quinta-feira, 19 de setembro de 2013

OS DEUSES DE TRANSPORTE DAS ALMAS KHEPRI, O «ESCARAVELHO», por artur felisberto

 

Figura 1: Khepri.

= means “scarab (beetle)” god who rolled the sun through the sky and "he who becomes". For the Heliopolitans he is the rising sun which, like the scarab, comes up from its own substance and is reborn of itself.

No rigor ideográfico dos hieróglifos era pictograma «escaravelho» que significava Khepri e não a inversa! Seguramente que isto aconteceu assim porque o escaravelho se transformou no «animal de transporte» solar por excelência por razões ideológicas meramente circunstanciais e localizadas motivadas pela especulação naturalistas dos sacerdotes egípcios em torno dos estranhos comportamentos nupciais destes coleópteros.

Al igual que su manifestación animal, Jepri se autocreaba cada mañana y renacía como un nuevo sol después de la noche, por lo que se le vinculó con Atum, el dios sol autocreador. Los escarabajos peloteros mediterráneos ponen sus huevos en una bola de estiercol, y cuando las larvas nacen se alimentan de esa bola. Los egipcios descubrieron como estos escarabajos rodaban una pelota de estiercol hasta un agujero, del que después veían surgir nuevos escarabajos, que creían se habían autocreado. De la misma forma el sol cada mañana resurgía renovado. El escarabajo se llegó a convertir en uno de los amuletos más populares, y se utilizaba en el ritual funerario. Su santuario principal estaba en Heliópolis.[1]

«Escaravelho» < Escarawejo < escaraweyo ó Lat. scarabeu ou scarabaeu (???) e/ou muito mais presumivelmente, por ficar muito mais de acordo com a tradição mítica:

«Escaravelho» < Ish-kar-a-wello, < Ishkur | -Apheliu, lit. «Ishkur (Sr. do «fogo dos infernos») é aquele que se torna em Apolo < Apher-iu | lit. «é aquele que transporta Ishkur», o sol-posto!

De facto, no egipto esta função de transporte do disco solar pertencia ao deus Khepri = Gepri «o escaravelho que vai rolando a bola solar pela abóbada celeste».

Gepri < Espan. Jebri ó Khepri < Khepri < Kahiphru < *Kaku-Phur, «o que transporta o fogo que, do céu, é o sol» > Ishkur > *(Ka)-Kiphura, a «cobra solar alada» que transporta o sol no seu ventre!

Por ser foneticamente aparentado com um deuses de «transporte solar» como Lúcifer, só por teimosia mental não haveria de etmicamente correlativo deles.

Por alguma razão Khepri significa também «aquele que se torna» na medida em que sendo responsável pelo transporte da luz solar acabaria por ser intrinsecamente o deus do conceito genérico do «movimento» e, mais metaforicamente ainda, no deus do conceito metafísico, bem mais difícil de ver e entender, da «transformação».

Nas línguas greco-latinas -fer é um dos étimos que significam estes semantemas pelo que muito anómalo seria se Khepri nada tivesse tido a ver com isso.

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Figura 2: Khepri clip_image005[2]: Cult Center: Heliopolis.

Khepri was the god of transformation, by which life renewed itself. represented as a scarab faced man or as a man whose head is removed by an insect.

•Attributes: A sun god, associated with the sunrise. Because of his association with the sunrise he is considered to be one of the creator gods. It was Khepri that pushed the sun across the sky in much the same fashion that a dung beetle (scarab) pushed a ball of dung across the ground.

•Representation: A man with a scarab head. Or a scarab.

•Relations: Self created.

•Other possible Names: Khepra, Khepera.

 

Ver: DILUVIO (***)

 

Este mesmo conceito de transformação relativa aos complexos mistérios agrários de “morte e ressurreição” primaveril do sol estavam implícitos no culto do deus Sírio Heliogabalus.

Heliogabalus º Elagabalus, local sun god of Emesa (Homs) in Syria. Represented by a black stone. This name is derived by the learned from two Syriac words, Ela a God, and Gabal, to form, the forming or plastic God, a proper, and even a happy epithet for the Sun. -- Wotton's History of Rome.

 

Ver: HELIOS SKOTAIOS (Sol-posto = Hermes) / HELIOGABALUS (***)

 

CARONTE

Este místico e mítico conceito cósmico do transporte do sol revelavam a grande preocupação de toda uma cultura pelo esboço duma compreensão global dos fenómenos astronómicos que permitiriam o início da navegação em alto mar, ou seja revelavam a marca das talassocracias que se desenvolveram em torno das grandes ilhas mediterrânicas, particularmente a minóica ilha de Creta! Dai que cedo se tenha acoplado a este conceito do transporte do sol nocturno por barco. Não sendo o Egipto um povo particularmente conhecido como sendo de marinheiros ficamos com a convicção que a persistência deste imaginário na sua mitologia, particularmente nos rituais da «barca solar», tal só revela o carácter importado da cultura egípsia. A força deste mito deve ter sido tão forte que permaneceu na cultura clássica no mito da Caronte. Sendo este barqueiro das lamas também o guardião das portas do inferno é previsível uma relação semântica do nome deste deus grego com os Aker egípcios, os guardiães das portas que separavam o inferno da aurora.

Aken = The custodian of the ferryboat in the Underworld. He had to be awoken from slumber by the ferryman Mahaf in order to provide travel in the boat upon the celestial waters. Aker = An earth-god also presiding over the juncture of the western and eastern horizons in the Underworld. (…) Aker opens the earth's gate for the king to pass into the Underworld. (…) In the Egyptian notion of the Underworld Aker could provide along his back a secure passage for the sun-god's boat travelling from west to east during the hours of night.

Aken * Aker = (ak)er-en < Hakeran < Sacar-na.

                          Saturno < Ishtaran ó Asharan > Charon > «Caronte».

                                                             = Angal < An-Kur > Karan.

Ishtaran (Angal): - Patron god of Der, a city East of the Tigris.

 

Ver: AKER (***)

 

Assim teria nascido a mitologia das «almas penadas» que, sem «penas» para voarem para o céu, penavam e piavam dolorosas como aves agoirentas atormentando feitas harpias, os mortais que duma forma ou de outra seriam responsáveis pela sua desgraça espiritual! Esta crença popular era tão forte que sobreviveu até aos nossos dias! A cultura católica, que herdou parte da tradição mítica clássica, aproveitou-se do receio popular inerente à vingança das harpias transformando «as almas penadas» em «alminhas do purgatório» e tudo este mesmo poderoso negócio fúnebre de ritos fúnebres e óbolos em ritos pagamentos de promessas e negócios de «indulgências» e «missas pelas alminhas do purgatório».

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Figura 3: Caronte, Hermes e uma alma.

Charon - fierce brightness. He was the foul-tempered boatman, son of Erebus and Nox (Night), who ferried the spirits of the dead over the rivers Styx and Acheron to Elysium (the underworld). He would admit to his boat only the souls of those who had received the rites of burial and whose passage had been paid with a coin (an obolus) placed under the tongue of the corpse. Those who had not been buried and whom Charon would not admit to his boat were doomed to wait beside the Styx for 100 years.

«Óbolo» < Lat. obolu < Gr. obolós < Auwuros < *Kaphur => Khepri.

Mas já o próprio termo óbolo relativo à moeda do «preço de transporte das almas» deixa a interessante suspeita do seu arcaísmo pois que um dos seus sentidos próximos vamos encontra-lo na Índia:

Óbolo = • (Lat. obolu < Gr. obolós, pequena moeda), s. m. pequena moeda grega que valia um sexto do dracma; • pequeno peso da Índia, com 75 gramas, aproximadamente; • pequena esmola; • (fig.) valor mínimo.

Dis Pater = The Roman ruler of the underworld and fortune, similar to the Greek Hades. Every hundred years, the Ludi Tarentini were celebrated in his honor. The Gauls regarded Dis Pater as their ancestor. The name is a contraction of the Latin Dives, "the wealthy", Dives Pater, "the wealthy father", or "Fater Wealth". It refers to the wealth of precious stone below the earth.

Dis < Dies < Diues < Dives < *Diwish > *Dikesh > Dikê, deusa grega advogada da justiça junto do tribunal memorável de Nemesis.

Que importante deus dos mortos era este que teve o título de «Pai da fortuna» e que foi equiparado a Hades, o deus grego dos infernos, sem ter sido explicitamente Plutão? Obviamente que estaremos diante de mais uma das espertezas saloias dos mitólogos que fizeram de «Deus Pai» um Dis Pater a partir dum antigo Dives Pater para evitar confusões com Diaus Pitar, que já era Júpiter. Ora, nada obsta a que antes da partilha dos três reinos míticos clássicos (o Olimpo, os infernos e os oceanos) o universo não tenha sido governado por variantes dum só e mesmo deus supremo que teria sido Enki de cognome o *Kikiasho, lit. «o fogo da terra».

*Kikiasho > *Diwish > *Phiat > *Pot > Phta!

 

Ver: DISCÓBOLO (***)

 

Discóbolo = Dis + cóbolo < Dis Kawuro, lit. a cobra de *Diwish, o do «disco solar alado» e da ressurreição dos mortos!

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Figura 4: Féretro (< Pher-E-Taur, «o touro que transporta o templo da alma») Egípsio onde a antiga mitologia da «barca solar» se mantém apesar de pujada num «trenó» a bois. Dado o carácter arcaizante das tradições míticas podemos concluir que a barca e o treno foram inventados antes das rodas e dos carro de bois?

Claro que os arqueólogos não nos referem a quantidade de cadáveres antigos exumados com óbolos na boca pelo que se presume que a maioria dos óbolos ficaria pelas mãos dos «coveiros» e que a crença no mito do «óbolo» teria sido proveitosamente alimentada pela poderosa corporação dos «cangalheiros», aqueles que efectivamente transportavam os cadáveres em analogia com deuses transportadores de almas:

«Cangalheiro» = •, s. m. aquele que conduz bestas com cangalhas;• recoveiro;• o que prepara ou aluga aprestos para enterros;

<= de cangalha = • s. f. (prov.) carro puxado por um só boi;• (...); • s. f. pl. espécie de armação de madeira que se coloca no dorso da besta e em que se equilibra a carga; = • s. m. cada um dos dois paus ou canzis, entre os quais encaixam o pescoço do boi ou muar; • canga,

<= de cangar  • (Lat. conjugare), v. tr. jungir à canga.

Ora bem, para ir do latim conjugare ao luso e vulgo «cangalheiro» não teriam sido necessárias tantas voltas se a etimologia das «cangalhas» fora segura e garantida! A meu ver as «cangas & cangalhas» sempre teriam tido este nome entre os lusos para os quais só os «jugos» (< lat. jugu = «canga») de bois teriam sido importados dos romanos! Mas, os próprios latinos devem ter tido substantivos técnicos para objectos relativos ao atavio de bois e outros animais de tiro utilizados nas «carretas» para transporte de cadáveres.

Sendo assim, aceitemos que «cangas < cangalhas» < *Kan-kajas > Con-jukas > lat. conjuga + re.

Por sua vez,

*Kan-kajas < *Phan-Kurias < Ki-An-Kur > Kur-an-ki > Caronte!

Na verdade, Caronte < Gr. Charôn (variantes: / Charôna / Charônos) lit. o que transporta (= sumer. Kar), (as almas) para o céu  (An) (em brasileiro seria: «o que dá caronas às almas»!). Da variante Charônos pode inferir-se que o carácter de «deus menor» deste barqueiro das almas era devido a própria secundarismo do culto dos mortos na cultura clássica que, herdada dos caldeus por via hitita, se baseava numa visão infeliz e negativa do além o que era o oposto daquela que se vivia nas culturas ocidentais das saturnálias na esfera de influência cultural da talassocracia cretense que iria da Ibéria ao Egipto passando pela Etrúria.

Entre os fenícios eram deuses dos infernos as seguints variantes do nome de Horon:

Horon < Hauranu < Hawran < Chauron < *Kauran > Choron => Coronte.

Na verdade, a ter-se mantido o respeito e importância deste deus de transporte das almas ter-se ia reparado que ele era o próprio Enki/Hermes ou um dos seus filhos, Ishkur < *Kar-An-ish > Charônos > Cronos pai do centauro Quiron. O conceito relativo ao transporte do no étimo -Kar perdeu-se na língua grega que passou a ser -pher e -phoros (< Koros < *Kaur < KUR > *Kar como em karophoros, on, soporífero, neste caso seguramente por analogia do sono com a morte e então este nome manifesta ainda uma conotação remanescente na esfera de influencia de *Kar enquanto um deus dos mortos!) por herança étmica aparentemente egípcia mas muito mais provavelmente por antecedência cultural comum na ilha de Creta.

O interessante é que Cherti, o nome do mesmo deus no Egipto, soa quase como o nome de Creta

Creta < Kherty > Karth < *Cartu > (Mel)-Karte + An

=> Kur-An-Ki > Caronte => Cronos.

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Figura 5: Cherti como magnífico «chibo» solar alado nas duas extremidades de uma das barcas de Ra. Uma das provas de que a mitologia foi ou andou envolvida com a retórica descritiva, a que desde logo o manifesto expressionismo da caligrafia hieroglífica dava logar, pode residir no carácter duplo deste deus que aqui parece depender apenas de razões de simetria visual, a menos que se possa demonstrar que estamos perante a mesma semântica mitológica do deus Aker, representado como um par de leões que guardavam os dois horizontes do sol.

Cherti = Egyptian ram-god of the underworld and ferryman of the dead. In the Pyramid Texts Cherti was said to be a threat to the pharaoh, who had to be defended by Re himself. However, as an earth-god Cherti also acts as a guardian of the pharaoh's tomb. The main center of Cherti's cult was at Letopolis, north-west of Memphis. He was depicted as a man with the head of a ram, or as a ram. His name means "Lower One".

Enquanto deus carneiro Cherti era seguramente Ishkur, o filho do Sr. do Kur. Sendo um deus da terra era também aparentado com o Enki, o Sr. da Terra... e do Kur.

Ishkur = Kur-ish ó Kur-at > *Ker-tu > Cherti.

Cherti não nos permite por si só esclarecer uma possível relação deste deus com a dupla seguinte foneticamente aparentada com este.

Chenti-cheti = An Egyptian falcon-god, but originally a crocodile god.

Chenti-irti = An Egyptian falcon god of law and order. He is identified with Hórus.

No entanto, sabemos que outro deus crocodilo era Sobec, que “In the Book of the Dead, Sobek assists in the birth of Horus” e era relacionado com Osíris pelo lado aquático do deus primordial dos quatro elementos que teria sido Jano / Enki. Como Ishkur era filho de Enki, Cherti seria então Horus, o deus falcão por excelência. Então podemos corrigir as variações do nome destes deuses de modo seguinte:

Chenti-cheti < Cherti-Che®ti < Chenti + Cherti

> Chenti-(h)irti > Chenti-irti

De resto, a confusão fonética entre Chenti & Cherti seria mais do que possível, seria quase inevitável! Se não eram nomes do mesmo deus poderiam tê-lo sido ou acabariam por sê-lo. Este é mais um dos exemplos que nos fazem concluir que a diversidade da mitologia egípcia não era senão o resultado de variações linguísticas locais dos mesmos teónimos originais a par de variações semântica resultantes de diversidades locais na manipulação da teologia.

 

Ver: TAVERET (***) & «CARAVELA», A BARCA SOLAR (***)

 

 

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