Sobre a dependência de Lucas em relação a Marcos as dúvidas desvanecem-se quando nos centramos num dos episódios que nenhum dos sinópticos descreve: o da ”ressurreição de Lázaro” porque o silêncio clamoroso de Marcos canónico explode escandalosamente no Evangelho Secreto de Marcos, referido por Clemente de Alexandria. Nem poderia esperar-se que as coisas tivessem acontecido de outro modo! Um segredo iniciático só podia ser revelado a outros iniciados e é precisamente a força deste princípio definidor dos mistérios antigos que a todos nos deixou na ignorância sobre o conteúdo ritual dos cultos pascais de morte e ressurreição da antiga tradição clássica e antiga!
Repetiremos primeiro a versão dada deste mesmo episódio por sua irmã no Evangelho segundo S. João, supostamente inspirado por Maria Madalena.
Joan 11: 1 Estava, então, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta. 2 E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com unguento e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão, Lázaro, estava enfermo. 3 Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que aquele que tu amas está enfermo.
192, Entonces, cuando ellos estaban sentados a la mesa, he aquí que María, la que lloró a los pies de Jesús, entró a la casa de Nicodemo (ya que ése era el nombre del escriba), y llorando se puso a los pies de Jesús, diciendo: “Señor, tu sierva, que a través de ti encontró misericordia con Dios, tiene una hermana, y un hermano que ahora yace enfermo en peligro de muerte”.
Jesús contestó: “¿Dónde está tu casa? Dime, ya que yo iré a rezar a Dios por la salud de él”.
María respondió: “Betania es (el hobar) de mi hermano y mi hermana, ya que mi propia casa está en Magdala: mi hermano, por lo tanto, está en Betania”.
Dijo Jesús a la mujer: “Ve tú inmediatamente a la casa de tu hermano, y espérame allí, ya que yo acudiré a curarlo. Y no temas, ya que él no morirá”.
La mujer partió, y habiendo llegado a Betania encontró que su hermano había muerto ese día, así que lo tendieron en el sepulcro de sus padres. -- Evangelio Bernabé.
Maria Madalena sabia que o seu amado Jesus amava o cunhado (pelo menos no pressuposto duma relação de efectiva acasalamento natural entre ambos) o que em si mesmo nada teria de anómalo, de acordo com a moralidade vigente tanto em toda o classicismo desse tempo como ainda em muitas partes do médio oriente dos tempos actuais, e duma forma geral em quase todo o mundo mediterrânico moderno! De resto, se à hipocrisia do silêncio católico não se tivesse sobreposto o puritanismo vitoriano e burguês do protestantismo teríamos chegado à modernidade com a aceitação tácita de muita variante natural da moralidade aceitando que todas elas podem caber nos limites dos “direitos humanos” que afinal, são o grande triunfo do cristianismo profundo e original herdado do reencontro helenístico do “milagre grego” com as raízes orientais de toda a cultura antiga!
Não obstante, o evangelho de Barnabé parece ignorar tamanha familiaridade na afirmação de Jesus: “Onde está a tu casa? Diz-me, pois irei rezar a Deus pela saúde dele”.
Obviamente que estamos perante uma corrupção natural de texto na base do preconceito de que entre Jesus e esta Maria, que nem sempre foi aceite como sendo Madalena, não havia intimidade alguma quando a dúvida de Jesus seria aqui e neste momento apenas retórica porque, como o resto do texto aponta Lázaro, tinha varias residências. De resto, Jesus, como adiante se demonstrará, sabia bem demais o que se estava a passar.
Ver: PEDERASTIA INICIÁTICA (***)
O verdadeiro e imperdoável pecado contra o Espírito Santo consiste na falta de senso e de bom senso; no “ ter olhos e não ver” a verdade que é o compromisso do catolicismo ritualista com o paganismo popular.
O que mais irrita na heurística cristã é terem a verdade debaixo dos olhos e fingirem ver coisas estranhas e sublimes para ressalvarem falsas verdades teológicas que raramente estão presentes nos textos!
De facto, a retórica moral dos evangelhos pode revelar-se hoje verdadeiramente anacrónica em muitos aspectos mas a descrição factual, quando despida da retórica do miraculoso fantástico e do profetismo da época, consegue ser, na sua simplicidade rural que é mais franca, verdadeira e realista do que muitos cristãos desejariam. Quase sempre a verdade está lá bem patente, por vezes até sem grandes floreados retóricos beatos e sem que sejam suspeitas grandes manipulações redactoriais, algumas mesmo demasiado óbvias!
João. 11: 4 E Jesus, ouvindo isso, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas (para glória de Deus), para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.
É estranho (ou nem tanto pois é nas águas turvas que se pescam quimeras) que os teólogos nunca tenham procurado um denominador comum para as variantes canónicas com que Jesus se referia a si mesmo enfaticamente.
Como o triunfo messiânico na perspectiva de Jesus implicava uma ruptura na tradição sacerdotal judaica com a criação dum “sacerdócio novo” tal como veio a ser teorizado por S. Paulo é de aceitar que fazia algum sentido retórico Jesus associar o seu triunfo pessoal com o objectivo da maior glória de Deus, como à época faziam todos os profetas e criadores de novos movimentos religiosos. Não nos devemos esquecer que a religião era a forma de fazer política de massas da época, tal como continuou a ser no ocidente até à revolução americana e francesa. No entanto a redundância do texto soa a apologética tardia e é duvidoso que Jesus invocasse o nome de Deus em vão a propósito de tudo e de nada. Por outro lado é quase seguro que Jesus se autoproclamava apenas como “filho do homem” fosse no sentido genérico fosse enquanto fidalgo e pretendente ao trono messiânico pelo que onde o texto refere filho de Deus é já uma grave interpolação ou o autor que escreveu o 4º evangelho estava já comprometido com o caminho que o cristianismo estava a levar no sentido do endeusamento de Jesus, pecado de idolatria que parece ter sido começado entre os gnósticos precisamente para conseguirem dar congruência ao escândalo racional da ressurreição dum ser humano.
Ver: JESUS, O JUDEU (***)
Se Jesus garantiu que a enfermidade não era para morrer, mas para que o “messias” pudesse ser glorificado, como é que os crentes chegaram a perder a razão nesta história? Quem mentiu sobre a ressurreição de Lazaro não foi Jesus (filho de Deus como qualquer crente, afinal) mas toda a tradição interpretativa posterior?
João. 11: 5 Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. 6 Ouvindo, pois, que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava. 7 Depois disso, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. 8 Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e já tornas para lá? 9 Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. 10 Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.
Perante a resistência impertinente dos discípulos Jesus replicou como quem diz: Não sejam timoratos porque vamos com calma e segurança, caminhando apenas nas suficientes 12 horas do dia, porque quem se mete à noite por atalhos encontra de dia trabalhos redobrados! De facto, o estilo da última sentença sibilina de Jesus, feita de banalidades de sabedoria de anexim e trocadilhos semânticos (ou de erros redactoriais, vá-se lá saber!), iria fazer as delícias dos escritos gnósticos e serviu aqui seguramente apenas para confundir os já naturalmente pouco esclarecidos discípulos e, assim, contornar a manifesta inconsistência das justificações de Jesus para o seu estranho comportamento num assunto que ou era...ou não era sério. Por um lado, era a verdade patente aos olhos do senso-comum expresso pela voz dos discípulos e, por outro, teria que haver uma verdade oculta qualquer a justificar as desculpas esfarrapadas que Jesus estava a dar para o seu estranho comportamento.
Na verdade, não seria seguramente a primeira vez que Jesus viajaria de noite em situações bem mais perigosas como se pode provar!
Marcos, Capítulo 11: E Jesus entrou em Jerusalém, no templo, e, tendo visto tudo ao redor, como fosse já tarde, saiu para Betânia, com os doze.
Ser tarde é o mesmo que fim da tarde e apela para o por do sol. Sair para Betânia implica uma caminhada que na época da Pascoa ainda iria apanhar um bom bocado de noite, sobretudo se a Betânia histórica fosse a da Transjordânia e não a que se supõe ficar a cerca de 3 km de Jerusalém! Na verdade, enquanto ponto de refúgio de Jesus é mais provável que este fosse perto da terra dos essénios, na região em que noutro contexto idêntico Marcos chama Dalmanuta, S. João Efraim e outros apenas do outro lado do Jordão!
Ver: JESUS, O BOM NADADOR (***)
No entanto, ainda que Jesus, como pessoa sensata, não gostasse de andar de noite, como as noites mediterrânicas costumam ser claras ao luar, numa caso de vida ou de morte, como este veio a parecer, Jesus seguramente que nem olharia para trás! Assim, pode postular-se que, os dois dias que Jesus esperou foram os necessários para que a ressurreição fosse possível ao mágico 3º dia, ou seja, nem mais nem menos do que o que viriam a ser necessários para a sua própria ressurreição mística e mistificadora! A verdade é que a sua levou menos tempo pois desde 6ª feira à tarde até Domingo de manhã vai quanto muito dia e meio mas vá lá a gente saber como aguentaram os cristãos, tanto tempo, estes erros de contas.
Ver: TRIPLA PREDIÇÃO DA PAIXÃO (***)
Obviamente que Jesus estava a tentar empatar para ganhar tempo e só ele saberia lá porquê! Se não foi por isto, foi o quê? Insensatez? É que, mesmo se a doença não fosse mortal e Lázaro tivesse de facto morrido, Jesus, ao não ter acorrido logo em auxílio do seu amigo Lázaro, se não fosse acusado nos tribunais da opinião pública de negligência por falta de assistência, sê-lo-ia no tribunal da sua rigorosa consciência moral…se não fosse facilmente perceptível que Jesus bem sabia o que se passava e por isso insistiu na afirmação de que Lázaro apenas dormia! A verdade porém é que mais adiante as duas irmãs de Lázaro o virão a acusar implicitamente disso e Jesus só podia ignorar esse risco sabendo que ele só muito remotamente existia! Enfim, Jesus revela-se aqui um mestre da gestão de riscos!
João, capítulo 11: 11 Assim falou e, depois, disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. 12 Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. 13 Mas Jesus dizia isso da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono.
A interpolação piedosa do corrector evangelista é patente:
”Dixerat autem Iesus de morte eius, illi autem putaverunt quia de dormitione somni diceret”.
Obviamente que os discípulos de Jesus eram ainda ingénuos e um pouco retardados culturalmente pois diz a tradição metafórica das escrituras que teria que se passar a tragédia da paixão para que abrissem os olhos do espírito e da alma! Se Cristo continuasse a insistir na metáfora do sono os tacanhos discípulos acabariam por colocar o plano da ressurreição de Lázaro em perigo! Por isso Jesus decidiu-se por uma mentira piedosa mitigada por um desabafo desalentado: *Ainda bem que não estávamos lá (porque sois incapazes de ver a verdade à frente dos olhos) e só não vendo acreditais! Por isso e bem credível que os discípulos nem sequer tenham dado conta do que aconteceu junto ao Túmulo de Lazaro pois Jesus não os terá deixado ir com ele até ao túmulo.
Não será esta apenas a razão do silêncio dos sinópticos sobre esta passagem mas pode ter contribuído para isso.
The Silence of the Other Gospels. There is here, no doubt, some difficulty. But the desire of the early Christians, as many scholars think, to screen the family from danger may have kept the story from becoming current in the oral tradition whence the Synoptics drew their materials, though Matthew was probably an eyewitness. But, in any case, the Synoptics do not pretend to give all the deeds of Jesus, and in the report by them we have few save those which were wrought in Galilee. -- The International Standard Bible Encyclopedia.
A International Standard Bible Encyclopedia coloca o silêncio dos sinópticos num nó górdio cuja explicação só pode ser mesmo a duma necessidade familiar que S. João, escrito muito mais tarde, sabia já não existir, quiçá porque, depois da queda de Jerusalém na primeira guerra judaica, Lázaro e a família tinham deixado de existir ou de ser perseguidos pelos saduceus. Mas pode acrescentar-se a isto o facto de Lázaro ser o próprio João Marcos que por razões muito mais íntimas resolveu omitir esta cena que reservou para o seu evangelho secreto. Mateus manteve o segredo por Marcos ser seu irmão ou parente próximo e Lucas, porque não o encontrou escrito nem em Marcos nem em Mateus nem na tradição oral que só viria a saber deste facto depois de escrito pelo 4º evangelho, também o omitiu. Os Saduceus, esses não tinham qualquer interesse que esta história se soubesse como fica patente no próprio texto sagrado.
João, capítulo 11: 14 Então, Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto, 15 e folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis. Mas vamos ter com ele. 16 Disse, pois, Tomé, chamado o Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.
Ora, Lazaro era não apenas amigo e cunhado de Jesus como um intrépido e corajoso jovem que se tinha predisposto a assumir os riscos duma morte e ressurreição iniciática (que Jesus tinha aprendido com os terapeutas egípcios e com o essénios) como uma espécie de ensaio prévio para o que este viria a infligir a si próprio num inteligentíssimo estratagema para ludibriar os seus poucos astutos inimigos políticos. Jesus tinha tudo calculado e quando disse: Lázaro está morto, sabia, pela hora solar e pelas instruções que teria dado ao próprio Lázaro em devido tempo, que teria entrado nesse momento em morte aparente, de acordo com os efeitos que ele esperava das doses de droga que lhe tinha deixado!
Na devida altura se falará sobre as implicações morais deste postulado que afinal só vem tornar Jesus bem menos sonso do que Nietzsche o supunha e mais inteligente e realista do que o tem entendido os cristãos!
Ver: PAIXÃO DE JESUS (***)
193 Jesús permaneció dos días en casa de Nicodemo, y al tercer día partió hacia Betania; y cuando él estaba cerca del pueblo envió a dos de sus discípulos por delante, para anunciar su llegada a María. -- Evangelio Bernabé.
João, capítulo 11: 17-19Quando chegaram a Betânia, souberam que Lázaro já estava sepultado havia quatro dias. Betânia ficava a poucos quilómetros na estrada para Jerusalém, e muitos dos judeus tinham ido para consolar Marta e Maria na sua perda. 20-22Quando Marta soube que Jesus vinha a caminho, foi ao seu encontro; mas Maria ficou em casa.
Até aqui podemos dizer que Barnabé e João se completam sem se contradizerem. Marta pode ter sabido da vinda de Jesus pela voz do pregão popular que noutros tempos antecipava os grandes eventos sociais e é possível que tivesse tentado ir ao encontro do mestre enquanto Maria (Madalena) ficava em casa como uma boa esposa judia aguardando ordem directas de seu marido. Por sua vez este comportou-se como um esposo dedicado enviando adiante como emissários dois dos seus discípulos “para anunciar su llegada a Maria”
Assim, se na descrição do encontro de Jesus com as duas irmãs o Evangelho de Barnabé em pouco difere do de João as pequenas diferenças entre eles são demasiado importantes, desde logo por haver uma óbvia troca de nomes, para que não tenham que ser discutidas.
Sabemos que o Evangelho de João foi dos mais manipulados da história cristã precisamente para os despir da carga gnóstica e o tornar aceitável pela ortodoxia vigente por isso alguém quis premeditadamente afastar Maria (Madalena) do encontro com Jesus, vá-se lá saber por quê. De facto, nem sempre as alterações textuais ao longo dos tempos são intencionais porque as mais das vezes resultam de meros erros de percursos. Como o evangelho secreto de Marcos nem sequer nomeia nenhuma das irmãs não temos como objectivamente desempatar esta dúvida.
Porém, existem fortes razões para, neste ponto, aceitar a versão de Barnabé como a mais plausível. Primeiro porque a relação entre Lázaro e Maria Madalena aparece noutros contextos como muito forte. Segundo porque a versão de Barnabé já refere Maria como sendo a que primeiro pediu a Jesus para que regressasse a casa para tratar do irmão. Finalmente porque adiante se verá que é o próprio texto de João que dá a entender que Jesus falou com Maria Madalena precisamente nos termos em que é referido ter falado com Marta.
João, capítulo 11: 21 Disse, pois, Marta a Jesus: - Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 22 Mas também, agora, sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá. 23 Disse-lhe Jesus: - Teu irmão há de ressuscitar. 24 Disse-lhe Marta: - Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último Dia. 25 Disse-lhe Jesus: - Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; 26 e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isso? 27 Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo. | Ella salió corriendo del pueblo, y cuando ella hubo hallado a Jesús, dijo, llorando: “Señor, tú dijiste que mi hermano no morirá; pero ahora él ha estado sepultado cuatro días. ¡Ojalá que hubieses venido antes de que yo te llamara, ya que entonces él no habría muerto!”. Jesús contestó: “Tu hermano no está muerto, sino que duerme, así que yo vengo a despertarlo”. María respondió, llorando: “Señor, de ese sueño él será despertado el Día del Juicio por el ángel de Dios sonando su trompeta”. Jesús contestó: “María, créeme que él se levantará antes (de ese día), ya que Dios me ha dado poder sobre su sueño; y en verdad te dijo que él no regreso muerto, ya que sólo está muerto el que muere sin hallar misericordia con Dios”. -- Evangelio Bernabé |
A retórica gnóstica do evangelho de João soa de facto a viola num enterro e a verdade é que mesmo o senso comum cristão, herdado de arcaicas crenças egípcias, aceita que só está condenado às penas eternas do inferno da inexistência os que morrem em pecado mortal, ou seja, sem a misericórdia de Deus.
Ver: MADALENA (***)
Marta não levou muito a sério a conversa salvífica de Jesus e tê-la-á achado mesmo um pouco de mau gosto e despropositada na boca dum amigo que se estivesse estado ali (mais cedo) teria então, sim salvo o amigo da more pelo que o versículo 22 deste capítulo parece uma desadequada interpolação em completo desacordo com as lacónicas, secas e cínicas respostas subsequentes de Marta.
João, capítulo 11: 28 E, dito isso, partiu e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está aqui e chama-te. 29 Ela, ouvindo isso, levantou-se logo e foi ter com ele. 30 (Ainda Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.) 31 Vendo, pois, os judeus que estavam com ela em casa e a consolavam que Maria apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali. 32 Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: - Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 33 Jesus, pois, quando a viu chorar e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito e perturbou-se. | María regresó rápidamente a anunciar a su hermana Martha la llegada de Jesús. Sucedió entonces que estaban reunidos allí a la muerte de Lázaro un gran número de judíos de Jerusalén, y muchos escribas y fariseos. Martha, habiendo oído de su hermana María de la llegada de Jesús, se levantó de prisa y salió corriendo, y entonces la multitud de judíos, escribas, y fariseos, la siguieron para consolarla, ya que ellos supusieron que ella iba al sepulcro a llorar sobre su hermano. Entonces, cuando ella llegó al lugar donde Jesús le había hablado a María, Martha dijo llorando: “Señor, ¡ojalá que hubieses estado aquí, porque entonces mi hermano no habría muerto!” María entonces llegó llorando; así que Jesús derramó lágrimas, y dijo suspirando: “¿Dónde lo habéis colocado?”. Ellas respondieron: “Ven y mira”. -- Evangelio Bernabé. -- Evangelio Bernabé. |
Também Maria mostrou o seu desgosto pelo atraso, que supunha fatal, do marido e pelo choro generalizado do velório chegou a temer o pior.
Teria chegado tarde demais? Ter-se-ia enganado nos seus prognósticos e exagerado na demora ou na dose da droga que o colocou mais cedo que o previsto em estado de morte que poderia já não ser aparente?
Jesus esperava encontrar Lazaro em morte aparente mas muito seguramente apenas de 3 dias e não de 4! Como Jesus tinha calculado bem o tempo ou os discípulos contrariados o tinham atrasado meio-dia, ou Lázaro teria tido um susceptibilidade inesperadamente intensa à droga que lhe deixou ou teria Lázaro, na sua leviandade juvenil, exagerado na dose ou, o que é pouco provável, Jesus teria preparado mal a dose ou subestimado o peso do jovem. Demasiadas incertezas para que não fosse natural a súbita intranquilidade de Jesus. E, por isso, Jesus se perturbou. Talvez seja esta a razão porque os discípulos a afastaram segundo a versão secreta de Marcos que nestes pormenores costuma ser cáustico e conciso.
No entanto, pela forma brusca como Jesus se irritou de seguida com os discípulos quando, na versão secreta de Marcos, estes afastaram Maria Madalena somos levados a pensar que Jesus já sabia que estava um bocado atrasado e começado a temer o pior! Não teria Lázaro aguentado o estado de morte aparente e teria morrido de susto encerrado 48 horas num túmulo abafado pelo calor mediterrânico?
Apressado procurou saber de imediato onde estava Lázaro e chorou, quiçá de desespero! A versão do “evangelho secreto de Marcos” é a este respeito reveladora da irritação e pressa de Jesus!
E, aproximando-se, ela se prostrou diante de Jesus e lhe disse: "Filho de David, tem clemência de mim". Mas os discípulos afastaram-na. Irritando-se, Jesus foi com ela para o jardim onde estava o túmulo. - E.S.M.
João, capítulo 11: 34 E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem e vê. 35 Jesus chorou.
María entonces llegó llorando; así que Jesús derramó lágrimas, y dijo suspirando: “¿Dónde lo habéis colocado?”. Ellas respondieron: “Ven y mira”.
Os comentários contraditórios que se seguiram, e a que Marcos não deu importância, são típicos dum velório onde entra o médico que chegou tarde para tratar dum doente que acabou por morrer jovem.
Los fariseos se dijeron entre ellos: “Ahora bien, este hombre, que resucitó al hijo de la viuda en Naim, ¿por qué dejó que este hombre muriera, habiendo dicho que él no morirá?”.
Habiendo llegado Jesús al sepulcro, donde todos estaban llorando, dijo: “No lloréis, porque Lázaro duerme, y yo vengo a y yo vengo a despertarlo”.
Los fariseos se decían unos a otros: “¡Ojalá que tú durmieras así!”. Entonces dijo Jesús: “Mi hora aún no ha llegado; pero cuando llegue yo dormiré de manera similar, y seré despertado rápidamente”. Entonces dijo Jesús: “Retirad la piedra del sepulcro”. -- Evangelio Bernabé.
Espanta dar conta de que a forma como Barnabé descreve os diferentes passos da cena é muito mais plausível e realista que a descrição do evangelho de João. Para os judeus amigos da família de Lázaro este estava morto e bem morto e até fedia não porque ousassem verifica-lo mas porque a sensatez o mandava deduzir e por isso murmuravam contra a petulância de Jesus que ousava ressuscitar os desconhecidos em nome de Belzebu e havia abandonado o amigo. A atmosfera de intriga e de inimizade contra Jesus deveria ser de cortar à faca e Barnabé descreve-a com mestria!
João, capítulo 11: 38 Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, foi ao sepulcro; e era uma caverna e tinha uma pedra posta sobre ela. 39 Disse Jesus: Tirai a pedra.
O nervosismo de Jesus era patente no seus andar irrequieto e na pressa com que mandou retirar a pedra!
É impossível saber como teria sido redigido este versículo originalmente mas seguramente que houve manipulação para passar o verbo “cheirar mal” do presente para um tempo hipotético para que a redacção fora a mais adequada a uma morte aparente: *já cheirará mal porque já tem 4 dias! Na verdade, é assim que melhores traduções referem este versículo, João 11:39.
João Ferreira de Almeida Atualizada (AA): Senhor, já cheira mal, porque está morto há quase quatro dias.
O Livro (OL): Já deve cheirar muito(?) mal, porque há quatro dias que morreu.
Louis Segond (LSG): Seigneur, il sent déjà, car il y a quatre jours qu'il est là.
La Bible du Semeur (BDS): Seigneur, il doit déjà sentir. Cela fait quatre jours qu'il est là.
O simples facto de haverem versões que usam o verbo em tempo hipotético vai de encontro à necessidade que sempre existiu de justificar o facto com o tempo de pos mortem. Quando uma afirmação precisa de justificação pela via dedutiva é porque faltam dados objectivos para induzirem a verdade factual.
De facto, 48 horas numa cova solitária não põem ninguém a cheirar assim tão mal porque quem não come nem bebe durante três dias também pouco ou nada excreta! Mas é duvidoso que os notáveis e formalistas judeus que seguiram Maria Madalena até ao jardim onde estava o túmulo o fizessem se cheirasse de facto mal pois os tabus mortuários judaicos os teriam deixado horrorizados com o intenso cheiro da morte e posto em fuga com medo de ficarem impuros para a próxima pascoa!
João, capítulo 11: 40 Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?
Aqui o redactor foi objectivamente desleixado pois se tivesse revisto o texto teria dado conta que foi com Marta que João pós Jesus no despropósito de falar em técnicas religiosas de reanimação de mortos aparentes diante dum morto enterrado num túmulo há quatro dias…ou será que houve mesmo troca de nomes mas não no evangelho de Barnabé mas no de João?
É importante referir aqui que nem a ressurreição de Lázaro nem a de Jesus teria acontecido com a facilidade com que aconteceu se os judeus cremassem os seus mortos como os indo-europeus ou os exumassem como os ocidentais. Como normalmente os cristãos, sobretudos os primeiros convertidos, eram incultos e apenas entendiam que um morte seria sempre enterrado como era comum no ocidente foi-lhes fácil aceitar a absoluta impossibilidade física de alguém aparecer vivo depois de enterrado debaixo da terra sem a ajuda miraculosa de Deus!
João, capítulo 11: 41 Tiraram, pois, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. 42 Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isso por causa da multidão que está ao redor, para que creiam que tu me enviaste. 43 E, tendo dito isso, clamou com grande voz: Lázaro, vem para fora.
A grandiloquência operática da redacção de 11:41-43 contrasta com a singeleza sintética de Marcos secreto, um jovem rico mimado e indolente não apenas no estilo, como se verá noutros contextos, ao ponto de Paulo se ter zangado com ele nos Actos! O que terá acontecido pode ter sido mais brusco e natural. Lázaro que já estava farto da demora de Jesus, que estaria enfaixado de acordo com os rituais judaicos assim que o pressentiu por perto quando “Disse Jesus: Tirai a pedra”, começou aos berros debaixo do lençol que lhe cobria o rosto e que estes soaram como urros saídos dum túmulo.
E imediatamente um grande som saiu do túmulo, e Jesus, enquanto ia ao seu encontro, rodou a pedra de fora da entrada do túmulo. E entrando imediatamente onde o jovem estava, ele esticou uma mão e o levantou, enquanto lhe segurava a mão...
Enquanto esbaforido ia rolando a pedra do túmulo “levantou os olhos para o céu, dize(ndo): Pai (do céu), eu te dou graças, por me haveres ouvido” (os pensamentos e permitidos que ele estivesse ainda vivo)!
A verdade é que a brincadeira ia dando para o torto e por isso Jesus não esperou que outros rolassem a pesada pedra tumular e entrou a correr no túmulo!
Entonces el que estaba muerto se levantó; y Jesús dijo a sus discípulos: “¡Desatádlo!”, ya que él estaba envuelto en el sudario con la tela sobre su cara, tal como nuestros padres solían enterrar (a sus muertos). --
Um deus todo-poderoso capaz de ressuscitar mortos teria agido nesta cena com toda a calma, pompa e circunstância que Jesus manifestamente não teve!
Então, o homem olhou para ele e o amou e ele começou a chama-lo para junto de si, porque ele queria estar com ele. E saindo do túmulo, eles foram para a casa do jovem, porque ele era rico. - E. S. M.
O resto do texto do 4º evangelho é apenas encenação operática composta a partir de indícios mais ou menos verosímeis!
João, capítulo 11: 44 E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto, envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir. 45 Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria e que tinham visto o que Jesus fizera creram nele. 46 Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.
Ver: EVANGELHO SECRETO DE MARCOS (***)
João, capítulo 11: 47 Depois, os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho e diziam: Que faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais. 48 Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação. 49 E Caifás, um deles, que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, 50 nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo e que não pereça toda a nação. 51 Ora, ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. 52 E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos. 53 Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem. 54 Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali andava com os seus discípulos. 55 E estava próxima a Páscoa dos judeus, e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da Páscoa, para se purificarem. 56 Buscavam, pois, a Jesus e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá à festa? 57 Ora, os principais dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para o prenderem.
Ir para: UNÇÃO DE BETANIA (***)
João Capítulo 12 9 E muita gente dos judeus soube que ele estava ali; e foram, não só por causa de Jesus, mas também para ver a Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos. 10 E os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para matar também a Lázaro, (…).
Inicialmente todo o cristianismo seria um movimento de encontro de experiências iniciáticas das quais a de Jesus teria sido a última e também a que deixaria mais impacto moral nas gerações do começo do primeiro milénio. Como tal, a liturgia pascal do cristianismo nascente, durante a qual se faria a apologia mística da “paixão de Cristo” enquanto verdadeiro herói e messias fundador da comunidade emergente de cristãos, teria sido essencialmente gnóstico e esta pode ter sido umas das principais razões pelas quais Paulo revelou nada das suas experiências iniciáticas para além dos encontros e desencontros com a história do Cristo que se cruzou com a história de Paulo no caminho de Damasco. No entanto, Paulo refere-se constantemente ao Evangelho que ele próprio pregava, sendo aceitável que tal não significasse algo muito diferente do que veio a ser consensual, possivelmente com menos genealogia e fábula (Tim 1, 4), ou seja com menos pormenores históricos e com mais referências doutrinárias (logias e kerigmas). Na verdade, alguns Evangelhos apócrifos pouco contêm de referências biográficas sobre a vida adulta de Jesus. De resto, é bem possível que a missa diária ainda não tivesse sido instituída pelo que a liturgia pública dos cristãos se ficaria pela continuidade de liturgias herdadas dos judeus adaptadas aos gentios e que fosse durante mistérios pascais, ou em cerimónias iniciáticas de baptismos, que o relato da “paixão de Jesus” fosse o aspecto nuclear da pregação do Evangelho, então ainda de forma secreta como era a tradição helenista dos mistérios. De certo modo o cristianismo era o enxerto dos mistérios dionisíacos e eleusinos na cultura judaica daí que o enquadramento dos mistérios da “paixão de Jesus”, do mesmo que a retórica da pregação mística do cristianismo, tivesse acabado por sofrer influências rituais e míticas das antigas mitologias de “morte e ressurreição” pascal. Os cristãos, literalmente os messianistas judaicos, ou judaizantes, nasceram com a esperança ferida das tribos de Israel depois da queda do império lendário de Salomão e sobretudo com o fim da monarquia dos Macabeus. Na confusão dum movimento nascente formado por judeus influenciados pelo essenismo messiânico de João Baptista em ambientes de gentios conhecedores dos mais diversos cultos de mistérios só poderia nascer um cristianismo de tipo gnóstico que seria sempre o dominante até aos grandes sismas da ortodoxia iniciados por Ireneu.
Lázaro seria o jovem rico por quem Cristo se apaixonou à primeira vista, e cujas cenas de consumação física são descritas no ”Evangelho secreto segundo Marcos”. Porque estranha razão apenas o evangelho de João conhecia o nome de Lazaro? Quase de certeza porque este era o nome de alguém demasiado importante para que os discípulos estivessem até ai habilitados para estarem a par da intimidade que Jesus tinha com a família dum íntimo do sumo-sacerdote Anás.
Chapitre 194 Les scribes, les pharisiens et le souverain pontife tinrent conseil pour tuer Lazare, car beaucoup renonçaient à leurs traditions et croyaient à la parole de Jésus 1. En effet, le miracle de Lazare était grand il conversait avec les hommes, il mangeait et buvait. Mais comme il était puissant, bien introduit à Jérusalem et qu'avec ses sueurs il était propriétaire de Magdala et de Béthanie, ils ne savaient que faire. -- bible de barnabas.
ECOS ARÁBICOS DA RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
Anas relata que o mensageiro de Alá disse: "duas irmãs vieram a Jesus e pediram que ressuscitasse seu pai que tinha morrido dois dias antes. Profundamente comovido, Jesus disse-lhes: “deixai-nos ir ao cemitério; Eu trá-lo-ei de volta à vida”. Quando viu o cemitério, Jesus perguntou-lhes onde devia ser encontrada a sepultura do pai delas. Mostraram-lhe uma sepultura; Jesus aproximou-se e chamou: “Oh, você que morreu, vem cá”! Então alguém veio para fora da sepultura. Mas as duas irmãs disseram-lhe, senhor, este não é o nosso pai”. Jesus pediu ao homem para voltar outra vez à sua sepultura. Então mostraram-lhe uma outra sepultura onde a mesma coisa acontecesse. Na terceira sepultura, Jesus chamou com uma voz mais alta: “O você homem inoperante, sai”! Então o pai das duas irmãs saiu da sepultura e veio cá fora. Mas, depois de ter estado por algum tempo com as irmãs, Jesus pediu-lhe outra vez voltar a regressar à sua sepultura - acção que causou às irmãs um choque extremo. Perguntaram a Jesus o que significava aquilo. Jesus respondeu: “confortai-vos! A extensão de vida foi determinada para cada pessoa. Quando esta passou morre é irrevogável. Consequentemente, o vosso pai não pode viver por mais tempo". -- Ad-Damiri, Hayatu'l-hayawani'l-kubra, Cairo (no year) Vol. 1, pp. 222-223.
Obviamente que se trata de um conto moral em tom jocoso em volta do mote do incidente da ressurreição de Lázaro e onde o jovem e substituído propositadamente por um velho em idade de morte natural. A subtil lição do autor é óbvia. Quando a morte é natural, como é o caso de todos os que morrem porque têm que morrer, nem que seja de velhice, a morte é irreversível. Por corolário, a morte dum jovem como Lázaro é sempre pouco natural e, por isso, um jovem ressuscitado levanta sempre a suspeita de nunca ter morrido de forma irrevogável por ter estado apenas em morte aparente! A história seguinte atribuída ao próprio profeta Maomé e recolhida por al-Ghazali dá conta disso mesmo. Que Jesus ressuscitou, como contam os evangelhos, uma menina, supostamente a filha de Jairo, um menino caído dum telhado e Lázaro.
A este propósito talvez Jairo tenha mais a ver com Lázaro do que seria de esperar, dois ml anos depois dos acontecimentos.
No ano de 66 d.C., um grupo desses rebeldes entrou furtivamente na fortaleza de Massada e dizimou a guarnição romana aquartelada ali. Pouco depois, o líder dos sicários, Manaém, chegou a Massada com seus homens, saqueou o arsenal e seguiu em direção a Jerusalém, como líder autoproclamado da revolta contra Roma. Chegando em Jerusalém, Manaém agiu com extrema crueldade, assassinando todos os que não se submetiam à sua autoridade. Sua opressão tornou-se tão insuportável que provocou um levante num grupo de judeus de Jerusalém que consideravam sua tirania pior que a de Roma. Nessa revolta, Manaém foi preso e executado. Muitos de seus seguidores, inclusive um parente seu chamado Eleazar ben Jair, fugiram para Massada, onde Eleazar tornou-se líder dos sicários. - Massada: a Última Fortaleza
Eleazar ben Jair = Lázaro filho de Jairo e de Simão… e irmão de um tal Simão de um Judas.
"O chefe da sinagoga, chamado Jairo, foi ao encontro de Jesus, lançou-se aos seus pés e rogou q ele fosse a sua casa, porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte. " (Luc 8:42)
"Jesus, tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina." (Lc 8:51)
"Jesus disse (a multidão chorosa): Retirai-vos; porque a menina não está morta, mas dorme." (Mc 9:24)
"Tendo-se feito sair o povo, entrou Jesus, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. " (Mc 9:25)
"E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te." (Mc 5:41)
"Imediatamente a menina se levantou, e pôs-se a andar, pois tinha doze anos." (Mc 5:42)
Jairo aparece nos evangelhos como chefe de sinagoga, mas o mais provável é que fosse um sumo-sacerdote.
CAP. 7: Dentre os seus distinguiram-se bastante naquele dia, Alexas e Gipteo, do partido de João, Malaquias, Judas, filho de Mertom, Jacó, filho de Sosa, chefe dos idumeus e Simão, e Judas, filho de Jair, do partido de Simão.
CAP. 12: Dos idumeus, Jacó, filho de Sosa, e Simão, filho de Catlas; e do partido de João, Gipteu e Alexas; e dos zelotes, Simão, filho de Jair.
CAP. 26: Tinham como chefe a Judas, filho de Jair, de quem falamos há pouco; ele comandava alguns soldados em Jerusalém, durante o cerco e tinha escapado pelos esgotos.
CAP. 42: Foi escolhido para comandar o exército da Iduméia, Jesus, filho de Safas, um dos grandes sacerdotes, e Eleazar, filho do novo sumo sacerdote; mandaram a Niger, então governador daquela província, originário de além do Jordão, e que por isso tinha o apelido de Peraite, que lhe obedecesse. (…)
Livro IV CAP. 15: Eleazar, filho de Simão, e Zacarias, filho de Anficano, ambos de família sacerdotal, eram dos principais chefes e nenhum outro era tão importante como Eleazar, quer pela prudência quer pela ação. (…)
Livro V CAP. 1 : Eleazar, filho de Simão, que desde o princípio havia, no Templo, incitado os zelotes contra o povo, não sentia menor prazer do que João em manchar suas mãos de sangue sangue; e como ele não podia tolerar sem ira que ele se tivesse apoderado do governo, porque ele também o desejava, separou-se dele, com o pretexto de não poder suportar por mais tempo sua ousadia e insolência. (…)
CAP. 16: 401. Os mais valentes e os mais obstinados dos facciosos seguiam o partido de Simão; seu número era de dez mil, subordinados à autoridade de cinqüenta oficiais. Havia, além disso, cinco mil idumeus, comandados por dez chefes cujos principais eram Sosa, filho de Tiago, e Catlas, filho de Simão. João tinha ocupado com seis mil homens, comandados por vinte oficiais; e dois mil e quatrocentos zelotes, que haviam passado ao seu partido, tinham por chefe a Eleazar, a quem antes obedeciam, e Simão, filho de Jair. -- Flávio Josefo, HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém. Traduzido por Vicente Pedroso.
O mais estranho é que este mesmo Lázaro poderá ter sido nomeado sumo-sacerdote no tempo de Pilatos e deposto passado pouco tempo.
4. De este modo, Josefo relata que entre Anás y Caifás hubo cuatro sucesiones, y en la misma obra Antigüedades comenta como sigue: «Valerio Grato cesó del sacerdocio a Anás y constituyó sumo sacerdote a Ismael, hijo de Fabio; pero también a éste cambió al cabo de poco tiempo, y nombré sumo sacerdote a Eleazar, hijo del sumo sacerdote Anás. 5. Sin embargo, después de un alio, también cesó a éste y entregó el sumo sacerdocio a Simón, hijo de Camilo. Pero tampoco sostuvo el honor un año entero y su sucesor fue José, llamado también Caifás. – Eusébio de Cesareia, 1º livro da História Eclesiástica
Como as referências de Eusébio são sempre suspeitas podemos consultar Josefo sobre este mesmo assunto.
Livro XVIII - CA. 3 766. Tibério Nero, filho de Lívia, sua mulher, substituiu-o no império e enviou Valério Grato à Judéia como sucessor de Rufo, tornando-se aquele o seu quinto governador. Ele tirou o sumo sacerdócio a Anano e deu-o a Ismael, filho de Fabo. Mas logo depois Ismael foi deposto, e em seu lugar foi colocado Eleazar, filho de Anano. Um ano depois, depuseram também a este, que foi substituído por Simão, filho de Camite. Ele também só ocupou o cargo durante um ano, sendo obrigado a resigná-lo em favor de José, cognominado Caifás. Grato, após ter durante onze anos governado a Judéia, voltou a Roma, e Pôncio Pilatos sucedeu-o. – Flávio Josefo, HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém. Traduzido por Vicente Pedroso.
Assim temos a seguinte sucessão de sumos-sacerdotes judeus:
Joazar > Anano > Ismael > Eleazar > Simão > Caifás > Jônatas.
Seria possível que Eleazar pudesse ter sido eleito sumo-sacerdote apenas com 16 anos? Claro que sim!
The age of eligibility for the office is not fixed in the Law; but according to rabbinical tradition it was twenty. Aristobulus, however, was only seventeen when appointed by Herod ; but the son of Onias III was too young (νηπιος) to succeed his father. Legitimacy of birth was essential; hence the care in the keeping of the genealogical recordsand the distrust of one whose mother had been captured in war. Wikipedia®
O certo é que Lázaro se movimentava muito à vontade na casa de Anás durante a paixão de Jesus e dois Lázaros perto do sumo-sacerdote seria demais. Também é certo que João Marcos era levita e, conta a lenda que o pseudónimo Marcos se deveria a ter ficado “marcado” por ter cortado um dedo para não ser sacerdote. Ora, enquanto levita já era sacerdote por herança e parece que só o sumo-sarcerdócio era assim tão exigente pelo que a lenda andaria mal contada e ter sido numa espécie de raiva juvenil vingança por ter sido destituído e substituído por Simão ben Camithus. De resto, a quase seguro que Anás não seria sumo-sacerdote ao mesmo tempo que foi Caifás mas tendo sido e sendo homem rico e influente seria chefe do Sinédrio que julgou Jesus e se teria reunido na sua casa! Pareceria estranho que este Anano, supostamente pai de Lazaro, fosse o mesmo que mandou matar Tiago, o irmão de Jesus.
Ver: TIAGO (***)
Obviamente que não estaremos a falar de Anás nem de Anano mas de Ananias que por uma qualquer razão Josefo ou os seus redactores confundiram com o sumo-sacerdote de Jerusalém…talvez porque velho e rico terá regressado do Egipto por essa altura e teria feito amizade com a casta sadoquista reinante.
543. Todavia, não era somente em Jerusalém, na Judéia, que os judeus estavam em franco progresso. Eles também eram poderosos em Alexandria, no Egito, e na ilha de Chipre. A rainha Cleopatra, estando incompatibilizada com Ptoiomeu Latur, deu o comando de seu exército a Chelcias e a Ananias, filho de Onias que, como vimos, construiu no território de Heliópolis um templo semelhante ao de Jerusalém. – Flávio Josefo, HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém. Traduzido por Vicente Pedroso.
No entanto seria este o amigo de Jesus que acabou por ir parar a Damasco e promover a conversão de S. Paulo. De resto, Anano incomodou Paulo por ser um herético e perseguia os primeiros cristãos nazarenos por serem zelotas coisa que Lázaro não seria ainda nem quiçá Jesus.
857. Quando Albino chegou a Jerusalém, empregou todo o seu cuidado em restituir a calma à província pela morte de uma grande parte dos ladrões. Nesse mesmo tempo, Ananias, que era um sacerdote de mérito, conquistava o coração de todos. Não havia quem não o honrasse pela sua liberalidade; não se passava um dia sem que ele não desse presentes a Albino e ao sumo sacerdote.
Mas ele tinha servos tão maus que iam pelas granjas com outros que não eram melhores do que eles, tomar à força as décimas, que pertenciam aos sacerdotes e batiam nos que se recusavam dá-las. (…)
860. Ananias continuava a ser o mais ilustre dos sacerdotes, quer por suas grandes riquezas, quer pela sua liberalidade, que lhe granjeava, cada vez mais, novos amigos. – Flávio Josefo, HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém. Traduzido por Vicente Pedroso.
Portanto, Flávio Josefo confirma que Ananias era um chefe de publicanos e cobradores de impostos. E mais adiante vai confirmar que existe quase de certeza confusão entre Anano e Ananias pois vai afirmar que eleazar era filho deste último.
Apesar de Lázaro ser tão nazareno e zelota como Manaém, um dos primeiros cristãos referidos nos Actos, virá a fazer-lhe frente…precisamente por zelo nazareno!
CAP. 30 Por outro lado, Eleazar, filho do sumo sacerdote Ananias, jovem, mas muito ousado, comandava alguns soldados; persuadiu ele aos que cuidavam dos sacrifícios a só receberem presentes e vítimas oferecidas pelos judeus; isto era como lançar a semente de uma guerra contra os romanos. E assim recusaram eles até as vítimas oferecidas em nome do imperador. Os sacerdotes e os grandes opuseram-se com veemência à mudança desse costume de os soberanos oferecerem vítimas, mas inutilmente, porque os revoltosos, sustentados por Eleazar, confiando em seu grande número, só pensavam em agitação. (…)
Segundo um conto de Maomé, as pessoas que testemunharam estes acontecimentos, disseram: “Vós reanimais apenas esses que estiveram mortos durante pouco tempo mas talvez eles não estivessem mortos mas apenas temporariamente paralisados” e, poderia acrescentar-se, eram crianças e jovens!
"Jesus, a paz seja com ele, reviveu pela permissão de Alá, quatro espíritos: O de al-Adhir (Lázaro), que era seu amigo, o filho de uma pessoa envelhecida, a filha de um homem de um homem com o nome Al-Ashir e Chem, filho do profeta Noé. Lázaro tinha estado inerte por vários dias e, assim que Jesus suplicou a Alá, reviveu-o, pela permissão de Alá, ainda a sua face suava, e assim Lázaro viveu e gerou filhos.
De igual modo para o filho da pessoa idosa, Jesus foi andando e entretanto viu o corpo num ataúde. Assim, Jesus suplicou a Alá e o menino, que se levantou e vestiu, pôs o ataúde ao ombro e voltou à sua família.
De igual modo, para a filha de Al-Ashir, que apenas tinha passado uma noite desde a sua morte. Então, Jesus suplicou a Alá e assim ela viveu e deu à luz crianças.
As pessoas que testemunharam estes acontecimentos disseram: “Vós reanimais apenas esses que estiveram mortos durante pouco tempo mas talvez eles não estivessem mortos mas apenas temporariamente paralisados, assim traz-nos Chem à vida, o filho de Profeta o Noé”.
Quando foi desafiado a reanimar Chem, o filho de Noé, velho de mais de quatro mil anos, a história de Maomé consegue ser ainda mais subtil em ironia! Para ele, Jesus era um grande também e ser-lhe-ia inaceitável por a nu o ridículo da situação dum mago desmacarado por um erro de maquilhagem pelo que resolveu chamar-lhe espírito de Alá, ou seja, reduzir esta parte da cena a uma conversa entre Espíritos. Pensar-se que o pai de todas as tribos semitas suporta ainda na garganta a amargura duma partida ocorrida há mais de quatro mil anos é tão inverosímil como ressuscitar antes do Dia do Julgamento final pelo que os que descreram bem poderiam dizer com subtil ironia que Chem só por puro ilusionismo poderia ter vindo novamente ao mundo e dizer que tinha conseguido na tumba o que não tinha conseguido em vida, ou seja, envelhecer, qual das duas coisas a mais inacreditável!
Então ele disse-lhes: “Mostrem-me a tumba dele”. Assim ele foi com a sua tribo até alcançaram a tumba dele e então suplicaram a Alá. E Chem se levantou da tumba dele, mas o cabelo dele tinha-se tornado grisalho. Então, Jesus perguntou-lhe: “Como é que vosso cabelo ficou grisalho, já que no seu tempo ninguém encanecia? Ele respondeu: "Oh, Espírito de Alá, quando me chamaste, eu ouvi uma voz que me disse que respondesse ao Espírito de Alá e assim eu pensei que o Dia de Julgamento tinha vindo e com o susto os meus cabelos ficaram grisalhos. “Então Jesus perguntou-lhe como era a dor da partida do espírito do corpo e ele respondeu assim: “O, Espírito de Alá, seguramente que a amargura da partida nunca me sai da garganta”. E ele tinha estado morto por mais de quatro mil anos! Então Chem disse à tribo de Jesus: “acreditai nele, pois ele é seguramente um Profeta”. Mas alguns acreditaram e outros descreram dizendo: “Isto é magia”. [1]
LAZARO = JOVEM RICO
= JOÃO MARCOS = DISCÍPULO AMADO
O nome de Lazaro aparece nos canónicos em duas situações, aparentemente independentes como nome próprio, quase que seguramente do “jovem rico” que seria João Marcos e outra como nome fictício escolhido por Jesus para o nome do homem pobre “que deus ajuda” na parábola do “homem rico e o mendigo”, que João Marcos e seu rico parente Mateus terão entendido como particularmente dirigida a eles mesmos! Razão porque também nem Marcos nem Mateus tenham referido esta parábola que só aparece em Lucas.
Lazarus = An abbreviation of Eleazar = whom God helps = Arab. al-Adhir
Esta parábola só é referida por Lucas (16:19-31) o que significa que nunca esteve em Marcos, de quem Mateus copiava quase tudo, nem em João que teria entendido a mensagem inconveniente para os seus autores.
Lc. 16: 19-31 Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e de linho, e que se tratava magnificamente todos os dias. Havia também um pobre chamado Lázaro, estendido à sua porta, todo coberto de úlceras, que apenas quisera saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; mas ninguém lhas dava, e os cães vinham lamber-lhes as feridas. Ora, aconteceu que esse pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. O rico morreu também e teve o inferno por sepulcro. E quando estava nos tormentos, levantou os olhos para o alto e viu Abraão e Lázaro no seu seio; e, gritando, disse estas palavras:
-- Pai Abraão! Tende piedade de mim e enviai-me Lázaro, a fim de que ele molhe a ponta do seu dedo na água para me refrescar a língua, porque eu sofro tormentos extremos nesta chama. Mas Abraão respondeu-lhe:
-- Meu filho! Lembrai-vos que haveis recebido os vossos bens em vossa vida e Lázaro não teve senão males; por isso, ele está agora na consolação, e vós nos tormentos. Além disso, há para sempre um grande abismo entre nós e vós; de sorte que aqueles que querem passar daqui para vós não o podem, como ninguém também pode passar para aqui do lugar em que estais. O rico disse-lhe:
-- Eu vos suplico, pois, pai Abraão, manda-o à casa de meu pai, onde tenho cinco irmãos, a fim de que lhes ateste estas coisas, e temam vir também para este lugar de tormentos. Abraão lhe replicou:
-- Eles têm Moisés e os profetas; que os escutem.
-- Não, disse ele pai Abraão! Mas se algum dos mortos for procurá-los, eles farão penitência. Abraão lhes respondeu:
-- Se eles não escutam Moisés nem os profetas, não crerão mais do que neles, muito menos creriam que algum dos mortos ressuscitasse.
E poderia acrescentar-se: como poderiam os saduceus acreditar que Lázaro pudesse ressuscitar?
Assim, o final desta parábola é particularmente elucidativo enquanto referência indirecta ao episódio verídico da ressurreição de Lázaro! Esta parábola terá sido contada por Jesus na sequência deste episódio ou antes terá sido uma prova de que o que veio a acontecer andou congeminado nas profundezas da consciência de Jesus! As parábolas que antecedem esta têm paralelismo nos restantes canónicos com a intensa campanha messiânica que precedeu a sua Paixão e que ira culminar na expulsão dos vendilhões do templo.
Objectivamente Jesus estava a preparar uma acção contra o templo de Jerusalém que todos os canónicos descreveram como expulsão dos vendilhões do Templo e que, em Fábio Josefo, pode ter sido algo muito mais grave e desastroso. De qualquer modo é impossível saber se a parábola “o rico e o Lázaro” antecedeu, ou apareceu como comentário a, o episódio da ressurreição de Lázaro. No entanto, os textos harmónicos colocam-na antes e é bem possível que tenha sido provando assim o que se já se suspeitava: que a ressurreição de Lázaro foi longamente planeada constituindo de certo modo a simulação preparatória do que viria a ser a ressurreição planeada do próprio Jesus.
A fábula medieval que faz de Lázaro o primeiro bispo de Marselha parece ser a única dificuldade a respeito da identificação de Lázaro com João Marcos.
Reputed first Bishop of Marseilles, died in the second half of the first century. According to a tradition, or rather a series of traditions combined at different epochs, the members of the family at Bethany, the friends of Christ, together with some holy women and others of His disciples, were put out to sea by the Jews hostile to Christianity in a vessel without sails, oars, or helm, and after a miraculous voyage landed in Provence at a place called today the Saintes-Maries. It is related that they separated there to go and preach the Gospel in different parts of the southeast of Gaul. Lazarus of whom alone we have to treat here, went to Marseilles, and, having converted a number of its inhabitants to Christianity, became their first pastor. (…) The question, however, deserved to be examined with care, seeing that, according to a tradition of the Greek Church, the body of St. Lazarus had been brought to Constantinople, just as all the other saints of the Palestinian group were said to have died in the Orient, and to have been buried, translated, and honoured there. -- From the Catholic Encyclopedia, copyright © 1913 by the Encyclopedia Press, Inc. Electronic version copyright © 1996 by New Advent, Inc. Taken from the New Advent Web Page (www.knight.org/advent).
Que Lázaro entrou na clandestinidade mesmo entre os discípulos é um facto porque passou a ser identificado apenas como “discípulo amado”.
No entanto, em tese nada obsta a que se possa imaginar que Lázaro tenha fugido com Maria Madalena e a Mãe de Jesus, logo depois da Ascensão de Jesus. Se a intenção deste era chegar a Chipre e foi vítima de tempestade e naufrágio que os levaram até Marcela, nada disso é improvável mas...lendas são isso mesmo e pouco mais!
Mesmo assim, se o rasto de Lázaro parece ter desaparecido por completo depois da sua miraculosa e polémica ressurreição a verdade é que pelo menos um autor pós apostólico se refere a ele ou seja, precisamente aquele que deve ter sido de facto o primeiro bispo de Roma, S. Clemente, nas suas homilias clementinas, suspeitas como apócrifas para a Igreja católica precisamente porque o seu conteúdo é demasiado incómodo para a história oficial da Igreja.
2.1-- Os auxiliares de Pedro. Então no próximo dia, eu Clemente, despertando de sono ainda antes do amanhecer, e sabendo que Pedro já trabalhava, e estava conversando com os seus auxiliares a respeito da adoração de Deus (havia dezasseis deles, e eu pensei que seria bem por aqui alguns dos nomes deles, como eu subsequentemente os aprendi, para que você também pode saber quem eles eram. O primeiro deles era Zaqueu que tinha sido um publicano e Sophonias o irmão dele; O Joseph e o colaço de Michaias; também o Tomas e Eliezer os gêmeos; também Aeneas e Lazarus os levitas; além também de Elisaeus e Benjamim o filho de Saphrus; como também Rubilus e Zacarias os pedreiros; e Ananias e Haggaeus o Jamminianos; e Nicetas e Aquila os amigos),-- adequadamente eu entrei e o saudei, e a seu pedido me sentei. (...)
20.9 – Porque razão o Mau é designado acima do mau pelo Deus Íntegro. Quando Pedro disse isto, Lázaro que também era um dos seus seguidores disse: "Explique-nos a harmonia, como pode ser razoável que aquele que é a própria maldade pode ser designado pelo Deus Íntegro para ser o castigador do ímpio, e ainda deve ele mesmo ser enviado para a profunda escuridão junto com os seus os anjos dele e com pecadores: porque eu me lembro que o Próprio Mestre disse isto ". (Matt. xxv. 41.) -- Livro 20, As Homilias Clementinas.[2]
Como se comprova João Marcos não aparece na comitiva de Pedro porque...seria de facto Lázaro.
Chapitre 200 Tourné vers Lazare, Jésus lui dit : "Frère, puis-que je dois rester peu de temps en ce monde, quand je serai proche de ta maison, je n'irai plus ailleurs. Tu me serviras, non par amour pour moi, mais pour l'amour de Dieu. "
Bartolomeu não segue João nas referências ao discípulo amado mas podemos inferir que natural e subtilmente Lázaro transforma-se no discípulo amado que em Bartolomeu conversa longamente durante cinco capítulos com Jesus e os discípulos imediatamente depois do episódio da ressurreição…naturalmente que o tema da recente morte e ressurreição de Lázaro acaba por ser comentado por todos e também pelo próprio Lázaro.
Para os cristãos as homilias clementinas são textos apócrifos porque são incómodos como foram todos os textos do cristianismo primitivo que expunham factos e ideias que vieram a ser rejeitadas pela Igreja ortodoxo que foi elaborando o mito do credo cristão como forma de senso-comum da ortodoxia cristão de acordo com a evolução do criticismo bem pensante da igreja católica, apostólica, romana e bizantina. Mas incómodos foram sempre os próprios livros canónicos que, pasme-se, foram oficialmente estabelecidos apenas no concílio de Trento e com o mero propósito de os tornar inacessíveis ao comum dos cristão porque até ao Vaticano II a missa era em latim e a Bíblia em vernáculo era proibida.
Na Idade Média apareceram correntes dualistas e heréticas que se valiam da Bíblia para apoiar suas concepções errôneas. Tal foi, por exemplo, o caso dos cátaros, avessos à matéria como se esta fosse, por si mesma, má. Em conseqüência, o Concílio de Tolosa (França) em 1229 proibiu o uso de traduções vernáculas da Bíblia. Esta disposição foi retirada pelo Concílio de Tarragona (Espanha) em 1233. A mesma proibição aparece num decreto do rei Jaime I da Espanha em 1235: "Ninguém possua em vernáculo os livros do Antigo e do Novo Testamento". (...) Eis por que o Concílio de Trento (1543-65) tomou medidas que preservassem os fiéis católicos dos males acarretados pelas proposições dos reformadores; assim: Declarou autêntica (isenta de erros teológicos) a Vulgata latina, tradução devida a São Jerônimo (+420) e muito difundida entre os cristãos. Assim se dissiparia a confusão existente entre clérigos e leigos, que, em meio a múltiplas traduções, já não sabiam encontrar a pura mensagem bíblica. O Concílio não quis afirmar que a tradução da Vulgata é linguisticamente perfeita, mas tomou uma providência necessária no século XVI; Rejeitou o princípio do livre exame da Bíblia. Esta só pode ser entendida se iluminada por instâncias objetivas, especialmente pela Tradição, que o magistério da Igreja formula com a assistência do Espírito Santo; Proibiu edições da Bíblia sem o nome do autor responsável pela edição. Proibiu também a difusão do texto bíblico sem a autorização do Bispo diocesano. -- JOSÉ AUGUSTO. Apostolado Veritatis Splendor: A Igreja proibiu a leitura da Bíblia?
E assim se passou a confundir a Verdade com autoridade da fé decorrente não do livre exame da Bíblia à luz da razão pela mas do poder eclesiástico porque afinal assistido pelo Espírito Santo. E a Igreja nem sequer sentiu o escrúpulo de pecar contra do Espírito Santo ao considera-lo tão imparcial que só poderia actuar sobre o magistério da Igreja pela via instrumental da tradição!
O primeiro a reconhecer que Lázaro era o discípulo amado foi Barnabé.
11. Y Jesús, rodeado de esplendor, llegó a la habitación en que estaba la Virgen María, con sus dos hermanas, y Marta con María Magdalena, y Lázaro conmigo, y Juan con Jacobo y con Pedro. Y, al verlo, fuimos presa de tal pavor, que caímos todos al suelo como muertos. -- EL EVANGELIO DE BERNABÉ. (Fragmento italiano).
Independentemente do facto de este evangelho ter sido manipulado pelos árabes a verdade é que nada tem de extraordinário o facto de Barnabé ter acreditado que a melhor explicação para a indignidade de alguém capaz de ressuscitar os mortos pudesse ter-se deixado crucificar e morrer seria o da sua substituição milagrosa por Judas. No entanto, esta solução expedita é pior emenda que o soneto: Substitui o milagre da subversão do princípio universal da morte termodinâmica pelo milagre da subtracção de um homem, por definição mortal, à morte por arrebatamento ao 3º céu onde fica a aguardar o fim do mundo. O referido no evangelho de Barnabé é uma mera variante dos que recusam a ressurreição de forma indirecta seja por indignidade da morte do filho de Deus seja por intrínseco absurdo e por isso não é verosímil até porque nem sequer era preciso pois Jesus não terá morrido na cruz mas apenas passado por uma morte aparente, coisa que há dois mil anos não era tão compreensível como é hoje! Por que razão o falsificador do Evangelho de Barnabé teria inventado que Lázaro estava com Barnabé na casa de João Marcos?
Tanto los que tienen un interés personal en “demostrar” que el “Evangelio de Bernabé” es una falsificación, como los que quieren averiguar la verdad sin importar cual sea, todos afirman con prontitud que aunque los primeros padres de la iglesia mencionan a menudo en sus escritos el Evangelio de Bernabé, ello no implica necesariamente que lo que parece ser una traducción al italiano del siglo XVI que está en la Biblioteca Imperial de Viena, sea necesariamente una traducción fidedigna del original escrito en el siglo I. Es evidente que durante los siglos intermedios se han podido introducir todo tipo de cambios.
Debe señalarse también que esta observación es aplicable por igual a los cuatro Evangelios oficialmente aceptados (los manuscritos más antiguos, que son la base de los textos actuales, están escritos en griego —no en hebreo o arameo— y están fechados en el siglo IV d. C., tres siglos después de que la probable redacción original tuviera lugar). -- Jesus Profeta del Islam, Coronel A. Rahim & Ahmed Thomson.
Se nenhum ganho teria é porque a evidente falsificação deste apócrifo se baseava num texto autêntico antigo e por isso se trata dum facto plausível que nos vai explicar a grande possibilidade de Jesus estar na casa da família de Lázaro, ou seja da mãe de João Marcos, porque esta tinha sido a vontade de Lázaro.
195 Y habiendo dicho esto Jesús dio gracias a Dios; y entonces Lázaro dijo: “Señor, esta casa pertenece a Dios mi Creador, con todo lo que El me ha dado en custodia, para el servicio de los pobres. Por lo tanto, ya que tú eres pobre, y tienes un gran número de discípulos, ven tú a vivir aquí cuando de plazca, y tanto como te plazca, ya que el siervo de Dios te servirá y administrará tanto como se necesite, por amor a Dios”. [3].
Enfim, Clemente refere que Lázaro estava com Pedro quando foi ensinado por ele. O discípulo amado e Marcos eram companheiros inseparáveis de Pedro logo, no contexto de muitas outras evidências, são fortes as probabilidades, umas mais que outras, da seguinte equação:
“Jovem rico” = Lázaro = Discípulo Amado = João Marcos = Marcos Evangelista = João o Presbítero = João Evangelista, co-autor do 4º evangelho com sua irmã Maria Madalena.
De resto, esta equação é quase uma condição sine qua non da historicidade de Jesus, pela simples razão que dela depende a fidedignidade do evangelho de Marcos que fica reforçada pelo empenho que o discípulo amado teve em retratar fielmente o seu mestre iniciático e grande e íntimo amigo do peito e de família.
Ver: RESSURREIÇÃO DE JESUS (***)
Assim, a segunda parte da vida de Lázaro irá decorrer na clandestinidade do cristianismo embrionário como João Marcos para voltar a eclodir na sua total identidade com a primeira Guerra da Judeia como Éléazar Ben Jairo (Éléazar ben Yair). Repare-se que Josefo não diz que Lázaro fosse filho de Judas o Galileu mas seu parente.
Jairo, ou Simão Jairo, o leproso, também conhecido por Zaqueu seria então, por exemplo, irmão deste Judas. Ora bem, Judas pode ter sido S. João Baptista, filho de Zacarias, que Flávio nomeou por Ezequias. O mais provável é que os evangelistas tenham deturpado o nome de Zacarias e de Zaqueu por conveniência de clandestinidade. Zaqueu por opção própria e Zacarias por opção do movimento nazoreno.
Então teríamos:
Ezequias <=> Zacarias => Ben Zacar-ias > Zacar-eu > Zaqueu!
CAPÍTULO 22: Nem daqueles judeus, que ainda se distinguiram nessa ocasião, como já o haviam feito nas precedentes, Eleazar, filho do irmão de Simão, um dos tiranos, conquistou grandes honras; Tito, vendo que o seu desejo de conservar um Templo para estrangeiros custava a vida a um número tão grande dos seus, mandou incendiar-lhe os pórticos. – Flávio Josefo, HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém. Traduzido por Vicente Pedroso.
Obviamente que teremos que aceitar que o fito messiânico do filho do “Filho do Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” foi o responsável pela na primeira guerra da Judeia. Mas só quem não sabe ler o evangelho a direito o não percebe como tal.
Lc. 15: 25 Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe: 26 Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27 E um qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo. 28 Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? 29 Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, 30 dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar. 31 Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? 32 De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores e pede condições de paz. 33 Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncie a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.
Mas muito antes disso e possivelmente por ser pusilânime, gostar de viver bem mas pouco de trabalhar ter-se-á dedicado ao mais antigo ofício depois da prostituição, que foi o da ladroagem, fazendo-se chefe dos sicários e usando as tácticas dos soldados ocultos entre a multidão com que Pilatos tinha abortados a revolta liderada por Jesus durante a expulsão dos vendilhões do templo.
Claro que Josefo refere muitos outros Eleasares o que sugere que o nome de Lázaro seria comum mas alguns obviamente nada teriam a ver com S. Lázaro. Um que poderia ser tão famoso vomo veio a ser S. Lázaro nas guerras da Jodeia foi um tal Eleazar, filho de Dineu, prícipe dos ladrões segundo Josefo.
CA. 5: Os magistrados esforçaram-se para acalmá-los, prometendo-lhes obrigar Cumano a castigar os autores dos assassinatos, mas eles não os quiseram escutar. Tomaram então as armas e chamaram em seu auxílio Eleazar, filho de Dineu, que havia muitos anos se entregara ao roubo e escondia-se nas montanhas, devastando e incendiando as aldeias dependentes de Samaria. (…)
CA. 6 848. Os negócios na Judéia iam de mal a pior. Estava cheia de ladrões e de magos que enganavam o povo, e não se passava um dia sem que Félix mandasse castigar alguém. Um dos mais destacados entre os ladrões era Eleazar, filho de Dineu, que era seguido por um numeroso bando de homens semelhantes a ele. Félix intimou-o a vir procurá-lo, com promessa de não lhe fazer mal algum, mas quando ele apareceu, prendeu-o e o enviou a Roma.
CAP. 21 A notícia desse assassinato chegou até Jerusalém e o povo se revoltou de tal modo, que abandonou as solenidades da festa, não quis escutar os magistrados e partiu para atacar os samaritanos, sob o comando de Eleazar, filho de Dineu, e de Alexandre, que eram grandes ladrões. Chegaram às fronteiras de Lacrabatana, onde, sem distinção de idade, fizeram grande matança e incendiaram as aldeias.
CAP. 22 (…) 177. Ele deu a Aristóbulo, filho de Herodes, rei da Cálcida, o reino da pequena Armênia e acrescentou ao de Agripa, quatro cidades, com seus territórios: Abila e Julíada, na Peréia, e Tariquéia e Tiberíades, na Galiléia; e constituiu, como já dissemos, Félix, governador do restante da Judéia. Ele apenas tomou posse do cargo, fez guerra aos ladrões que devastavam todo o país há vinte anos, prendeu Eleazar, seu chefe, e vários outros, que mandou presos à Roma, além de mandar matar um número incrível de outros ladrões. -- Flávio Josefo, HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém. Traduzido por Vicente Pedroso.
Os discípulos de Jesus Nazoreno eram também nazorenos até passarem a ser cristãos em Antioquia.
CAP. 2 Sobre As Quatro Seitas Que Havia Entre Os Judeus. Judas, de quem acabamos de falar, foi o fundador da quarta seita. Está em tudo de acordo com a dos fariseus, exceto que aqueles que fazem profissão para adotá-la afirmam que há um só Deus, ao qual se deve reconhecer por Senhor e Rei. -- Flávio Josefo, HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém. Traduzido por Vicente Pedroso.
E os nazorenos eram o braço aramado dos messianistas essénicos como ficou claro em Josefo.
CAPÍTULO 30 Silva, Que, Depois Da Morte De Basso, Governava Ajudéia, Decide-Se A Atacar Massada, Onde Eleazar, Chefe Dos Sicários, Se Havia Refugiado. Horríveis Atos De Crueldade E De Impiedade Cometidos Pelos Dessa Seita, Por Foão, Por Simão E Pelos Idumeus.
534. Basso morreu na Judéia e foi substituído por Flávio Silva e como Massada era a única praça que lhe restava tomar, ele reuniu todas as tropas para atacá-la. Eleazar, chefe dos sicários ou assassinos, comandava-os, nessa praça; ele era da família de Judas, que tinha outrora persuadido a vários judeus, a não se submeterem ao recenseamento, que Cirênio queria fazer. (…)
CAPÍTULO 35 Todos Os Que Defendiam Massada, Persuadidos Pelas Palavras De Eleazar, Matam-Se Como Ele, Com Suas Mulheres E Filhos, E O Que Ficou Por Último, Antes De Se Matar, Pôs Fogo Na Fortaleza.
Mas uma velha e uma prima de Eleazar, que era muito sábia e muito hábil, havia se escondido com cinco crianças nos aquedutos; o número dos mortos entre homens, mulheres e crianças foi de novecentos e sessenta. Esse fato aconteceu a quinze de abril.
No dia seguinte, ao despontar do dia, os romanos fizeram pontes com escadas para dar o assalto; ninguém apareceu. Ouvia-se unicamente o crepitar do fogo, devorando o castelo; eles não podiam imaginar a causa do silêncio. Fizeram trabalhar o aríete e soltaram grandes gritos para ver se alguém responderia. Aquelas duas mulheres saíram dos aquedutos e lhes contaram o que se havia passado. Custou-lhes muito acreditar, tanto esse acto, tão heróico, lhes parecia inacreditável; trabalharam depois para apagar o fogo e chegaram até o palácio. Vendo então aquela grande quantidade de cadáveres, em vez de se rejubilarem, considerando-os como inimigos, não se cansavam de admirar, como por um tão grande desprezo da morte, tantas pessoas tinham tomado e executado tão estranha resolução. – Flávio Josefo, HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém. Traduzido por Vicente Pedroso.
Que haveria de anómalo pensar que Lázaro tenha sido além do primeiro ressuscitado do cristianismo o primeiro transformista da história sacra? Lázaro pode ter-se maquilhado e mascarado de mulher e saído com os seus próprios filhos e acabado em Éfeso como João o presbítero, referido por Papias e o mais provável co-autor do 4º evangelho. O que haveria a saber é se existem indícios suficientes para apoiar esta tese. Já sabemos que os tempos nebulosos do cristianismo primitivo não nos deixaram grandes testemunhos históricos e que quase tudo o que ficou dito nos canónicos se limita ao que foi considerado edificante para a Igreja expurgado de tudo o que, pelo contrário, poderia ser escandaloso e comprometedor.
Os relatos dos Actos dão-nos esparsas referências a Lázaro enquanto João Marcos que nos revelam uma antipatia sem explicação entre Paulo e este evangelista.
Capítulo 3 1 Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona. 2 E era trazido um varão que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam. 3 Ele, vendo a Pedro e a João, que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola. 4 E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós.
Capítulo 4 5 E aconteceu, no dia seguinte, reunirem-se em Jerusalém os seus principais, os anciãos, os escribas, 6 e Anás, o sumo-sacerdote, e Caifás, e João, e Alexandre, e todos quantos havia da linhagem do sumo sacerdote.
13 Então, eles, vendo a ousadia de Pedro e João e informados de que eram homens sem letras e indoutos, se maravilharam; e tinham conhecimento de que eles haviam estado com Jesus. 14 E, vendo estar com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário. (...) 21 Mas eles ainda os ameaçaram mais e, não achando motivo para os castigar, deixaram-nos ir por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera, 22 pois tinha mais de quarenta anos o homem em quem se operara aquele milagre de saúde. 23 E, soltos eles, foram para os seus e contaram tudo o que lhes disseram os principais dos sacerdotes e os anciãos.
Capítulo 12 1 Por aquele mesmo tempo, o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja para os maltratar; 2 e matou à espada Tiago, irmão de João.
Até aqui, é quase seguro que o João dos Actos se tratava do filho de Zebedeu.
Papías, en su segundo libro, dice que los judíos dieron muerte a Juan el Teólogo y a Jacobo su hermano. -- V. Felipe de Side (?), Hist. de Cristo.
Porque Papías, obispo de Hierápolis, que fue un testigo presencial suyo, en el segundo libro de las Palabras del Señor dice que fue muerto por los judíos, y con ello, evidentemente, cumplió, junto con su hermano, la profecía de Cristo con respecto a ellos, y su propia confesión y empeño respecto a él. (…). Esto también afirma el sabio Orígenes en su interpretación del Evangelio de san Mateo, que Juan fue martirizado, declarando que él había sabido el hecho por los sucesores de los apóstoles. Y verdaderamente el bien informado (???) Eusebio también, en su Historia Eclesiástica, dice: «Tomás recibió por suerte Partia, pero Juan, Asia, donde fijó su residencia, y murió en Efeso.» . -- VI. Georgius Hamartolus, Cronicón.
A indefinição do nome do discípulo João começa precisamente nos Actos dos Apóstolos a partir do martírio de Tiago, irmão de João. O mimetismo de João Marcos, justificado em grande medida pela sua verdadeira origem familiar de possível sumo-sacerdote destituído por ser demasiado novo e ainda pela forma traumatizante como a sua ressurreição como Lázaro o colocou em perigo de vida fez deste discípulo amado de Jesus um paranóico do secretismo que muitos estudiosos têm realçado na hermenêutica do seu evangelho.
A verdade é que mesmo uma análise superficial de personalidades levaria hoje qualquer crente que começasse a ouvir as escrituras sem a carga da tradição que jamais algum os filhos do trovão que eram os filhos de Zebedeu poderia ser o autor do evangelho gnóstico do Verbo e do Amor!
Obviamente que a violência zelota da ira divina do Apolcalipse poderia, pelo contrário permitir que pelo menos este livro foi escrito por um do Bonareges se estes, pelo seu zelotismo e personalidade agressiva, não tivessem tido inevitavelmente uma curta esperança de vida! Como não temos acesso directo ao texto de Papias podemos inferir pelas diversas referências que lhe são feitas que o principal responsável pela confusão do João Evangelista, ou Teólogo, com o filho de Zebedeu foi Eusébio que se terá sentido obrigado a cometer uma mentira piedosa para salvar o 4º evangelho da suspeita de gnosticismo atribuindo-o primeiro ao discípulo amado de Jesus e depois identificando este com um dos filhos de Zebedeu. Se o 4º evangelho tivesse aparecido apadrinhado por Policarpo, por exemplo, teria tido o mesmo destino que todos os restantes evangelhos heterodoxos. Por outro lado, João Marcos dificilmente poderia ser aceite como seu autor...por ser inadmissível que a mesma personagem tivesse escrito dois relatos tão diferentes. E, possivelmente não foi porque estranhamente em Éfeso havia ao tempo de Papias dois discípulos de nome João sem que seja necessário inferir que um deles teria que ser um dos dose apóstolos.
Pero yo no tendré escrúpulos también en citaros un lugar (de origen), junto con mis interpretaciones, de todo lo que he aprendido cuidadosamente y recordado cuidadosamente en el pasado de los ancianos, garantizándoos su verdad. Porque, al revés de muchos, no tuve placer en los que tienen mucho que decir, sino en los que enseñan la verdad; no en los que refieren mandamientos extraños, sino en aquellos (que dan testimonio de) los que dio el Señor para la fe, y se derivan de la misma verdad. Y también, siempre que venía una persona (cerca de mí) que había sido seguidor de los ancianos, inquiría de él sobre los discursos de los ancianos: lo que había dicho Andrés, o Pedro, o Felipe, o Tomás, o Jacobo, o Juan, o Mateo, o algún otro de los discípulos del Señor, o lo que dicen Aristión y el anciano (presbítero) Juan, discípulos del Señor. Porque no creía poder sacar tanto provecho del contenido de libros como de las expresiones de una voz viva y permanente. – Papias, numa das poucas autênticas (mesmo assim revista e interpolada) referências de III. Eusebio, Hist. Ecl. iii. 39.
Como é evidente Papias não referes no seu texto nem doze, nem apóstolos e enumera apenas sete principais discípulos, sendo aceitável que os restantes tenham ficado no rol de alguns dos outros. Como os actos apenas referem a morte de Tiago, esperar-se-ia que Papias tivesse conversado com os doze, ou pelo menos com algum dos onze se aceitarmos Jacob como Tiago, irmão do Senhor. Mas também não fala em Paulo nem em Barnabé o que no mínimo pressupõe que Aristião e o presbítero João tenham sido pessoas eminentes entre os doze!
Para cortar o mal, que se adivinha nas palavras de Papias, pela raiz The Catholic Encyclopedia menciona que a existência de duas pessoas com o mesmo nome de João, presumivelmente referida por Papias, não tem fundamento histórico! É preciso ter ousadia para tal atrevimento! Afinal o que é que tem fundamento histórico em toda a lenda cristã? No mais puros dos rigores nada e se os católicos insistem ir por ai impondo a sua própria história como a única possível então só poderão ter por resposta a que os ateus lhe dão: nada, verdadeiramente nada no cristianismo tem qualquer fundamento histórico rigoroso! Papias tem tanto direito a ser fonte de verdade a respeito das origens primitivas do cristianismo como qualquer outro texto, ainda que apócrifo porque desde há muito que a infalibilidade papal deixou de ser um critério para aceitar o que é ou não credível em termos de análise da história do cristianismo. A rusticidade de Papias não é muito maior que a de qualquer outro texto sagrado do novo testamento e as origens humildes do cristianismo não podem servir apenas para encantar e seduzir as beatas e os aldeões das paróquias rurais das sociedades mediterrânicas. A petulância da enciclopédia católica ofende os enciclopedistas e faria rir à gargalhada os seus fundadores do século das luzes!
Voltando a João Bonareges, vamos encontrar em S. Paulo a razão do seu endeusamento ao ponto de a Igreja teimar tê-lo por um dos pilares teológicos do novo testamento, desde o verbo do 4º evangelho ao seu epílogo apocalíptico.
"Tiago, Cefas e João, que são considerados as colunas, reconhecendo a graça que me foi dada, deram as mãos a mim e a Barnabé em sinal de pleno acordo"(Gálatas 2,9)
Dizem os inspirados teólogos que a “epístola foi escrita, provavelmente, por volta dos anos 55-60 depois de Cristo e foi provavelmente a primeira carta que Paulo escreveu. (...) O seu Propósito era combater os judaizantes que afirmavam que os gentios tinham que ser circuncidados e guardar todas as leis de Moisés”.
No entanto esta questão foi resolvida pelo primeiro Concílio de Jerusalém que teve lugar por volta do ano 50 da era cristã. Assim, não faz quase nenhum sentido postergar a data desta carta para muito além de meados do primeiro século e, então, nesta altura ainda o belicoso João estaria com Pedro ao lado da Igreja tricéfala de Jerusalém. Como João nunca mais é referido nos actos é possível que Herodes o tenha morto nesta altura os dois irmãos que também nunca mais voltaram a ser referidos na literatura sagrada. Mas é também possível que João tenha passado para a clandestinidade embora seja duvidoso que um espírito belicoso e ambicioso como ele era tivesse resistido tanto tempo sem dar acordo de si. Existe a hipótese de João Bonareges ter sido igual a si mesmo e, perante o caminho estrangeirado que o cristianismo estava a tomar na mão de Paulo, e vendo que o poder eclesiástico em Jerusalém dificilmente lhe iria parar às mãos por ter caído nas mãos da aristocracia da família de Jesus, ter passado para o lado dos zelotas radicais.
Sabemos pela tradição que João Marcos terá ido fundar a Igreja de Alexandria possivelmente no papel de sumo-sacerdote essénio ao serviço do templo judeu de Onanias porque sabemos que também os essénios do Egipto tentaram reunir as ovelhas dispersas do reino de Israel depois da ressurreição de Jesus. De resto, como se referiu antes teria sido aqui que Lázaro teria sido sumo-sacerdote primeiro enquanto filho do rico Ananias.
De facto, os principais equívocos na interpretação do cristianismo primitivo a partir das fontes históricas como Josefo residem nas confusões de nomes que por esta altura eram identificados entre os semitas de forma sumária como se todos se conhecessem entre si no meio adequado.
Como o refere Josefo, Lázaro viria a ser um dos ousados chefes da Guerra da Judeia o que parece estar pouco de acordo com a sua reconhecida pusilanimidade. Mas, obviamente, com o tempo e por grandes necessidades as pessoas mudam e ganham mais siso!
CAP. 32: 205. No dia seguinte, o sumo sacerdote, que se tinha escondido no esgoto do palácio, foi preso e morto pelos revoltosos com Ezequias, seu irmão; depois, eles sitiaram as torres, a fim de que nenhum dos romanos pudesse escapar.
206. A morte desse sumo sacerdote e tantos lugares fortificados conquistados tornaram Manahem tão orgulhoso e insolente que julgando não haver ninguém melhor do que ele para governar, tornou-se um tirano intolerável. Eleazar e alguns outros reuniram-se e disseram que depois de se terem revoltado contra os romanos, para reconquistar sua liberdade, ser-lhes-ia vergonhoso receber como senhor um homem de sua própria nação, que embora não fosse tão violento como Floro, era-lhe tão inferior; e se tivessem de obedecer a alguém ele seria o último a quem deveriam escolher para governá-los.
Resolveram em seguida abolir essa nova dominação e foram ao Templo onde Manahem, vestido como rei, acompanhado de vários soldados, tinha entrado com grande pompa para adorar a Deus. Atiraram-se sobre ele, tomando pedras para matá-lo, julgando que sua morte restituiria a calma à cidade. Os que acompanhavam Manahem fizeram a princípio alguma resistência, mas quando viram todo o povo avançar contra ele, fugiram. Muitos destes foram mortos, e aprisionados os que estavam escondidos. Uns fugiram para Massada, dentre os quais Eleazar, parente de Manahem, que por meio dessa praça exerceu depois um governo tirânico. Quanto a Manahem, foi encontrado num lugar chamado Oflas, onde se tinha ocultado; retiraram-no de lá e o executaram em público, depois de tê-lo feito sofrer tormentos horríveis. Trataram do mesmo modo os principais ministros do seu governo e particularmente Absalão.
207. O povo continuava a favorecer o partido que tinha feito morrer Manahem, na esperança, como disse, de ver a agitação acalmar-se. Mas os que o haviam formado não tinham outra intenção que acender cada vez mais o fogo da guerra, a fim de poder com mais liberdade exercer a violência; embora o povo lhes pedisse para não oprimir mais os romanos, eles continuaram a sitiá-los com mais ardor ainda, e obrigaram Metílio a pedir a Eleazar para se entregar, com a condição de apenas salvar a vida. Ele lhe concedeu e mandou Goriom, filho de Nicodemos, Ananias, filho de Saduceu e Judas, filho de Jônatas, para prometer-lhe com juramento. -- Flávio Josefo, HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém. Traduzido por Vicente Pedroso.
[1] Anas relates that the Messenger of Allah said: "Two sisters came to Jesus and asked him to resurrect their father who had died two days earlier. Deeply moved, Jesus said to them: `Let us go to the cemetery; I will bring him back to life.' When they came to the cemetery, Jesus asked them where the grave of their father was to be found. They showed him a grave; Jesus drew near and called out, `O you who have died, come forth! 'Then someone came out from the grave. But the two sisters said to him, `Lord (or Sir), this is not our father. 'Jesus bid the man to go back again into his grave. Then they showed him another grave where the same thing happened. At the third grave, Jesus called out with a loud voice, `O you dead man, come out!' Then the father of the two sisters came up out of the grave. But after he had stood awhile before the sisters, Jesus bid him again to go back into his grave - an action causing the sisters extreme shock. They asked Jesus what that meant. Jesus answered: `Be comforted! The span of life has been determined for every person. When this time is passed, death is unavoidable. Therefore, your father shall not live any longer'". -- Ad-Damiri, Hayatu'l-hayawani'l-kubra, Cairo (no year) Vol. 1, pp. 222-223.
"Jesus, peace be upon him, revived by the permission of Allah, four spirits: Al Adhir (Lazarus), who was his friend, the son of an aged person, the daughter of a man named Al Ashir and Shem, the son of Prophet Noah.
Lazarus had been dead for several days so Jesus supplicated to Allah and he was revived by the permission of Allah whilst his face perspired, and so Lazarus lived and fathered children.
As for the son of the aged person Jesus was passing by when he saw his body on a bier. So Jesus supplicated to Allah and the boy stood up and dressed, carried his bier upon his shoulder and returned to his people.
As for the daughter of Al Ashir, a night had passed since her death. So Jesus supplicated to Allah so she lived and bore children.
The people who witnessed these happenings said: 'You revive those who have been dead for a short-time so maybe they were not dead merely temporarily paralyzed so revive for us Shem, the son of Prophet Noah. 'So he said to them: 'Show me his tomb.' So he went with the tribe until they reached his tomb and then supplicated to Allah. And Shem rose up from his tomb, his hair having turned gray. So Jesus asked him: 'How is it that your hair has turned gray, in your time hair used not to turn gray? 'He replied: 'O spirit of Allah, when you called me I heard a voice telling me to answer the spirit of Allah so I thought the Day of Judgement had come and out of fear my hair turned gray. 'Then Jesus asked him about the pain of the departure of the spirit from the body so he answered: 'O spirit of Allah, surely, the bitterness of the departure never leaves my throat. 'and he had been dead for more than four thousand years. Then Shem said to the tribe: 'Believe him, for surely he is a Prophet. 'But some believed and others disbelieved saying: 'This is magic.'" THE GHAZALI SAYINGS OF JESUS Peace be upon him, Translated from Aramaic into Arabic by al-Ghazali (died 505/1111) Translated from Arabic into English by Shaykh Ahmad Darwish The Mosque of the Internet.
2.1 -- Peter's Attendants. Therefore the next day, I Clement, awaking from sleep before dawn, and learning that Peter was astir, and was conversing with his attendants concerning the worship of God (there were sixteen of them, and I have thought good to set forth their names, as I subsequently learned them, that you may also know who they were. The first of them was Zacchaeus, who was once a publican, and Sophonias his brother; Joseph and his foster-brother Michaias; also Thomas and Eliezer the twins; also Aeneas and Lazarus the priests; besides also Elisaeus, and Benjamin the son of Saphrus; as also Rubilus and Zacharias the builders; and Ananias and Haggaeus the Jamminians; and Nicetas and Aquila the friends), -- accordingly I went in and saluted him, and at his request sat down. – Book 2 The Clementine Homilies.
20.9 -- Why the Wicked One is Appointed Over the Wicked by the Righteous God. When Peter said this, Lazarus, who also was one of his followers, said: "Explain to us the harmony, how it can be reasonable that the wicked one should be appointed by the righteous God to be the punisher of the impious, and yet should himself afterwards be sent into lower darkness along with his angels and with sinners: for I remember that the Teacher Himself said this." (Matt. xxv. 41.)
20.10 -- Why Some Believe, and Others Do Not. And after Lazarus, Joseph, who also was one of his followers, said: "You have spoken all things rightly. Teach me also this, as I am eager to know it, why, when you give the same discourses to all, some believe and others disbelieve?" -- Book 20, The Clementine Homilies.
[3] (…) Sur ces mots, Jésus rendit grâces à Dieu. Lazare dit alors : "Maître, cette maison appartient à Dieu mon créateur ainsi que tout ce qu'il m'a donné. en garde pour le service des pauvres; mais comme tu es pauvre et que tu as un grand nombre de disciples, viens habiter ici quand tu veux et aussi longtemps que tu veux, car le serviteur de Dieu te donnera pour l'amour de Dieu tout ce qui te sera nécessaire.
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