segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

«CARAVELA», A BARCA SOLAR, por artur felisberto.

 

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Figura 1: Khepri, na barca do sol, com Cherti, o deus barqueiro vestido de branco, seguido de Amon-ra (?), Kheper, Toth e a deusa da aurora, Isis.

Citação 1: In Egypt, the primary symbolism associated with scarab was solar. The first scarab worshiped, was probably the bright metallic Kheper aegyptiorum. The decisive symbolism came from the association of the dung ball to the sun: the scarab rolling his dung ball provided an explanation of the sun's movement in the sky. However, this solution was neither "logical" (where is the scarab in the sky?) nor exclusive: Egyptian culture embraced their old and new beliefs with an equal and non conflicting faith. (...) Some indications suggest that Egyptian scholars, i.e. priests, got the idea to examine what happened to the beetle's dung ball when it was buried beneath the ground. They probably made the entomological observation of metamorphoses; predating those of the French entomologist Jean-Henri Fabre by about 5000 years. However, the conclusions of Egyptian priests were rather different from Fabre's. They appear to have concluded that the scarab ball was something like the beetle's egg. Making their eggs from dung, scarabs did not need females; therefore, they were all males. By the way, let us remark here that the Egyptians also believed that vultures were all females (below). The Egyptian understanding was that old male scarabs buried their balls/eggs into the ground. In the ball, the beetle experienced vital changes, passed through various worm-like stages (the larvae), became a motionless, dead-like corpse (the pupa), and ultimately was born anew from the ball. Egyptian priests thought that what happened to the sun in the ground was not essentially different from scarab metamorphoses. At the end of the day, the sun enters into the ground as does the scarab and his ball (let us observe here again that the sun alone can be represented by the scarab and/or his ball; a vision rather hard for contemporary cultures to believe). The sun travels underground from west to east, undergoing a mysterious metamorphoses, or khepru, resulting in regeneration. (...)

O sol da aurora era Kephri.

Ra: The sun was the primary element of life in ancient Egypt, we find this importance reflected in the art and religion.

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Some of the most popular gods had a solar connection. The sun was first worshipped as Horus, then as Ra and later as Amun-Ra There are many other representations of the sun, including Khepri, the great scarab who symbolizes morning and the ram-headed god Khnum representing evening.

O sol da aurora era Khepri

O sol do meio-dia, Re < Hórus nas sua variantes leoninas Hor Behdety.

O sol da tarde era Atum > Aten

O sol da noite era Khnum ou Osiris?

É evidente que o estranho comportamento nupcial dos escaravelhos que transportam bolas excremento para as fêmeas porem os ovos teria que ter sido suficientemente misterioso para ter acabado por servir como metáfora de mestre escola nos esquemas místicos dos cultos de morte e ressurreição da mitologia astrológica do renascer da aurora e da morte do sol-posto.

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Figura 2 e Figura 3: «Caravela» = «barca do sol» imagem analógica do paradigma teórico para a questão cosmológico do transporte do sol na abóbada celeste que irá ser substituído na mitologia clássica pelo «quadriga do carro de Apolo»!

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Figura 4: As diversas fases do percurso da barca solar nas 24 horas do dia!

The next morning, the sun rises from the ground rejuvenated, as the scarab god Khepri. Now, Egyptian scholars or priests further developed their beliefs. If the humble scarab and the glorious sun can be reborn from the ground, after suffering death and undergoing mysterious transformations, why should not this be possible for human beings? Even though men are not as glorious as the sun, they are not as humble as the scarab. The recipe for rebirth, or resurrection, was then to imitate as closely as possible what happened to the scarab while it entered the ground (for it is more difficult to observe what happens to the sun). Most crucial was the last stage (the pupa) which inspired the invention of the complicated process of mummification. In all probability, the mummy is nothing other that the imitation of scarab pupa; A temporary condition intended to protect the dead body, and the transformations (the khepru) it must endure before its resurrection. -- by Yves Cambefort, Paris, France.

O estranho desta barca deve resultar de ela ser mais «trenó» do que barca o que deixa no ar a suspeita de o trenó ter sido uma invenção muito mais arcaica relacionada com os cultos xamânicos pré agrícolas iniciados nas zonas circumpolares em torno da caça à rena onde a fome e o frio teriam feito do engenho gregário e do respeito pelo fogo uma condição primordial de sobrevivência.

Neste contexto de adoração do «fogo sagrado», a domesticação do cão a partir do lobo, animal que manifesta também um particular fascínio hipnótico pelo fogo e pela lua, deve ter surgido como uma das primeiras manifestações de simbiose social, com o trenó pelo meio, e a que a rena viria juntar-se mais tarde.

A fogueira de Natal e o Pai Natal viriam mais tarde ajudar à festados solestício de inverno.

 

Ver: FOGO (***)

 

«Trenó»< Fr. traîneau, carro de arrasto

< taryanu, lit. “o carro de bois” do céu ou das renas de S. Nicolau

< Nicolaos = νίκη λαϊκή = "Victoria popular" ó *Ni-kola-lu

Estudiosos afirmam que a figura do bom velhinho foi inspirada num bispo chamado Nicolau, que nasceu na Turquia em 280 d.C. (…) Outra história muito famosa narra o terror de um pai que se vê forçado a “aceitar”, cheio de remorsos, a prostituição das suas três filhas, pois era velho demais para trabalhar, e não havia ninguém para sustentar a família. São Nicolau, depois de ter ouvido, horrorizado, esta história, decide, às escondidas e pela calada da noite, atirar da janela da casa vizinha um saco cheio de ouro ao pé da lareira onde estavam estas quatro tristes almas.

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Figura 5: São Nicolau acompanhado por Krampus, cartão postal de 1901.

(…) A associação da imagem de São Nicolau ao Natal aconteceu na Alemanha e espalhou-se pelo mundo em pouco tempo.

(…) Em 1886, o cartunista alemão Thomas Nast criou uma nova imagem para o bom velhinho. A roupa nas cores vermelha e branca, com cinto preto, criada por Nast foi apresentada na revista Harper’s Weeklys neste mesmo ano.

De acordo com as lendas, Krampus começa as festividades do Natal na noite do dia 5 de dezembro. Ele é um companheiro de São Nicolau, ou como dizemos por aqui, de Papai Noel.

Ele é o contraponto ao Papai Noel, e ao invés de dar presentes às criancinhas das aldeias, Krampus invade as casas das pessoas e retira delas as crianças que foram más, que mentiram, que fizeram pirraça… E ele as leva Nada de presentes para crianças más…Já no século IV da nossa era, o Papa Gregório, havia aconselhado Santo Agostinho a permitir que esse personagem pagão fosse incorporado às festividades desde que fosse rebatizado. Krampus é o novo nome dessa entidade: Percht ou Perchta. (…)

Perchta era uma deusa pagã da região alpina, que aparece em duas formas: ou sedutora belíssima, branca como a neve, ou como um demónio em trapos. A ela cabia a vigilância dos animais no início do inverno e a visita às casas para se certificar de que a fiação da lã estava sendo feita correctamente.

Krampus < Kaur-enphus < Kur-Enki, o Senhor do Kur.

Kur-Enki, o Senhor do Kur era o rei dos infernos sumérios e o mais popular dos deuses por ser a que mais se condoía com as desgraças dos humanos durante o dilúvio. Era também um deus da passagem do sol pelo submundo e por isso uma espécie de Coronte.

Percht ou Perchta era seguramente uma variante de Afrodite que no caso apresenta quase explicitamente o seu papel *Pher-Ka-Te, a deusa (Te) que transporta (pher) a vida (ka)!

Percht < Perchta < Pher-Che-Ta < *Pher-Ka-Te > Ka-Pher-Tete > Afrodite.

O nome de S. Nicolau parece ser uma adaptação ortodoxa de um nome que não seria inteiramente afeiçoável ao grego por ser lício, a terra dos discos solares de três pernas. De facto, a razão pela qual este santo aparece ligado a um culto natalício que sempre foi muito enraizado na cultura popular só pode derivar do seu nome e não da sua história que só de passagem circunstancia terá sido particularmente relacionada com os presentes de Natal. Na verdade é mesmo preciso forçar um pouco a mitologia cristã para se estabelecer a relação com a mitologia moderna de Santa Claus que terá aparecido por volta do século VIII, desde logo porque não tendo havido nenhum papa Gregório contemporâneo de Santo Agostinho só pode ter sido o Papa São Gregório II responsável pela intensa obra de evangelização das populações germânicas que quando combateu os iconoclastas (727-731) acabou por ter as tradições neo pagãs do seu lado.

O “bom velhinho” só pode ser de facto Crono / Saturno / Caronte.

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Figura 6: Pégaso e o trisquel lício numa moeda de dinastia incerta.

A associação de Pégaso com o trisquel lício faz deste mítico cavalo alado um animal de transporte solar que esteve associado ao herói mítico da Lícia Belerofonte.

Assim, seria *Ni-kola-lu o nome original de S. Nicolau que nos reportaria para os cultos solares lícios do trisquel, anterior ao dos carros solares da vitória de Nike e ainda próximos dos trenós nórdicos.

*Ni-kola-lu < Ni-| Kauralu > Karalu > «Caralho»|.

                                          | < Kawre-lu < Ka-pher-lu > «Cavalo».

                                                               > Ka-| Bel-elu > Belero + Font

> «Belero-fonte» = cavaleiro assassino ou Pan, o cavaleiro do sol?

Belerofonte seria uma das origens do mito de S. Nicolau que terá continuado até ao do S. Jorge e o Dragão. No entanto não terá sido tanto com o mito de Belerofonte que *Ni-kola-lu terá relação mas com Pégaso de que seria quiçá o nome ou variante genérica de que derivou o nome do próprio «cavalo» e o calão que os portugueses do norte mais têm debaixo da língua, ambos com óbvias relações com o sol e o transporte do disco solar.

 

Ver. BELEROFONTE (***)

 

O Trenó de renas de S. Nicolau será assim a forma anterior ao carro de cavalos solar aspecto megalítico que os egípcios ainda manteriam nas suas cerimónias fúnebres faraónicas.

 

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Figura 7: Outro féretro real de um trenó puxado por vacas.

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Figura 8: A barca de Socar, ou Henu, era a variante matutina da barca Mesektet em que o sol percorria o céu durante a tarde.

Na verdade, Socar só pode corresponder ao deus canaanita da aurora Sacar, seguramente relacionado com a cabra maltês desde os primórdios da mitologia como Lúcifer, precisamente por este animar andar sempre empoleirado nos penhascos, como que à procura da aurora. Assim, mais do que uma gazela o animal da popa deste estranho navio pode ser uma evolução caprina que os egípcios rejeitavam como impura. De qualquer modo a tendência sincrética dos sacerdotes Egípcios acabaram por fundir Socar na tríade dos deuses primordiais dos cultos de morte solar, Ptah-Socar-Ósirs.

Here is the possibility, however, that in OT times that the names "Hebrew," "Habiru," "Khapiru," "Apiru," and "pr" were forms of the same word (equivalent to the Akkadian SA.GAZ), a designation without nation significance. (...)

Etymologically, it has been debated whether "Hebrew" is to be traced to Eber, the father of Peleg and Joktan (Gen. 10:24-25, 11:12-16) or is derived from the Hebrew root "to pass over" and has reference to "a land on the other side," as the dweller east of the Euphrates might think of Canaan. Habiru as to Hebrew, the Hebrew are "those who crossed over" in the sense of trespassing, i.e., "trespassers."[1]

Eber < Eberu < Hebrew < Habiru < Khapiru

< *Kaphiru, lit. «o (que segue o gado) que transporta as almas»

 Apiru > p(e)r.

Um deus Egípcio que comprova a tese de que o étimo -fer do «movimento» derivou do cruzamento mítica da ideia da deambulação astrológica do sol com uma interpretação deformada dos instintos nupciais de escaravelho podemos vê-la reforçada na análise etimológica do nome de outros deuses Egípcios tais como Hapi = Hapy, dois nomes que além de homófonos parecem homónimos.

Hapi < Kaphi® < Kaphir < Khepri.

 

Ver: HAPI = HAPY (***) & SOCAR (***)

 

Será por mero acaso que o «escaravelho» (< Lat. scarabeu ou scarabaeu) mantém no nome as ressonâncias étmicas do deus escaravelho dos Egipcios? De facto, o «escaravelho» tem conotações tanto com o deus Sírio Sacar como com Khepri.

Khepri > Kawri < Karaw > *Skarab- ó Sacar.

No entanto, a própria etimologia de «escaravelho» < scarabeu é questionável. Aceitando que o núcleo arcaico destes nomes vem de Karau < Kaur, também do mesmo virá o nome do «lacrau» • (Ár. Ala krab), s. m. «escorpião».

Sendo assim:

«Escaravelho» < Scarab hellium, literalmente “o *Skarab- de Hélio, o sol”

< Sacar + | awi, «o que voa no céu» < Apis, “o boi sagrado do sol” | + hellium, o sol em grego < Kaphur-Abilio, a abella negra de Sacar, o sol nocturno dos infernos

< Ishkur Apkallu, *Curisco da sabedoria, “o homem que transporta o fogo do deus pai”!

Esta investigação étmica revela-nos de modo espantoso a relação solar desta palavra.

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Figura 9: Barco «rabelo» na «ribeira» do Porto.

Figura 10: «caravela»

«Rabelo» (ó «rabo») < Ra-Weros < Haur-Pher < Kaufer.

Do mesmo modo e por analogia se pode entender porque é que é na terra do nome «escaravelho» se mantém o nome fálico (e solar) do «caralho» < cara(u) (he)liu[2] e da «caravela» enquanto descendente da «barca solar». Morfologicamente a caravela era pouco mais do que uma Falua egípcia.

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Figura 11: Faluas egípcias em Assuão

Una faluca o falúa es un barco de vela pequeño (por lo general, pueden llevar una docena de pasajeros, más un par de personas como tripulación), que puede tener una o dos velas casi triangulares,1 y uno o dos mástiles ligeramente inclinados hacia la proa.
La palabra faluca procede del árabe:
فلوکه faluka, pequeño barco.

«Falua» < Esp. Falusa < Faluka ó Felash < Pher-u-Ki.

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Figura 12: Falua do Tejo de uma vela

Figura 13: Falua do Tejo de duas velas

Figura 14: Fragata do Seixal.

Que linda falua,
que lá vem, lá vem,
é uma falua,
que vem de Belém.
Eu peço ao Senhor Barqueiro
que me deixe passar,
tenho filhos pequeninos
não os posso sustentar.
Passará, não passará,
algum deles ficará,
se não for a mãe à frente,
é o filho lá de trás.

A etimologia da «caravela» é suficientemente flutuante para que não possa ser reavaliada. Na realidade deve tratar-se de uma afeiçoamento de termo arcaico *Karaphera a um significante que ressoasse como “velas de caras à feição de bons ventos”! O termo arcaico seria próximo do grego antigo «Cafiria», nome de uma epopeia grega perdida semelhante à Ilíada de Homero que significaria “expedição naval”.

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Figura 15: caravela portuguesa idealizada.

«Caravela» = O vocábulo parece ter origem em cáravo ou cárabo, aportuguesamento do grego κάραβος, um barco ligeiro usado no mediterrâneo. Segundo alguns historiadores, o vocábulo é de origem árabe carib (embarcação de porte médio e de velas triangulares — velame latino). Há historiadores que defendem que a origem da palavra seria carvalho, a madeira usada para construir as embarcações.

A sua primeira utilização documentada na língua portuguesa data de 1255 e última referência em documentos impressos data de 1766, o que leva a pensar que o termo terá sido aplicado a várias embarcações ao longo do tempo. (ou evoluído estruturalmente de acordo com as necessidades do tráfego marítimo).

«Caravela» < Kara-bera < Kara-bola

< *Karaphera, «a que transporta Kar, o sol»

ó *Karaw-heliu => Karabos ó Kafíria.

De resto, já o próprio nome da «barca» < Lat. barca, por *barica < War-ica, lit. «a imagem de «War» < Wer, o deus da guerra e dos infernos e do transporte do sol < *Ki-kurka, lit. Kiphur-ka, a cobra de transporte do «alma» do sol > kiki-Kur > Ishkur.

 



[1] From The Alpha and the Omega - Volume I, Chapter Four, with Volume III updates,by Jim A. Cornwell, Copyright © 1995, all rights reserved, "Scorpion – at 3200 B.C. and Sargon the Great and Ka-Ap in Egypt".

[2] => Karabel, perto de Esmirna onde se encontram os baixos relevos reais, de influência hitita.

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