Cuenta Estrabón la anécdota que unos guerreros vettones al ver a unos soldados romanos pasear delante del campamento pensaron que eran locos pues creían que el hombre cuando no se halla en pelea está sin hacer nada, descansando. -- Estrabón, Geografica. III, Ibéria
Figura 1: Fonte Monumental "O Lamego". Foi inicialmente erguida em 1830, no antigo Campo do Tablado (actual Jardim da República) mas devido às obras de alargamento deste jardim, foi apeada em 1923 e erguida no actual local em 1924.
Não será de todo em todo por diletante etimologia que se referirá de seguida a profunda impressão que sempre causou ao autor deste estudo o culto fervoroso que o povo do Alto Douro sempre conferiu à Senhora dos Remédios venerada na mais bela cidade lusitana que é Lamego. Desde logo porque a origem do nome Lamego aparece como controversa e suspeita de várias mistificações ulteriores.
"A origem de Lamego perde-se na longevidade da História de Portugal... A formação do topónimo Lamego desde sempre foi alvo de muitas teorias. Segundo alguns autores, o topónimo terá sido construído a partir do radical ligure lam-, ao qual um gentílico terá juntado o sufixo -aecus, resultando Lamaecus, tendo sido o primeiro possessor de um fundo agrário;
Aceitando que:
Lama + Kiku = terreno de lama = lameiro => Lam-eco > Lamego.
Lameiro foi a pequena lezíria de «Fafel» nas margens do Balsemão que fazia a riqueza agrícola da cidade antes da “doença de civilização” do camartelo.
Fáfel, rua e bairro da freguesia de Almacave da cidade de Lamego. Era também o nome de um pequeno curso de água que desagua no rio Balsemão, hoje chamado Ribeira de Coura. Trata-se de um topónimo que tem como base o nome pessoal árabe Jalaf. Em 1258 era Faafel.
Para saber ao certo a etimologia de Fafel seria primeiro necessário saber a de Fafe o que não é fácil. No entanto, parece que os étimos Fá e Fan foram frequentes Entre-Douro-e-Minho e, dada a quase segura origem minóica destas paragens Lígures, deverá isto significar o que os gregos reportam como réstia de luz ou de vida! Fafel seria assim aquele que transporta a vida, que a água era para a agricultura emergente.
Fafel < Fafe-El ou phapher < Ka-Ker ó Sakar???
A primitiva ocupação humana do sítio de Lamego remonta a um castro pré-histórico, embora alguns autores considerem que aqui teria habitado o povo de Lacão (c. século V a.C.), conquistado pelos romanos. Quando da Invasão romana da Península Ibérica, o imperador Trajano teria ordenado a reconstrução do povoado, então denominado de Lameca, passando de simples villa a civitas por volta do século IV, período em que já conheceria o cristianismo.
Porque terá mudado a cidade de género vá lá a gente sabê-lo?!
Obviamente que os laconomurgi não eram lamecenses como adiante se verá e é pouco provável que a citânia de Lamego alguma vez tenha sido «lamega» pois se o tivera sido em tempos não muito distantes nunca mais teria deixado de o ser porque os lusitanos nestas questões de mudança de género foram sempre mui conservadores.
Significa isto que os bispos oitocentistas que quiseram esta cidade fazer na mata dos remédios um centro de cultura mariana em sobreposição à romaria alia já existente tê-lo-ão feito à revelia da tradição surda e arcaica, porque subterrânea, duma cidade dedicada não à Virgem Mãe mas ao seu divino filho, o “deus menino”, que entre os gregos teve, por sinal, o epíteto de Limnaios (o deus dos lameiros).
Que o nome da cidade de Lamego pode ter esta derivação de semântica agrícola demonstra-o o termo comum «lamego» que rima com «labrego»
«Lamego» = arado de varredoiro = labrego < or. contrv; do top. Lamego, posv.
Porém, interessa-nos mais a possibilidade de o mesmo nome ter tido outra conotação anterior.
«Lamecha» = • adj. e s. m. (fam.) bajoujo; • apaixonado; • namorador ridículo.
No entanto, é óbvio que os lamechas recebem o nome das lamúrias e estas de antigos cultos romanos aos deuses Lem-ures, nome que os romanos davam aos fantasmas dos mortos que vagueavam em torno dos Lar-es e ao lado das Lar-vas.
Assim, Lamego teria sido o que sempre foi uma cidade de labregos minóicos, como todos os minhotos e durienses arcaicos, que terão introduzido a agricultura da vinha e o culto de Dionísio Limnaios pelo vale do Douro adentro.
«Pântano» < Cast. pantanu (< b. Lat. *pan-tanu?) = «paul» < Lat. palude • > palustre = «lamaceiro» = «lameiro» = «lamaço» = “terra alagadiça que produz muito pasto, feno e «linho» < Lat. linu < *limnu ó Grec. limnaios” < Limianos, quase literalmente relativo rio Lima mas apenas a variante minóica do culto das «lesmas», «larvas» e «lémures» divindades lacustres tutelares do rio Lima e filhas do casal de cobras de água divino e primordial Lahmu & Lahamu:
"Quando no alto não se nomeava o céu,
e em baixo a terra não tinha nome,
do oceano primordial (Apsu), seu pai;
e da tumultuosa Tiamat, a mãe de todos,
as águas se fundiam numa,
e os campos não estavam unidos uns com os outros,
nem se viam os canaviais;
quando nenhum dos deuses tinha aparecido,
nem eram chamados pelo seu nome,
nem tinham qualquer destino fixo,
foram criados os deuses no seio das águas;
Lahmu & Lahamu foram trazidos à luz e chamados pelo nome”--- ENUMA ELISH A Epopeia Babilónica Da Criação Do Mundo, Ee I 10.
O nome de Lahamu significa “barrento”, “lamacento” ou…«lamego» e também o seu nome também foi escrito em acádico como Lachamu, Lakhamu, Lamamu, e Lachos.
Figura 2: O Balsemão é um rio português que nasce na Serra de Montemuro no lugar de Rossão. No seu percurso passa por Lamego indo desaguar logo a seguir na margem esquerda do Varosa. O Balsemão abastece de água a cidade de Lamego, e as principais freguesias deste município. (foto de Fernando Pereiras).
Bom…e estes deuses criados do barro lamacento deram nome a Lamego, seguramente por causa dos lameiros do vale do rio Fafel ou do rio de estranho nome Balsemão. Durante séculos, este rio foi um importante suporte da economia nesta região em que a agricultura, a agropecuária e a transformação de cereais foram, desde sempre, as principais formas de subsistência. E a prova da sua importância não vem só dos moinhos de água abandonados desde meados do século 20 mas da capela de S. Pedro de Balsemão.
O templo de S. Pedro de Balsemão é o mais antigo de todos os monumentos de Lamego e, de acordo com alguns historiadores, o segundo da Península Ibérica. A sua origem suévico-visigótica remonta ao séc. VII, ao tempo de Sisebuto (rei visigótico que chegou a cunhar moeda em Lamego).
Este templo, com três naves, seria possivelmente a primitiva basílica do bispado de Lamego que só teria começado a ser importante por esta altura, por efeito do poder administrativo que a diocese traria à cidade.
Em 570 era sede de diocese, com Sardinário como bispo. A diocese de Lamego, que era por essa altura sufragânea de Braga, passou então a reconhecer Mérida como metrópole.
O nome e dignidade de Sardonário consta no concilio III de Toledo do ano de 589 e subscreveu com o título de bispo da Igreja lamecense que outros códices escrevem lamicense no número 35 precedendo ainda 27 bispos. No concilio IV de Toledo do ano de 633 temos o bispo de Profuturo a quem sucedeu Vvitárico ou Vvitírico o qual esteve no concilio VII de Toledo em 646. Sucedeu-lhe Filimiro que foi bispo ainda no concílio VIII até ao Concílio X de Toledo. No ano 666 Teodicelo era bispo de Lamico. Gundolfo foi bispo de Lamego no concílio XIII de Toledo no ano 681 sucedendo-lhe Fiôncio no concílio XV de Toledo do ano 688 de que nada sabemos depois de 693.
Como é pouco provável que as coisas verdadeiramente importantes na vida das comunidades não tenham sido o que ainda hoje parecem ser tudo levaria a supor que a cidade romana seria algures por aqui e deveria o seu nome aos “lameiros” que da então basílica de S. Pedro de Balsemão ainda ali se avistam.
Possivelmente estes mesmos lameiros, ainda hoje de aspecto ajardinado, seriam na altura usados para o cultivo de ervas medicinais e daí o nome deste lugar que seria um jardim judaico-cristão de *balsemanum que a elevação a diocese na época visigótica acabaria por dar fama de “cidade dos remédios”.
«Balsemão» < *balsamenu(m) < Lat. balsamu
< Gr. bálsamon, m. s.), s. m. substância aromática de certos vegetais; < Heb. baal sa-mum, “óleo do senhor”.
No entanto, o padroeiro do bispado seria S. Pedro de que ainda hoje a capela de Balsemão retira o nome. Mas obviamente que não houve deus ou santo masculino que não tivesse sido filho de sua mãe, pleonasticamente a sempre Virgem Mãe.
Sem estarmos propriamente no domínio de Afrodite, a deusa do amor, a verdade é que o domínio de Artemisa poderia ter por estas paragens alguma correlação com as artes da sua divina irmã. Que esta cidade era uma terra da Deusa Mãe Artemisa (< Artem-Isia) demonstra-o a N. Sª dos Remédios, com o Deus menino ao colo. Então, se Lamego era uma cidade de Artemisa é legítimo pressupor que seria cidade das Lamas e dos remédios.
«Lamego» < Ramashu < Ar me kia < Ar ki mia => Artemisia.
ó | Kerme < Herme < La-ma | - Teia > Re-Me-theia
> Lat. remediu < «remédio».
Laima. Um trio lituano de deusas do parto, boa fortuna e do destino.
Laume. Lituânia / Prússia. Esta entidade é normalmente nua, gosta de ajudar as pessoas & protege os órfãos e era um pouco endiabrada. Lakanica - espírito de Prado [pol]
Lakshmi / Laksmi - [hindu] divindade da sorte, fortuna, bellezza e della fertilidade.
Laksmana. Hindu / Puranic / Épico. Um deus, o irmão mais jovem de Rama.
La-maria Svan. Cáucaso. Uma deusa tutelar, suspeitando que o seu tenha sido christianizado.
Lem-pi - Spirito dell'amore passionale [ie]
Lem-po - Altro nome di Hiisi [ie]
Lem-po. Finlandês. Um deus de amor frenético.
A má fama destas divindades começou quando os latinos trouxeram estas deidades dos cultos dos mortos da Anatólia e as colocaram em confronto com a mitologia funerária etrusca que começava a transformar os monstros arcaicos da deusa mãe em serpentes monstruosas e demónios horrendos.
De facto a deusa hitita Lama, tutelar de cidades e animais já era uma derivação das deusas mesopotâmicas Lamashtu, Lamassu, Lamasthu, etc. que ora eram boas ora maléficas, como parece acontecido quase sempre nos ritos arcaicos da terrível Deusa Mãe. Por isso, este nome recorda os Lémures romanos (espíritos de antepassado), e Laima, (a deusa báltico do destino).
Assim os lémures e as larvas aparecem como entidades ctónicas aterradoras que outrora eram pacíficas como as ninfas, tríades, ondinas, sereias, elfos e delfins mas que em contactos com as larvas e lesmas dos locais sombrios e próximos de cemitérios começaram a causar medo e alarme público.
En la mitología griega, Lamia era una reina de Libia a la que Zeus amó, hija de Poseidón, o Belo, y Libia. Hera la transformó en un monstruo y mató a sus hijos (o, en otras versiones, mató a sus hijos y fue la pena lo que la transformó en monstruo). Lamia fue condenada a no poder cerrar sus ojos de tal forma que siempre estuviera obsesionada con la imagen de sus hijos muertos. Zeus le otorgó el don de poder extraerse los ojos para así descansar, y volver a ponérselos luego.
Lamia sentía envidia de las otras madres y devoraba a sus hijos. Tenía el cuerpo de una serpiente y los pechos y la cabeza de una mujer. Solía ser femenina, pero ocasionalmente se la consideraba masculina o hermafrodita. Su nombre es complicado en su etimología, se relaciona con lámyros, glotón, y laimos, gaznate, gañote. En su Diccionario, Lempriere opina que Lamia es el modelo para los lamiae — pequeños monstruos africanos cuyos siseos son agradables pero que mataban a los niños — y que éstos son actualmente llamados lémures. En los cuentos e historias populares búlgaras, la lamia es una misteriosa criatura con varias cabezas, que puede hacer crecer una y otra vez si se le cortan. — Wikipedia
Lahmu, Lahamu: < Ra-kimu < Urkima < *Kar-kima > Artemisa.
Almacave < Ar ma kawi < Kar me Kaki => Artemisa.
Figura 3: Lamma, Excavated by British Museum Expedition.
A cabeça desta deusa primordial tem a forma de cobras entrelaçadas como minhocas saídas da lama do mar primordial?
O termo Sumerio Lamma refere-se a uma deidade menor feminina, beneficente e protectora como Vénus e que os acádicos referiam como lamassu.
A confusão posterior deve ter resultado nos monstros protectores que a deusa mãe produziu nos primórdios da criação e que eram os lamassu, leões e touros alados protectores da deusa mãe e que a propaganda militarista assíria transformou em gigantes protectores da portas do céu e dos infernos…e dos seus palácios e templos colossais.
En la mitología mesopotámica, el Shedu, similar al lammasu, es un espíritu protector. Posee cuerpo de toro, alas de águila y cabeza de ser humano. Estaba representado, por parejas, en la entrada de las ciudades, de los templos y de los palacios para repeler a los espítitus maléficos y a los enemigos.
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Como se pode inferir pela semântica da deusa hitita Lama, esta era uma forma de Artemisa. A possibilidade de a Lusitânia te sido colonizada previamente pelos hititas antes de o ter sido, como o sabemos, pelos romanos parece assim quase uma evidência que explicaria em parte o sucesso da referida colonização romana posterior, gente descendente de Eneias, fugido da Guerra de Tróia e, por isso, também supostamente de origem anatólica.
La fonction des hommes est avant tout de pourvoir à l'entretien quotidien des dieux, en leur faisant des offrandes. Il s'agissait en premier lieu de les nourrir, avant tout avec du pain, mais aussi du miel, des fruits. Et surtout de la viande d'animaux sacrifiés, surtout des moutons, mais aussi des chèvres, de bœufs: on cuisinait leur viande, puis on réservait une part aux dieux (le sang, le cœur notamment), et une grande part revenait aux officiants. La boisson accompagnait ces repas divins. À côté de ce sacrifice quotidien, lors des grandes fêtes les sacrifices étaient plus conséquents. (…)Les fêtes religieuses (EZEN) sont un autre moyen de maintenir le contact entre hommes et dieux. Elles avaient lieu à des intervalles réguliers (chaque mois, chaque année, ou sur un cycle plus long), et devaient être impérativement effectuées à un moment précis sous peine d'être inopérantes, et toute faute dans leur déroulement pouvait avoir des conséquences néfastes. Le calendrier cultuel hittite semble particulièrement chargé de fêtes religieuses. Certaines pouvaient ne durer que quelques heures, alors que d'autres prenaient tout un mois. Elle servaient à célébrer un dieu, et/ou des changements de saison, étaient liées à la fonction royale. Les fêtes étaient dirigées par un prêtre de rang supérieur, parfois le roi lui-même. Une procession prenait était guidée vers un lieu de culte, où on pouvait procéder à un banquet, suivi d'offrandes pour une ou plusieurs divinités (pain, boissons, viande d'animaux sacrifiés). Ces fêtes étaient souvent accompagnées par des musiciens, et d'autres divertissements comme des pugilats, des courses à pied ou à cheval, des concours de force, mais aussi des danses et acrobaties.
(…) Plusieurs fêtes survenaient au printemps, début de l'année hittite. La fête purulli marquait le Nouvel An. Elle durait plus d'un mois, et débutait à Hattusha, dans le temple du Dieu de l'Orage, et se rendait ensuite dans d'autres cités ayant leur Dieu de l'Orage, en terminant dans le temple de celui de Nerik. Ces dieux devaient ensuite assurer la prospérité pour la nouvelle année. La fête AN.TAH.ŠUM débutait le 21 mars, et durait 38 jours, et se déroulait également dans plusieurs cités du Hatti, débutant à Hattusha et finissant à Ankuwa. La grande fête de l'automne était la fête nuntarriyašha. Une dernière grande fête est celle du KI.LAM ("portail").
Pour les Hittites, le monde des morts se trouvait sous la Terre, donc à l'opposé du Ciel: c'est le Monde souterrain, les Enfers. Sur son organisation, les différentes traditions aux origines de la religion des Hittites se mélangent. La région infernale était le domaine d'une déesse, Lel-wani, identifiée à la déesse mésopotamienne Ereshkigal et à la hourrite Allani. Elle y régnait en étant entourée de serviteurs divins. La Déesse-soleil d'Arinna, divinité d'origine hattie, était également considérée comme étant une divinité chtonienne, dominant le Monde souterrain. Le soleil était supposé passer aux Enfers une fois qu'il avait quitté la surface terrestre à la fin du jour. Selon le Mythe de Telibinu, un grand palais était bâti au centre des Enfers. L'accès aux Enfers était supposé se faire via des cavités naturelles : des sources, des puits, des mares. Des trous artificiels servaient dans un rituel comme points d'accès aux Enfers, d'où sortaient les divinités infernales en empruntant une échelle en bronze posée dans le trou. Les tombes étaient également des points d'accès au Monde souterrain. -- Wikipédia
O festival Hittite Tah-purili ou Purulli tem semelhança fonética com a festa judaica do Purim o que por acaso começa na mesma altura do ano, no 14º dia do mês hebraico de Adar o 12º mês do calendário judaico. Corresponde aproximadamente aos meses de Fevereiro e Março. Se os judeus não herdaram esta festa dos anatólios hititas é uma coincidência demasiado estranha. O facto é que se os hititas celebravam neste festival a vitória de Lama / Inara sobre o dragão Ilujancas os judeus celebravam a Sorte, que tem como heróis Ester e Mordechai. Ora Ester é Istar e Mordechai é seu filho e amante BEL Marduque.
Lama. Hitita. Deusa protectora cujo epitáfio era Innara, filha do deus Baal e esposa de Hook, o do deus do trovão. Diz a lenda que um dia Inara ajudou seu marido a derrotar o terrível dragão Illuyankas, preparando uma poção que o deixou bêbado e enfraquecido. Assim, Hooke pôde dar fim ao asqueroso monstro que atemorizava os mortais. Para os hititas, Inara possui todas as artimanhas da sedução, sendo assim a deusa da sexualidade e do amor.
Se pouco mais que a sonoridade dos nomes parece unir ambos os festivais a análise do mito hitita reporta-nos para a “deusa da sexualidade e do amor que na caldeia era Istar”.
Não sabemos se os lusitanos celebravam no solstício do inverno o mito de Telefino na festa do puruli mas este nome é sugestivo da tradição das “pulhas” que se deitavam no Entrudo no contexto das festas dos rapazes. A verdade é que o culto de Hércules fenício era preponderante na Ibéria pelo que natural seria que o culto de Dionísio por estes lados fosse uma versão do “deus menino” filho do grande Hércules, Telefo, ou seja a versão helenizada dum antigo culto de fertilidade hitita.
Télefo, en la mitología griega, es un personaje de capital importancia en la toma de Troya. (…) Un oráculo recibido por Áleo decía que su hija tendría un hijo que mataría a sus tíos maternos, es decir, Hipotoo y Pereo, hijos también de Áleo. Consecuentemente, Áleo designó a Auge como sacerdotisa de Atenea, amenazando con matarla, si no se mantenía casta. Heracles, borracho, violó a Auge, y los pocos meses, la Pitonisa informó a Áleo del suceso. Éste entregó a su hija a Nauplio, rey de Nauplia, para que se encargara de ahogarla.
Sin embargo, Auge dio a luz a Télefo y Nauplio, en lugar de ahogar a la princesa, la vendió junto con el niño al rey Teutrante de Teutrania, en Misia.
En otra versión, Télefo fue amamantado por una cierva hasta que unos ganaderos lo encontraron, le impusieron el nombre de Télefo (de thèlè, ubre y elaphòs, cierva) y lo entregaron a su amo, el rey Córito, que se encariñó de él, cuidándole como un hijo más. El tiempo transcurrió y cuando Télefo alcanzó en la corte la edad adecuada, indagó sobre sus progenitores ante el Oráculo de Delfos. El Oráculo lo encaminó a Teutrania, a donde fue en completo silencio, de ahí que “El silencio de Télefo” se hiciera, desde entonces, proverbial. Allí encontró a su madre.
Figura 4: Hércules e o “deus menino” Telefo.
Tal como o mito de Hércules é uma mistura de teologia mítica arcaica pré-dórica com lendas da época heróica homérica, o de Telefo incorpora o mito de Telefino hitita com algum herói homérico do mesmo nome. Este tipo de retórica restauracionista repete-se ao longo da história e o cristianismo fez o mesmo.
Tudo aponta para que as transmontanas festas dos rapazes culminassem nos ritos de passagem dos festivais de Telefino que por aqui teria o nome de Oeste-Fan ou Estre-Fan, o “sol-posto” nas costas estremenhas, também conhecido por Endovélico, mas que seria apenas o genitivo de Endo-Belo. E seria então que apareceria a hitita Lel-vanis, variante de Vénus, possivelmente a Senhora dos Remédios que salvava da morte o “deus menino”.
Lelwanis (Lilwani, Ereshkigal, às vezes assimilada com Ishtar). Hittite / Hurrian. Uma deusa ctónica do submundo. 'Sol da Terra' - Deusa da terra e do submundo, o apaziguamento dela pelo sacrifício de ovelhas ajudava a remover ameaças de maus presságios.
Em conclusão, tanto na freguesia de Santo Estêvão de Alfama quando no monte dos Remédios de Lamego o culto de da Virgem Mãe primordial com o “deus menino” solar esteve sempre presente enquanto deusa das nascentes termais e impulsionadora de sacrifícios humanos e ritos de passagem e mistérios sagrados.
Um dos epítetos de Dionísio era Brómio, o luminoso que por aqui era Bormanico, deus das termas que apesar de ser adorado pelos Lusitanos era de origem Ligure. Adiante se verá que o culto local mais arreigado relativo a estes cultos, de populares que trocavam os «vês» pelos «bes», seria ao casal divino Ban-dua e Ban-donga de que restou o culto dos curandeiros, endireitas e bentos, ligados ao deus *Endo-Belo.
Um dos epítetos de Dionísio era Brómio, o luminoso que por aqui era Bormanico, deus das termas que apesar de ser adorado pelos Lusitanos era de origem Ligure. Adiante se verá que o culto local mais arreigado relativo a estes cultos, de populares que trocavam os «vês» pelos «bes», seria ao casal divino Ban-dua e Ban-donga de que restou o culto dos curandeiros, endireitas e bentos, ligados ao deus *Endo-Belo.
Então, a N. Sª dos Remédios mais não seria do que o local do antiquíssimo culto à deusa Mãe Artemisa, a Medeia que na forma de Ísis teria embriagado com cerveja o deus Rê para lhe roubar o nome secreto com que poderia fazer todas as magias de curandeira. Obviamente que esta deusa das feiticeiras era a equivalente de Inana, a que roubou os mesh de Enki, tornando-se deste modo uma forma de Metis, ou Maat. De qualquer modo, a relação de Lamego com a Medicina teria sido outrora muito mais forte do que é hoje em que o culto mariano da cura das almas acabaria por preencher uma lacuna que em tempos mais remota seria preenchida por cultos mais virados para o pouco que se poderia esperar para a saúde do corpo.
De resto, a freguesia de Almacave, que talvez não deva o nome apenas à época da dominação árabe (parece que a cidade de Lamego era uma das cidades peninsulares que mais vezes mudava de dominação religiosa!) pode esconder o núcleo religioso da cidade, já que existe a tradição de a sua igreja ter sido a primeira sede episcopal da diocese reconquistada. A freguesia de Almacave era seguramente a antiga Almedina cuja rua homónima ainda existe e levaria a uma porta a poente por onde desceriam a vitualhas do castelo em direcção ao monte dos remédios mas que desceria até ao largo da Sé onde outrora seria feira extra muros e a rua da olaria seria a rua dos mercadores que ainda nos tempos modernos é a parte da cidade que mais semelhanças mantém com as ruas de comércio das al-medinas árabes e norte africanas.
As enciclopédias não o referem de forma explícita mas a verdade é que esta cidade vale sobretudo pela sua beleza de cidade mariana centrada na bela basílica de N. Sª dos Remédios de acesso triunfalmente teatral como o bom Jesus de Braga, mas que no caso de Lamego tem por plateia a própria cidade.
Ora, tal como em Braga o culto do Bom Jesus deriva de remotíssimos cultos a Hércules (o deus da guerra dos belicosos brácaros de que nasceu o sangue dos célebres cartagineses peninsulares, os Barcas) em Lamego o culto da N. Sr.ª dos Remédios só pode ter derivado também de arcaicos cultos à Deusa Mãe na variante taumatúrgica de uma Virgem Mãe antepassada de Artemisa e protectora de caçadores e guerreiros.
Ver: ALVOR (***)
Ora, uma das deusas antepassadas de Artemisa foi quase seguramente a deusa hitita Lama, a deusa da lama do mar primordial e guardiã das bestas lamasshu. O termo luso das lamas termais deriva seguramente do nome desta deusa de milagrosos poderes curativos.
Ou seja, descobrimos que a semântica de Lamego pode ter andado ligada com Lama / Lamaço, a arcaica deusa das lamas termais e por meio do poder curativo destas com Artemisa e com a dos «remédios» e tratamentos termais que os candidatos a militares utilizavam para se manterem em boa forma física.
Mas este postulado levanta uma importante dúvida! Mas onde seria o culto inicial das lamas na cidade de Lamego?
A única coisa que espanta de admiração nesta informação é o facto de se poder postular que na Lusitânia anterior à romanidade existiu uma “deusa de cidades e animais” que, por ser deusa de cidades deu nome a várias e por ser protectora de animais era uma deusa taumaturga como a Artemisa anatólica.
Precisando, em boa verdade este papel foi representado na Grécia por Apolo, irmã de Artemisa, também chamada de Artemisa Issoria em Esparta.
Issoria > «Isaura» < Ishauria < Ishkuria => Istar.
“[At Sparta, Lakedaimon is] a sanctuary of Artemis Issoria. They surname her also Limnaia (Lady of the Lake), though she is not really Artemis but Britomartis of Krete.” – Pausanias 3.14.2
Como era de Creta esta deusa seria:
Limnaia < Lumin-aja < Ur-Min-Aka º *Kartu-Masha > Hartimisha > Artemisa < *Kartu-Ma(ur)tis < Wirtu-Martis
ó Atena Britomartis.
Ora, noutros contextos se tem verificado que existem indícios de a cultura lusitana da bacia do douro anterior à romanidade ter tido forte influência hitita ou pelo menos de uma cultura próxima destes. Uma tese possível é postular que o Douro, e quase todas as grandes bacias de rios ibéricos, foram colonizados pela talassocracia minóica que partilhava com os hititas a mesma cultura. De facto, a fonética micénica parece quase espanhola.
Figura 5: Os gigantes assírios lamachos, touros alados de cabeça leonina guardiões das portas do céu e dos infernos, dos templos e dos palácios.
Mas os minóicos matriarcas davam o lábris da lavoura às suas mulheres labregas enquanto os homens lamegos se dedicavam à marinhagem, possivelmente no Douro, ou à guerra. O facto de não haver nenhum castro com umas termas com “pedra-formosa” típicas dos minóicos minhotos dever-se-á ao facto de não ter havido por perto alternativa romana e ter sido necessário romanizar o castro primitivo que teria acabado por fazer parte das fundações do castelo da cidade, o que se deduz da forma arredondada do núcleo do castelo e da forma elíptica e em caracol do bairro do mesmo nome. No entanto, extramuros ao castelo de Lamego ergue-se a antiga cisterna de pedra lavrada, com as dimensões aproximadas de vinte metros de comprimento por dez de largura. O teto é abobadado com ogiva nervada sustentada por quatro arcos apoiados em pilares e é considerada “um dos melhores exemplares das cisternas dos castelos portugueses” (Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais cit. Laranjo, 1994, p.52).
A meio da Rua do Castelo podemos ver a capela da Senhora do Socorro, em cuja parede exterior se encontra um interessante painel de azulejos com a inscrição “N. S. do Coro 1671”. Perto desta existia outra capela de invocação a S. Salvador, onde teria sido a primitiva Sé. Mais uma vez se confirma que o orago primitivo de Lamego seria masculino e possivelmente o “deus menino” Dionísio, senhor dos vinhedos do Douro.
Quer dizer que se já não existem os banhos de Lamego pelo menos existe a cisterna que desde a época recuada da pré-história faria deste lugar um castro tipicamente lusitano e de boas águas.
De resto, as fotos aérea da zona do castelo da cidade, toda ela parece a impressão de um castro lusitano.
“Os muçulmanos instalaram-se e aproveitaram de uma Lamego semideserta, onde naturalmente pouco ou nada terão derrubado. Outro tanto não aconteceu em diferentes horas históricas, com repetidos assédios, tomadas e retomadas cristãs e islamitas. As casas, as muralhas, o castelo e as gentes de Lamego pagaram caro a própria importância.” (…) É possível identificar duas portas na muralha, reedificadas provavelmente no século XII ou XIII, que todavia existem ainda hoje e mantêm a sua designação e que são a “Porta do Sol”, orientada a nascente e no extremo oposto a chamada “Porta dos Fogos” (também designada Porta dos Figos).
Aceitando que a cidade árabe não seria muito diversa da que os visigodos receberam dos romanos podemos inferir que a cidade romana era afinal uma cidade oblonga de apenas duas portas.
Mas impressões são apenas isso. Uns pensam assim…e outros não!
Jornal do Centro (JC) – “Coilarni” ou “Coilarnos”: que nome é este?
Inês Vaz (IV) – Pela chegada dos Romanos à Península Ibérica, havia no território 50 tribos em guerra permanente. Os Romanos obrigaram-nas a descer dos castros para a planície e a abandonar a pastorícia e a guerra. Criam-se, então, cidades e povoações nos vales. Algumas juntam-se e dão origem a um povo a que se dá um nome importante já existente ou então um nome romano. No caso de Viseu, “Iteranienses”, que é um nome latino. No caso de Lamego, foi um nome “latinizado”, mas que é o de um povo anterior: os Coilarni, cuja capital administrativa era em Lamego.
JC –Como chegou a estas conclusões?
IV –. Fui juntando as peças do “puzzle”. Publicam-se outras inscrições ali da zona e eu começo a olhar para a cidade de Lamego. Ao olhar para a planta actual da cidade e para as fotografias aéreas, verifico que há eixos simétricos perfeitos que nos revelam os eixos da cidade romana.
JC – Que eixos são esses?
IV – São as ruas principais da cidade. Uma cidade romana tinha sempre dois eixos principais: o “cardum” – no sentido norte-sul – e o “decomandus”– no sentido oriente-ocidente. E depois, todas as outras ruas eram traçadas paralelas a estas, constituindo bairros dentro da cidade.
Figura 6: imagem de satélite da zona do castelo de Lamego.
Assim a tal tradição do general luso-romano lamecos terá algum fundo de verdade não no facto de Lamecus ter sido o general labrego fundador da cidade que os romanos viriam a romanizar mas por se reportar aos guerreiros lusitanos de Lamego.
O tal general luso-romano Lamecus, que figura no fontanário do velho Jardim episcopal em frente à Câmara, recebeu o nome da própria cidade que se supõe ter fundado pois, nem lenda sendo, não passará dum conto criado setecentista e recriado restauracionista em torno da lenda bíblica do patriarca antediluviano Lamech, no caso da Acta dessas Cortes de Lamego, publicado por Frei António Brandão profundamente português, a escrever em pleno regime filipino foi explicitamente incorporada no ordenamento jurídico da Monarquia Portuguesa nas Cortes de 1641, para que o trono não fosse de novo para um príncipe estrangeiro como nas Cortes de Tomar de 1581. O texto é uma falsificação grosseira forjada possivelmente no cartório do Mosteiro de Alcobaça, onde é feita a aclamação de D. Afonso Henriques como Rei de Portugal e se estabelecem as "Regras de Sucessão ao Trono".
Fr. António Brandão dizia na Monarquia Lusitana, Parte Terceira, Livro X, Capitulo XIIII,: “Nem isto faz contra o que dissemos de não aver leis gerais ate o tempo del rey Dom Afonso Segundo porque COMO ESTE PAPEL NÃO HÉ AUTENTICO, tratamos só do que nos constava pellas escrituras”.
A conquista de Lamego pelos árabes que a denominaram "Lamico", teve pouco tempo de calma, sendo que Lamego passa a sofrer com as constantes conquistas e reconquistas dos árabes e dos cristãos. Sabe-se que um dos bispos que foi retirado para as Astúruias foi o de Lemego que como outros ficou sem rebanho. No ano de 876 esteve na consagração da Igreja de Santiago, Argimiro como bispo de Lamego. O rei Ordonho III restitui ao bispo de Lamego todos os seus bens no sinodo de Coimbra de 914. De 922 a 932 foi bispo de Lamego Pantaleão e em 981 Jacobo. O árabe Almançor, em 987 e 997, devasta a cidade e nela se estabelece um "váli", que só aparentemente depende do califado de Córdova. Aqui surge a lenda de Ardinga, a princesa moura assassinada pelo seu pai devido ao seu amor por um cavaleiro cristão.
Segundo a Crónica dos Godos, corria o ano de 1095 quando o rei D. Fernando Magno com sua esposa, a rainha D. Sancha, tomou Lamego a 29 de Novembro na festividade de S. Saturnino, ao amanhecer de um sábado.
Na Idade, a Cidade de lamego estava rodeada por uma muralha com duas entradas apenas, a “Porta do Sol, na parte sul, e a “Porta dos Figos ou Fogos”, a Norte, na freguesia de Almacave. Hoje existe ainda grande parte da muralha, apesar de um pouco escondida devido ao aglomerado de casas que ao longo dos tempos se foram apegando a ela.
O topónimo “Almacave” tem origem no árabe “al muqabar”, que tem o significado de “cemitério” (literalmente “túmulos”).
Um dos elementos mais emblemáticos da freguesia de Almacave é a Igreja de Santa Maria Maior, situada junto de uma antiga necrópole romana, de onde foram retiradas algumas pedras incorporadas na nova construção, três inscrições, uma na capela exterior da parede da sacristia e duas na parede interior do coro alto. Segundo alguns autores, esta igreja terá tido Honras de Catedral no tempo dos suevos, assim como as de Mesquita, no tempo dos sarracenos.
De facto, segundo a lenda, que um sarraceno rico, chamado “Almacave” terá reconstruído a dita igreja, e em memória do caso lhe ficaria o nome. Ainda que fossem verdadeiros estes factos, não poderiam relacionar-se com a igreja subsistente, pois é este um monumento românico português do século XII, posteriormente alterado no século XVII, não havendo hoje em dia qualquer resquício anterior ao século XII, persistindo apenas as hipóteses de tal antiguidade.
Mas, por outro lado talvez a lenda tenha algum fundo de verdade porque D. Fernando Magno chacinou grande parte da população árabe e a outra parte obrigou aos trabalhos de reconstrução de edifícios e templos adaptando-os ao rito cristão.
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A entrega da cidade foi feita por Zadan iben Huim. O alcaide mouro de Lamego, chamado Echa tomou o baptismo e adoptou então o nome de Echa Martim; D. Fernando, vendo-o fiel e cristão, deixou-lhe o governo da terra lamecense, sujeito a D. Sisnando. Lamego perdeu então o bispado que seria moçárabe e teria caído em descrédito ou perdido poder. O bispado de Lamego ficou sobe a alçada de Coimbra até que D. Afonso Henrique colocou D. Mendo em Lamego no ano de 1144.
E como as grandes honras se pagam com pompa e circunstância e como ninguém dispõe da acta autêntica que teria resultado das Cortes de Lamego, reunidas na igreja de Santa Maria de Almacave, em 1143, e cujo texto foi dado a público por Fr. António Brandão em 1632, na “Crónica de D. Afonso Henriques”, no mínimo o que se poderá dizer é que a corte itinerante dum rei conquistador, que ainda não o era à face do direito internacional da época, terá passado por Lamego logo a seguir à batalha de Ourique e que terá sido aclamado como senhor da cidade pelo povo já então em romaria e sempre exaltado pelos vapores etílicos com a complacência da aristocracia presente mais os bispos cuja segurança dependia sobretudo do futuro rei que estivesse mais perto e à mão:
Archiepiscopû Bracharens. Episcopum Visens, Episcopum Portuens. Episcopum Colimbriensem, Episcopum Lameceus.
Viros etiam nostrae curiae infra positos, et procurantes bonam prolem per suas civitates per Colimbriam, per Vimaranes, per Lamecû, per Viseum, per Barcellos, per Portum, per Trancosum, per Chaves per Castilu Regis, per Bouzellas, per Parietes vetulas, per Senam, per Covilham, per Monte Magiore, per Isgueiram, per Villa Regis, et per parte domini Regis Laurentius Venegas, et multitudo ibi erat de Monachis, et de Clericis, et côgregati sumus Lamecum in Ecclesia Sanctae Mariae Almacave, sedita; Rex in solio Regio sine insignijs Regijs, et surrexit Laurentius Venegas procutor Regis, et dixit. Congregavit vos Rex Alfonsus, quem vos fecistis in Campo Auriquio, ut videatis bonas litteras domini Papae, et dicatis si vultis quod sit ille Rex. Dixerunt omnes. os volumus quod sit Rex.
NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS, A ROMARIA DE PORTUGAL
Romarias a santos e santas de locais altos era uma velha tradição oriental e fenícia que se espalhou e manteve por todo o Douro e Alto Douro e seguramente por toda a Lusitânia.
Figura 8: A exaltação barroca dos Remédios.
«Os Remédios, por uma feliz conjugação de valores, são simultaneamente festividade, quermesse e feira franca. Como sucede desde a Alta Idade Média o mercador dá o braço ao peregrino. Quem quer podia ontem ali comprar um bom cavalo ou desfazer-se do asno com pulmoeira. Amanhã, já hoje, poderá ali adquirir um automóvel em seus stands. Também procissões mais vistosas, descantes mais doidos e bailarinos mais endiabrados ninguém os procure, ainda que percorra o Minho, pátria tripartida de Deus, de Baco e do zé-pereira.
Não é que as estradas que sobem da Régua, desaguam de Moimenta, de Castro Daire, de Resende, vêm coalhadas de povo, ranchos que ao som do zabumba e ferrinhos pincham, cantam, baldoam, de camionetas e mais camionetas enfeitadas de caras risonhas, de carros ligeiros, - vuu, lá vão os fidalgos! - de ciganos, os chatins pitorescos das feiras!?
Os Remédios são, enfim, dias universais na Beira Alta. Mas o que neles mais se sente correr é o rio ainda montuoso do passado com os seus costumes, as suas crenças, os seus votos e promessas, um divertido mundo como as colchas antigas que deitadas numa cama de bilros arecreavam com os seus papagaios, os seus monos, os seus frutos paradisíacos nunca vistos, só imaginados.» Aquilino Ribeiro, Arcas Encoirada
“A romaria mais famosa, organizava-a a cidade de Lamego”
“(…) chamada a Sina (de Signum, bandeira), à frente a bandeira real empunhada por um dos membros da câmara, seguida por todos os beneficiados, coreiros, frades de S. Francisco e imenso povo, aos quais os capitulares serviam no fim o “jantar” e uma pitança.”
“Dada a multidão e a variedade de intervenientes, a romaria, que devia ser de penitência, acarretava grande despesa e o vinho era responsável de lamentáveis abusos, motivo por que, a 13 de Dezembro de 1512, cabido e bispo acordaram em suprimir a comezaina, decidindo repartir o importante jantar e pitança, pelos que tomassem parte na procissão”. Em anotação, o autor informa: “A despesa daquele ano foi avaliada em 4073 réis, dos quais se retiraram 20 réis para comedoria dos coreiros e frades”.
Os tempos da beatice inquisitória pré-tridentina seriam também tempos de temperança por causa dos custos que a difícil conquista da Índia começava a ter para o erário real, que assim não poderia apoiar as despesas dos bispos?
Os tempos da beatice inquisitória pré-tridentina seriam também tempos de temperança por causa dos custos que a difícil conquista da Índia começava a ter para o erário real, que assim não poderia apoiar as despesas dos bispos?
Na cerca de Almedina, no Castelo, realizava-se uma importante feira, que chegou a durar um mês e que se manteve até ao século XV. A este importante evento comercial acorriam, para além de gentes de Entre-Douro-e-Minho e das Beiras, os “mouros” de Granada e Sevilha, fazendo chegar à cidade especiarias e tecidos orientais. Feira Franca (Festas da Cidade - última Quinta-Feira de Agosto) Feira de Santo Estêvão (26 de Dezembro)
Será de crer entretanto, que varridas as reminiscências das práticas idólatras, ficou o caminho aberto para que emergissem todas as restantes capacidades taumatúrgicas de tão afamado lugar, levando a que as multidões ali viessem implorar a preservação da saúde, a cura de moléstias, a prevenção de pragas e epidemias, a protecção de culturas e animais domésticos, ou em anos de seca, a chuva. Daí as procissões e os clamores.
As festas primitivas seriam, tal como ainda hoje mistas, tipo: feira franca e romaria religiosa. O mais estranho é verificar que o culto primitivo do local do monte da Senhora dos remédios tenha sido a Santo Estêvão e não à Virgem Maria.
Claro que se pensarmos que os cultos cristão pouco mais fizeram do que adaptar ao calendário litúrgico as festanças já existentes facilmente concluímos que poderíamos estar em presença de Pandorcas lamecenses onde o culto à Deusa Mãe e ao “deus menino” eram variantes da mesma forma de cultos de mistérios e iniciação.
Figura 9: Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego.
No local onde foi erigida a capela–mor de Nossa Senhora dos Remédios existia uma pequena ermida, mandada construir pelo bispo D. Durando, em 1361, dedicada a Santo Estêvão.
No século XVI, esta capela ameaçava ruína e foi mandada construir uma nova igreja, pelo bispo da cidade, onde foi colocada também a imagem da virgem com o menino ao colo. Com o tempo, a devoção a Santo Estêvão foi decaindo e cresceu a dedicação à virgem, que era o alvo das preces de quem padecia de males e necessitava de ajuda, dando origem desta forma à devoção à Senhora dos Remédios.
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Ora, os “ritos de passagem” da época do bronze eram afinal formas de tirocínio e treino militar em regime de casta transferidos de cultos paleolíticos de iniciação geral quando o poder da religião instituiu e organizou o poder temporal da manus militaris para o proteger, defender e propagar.
Aceitando mais uma vez a tese de que o Douro e o Minho foram colonizados por minóicos que trouxeram de Creta a cultura da vinha, a agricultura e os cultos dionisíacos ficamos também a entender porque é que se dizia que no Douro existiam lusitanos com costumes lacónicos, sabendo-se que estes seriam de origem cretense.
No entanto, e por estranha coincidência, na freguesia de Santo Estêvão de Lisboa existe um templo dedicado ao santo do mesmo nome (que foi classificado Monumento Nacional pelo decreto 5046, de 11 de Dezembro de 1918) e a Capela de Nossa Senhora dos Remédios, situada na Rua dos Remédios que tem a sua história ligada aos pescadores de Alfama e ao culto do Espírito Santo. Foi mandada construir pela Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios no século XVI, com um hospital anexo e deve o seu nome ao facto lendário de se ter encontrado uma imagem da Virgem dentro de um poço, à entrada, cujas águas se tornaram milagrosas. A mitologia não difere muito da religião e da política enquanto gestão cultural das aparências significantes. Quer isto dizer que o culto de Santo Estêvão encontra-se associado à festa dos rapazes nas aldeias de Trás-os-Montes, integradas no ciclo de festividades das Pandorcas do Solstício do Inverno e que no passado pagão terão sido dedicadas ao culto do Sol, num ritual em que intervêm os caretos, as máscaras tradicionais do extremo nordeste de Portugal.
Figura 10: Santo Estêvão, primeiro mártir representado com a palma do martírio e com três gogos de calhaus rolados.
As imagens mais antigas de Dionísio eram meros Ermes com o falo (Paus. ix. 12. § 3), ou apenas uma cabeça barbuda no topo dum pináculo. (Eustath. anúncio Hom. pág. 1964.)
Se a maneira mais antiga de representar Dionísio foi um falo tal como Osíris foi um obelisco é quase seguro que a representação mais arcaica ainda presente em alguns locais dos Himalaias é um montículo de pedras. Sendo assim, qualquer monte de pedregulhos era uma imagem natural do “deus menino” e, por convenção natural, o mínimo de pedras para fazer um montículo dedicado ao “deus menino” seriam 3 gogos que no limite simbolizavam os dois testículos e o pénis que teriam restado do primeiro sacrifício divino.
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Se o elo de ligação entre o nabateu Duchares e Osíris é o obelisco o de Dionísio e Santo Estêvão são os três gogos, obviamente insuficientes para uma lapidação!
Os penhascos pedregosos seriam dedicados a Dionísio e alguns terão dado nome a este deus que terá sido como Tamuz e Adónis apenas Nosso Senhor, Dominus Sotero, o Salvador do Mundo. «Penedono», por exemplo, recebe nome deste facto pois que tenha sido penha fortificada dum Dono ou D. qualquer não seria relevante e que significasse o que literalmente parece, Penedão, ou monte de penedos já era meio caminho andado para ser imagem de Adónis. No entanto, Penedono / Penedão poderia ter sido também a cobra macho, ou seja, o pénis do Senhor e “deus menino”!
Ver: HERMES PROPILEU (***)
Que teria esta tradição dos ritos arcaicos de passagem nordestinos a ver com Santo Estêvão? Primeiro a coincidência de o seu culto ser celebrado a 26 de Dezembro no Ocidente e a 27 de Dezembro no Oriente.
O seu nome vem do grego (Stephanós), o qual se traduz para aramaico como Kelil, significando coroa - e Santo Estêvão é, de resto, representado com a coroa de martírio da cristandade, recordando assim o facto de se tratar do primeiro cristão a morrer pela sua fé - o protomártir.
O mais estranho da tradição cristã de Santo Estêvão não é tanto o seu nome ter significado de coroa em hebraico, e por isso apelar para um descendente messiânico, mas o facto de ser celebrado no dia 26 de Dezembro, obviamente que por não poder ser no dia de Natal, o que nos reporta para o facto de este Santo ter sido confundido muito cedo com Barrabás, o filho do mestre Jesus, ou com uma variante ibérica de Dionísio.
D. Fr. João da Cruz, bispo de Miranda, em Dezembro de 1755, proíbe bailes, jogos pandorcadas e toda a casta de ajuntamentos de homens com mulheres e as pandorcadas que de noite se costumam fazer. Proíbe ainda os fiadouros públicos que se fazem de noite, assim nas ruas como nas casas por serem ajuntamentos de homens e mulheres, bem como as chamadas festas de St. Estêvão, por se comporem de pandorcas, danças, algazarras e tumultos ocasionados pela eleição de um rei e outras mais dignidades que nelas elegem por cuja ocasião tem havido mortes e pendências pelos excessos de comes e bebes que nos ditos dias se fazem".
Por que razão é que o nome helenístico deste judeu cristianisado teria sido retraduzido para a coroa judaica levanta a suspeita de que este seria afinal Barrabás, o primogénito Jesus…mas isso são outras histórias. Importante foi o facto de este santo mártir ter sido precisamente o primeiro da cristandade o que permitiu que passasse a fazer parte dos “ritos de passagem” em todas as situações que implicavam tradições de iniciação guerreira mais ou menos explícitas. A S. Martinho aconteceu o mesmo.
Ora, se o culto de N. Sª dos Remédios andou, pelo menos em duas cidades lusas, Lisboa e Lamego, associado ao de Santo Estêvão isso poderá ter sido porque já assim era antes de o cristianismo ter cá chegado. Ou seja, muito possivelmente o monte da nossa Senhora dos Remédios já era um monte sagrado antes da cristandade, que teria sido dedicado a Santo Estêvão para substituir um culto local arcaico ao deus Fan da luz protágona, quiçá o *Furandolo ou outra variante de Dionisio & Pan, na forma Este-phan, literalmente luz da aurora, de que se teria perdido o rasto cristão durante a ocupação mourisca.
Santo Estêvão além de santo das «estevas» (< Lat. stiva = s. f. rabiça do arado + < Lat. stipa, nome de uma planta arbustiva, da família das citáceas, espontânea e frequente em quase todo o território português) terá sido um arcaico deus das estepes e da caça.
«Estevão» < Este-phan, “luz da aurora” < Ish-Te-Pan, filho de Fauno, Silvano, Luperco e de Pan.
Figura 11: Nossa Senhora dos Meninos do bairro da ponte ou a primitiva padroeira dos cultos de iniciação guerreira das festas dos rapazes que fariam o seu tirocínio na mata dos remédios.
Desde a Antiguidade, em muitos festivais de Atenas, a maioria dedicados a Dionísio, diversas tragédias eram representadas antes de uma peça chamada "satírica", onde os atores, em coro, se fantasiavam de faunos, realizando danças e cantos em flautas, para cortejar o deus.
As festas dedicadas a Fauno (Lupércio) ocorriam a 15 de fevereiro, que teria sido a data da fundação do seu templo, o Lupercal. Essa festa era essencialmente rural, uma vez que Fauno Lupércio tinha a precípua função de proteger os rebanhos (''Lupercius'' seria, assim, "que repele os lobos"). Eram uma forma de purificação, com fito de obter grande produtividade na agricultura e na criação. Teria sido iniciada por Evandro e persistiu até o século V quando a Igreja a incorporou, transformando-a, segundo Georges Hacquard, na festa da Purificação da Virgem.
A ascendência de Pan é duvidosa; em alguns mitos ele é filho de Zeus, mas geralmente é o filho de Hermes ou Dionisio, é dito que a mãe dele é uma ninfa, às vezes Dri-Ope ou, em Nonnus, Dionisia (14.92), ou Pene-lope de Mantineia na Arcadia.
Ops ou Opis era a esposa de Saturno e, por tanto, uma Deusa Mãe dum "deus menino" de segunda geração.
Dito de outro modo, em Alfama um velho culto de Dionísio teria sido substituído pelos visigodos por um culto à Virgem com o menino porque era um local de águas santas.
Em Lamego seria qualquer uma das várias Nossas Senhoras com o menino que ali existem ao lado da Senhora do Remédios.
Nossa Senhora da Esperança com o Menino, entronizada no retábulo de talhado altar-mor. Esculpida em calcário policromado, as suas vestes são enriquecidas por cabuchões coloridos. O seu valor é tal que João do Amaral a considerou “a mais interessante, a mais típica, a mais arcaica e atraente escultura entre as que estão expostas ao culto religioso” em Lamego. Segundo o costume popular, a escultura da padroeira saía em procissão pela cidade nos anos de seca.
Alfama é o mais antigo e um dos mais típicos bairros da cidade de Lisboa. Actualmente, abrange as freguesias de São Miguel, Santo Estêvão e São Vicente de Fora.
Importante é também saber que Alfama deriva dum termos árabe al-hamma que significa banhos ou fontes e que nos reporta para uma etimologia próxima de Lamego.
«Fonte termal» = Ar. al-hamma <= Al-Lahmu & Lahamu.
A razão de ser do nome Alfama é confirmada pela carta geológica do concelho de Lisboa, que mostra um grupo de nascentes minero-medicinais associadas a uma falha geológica que corta as camadas do Miocénico.
Ao longo da história, estas nascentes foram encanadas para alimentação de três chafarizes: o Chafariz de El-Rei, o Chafariz de Dentro e o Chafariz da Praia (desmontado).
De resto, Lamego é também uma cidade de Chafarizes e farta de boas águas!
As três veias de nascentes ficaram protegidas por três deuses de que se pode suspeitar: Hermes, na vez de São Miguel, Santo Estêvão, na vez de Dionísio e São Vicente, o santo do corvo, a Asclépio ou a coruja de Atena.
Cabo de S. Vicente (do Corvo) = Região do sul de Portugal para onde terá sido trazido o corpo de S. Vicente e onde os seus despojos foram inumados até Afonso Henriques, em 1173, mandar proceder à sua tralasdação para Lisboa. Aí terá havido uma igreja (ou capela), denominada dos corvos (ecclesia corvorum) ou do corvo, no tempo da invasão árabe (séc. VIII), local onde se recolheram as relíquias trazidas de Valência por moçárabes chegados ao mártir.
Os relatos hagiográficos conservados coincidem no episódio do achamento do corpo, junto ao cabo de São Vicente, à deriva numa barca guardada por dois corvos, atributos iconográficos que serão constantes nas representações posteriores do mártir, pelo menos na arte portuguesa, e adoptados como emblema municipal da cidade de Lisboa ainda durante a primeira dinastia.
A primeira descrição desta região de que se tem conhecimento deve-se ao geógrafo Estrabão, que por sua vez se socorre de outras informações mais antigas. Foi conhecido na Antiguidade até ser rebaptizado por Afonso Henriques, depois da trasladação, por Promontorium Sacrum, i.e., Promontório Sacro (ou Sagrado). No entanto, este promontório era sagrado por ser protegido de Odin, que se mantinha informado sobre os acontecimentos do mundo através de seus dois corvos, Hugin (Pensamento) e Munin (Memória), que vigiavam por toda a aprte e contavam tudo o que se passa e o que já se passou.
«Corvo» < Lat. corvu = Kaur-Wu ó Kawro < Ka-Wer, o que transporta o ka do Sol, o sopro vital ou a alma dos mortos.
Os corvos neste sentido terão pouco a ver com Lisboa mas apenas a ocidentalidade da Lusitânia e o Amentu, ou seja o país dos ocidentais, que para a geografia mítica dos egípcios era o local por onde as almas iam para o «firmamento»!
Assim, a fácil romanização da península fica explicada pelo postulado de ambas as culturas terem tido origem comum na cultura Egeia e, quiçá, um período de colonização comum durante o império hitita.
Porém, se a cidade de Lamego herdou tais cultos arcaicos a que soube fazer jus com as adequadas adaptações, e de que soube tirar ainda melhores e mais proveitosos louros e lucros, a verdade é que não se entende por razões naturais a especial vocação desta cidade para atrair populações carente de remédio, ou seja, de saúde real e não meramente metafórica como seria o caso duma romaria dedicada à uma variante arcaica da “Sr.ª da Saúde”.
Pois bem, na ausência de actuais aspectos salutares concretos, para além da beleza e dos bons ares, somos obrigados a dar conta de que a freguesia de Cambres é o lugar com estância termal mais próximo de Lamego. Mas, a relação de Lamego com Artemisa pode estar também na sua riqueza de boas águas correntes!
Cambres < Calambres < Ca-Lam-brigues, lit. “burgos de Ka-Lam” ó Lam(e)-ka, possivelmente arrabaldes defensivos de Lamego!
In Aztec mythology, Chalchiuhtlicue was the goddess of running water. She was the sister of Tlaloc.
Chalchiuhtlicue = Chalchiuh-(tlicue)[1]
Chalchiuh< *Karki-ush + Ma => Artemisa
Reminiscências destas antiquíssimas relações étmicas podem ser a capela do estranho onomástico N.ª Sr.ª dos Meninos a quem cantam as moças do Bairro da Ponte:
«Ò senhora dos Meninos
«Ò senhora dos Meninos
Sedes Nossa Padroeira
Que nos livrais dos calhaus
Que rolam da Tamboreira.»
Seguramente que o nome Tamboreira é um topónimo local relativo ao percurso em cascata que o rio Balsemão faz neste local, mas não deixa de ser interessante verificar que pode derivar de outros Tambores, que não só os de fazer música.
«Tambores» < Tham waures
< *Kima Kurish, lit. «os coirões, guerreiros de *Kima» > Kam wares > Câmbres. Sameiro < Kima urio < Urkima > Artemis
De resto, existem por estes lados as caldas de Aregos (< Harkios < *Kar Kius) e do Moledo. Quem sabe se não existiriam outrora também termas idênticas no termo da cidade de Lamego? Que o rio Balsemão tem conotações com os poderes curativos do bálsamo é foneticamente óbvio! Pelo menos em Resende a Sr.ª do Cárquere, de quase segura origem minóica e cretense (< Karki ma <= *Kertu), foi famosa por ter salvado às mãos de Egas Moniz (pelo menos formalmente) o primeiro rei de Portugal.
Mas, também ao lado dos cultos herméticos e hercúleos se prestava culto à deusa mãe como no caso do «Bom Jesus» de Braga que tinha um lado cimeiro, o alto do Sameiro ainda hoje local de preito mariano. A par deste conceito derivado de *Kime, presente na composição de *Arti-me-ka-ki, é-nos possível identificar, derivado da raiz Mekaki deste mesmo termo virtual, o radical mash já presente num dos epítetos da deusa mãe suméria, Dingir-mah-Nin-mah. [2]
LAMEGO, CIDADE DOS RANGERS E DE CULTOS GUERREIROS.
…para outros, Lamego terá tido origem na povoação greco-celta Laconimurgi; ainda existe a teoria baseada na referência de urbs Lemacenorum da autoria de Ptolomeu, do século II. Porém, a questão da toponímica de Lamego continua ainda hoje por desvendar, na medida em que são apresentadas diversas propostas, no entanto não existem provas em concreto!
A verdade é que “a cidade de Lamego possui origem remotíssima que se desvanece em afastados séculos. Nada mais do que lendas e opiniões isoladas se conhecem, porém, a respeito de seus inícios.” Mendes da Silva pretende ver nesta cidade a «Laconimurgum, Lama ou Lanio» de Ptolomeu.
Como retaliação pela actividade guerrilheira dos Lusitanos, é dado histórico o incêndio e a destruição quase total de uma cidade nos anos 100 da era cristã, perpetrada pelas legiões do imperador Trajano, como forma de castigo aos rebeldes. Não há contudo certeza histórica acerca da localização dessa cidade então denominada Laconimurgi. Alguns defendem que essa urbe seria Lamego na sua actual situação geográfica. Outros, defendem que ela se situaria na fértil e extensa veiga de Naçarães, fundamentando-se nisto a origem do nome “Queimada” da aldeia ali próxima. Nesta região, diz Jorge Alarcão no seu livro “O Domínio Romano em Portugal”, viviam naquele tempo, os Lusitanos da tribo dos Coilarni, também dita Colarni.
Colarni < Colar-inos < Kaur-Kal > Her-Kal > Hércules.
Em Goujoim, no concelho de Armamar, encontrou-se diz, um terminus augustalis entre esta tribo e a dos Arabrigenses. Estabelece este marco, a localização dos Coilarni entre o rio Douro na fronteira setentrional, e as serras de Montemuro, de Leomil, e da Lapa a sul. A oriente o limite era o rio Tedo, e a ocidente o limite seria pelas bandas de Cárquere inicio do território da tribo dos Paesuri.
Os *colarinos seriam a tribo aguerrida da região de Lamego e a aldeia de Lazarim pode ser o último reduto deste étimo hercúleo.
O Entrudo de Lazarim identifica-se enquanto manifestação única de encenações ancestrais da cultura Portuguesa, surgindo ao mesmo tempo como forma de exorcizar a vida do quotidiano.
A Aldeia de Lazarim situa-se na Beira Alta, próxima do Rio Douro, Distrito de Viseu, Concelho de Lamego.
Duvida-se que alguém saiba com segurança a origem do nome de Lazarim, freguesia do concelho de Lamego.
Figura 7: a autêntica Lazarim.
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Figura 8: O “lazareto” que as pós-modernices bacocas e novorriquenhas dela querem fazer.
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Em árabe era Aláçarin, segundo Fr. João de Sousa, que diz: “Aldeia na Província da Beira, Bispado de Lamego, fundação de Zeidan, Régulo daquela Cidade. Significa as duas fortificações. Deriva do verbo haçara, fortificar, munir.
Não posso aqui deixar de mencionar, porém, a seguinte transcrição dos “manuscrits espagnols” da Biblioteca Nacional de Paris (códice 324 fls. 29 - 36 v.º) e da “Poblacion General de Espanã” de Rodrigo Mendes da Silva de 1645 que faz o Dr. J. Veríssimo Serrão e que refere:
“Lugar de Lazarim”. Està el lugar de Lazarim, Comarca de Lamego, dos leguas distante, situado em un valle orillas de su rio, prouveido de truchas; es abundante de vino, y preciado de lino; com cien vezinos, una Parroquia. Poblòla Zadam Aben Vvin, referido Regulo, años 1030, lamandole Zarim, a que despues fue añadido el la. Cimentó también en el proprio tiempo a Lalim, que entiendo es villa, dos leguas de aquella ciudad, puesta en Llano orillas del rio Lazarin, fertil de mucha castaña, mijo, y lino, com cien vezinos, una Parroquia” 150
Figura 9: Caretos de Lazarim na ferira dos Rmédios de Lamego.
Obviamente que em etimologia uma coisa é aquilo que pareceu ser a quem primeiro descreveu os nomes e outra o que terá sido desde a origem. Tanto Fr. João de Sousa quanto Rodrigo Mendes da Silva de 1645 referem a importância dum tal Zeidan, Régulo daquela Cidade, mas enquanto um diz que a fundou outro que a povoou o que significa que muito possivelmente o lugar já existia ali como forte centro de antigo povoado de gente autóctone que manteve arreigadas as suas tradições pelo menos no que à festa dos rapazes diz respeito. Na verdade, o conceito de dupla fortificação é intrínseco ao nome do deus tutelar da localidade mas não ao nome supostamente de origem árabe. Obviamente que entre cristãos ignorantes acintosos da língua árabe pode passar a relação entre haçara, Aláçarin e “duas torres”. Do mesmo modo a relação entre Zadan e Zarim terá sido apenas uma forma de afeiçoar na memória histórica os dois nomes que numa determinada época histórica estiveram de mãos dadas.
A indefinição que os mais antigos documentos dão da relação entre Alazarim e Zarim prova em parte que o nome terá sido próximo mas anterior a este e por isso mesmo apenas afeiçoado à fonética árabe. E que os etimologistas arabizantes esquecem-se que, antes dos latinos, estiveram por cá os fenícios e os gregos (e muito antes destes os minóicos) que permitiram que sempre tivesse existido uma ponte entre o pouco saber local e o muito rico saber e fazer oriental.
> Kau-lalin > «Lalim».
Colarni < Colar-inos < *Kaul-Kur > Her-Kal > Hércules.
> Caularin > Çalarim ó Alaçarim | < Zadan > |
*Alazarim > «Lazarim».
Obviamente que o conceito das duas torres da aurora não são senão as duas colunas de Hércules que mais não são do que o símbolo de Espanha e dos arcaicos cultos de morte e ressurreição solar a que os egípcios chamavam o Amenti, ou seja, o pais dos ocidentais onde ficavam as portas do inferno e o túmulo do sol.
Em Lazarim merecem particular destaque as máscaras de madeira (máscaras de Lazarim). Esculpidos por artesãos locais, caretos e senhorinhas, máscaras masculinas e femininas, são disfarces próprios da tradição carnavalesca da povoação. De facto, nesta povoação ainda se celebram os dias de Carnaval segundo as tradições de épocas de antanho, em que à festa se associam os rituais gastronómicos e religiosos, participando neles todos os membros da aldeia.
Homens e mulheres dividem-se e preparam as celebrações em separado e às escondidas, culminando a festa no Julgamento do Compadre e da Comadre.
Nas sociedades indo-europeias mais arcaicas, havia uma instituição muito característica e que tem feito correr muita tinta: as «sociedades de homens», ou, para utilizar o termo alemão, usualmente aplicado na historiografia do tema, as Manner-bünde. Tratava-se de agrupamentos fechados de guerreiros de elite, uma espécie de ascetas de guerra, inteiramente dedicados ao ideal puramente bélico do combate pelo combate que culmina no atingir duma espécie de êxtase marcial, autêntica orgia de matança, destruição e, idealmente, de morte em batalha. (…)
Ver: AVES AGOIRENTAS (***)
Na época do Yule (Natal), integravam a «Hoste Furiosa», séquito fantasmagórico de guerreiros mortos conduzidos pelas Valquírias que atroavam os céus nocturnos em tenebrosa cavalgada. Os melhores exemplos desta Manner-bünde nórdica são os Ulfe-dnirs («Pele de Lobo») e os Berserkirs («Pele de Urso») que se cobriam de peles de animais, viviam todos juntos, dedicados a Odin, afastados do resto da sociedade, respeitavam apenas a guerra, censuravam os reis pela sua cobardia, e, quando possuídos pelos furor da batalha (odr, ou wot), uivavam como lobos e acreditavam transformar-se em seres sobre-humanos.
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(…) A autora Blanca Garcia Albalat diz, na sua excepcional «Guerra e Religião na Lusitânia e na Galécia Antigas», que no quadrante étnico do noroeste hispânico, Bandue seria o Grande Deus da Guerra e talvez da Sabedoria adorado pelos grupos de guerreiros, dos quais Viriato poderia ter sido o líder mais famoso. A este título é entusiasmante verificar que lhe é atribuído o simbolismo do touro - ora, segundo um estudo muito convincente de Juan Carlos Olivares Pedreño, há uma ligação entre o Deus da Guerra do norte hispânico e o touro, teoria esta que parece confirmada por algumas descobertas arqueológicas, nomeadamente a do «Marte Pirenaico». Não me parece pois impossível que o touro de Viriato fosse, não um animal totémico, mas sim um símbolo do bando guerreiro do caudilho, cujo grande Deus de eleição seria então Bandua ou Bandia.
Na tradição popular, os Caretos devem chicotear ou bater nas jovens mulheres com um pau, para as fertilizar. Isto faz recordar que, no modo de pensar arcaico de Romanos e de Nórdicos, a energia dos jovens guerreiros do povo fertiliza os campos e vivifica toda a raça, daí que exista, desde tempos antigos, uma ligação do Deus da Guerra com a fertilidade dos campos, casos de Marte e de Thor. Merece também referência que o próprio termo «Caretos», partindo da raiz «Car-» (que também está em «caraça») e estando ou não relacionado com a palavra «cara», faz pensar na raiz de Teónimos bélicos pré-romanos, tais como aquele que viria a ser latinizado como Mars Cariociecus.
Que a cor dominante das máscaras e das indumentárias seja o vermelho, pode ou não relacionar-se com o diabo, como diria talvez a Antropologia mais formal, mas, por coincidência, traz à mente o valor simbólico que esta cor tem nas tradições guerreiras indo-europeias, segundo Dumézil. De notar que um dos epítetos de Band é Rou-dea-ecus, que Blanca-Albalat interpretou como palavra de origem céltica que significa «vermelho»...-- DIVAGAÇÕES SOBRE OS CARETOS, ELEMENTO FOLCLÓRICO DO NATAL PORTUGUÊS
Se Rou-dea-ecus é ou não vermelho como todos os deuses marciais é irrelevante por ser redundante. Na verdade, o nome significa apenas “filho do deus Rou” que seria afinal Rá, ou seja Crono / Saturno. Por sua vez Band, esposo de Bandua, seria apenas o deus Ban, ou seja Fan ou Pan, o deus das Pandorcas e das fanfarronices. Por sua vez, a relação deste deus com os «bandos» de guerreiros ébrios e orgiásticos de Odin acaba por ser ainda mais espantosa porque confirma o que já se suspeitava: que tanto o escandinavo Odin como o etrusco Tin eram deuses de bêbados o que já se suspeitava pela sua relação demasiado directa com a loucura divina dos cultos dionisíacos inspirados pela sabedoria bebida no fundo de copos de cerveja ou de vinho. A tradição dos ritos de passagem além de ser quase universal e muito arcaica encontravam-se sobretudo instituídos como ritos de iniciação militar em Creta relacionados ao mesmo com o rapto de adolescentes para a pederastia iniciática forçada e com sacrifícios humanos e canibalismo teofágico.
En la Antigua Grecia, las Liceas (en griego antiguo λυκαια, Lykaia) eran unas fiestas arcaicas con un ritual secreto en las faldas del monte Liceo, el pico más alto de Arcadia. Los rituales y mitos de este primitivo rito de paso giraban en torno a una antigua amenaza de canibalismo y la posibilidad de una transformación en hombre lobo de los efebos que participaban. La fiesta se celebraba anualmente, probablemente a comienzos de mayo.
El epíteto Liceo (Lykaios, ‘lobuno’) es asumido por Zeus sólo en relación con las Liceas, que eran las principales fiestas arcadias. Zeus tenía sólo una relación formal como patrón del ritual. En el mito fundacional del banquete de Licaón para los dioses que incluyó la carne de un sacrificio humanos, quizá uno de sus hijos, Níctimo, o su nieto, Arcas, Zeus derribó la mesa y golpeó la casa de Liceo con un rayo, pudiendo ser su patronazgo en las Liceas poco más que un formalismo. El ritual era nocturno, a juzgar por el nombre de Níctimo (nyx, ‘noche’). Los rumores sobre la ceremonia que circulaban entre los griegos giraban en torno al tema del sacrificio humano y el canibalismo: según Platón, cierto clan se reuniría en la montaña para realizar un sacrificio cada nueve años a Zeus Liceo, y mezclarían un único trozo de entrañas humanas con las del animal. Se decía que quien comía la carne humana se transformaba en un lobo, y sólo podía recuperar su forma original si no volvía a comer carne humana hasta que hubiese terminado el siguiente ciclo de nueve años.
Un santuario de Pan también estaba situado en la montaña. Según la tradición, Evandro, hijo de Hermes, guió una colonia desde Palantion en Arcadia hasta Italia, donde construyó la ciudad homónima en el monte Palatino e introdujo el culto a Pan Liceo y las fiestas de las Liceas, que más tarde se convertirían en las importantes fiestas romanas de las Lupercales.
Porfirio contaba que Teofrasto había comparado el sacrificio «en las Liceas de Arcadia» con los sacrificios cartagineses a Moloch.
É incontornável associar os cultos da licantropia que perduraram na tradição rural portuguesa como contos e mitos de «lobisomens» com a Lupercais romanas e ambas como sendo derivadas dos cultos da deusa mãe Rea Kretaia e dos curetas, uma casta guerreira aristocrática que teimou nos cultos de passagem de tipo pederásticos até tempos muito recentes.
Zagreu na religião órfica é um avatar de Dionísio, uma reencarnação do deus do vinho. Zeus pretendia que Zagreus o substituísse no trono do Olimpo. Hera, infeliz de ter que deixar sua condição de rainha dos deuses, ordenou que os Titãs o destruíssem. Ele se transformou num touro para fugir, mas foi pego, destroçado, cozinhado e devorado pelos seus inimigos. Zeus interveio aos gritos, dispersando os titãs com seus raios, salvando o coração do jovem que ainda pulsava. O coração de Zagreus foi dado à mortal Sêmele comer, de onde nasceria o filho entre Zeus e da princesa, o jovem Dioniso, deus do vinho. Conta-se que das lágrimas do jovem deus foi criada a humanidade.
Ver: CURETAS, CABIROS E CORIBAMTES (***)
Figura 10: Dolon. Détail d'un lécythe attique à figures rouges, vers 460 av. J.-C. Découvert en Italie. Soldado disfarçado de lobo ou seja, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele!
Cerca del antiguo montón de cenizas donde los sacrificios tenían lugar había un recinto prohibido donde, supuestamente, ninguna sombra era jamás proyectada. Estaba la cueva de Rea, la Kretaia, donde según la leyenda local nació Zeus y fue cuidado por las ninfas. Hubo juegos relacionados con la satisfactoria conclusión de las Liceas, retirados en el siglo IV a. C. a Megalópolis, cuando fue fundada en el 371 a. C., siendo la primera ciudad de Arcadia. Allí hubo un importante templo dedicado a Zeus Liceo, si bien los arcadios siguieron realizando sacrificios en la cima del monte Liceo hasta la época de Pausanias (siglo II).
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Possivelmente seriam ritos deste tipo que eram celebrados nas rochas sagradas da localidade de Vila Real de Panoias.
Na verdade, a história mítica confirma assim que, conforme as conveniências pressentidas pelas sociedades, os cultos de morte e ressurreição ou preparavam os jovens antes de mais para a obediência depois para a aceitação pacífica duma vida de sofrimento lento e cruel pela paz convidando-os a pobreza e castidade da vida monástica ou para o destino ingrato e fatal da guerra santa onde a glória da riqueza e do deboche neste mundo era efémera. Em ambos os casos o jovem teria depois de morto a recompensa divina da santidade ou do repouso eterno dos guerreiros.
Lamego fez várias tentativas para controlar o ímpeto das festas dos rapazes no sentido da santidade monástica com a elevação da cidade a sede de bispado mas pode dizer-se que este ímpeto se não foi em vão pelo menos andou sempre mais ou menos empatado com o militar ao ponto de a cidade ter sido afinal desde os tempos lusitanos mais um alfobre de militares do que de padres e monges.
Lamego foi uma cidade militar no tempo dos árabes por ser cidade de fronteira e continuou a ser uma cidade governada por tenentes durante a primeira dinastia e destarte se transforma num feudo aristocrata. Nos séculos XIV e XV, os Coutinhos são a família mais preponderante de Lamego, acumulando com a alcaidaria da cidade, o senhorio de extensos territórios dela. Durante o reinado de D. Afonso V, à semelhança do que aconteceu no reinado de D. João I, foram feitas grandes doações à nobreza dentro do termo de Lamego, o que acabou por atrasar o seu desenvolvimento.
A tradição de cidade militar conserva-se no facto de nela existir o CTOE que foi criado em 16 de Abril de 1960, a partir do Regimento de Infantaria Nº 9, que havia sido transferido para Lamego em 1839, com o objectivo de formar unidades especializadas em contra-guerrilha, operações psicológicas e montanhismo (os rangers de Lamego) no quartel da cruz alta bem como outros vários aquartelamentos como:
O aquartelamento de Penude, o do convento de santa cruz onde está o comando, estado-maior e companhia de comando e serviços, a messe de oficiais, no antigo seminário e antigo quartel de instrução do regimento de infantaria nº9 e a messe de sargentos no convento de s. Francisco na rua de Almacave.
O topónimo Midões corresponderia, por sua vez, ao campo de lutas, ou de treino militar, que os árabes designavam por midan.
O Complexo Desportivo de Lamego é uma referência em todo o país. Possui um conjunto de equipamentos modernos e inovadores capazes de proporcionar a prática de vários desportos e um convívio saudável. Está situado no Monte de Nossa Senhora dos Remédios, a dois quilómetros do centro da cidade, e envolvido pela mata que lhe proporciona um ambiente natural, essencial a prática do desporto. Abrange uma área total de 20 hectares, composta por espaços verdes e equipamentos desportivos.
Bandue Bandua ou Bandia não é senão um deus etrusco parédro de Van-da, a esfíngica Bona-Dea da aurora, leoa artemisina com asas de vampiro e borboleta que devorava o sol todas as tardes para o parir quotidianamente pela manhã como deus Fan ou Fauno, Ban-Dia, literalmente o anjo do “bom-dia” como a Fénix fenícia e o pássaro egípcio Benu.
Fúrias e Erínias, Lemures e Larves eram afinal bandos de míticos animais psicopompos, anjos de morte e ressurreição, de vingança e expiação, de destruição e transformação que os cultos solares incorporam nas festas dos rapazes de Trás-os-Montes como memória dos mistérios pascais e dos ritos de passagem lusitanos.
Vanth = female demon of death. Lives in the underworld. With the eyes on her wings she sees all and is omni-present. Herald of death and can assist a sick person on his deathbed. Attributes: snake, torch & key.
Vanth seems to have appeared among the Etruscans in the 4th century BCE, as Her earliest depictions only trace that far back, but She does not appear to have been imported from the Greeks, though She has been loosely linked to the Greek idea of the Erinyes (called in Rome the Furies), who were winged Goddesses of Vengeance. Once on the scene however She proved quite popular; and Her worship made it as far as Campania, where a bronze statuette of Her from 425-400BCE was found not far from Mt Vesuvius. Remembrance of Vanth may have persisted even into Roman times: in the Villa of the Mysteries at Pompeii is a famous fresco of the 1st century CE depicting some sort of Dionysian initiation ritual.
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One of the participants is a winged woman with a switch; she wears boots and a short skirt and has been identified as Vanth. Though the significance and exact order of this initiation scene is still a matter of debate, the presence of Vanth or a Vanth-like figure may relate to Her old function as a Death-Goddess or Psychopomp: for initiation is symbolically seen as dying to one's old way of life to be reborn into the new.
Like the Lasae, the Vanths are sometimes spoken of in the plural, and make up a loose band of Underworld Goddesses or Spirits.
Assim, também existe a possibilidade de um castro de treino militar ter existido na mata do Remédios e ter sido incorporado nos anexos do santuário ou nos bairros populares anexos de que a tradição da festa dos rapazes de Lazarim seria uma espécie de recruta.
Também, nem tanto por mero acaso, por Lamego existiu um bairro de Almacave com semelhanças fonéticas com Alfama, neste caso por ser local de águas-santas, naquele por ser um campo santo de heróis de guerra e por isso local de peregrinação em ritos de iniciação que ficaram até aos nossos dias como “festas dos rapazes”.
A presença de manifestações da “festas dos rapazes” na Senhora dos remédios aparece na característica e única entronização das festas com a tradição dos gigantones que são seguramente a sobrevivência arcaica das saturnálias e dos gigantes do casal primitivo dos deuses pré-olímpicos: Urano e Gaia, Crono e Ops.
Que a actual cidade resulte da fusão de lugarejos pré-históricos de que existem restos castrejos à volta tal facto não faz mais do que jus à lógica de crescimento das antigas cidades do início da revolução agrícola, como foi o caso de Roma.
Figura 11: Nossa Senhora dos Remédios, Penha-Joia de Lamego.
Sendo incerta a localização da capital da tribo dos Coilarni, nada custará no entanto admitir-se que ela seria precisamente em Naçarães, e que esta seria a tal cidade incendiada pelos romanos.
Não é esta a opinião dos galegos para quem os coelernos (em latim coelerni) era um povo pré-romano montanhês, um dos que resistiram até à chegada dos suevos, durante as invasões bárbaras na fase final do Império Romano. Os coelernos viviam entre os rios Tua e Sabor, no interior do norte de Portugal, a sul da província de Ourense (Galiza), onde tinham o seu oppidum, ou "cidade", mais importante: Coeliobriga, o actual Castromao (Celanova, Ourense).
Na verdade, a ser assim o mais provável é que Coeliobriga fosse em Celorico de Bastos e não na Galiza. Na verdade, quando a informação é pouca nem mesmo uma placa a dizer: “veni, vidi, vinci” pode garantir o que quer que seja!
Coeliobriga > Celiowrica > Celowrico > «Celorico» / < «celeiro».
Na ausência de informações exactas e na hora do turismo rural cada povo “puxa a brasa à sua sardinha”. No entanto, um grupo de arqueólogos (entre os quais Jorge de Alarcão) reuniu-se num Seminário em Paris no Centre National de Recherche Scientifique em 8-9 de Dezembro de 1988 e procurou definir os limites da Lusitânia no tempo dos Romanos. Esses limites resultam também dos limites dos três conventi em que a Lusitânia se dividia. Eis as suas conclusões: “Coilarni - seriam os habitantes da região de Lamego, como é provado pelo marco de Goujoim (Armamar).
Obviamente que a capital destes Colarni poderia ser em Armamar se, como único argumento a seu favor, pudesse provar-se que Laconimurgi era em Queimada.
Ainda hoje, note-se de resto, a tradição oral vinda da fundura dos tempos, nos diz da cidade de “Conimuge,” queimada pelos romanos. O próprio autor destas linhas ouviu esta versão na sua meninice, assim como ouviu a explicação popular para a cor avermelhada do barrento solo de Naçarães. Dizia esta com a fértil imaginação do povo, que tal cor se devia ao tingir da terra pelo sangue ali vertido há muitos séculos em dura batalha travada. Falamos de lenda, mas que existe forte cruzamento de ficção e verdade provada, será um facto, mais a mais se atentarmos na coincidência fonética entre os nome da tribo, e das cidades aludidas quer na História quer na tradição popular. Se nos quedarmos um pouco na própria análise geográfica do vale de Naçarães e do território que o envolve, facilmente verificaremos ser ele constituído por terras férteis, com água abundante, e com uma enorme variedade de culturas agrícolas, resguardadas naturalmente pelas elevações da Fraga da Pena, do Monte Raso, do Coto, e essencialmente do Monte de S. Domingos, que as tornariam inacessíveis a investidas inimigas, pelo menos de surpresa.
No entanto a tradição popular referida é demasiado vaga para ser alguma coisa e mesmo Queimada ou Valdigem são locais duvidosos para a Laconimurgum de Ptolomeu, tanto mais que não sabemos se esta cidade não terá sido entretanto reconstruída podendo corresponder a outros locais da Península Ibérica, pois se tivesse sido abandonada teria deixado ruínas que não se encontram na zona de Armamar.
Vettonum oppid. in Lusitania. Lamego Moletio. Baudr. ubi nunc forte Colmenar, castr. Extremadurae Castellanae, versus Carpetanos montes. – LACONIMURGI, Plin. l. 3. c. 1. Laconimurgum Ptol.
A este respeito cada povo recolhe das incerteza dos dados de Ptolomeu o que mais convêm à historiografia turística moderna que os espanhóis situam ora em Puebla de Alcocer ora em Nalvalvillar de Pela (Badajoz).
En la Lusitania de Ptolomeo, observamos que algunas poblaciones se encuentran mal situadas, como ejemplo citamos: Laconimurgi (Laconimurgi) situada en el mapa de Ptolomeo, en la perpendicular de Manliana, sin embargo, Laconimurgi, está a 124 kms. hacia el sur, hoy localizada en Nalvalvillar de Pela (Badajoz) muy próxima al límite con la provincia de Cáceres, y a pocos kms. de Mérida. Ptolomeo en su mapa la sitúa a 32 km. al sur de Cáparra, y a esa distancia corresponde, Rvsticiana (Rusticiana), en el término de Galisteo, un error de casi los 100 kms. Hemos destacado este ejemplo, (pero existen muchos otros) que determina la inexactitud de las ubicaciones de estas poblaciones, ¿porqué no podríamos hablar de que esta población citada en el mapa de Ptolomeo, estuviera ubicada aquí?
Le P. Hardouin croit que c'est présentement Constantina dans l'Andalousie, au - dessus de Penaslor. (D. J.)
Claro que sem se saber onde ficava a tal Murgi (de Lamego ao concelho transmontano de Murça ainda é longe mas, para o mundo plano do geógrafo Egípcio, poderiam ser terras vizinhas, quem sabe se parte dum reino pré-romano de que Murça seria a capital!) é difícil se é com razão ou sem ela que esta aparece associada a Lamego. Na verdade, Laconimurgum era supostamente uma cidade dos túrdulos da Bética. Pode mesmo nem sequer ser um topónimo mas um nome plural duma tribo ou região, hoje parte do distrito de Vila-Real, que iria até Murça e poderia começar num qualquer lugar com nome de “Fonte Longa”. Laconi é uma comuna italiana da região da Sardenha e poderia ter sido nome de uma região tribal na Lusitânia.
El término lacón es una voz gallega, derivada del latín lacca, que carece de traducción al castellano. Hace referencia al brazuelo o pata delantera del cerdo, especialmente a su carne curada. Nos encontramos, por tanto, ante un concepto genuino que define un producto arraigado en las más viejas costumbres de nuestra tierra.
No máximo Laconi teria dado San-Gião por Al-Gião e não Lamego e Lanio o lugar-comum de todas as vilas Chãs deste país.
A ubs lemacenorum aponta, numa primeira tradução para uma cidade dos Lemacenos. No entanto, autores espanhois dizem que os lemacenos eram os limianos, o que diga-se, é muito pouco provável.
Quanto a Laconimurgum não ficava seguramente no cume do monte de S. Domingos nem por lá perto mas este local tem uma forte carga mítica a respeito da primazia na chefia dos povos colarni que merece ser aqui contada como exemplo do quanto a vaidade dos grandes que fazem a história pode mudar e falsear o nome das pessoas e das coisas.
A referência mais antiga de que se tem conhecimento a S. Domingos data de 1163. A ermida de S. Domingos está situada num dos locais mais bonitos da região, pela magnífica paisagem que dali se pode contemplar. A cerca de 750 metros de altitude daqui se avistam territórios pertencentes a muitos Municípios e a três Distritos diferentes: Viseu, Vila Real e Porto.
Desde os tempos medievais, o monte de S. Domingos, e mais a sua ermida, exerceram forte atracção não somente nas populações vizinhas, como também nas de lugares mais distantes que ali acorriam em mais ou menos piedosas peregrinações. “As romarias em cumprimento de votos colectivos ao Espírito Santo efectuavam-se principalmente na oitava novena do Pentecostes com todo o cortejo de manifestações piedosas e profanas próprias dos grandes ajuntamentos de gente que ali se deslocava para rezar e cumprir promessas, mas não dispensava as tocatas, barulhos e comezainas dentro e fora da capela onde também passavam a noite amontoados, ou em grutas naturais já que outros albergues não havia. Por outro lado, o padroeiro da freguesia de Valdigem é São Martinho que deve ter sido o primeiro orago deste monte. Assim, apesar do monte ter o nome de S. Domingos de Gusmão é garantido que esta não deve ter sido a primeira devoção cristã deste monte castrejo.
LENDA ANTIGA DE S. DOMINGOS DE QUEIMADA
Quando por aqui passaram as hostes romanas de Trajano que acamparam no Castro de S. Domingos, um chefe militar ou lugar-tenente raptou, à passagem por Queimada, uma linda rapariga por quem se apaixonou. Procurou convencê-la a segui-lo para o acampamento. Renitente, acabou por ir à força.
A moça tinha sete irmãos que tentaram, em vão, defender a honra da rapariga. Presos, foram degolados. Um deles, segundo a lenda, terá sido o primitivo S. Domingos em honra do qual foi erguida a ermida, no alto do monte do mesmo nome que na altura pertencia ao termo de Queimada, e de onde se avistam os restantes seis irmãos, todos santos e cada um com a sua ermida, aquém e além Douro, como é o caso de S. Leonardo de Galafura.
Galafura < Kalakura < Karakula > Hercules.
No entanto o monte já era conhecido por ter poderes míticos de fertilidade, seguramente porque ali se realizavam cultos a deuses de fertilidade agricula e onde teria em tempos existido ritos de prostituição sagrada. Diz o cicerone do local:
“O Rei D. Afonso V e sua mulher D. Isabel andavam desolados porque os anos iam passando sem conseguirem ter um filho para lhes suceder no trono de Portugal.
Tendo tomado conhecimento que no cimo do Monte Fontelo, em Queimada, Armamar, havia uma capela dedicada a S. Domingos de Gusmão, centro de grande devoção popular, resolveram ir lá em peregrinação pedir a graça que desejavam.” Foram ouvidos, pois em 16 de Fevereiro de 1452 nascia uma linda menina a quem puseram o nome de Joana. Aos oito dias foi solenemente baptizada com grande regozijo, e no paço real lhe foi religiosamente jurada fidelidade por todos os vassalos da pequenina herdeira ao trono de Portugal.
Santa Joana Princesa - http://dominicanos.pmeevolution.com/index.asp?art=6602
“O Rei D. Afonso V e sua mulher D. Isabel andavam desolados porque os anos iam passando sem conseguirem ter um filho para lhes suceder no trono de Portugal.
Tendo tomado conhecimento que no cimo do Monte Fontelo, em Queimada, Armamar, havia uma capela dedicada a S. Domingos de Gusmão, centro de grande devoção popular, resolveram ir lá em peregrinação pedir a graça que desejavam.” Foram ouvidos, pois em 16 de Fevereiro de 1452 nascia uma linda menina a quem puseram o nome de Joana. Aos oito dias foi solenemente baptizada com grande regozijo, e no paço real lhe foi religiosamente jurada fidelidade por todos os vassalos da pequenina herdeira ao trono de Portugal.
Santa Joana Princesa - http://dominicanos.pmeevolution.com/index.asp?art=6602
[1] (Tlicue) < Tel-Coa, lit. «Telus (que se es)coa, como leite, (pelos rios abaixo)!
[2] Do radical *mash- deriva o termo «mecha» • (Fr. mèche), s. f. pedaço de papel ou pano embebido em enxofre, para defumar vasilhas de vinho; • pavio, torcida; • rastilho. Mas, terá sido por via franca ou por via árabe (e com a pólvora!) que este termo sumério chegou a ocidente? De qualquer modo, mais uma vez é a persistência deste tipo de arcaísmos nas línguas latinas que nos permitem confirmar o significado das pistas que percorremos.
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