Figura 1: São João, inspirado pela revelação divina na forma de raios de luz, dita seu Evangelho a São Prochoros. (Tetraevangelia Moscow 1606). |
O LOGOS
João 1: 1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.
2Aquele que é a Palavra sempre esteve com Deus.
3Criou tudo o que existe (e nada existe que não tenha sido feito por ele).
Se os evangelhos tivessem sido ditados (e não apenas inspirados pelo Espírito Santo, como reza o mito cristão) obviamente que esta extrapolação nãos seria óbvia pelo despropósito da redundância. Se a primeira intenção do evangelista fosse já a sua decisão sobre a futura querela da trindade teria escrito: (…), e a Palavra esteve (sempre) com Deus, (…). A teologia da palavra criadora de Deus não é uma originalidade gnóstica do Quarto Evangelho porque decorre da tradição cosmogónica do Egipto particularmente da "Teologia Mefítica”:
Ali aconteceu a evolução através do coração,
Ali aconteceu a evolução pela língua,
À imagem e semelhança de Atum
e grande e importante é Ftá
que deu o dom da vida a todos os deuses e também aos seus kas
pelo coração (desejo) e com a língua (palavra)
por meio do qual Hórus emergiu, por meio do qual Tote emergiu em Ftá.
A componente masdeísta do texto do Quarto Evangelho é precisamente a da luz que brilha nas trevas e que estas nunca poderão apagar. As partes que se seguem serão ou não interpolações tardia mas a verdade é que, nada tendo de histórico, poderiam perfeitamente ser dispensadas.
João 1: 4Nele está a vida eterna, e essa vida dá luz a toda a humanidade.
5(A sua vida) é a luz que brilha nas trevas, e estas nunca poderão pôr fim a essa luz.
Possivelmente logo a seguir e numa espécie de proto credo viria a encarnação divina que completaria a versão cristã da teologia menfítica:
14E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de amor e perdão, cheio de verdade.
E vimos a sua glória (, a glória) de Filho único do Pai. 12Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, (bastava confiarem nele como Salvador. 13Esses nascem de novo;) não no corpo nem de geração humana, mas pela vontade de Deus. 16Todos nós recebemos da abundância dos seus bens, e a sua graça contínua.
No entanto, até mesmo esta faria possivelmente parte duma dissertação em torno de Isaías para introduzir nos evangelhos a pregação de João Baptista.
Desde logo o versículo 15º, por ser uma repetição antecipada redundante e fora do contexto do capítulo seguinte, com o qual nem sequer está inteiramente em concordância!
15João deu testemunho dele clamando à multidão: Eis aquele de quem eu falava quando disse: 'Esse que vem depois de mim é muito maior do que eu, porque existia antes de mim'.
Esta “existia antes de mim “não pode referir-se há idade relativa de ambos porque é reconhecido que estes primos teriam a mesma idade embora João fosse, alguns meses, mais velho. Assim, os dois versículos seguintes parecem-se demasiado com interpolação oratória fora do texto e do contexto, aqui incluídos forçadamente para fundamentação do cristianismo em oposição à lei mosaica e refutação de uma heresia qualquer, mais ou menos ariana ou gnóstica.
17Moisés deu-nos a lei, mas Jesus Cristo trouxe-nos a graça e a verdade.
18Nunca ninguém viu a Deus. Mas o seu Filho único, que vive na intimidade do Pai, no-lo revelou.
O resto do prólogo do Quarto Evangelho é uma quase óbvia interpolação na forma de justificação doutrinária do primeiro capítulo relativo a João Batista, descrita como opinião pessoal do autor e não propriamente como palavras colocadas na boca do Verbo ou doutrina da Igreja primitiva.
6-7Deus enviou João Baptista para dar testemunho da verdadeira luz.
8João não era a luz, mas apenas uma testemunha para que essa luz pudesse ser conhecida.
9Mais tarde, veio aquele que é a verdadeira luz para brilhar sobre todo o ser humano.
10Esteve neste mundo, que foi criado por ele, mas não o conheceram.
11Veio para o seu povo e os seus não o receberam. [1]
Aparentemente o Quarto Evangelho começa por S. João Baptista possivelmente porque o seu autor teria sido um discípulo deste, pelo menos até que este desistiu de ser o messias (Cristo).
O que se segue parece um inquérito de estudantes de jornalismo.
19Os chefes judaicos enviaram sacerdotes e sacerdotes auxiliares desde Jerusalém para perguntarem a João: Quem és tu? 20E ele afirmou-lhes claramente: Eu não sou o Cristo. 21Então quem és tu? Repetiram. Serás Elias? Não, respondeu. Serás o profeta? Não. 22Então quem és? É preciso que nos digas para que possamos responder aos que nos enviaram. Que tens a dizer de ti mesmo? 23João respondeu: Sou, como anunciou Isaías, 'Uma voz vinda do deserto e que grita: Preparem-se para a vinda do Senhor!' 24-25Então os enviados, que eram fariseus, perguntaram a João Baptista: Se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta, porque baptizas tu? 26-27Eu baptizo com água, mas aqui nesta multidão está alguém que não conhecem, e que em breve começará a sua obra no vosso meio; eu nem sequer sou digno de lhe descalçar o calçado. 28Deu-se isto em Betânia, uma localidade do outro lado do Jordão, onde João baptizava.
A existência de duas formas de baptismo reporta-nos para conceitos mais arcaicos de pureza e limpeza ritual muito anterior ao cristianismo e mesmo à religião judaica que terá sido uma das que mais requintadamente usou e abusou dos rituais e leis de pureza quase até à obsessão neurótica. Como se poderia demonstrar noutro contexto esta ritualidade de pureza aproximar-se-ia dos modernos regulamentos de higiene e saúde pública se fossem sequer do domínio da ciência empírica que Hipócrates já preconizava por altura do começo do cristianismo. Na verdade seriam apenas actos reflexos mágicos pré-empíricos dum povo que terá sido expulso do Egipto por estar contaminado com lepra como Josefo refere que Maneton considerava os judeus e que deveria seguir regras de pureza que por não serem baseadas em evidências científicas nem empíricas teriam que ser dogmática e restritiva como única forma de surtir algum efeito. No entanto, a relação entre epidemias, pestes e doenças e a pureza ritual já começaria a ser latente nas religiões mais recentes com implicações sobretudo nas práticas de inumação mas também nos rituais de limpeza de vasos rituais e do corpo sacerdotal. Assim, a par da limpeza pela água que já era magicamente inferida desde os tempos da civilização suméria e do culto de Enki e dos Oanes, à época as técnicas mais recentes de purificação ritual estavam relacionadas com a cultura dualista avéstica baseada na vitória da luz sobre as trevas onde a purificação pelo fogo era considerada a forma mais radical de pureza. Esta cultura terá sido a responsável pela moda recente da cremação de que a pira funerária seria a variante aristocrática mais recente, inspirada pela crise de peste negra que terá assolado a Europa e a Ásia por altura da crise dos povos do mar e que se suspeita que tenha partido precisamente do povo judeu na altura da sua expulsão do Egipto como o comprova o surto de peste que a arca da aliança provocou entre os hititas.
Nesta perspectiva mística, o debate entre a superioridade do baptismo pelo fogo sobre o baptismo pela água seriam o rebate inevitável do masdeísmo na cultura judaica depois do longo contacto dos judeus com os persas durante o cativeiro da babilónia.
O baptismo pelo fogo de Cristo só viria a acontecer depois da ressurreição porque durante a sua vida pública Jesus praticou o baptismo de João. Como é que o baptismo pelo fogo se iria concretizar de forma sacramental na vida ritual dos cristãos fica pouco claro para além do que sabemos do sacramento do crisma e das línguas de fogo do Pentecostes, a menos que se tratasse de uma mera alegoria messiânica de tácticas guerreiras de fogo posto que os sicários usaram contra os romanos desde o incêndio de Roma até ao incêndio do próprio templo em Jerusalém no final da Guerra da Judeia.
O que podemos inferir, para já do relato do Quarto Evangelho é que na comunidade essénia dos nazorenos existia um debate sobre qual destes dois baptismos seria o maior se é que seriam ambos válidos ou até complementares. A verdade é que a igreja católica manteve os dois, o crisma pentecostal da iniciação pelo fogo que permitia ao neófito o acesso ao carácter adulto de filho de deus e cristão ou guerreiro de Cristo relegando-se o baptismo pela água para os catecúmenos que pretendiam apenas libertar-se do pecado original.
O facto de o 4ª Evangelho começar em Betânia, supostamente a cidade da unção messiânica de Jesus às mãos de Maria Madalena abre todos os indícios de que irá ser daqui e do espírito do Apostolo dos Apóstolos que foi Maria Madalena que se irá desenvolver toda a visão particularmente feminina deste evangelho.
Toda a história do quarto evangelho começa precisamente por onde deveria começar: pela negação do direito messianismo de João Batista ao trono de Israel. Ora, este facto só pode ter acontecido não tanto porque João o Batista já estaria informado de que o seu primo Jesus andava por perto e já teria também dado sinais de estar interessado na luta político-religiosa pelo título messiânico, mas, sobretudo, porque temia Herodes.
Ir para: JESUS, O JUDEU / BAPTISMO DE JESUS (***)
29No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse:
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
30este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um varão que passou adiante de mim, porque antes de mim ele já existia. 31Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, é que vim baptizando em água.
“O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” é obviamente o bode expiatório sobre o qual se lançavam todos os pecados e crimes inconfessos do povo para depois o expulsar da cidade ou imolar no altar do templo e já seria esta a ideia que tanto João como Jesus faziam do destino dos sucessivos messias que iam sendo crucificados às mãos dos romanos, mas para remissão apenas dos pecados judeus e não ainda dos de toda a humanidade.
Obviamente que aqui a história dá um salto porque falta a cena do baptismo de Jesus a que o autor do Quarto Evangelho não assistiu pessoalmente precisamente porque, sendo mulher, não teria parte nestes batismos secretos masculinos que seriam rituais de passagem para guerreiros ao serviço do Deus de Israel!
Ver: JESUS, O JUDEU (***)
35No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos 36e, olhando para Jesus, que passava, disse:
Eis o Cordeiro de Deus!
37Aqueles dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus.
38Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que buscais? Disseram-lhe eles: Rabi, (que, traduzido, quer dizer Mestre) onde pousas?
39Respondeu-lhes: Vinde, e vereis. Foram, pois, e viram onde pousava; e passaram o dia com ele; era cerca da hora décima.
Por qual razão é que o Quarto Evangelho omite o nome dos primeiros discípulos que João Baptista convidou pessoalmente a seguir Jesus?
Seguramente porque um deles era o autor deste evangelho e cujo nome não poderia ser revelado por ser à época escandaloso visto ser Maria Madalena e o outro…talvez fosse o próprio João, o filho de Zebedeu, que, por isso mesmo veio a ficar com a fama, mas sem proveito algum, de ser o autor deste evangelho.
40Um destes homens era André, irmão de Simão Pedro.
41Então André foi à procura de seu irmão Pedro e disse-lhe: Encontrámos o Messias! 42E levou-o para que conhecesse Jesus. Este olhou para Pedro durante um instante e disse: Tu és Simão, filho de João, mas serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).
Possivelmente o autor desta cena relata de memória o que lhe pareceu ter acontecido, e já em segunda mão, pois o que Jesus teria dito seria algo parecido: Tu és Simão Barjonas, mas devias chamar-te penedo (porque és rijo como uma pedra)! Na verdade, Pedro, irmão mais velho de André, pescador já com frota própria, seria um homem prático e trabalhador e por isso de aspecto e constituição robusta como uma pedra.
Por outro lado, esta cena não corresponde a nada referido pelos sinópticos. No entanto, por mais estranha que pareça, a primeira parte da cena descrita com mais verosimilhança parece ser a descrita por Lucas 5 (1-3).
Primeiro porque a cena “e, andando junto ao mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores”, que descrita em Marcos e Mateus são quase cópia uma da outra, não se coaduna com a descrição quase realista de que Jesus, passou viu quem procurava e directamente interpelou os dois irmãos sem sequer precisar de levantar a voz: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. E, então, eles, deixando logo ali as suas redes, o seguiram e, acompanhados por estes na margem do lago, logo de seguida e um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes, 20 e logo os chamou.
Marcos 1: 16 E, andando junto ao mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. | Mateus 4: 18 E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. | Lucas 5: 1Certa vez, quando a multidão apertava Jesus para ouvir a palavra de Deus, ele estava junto ao lago de Genezaré; 2e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores haviam descido deles, e estavam lavando as redes. | ||
Lucas 5: 3Entrando ele num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões | ||||
17 E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens. 18 E, deixando logo as suas redes, o seguiram. 19 E, passando dali um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes, 20 e logo os chamou. E eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os empregados, foram após ele. | 19 E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. 20 Então, eles, deixando logo as redes, seguiram-no. 21 E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamou-os. | 10 e, de igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante, serás pescador de homens. | ||
A cena que Lucas descreve está fora de contexto por corresponder quase textualmente a cena idêntica que o Quarto Evangelho coloca no final, ou seja, quando Jesus ainda estava no estado de graça da pós-ressurreição!
A cena do momento seria mais ou menos a descrita por Marcos e Mateus, se bem que a ideia de que “Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes, seja pouco adequada.
A ideia descritiva mais adaptada ao colorido local da época é de que seria já quase fim do dia e os barcos já estariam “junto à praia do lago” e a maioria dos pescadores já“haviam descido deles, e estavam lavando as redes”.
O ganancioso Simão Barjona andaria ainda a tentar um último lance de sorte nas redes e mais adiante os filhos de Zebedeu estariam sentados na praia a consertar as redes, porque ainda havia sol.
Outra cena de mar alto contadas pelos restantes sinópticos não corresponde a uma pescaria afortunada de futuro promissor, mas a uma cena de tempestade do mar logo depois da multiplicação dos pães e numa fase da campanha messiânica de Jesus que começava a não ir de vento e popa…ou pelo menos de feição nem aos projectos mundanos dos seus discípulos nem aos que pretendiam libertar o povo judeu do domínio romano, nem aos projectos pessoais de grupo de Jesus.
Sendo assim, a questão que se coloca a respeito da identificação dos discípulos anónimo de João do Quarto Evangelho nem é tanto o erro da óbvia de identificação de André que os dois sinópticos mais fidedignos colocam na companhia do seu irmão Simão Pedro, mas, sobretudo o facto de o outro apóstolo também não ser João Bonareges que costumava fazer um dueto com Pedro de quem era companheiro de pescarias e que sinópticos não colocam no mesmo barco mas na mesma faina de pescaria.
Assim sendo, a interpolação apócrifa do Quarto Evangelho 1:40, além de obviamente errada, é desastrada.
40Um destes homens era André, irmão de Simão Pedro.
Na verdade se o Quarto Evangelho quisesse revelar o nome dos apóstolos anónimos não os colocaria sistematicamente no anonimato até porque na altura em que este Quarto Evangelho foi escrito já seria importante saber de fonte segura quem foram os primeiros apóstolos.
Uma das hipóteses seria supor que eram: Lázaro e sua irmã Maria Madalena. No entanto, o nome de Maria Madalena nunca é omitido e chega mesmo a aparecer em situações em que o “outro discípulo” aparece anónimo. De resto, Maria Madalena irá aparecer mais adiante, ainda anónima, é certo, mas no papel de Samaritana de Sicá.
Por outro lado, Lázaro enquanto “jovem rico” irá aparecer mais tarde e não poderia ser ele o discípulo anónimo a menos que esta história tenha sido mal contada pelo Quarto Evangelho e fosse o epílogo da que os sinópticos contam como o encontro com o “homem rico”.
A probabilidade de ser este o caso é pouca porque ainda que nada espante que Mateus pudesse ter sido discípulo de João Baptista, Marcos / Lázaro seria ainda virgem e estaria por iniciar, o que não seria o acaso se fosse já discípulo de João Baptista, uma vez que o baptismos seria uma forma qualquer de iniciação que no caso de Marcos / Lázaro teria sido adaptada à sua idade e ter a forma iniciática descrita no evangelho secreto de Marcos.
Ou seja, é possível que estes dois discípulos apareçam anónimos logo no início do Quarto Evangelho porque corresponderiam a discípulos de nomes que o seu autor preferia por razões pessoais omitir como apóstolos, talvez por pudor de família e que poderiam ser Mateus e Simão Zelota que quase seguramente seria o pai de Madalena, Simão Leproso. Este é o mais desconhecido dos apóstolos pois a seu respeito, a Escritura conserva apenas o nome. Para distingui-lo de Pedro, os evangelistas Mateus e Marcos lhe deram o sobrenome de Zelota ou Cananeu. Este apelido não seria da cidade de origem, Caná, porque ele seria o Simão de Sirene, mas por causa da sua participação no partido dos zelotes, ou conservadores das tradições hebraicas.
O termo zelota ou zelote (em língua hebraica "kanai"; em língua grega, "zẽlõtẽs") significa literalmente alguém que considera que adora um Deus ciumento, ou seja, alguém que demonstra excesso de zelo.
Segundo uma notícia de Egesipo, o apóstolo teria sofrido o martírio durante o império de Trajano, em 107, já com a avançada idade de 120 anos, ou seja, teria participado na guerra da Judeia ao lado de seus filhos e companheiros de luta, pois seria homem rico e, ainda que zeloso na lei estaria também cheio de zelo messiânico ou seja, cristão. Pode ter sido Simão Leproso, pai de vários filhos entre os quais Mateus e de João Marcos, Maria Madalena e Marta.
A razão por que nos actos se fala em Maria, mãe de Marcos, como amiga dos apóstolos e em particular de Pedro e não no marido desta rica senhora seria por razões de sigilo político, pois nesta altura Simão de Sirene estaria na clandestinidade por ter sido um dos insurrectos da cena da “expulsão do templo” que andaria a monte por ter cometido crimes de sangue. Uma coisa é certa, precisamente por ser rico e notável e pela razão deste sigilo este deve ser o apóstolo que terá tido mais sobrenomes: Zelota, Cananita ou Cananeu, de Sirene, o Leproso e Zaqueu.
O facto de os sinópticos se referirem de forma particular ao chamamento de Mateus a verdade é que também a forma pronta como este discípulo respondeu ao chamamento prova que já tinha um compromisso anterior com Jesus que poderia ter acontecido precisamente logo após o baptismo de Jesus e tal como o Quarto Evangelho o descreve.
Ver: SIMÃO O LEPROSO (***) & CHAMAMENTO DE MATEUS (***)
Já o tipo de tratamento dos discípulos para com Jesus por Rabi trai o estilo do seu autor! Maria Madalena usa esta fórmula de tratar Jesus de forma particular no domingo da ressurreição.
João 20: 16 Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer Mestre)!
Rabi é uma palavra hebraica enquanto raboni é aramaico, mas ambas querem dizer a mesma coisa. Na época em que o Novo Testamento foi escrito já o povo hebreu falava a língua hebraica, embora alguns ainda mantivessem a língua aramaica em privado.
O tratamento por “rabi” que o Quarto Evangelho usa é única na literatura evangélica, pois que em Mateus este tratamento é peremptoriamente rejeitado por Jesus e apenas volta a ser encontrado numa situação adversa em relação a Judas, suposto traidor.
Mateus 23: 5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens, pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, 6 e amam os primeiros lugares nas ceias, e as primeiras cadeiras nas sinagogas, 7 e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens: -- Rabi, Rabi. 8 Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. 9 E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. 10 Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.[2]
Mateus 26: 25 E, respondendo Judas, o que o traía, disse: Porventura, sou eu, Rabi? Ele disse: Tu o disseste. (…) 49 E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi. E beijou-o.
Marcos 14: 44 Ora, o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o e levai -o com segurança. 45 E, logo que chegou, aproximou-se dele e disse-lhe: Rabi, Rabi. E beijou-o.
A redundância do versículo 10º torna-o numa quase segura interpolação feita propositadamente para reforço de autoridade contra alguém que terá contestado a interpolação explicativa abusiva do versículo 8º.
Maria Madalena, que desconhecia que Jesus tivesse desaconselhado o tratamento público por mestre e que estava habituada a tratá-lo por raboni em aramaico privado, virá a ser a única a tratar Jesus por mestre quando numa época já tardia relata cenas de que já ninguém poderia saber a textualidade exacta e em muitos casos recebidas em segunda mão. Sendo assim, Maria Madalena revela-se como sendo a que ditou a seu irmão João Marcos, o Quarto Evangelho que assim deveria ser o Evangelho dos irmãos João & Maria.
EVANGELHO DE JOÃO SEGUNDO MADALENA
Evangelho Segundo Tomé O Dídimo -- (114) Simão Pedro disse-lhes: "Que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres não são dignas da vida." Jesus disse: "Eu mesmo vou guiá-la para torná-la macho, para que ela também possa tornar-se um espírito vivo e semelhante ao de vós machos. Porque toda mulher que se tornar macho entrará no Reino do Céu."
As conotações metafóricas da linguagem messiânica e cabalística de há dois mil anos têm sido um dos obstáculos para a compreensão do verdadeiro e real sentido dos livros sagrados e seguramente uma das causas da mistificação da vida de Jesus! De certo modo, um texto, gnóstico e esotérico, deste género necessitaria duma tradução menos literal e, portanto, um conhecimento das nuances conotativas e idiomáticas da cultura judaica do meio essénio dos tempos de Jesus. Dizer que as mulheres “não são dignas da vida” quando são a fonte geracional da vida seria um rematado disparate se não soubéssemos que se estava a falar de “vida” num segundo sentido meramente espiritual e tão conotativo como seria dizer a “via”, por exemplo. Falar de “um espírito vivo e semelhante ao (...) dos machos” não era mais do que um preconceito paternalista de há dois mil anos, em parte semelhante ao da nossa tradição filosófica aristotélica que fazia do raciocínio matemático e sintético um privilégio dos homens em oposição ao espírito analítico e geométrico das mulheres. Quanto ao reino do Céu, não sendo uma mera metáfora do paraíso pós mortem (onde, segundo outras passagens dos evangelhos, não havia homens nem mulheres, nem solteiros nem casados), seria uma metáfora do reino messiânico da espiritualidade na terra, uma espécie de república platónica de sacerdotes filósofos.
O argumento teológico da genuinidade das autorias dos Evangelhos soa nos seguintes termos: em meados do século os escritores cristãos afirmam a procedência apostólica dos livros do Novo Testamento, atribuindo, pois, as Epístolas aos autores nelas inscritos, os quatro Evangelhos sucessivamente a Mateus, Marcos, Lucas, João, e ainda os Actos a Lucas e o Apocalipse a João. Ora, - continua o argumento, - testemunho universal como é o destes escritores espalhados por todo o Império Romano não pode ser erróneo, em vista de ser impossível a fraude ou engano em tão curto tempo em assunto tão grave, como para eles eram os livros sagrados, sobretudo por ser impossível admitir-se que houvesse uma fraude ou engano unitário quando a característica do erro é a advertência e a multiplicidade. Logo, – termina o argumento, – os livros do Novo Testamento são do tempo apostólico e da autoria sempre indicada. -- Enciclopédia Simpozio. [3]
Um argumento teológico disfarçado de argumento lógico nem é lógico nem é teológico, mas um mero sofisma que parte do argumento cientifico histórico para o terreno filosófico da impossibilidade da fraude universal em assuntos graves e acaba por ignorar o aspecto fundamental da teologia que era a fé na cadeia da transmissão apostólica, enquanto suporte da origem divina dos evangelhos considerados a palavra de Jesus Cristo e a inspiração pelo Espírito Santo enquanto garantia da fidedignidade da sua transcrição em livros sagrados. O óbice deste argumento reside afinal num ponto mínimo que é o de considerar à partida como impossível o erro histórico em matéria de coisas sagradas o que levaria ao paradoxo de, pela mesma via, se ter que admitir a veracidade da mitologia antiga já que o engano em curto espaço de tempo teria que ser sempre válido para qualquer tempo e lugar mesmo para o tempo inicial de qualquer mito fundador. O erro lógico que deita por terra todo este argumento reside afinal num ponto mínimo que é o de considerar no plano da historicidade como impossível o que formalmente só poderia ser considerado no plano científico apenascomomeramente improvável. Porém, sob o ponto de vista racional o erro deste argumento é ainda mais grosseiro porque, estando-se a fazer fé no testemunho histórico de escritores espalhados por todo o Império Romano, só poderia considerar-se que, num assunto de tanta gravidade como foi a origem do cristianismo, minado por tantas cismas e heresias e repleto de escritos apócrifos e novelas lendárias, de referências em segunda mão a documentos perdidos e testemunhos a partir de fontes que os mais eminentes escritores chegaram a considerar de pouco crédito intelectual, como seriam os escritos de Papias, ou hoje consideradas lendárias como o personagem Hegesipo, tudo o que se diz a respeito dos evangelhos é altamente duvidoso. Sabendo-se das incertezas a respeito dos cânones dos primeiros séculos, apenaspoderíamos quanto muito aceitar (mesmo assim com alguma dificuldade intelectual) queum erro universal em matéria de autoria de livros sagrados seria não apenas provável como inevitável. De resto, as sagradas primeiras fontes de Papias e Hegesipo não são originais e apenas referências em segunda mão escritas por Eusébio de Cesareia na, Ecclesiastical History 3.39.1-7,14-17 (c. 325) já no sec. IV.
The Fourth Gospel was initially accepted earliest by ”heterodox” rather than” orthodox” Christians (Brown 1979: 147). The oldest known commentary on the Fourth Gospel is that of the Gnostic Heracleon (d. 180). The Valentinian Gnostics appropriated the Fourth Gospel to such an extent that Irenaeus of Lyons (d. 202) had to refute their exegesis of it. Brown well notes the relationship between the Fourth Gospel and the early Christian Gnostics when he writes that there is ”abundant evidence of familiarity with Johannine ideas in the gnostic library from Nag Hammadi” (1979: 147). In contrast to this, Brown points out that clear use of the Fourth Gospel in the early church by ”orthodox” sources is difficult to prove (1979: 148). This would seem to suggest that the contents of the Fourth Gospel, at one point, were not attractive to ”orthodox” Christians yet very attractive to Gnostic Christians for some reason. In fact, the earliest indisputable ”orthodox” use of the Fourth Gospel was by Theophilus of Antioch, c. 180 A.D., in his Apology to Autolycus. This strong connection between the Fourth Gospel and Gnostic Christians provides significant support for my thesis.[4]
Como a ciência não se constrói apenas com argumentos, mas, sobretudo, quando histórica, com factos arqueológicos e documentais parece que tanto o argumento teológico quanto o histórico abonam pouco a respeito da intocabilidade do Quarto Evangelho. De tão gnóstico que o Quarto Evangelho seria, deve ter sido o que mais mutilações, e rearranjos, terá sofrido para ficar a contento com as ideias ortodoxas pelo que, entre outros, estes terão sido os motivos pelos quais se afasta tanto do modelo sinóptico.
As impossibilidades metafísicas são assunto que fazem parte dos limites em que a razão se confronta com a aparição inesperada da fé pelo que argumentar deste jeito é continuar nos domínios dogmáticos da sacralidade e do sobrenatural e não no campo histórico da corrupção termodinâmica e probabilística da informação. Quer isto dizer que, num assunto que veio a revelar-se tão grave quanto sagrado, por força da própria evolução histórica do cristianismo, a fraude e o engano em tão curto espaço de tempo seriam improváveis, mas não impossíveis, sobretudo se mais do que erro se tivesse tratado dum engano e se este tivesse sido congénito e conhecido dum número quase nulo de intervenientes. Ora, os erros intrínsecos dum texto dependem da sua autoria e o engano de autoria do Quarto Evangelho pode ter-se limitado a Maria Madalena e a seu irmão João Marcos, a partir duma forte cumplicidade de mútuo benefício e de condição de sobrevivência do próprio evangelho. A mentira piedosa em nome da fé foi sempre considerada um pecado venial contra o Espírito Santo. Assim, não dizer que o Quarto Evangelho foi inspirado por Maria Madalena, mais do que um erro é um engano por omissão da mesma Maria Madalena e também de seu irmão João Marcos. Na medida em que tendo ficado, por isto mesmo, como sendo um evangelho de João também aqui se tratou apenas dum erro de omissão do determinativo Marcos que, como não era um nome próprio, mas, pseudónimo helenístico, terá passado despercebido.
Que foi que terá permitido que ninguém se tenha apercebido da possibilidade de o João do Quarto Evangelho ser o mesmo do evangelho de Marcos? Possivelmente o facto de parecer inverosímil que dois evangelhos tão diferentes pudessem ter o memo autor. Depois, porque quanto mais improvável é uma fraude mais ela é credível!
De seguida só nos resta saber se na tradição cristã vigente existem alguns indícios onde apoiar estas teses arrojadas! A verdade é que existem e em demasia!
217. O quarto Evangelho, o de João, é um caso especial, tanto no que diz respeito à sua formação como à sua integridade (vd 527). Conclusão geral, sobre a integridade dos Evangelhos:
ela é duvidosa a partir de uma análise exclusivamente interna.
A fé procura resolver este problema a partir da autoridade externa que dogmaticamente estabelece a integridade dos mesmos, com base na tradição, que assim sempre os tomou. Mas a fé precisa dos Evangelhos para se provar a si mesma! [5]
A AUTENTICIDADE DA AUTORIA DO EVANGELHO DE S. JOÃO
A autenticidade da autoria do evangelho de João é das coisas mais controversas que existem na exegese cristã.
As to the time of the appearance of the Johannine literature, apart from the question as to the authorship of these writings, there is now a growing consensus of opinion that it arose at the end of the 1st century, or at the beginning of the 2nd century. This is held by those who assign the authorship, not to any individual writer, but to a school at Ephesus, who partly worked up traditional material, and elaborated it into the form which the Johannine writings now have; by those also, as Spitta, who disintegrate the Gospel into a Grundschrift and a Bearbeitung (compare his Das Johannes-Evangelium als Quelle der Geschichte Jesu, 1910). Whether the Gospel is looked on as a compilation of a school of theologians, or as the outcome of an editor who utilizes traditional material, or as the final outcome of theological evolution of certain Pauline conceptions, with few exceptions the appearance of the Johannine writings is dated early in the 2nd century. -- James Iverach
Ora, o mais espantoso é depararmos com o facto de a exegese tradicional se debater com a suspeita pouco ortodoxa de terem existido no mesmo tempo e lugar de Éfeso duas entidades com o mesmo nome de João!
The Ephesian Traditions. 1. John the Apostle, and John the Presbyter: Thus the early traditions of the churches are available for the life of John the son of Zebedee. But there still remain many blank spaces in that life. After the reference to the pillar apostles in Gal, silence falls on the life of John, and we know nothing of his life and activity until we read of his banishment to Patmos, and meet with those references to the old man at Ephesus, which occur in the Christian literature of the 2nd century. One point of interest relates to the (genuine) quotation from Papias, preserved by Eusebius (Historia Ecclesiastica, III, 39), regarding a” Presbyter John,” a disciple of the Lord, who was one of his living authorities. Were there two Johns at Ephesus? Or was there only one? Or, if there was only one, was he John the Evangelist, or only John the Presbyter? Here there is every possible variety of opinion. Many hold that there were two, and many that there was only one. Many who hold that there was only one, hold that the one was John the son of Zebedee; others hold, with equal assurance, that he was a distinct person. -- James Iverach
Tanta controvérsia e indecisão deitam por terra o argumento teológico a respeito do autor do Evangelho Segundo S. João. Obviamente que é mais incómoda para o dogmatismo a tese de ter havido dois personagens em Éfeso com o nome João do que a de um só! Por isso é que, para todos os efeitos, o simples facto de ser o mesmo Papias, que tem servido de única prova testemunhal das autorias dos evangelhos, a ser também o que refere esta duplicidade incomoda de dois discípulos, com o nome de João, terem túmulo em Éfeso pouco mais ou menos pela mesma altura, tem que ser tomada em conta.
III.Eusebio, Hist. Ecl. iii. 39 - Cinco são o número de escritos que levam o nome de Papias, intitulados "Exposição dos Oráculos do Senhor". Ireneu também menciona essas obras como as únicas escritas por Papias, dizendo: "Isso também atestou por escrito Papias, discípulo de João e companheiro de Policarpo, homem antigo, em seu quarto livro, pois ele redigiu cinco livros."
Este é o testemunho de Ireneu. Na verdade, já na introdução de seus discursos, Papias não afirma ter sido ouvinte dos santos apóstolos ou tê-los conhecido pessoalmente. Contudo, ele ensina, com as expressões usadas, ter recebido a fé daqueles que foram íntimos dos próprios apóstolos:
"Para ti, não hesitarei em acrescentar às minhas explicações aquilo que outrora ouvi muito bem dos presbíteros, cuja lembrança guardei muito bem, estando seguro de sua verdade. Realmente, não me comprazia - como faz a maioria - com os que falam muito, mas com os que ensinam a verdade. Também não me comprazia com os que recordam mandamentos alheios, mas com os que recordam os mandamentos dados pelos Senhor à fé, nascidos da própria verdade. Se, por acaso, acontecia de chegar algum dos que tinham seguido os presbíteros, eu me informava sobre a palavra dos presbíteros, isto é, o que tinham dito André, Pedro, Filipe, Tomé, Tiago, João, Mateus ou outro discípulo do Senhor. E também o que falam Aristão e João, o presbítero, discípulos do Senhor. Eu não achava que as coisas conhecidas pelos livros pudessem me auxiliar tanto, quanto as coisas ouvidas através da palavra viva e permanente".
Vale a pena observar que Papias menciona duas vezes o nome de João. Primeiramente, relaciona-o juntamente com Pedro, Tiago, Mateus e os demais apóstolos, indicando claramente o evangelista. Porém, o segundo João - após cortar a frase - é colocado à parte, alheio ao número dos apóstolos, antepondo a este Aristão, e lhe dá, claramente, o título de presbítero. Dessa forma, também por esse testemunho, se comprova a realidade histórica dos que contam que houve na Ásia duas pessoas com o nome de João e que, em Éfeso, havia duas sepulturas que, ainda hoje, são atribuídas a João. É preciso se atentar para esses fatos, pois é verosímil que o segundo - se este não for o primeiro - foi aquele que viu a revelação transmitida sob o nome de João.
Papias, de quem já falamos, reconhece ter recebido as palavras dos apóstolos diretamente daqueles que os seguiram; por outro lado, diz ter sido ouvinte pessoal de Aristão e João, o presbítero. De fato, ele frequentemente os menciona pelos nomes em seus escritos, transmitindo a tradição deles.
Não é inútil dizer tais coisas. Vale a pena acrescentar outros relatos às já citadas palavras de Papias, onde narra outros casos extraordinários, informando que chegaram até ele pela tradição:
(…) O próprio Papias acrescenta outras coisas que teriam chegado até ele através da tradição oral, além de certas parábolas e ensinamentos estranhos do Salvador, além de outras coisas de natureza mais fabulosa.
Entre essas coisas, diz que um milénio se estabelecerá após a ressurreição dos mortos e, a seguir, o reino de Cristo se fixará fisicamente na nossa terra. Creio que essa sua opinião é fruto de uma má interpretação dos ensinamentos dos apóstolos, de forma que ele não compreendeu as coisas que diziam de maneira figurada e simbólica.
A verdade é que, pelo que se pode deduzir de seus próprios discursos, Papias parece ser homem de inteligência curta.
Assim, ele é o culpado de vários escritores da Igreja que lhe sucederam terem adotado sua opinião, por confiarem em sua antiguidade. Foi isso que aconteceu com Ireneu e outros que pensavam igual a ele.
Papias também transmite em sua obra outras explicações para os discursos do Senhor, segundo o que ouviu do citado Aristão e das tradições de João, o presbítero. Remetemos a essas obras todos aqueles que têm interesse em conhecê-las. (…)
Quer Papias fosse ingénuo de sentimentos e um dos parvos de espírito que ganham o céu a verdade é que só por má-fé se pode ignorar que ele é claro ao afirmar “ter recebido a fé daqueles que foram íntimos dos próprios apóstolos”. Se valesse a apena o reforço do testemunho de Ireneu, acrescentaríamos a redundância de que Ireneu, na verdade, já na introdução de seus discursos, “Papias não afirma ter sido ouvinte dos santos apóstolos ou tê-los conhecido pessoalmente”. No entanto, quando diz“e também o que falam Aristão e João, o presbítero, discípulos do Senhor. Eu não achava que as coisas conhecidas pelos livros pudessem me auxiliar tanto quanto as coisas ouvidas através da palavra viva e permanente" apenas se infere que pela lógica dos seus propósitos os teria ouvido pessoalmente Aristão e João, e não lido o que estes diziam em livros, parece que Papias aceitava que existissem discípulos de Jesus que não eram apóstolos.
1.1. Los evangelistas: su doctrina básica Mateo, (que predicó) a los Hebreos en su propia lengua, también puso por escrito el Evangelio, cuando Pedro y Pablo [845] evangelizaban y fundaban la Iglesia. Una vez que éstos murieron, Marcos, discípulo e intérprete de Pedro, también nos transmitió por escrito la predicación de Pedro. Igualmente Lucas, seguidor de Pablo, consignó en un libro «el Evangelio que éste predicaba» (1 Tes 2,9; Gál 2,2; 2 Tim 2,8) . Por fin Juan, el discípulo del Señor «que se había recostado sobre su pecho» (Jn 21,20; 13,23), redactó el Evangelio cuando residía en Efeso. -- Contra los Herejes, San Ireneo de Lyon.
Seria este João presbítero o levita João Marcos que teria ido para Efeso com sua irmã Madalena e com a Virgem Maria para cumprimento da promessa que fizera junto à cruz a seu amigo Jesus?
Talvez um dia se venha a demonstrar que o evangelho de Marcos e o de S. João tiveram a mesma autoria porque têm o mesmo estilo redactorial. No entanto, este João não terá sido autor de nenhum deles na medida em que no caso do segundo evangelho Marcos apenas relatou o que ouviu de Pedro com pequeníssimas anotações pessoais (como as referentes ao jovem rico, por exemplo, e ao jovem nu coberto por um lençol) e, no caso do Quarto Evangelho relatou o que ouviu de Maria Madalena com as anotações pessoais relativas ao discípulo amado uma vez, que no caso do episódio da ressurreição de Lazaro, terá seguido a descrição da irmã, já que ele teria estado em morte aparente durante três dias!
Como a estrutura narrativa dos sinópticos decorre da desenhada por Marcos, podemos arriscar a conclusão de que a unidade da verdadeira história da Paixão de Jesus se deve ao génio apaixonado e ao estilo redactorial de Marcos e ao facto de se ter ficado a dever às duas perspectivas complementares das primeiras cabeças ideológicas da igreja primitiva, a masculina de Pedro e a feminina de Maria Madalena, bem como à tradição oral e apostólica dos ditos de Jesus.
According to John, Jesus is a different teacher from what the Synoptic Gospels tell us, its public life is much longer (three years instead of less than a year for the other authors), Jesus' work is done mainly in Judea and not in Galilee, Jesus is the Messiah from the beginning, and Jesus resuscitated Lazarus from the death (this is not even mentioned in the synoptic Gospels). In summary John's Gospel gives a new and different view of Jesus that is incompatible with what is described in the Synoptic Gospels. (…) John's Gospel is the book of the New testament that is the closest in style, content, and way of thinking to the Dead Sea Scrolls found at Qumrân. It could be that John's Gospel is an Essenic theological book dealing with the biography of Jesus and incorporating some of the doctrines taught by the Teacher of Righteousness who preceded Jesus. If this is true, then the source of John's Gospel has finally been discovered. However until now it is only a conjecture.
Pedro que nunca teve a primazia por herança que de linhagem pertenciaa Tiago, o irmão de Jesus, veio a adquirir de Constantino a primazia ideológica para a hierarquia da Igreja latina. Já Maria Madalena nunca teve direitos práticos ao papel de Apostola dos Apóstolos, que a teologia ortodoxa lhe concedia, enquanto presumível “primeira-dama”.
Maria Madalena esteve sempre justa cruxem lacrimosa!
Marcus 15: 40 Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé; 41 as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém. (...) 45 E, depois que o soube do centurião, cedeu o cadáver a José; 46 o qual, tendo comprado um pano de linho, tirou da cruz o corpo, envolveu-o no pano e o depositou num sepulcro aberto em rocha; e rolou uma pedra para a porta do sepulcro. 47 E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde fora posto. | Mateus 27: 55 Também estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia para o ouvir; 56entre as quais se achavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. (…)
(...) 60 e depositou-o no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha; e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou- se. 61 Mas achavam-se ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas defronte do sepulcro. |
João 19: 25 Estavam em pé, junto ã cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena. |
E foi a primeira a anunciar a ressurreição de Jesus.
Marcus 16:: 1 Ora, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo. | Mateus 28: 1 No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. |
João 20: 1 No primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro. (…) 11 Maria (Madalena), porém, estava em pé, diante do sepulcro, a chorar. Enquanto chorava, abaixou-se a olhar para dentro do sepulcro, 12 e viu dois anjos vestidos de branco sentados onde jazera o corpo de Jesus, um ã cabeceira e outro aos pés. 13 E perguntaram-lhe eles: Mulher, por que choras? Respondeu- lhes: Porque tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. 14 Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em pé, mas não sabia que era Jesus. 15 Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, julgando que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. 16 Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, virando-se, disse-lhe em hebraico: Raboni! - que quer dizer, Mestre. 16 Disse-lhe Jesus: Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. 18 E foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: Vi o Senhor! - e que ele lhe dissera estas coisas. |
Lucas 24: 8 Lembraram-se, então, das suas palavras; 9 e, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. 10 E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago; também as outras que estavam com elas relataram estas coisas aos apóstolos.
XII 1.Al rayar el alba, María Magdalena, discípula del Señor, tomando consigo a varias de sus amigas, fue con ellas al sepulcro en que aquél había sido depositado. -- EL EVANGELIO DE SAN PEDRO, (Fragmento griego de Akhmin)
De todas as Três-Marias a única perfeitamente identificada, constantemente presente e sempre com o mesmo nome é Maria Madalena.
Segundo S. João, ela é mesmo a única a ter nome bem expresso (Maria de Cleopa não aparece com este nome em mais evangelho algum) bem como é a única descrita a chorar a morte de Jesus diante do sepulcro vazio, depois da ressurreição de Jesus.
XII. 50 Now early on the Lord's day Mary Magdalene, a disciple (fem.) of the Lord-which, being afraid because of the Jews, for they were inflamed with anger, had not performed at the sepulchre of the Lord those things which women are accustomed to do unto them that die and are 51 beloved of them-took with her the women her friends and 52 came unto the tomb where he was laid. And they feared lest the Jews should see them, and said: Even if we were not able to weep and lament him on that day whereon he was 53 crucified, yet let us now do so at his tomb. But who will roll away for us the stone also that is set upon the door of the tomb, that we may enter in and sit beside him and perform 54 that which is due? for the stone was great, and we fear lest any man see us. And if we cannot do so, yet let us cast down at the door these things which we bring for a memorial of him, and we will weep and lament until we come unto our house.
A forma como esta procura o corpo morto de Jesus é típica duma esposa ou amante e os modos como Jesus corresponde a esta ansiedade é tipicamente a dum saudoso e amantíssimo esposo.
Havia três que sempre caminhavam com o Senhor: sua mãe, Maria, sua irmã e Madalena, que era chamada sua companheira. Sua irmã, sua mãe e sua companheira, todas se chamavam Maria”. – O EVANGELHO DE FILIPE.[6]
A falta de clareza dos escritos antigos foi sempre fonte de equívocos, geradores de intermináveis querelas desnecessárias (o mito da Atlântida resulta em grande medida disto mesmo!). Esta irmã de que fala Filipe seria da mãe de Jesus (e logo sua tia, irmã de Maria Madalena e logo Marta) ou irmã de Jesus?
Também é verdade que só o Evangelho de S. João é que fala no ”apóstolo anónimo” em alternância com o ”apóstolo amado”.
João 21: 24 Este é o discípulo que atesta estas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
Como este aparece expressamente identificado com sendo o autor inspirador deste livro faz todo o sentido a tese que defende que este evangelho foi o único, dos canónicos, inspirado nos relatos orais da amante de Cristo.
(…) My hypothesis includes the assertion that, at the time of the schism, this pre-canonical version of the Fourth Gospel clearly (?) identified Mary Magdalene as the Beloved Disciple. The Secessionists, as Brown calls them, preserved the tradition of the Magdalene as the Beloved Disciple -- the founder and hero of their community. The Secessionists brought their tradition with them to several Gnostic groups. This explains Mary Magdalene's identification as the Beloved Disciple in several ancient Gnostic documents from a corpus of literature known as the Nag Hammadi Library.
(…) Removing references to Mary Magdalene from most of the story was easy. However, in the course of his work, the redactor was confronted with a problem. The tradition placing Mary Magdalene at the foot of the Cross and at the Empty Tomb on Sunday morning was too strong to deny. The Magdalene's presence at both of these events was common knowledge among most early Christian communities. (This is evidenced by the fact that all three of the other New Testament Gospels report her presence at these events.) (…) However, the redactor still wanted to establish the Beloved Disciple as the founder of his community and as an eyewitness to these major events in the work of salvation. This way, he could still maintain that the founder of his community was an eyewitness to the events in the Gospel even though he inexplicably fails to reveal his identity (John 21:24).
(…) The redactor's solution to this problem was actually quite simple. In those two events where he could not deny the presence of the Magdalene, he would rework the text so as to make it appear as if Mary Magdalene and the Beloved Disciple were two different people appearing simultaneously in the same place, at the same time. Consequently, Mary Magdalene and the male Beloved Disciple appear together in the Fourth Gospel in only two passages -- 19:25-27 (at the foot of the Cross) and 20:1-11 (at the Empty Tomb on Sunday morning). ...Isn't that interesting? And it is precisely at these two points that we find some major structural inconsistencies within the text of the Fourth Gospel. Brown discusses the inconsistencies in both of these passages.
(…) Positing Mary Magdalene as author of the Fourth Gospel does not challenge its apostolic origin. If Mary Magdalene was the leader and hero of the Fourth Gospel's community, then she was probably recognized as an Apostle within that community. Indeed, in recognition of the fact that she was the first to proclaim the Resurrection of Christ, the Roman Catholic Church has honored her with the title apostola apostolorum which means”the apostle to the apostles.”
(…) there is the strong internal evidence which shows extensive structural inconsistencies in the two passages of the Fourth Gospel which contain both Mary Magdalene and the Beloved Disciple appearing together. This corroborates the hypothesis which says that a redactor re-edited prior pre-canonical versions of the Fourth Gospel as discussed above; the ”one-upmanship” of the Beloved Disciple in relation to Peter in the Fourth Gospel is very similar to the relationship between Peter and Mary Magdalene in the Nag Hammadi Corpus. This helps to corroborate the hypothesis which says that the Fourth Gospel's Beloved Disciple and Mary Magdalene are, in reality, one and the same; there are many accurate references in the Fourth Gospel to Holy Land places and customs which denote eyewitness authorship by someone who lived in the Holy Land before the destruction of the Temple in A.D. 70 (Brown 1979: 22). Mary Magdalene was most certainly in a position to give very vivid and accurate eyewitness accounts of the events depicted in the Fourth Gospel. This might explain some striking differences between the Fourth Gospel and the
Synoptic Gospels which, according to most biblical scholars, were pseudonymous and not written by eyewitnesses; the unique place given to women as proclaimers in the Fourth Gospel was quite different from that of other first-century Christian churches (Brown 1979: 183). This is very consistent with the hypothesis which says that the Fourth Gospel was, in fact, authored by a woman -- i.e., Mary Magdalene. -- [7]
Com tantas evidências e provas documentadas em diversas fontes, tanto ortodoxas como gnósticas, o caso deixa de ser de polícia científica para ser quase um mera questão de indução científica.
According to tradition, St. John the Apostle was assisted by St. Prochoros in writing the Gospel According to St. John. [8]
Claro que Madalena pode não ter sido ela a escrever directamente os evangelhos como, aliás, a tradição parece confirmar. S. Prochoro seria secretário do presbítero S. João, que não seria o apóstolo, mas quem sabe, Maria Madalena feita macho e disfarçada de apóstolo dos apóstolos ou o que é mais provável, o irmão desta, João Marcos.
Raymond Brown has likened the quest to identify the author of the Fourth Gospel to a good detective story (1966: lxxxvii). A good detective sifts through evidence which is relevant and discards that which is not. When the evidence begins to point in a certain direction, he or she pursues leads and explores all of the various explanations and alibis. When one theory emerges as plausible and more credible than any other, the detective draws a conclusion that usually involves the naming of a suspect or suspects. The evidence supporting authorship of the Fourth Gospel by Mary Magdalene is much stronger than that which established John of Zebedee as its author for nearly two thousand years. After careful consideration of the evidence cited herein, I respectfully submit that the ”prime suspect” in any quest to identify the author of the Fourth Gospel should be Mary Magdalene. --[9]
E nem sequer espanta que este segredo tenha sido piedosamente guardado durante tanto tempo quando ainda hoje na terra onde Jesus nasceu os direitos da mulher são quase os mesmos do tempo dos alvores do Cristianismo. O direito das mulheres à aprendizagem da escrita, nos países mediterrânicos, foi apenas inteiramente conquistado no fim da última grande guerra do sec. XIX pelas sufragistas anglo-saxónicas que só começaram a ter direito a voto nos principias do mesmo século.
1 Coríntios 14: 34as mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. 35E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja. 36Porventura foi de vós que partiu a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós?
No contexto revelado pela conspiração espontânea dos restantes evangelhos, relativo ao papel secundaríssimo das mulheres que acompanhavam Jesus, fazer sobressair Maria Madalena mais do que provocar um escândalo seria uma postura tão radical, quanto absurda e sem nenhuma garantia de sucesso.
From the second century on, a growing asceticism had steadily gained ground in the Church. There was a strong focus on celibacy, and the image of Mary Magdalen as an ascetic, repentant whore served this purpose. By the sixth century, this legend was firm. It was said that Mary, with Martha and Lazarus, traveled to Provence where she became an evangelist. Later, she retired to a cave where she lived in solitude meditating on her sins. It was claimed that through her great sorrow and repentance she regained her virginity. For women virginity was considered the most important requirement for sainthood, and Mary's accomplishment made her a major role model for woman aspiring to the ideal Christian life. In the Middle Ages, her visionary talents were emphasized, and she became the model and inspiration for all female mystics. -- [10]St. Mary Magdalen: the first papesse.
Depois, se o mito da virgindade de Maria foi tão indispensável à sua santificação, ao ponto de se ter inventado a teoria mística da recuperação da virgindade pela via da ascese (como se o desuso da função sexual, a amargura emotiva e secura de tecidos vaginais, levassem à atrofia dos órgãos genitais) também a virgindade de Cristo era, à luz do estoicismo gnóstico, condição absoluta da sua divinização pelo que haveria que calar a realidade humana de Jesus em detrimento da realidade divina de Cristo que progressivamente vinha sendo reclamada pelos crentes como condição indispensável para que Este pudesse ocupar o lugar dos antigos “falsos” deuses.
O Evangelho de Maria Madalena (Fragmento)
O Salvador disse: "Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça". Pedro lhe disse: "Já que nos explicaste tudo. Diz-nos isso também: o que é o pecado do mundo?" Jesus disse: "Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso, Deus-Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem". Em seguida disse: "Por isso adoeceis e morreis [...] Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurai força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça." Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: "A Paz esteja convosco. Recebei minha paz. Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do Caminho, dizendo: 'Por aqui' ou 'Por lá', pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas". Após dizer tudo isso, partiu. Mas eles estavam profundamente tristes. E falavam: "Como vamos pregar aos gentios o Evangelho do Reino do Filho do Homem? Se eles não o procuraram, vão poupar a nós?" Maria Madalena se levantou, cumprimentou a todos e disse a seus irmãos: "Não vos lamentais nem sofrais, nem hesiteis, pois sua graça estará inteiramente convosco e vos protegerá. Antes, louvemos sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens." Após Maria ter dito isso, eles entregaram seus corações a Deus e começaram a conversar sobre as Palavras do Salvador. Pedro disse a Maria: "Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos". Maria Madalena respondeu dizendo: "Esclarecerei a vós o que está oculto". E ela começou a falar essas palavras: "Eu...", disse ela, "Eu tive uma visão do Senhor e contei a Ele: 'Mestre, apareceste-me hoje numa visão'. Ele respondeu e me disse: 'Bem-aventurada sejas, por não teres fraquejado ao me ver. Pois, onde está a mente, há um tesouro'. Eu lhe disse: 'Mestre, aquele que tem uma visão vê com a alma ou com o espírito?' Jesus respondeu e disse: "Não vê nem com a alma nem com o espírito, mas com a consciência, que está entre ambos - assim é que tem a visão [...]". E o desejo disse à alma: 'Não te vi descer, mas agora te vejo subir. Por que falas mentira, já que pertences a mim?' A alma respondeu e disse: 'Eu te vi. Não me viste, nem me reconheceste. Usaste-me como acessório e não me reconheceste.' Depois de dizer isso, a alma foi embora, exultante de alegria.
"De novo alcançou a terceira potência, chamada ignorância. A potência, inquiriu a alma dizendo: 'Onde vais? Estás aprisionada à maldade. Estás aprisionada, não julgues!' E a alma disse: 'Por que me julgaste apesar de eu não haver julgado? Eu estava aprisionada; no entanto, não aprisionei. Não fui reconhecida que o Todo se está desfazendo, tanto as coisas terrenas quanto as celestiais.' "Quando a alma venceu a terceira potência, subiu e viu a quarta potência, que assumiu sete formas. A primeira forma, trevas; a segunda, desejo; a terceira, ignorância; a quarta é a comoção da morte; a quinta é o reino da carne; a sexta é a vã sabedoria da carne; a sétima, a sabedoria irada. Essas são as sete potências da ira. Elas perguntaram à alma: ´De onde vens, devoradora de homens, ou onde vais, conquistadora do espaço?' A alma respondeu, dizendo: 'O que me subjugava foi eliminado e o que me fazia voltar foi derrotado..., e meu desejo foi consumido e a ignorância morreu. Num mundo fui libertada de outro mundo; num tipo fui libertada de um tipo celestial e também dos grilhões do esquecimento, que são transitórios. Daqui em diante, alcançarei em silêncio o final do tempo propício, do reino eterno'." Depois de ter dito isso, Maria Madalena se calou, pois até aqui o Salvador lhe tinha falado.
Mas André respondeu e disse aos irmãos: "Dizei o que tendes para dizer sobre o que ela falou. Eu, de minha parte, não acredito que o Salvador tenha dito isso. Pois esses ensinamentos carregam idéias estranhas". Pedro respondeu e falou sobre as mesmas coisas. Ele os inquiriu sobre o Salvador: "Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos a ela? Ele a preferiu a nós?"
The Twelve (Andrew) do not believe the savior said these things. The ideas are too strange. Peter asks why they should believe a woman.” Did he really speak with a woman without our knowledge and not openly? Are we to turn about and listen to her? Did he prefer her to us?” And even though he earlier said” the Savior loved you more than the rest of women”, now he asks Magdalene if she expects them to believe the Savior preferred her to them. Peter felt it had to be a one over the other choice. That is part of the dominator model of operation so predominat then and now. On the other hand, Mary seems to be participating in and supporting the expansion of a more egalitarian partnership model for the structure of the new church. [11]
Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: "Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no meu coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?" Levi respondeu a Pedro: "Pedro, sempre foste exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário. Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí a ter amado mais do que a nós. É, antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o Homem Perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou." Depois que Levi disse essas palavras, eles começaram a sair para anunciar e pregar.
O papel de pitonisa inspirada de Madalena não deve ter ficado por aqui e deve ter sido ela quem ocupava o lugar de primazia no dia de Pentecostes e não, como ficou nos dogmas, a Virgem Maria e mãe de Jesus.
No entanto, não terá sido ela a escrever o Apocalipse de S. João, até porque o espírito, vingativo e destruidor, deste livro não se coaduna com a graciosidade de uma mulher tagarela e doadora de vida, mas mais com o mau espírito de João Boanerges. Por isso é que muito boa gente acredita que as Revelações teriam sido escrito por S. João Baptista e eventualmente reescritas por este por altura das guerras da Judéia.
94 E aconteceu que quando o Salvador dividiu os apóstolos e cada foi adiante de acordo com o seu lote, calhou a Filipe ir para o país dos gregos: e ele pensou que era tarefa árdua e lamentou-se. E Mariamne a sua irmã (foi ela que preparou o pão e o salga na distribuição dos pães, mas Marta foi a que muito trabalhou para o distribuir à multidão) vendo isto, foi até Jesus e disse: Raboni, não vês como meu irmão está humilhado? 95 E ele disse: Eu sei, o tu a escolhida entre as mulheres; mas vai com ele e o encoraja, porque eu sei que ele é um homem colérico e apressado, e se nós o deixássemos ir só que ele trará muitas retribuições dos homens. Mas eu enviarei Bartolomeu e João para que sofram agruras na mesma cidade, por causa das muitas fraquezas dos que lá moram; porque eles adoram a víbora, a mãe de cobras. E muda o teu aspecto de mulher e vai com Filipe. E a Filipe ele disse: Que artes tu temes? Porque eu sempre estarei contigo. – Actos de Filipe
Figura 1: São João, inspirado pela revelação divina na forma de raios de luz, dita seu Evangelho a São Prochoros. (Tetraevangelia Moscow 1606). | De facto, Betânia seria a terra de Maria Madalena a esposa de Jesus de modo tão provável como toda a restante história de Jesus. De facto, para um historiador actual as fontes canónicas não são mais primárias do que as apócrifas, nem a tradição ortodoxa mais privilegiada do que a herética. Se a igreja ortodoxa não acredita que Maria de Betânia pudesse ser a mesma que Maria Madalena pelo menos a tradição iconográfica, seguramente apoiada numa tradição gnóstica mais antiga do que a da igreja ortodoxa, faz dela a transportadora dos santos óleos da unção de Betânia. |
Figura 2: ícone russo de Maria Madalena com o vaso de nardo. |
In the opinion of the Eastern liturgists (and the venerable opinion of Saint Ambrose), there are three different people, and it certainly seems doubtful that Mary of Bethany and Mary the Sinner were the same person. Or does it? Modern scholars do not believe they are the same woman because there is the question of the two different origins (Bethany and Magdala). But it has been suggested that if they are identical, it would be easier to explain why three adults siblings were living together without their spouses. If Mary of Bethany is the sinful woman (assumed to be a prostitute or whore) and her brother and sister took her in after she repented, they would be considered tainted.[12]
Ora, no início do cristianismo era já uma evidência corrente de que era a indignidade moral dos antigos deuses clássicos a razão que os tornava progressivamente desprezíveis para as novas gerações do império romano. Por consciência disso ou pela mesma tradição de pudor espiritual que levou os restantes autores sagrados a não deixarem a sua autoria bem explicita nos seus livros Maria Madalena viu-se obrigada a esconder-se atrás do “discípulo amado” que por sinal também era João (Marcos), o mesmo que o “mancebo rico” e Lázaro e por isso seu adorado irmão mais novo, facto que seria suficientemente claro para os iniciados, mas que não provocaria escândalo aos crentes mais frágeis que exigiam a pureza absoluta da divindade de Cristo.
In the Gospel of Thomas Jesus promises Peter that he will lead Mary Magdalene in order to make her male ‘so that she too may become a living spirit resembling you males. For every woman who will make herself male will enter the Kingdom of Heaven.’ [17] In the Acts of Philip the Savior praises Mary Magdalene for her manly character. Because of this he gives her the task of joining the weaker Philip on his mission journey. But she is not to join him as a woman. ‘As for you, Mary,’ he says, ‘change your clothing and your outward appearance: reject everything which from the outside suggests a woman.’ [13]
Assim, neste sentido sem sequer é necessário apelar para a manipulação do evangelho segundo S. João uma vez que este já teria sido auto censurado com a humildade da mulher do tempo, de cabeça e identidade cobertas pelos véus do anonimato, dos eufemismos e dum pseudónimo. De facto estas teses conspirativas têm não só que provar a sua coerência com os diversos factos conhecidos como conseguirem explicar incoerências ligadas a estes mesmos factos.
Aliás, não deixa de ser estranho que, sem que nunca seja explicitamente denominado como João, só o Quarto Evangelho é que fale neste estranho “discípulo amado”.
A inferência de que este era o apóstolo João foi feita a posteriori na base suposta de que o evangelho era de João e na evidência de que este “discípulo amado” se confessa como sendo o autor deste evangelho por correlação entre o penúltimo e o antepenúltimo versículo do evangelho segundo S. João.
João 21: 23 Divulgou-se, pois, entre os irmãos o dito de que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? 24 Este é o discípulo que atesta essas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
Assim, se provarmos que o autor deste evangelho não era João não há nada que ligue o ”discípulo amado” ao nome do Apostolo João, o filho de Zebedeu!
Entretanto, os especialistas críticos sugerirem algumas outras possibilidades. Filson, Sanders, Vernard Eller e Rudolph Steiner sugerem que foi Lázaro, a partir de João 11:31-36, que cita especificamente que Jesus “o amou”, e ele talvez esteja implícito também no Evangelho secreto de Marcos. A ideia que Lázaro foi ressuscitado por Jesus dos mortos pode também explicar porque algumas esperavam que o "Discípulo Amado" não morresse (João 21:22-23). Parker sugeriu que este discípulo poderia ser João Marcos; apesar disso, os Atos dos Apóstolos indicam que João Marcos era muito jovem e um discípulo recém-chegado. J. Colson sugeriu que “João” era um sacerdote em Jerusalém, explicando a personalidade sacerdotal alegada no quarto Evangelho. R. Schnackenburg sugeriu que “João” era um residente de outra maneira desconhecido de Jerusalém que estava no círculo de amigos de Jesus. – Wikipdia.
A demonstração, precisamente apenas à luz dos textos sagrados, ou seja, dos canónicos, de que o “discípulo amado” não poderia ter sido João, o filho de Zebedeu (e do trovão (J)!) e que este só poderia ser Lázaro está magistralmente exposta no livro The Disciple Whom Jesus Loved, de J. Phillips[14]. O facto de ser possível chagar a esta mesma conclusão por análise e reflexão independentes só reforça esta mesma tese.
Ver: LAZARO (***) & TRANSFIGURAÇÃO (***) & GETSEMAN (***)
João, filho de Zebedeu, esteve presente durante a cena da transfiguração e nas agonias do jardim de Getsemani e nada referiu destes importantes e dramáticos episódios no seu suposto evangelho.
Also, notice the instruction that Jesus gave to those three disciples (Mt. 17:9, Mk. 9:9). They were not supposed to keep silent about the transfiguration after Jesus had risen from the dead. If John wrote this Gospel, then his silence on this event would seem contrary to Jesus’ instructions on this matter! -- The Disciple Whom Jesus Loved, de J. Phillips
Em rigor, Jesus apenas proibiu a revelaçãodo episódio da“transfiguração” antes da sua “ressurreição” não impondo de modo algum a obrigação da sua revelação posterior nem sequer se infere logicamente tal coisa dos dois únicos textos que referem esta imposição.
Marcos, 9: E, descendo eles do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos.
Mateus 17: 9 E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão até que o Filho do Homem seja ressuscitado dos mortos.
Porém, dada a importância dramática deste evento será sempre oportuno estranhar o facto de um pressuposto João evangelista não o ter referido. Obviamente que também é verdade que qualquer outro redactor deste mesmo evangelho poderia ter ouvido falar deste miraculoso evento (no sentido literal do termo por ter sido tão maravilhoso de ver que deixou S. Pedro estupidificado de espanto) depois da ressurreição, ainda que, neste caso, a sua omissão já não teria tanto significado, aceitando-se facilmente que um relato em segunda mão teria retirado a esta cena parte do seu dramatismo inicial.
Nesta mesma linha de raciocínio se deveria estranhar que um discípulo que fazia parte, com Pedro e Tiago, do trio de eleitos de Jesus ignorasse o nome de todos os Apóstolos, colocasse a cena da expulsão dos “vendilhões do templo” no inicio da vida messiânica de Jesus e revelasse muitas outras omissões relativas aos apóstolos tais como o chamamento de Mateus, da doença da sogra de Pedro, a cena relativa aos irmãos de Jesus, a cura da filha do chefe da sinagoga ou da filha de Jairo, etc. Sobretudo, S. João deveria ter orgulho do alcunha de Boanerges que Jesus lhe deu segundo o evangelhos de S. Marcos e de referir que Jesus lhe encomendou a ele e S. Pedro a preparação da “última ceia”.
Claro que seria demais pedir a S. João que referisse a cena embaraçante em que os filhos de Zebedeu se puseram em bicos de pés para obterem os melhores lugares no reino dos céus, facto que comprova bem que as expectativas messiânicas dos discípulos eram realistas e de natureza política de acordo com as espetavas ideológicas da época.
Marcos, 10 35 E aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: Mestre, queremos que nos faças o que pedirmos. 36 E Ele lhes disse: Que quereis que vos faça? 37 E eles lhe disseram: Concede-nos que, na tua glória, nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. 38 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo e ser baptizados com o baptismo com que eu sou baptizado? 39 E eles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade vós bebereis o cálice que eu beber e sereis baptizados com o baptismo com que eu sou baptizado, 40 mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence a mim concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado.
A razão principal que terá levado a tradição cristã a considerar que João foi o autor do evangelho do seu nome terá sido o facto de o nome deste apóstolo nunca ser nomeado neste evangelho. Mas também é verdade que este evangelho apenas refere os primeiros discípulos como sendo: André, e um outro, Pedro, Filipe e Natanael. Esse “outro” poderia ser João aparecendo de novo inominado na cena da ressurreição. Porém, tirando o nome de Pedro, e uma ou duas vezes Filipe, quase mais nenhum nome de apóstolo é referido neste evangelho.
[20] What marvel, therefore, if John so constantly brings forward particular [matters] also in his Epistles, saying of himself: [21] "What we have seen with our eyes and have heard with [our] ears and our hands have handled, these things we have written to you." [22] For thus he declares that he was not only an eyewitness and hearer, but also a writer of all the wonderful things of the Lord in order. -- The Muratorian Canon.
O facto de João poder ter sido referido por mais do que uma vez como “o outro” pode indiciar algum constrangimento afetivo por parte do autor deste evangelho. A lenda de que Maria Madalena deixou João evangelista para seguir João baptista pode ser verídica, não porque seja habitual uma mulher trocar o amor dum jovem pelo amor dum velho, mas porque as mulheres previdentes sabem que os velhos é que garantem a segurança económicas que as mulheres sempre apreciaram num homem. Ora, João Batista seria possivelmente mais rico do que o seu aspecto andrajoso de penitente a pregar no deserto parecia indiciar! Ele era filho dum sacerdote do templo e um possível candidato ao trono de Israel! O amor cristão por Jesus voltaria a junta-los, mas a inimizade inconsciente persistiria. Maria Madalena não conseguira voltar a referir o nome dele, vindo mesmo a pedir-lho de empréstimo.
João 1: 27 Este é aquele que vem após mim, que foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar as correias das sandálias. 28 Essas coisas aconteceram em Betânia, {ou Bethabara} do outro lado do Jordão, onde João estava baptizando.
A verdade é que os evangelhos de João começaram por falar de João Batista, o que só se compreende pela natural proximidade de Madalena a este profeta, uma vez que João baptizava nos arredores de Betânia. Possivelmente Madalena ficou desamparada com a morte de João Batista e foi apanhada pelos judeus a praticar prostituição sagrada ou, quem sabe, praticando enlouquecida e desesperadamente a prostituição comum!
Para o apóstolo João isto deve ter sido um duro golpe difícil de engolir. João tornou-se amargo e intolerante aos afectos do amor e do perdão! Por sua vez, Jesus acabou apaixonado ou condenado a ter que aceitar esta mulher, que por riqueza e nobreza de nascimento seria a esposa obrigatória dos pretendentes messiânicos ao trono de Israel.
Aliás, uma análise feita numa perspectiva feminina talvez viesse a revelar que existem neste evangelho certos pormenores que são tipicamente femininos!
As bodas de Cana, a mulher samaritana, a mulher adúltera, etc.
III. Characteristics of the Gospel: Internal Evidence. 1. General Lines of Attack and Defence: The external evidence for the Fourth Gospel is criticized, but it is chiefly on internal grounds that the opposition to the Johannine authorship and historical trustworthiness of the Gospel is based. Stress is laid on the broad contrast which admittedly exists in style, character and plan, between the Fourth Gospel and the Synoptics; on its supposed philosophical dress (the Logos-doctrine); on alleged errors and contradictions; on the absence of progress in the narrative, etc. --James Iverach [15]
Esta constatação releva precisamente duma forma de pensar a realidade tipicamente no feminino!
The defense of the Gospel is usually conducted by pointing out the different aims of the Gospel, rebutting exaggerations in the above objections, and showing that in a multitude of ways the author of the Gospel reveals his identity with the apostle John. He was, e.g., a Jew, a Palestinian Jew, one familiar with the topography of Jerusalem, etc., an apostle, an eyewitness, the disciple whom Jesus loved (13:23; 20:2; 21:7,20). 5) -- James Iverach [16].
A tradição cristã impõe como razão para que o evangelho segundo S. João tenha sido inspirado directamente por este apóstolo o facto de só uma testemunha directa poder ter tido conhecimento de aspectos íntimos e vívidos referidos no evangelho. A verdade é que esta mesma lógica é valida também para Maria Madalena!
The Gospel receives powerful confirmation from reflection on the nature of reminiscence generally. A law of reminiscence is that, when we recall anything, or any occurrence, we recall it in its wholeness, with all the accessories of its accompaniments. As we tell it to others, we have to make a selection of that only which is needful to convey our meaning. Inartistic natures do not make a selection; they pour out everything that arises in the memory (compare Dame Quickly in Shakespeare). (…). Pass on to notice the 6 water-pots of stone set at Cana after the manner of the Jews' purifying (2:6). We might refer in this connection to the geographical remarks frequently made in the course of the narrative, indicative of an intimate knowledge of Palestine, and to the numerous allusions to Jewish laws, customs, beliefs, religious ceremonies, usually admitted now to be accurate, and illustrative of familiar knowledge on the part of the writer. (…) remembers that Mary sat still in the house, when the active Martha went forth to meet the Lord as He approached Bethany (11:20); recalls the appearance of Lazarus as he came forth bound hand and foot with grave-clothes (11:44). He has a vivid picture before him as he recalls the washing of the disciples' feet (13:1-15), and the various attitudes and remarks of the disciples during the whole of that eventful night. He still sees the attitude of the soldiers who came to arrest Jesus (18:3-8), the flashing of Peter's sword (18:10), the share of Nicodemus in the burying of Jesus, and the kinds and weights of the spices brought by him for the embalming of the body (19:38-40). He tells of the careful folding of the linen cloths, and where they were placed in the empty tomb (20:4-8). These are only some of those vivid touches due to reminiscence which none but an eyewitness could safely make. -- James Iverach [17]
Ver: GRAAL & LAZARO (***)
2. Mediada la fiesta de los Ázimos, vino su discípulo Juan, y todavía no habíamos visto al ladrón ni sabíamos qué había sido de él. Juan entonces preguntó a Jesús: «¿Quién es éste, pues no me has permitido ser visto por él?». Mas Jesús no le respondió nada. Entonces él se echó a sus pies y le dijo: «Señor, sé que desde el principio me amaste; ¿por qué no me haces ver a aquel hombre?» Díjole Jesús: «¿Por qué vas en busca de lo arcano? ¿eres obtuso de inteligencia? ¿No percibes el perfume del paraíso que ha inundado el lugar? ¿No te das cuenta de quién era? El ladrón colgado de la cruz ha venido a ser heredero del paraíso; en verdad, en verdad te digo que de él sólo es hasta que llegue el gran día». Y Juan dijo: «Hazme digno de verle».
3. Y, mientras Juan estaba aún hablando, apareció de repente el ladrón. Aquél entonces, atónito, cayó al suelo. El ladrón no conservaba la misma figura que tenía antes de venir Juan, sino que era como un rey majestuoso en extremo, engalanado como estaba con la cruz. Y se dejó oír una voz, emitida por una gran muchedumbre, que decía así: «Has llegado al lugar del paraíso que te estaba preparado; nosotros hemos sido designados por el que te envió para servirte hasta que venga el gran día». Y, al producirse esta voz, quedamos invisibles el ladrón y yo. Yo entonces me encontré en mi propia casa y ya no vi a Jesús. -- Declaración de José de Arimatea, el que demandó el cuerpo del Señor, que contiene las causas de los dos ladrones.
A cena de ciúmes descrita na declaração de José de Arimateia, mesmo num contexto de espiritismo gnóstico, é de tal forma ingénua quase a raiar o descaramento gay moderno que nos parece verosímil. João Marcos amava tanto a Jesus que chegava a ser descaradamente explícito ao ponto de a sua paixão adolescente ter ficado registada nos apócrifos. Obviamente que se pode inferir que estes seriam quase sempre gnósticos e por isso da escola de Éfeso onde teria circulado a primeira versão dos evangelhos em várias sequelas nem todas da mesma qualidade do Evangelho de Marcos, Mateus & João. Lucas teria sido a cópia Paulina mandada fazer para os gentios romanos.
Porque razão foi o quarto evangelho atribuído a João Bonareges durante quase dois mil anos? Porque este teria sido escrito sob o pseudónimo de Joanes, o deus bissexual da sabedoria gnóstica mesopotâmica. Mas os escrivães, conselheiros de Maria Madalena, podem ter escolhido um pseudónimo próximo tanto desta tradição caldeia como da tradição clássica, ou seja, um nome parecido com a esposa de Júpiter, Junone, por sinal esposa de Jano.
Junone > Jonunes> Jounes > Joanes.
In the Gospel of John, Jesus Himself tells her to go to the apostles with the gospel; (thus, many call her the”Apostle to the Apostles"). (…)
By the Gospel accounts, we come to know the reality of St. Mary Magdalene's love for Christ and her fidelity to Him during His passion, death, and resurrection. The Church has recognized her as a disciple and Equal-to-the-Apostles, and we ask for her continuing intercessions for us. -- On the Life of Mary Magdalene, Karen Rae Keck.
Se Maria Madalena foi considerada pela teologia como “Apostolo dos Apóstolos” e tem o título ortodoxo de “igual aos Apóstolos”, então, nada impediria, a não ser o contexto do que esta santa tenha sido o Apostolo que Jesus amava de forma particular. Pelo contrário, um “amor especial” não faz sentido no plano teológico da realidade divina de Jesus que a todos ama por igual.
Na verdade, o que só se compreende no plano dos absurdos dogmas da fé é que a Igreja tenha andado cega para as implicações que tem, se tivesse alguma vez havido nas hierarquias do poder canónico a vontade para pensar as coisas de forma lógica até as últimas consequências, o facto de o Jesus “Filho do Homem” ter tido um «amor especial», ainda que platónico, por alguém que não fosse uma mulher. A igreja nunca poderia ter lançado o anátema do ”crime nefando” sobre a homossexualidade quando Cristo teria sido o máximo exemplo disso, ao amor de forma particular um Apóstolo, supostamente S. João!
Os teólogos tiveram sempre dificuldades em conseguir separar no culto popular a devoção de S. João Baptista do outro S. João, o Evangelista. A verdade é que, quase seguramente, um dos mais célebres apóstolos, João, o “amado de Jesus” ou era um travesti feminino que, enquanto homem nunca existiu, ou era o irmão de Maria Madalena.
Evangelho de Tomé: (114) Simão Pedro disse-lhes: "Que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres não são dignas da vida." Jesus disse: "Eu mesmo vou guiá-la para torná-la macho, para que ela também possa tornar-se um espírito vivo semelhante a vós machos. Porque toda mulher que se tornar macho entrará no Reino do Céu."[18]
Em conclusão, Maria Madalena teve que se transformar em João Evangelista porque Cristo assim o decidiu, por sugestão de S. Pedro. A Igreja ortodoxa esqueceu esta verdade quando venceu os gnósticos e, ao condená-los ao ostracismo das heresias, condenaram também Maria Madalena a perder o lugar de “apostolo dos apóstolos” que a Virgem Maria nunca teve, pelo menos no início da cristandade! Afinal, a Maria que estava com os apóstolos no dia de Pentecostes seria a Madalena e não a mãe de Jesus!
Gnostic authors include Magdalene in the tradition of those apostles who stand outside the circle of twelve. References to Magdalene are numerous in The Gospel of Thomas, Dialogue of The Savior and The Gospel of Mary. Magdalene would have been one who received special visions and revelations and so attained enlightenment. The Dialogue of the Savior praises her not only as a visionary but as the apostle who excels all the rest. She is”the woman who knew the All". (1)
Como se afirmou anteriormente esta particular vocação mística de Maria Madalena derivaria do facto de ela ter sido uma prostituta sagrada dum templo de Maria-Anat-Istar.
Quem teve um pouco de formação teológica cristã terá ficado espantado com as diferenças de tom e de estilo entre o evangelho segundo S. João e o Apocalipse segundo S. João. Isto seria suficiente só por si para não confundir no Quarto Evangelho as duas entidades. No entanto, fazer o contrário teve sempre o óbice de ter de tropeçar no inaceitável que era ter de atribuir a autoria do Quarto Evangelho a João Marcos que além de ser alguém próximo de Maria Madalena já dava o nome ao evangelho segundo Marcos. Claro que este último óbice deveria ser inofensivo porque já se supõe há muito que grande parte deste seria de inspiração de outros apóstolos mais velhos e mais chegados a Jesus como seria o caso de Pedro e de Mateus.
Assim, parece evidente que este João, o Apóstolo, filho de Zebedeu, não era o discípulo que Jesus amava. Pelo contrário, seria o filho do trovão a quem Jesus teria previsto duma forma sensata uma vida curta como foi o caso de Tiago de Zebedeu, morto precocemente por Herodes.
DESUMANIDADE MILAGROSA DA DUPLA PEDRO & JOÃO
Sendo assim, se nenhum discípulo de Jesus de nome João foi o autor do Quarto Evangelho restaria saber qual dos discípulos maiores de nome João foi o autor do apocalipse.
(…) John was a ”pillar” of the church in Jerusalem, and later moved to Ephesus. He served as the leading authority ("Elder,” lit.”presbyter,” in 2 John 1) of Ephesus for the remainder of his ministry. During the reign of the tyrannical Roman Emperor Domitian (A.D. 81-96), John was exiled to the nearby island of Patmos, where he wrote Revelation (also called the Apocalypse). Upon the emperor's death he returned to Ephesus to resume his episcopacy and to write his Gospel.[19]
Actos, 3: 1 Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona. 2 E era trazido um varão que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam. 3 Ele, vendo a Pedro e a João, que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola.
Obviamente que uma religião que começa com fraudes destas iria ter muito que esconder em matéria de verdade e de fé!
Quem poderia garantir que o homem que já tinha mais de 40 anos fosse absolutamente coxo de nascença? Como há dois mil anos não havia Serviços de Saúde gerais e gratuitos o mais razoável será suspeitar que este estranho coxo seria um ligeiro deficiente motor que a mãe teria posto a pedir assim que nasceu pois este era um dos ofícios mais rentáveis de tempos ainda não muito remotos. Como seria pobre nem seria preciso que fosse muito deficiente para se ter dedicado a ser pedinte. Por outro lado, este deficiente também não teria muito interesse em demonstrar que ainda seria capaz de alguma marcha porque a sua ligeira deficiência lhe era lucrativa. Sendo assim, o pobre homem nem sequer desejaria ser curado! De facto, o milagre só não redundou em fiasco porque Pedro e João já teriam estudado bem as artimanhas do homem e ao olhar para ele com olhos ameaçadores a história bem contada seria um pouco diferente da que nos conta Lucas.
Actos, 3: 4 E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós. 5 E olhou para eles, esperando receber alguma coisa. 6 E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. 7 E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e tornozelos se firmaram. 8 E, saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus.
O homem literalmente aterrorizado e ameaçado (seguramente de que se não colaborasse seria desmascarado e linchado vivo pela populaça) ainda terá tentado resistir, pois na verdade não se levantou por sua própria iniciativa porque foi literalmente arrastado por Pedro e João.
9 E todo o povo o viu andar e louvar a Deus; 10 e conheciam-no, pois era ele o que se assentava a pedir esmola à Porta Formosa do templo; e ficaram cheios de pasmo e assombro pelo que lhe acontecera.
Mas obviamente que entre a perspectiva de não colaborar com os dois ousados apóstolos numa cena de fraude e de milagre e o ser ele mesmo acusado de fraude de falsa incapacidade o pobre homem lá foi colaborando meio coxo e meio atordoado de medo!
11 E, apegando-se ele [o coxo, que fora curado,] a Pedro e João, todo o povo correu atônito para junto deles no alpendre chamado de Salomão.
12 E, quando Pedro viu isto, disse ao povo: Varões israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem? 13 O Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Filho Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto. 14 Mas vós negastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homem homicida.
Os sacerdotes saberiam bem o que se passava e se desmascarassem o pobre homem a si mesmo se comprometiam. Por isso se espantaram com a ousadia destes dois iletrados e sem formação académica que agiam como sabedores de leis e medicina. Claro que se poderia suspeitar que o João que acompanhava Pedro seria já o João Marcos que embora jovem que era culto e sabedor, mas tal seria impossível porque os sacerdotes conhecê-lo-iam logo, por ser amigo de casa do sumo-sacerdote.
Capítulo 4; 13 Então, eles, vendo a ousadia de Pedro e João e informados de que eram homens sem letras e indoutos, se maravilharam; e tinham conhecimento de que eles haviam estado com Jesus. 14 E, vendo estar com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário. 15 Todavia, mandando-os sair fora do conselho, conferenciaram entre si, 16 dizendo: Que havemos de fazer a estes homens? Porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar; 17 mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que não falem mais nesse nome a homem algum. 18 E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus. 19 Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; 20 porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido. 21 Mas eles ainda os ameaçaram mais e, não achando motivo para os castigar, deixaram-nos ir por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera, 22 pois tinha mais de quarenta anos o homem em quem se operara aquele milagre de saúde. 23 E, soltos eles, foram para os seus e contaram tudo o que lhes disseram os principais dos sacerdotes e os anciãos.
É quase seguro que o coxo teria entre os sacerdotes alguém que o protegia. E os apóstolos saberiam também disso. Por isso é que os apóstolos se saíram bem deste primeiro milagre. No entanto a violência de métodos da dupla Simão Pedro e João de Zebedeu apareceu aqui no seu melhor! Mais adiante, Pedro vai revelar a sua faceta de sicário ao serviço da causa dum cristianismo mafioso que perdurará para sempre em Itália, sobretudo na política mais negra do Vaticano e do papado.
Capítulo 5 1 Mas um certo varão chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade 2 e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos. 3 Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? 4 Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. 5 E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram. 6 E, levantando-se os jovens, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o sepultaram. 7 E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido. 8 E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto. 9 Então, Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti. 10 E logo caiu aos seus pés e expirou. E, entrando os jovens, acharam-na morta e a sepultaram junto de seu marido.
Obviamente que tanto Ananias quanto a esposa só expiraram com a ajuda discreta e oportuna duma adaga de sicário. De qualquer modo, milagres de que resultavam mortes começam a ser contrários a tudo o que havia sido pregado por Jesus que se tinha vindo trazer a espada não tinha caucionado a vingança criminosa como forma de defender a Igreja. Assim, os que pensam que o cristianismo não começou torto logo que nasceu enganam-se porque Pedro e João Zebedeu, ainda mais do que Paulo, criaram o messianismo jesuíta como forma de conquista violenta do poder na tradição zelota mais agressiva que já vinha do tempo dos macabeus. A violência deste grupo Pedro e João deve ter começado a ser incómoda para os mais moderados da Igreja de Jerusalém, sobretudo aos olhos dos familiares de S. Marcos, que na primeira oportunidade foram enviados para a Samaria.
Capítulo 11: 12 Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres. 13 E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito. 14 Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João, 15 os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. 16 (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus.) 17 Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.
A óbvia interpolação entre parêntesis decorre da dúvida que muitos crentes mais inteligentes teriam de que sendo Filipe um dos apóstolos já teriam recebido também o Espírito Santo.
Capítulo 12 1 Por aquele mesmo tempo, o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja para os maltratar; 2 e matou à espada Tiago, irmão de João. 3 E, vendo que isso agradara aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. E eram os dias dos asmos.
Entretanto Tiago de Zebedeu, o irmão de João foi morto e João nunca mais aparece na história sagrada havendo quem suspeite que João de Zebedeu não terá durado muito mais tempo, violento e vingativo como ele seria.
[Fragmentos de Papías] (Georgius Hamartolus) Yohanan de la isla (esto es, Patmos), en este tiempo, era el único superviviente de los doce apóstoles, y después de escribir su Evangelio recibió el honor del martirio. Porque Papías, obispo de Hierápolis, que fue un testigo presencial suyo, en el segundo libro de las Palabras del Señor dice que fue muerto por los judíos, y con ello, evidentemente, cumplió, junto con su hermano, la profecía del ungido con respecto a ellos, y su propia confesión y empeño respecto a él. Porque cuando el Señor les dijo: ¿Podéis beber de la copa que yo bebo?, y ellos asintieron al punto, él dijo: Mi copa beberéis, y del bautismo que soy bautizado seréis bautizados. (Felipe de Side) Papías, en su segundo libro, dice que los judíos dieron muerte a Yohanan el Teólogo y a Ya’aqov su hermano.
Não sabemos ao certo quando terá acontecido o martírio de João, o filho de Zebedeu, mas temos informações por Papias que este aconteceu às mãos dos judeus e, então, não podemos postergar a sua morte para muito tarde e muito menos para depois da Guerra da Judeia, época em que os judeus teriam pouco poder e autoridade para fazê-lo. Aceitando que João terá resistido na clandestinidade é possível que só venha a aparecer de novo na guerra da Judeia como João de Giscala, localidade onde terá permanecido escondido em conspiração cristã e conluio zelota, contra o estado judaico.
13. [208] Celui qui causa la perte de tous ces hommes fut Jean, le fuyard de Gischala, dont nous avons parlé: c'était un homme plein de ruse, nourrissant dans son cœur un violent amour de la tyrannie: depuis longtemps, il conspirait contre l'État. A ce moment, feignant d'être du parti du peuple, il accompagnait Ananos dans ses délibérations quotidiennes avec les principaux citoyens et dans ses visites nocturnes aux postes : puis il rapportait les secrets aux zélateurs, de sorte que les ennemis connurent par lui tous les projets du peuple, avant même que celui-ci les eût bien examinés. S'ingéniant d'ailleurs à ne pas éveiller de soupçons, il témoignait à Ananos et aux chefs du peuple un empressement immodéré. Mais ce zèle tourna contre lui, car ses extravagantes flatteries le rendirent suspect: sa présence en tous lieux, sans qu'on l'appelât, le fit soupçonner de révéler ce qu'on tenait caché. -- FLAVIUS JOSÈPHE, Guerre des juifs.livre IV.
Que o João Boanareges terá sido também João de Giscala que terá reescrito o apocalipse de S. João Baptista na ressaca de derrota na Segunda Guerra da Judeia parece o mais plausível à luz das probabilidades da história científica.
Saint Jean, apôtre et évangéliste; prêchait à Ephèse quand il fut pris par le proconsul, et invité à immoler aux dieux. Comme il rejeta cette proposition, il est mis en prison : on envoie alors à l’empereur Domitien une lettre dans laquelle saint Jean est signalé comme un grand sacrilège, un contempteur dès dieux et un adorateur du crucifié. Par l’ordre de Domitien, il est conduit à Rome, où, après lui avoir coupé tous les cheveux par dérision, on le jette dans une chaudière d'huile bouillante sous laquelle on entretenait un feu ardent: c'était devant la porte de la ville qu'on appelle Latine. Il n'en ressentit cependant aucune douleur, et en sortit parfaitement sain. En ce lieu donc, les chrétiens bâtirent une église, et ce jour est solennisé comme le jour du martyre de saint Jean. (68) Or, comme le saint apôtre n'en continuait pas moins à prêcher J.-C., il fut, par l’ordre de Domitien, relégué dans file de Pathmos. --- LA LÉGENDE DORÉE.
No entanto a lenda teria sido mais realista e cruel.
On ramena à la lumière beaucoup de prisonniers que les tyrans en avaient privés; car même dans l'extrême péril, ils n'avaient pas renoncé à leur cruauté. Les deux chefs reçurent de Dieu le châtiment qu'ils méritaient: Jean, qui mourait de faim avec ses frères dans les souterrains, implora des Romains la paix qu'il avait souvent refusée avec hauteur; et Simon, après avoir longtemps lutté contre la nécessité, comme nous le montrerons dans la suite, se livra lui-même. Il fut réservé pour le triomphe, à la fin duquel il devait être immolé; Jean fut condamné à la prison perpétuelle. Les Romains brûlèrent les quartiers extérieurs de la ville et abattirent les murailles. – IX Entrée de Titus à Jérusalem; sort des captifs. -- FLAVIUS JOSÈPHE, Guerre des juifs.LIVRE 6.
Enquanto Simão foi entregue aos romanos e participado num triunfo em que é então sacrificado, razão de ser da lenda do martírio de Pedro em Roma, quem sabe, no circo do Vaticano, João de Giscala irá ser condenado a prisão perpétua e é então que aparece a lenda de que João teria sido desterrado para a ilha de Pátmos quando na verdade terá perecido às mãos de um adversário judeus com ele preso também.
Claro que só não vê nesta dupla de Simão e João, os dois pilares tenebrosos da Igreja primitiva quem não quer ver, porque sempre terá sido humilhante a forma como Josefo os retrata na Guerra da Judeia. Mas que a guerra da Judeia só faz sentido no plano escatológico e apocalíptico dos primeiros cristão que esperavam o Segundo Advento ou Parusia do Messias glorioso, é óbvio!
Que este João seria um personagem esquizofrénico se tivesse também escrito o Quarto Evangelho é quase uma certeza aliás apoiada na heurística científica dos textos que a ortodoxia lhe atribui.
Assim se é praticamente impossível que o apóstolo João, filho de Zebedeu, tenha escrito o Quarto Evangelho quem o terá escrito ou dirigido na escola teológica de Éfeso de forte tendência gnóstica e mariana? Obviamente que o facto de este ser chamado por Papias pelo epíteto de presbítero não significa que ele fosse necessariamente mais velho que o apóstolo João. Dado o facto de Papias se referir ao apóstolo João como fazendo parte do grupo dos anciãos, de que apenas tinha ouvido falar, a figura do presbítero sobrevivente reporta-nos para um João que seria já idoso na época de Papias mas, por ser sobrevivente, seguramente mais novo em época de nascimento do que o apóstolo João. Além do mais, na igreja antiga presbítero sempre foi sinónimo antes de mais de sacerdote e nada nos obriga a não aceitar que os que, por direito hereditário judaico, o eram não o tenham sido, também por direito natural, no sacerdócio novo das primitivas igrejas cristãs.
Ver: JOÃO BOANERGES (***)
[1] [Evangelio de Taciano] Aparejad el camino del Señor, y enderezad sus veredas. Todo valle se henchirá, se bajará todo monte y toda colina. Y los caminos torcidos se harán rectos, y los ásperos se verán allanados, y toda carne verá la salvación de Jehova. 57 (¿Esto es Isaías literal? ) Isaías 40: 3Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o nosso Deus. 4Todo vale será levantado, e será abatido todo monte e todo outeiro; e o terreno acidentado será nivelado, e o que é escabroso, aplanado. 5A glória do Senhor se revelará; e toda a carne juntamente a verá; pois a boca do Senhor o disse.
[2] Vosotros, en cambio, no os dejéis llamar "Rabbí", porque uno solo es vuestro Maestro; y vosotros sois todos hermanos. Ni llaméis a nadie "Padre" vuestro en la tierra, porque uno solo es vuestro Padre: el del cielo. Ni tampoco os dejéis llamar "Directores", porque uno solo es vuestro Director: el ungido. Diatessaron de Shim’on.
[3] (Versão em Português do original em Esperanto) © Copyright 1997 Evaldo Pauli.
[4] Mary Magdalene: Author of the Fourth Gospel? by Ramon K. Jusino, M.A.
[5] ENCICLOPÉDIA SIMPOZIO, (Versão em Português do original em Esperanto), © Copyright 1997 Evaldo Pauli
[6] Filip: There were three who always walked with the Lord: Mary his mother and her sister and Magdalene, the one who was called his companion. His sister and his mother and his companion were each a Mary.
[7] Mary Magdalene: Author of the Fourth Gospel? by Ramon K. Jusino, M.A.
[8] Reference: The Orthodox Study Bible. Copyright © 1993 by St. Athanasius Orthodox Academy, Nelson ISBN 0-8407-8391-4
[9] Mary Magdalene: Author of the Fourth Gospel? by Ramon K. Jusino, M.A.
[10] Article and art © Robert M. Place 2001
[11] MARY MAGDALENE-Wild Woman of the Bible, By Donna Bucar
[12] Copyright © 1998 | Katherine I. Rabenstein | Created July 1998.
[13] Copyright © 1998 | Katherine I. Rabenstein | Created July 1998.
[14] J. Phillips, © 2000, Read this book online or download the complete text for free at:
www.TheDiscipleWhomJesusLoved.com, Interview requests or publishing inquiries call (708) 450- 8255
[15] The International Standard Bible Encyclopedia, JOHN, GOSPEL OF, These files are public domain and are a derivative of an electronic edition, that is available from Crosswire Software.
[16] The International Standard Bible Encyclopedia, JOHN, GOSPEL OF, These files are public domain and are a derivative of an electronic edition, that is available from Crosswire Software.
[17] The International Standard Bible Encyclopedia, JOHN, GOSPEL OF, These files are public domain and are a derivative of an electronic edition, that is available from Crosswire Software.
[18] 114. Simon Peter said to them, ”Make Mary leave us, for females don't deserve life. Jesus said, ”Look, I will guide her to make her male, so that she too may become a living spirit resembling you males. For every female who makes herself male will enter the kingdom of Heaven.”-- The Gospel of Thomas.
[19] Reference: The Orthodox Study Bible. Copyright © 1993 by St. Athanasius Orthodox Academy, Nelson ISBN 0-8407-8391-4
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