Figura 1: Hapi é o deus do Nilo. Com flores de papiro é o «Baixo Nilo» e, com flores de Lotus, o «alto Nilo». Era de cor azul ou verde como são, a água do mar profundo e os glaucos deuses da morte e das águas primordiais. Barbudo e mamudo, como Nun e como Atum, o deus hermafrodita da criação do mundo, era um deus de fertilidade e fecundidade! Por vezes era representado como deus zoomórfico com cabeça de ganso, seguramente a sua ave de transporte.
It has already been said above that the god Osiris was probably in predynastic times a river-god, or a water-god, and that in course of time he became identified with Hap, or Hapi, the god of the Nile; when such an identification took place we have no means of knowing, but that such was undoubtedly the case is apparent from large numbers of passages in texts of all periods. The meaning of the name of the Nile-god has not yet been satisfactorily explained, and the derivation proposed for it by the priests in the late dynastic period in no way helps us; it is certain that Hep, later Hap, is a very ancient name for the Nile and Nile-god, and it is probably the name which was given to the river by the predynastic inhabitants of Egypt.
(…) Hep, or Hapi, is always depicted in the form of a man, but his breasts are those of a woman, and they are intended to indicate the powers of fertility and of nourishment possessed by the god.
(…) When once Hapi had been recognized as one of the greatest of the Egyptian gods he became rapidly identified with all the great primeval, creative gods, and finally he was declared to be, not only the maker of the universe, but the creator of everything from which both it and all things there in sprang. At a very early period he absorbed the attributes of Nu, the primeval watery mass from which Ra, the Sun god, emerged on the first day of the creation; and as a natural result he was held to be the father of all beings and things, which were believed to be the results of his handiwork and his offspring.
When we consider the great importance which the Nile possessed for Egypt and her inhabitants it is easy to understand how the Nile-god Hapi held a unique position among the gods of the country, and how he came to be regarded as a being as great as, if not greater than Ra himself. The light and heat of Ra brought life to all men, and animals, and to every created thing, but without the waters of Hapi every living being would perish. There was, moreover, something very mysterious about Hapi, which made him to be regarded as of a different nature from Ra, for whilst the movement of the Sun-god was apparent to all men, and his places of rising and setting were known to all men, the source of the waters of the Nile-god was unknown. The Egyptians, it is true, at one period of their history, believed that the Nile rose out of the ground between two mountains which lay between the Island of Elephantine and the Island of Philae, but they had no exact idea where and how the Inundation took place and the rise and fall of the river were undoubtedly a genuine mystery to them. -- The Gods of the Egyptians or Studies in Egyptian Mythology v2, bay E. A. WALLIS BUDGE.
A sobrevivência da semântica dos deuses de “transporte solar” podemos encontra-la no nome autóctone do rio Nilo, Hapimou, o deus que era explicitamente das “águas correntes” e caudalosas!
Hapimou = Means the Nile. "He" was depicted with the beard of a man and the breasts of a child-bearing woman.
A análise étmica deste nome permite-nos a suspeita de estarmos perante uma sobrevivência duma arcaica relação da cultura egípcia com a caldeia, que, de facto, lhe era precedente no tempo.
Um dos heterónimos de Enki era Nudimmud, nome que se assemelha flagrantemente com a raiz final do nome de Hapimou.
Nudimmud < Anu-Thim-Muth < Kima-Mut, lit. “o Sr. de sua mãe *Kima”
> Ti(m)-Matu => Tamuz.
Então, um outro heterónimo deste deus pode ter sido originalmente *Kikur-Mashu, um dos montes gémeos da aurora, que de corrupção em corruptela chegou ao Egipto como *Kaphur Ma-Chu.
Hapimou < Kaphi-mov > *Kaphi®-Mawu ó *Kaphur Ma-Chu.
< *Kaphi® < Kaphir < Khepri.
Em qualquer caso não deixa de ser interessante que tanto mot- quanto mot- são raízes semânticas de movimento em latim, presentes na semântica de deus das aguas correntes de Hapi, bem como na relação que se suspeita ter com os deuses de transporte solar.
<= Figura 2: Hapi - "running water". Citação 1: Hapi is the ancient Egyptian god of the Nile. He is ancient not only to us of the modern world, but to the Egyptians as well. In fact, "hep", the root of Hapi's name is probably an ancient name for the Nile. Hapi was portrayed as a man with women's breasts. The full breasts indicate fertility and his ability to nourish the land through the Nile's annual floods. Hapy is one of the four sons of Horus, he was portrayed as a mummy with the head of a baboon. Figura 3: Hapí - "Runner" < Hepi < Ahephi => |
No entanto, nem a simbologia figurativa, nem os respectivos hieróglifos, nem as mitologias parecem ter qualquer tipo de relação entre si, o que é estranho!
O hieróglifo de Hapi () = H-(ah-p-y) + Nu-(n ) = *Hahpinu(no), enquanto o hieróglifo do filho de Horus, Hapí = *SA-SA?
Ou seja, os nomes dos dois deuses não eram, pelo menos, homógrafos. No entanto, neste último caso os “dois gansos” poderiam ser a forma plural de Hapi enquanto deus do alto e do baixo Nilo. Esta relação com uma ave faz logo pensar no pelicano de Tot, deus que tem também analogias funcionais e étmicas com os deuses enquinos.
Ora não sendo *SA-SA o nome do filho e aceitando-se que o pato enquanto *AS significava “filho” então, o de Hórus poderia se = “filho do filho” de Osíris.
Não estando a sua função mítica relacionada com o deus da escrita poderíamos estar perante um caso típico dum ideograma com o sentido figurativo do que “corre na água” º “água que corre” @ Hapi @ Hapí, o nome que teria sido dado arbitrariamente a este bisneto dos abismos da criação em homenagem ao avô, caso se aceite que Osíris foi filho do Nilo!
Mas, será que Hapi nada terá tido a ver com *SA-SA?
O certo é que um dos termos para designar o deus dos infernos sumérios era Ga-Ga. Ora, "Hapy's role was to protect the lungs of the deceased and was the guardian of the North", logo era um deus dos mortos e conotável com um anjo guardião dos ventos do norte e que, por isso, facilmente viria a tornar-se num anjo infernal. A este propósito convém recordar os arcanjos cardeais da mítica gnóstica referida na página da Internet The Kerubim, "The Strong Ones", by Soror I.D.D.
Citação 2: Nesher (Hebrew meaning Eagle), Kerub of Water, stationed in the West, Eagle-headed Scorpio. "The Priest with the mask of the Eagle spake and said, "Thou canst not pass the Gate of the Western Heaven unless thou canst tell me my name'" of which is replied "HEKA, Mistress of HESUR, Ruler of Water, is Thy name. Thou art TOUM, the Setting Sun."
Os pontos cardeais desta mitologia gnóstica podem ter que ser adaptados ao termo de comparação clássico porque não existem referenciais de posição absolutos e, obviamente, o que era sul em Roma e na Grécia era norte no Egipto! Neste caso, quem fixou esta tradição era judeu e logo alguém para quem o norte do Egipto era a ocidente. Por outro lado, não deixa de ser um facto interessante que os ventos marítimos fossem a norte do Egipto e a acidente da Judeia o que coloca a terra natal de Enki / Poseidon lá para os lados de Creta.
Quer dizer que pelo lado mais contingente desta argumentação Hapí, “guardião do norte das portas do inferno”, pode ter sido na origem o mesmo que Hapi sendo a confusão posterior o resultado da progressiva autonomia mítica que a divisão administrativa, do Nilo e do Egipto, acarretaria.
Aquário: Ruling planet: Uranus (formerly Saturn)
Gemstone :: Aquamarine
Color :: Electric blue and Turquoise
Element :: Air
Metal :: Aluminum
Symbolism :: The water pourer/bearer
Origin:
Aquarius is related to the Egyptian god Hapi, who watered the earth from two jugs. There also seems to be some kind of relation to the Babylonian god Ea, who was sometimes called the "God with Two Streams"
Figura 4: Hapi, o deus das «águas vivas» que fecundavam os aluviões do Nilo e que com as suas grandes tetas dava de mamar aos Egípcios. Citação 3: Just as Egypt was divided into two parts (the north and the south) so was Hapi's domain, the Nile. As a god of the northern Nile, Hapi was depicted wearing papyrus plants, a symbol of Lower Egypt, on his head. In this form, he was called "Hap-Meht". The Nile-god of Upper Egypt was "Hap-Reset" and wore lotus plants (a symbol of the south) on his head. |
When an artist was attempting to portray Hapi as a god of the entire Nile, he holds both lotus and papyrus plants in his hands or two vases.
Parece que à primeira vista Hapí deveria ter-se tornado no deus do Nilo do sul sendo estranho que se tenha tornado no “guardião do norte das portas do inferno”.
Citação 4: In the Hall of Ma'at Hapy sat on a lotus flower in front of Osíris.
Porém, a contextualidade da retórica mítica, se bem que nem sempre seja linear raramente perde o sentido e a lógica mais profunda. A verdade é que a porção mais vulnerável do Egipto era o Delta do Nilo e quase sempre seria o sul o seu guardião donde natural seria que fosse o Nilo do sul o guardião do Norte. Não se nega que a argumentação seja rebuscada mas, nem por isso deixa de fazer sentido tanto mais que o que não faz sentido é ter havido no Egipto dois deuses quase homógrafos sem qualquer tipo de correlação mítica.
Texto 1: The so-called "Coffin Texts", inscribed on the interior of coffins, belong to the middle kingdom (2250-1580 B.C.)
I was (the spirit in ?) The Primeval Waters, he who had no companion when my name came into existence.
The most ancient form in which I came into existence was as a drowned one.
I was (also) he who came into existence as a circle, he who was the dweller in his egg.
I was the one who began (everything), the dweller in the Primeval Waters.
First Hahu (*) emerged from me and then I began to move.
I created my limbs in my 'glory'
I was the maker of myself, in that I formed myself according to my desire and in accord with my heart.
________________________________________________________________
(*)Hahu, the wind which began the separation of the waters and raised the sky. -- Translated by R.T. Rundle Clark, in his Myth and Symbol in Ancient Egypt (London 1959) p.74
Pois bem, não deixa também de ser estranho que o nome do vento primordial que separou o céu das águas se chamasse Hahu.
Baco < Hahu < *Kaka > Heka > Hewe(l)
=> *Dewa & *Dewish
=> Zeus, lit. «o filho de deus»!
Estamos portanto perante um dos mais arcaicos nomes de deus relacionado com as águas primordiais de que pode também propor-se outras de entre várias equações etimológicas.
Sumer: Ga-Ga = Place (to) = Pluto.
Gu = Lord of waters = Enki
Us, uz: = domestic goose or duck (possible Semitic loanword).
Hapí < Haphu < Ahephi < Caco > *Ka-Ka > Sumer. Ga-Ga > *SA-SA,
...ou seja, o hieróglifo dos patos talvez não seja senão o ideograma foneticamente feliz!
Adiante se poderá confirmar que o mitema do Nilo implicava o da fartura e da abundância que eram apanágio dos deuses infernais como Pluto e Enki, Senhor do Kur, o deus dos infernos. Dito de outro modo, e como o deus Pluto sumério foi Enki, GA-Ga seria um dos nomes de Enki. E então podemos voltar a reparar na questão de os hieróglifos deste fonema serem dois gansos! Se o ganso doméstico era em sumério Uz, o ganso dos lagos e dos rios poderia ser Ga-uz, de que iria derivar o inglês goose.
Goose (n.) (…) Old English gos, from Proto-Germanic *gans- "goose" (cf. Old Frisian gos, Old Norse gas, Old High German gans, German Gans "goose"), from PIE *ghans- (cf. Sanskrit hamsah (masc.), hansi (fem.), "goose, swan;" Greek khen; Latin anser; Polish gęś "goose;" Lithuanian zasis "goose;" Old Irish geiss "swan"), probably imitative of its honking.
«Ganso» < Gót. Gans < PIE *ghans- < Ga-(An)-Zu > Ganzu > «ganço»
Ga-uz ó goose.
Claro que não sabemos como se chamava o «ganso» antes de os romanos terem andado pela península ibérica mas é evidente que todos os termos não germânicos relacionados com esta ave se afastam foneticamente do suposto PIE *ghans- pelo que a debilidade desta raiz hipotética e mais que duvidosa! A possibilidade de ter tido ressonâncias onomatopaicas não está fora de questão mas isso deve ter ocorrido logo no sumério.
No Egipto, ou noutras tradições orientais não registadas, pode ter sido identificado com o próprio ganso que seria mesmo um dos animais totémicos deste deus e que iria justificar os mitos clássicos de Leda & o cisne bem como a relação particular de Afrodite com o ganso, que seria uma das epifanias de Zeus, a par do touro branco e da Águia, pelo menos!
Ver: LEDA E O CISNE (***)
Voltando à heurística ortográfica do nome do deus do Nilo ficamos a saber que Hapi pode ter sido antes *Hahpinu que considerado como "Kerub of Water" seria:
Nilo < Niru < An-ur = Úrano / Enki
Ker + *Hahpinu = *Herephinu > Telepino > Serapeum.
Figura 5: Nilo, enquanto grande rio de águas doces era uma manifestação fecunda do deus das águas e do mar que foi Enki e daí o seu nome actual.
Nilo < Niro < «Nero» < Nerio < *Nurijo < Anur-i-Chu, filho de Urano?
Citação 5: It must be noted too that in one aspect Hapi was identified with Osiris, i.e., Osiris-Apis, or Serapis, in late dynastic times, when every sanctuary of this double god was called a "Serapeum," Hapi was held to be included among the forms of the god.
O lado hermafrodita de Hapi não deve ter sido de grande espanto na alta antiguidade nilótica, que tinha a maternalidade em altíssima consideração, porque, sob o ponto de vista religioso já Atum era considerado um deus bissexual. Ora, Atum e Hapi podem ter sido apenas variantes do mesmo deus que foi Enki na mesopotâmia como se depreende da citação 3. E vem-nos à mente o nome de, pelo menos um deus, que pode ter sido a síntese semântica destes mesmos deuses, Nefertum. Para isso bastaria que Hapi pudesse ter sido algo a ver foneticamente com o étimo -Nefer. Ora, o complexo sistema hieroglífico dos egípcios teria inevitavelmente que ser vulnerável a erros ortográficos geradores de graves confusões míticas pois, como se viu, Hapi era muitas vezes confundido com Hapi, o filho de Horus!
Hapi = *Herephinu < *An-Kur-ki => *Nefer-Ki ou
*An-Kapher > Kapher > Hapher + *Phiat = Hap-Reset, nome do Alto Nilo.
*Pot- < Phiat < Ptah (< Phitaki < Kikaki > Kakiko, “o filho de deus do fogo da terra”)
Citação 6: Ptah was a god of Memphis, the old capital where the pharaohs were crowned. He was originally a god of the earth: ta was the Egyptian word for "earth." Ptah was also a divine craftsman. These two characters enabled him to be attributed with the modeling of man and woman from clay, as the scarab was a modeler of dung. The scarab hieroglyph, in addition to kheper and neter, could also be read ta "earth" or "Ptah." In the Egyptian late period, Ptah was often represented as the older Khepri, wearing on his head the scarab who wrote his name. Hence, the scarab was another representation of Ptah, as was Ptah confused with Osiris- god of the dead during that epoch.
Sendo assim, podemos suspeitar como corolário que o deus Khepri teria sido filho de Ptah, e logo Hapi.
Texto 2: "Nefertem was a member of the holy triad of Memphis. He was the son of the god Ptah and the goddess Sekhmet. In Buto, he was called the son of the cobra-goddess Buto" (< Ki-Uto, deusa mãe do sol Uto!). Nefertem was an ancient sun-god of Lower Egypt. He was important to various creation myths.
Figura 6: Tríade de Mênfis. | Nefertem was associated with the young boy (Atum) who emerged from the lotus of Nun at the beginning of time. It was this boy that shed the tears from which all of mankind emerged. Due to this relationship, Nefertem was often called "the young Atum". < Nefer-Atum. In its third meaning, where physical seduction is present, Târâ is a buddhist mantra of the Mahâyana or Vajrayanâ sect. Here the mantra takes the form Om Hrim Strîm Hûm Phat. The sound symbol Phat is very important. |
It is an explosive sound and symbolizes the piercing of the darkness by light. – [1]
Ora bem, como Atum era um deus solar velho e barbudo como o sol velho do poente temos que concluir que quem era o Atum jovem era Nefer-Atum. Por analogia com os deuses de transporte solar, Neferatum ([2]) significaria inicialmente “o que transporta Atum”. O significado de “Atum, o jovem” terá sido posterior e decorrente do facto de os deuses da manhã serem uma óbvia metáfora do “deus menino” que transporta em si mesmo a juventude e as promessas do futuro! Com o tempo Nefer de jovem passou a significar também “belo e feliz” razão pela qual vamos encontrar este étimo na composição do nome de Afrodite! Em qualquer dos casos, estas conotações não serão mais do que reforços redundantes de significâncias que já estavam implícitas nas qualidades das jovens deusas da manhã, filhas bem-amadas do deus do céu, deusas do amor e por isso tão belas quanto a radiosa e «Bela Aurora»!
Saberemos que Eos era Inana/Ishtar, pelo que Lúcifer poderia ser um dos amantes de Afrodite, por exemplo Hermes, mais conhecido no Egipto por Hermachis, o deus sol Horus dos dois horizontes, a menos que fosse considerado um mero pagem ou carroceiro deste. De qualquer modo -per- < -fer- < -pher- < phor- < Tor < Tour[3] < Kur, são tudo radicais relativos às andanças diárias (e anuais) sol, ou seja uma intuição impressão negativa das revoluções da terra com o sol, ou pelo menos uma metáfora das sua aparências!
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