The Sumerian sign DINGIR originated as a star-shaped ideogram indicating a god in general, or the Sumerian god An, the supreme father of the gods. Dingir also meant sky or heaven in contrast with ki which meant earth. Its emesal pronunciation was dimer.
Os sumérios tinham quatro grandes divindades criadoras:
An(u) => divindade superior, no Céu;
Ki => divindade inferior, na Terra;
En-lil => divindade subtil, deus do Ar denominado em sumério lil.
En-ki => divindade de sábia e dissoluta ambiguidade, na Água.
Tudo aponta para que, destas quatro entidades divinas, as mais antigas e primordiais tenham sido, de facto, Anu e Ki correspondente ao Céu e à Terra enquanto primeira dicotomia cosmológica identificada pelo espírito humano sob o pano de fundo da mais intuitiva das complementaridades funcionais que é o par sexual de qualquer casal natural. Já Enki e Enlil são óbvios deuses compósitos que parecem gerações semânticas daqueles.
Ver: ENUMA ELISH (***)
AN / ANU
Anu era o deus acádico do céu, mais tarde também cultuado por Assírios e Babilónios, sendo o correspondente semita do deus An da mitologia suméria. Senhor das constelações, rei dos espíritos e dos demônios, Anu habitava as mais altas regiões celestiais. Era tido também como juiz dos homens e dos deuses, tendo criado as estrelas do céu para o servirem como seus soldados, encarregadas de perseguir e punir os criminosos. Anu era o pai dos Anunnaki (também chamados Anunnaku).
Iconograficamente, Anu surge por vezes representado como um chacal. No entanto, o seu traço distintivo mais frequente é a tiara divina, engalanada com dois pares de cornos (a importância dos deuses acádicos era medida pelo número de pares de cornos que ornamentavam as suas tiaras). O mais importante de todos os deuses era Anu. Anu é o pai dos deuses da Suméria (Nefilim-Anunnaki) - (genêsis 6, salmo 82), é o governante de Nibiru / Marduk, 10º planeta do sistema solar, portanto, governante do sistema solar.
De facto, “Há boas razões para supor que An, o deus do céu, foi, numa época arcaica, considerado pelos Sumérios como o deus supremo soberano do seu panteão”[1]
An - A sky god, the cuneiform symbol for this god, "Dingir," was the same as that for heaven and for divinity in general, reflecting his prominence in the Sumerian pantheon.
Este facto põe em causa as especulações dos ovnilogistas que chegam a firmar coisas que não demonstram tais como:
The Sumerians never called the Anunnaki, 'gods.' They were called din.gir, a two syllable word. 'Din' meant 'righteous, pure, bright;' 'gir' was a term used to describe a sharp-edged object. As an epithet for the Anunnaki 'dingir' meant 'righteous ones of the bright pointed objects.' --
A mitologia do céu terá sido tão complexa como se afiguraria ser a cosmologia que lhe está subjacente. No entanto, além duma entidade abstracta que seria Anu, o guardião do céu, enquanto espaço celeste teria tido vários e metafóricos nomes. Alguns destes sobrevirão em linguagens tão arcaicas como serão as do corno de Africa.
Sky = sumali cirka
O termo sumálio para céu só não é associado semanticamente aquilo que parece porque não se repara nisso, em parte porque os humanistas modernos já não têm pelo latim o respeito que tinham os clássicos. É patente que cirka esta próximo de «cerca» < Lat. circa, “ao redor de, recinto, circuito murado” tal qual como é a abóbada celeste. Mera coincidência?
Cirka < Kirka < Kur-Ki, lit. “a terra no topo da montanha cósmica,
o axis mundi que se supunha suportar o céu!
ó Ki-Kur > Kikur + at > «Zigurate».
Obviamente que não! O facto de um termo sumálio conservar a mesma fonética do latim com semântica semelhante poderia parecer mera coincidência, sem significado possível, se não soubéssemos já que as semelhanças linguísticas são quase sempre significativas. Porém, tal semelhança torna-se imperativa se aceitarmos o que cada vez se revela mais inevitável: que no tempo da unidade linguística, que precedeu a confusão das línguas descrita na bíblia como resultado da destruição da torre de Babel, cirka era um dos nomes arcaicos do céu que passou para o latim já apenas com o seu significado sublimado de espaço fechado circular. Por outro lado pode inferir-se que as línguas mais antigas são as que conservam os termos mais arcaicos e que a transformação de termos concretos em termos abstracto se deveu precisamente à sublimação intrínseca ao prestígio semântico dos termos míticos mais primitivos!
De faço, com estas metáforas relativas ao áxis mundi terá estado o termo sumério Duranki e Anduruna.
Duranki: "Bond of heaven and earth" name of Ellil's temple, also used for the god himself.
Anduruna: In Mesopotamian cosmology, heaven, where the gods "play." The god's dwelling.
> «Tor(re)» (de babel)
Dur-anki ó Thur-Enki < Kur-An-Ki = An-Kur-ki
Andur-una = An-Kur-Anu
> Ankor ó Anshar.
He was generally regarded as the offspring of Uras, or alternately of Ansar and Kisar. In general terms, he is viewed as the product of the primordial heaven/earth which preceded the created world. His wife is Antum, though some regarded Ki to be his bride. He is generally viewed as the 'father' of the all the gods. An's function in mythological and theological texts is primarily one of authority. As the apex of the divine hierarchy, his command is 'the very foundation of heaven and earth.' In heaven, his authority allowed him to 'raise up' other gods to positions of greater importance. On earth, he conferred the power of kingship. His dynamic role in the cosmos, however, faded with time, as primordial deities were superseded by more developed divine personalities. His authority, however, remained, and is often invoked by more active deities in support of their own powers.
Claro que a afirmação de que An...”was generally regarded as the offspring of Uras, or alternately of Ansar and Kisar" necessita de ser contextualizada.
A ter sido supremo deve Anu ter sido também o campeão pelo que uma variante possível do seu nome pode ter sido Urash. Na verdade, a tradição clássica recebeu a indicação de que An e Ura- eram étimos teológicos do mesmo deus do céu primordial que foi Urano.
Enki is the son of Anu, but sometimes he is the son of Anshar.
Quanto a Ansar & Kisar (ou Anshar & Kishar), que são deuses de registo mais tardio porque da tradição babilónia, é obvio que correspondem a teónimos do primeiro casal divino An e Ki seguidos do título majestático Shar < Kar > Gal.
Ou seja, An nunca poderia ser filho de si mesmo enquanto Anshar, ou de Anu, como acontece na biografia Babilónica posterior, a qual se nos afigura uma manipulação óbvia, aliás desajeitada e na base dum desconhecimento grosseiro dos acádicos do significado do radical sumério -shar!
Anu = In Sumerian and Babylonian mythology, Anu is the god of the sky. He is the son of Anshar and Kishar.
Assim, não seria muito estranho afirmar que a mais antiga civilização histórica influenciou com a sua metafísica a evolução das línguas antigas. Na verdade, Ana é prefixo grego que significa para cima, para o alto em direcção ao céu. Nas línguas latinas, são os nomes de deuses greco-romanos que mantêm ANA e ANO (< anus) na sua composição!
Do mesmo modo Anu, (que era mais do que o céu dos pardais dum universo onde deixou de haver cimo por não ter, afinal, topografia absoluta!), permanece difuso mas seguro nos recônditos mnésicos da estrutura gramatical das línguas ocidentais, nos componentes mais arcaicos e conservadores que são proposições, nas palavras «a, ante e em» e fastidioso no sufixo ano das entidades genéricas.
An passou depois a ser o Ser, a entidade metafísica mais geral e mais próxima do conceito filosófico de deus supremo (ans > ons > ens) e acabou reduzido ao papel gramatical de sufixo designativo de coisa em geral que pouco adianta ao significado dos nomes como no caso de fulano (< Furano < Phur-an < *Kaurana, a deusa mãe Kafhura ), sicrano (< Kikurano < *Kapuhurano < Saturano => Saturno, o deus pai da idade do ouro da talassocracia cretense) e beltrano(< Baal taurano, Baal, filho do deus pai, «o senhor touro», de que derivaria o Bel celta!), que em concreto não são nome de ninguém na língua lusitana embora pudessem ser uma pálida reminiscência duma antiga trindade politeísta. Também deste deus do céu deriva o mais impronunciável e característico sufixo lusitano «-ão», quase sempre com a conotação de coisa importante, grande e elevada!
Quadro VI
Abe-ona
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Bef-ana
|
Gem-inus
|
Libit-ina
|
Pell-onia
|
Ade-ona
|
Bel-ona
|
G-en-ius
|
Luc-ina
|
P-en-ates
|
Ad-onis
|
Bub-ona
|
H-onus
|
L-una
|
Pert-un-da
|
Alem-onia
|
Cun-ina
|
I-nu-us
|
M-na-es
|
Picum-nus
|
Anger-ona
|
Fasc-inus
|
J-ana
|
Na-en-ia
|
Pilum-nus
|
An-na Per-en-na
|
Fa-una
|
J-anus
|
Nemestr-inus
|
Plut-on
|
Ann-ona
|
Fav-onius
|
J-uno
|
Noctur-nus
|
Proserp-ina
|
At-ena
|
Fess-onia
|
Jutur-na
|
Nod-ens
|
Vall-ina, Vall-on-ia
|
Aus-onia
|
Fort-una
|
Lat-ona
|
Orb-ona
|
V-en-us
|
Aver-na
|
Fur-ina
|
Lev-ana
|
Patal-ena
|
Etc
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Quadro VII
A(b)de
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o/a
|
n
|
a
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Deucal
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e/a
|
n
|
o
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Pit
|
o/a
|
n
|
(o)
|
Quir
|
o/a
|
n
|
(o)
|
Sir
|
e/a
|
n
|
(o)
|
Anger
|
o/a
|
n
|
a
|
Di(v)
|
a
|
n
|
a
|
Ad/b
|
o/a
|
n
|
a
|
S
|
o/a
|
n
|
o
|
Tif
|
o/a
|
n
|
(o)
|
At
|
e/a
|
n
|
a
|
Hiperi
|
a
|
n
|
o
|
P
|
a
|
n
|
(o)
|
Sarped
|
o/a
|
n
|
(o)
|
Trit
|
a
|
n
|
o
|
Bel
|
o
|
n
|
a
|
J
|
a
|
n
|
o
|
Pom
|
o/a
|
n
|
a
|
Sa(u)r
|
o
|
n
|
(o)
|
Ur
|
a
|
n
|
o
|
C(a)r
|
o
|
n
|
o
|
Inn
|
a
|
n
|
a
|
Port
|
u/a
|
n
|
o
|
Sel
|
e/a
|
n
|
e
|
Voltur
|
a
|
n
|
o
|
J
|
u/a
|
n
|
o/a
|
Lat
|
o/a
|
n
|
a
|
Qui
|
o/a
|
n
|
e
|
Sil
|
e/a
|
n
|
(o)
|
Vulc
|
a
|
n
|
o
|
Hip
|
(a)
|
n
|
o
|
Nept
|
u/a
|
n
|
o
|
Quir
|
i/a
|
n
|
o
|
Silv
|
a
|
n
|
o
|
Etc.
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Anu-An > Anunan > nunana > nunna > Nin-Na > Nin-Anu, «senhor do céu»!
Ora, tal fica a dever-se, em parte ao facto de este sufixo ter origem étmica no mais genérico dos termos que é o nome Sumério de Deus que primeiro foi o deus do céu e depois o deus dos deuses, ou seja o nome genérico de deus. Um termo com uma compreensão tão universal relacionado com a entidade divina que, estando em toda a parte, acaba por não estar em parte alguma e, tudo sendo, acaba sendo realmente nada só poderia ter o destino dos deuses ociosos.
Sumerian cuneiform sign: = AN. It developped in Sumerian times (3rd millenium BC) from the pictogram indicating a star. In Sumerian the sign is used as a logogram and has the following meanings:
an The name of the Sumerian god An, a supreme god, god of heaven, father of the gods, in Akkadian called Anum later Anu with the Akkadian nominative ending -um, later -u.
an meaning 'heaven' as opposed to ki 'earth'
an 'dingir' meaning 'god' in general, for which the Akkadians have the word ilum
as phonetic value an as part of a word or as a word by itself, a preposition meaning 'at', 'to', an abreviated form of the more usual word ana.
as phonetic value il (through ilum 'god') but mostly in names and words having to do with gods.
as logographic value AN, indicating
the god Anum
the Akkadian word ilu 'god'
the Akkadian word shamu 'sky', 'heaven'
as determinative, indicating that the word to follow is the name of a god, transcribed as dingir.
A forma em cruz deste sumeriograma explica a razão pela qual “o sinal da cruz” já era, muito antes da morte de Jesus Cristo, um sinal sagrado porque foi, o símbolo do primeiro Deus do Céu na terra da Suméria, e foi, depois, o símbolo genérico da divindade e logo, por força da especulação do hermetismo pitagórico, sinal + da positividade matemática!
Se o lado afirmativo de Anu era o sim (ãã!!) com que se reverência o Senhor; o seu oposto -nu acabou sendo o pénis, o escravo «nu» e a «negação»!
ENLIL
Enlil - An and Ki's union produced Enlil (Lord of 'lil'). Enlil was the air-god and leader of the pantheon from at least 2500 BC. He assumed most of An's powers. He is glorified as ”father of the gods”, “king of heaven and earth”, “king of all the lands'". Kramer portrays him as a patriarchal figure, who is both creator and disciplinarian.
Ellil (Illil, Sumerian Enlil): Sumerian god, whose attributes and nature are still uncertain. Head of the younger generation of Sumerian and Akkadian gods. Cult center Nippur. Temple called Ekur. Spouse Mulittu; son Ninurta. Old interpretation of his name as "Lord Wind/Air" uncert ain. Epithet: "King of all populated lands." Symbol: A horned crown on a shrine. Son of the supreme god Anu, whom he succeeded. See also Anzu, Ninurta.
Não parece haver dúvidas de que Enlil (= En-Lil) era lit. «O Sr. do Vento» volat-il! A persistência deste étimo subt-il na língua lusa faz suspeitar de que tenha existido uma correlação entre a Lusitânia paleolítica e o começo do neolítico do médio oriente sumério ou minoico!
Ellil = El-lil, variante fenícia da mesma semântica de «Sr. do Vento», embora suponha que, em rigor, a tradução literal seria «O Vento» ou então, «Aquele que é o divino vento»!
Elil > El-el > El, tanto mais que, como se referiu antes, En e El significam ambos «senhor» respectivamente em sumério e em canaaneu! Mas, já não seria assim tão linear pretender estabelecer uma relação fonética de En para El. Em rigor El deve ter acabado por adquirir uma semântica com o mesmo significado constante expressão do português El-Rei!
Enlil = Sumerian for "wind/storm-god". Initially the leader of the pantheon, he has since relinquished his spot to Anu. Possible slayer of Enmesharra and avenger of his father Anu. His role in this was upplanted by Marduk by the Babylonians. (…)
A ascensão ao poder supremo dos deuses das tempestades teria que ser inevitável enquanto deuses «manda chuva» e detentores do poder fertilizador da terra! O que é interessante enquanto conotação etimológica é o facto de o deus do vento ter sido muito precocemente associado com as tempestades poderosas e fecundantes!
Quanto a mim, esta dança de proeminências de An para Enlil na Suméria e depois de Ellil para Anu e deste para Marduque, na Babilónia, e depois para Ashur na Assíria, não faz mais do que comprovar a instabilidade da titularidade dos deuses dos maus humores atmosféricos em relação com o Céu!
(…) He is a short-tempered god who was responsible for the great flood.
Enlil effectuates the dawn, the growth of plants, and bounty. He also invents agricultural tools such as the plow. He is also banished to the nether world (Kur) for his rape of Ninlil, his intended bride, but returns with the first product of their union, the moon god Sin (also known as Nanna). (Kramer, Sumerians 1963: pp.118-121).
Contrariamente a Enki, Enlil nunca foi um deus popular tanto mais que sendo o deus do poder supremo das tempestades era tido como um deus do «poder de estado», mais temido do que amado e, por isso, mais próximo das classes aristocráticas.
O simples facto de ser considerado responsável pelo Dilúvio não poderia nunca fazer com que fosse uma figura popular no assustado coração do povo comum! O facto de ter sido responsável pela invenção do arado não o teria tornado mais simpático porque pouco mais fez do que tornar ainda mais precária a frágil situação escravos tal como a robotização moderna não pode nunca ser considerada uma invenção simpática pelo risco de desemprego que acarreta para o proletariado moderno.
Ele era assim o deus vingativo e castigador que os judeus iriam herdar colo El e os árabes como Alá.
Dito de outro modo Enlil correspondia a mistificações de típica conveniência ideológica e por isso mesmo era um deus condenado a ter denominações de rápido “desgaste de imagem” por usura política de acordo com as vicissitudes do poder.
E entretanto começam as suspeitas de confusão entre os poderes de Enlil e Enki deixando a suspeita de que primitivamente estes deuses tenham sido o mesmo ou uma espécie de irmão gémeos partilhando simultânea ou alternadamente o poder supremo.
Ora tinha a posse das leis (me) ora as dava a guardar a Enki.
Ora era filho de deus ora era o próprio deus incriado, etc.
He is the creator of mankind. He is thought to favor and help those in need. He guards the "tablets of destiny", which allow him to determines the fate of all things animate or inanimate. They was once stolen from him by a Zu, a storm- bird (a bird with some human qualities). They were recovered and Zu faced judgment by Ellil.
Esta função é tipicamente de Enki, como aliás seria de prever sabendo-se que se trata dum deus da Sabedoria que é impossível sem as «tábua do destino» que são uma espécie de leis da natureza das coisa e da história dos homens ou seja a posse mágica da memória prodigiosa de todos os acontecimentos desde o princípio do mundo e a passe do poder profético do devir.
Mas, Enki era também «a god of water, creation, and fertility» ou seja tão «manda chuva» quanto seu irmão Enlil.
His consort is Ninlil, his chief-minister is Nusku. (…) He is also banished to the nether world (Kur) for his rape of Ninlil, his intended bride, but returns with the first product of their union, the moon god Sin (also known as Nanna). (Kramer, Sumerians 1963: pp.118-121) (…)
A passagem de Enlil pelo Kur deve ser considerada como uma marca dos ritos de passagem a que até os deuses e semideuses como Hércules e Jesus Cristo teriam que ser submetidos. No entanto, sendo Enki o senhor do Kur por excelência fica-nos a suspeita de ter sido da descida de Enlil aos infernos que teria começado o epíteto virtual En-Kur que Kramer postula para Enki.
Ver: ANZU (...)
Há fortes suspeitas de que Anzu seria a forma alada de Enki, ou pelo menos a ave de transporte dos mej de Enki, tal como a águia de Zeus e Guruda de Shiva. Daqui derivaria o mito do roubo das tábuas da lei por Anzu inventado pelos babilónicos como álibi ideológico para legitimar a sua própria usurpação dos mej da cultura suméria.
Uma forma alada significa afinal uma entidade volátil como o vento, ou seja, Anzu poderia permitir fazer a ponte lógica mítica entre Enlil e Enki. De resto, este animal mítico alado parece tanto na mitologia de Enlil, de quem é vizir, quiçá para transporte do vento das tempestades, de que era o regente, como a águia de Zeus, e na mitologia e Enki para transporte do «sopro criador» da vida e da inspiração poética e da sabedoria, como a pomba do divino Espírito santo das mitologias semitas e o caduceu alado de Hermes.
Sem correr o risco de tentar estar a forçar uma interpretação monoteísta da mitologia suméria podemos postular que a ideia da unicidade teológica pode ter estado latente no início da mitologia quanto mais não fora porque tudo começa com o unidade, e a partir do nada que era o caos primordial da cloaca cósmica da deusa mãe!
Assim, dispensando a mãe terra que nesta história do começo do patriarcado teria tido o papel passivo do fértil e caótico, vazio e primordial, ficamos com uma trindade feita de pai e dois filhos gémeos.
An => An-Chu, lit. «filho de An» => En-Ki & En-lil.
Então podemos aceitar que o credo católico pouco mais faz do que confirmar uma tradição mitológica muito arcaica de um deus pai, um deus filho e um deus da Sabedoria, que por sinal tinha a forma duma pomba que mais não era que a forma comum da Fénix!
Como se referirá noutros pontos destas análises, numa versão mais arcaica e matriarcal, Enki seria o Sr. da terra e do céu por ter sido o «deus menino» autogerado de Ki de que na seria mero epíteto e depois um dos seus filhos!
Na essência a ideia de soberania acabou por ficar com An enquanto o próprio conceito de poder passou a andar ligado com o lado guerreiro das forças da natureza atmosférica e dos tremores de terra e o seu nome relacionado com a própria evolução do termo designativo de guerreiro. Dito de outro modo, o nome deste deus resulta duma mera contingência episódica já que se suspeita que o seu nome mais corrente, ou pelo menos mais consentâneo com a sua função e antiguidade, tenha sido Urash = primal vegetation deity.
Urash deve ter passado a deus agrícola precisamente logo que Enlil foi inventado. De resto Urash pode ser uma evolução tanto semântica quanto mítica de Ur. Também Marte foi um dia um deus campestre e não é infrequente que deuses aguerridos se transformem em deuses agricultores em tempo de paz como foi o caso de Quirino. Para o caso, o que importa realçar é o facto de nome de Ur acabar por ser semanticamente mais importante do que Enlil como adiante se verá.
UR > Il > (An) Lil > (En)lil > El(lil) > El
ENKI
Enki = Contrary to the translation of his name, Enki is not the lord of the earth, but of the abzu (the watery abyss and also semen) and of wisdom. This contradiction leads Kramer and Maier to postulate that he was once known as En-kur, lord of the underworld, which either contained or was contained in the Abzu. He did struggle with Kur as mentioned in the prelude to "Gilgamesh, Enkidu, and the Underworld", and presumably was victorious and thereby able to claim the title "Lord of Kur" (the realm). He is a god of water, creation, and fertility. He also holds dominion over the land. He is the keeper of the me, the divine laws. (Kramer & Maier Myths of Enki 1989: pp. 2-3).
Ea (Enki, Nudimmud) - god of the waters. He is in charge of the bolt which bars the sea. He knows everything. He is the "Lord of Wisdom" and "Lord of Incantations". When he speaks, of a thing, it will be made. Zaltu as a complement to Ishtar. He discovered the plot of Apsu and Mummu, put Apsu under a sleeping spell, and slew him and put Mummu into a daze, tied him up, and slew him. He then named his quarters Apsu, the underworld ocean that supports the world. He and Damkina produced Bel and Marduk.
Sumerian god of creation, wisdom, and medicine, who could restore the dead to life, for he was the source of all secret and magical knowledge of life and immortality. He was worshipped at Eridu, one of the world's first cities, and was called Ea in Babylonian, King of Absu. Enki possessed the secret of "me" which means 'culture, civilization", which is the genius of progress in knowledge to lead humanity. He invented civilization for the people and assigned to each his destiny. He created the order in the cosmos. He filled the rivers with fish. He invented the plough and the yoke so that the farmers could till the earth with oxen. He made the grain grow. He is depicted on a relief holding Zu, the storm-bird. Enki rose up from the Persian Gulf, as god of the fish. His wife was Ninhursag; she gave him a daughter. He is the father of all plants. See Ea.
Mummu é seguramente a sobrevivência dum sistema de linguagem mítica pré sumério e corresponde a um indício de que o sistema de codificação que subsistiu teria tido a concorrência de outros que acabaram por interferir na forma e na modulação fonética das línguas posteriores.
Mummu <= mu! mu! mu!???
A hipótese que aqui se coloca é a de que, sendo o paradigma mais comum da divindade da época o touro estejamos perante uma derivação onomatopaica repetitiva ao estilo infantil a partir do mugido dos ruminantes!
Nesta mesma linha de raciocínio
O epíteto Nudimmud de Enki é também uma excepção flagrante ao sistema de codificação da linguagem mítica que tentamos desvendar!
Nu = Pénis; esperma; descendência. < A-nu.
Dim = procurar; criar. < Ki-ma.
Mud = o sangue (que da vida); o «almude» de cerveja (que alegra o coração dos homens); o que nos deixa «mudo» de susto ó com o toque repentino da tuba! ó Mut.
Obviamente que a língua suméria já era uma antiga elaboração oral por uso e abuso de semânticas esquecidas relativas a antigas e recentes mitologias. Alguns desses termos encontram-se quase intactos no português de origem arábica. Assim é difícil saber se o epíteto de Enki, Nudimmud era um arcaísmo ou uma frase litúrgica de criançaõ no seio do sumério.
Nu-dim-mud < Anu- | Thi(< Ki)-(a)Ma-Muth (> Mut)
1 < Tiam-mat | redundância do nome de En-Ki para reforçar o filho de Anu e Tiamat?
2 Nu = Pénis + Dim = criar + Mud = o sangue (que da vida); o «almude» de cerveja (que alegra o coração dos homens); o que nos deixa «mudo» de susto ó com o toque repentino da tuba!
2. 1 => Enki é O “Kar-alliu” que criou do próprio sangue o «almude» de cerveja (qui laetificat cor hominis, como Cristo na última ceia)!
2. 2 Mas é também O que deixa os crentes mudos de susto como o toque súbito da tuba!
Este conceito do “som aterrador da voz divina que emudece os crentes de susto reverente, vai aparecer na evolução da língua grega na metonimia entre opa (< okka = ouvido) / opis (a deusa mãe das cobras cretenses)!
A ideia de que Enki não foi o senhor da terra é apenas o resultado da interferência do mito político de Enlil.
Na verdade Enki foi e será sempre o único senhor da terra e do céu mais poderoso nos infernos do Kur do que os próprios demónios. De resto os mitógrafos modernos acabam por trair-se e cair em contradição:
«Enki is not the lord of the earth (…) He also holds dominion over the land»!
Enki = Kius = En Ur = Uran => o mesmo que Enllil?.
= Kur = Enkur = Kuran.
Enki = An + Ki < céu + terra = Universo = Água Primordial. Se foi a partir da metafísica dos elementos primeiros que se intuiu a física dos estados naturais o estado líquido, materializado na água, apresentando características entre o sólido da terra e o vaporoso do vento subtil, era de facto um estado mais correspondente a uma fase de indeterminação cósmica do que a um deus filho do céu e da terra e, por isso, ambivalente por nascimento.
Como em sumério A = água =>
E(nk)I + A => aqua > «água» => Ehia > *Eia, étimo de mulher e esposa na etimologia helénica > Eua > Eva > Ea, amigo ou esposo de Damkina = dam(a) Ki (a)na, deus das águas doces primordiais das chuvas, fontes e nascentes; vivas e vivificantes > purificadoras e salvíficas.
Assim, Enki > e(n)qui > amphi > ambi, gerou étimos tanto da “equidade quanto da ambiguidade”.
Antes de Adão e Eva, Ki e An terão dado início à criação tal como ficou descrita de forma sublime na bela epopeia Babilónica da Criação do Mundo.
Enki foi também o primeiro deus da gnose e da divina sabedoria, tendo sido a mais remota versão do Espírito Santo que teve a sua teofania no baptismo de Jesus Cristo!
Dingir é já uma corruptela adiantada de um conceito em volta de Enki => Ki(a)n > Dian e Kur > Gur > Gir > Gil.
Por aqui se pode ver o quanto o conceito de Enki era avassalador na teologia arcaica.
Além de outras elucidações sobres os estranhos caminhos étmicos que certos termos tiveram desde os tempos da Deusa Mãe Suméria poderemos verificar que são possíveis laços de feedback como no caso:
Esta convenção etimológica que permite explicar a derivação dos termos lusos tais como «chão» de termos latinos como «pleno» parece duvidosa! A explicação mais plausível pode bem ser a que resultou de uma diferenciação linguística muito arcaica e precoce entre a origem proto-linguísticos dos falares lusos e dos falares latinos e ibéricos orientais ou então, o crioulo do baixo latim que foi o galaico-português foi recebendo influencias várias dos povos que por aqui passaram desde os minóicos e possivelmente egípcios (pelo menos no tempo do faraó Necau II), fenícios, hititas, gregos, e, antes dos romanos os etrusco, e depois os árabes.
De notar que no Egipto apareceu o conceito de Ka cujos caminhos étmicos podem ser os descritos antes a partir de Ki + An.
Ora, no Egipto o “sinal da vida” eterna , que tem o intrigante nome de Ankh (<An ki), tem a forma de uma nana infantil, e, nem por acaso derivada do ideograma cuneiforme de An acrescido do aspecto do moderno ideograma da feminilidade, facto que não deve ser por mero acaso, o que reporta, de forma inegável, este sinal à Deusa Mãe, a senhora (I)nana.
Nota: a
A mitologia clássica assevera-nos que o primeiro deus foi Urano filho da terra e do céu. De facto, é fácil de ver que Urano deriva foneticamente de UR + ANO ou seja, nasceu do e no solo de Ur tendo por pai o Céu e Deus o sumério An. Seria mera coincidência que o nome de Urano possa ter sido muito simplesmente sinónimo do Deus celeste de Ur ou seja An de Ur? Mas, adiante se verá que Ur significa também jovem guerreiro pelo que a melhor tradução idiofónica pode ser a de guerreiro celeste, ou divino!
DINGIR
De tão universal que era o respeito pelo seu uso tornaram-se infixos comuns referentes às entidades genéricas.
Figura 1: Steatite cruciform figurine, Chalcolithic period. Ancient Cypriot Art.
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Já na Suméria, o ideograma , tanto significava o fonema *An como o nome genérico de divindade, dingir.
O genérico Dingir merece alguma análise linguística porque tem o seu correlativo no Egípcio Netger. Semanticamente estes dois termos não manifestam grandes divergências. como se pode ver com um pouco de atenção, só se pode estranhar que se não tenha reparado antes que são praticamente o mesmo termo.
Diñir = god, deity (di + ñar). Di = Judgement ; Ñir = Lord.
Din | gir < Thun* < Dan* < Kian > Tan | + Ger => «Tânger»!
Conotado com estes conceitos teria estado no começo o nome dos centauros. Do mesmo modo, com estes termos teria estado relacionada a etimologia do estranho nome da ninfa pela qual se apaixonou Atis.
Attis was an orphan left by his mother on the bank of the river. He became a handsome youth, who was in love with Cybele who forbade him to love any other woman. Nevertheless, Attis fall in love with the river nymph Sangaria (Sangarios) and had a sexual intercourse with her in a cave. Cybele made him mad, and during this time of madness he castrated himself. Then he was pardoned by Cybele, who caused him to ascend to the celestial worlds.
Sangarios < Sangar < Kian-Ger > Cen-tar > Centáuros.
Ver: VACAS / NETERU (***)
Como outra forma de reminiscência deste facto cultural que a seu tempo terá sido de magna e universal importância se deve referir o “om” tântrico considerado como o som sagrado com que foi dado início à criação, afirmação equivalente do poder criador do deus sumério Na, bem como o nunca tão falado ão, de tudo o que é grande, tanto em intenção como extensão, em português.
Interessante ainda é verificar que o étimo *an- está relacionado com o objecto mais prosaico e comum que qualquer criança conhece, a «nana»[3] nome de boneca tosca, do lat. nannna, do sumério Inanna, (< nin An An) nome da (Nossa) Senhora Deusa do Céu, que quando feita de farrapos aparenta a forma grosseira de um Ankh.
Figura 2: Casel seal of about 1380 B.C.
«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» e, ao mesmo ritmo das transformações políticas e sócio-económicas da história, os nomes e a personalidade dos deuses sofre metamorfoses como os estilos e as modas a par das alterações linguísticas e culturais! Mas, “se tudo é feito de mudança”, algo permanece como fio invariante condutor da substância da história cujas pontas compete à ciência encontrar para nela fundamentar alguma tranquilidade.
Figura 3: Veneração dos maias pela Cruz encimada pelo espírito santo, o deus Quetzal
Desde logo, porque as línguas se enriquecem não apenas porque crescem em complexidade mas porque conservam étimos e acumulam termos por razões significantes de especificidade e versatilidade de linguagem.
Tendo surgido possivelmente como conotação com os «entes» (An tis) ausentes e invisíveis do animismo primitivo, dos que estão «antes» (An tis) e «em» (An > en > em) cima, no alto sem limites da amplidão dos céus, An foi o lugar semântico de evidente eleição do deus supremo primordial.
«Cima» < Lat. cima e cyma < Gr. Kyma (= broto novo) < *Kima.
ó «Cume» < ? > Lat. culmen, m. s.
De facto, se, como se verificou antes, An é o princípio Sumério do Céu seria, por isso, também o princípio da divindade. O facto de nem todos os deuses greco-latinos terem ano no nome não invalida a regra. Pelo contrário, o facto de, mesmo assim, serem muitos os deuses com ano no nome confirma-a.
Entidade sublime e etérea do pensamento, ideal da perfeita sabedoria e abstracção das abstracções cedo se tornou numa distante divindade ociosa que depois de ter criado a realidade se retirou para os confins do eterno e infinito esquecimento sendo substituído primeiro de forma meramente fonética por Anu, depois, por alteração para uma personalidade mais tangível e subtil, foi identificado com o ar (pneumos) do espírito do vento entidade subtil mais próxima dos negócios políticos da cidade de Nippur, que se transformou no centro cultural dos sumérios, de que Enlil era o patrono.
Enlil < An +Lil < céu + Lil (vento, sufixo sugestivo de tudo o que é lábil e volátil. Os ventos alísios tiveram aqui a sua origem étmica) = deus do ar atmosférico, das tormentas, tempestades e furacões manifestou a personalidade ideal dum deus dos exércitos e o poder simbólico mais terrificante para a congruência do efectivo exercício do poder supremo e assim Enlil substituiu seu pai Anu no trono celestial.
Ver: MARDUQUE (***)
Marduck (< Ma Ur | Thuki < Kuki), que era um deus menor das tempestades e dos trovões foi elevado por Hamurabi à categoria de deus supremo, não apenas por ser o deus local da cidade da Babilónia, quando esta cidade se tornou a capital do mundo de então, mas porque após o desastre telúrico de Tera os deuses dos terramotos e das tempestades deuses jupiterianos como este estavam na moda e serviam de paradigma à revolução patriarcal iniciada no sec. XIII a.C.
Após a conquista assíria veio a ser substituído, pelos mesmos óbvios motivos político, por Assur deus que ou tinha ou passou a ter a personalidade tormentosas dos deuses supremos.
De qualquer modo, An acabou por se tornar num deus ocioso e no nome genérico de Deus! No Céu havia ainda uma santíssima trindade: Nanna deus da lua; Utu, do sol e Inanna a deusa mãe do Céu, a «Estrela da manhã».
Como se vê, com dois astros maiores como deuses masculinos e uma grande deusa mãe do céu, não é claro que esta trindade seja já uma sagrada família patriarcal. O que mais parece é de facto uma grande matriarca com os seus dois filhos predilectos: o deus do dia e, o da noite! No entanto este matriarcado não seria da simpatia dos sacerdotes que, segundo Carl Grimberg, se apressaram a afirmar, logo que chegou a dominação babilónica, que a origem das coisas resultava de dois princípios sexuais opostos: Apsu, princípio da masculinidade bondosa e Tiamat, da maldade feminina.
Em conclusão, as quatro divindades criadoras dos sumérios não eram ainda entidades divinas personalizadas mas princípios divinos (metafísicos) de criação, equivalentes remotos dos quatro elementos dos filósofos pré-socráticos e das causas primeiras de Aristóteles.
[1] diz Samuel Noah Kramer, no seu livro a História Começa Na Suméria.
[2] Seria interessante pensar que o «pião» deriva duma antiga sabedoria a respeito do planeta terra girando como um pião na solidão cósmica. Porém o mais evidente será pensar que o pião gira no chão!
[3] A forma mais simples de fazer uma «nana» é colocar uma pequena pedra redonda no centro dum quadrado de pano que depois se fecha sobre esta na forma de um funil ou dum maço triangular de tecido que de seguida é atado com uma fita do mesmo pano, dobrado em duas ou mais vezes, de forma a formar os braços da «nana» que assim acaba na por ficar com a forma dos desenhos de Tanite nas estelas funerárias de Cartago.
Parabéns muito bem escrito o artigo. Muito bem estruturado o estudo.
ResponderEliminarNão esperava encontrar algo assim na internet.