entanto, amava profundamente Prócris, filha de Erecteu, com quem se havia recentemente casado, e resistiu aos encantos de Eos. Esta, irritada, despediu o mortal dizendo-o ingrato e que instigando-o a voltar para a esposa, que um dia lhe traria grandes lamentos. Céfalo voltou a sua esposa e retomou sua felicidade assim como suas actividades no bosque.
No final de suas caçadas diárias, Céfalo se encontrava muito cansado. Assim, adorava a brisa que refrescava seu corpo nos momentos de descanso. Adorava tanto que clamava por ela. Alguém ouviu suas clamações e contou o fato a Pócris que, no dia seguinte, escondeu-se na mata para verificar se o fato era verídico ou não. Então, eis que Pócris ouviu seu amado clamando pela brisa. Pócris pensou que a "brisa" era o nome de uma amante e se entristeceu.
Até este ponto o mio é plausível mas é na parte nuclear do conto que se esconde a possibilidade da fraude. Quem teria segredado intrigas aos ouvidos de Pócris teria sido Eos, uma versão ninfomaníaca de Afrodite e por isso versão dos amores trágicos não correspondidos de Istar / Anat. A brisa nesta história deve ser um mero acidente retórico dos mitos dos ventos suaves que precedem a aurora! Na verdade, Céfalo teria o costume de se levantar cedo para caçar porque teria encontros mais ou menos regulares com alguma companhia de caça de que não podemos conseguir saber mais mas este mito parece cruzar-se de forma perigosa com o de Jacinto e Zéfiro, o vento favónio que precede a aurora.
Céfalo nesse instante percebeu que havia alguém ou algo perto de si no momento e, achando que poderia ser uma caça, atirou seu dardo contra Pócris. Vendo que atingira sua amada, Céfalo implorou que ela vivesse, porém em vão.
Céfalo também ajudou Anfitrião em sua guerra contra Ptérela, rei de Tafos. Com a vitória, ele recebe a ilha de Samos.
Posteriormente, Céfalo se casa com uma filha de Mínias. Desta união nasce Arcésio, avô de Odisseu.
Ver: OSÍRIS (***) & HELIOS SKOTAIOS, O SOL OCULTO, APOLO SKOTEINOS (***)
Sendo assim, é possível postular que Céfalo tivesse nesta história o papel de Apolo que teria o costume de se encontrar com o jovem Jacinto a jogar o disco. O mito florar conhecido corre como se sabe até a morte do jovem e sua transformação numa flor.
Na mitologia grega, Jacinto era um jovem mortal muito amado pelas divindades, principalmente por Apolo que o seguia aonde quer que ele fosse. Certa vez em que ambos se divertiam com um jogo, Apolo lançou o disco com tal habilidade para o céu que Jacinto, olhando admirado, correu para o apanhar, ansioso por fazer a sua jogada. Zéfiro (o vento oeste) também amava o jovem e, enciumado pela preferência por Apolo, mudou a direcção do disco para que este o atingisse. Ao bater na testa de Jacinto, o disco fez com o jovem caísse morto naquele instante. Apolo correu em desespero até ele e com toda sua habilidade médica tentou reavivar o corpo de Jacinto, mas a sua cura estava além de qualquer habilidade.
No entanto, quer fosse Eos quer fora Zéfiro a contar o caso à esposa do caçador a verdade é que histórias trágicas deste tipo de enganos e desenganos ainda hoje acontecem e nunca deixarão de acontecer enquanto os homens forem enlouquecidos pelas setas traiçoeiras do Amor.
[1] Hesíodo e Evelyn-White, Hugh G.. Hesiod the Homeric Hymns and Homerica.
[2] In Greek mythology, Paeon was a son of Poseidon by Helle, who fell into the Hellespont. In some legends he was called Edonus. He was the brother of the giant Almops.
[3] The "sanctuaries" identified in Linear B are based on a concentration of cult personnel at a particular location (e.g. at PA-KI-JA-NE) or on an adjectival formation of the god's name (e.g. Posidaion).
[4] Que Apolo tenha sido Pajoco por terras de falares durienses não repugna pois deste termo pode ter surgido o termo do «fachoco» de palha com que se fariam as fogueiras em sua honra.
[5]«Pijeon», pombo em francês a ave totémica de Enki e do Espirito Santo que transportou no bico o ramo de oliveira que anunciou o fim do dilúvio?
[6] Liddell-Scott-Jones Lexicon of Classical Greek.
Boa noite .
ResponderEliminarPoderia entao estes deus Paiao ter dado origem ao rei demonio Paimon da goetia? Porque a grafia de Paimon lembra: Painal, palaemon, palemon entre outros. Qual seria a origem de Paimon entao? Sabe que na descricao de Paimon ele e muito fiel a Lucifer e segundo que sei Lucifer é Apolo. Qual sua opiniao sobre isso?