terça-feira, 4 de dezembro de 2012

NUMÂNCIA (In Nomine Dei), por artur felisberto

 

clip_image001

 

 

 

 

 

Mitemologia racional

 

(Estudo comparado da nomenclatura, etimologia & fenomenologia mítica)

 

 

 

 

 

 

 

                                por, Arturjotaef

 

 

Numância foi uma antiga cidade da Península Ibérica, a 7 km norte de Sória, na povoação de Garray, situada nas margens do Rio Douro. 

Fundada no início do século III a.C., e habitada pelos aravecos, um povo Celtibero, foi destruída pelas tropas romanas de Cipião Emiliano em 133 a.C., após um cerco de 11 meses que pôs fim a uma feroz resistência de 20 anos aos invasores. Emiliano, para quebrar a tenaz persistência de Numância, utilizou uma técnica de cruel paciência, construíndo um cerco amuralhado em torno da colina de Numância, levando os seus habitantes à inanição e ao desespero. Ao fim de 11 meses, os Numantinos decidiram pôr cobro à sua vida suicidando-se em massa. A povoação tornou-se então um símbolo da luta contra os romanos e hoje em dia é um monumento nacional espanhol.

No extremo ocidental da península existe uma cidade lusitana de nome actual «Numão».

Entre uma e outra não há relação segura senão na sonoridade do nome. No entanto, muito autores, contra todas as evidências históricas e arqueológicas quiseram ver Numância em Numão, um local por sinal de forte penetração romana mas que teria sido anteriormente habitada por lusitanos acastelados no monte do «castelo velho» de Freixo de Numão.

Na realidade trata-se de um sítio arqueológico, constituído pelos vestígios do que se acredita possa ter sido um castro pré-histórico. Implantado no alto de um esporão de xisto, aproveitando as condições naturais de defesa, é actualmente considerado um dos mais importantes povoados do Noroeste da península Ibérica.

Castelo Velho de Freixo de Numão é um sítio arqueológico muralhado do Calcolítico e da Idade do Bronze, que terá sido utilizado entre cerca de 3000 e 1500 a.C., provavelmente de forma contínua. Tradicionalmente classificado como um «povoado fortificado», em xisto, com muralhas e outras estruturas de pedra, é um dos poucos sítios muralhados desta época no Norte da Península e, ao que se sabe, seria habitado por uma elite que teria à sua guarda os bens e estruturas que ali se conservariam, como relíquias (por exemplo, ossos humanos), bens de ostentação e mesmo de consumo, provavelmente relacionados com determinadas cerimónias.

clip_image002

Figura 1: Estância neolítica do «castelo velho» de Numão.

Obviamente que com o tempo se irá provar que o «castelo velho» de Numão não será o único, que se trata dum complexo religioso da época minóica que teria sobrevivido ao declínio desta civilização no século XVI a. C. e entrado em declínio com o fenómeno dos povos do mar no século XVIII a. C. mas resistido até época romana que construiu o castelo de Numão relegando este para o papel de “castelo velho” na tradição popular que definitivamente o abandonou a troco do romano porque à época do cristianismo já não seria utilizado pois que teria sido substituído por um culto cristão como no caso do monte da Sr.ª do Viso em Custóias e o monte de Samartinho em Seixas.

No entanto, o “castelo velho” entre Seixas e Numão seria naturalmente o local da velha «Numão».

 

Ver: CONIMBRIGA/AEMINIUM (***)

 

De qualquer modo a tese de que Numão possa ter sido uma forma abreviada de Numância não fica prejudicada, pois, pelo contrário, reforça tal possibilidade!

Hübner publicou, em CIL II 430, a seguinte inscrição que se acharia gravada num penedo em Freixo de Numão:

IVNO / VEAMVAEARVM / TARBOVMAN / CNVNARVM / SACRVM / CIRI / CVR (...)

A inscrição não é fácil de interpretar. Ainda recentemente, A. N. Sá Coixão e José d’Encarnação (1998, p. 83) a republicaram da seguinte forma: IVNO VEAMVRERVM TARBORVM NA CNVARVM / SACRVM CIR CVR. E acrescentaram: “Seria, muito provavelmente, a consagração ao Génio feminino (Juno) de um povo ou de um lugar”. Também M.ª Lourdes Albertos (1985, p. 504) considerou hipotética qualquer interpretação.

Numa primeira tentativa de entender CIL II 430, proporemos a leitura:

IVNOVE AMVAEARVM TARBOVMA NCNVNARVM / SACRVM / CIRI / CVR

IVNONE AMNAEARVM TARBOVMA NONVNARVM / SACRVM / CIRI / CVR

Na nossa hipótese, a inscrição teria sido consagrada não só a Iuno, mas também a uma divindade Tarbouma, Tarboumia, Tarbouna ou Tarbounia. As nossas dúvidas quanto à restituição do teónimo vêm do nexo (que Hübner tentou reproduzir, vid. CIL II 430). Tarbouma poderá ser a forma mais credível (Corominas, 1976, p. 376).

Quanto ao suposto etnónimo que se seguiria a Tarbouma (e não podemos esquecer-nos de que dativos em -a em vez de -ae estão epigraficamente atestados), a sequência -NCN- parece inaceitável. Não deveremos supor NONVNARVM? Ou, mais uma vez admitindo um nexo, NOMVNARVM? Tarbouma seria a divindade protectora de um castellum ou vicus Nonuna ou Nomuna, cujos habitantes seriam os Nonunae ou Nomunae. Mas, mais uma vez admitindo nexos que teriam perturbado Viterbo, não estaria gravado na pedra o nome Nomanarum em vez de Nonunarum ou Nomunarum?

Além das ligaturas, traços já apagados pela erosão ou riscos naturais tomados por gravações intencionais poderiam ter induzido Viterbo em erro. Ora, se a forma mais antiga documentalmente atestada de Numão é Nauman (em PMH, DC.,n.º 81, do ano de 960), posteriormente encontra-se a forma Noman. Nauman será hipercorrecção?

Mas também podemos admitir, na época romana, um castellum ou vicus Naumana, com uma pronúncia que teria levado o gravador da inscrição a escrever Nomanarum em vez de Naumanarum.

Será que este castellum ou vicus Naumana ou Nomana coincidiria com a actual vila de Numão?

Deixando para outro lugar a discussão deste problema, apresentaremos segunda hipótese de interpretação da epígrafe:

IVNO / VEAMNIAEARVM (ou VEAMINIAEARVM) / TARBOVMA N/OMANARVM /

SACRVM / CIRI / CVR

(1985, p. 504). Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia – II Jorge de Alarcão 211 REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia.volume 7.número 2.2004, p.193-216

Sem que seja necessário corrigir sempre os textos, que obviamente andaram tanto mais mal escritos quanto mais analfabetos foram os pedreiros que inscreveram as lápides, há sempre a hipótese de o nome de Numão ter tido a variante NONVNA ó MONVMA. Na verdade, o deus das águas primordiais egípcio era Nun, ou Nuno.

Nonuna poderia ser um epíteto carinhoso ao gosto egípcio do deus local de Nomano.

*Nau-manu > Lusit. Nomano ó Nonumna > Nonuna

Assim, parece que a divindade protectora do local do «castelo velho» seria Tarbouma, Tarboumia, Tarbouna ou Tarbounia…ou seja, apostando num erro grave de ortografia por lápsu ou pura ignorância do pedreiro, possivelmente a muito conhecida Trebaruna ou Trebapola.

Trebaruna (Trebarunis, Trebarune, Triborunis, Triborunni, Tribarona)Deusa Guerreira e Protectora dos heróis, é também a Protectora da propriedade, do Lar e das Famílias. É a divindade feminina mais importante do Panteão Lusitano, casada com Brigo, é a deusa lunar e do destino. Tem várias naturezas.

Trebopala – Deusa adorada localmente por algumas tribos. É a protectora das comunidades.

O orago da comunidade é a Nossa Senhora da Assunção, mas o povo festeja a milagrosa Stª. Eufémia, literalmente a Vera Mulher.

Santa Eufémia aparece adorada em Portugal como substituição de cultos arcaicos a deidades tipicamente machas e femininas como seria Trebarona / Trebo-pala, seguramente uma forma de Palas, de Atenas.

Tre-bar-una = Tri + Wer + Ana

Trebo-pala = Tri-Wo | Palla < Phal-la < Kar-la.

A reminiscência desta possível deusa tripla ressoa na lenda da “moira encantada” dos numantinos encantadas na fonte dos Capelinhos em Numão, na fonte de Santa clara em Penedono e na fonte da conselheira em Longroiva. Estas seriam Zara, Cacina e Lira, possivelmente as Tridivas arcaicas de Numão.

Zara < Shara < Sara ó Istar.

Cacina < Kaci-(na) ó Caca, esposa de Caco.

Lira < Lyra < Laura < Aurora.

Quanto à distante Numância o importante é destacar que seria terra do deus hermafrodita como se supunham serem as lesmas que nasceriam por geração espontânea do lodo, Nuno, senhor das águas primordiais porque Numância (= Nume-Entia < Nume-Enki-ka) é literalmente a terra do nume Enki, um deus das águas doces e das “fontes santas” e sagradas que seriam protegidas no «castelo velho» por descendentes neolíticos da civilização minóica.

Os numina eram na religião da Roma Antiga entidades ou forças sobrenaturais que existiam em espaços naturais ou que estavam ligadas a momentos da vida e às actividades humanas. O singular desta palavra é numen, cujo significado parece ter sido o de algo que "age" e se "move" sem se ver como os suspiros, os espíritos e o vento. Para os Romanos, tal como tina sido para os hititas e anatólicos, os espaços como grutas, montes, bosques ou fontes eram possuidores de uma espécie de poder imanente e invisível. Como exemplo de numina ligados a momentos da vida, podem ser referidos os que estavam associados ao universo do recém-nascido, como Nona e Decima, ligadas aos últimos meses da gravidez, Numeria, às dificuldades do parto ou Lucina, ligada ao nascimento.

Este poder parece correlativo do conceito polinésio do maná seguramente derivado duma contaminação por antigas e arcaicas andanças da talassocracia minóca. Parece que derivaria do verbo intransitivo nuo, nuere que significa «anuir» (Lat. an-nuire por an-nuere) fazendo um sinal com a cabeça.

Na verdade, suspeita-se que o mais arcaico termo para o nome do céu Anu, derive deste gesto instintivo da espécie humana seguida da interjeição de espanto e interrogação, hum? ãh que os escravos sumérios, iletrados ou de línguas estrangeiras, teriam diante dos seus senhores,

Assim sendo, os latinos teriam herdado dos anatólicos tanto o conceito simples de «anuir» como o complexo dos numes a que os etruscos chamavam mun or muni, os entes que viviam à volta dos túmulos, local do man or mani (Latin. manes), as almas dos antepassados. Possivelmente seria a estes entes que os sumérios chamavam anunaki. Das numina saíram os «nomes» das coisas e a «numenclatura» dos deuses e dos homens de poder.

Mas o nome de Numão e Numância era local e estaria relacionado com cultos locais aos numes ou Numini que teriam tanto a ver com a municia municipal como com o munis monetário.

Munis (Nimi-dis, Nimme-dus, Numi-di, Muni-dis, Muni-di, Numini) – Deusa agrária adorada por tribos locais Lusitanas.

Munitie (Muni-tia, Muni-cia) - Divindade agrária dos lusitanos.

1 comentário:

  1. Artur, neste local se realizavam sacrficios humanos? Porque das ossadas? Minóicos realizavam sacrifiicos humanos?Eles estariam a velejar pelo globo colonizando transladando povos restabelencendo redes mercantis?Veja que as mais poderosa familias europeias de dinastias são de origem cretense? Inclusive nas Américas(os Incas seriam colonos dos cretenses)? História oficial do mundo está bem mal contada! Poruq? O que escondem?

    ResponderEliminar