domingo, 22 de setembro de 2013

DEUSES LATINOS – BELONA, antiga deusa da guerra. Por Artur Felisberto.

DEUSES LATINOS – BELONA, antiga deusa da guerra, por Artur Felisberto.


Belona (Bellona) era a deusa romana da guerra, versão da deusa grega Enyo. Companheira de Marte nos campos de batalha. Deu origem ao substantivo feminino belona, poeticamente usado para designar guerra.

She is identified with the Greek war goddess Enyo and in imperial times with the Cappadocian goddess Ma. In front of Bellona's temple, the fetialis (priestly officials) performed the declaration of war ceremony, the casting of a spear against the distant enemy. Bellona's attribute is a sword and she is depicted wearing a helmet. She could be of Etruscan origin = Duellônâ.

She is believed to be one of the numinous gods of the Romans (without a particular mythology and possibly of Etruscan origin), and is supposed by many to have been the Romans' original war deity, predating the identification of Mars with Ares. She accompanied Mars into battle and is taken variously as his sister, wife or daughter. She is also (as at her temple in Ostia) syncreted with Magna Mater.

Figura 1: Bellona, by Jean Goujon. Relief on the right of the central window, left part of the West façade of the cour Carrée in the Louvre palace, Paris.

Não existem representações romanas conhecidas de Belona porque esta deusa de origem etrusca seria afinal tão mal amada pelos romanos como foi Ares, pelos gregos e por isso considerada estrangeira ao ponto de o seu templo em Roma ser extra muros e fora do pomério, dedicado em 296 AEC, perto do Circo Flamínio, por Ápio Cláudio Cecus, durante a guerra com os etruscos e os samnitas.

O nome da deusa da guerra Bellōna deriva de um nome anterior da mesma deusa, Duellona, em si mesmo um derivado do antigo duellum latino (duelo, libelo, guerra), que também se transformou em bellum no latim clássico.

A etimologia do duellum em si permanece obscura.

Obscuro terá sido também o culto desta deusa no mundo romano.

"Então, com seus braços dilacerados, aqueles que aplacam a feroz Bellona cantaram aos deuses..." (Lucano, Guerra Civil, Livro 1, linha 565).

A razão será antes a da forma como Minerva foi integrada nos universo olímpico dos doze “Consentes Dii”, não os atributos pacífico e democráticos de Atena mas com os da deusa guerreira da cidade de. Dito de outro modo, Minerva tinha inicialmente os atributos arcaicos de Atena Alada parecida com Nicete e a deusa da Vitória romana pelo que, é bem possível que a alegoria de Roma e as representações de Minerva aguerrida sejam os de Belona. Por outro lado, na época imperial pasou a ser identificada com Cibele e passou a Ma-Belona.


Figura 2: Helmeted head of Roma r.; below chin, * and behind apex / Mars in quadriga r., holding spear, shield and reins l. hand and trophy in r., below L.POST.ALB. In exergue, ROMA. Roman Republic, L. Postumius Albinus. Rome, c. 131 BC. A lado de Marte triunfal Roma tem todo o aspecto de ser a sua deusa da guerra, Belona.

Muitas deusas romanas andaram identificadas entre si e Minerva-Bellona-Victoria, Feronia, Caerere ou como Angerona- Angitia foram identificada à Sabina Vacuna, deusa das águas profundas.

Apuleio escreveu em seu romance O Asno de Ouro no segundo século que Hécate é a mesma deusa de Juno, Bellona e Ísis. Sendo Hecate reconhecida como Diana / Artemisa, então Belona seria afinal irmã de Apolo junto do qual tinha templo em Roma extramuros também.

Porém, quanto mais obscura é a origem duma palavra maior é a tentação para lhe encontrar uma etimologia indo européia adequada.

Duellum, from Proto-Indo-European *deh2w-, *dew- (“to injure, destroy, burn”). Cognate with Ancient Greek δαίω (daíō, “to burn”), δύη (dúē, “misery, pain”). The initial dw of duellum changed to b in bellum (compare the change from duis to bis, and duonos to bonus). See w:History of Latin § Other sequences. The archaic form duellum survived in poetry. In Medieval Latin, the sense shifted to a combat between, specifically, two contenders, under the influence of the (non-cognate) word duo (“two”).

Dito de outro modo, os pensadores medievais foram uns grandes estúpidos por terem dado conta do óbvio: que os duelos precisam de dois beligerantes como são precisas duas pessoas para se dançar o tango e até mesmo para começar um conflito ou uma polémica. Pois, até prova em contrário, os duelos resultam do facto de serem actividades bélicas a dois e não de outra coisa qualquer.

Senão vejamos, os duelos são tão antigos como o género humanos e começaram na Bíblia com o conflito de Caim& Abel, ou seja, muito antes de haver gente suficiente para juntar numa guerra!


Figura 1: Pintura de uma casa romana onde uma jovem pede paz para um ente querido na guerra possivelmente a Berlona ou a Minerva.
(Recueil De Peintures Antiques Trouvées A Rome; Imitées Fidelement, Pour Les Couleurs Et Le Trait, D'après Les Dessins Coloriés Par Pietro-Sant E Bartoli, Et Autres Dessinateurs.)

“O duelo é uma disputa em combate por confronto entre duas pessoas, motivada, em geral, por desagravo à honra, desavenças individuais ou familiares, entre facções ou grupos rivais, e outros tipos de confronto de cunho fortemente emocional”.

No entanto, apesar de o costume dos combates singulares aparecerem em todas as culturas e serem famosos os duelos da Ilíada entre Heitor e Ájax e depois entre Aquiles e Heitor há quem teime em admitir que os duelos eram uma forma de justiça penal apenas usada pelos germanos nas ordálias por combate singular.

Ora bem, independentemente de variantes de ordálias aparecerem nas “águas da amargura” do livro de Números, a etimologia do termo ordália parece vir dar luz à de Duellona.

A origem da palavra ordália, é do latim vulgar, ordalium ou, de acordo com Verstegan, do saxão, ordal e ordel, que, segundo Hicks, vem de Dael, julgamento, com o sentido de grande julgamento. Outros derivam a palavra do franco ou teutônio Urdela, que significa julgar.

A palavra é um empréstimo erudito do inglês antigo ordāl, ordēl (ordálio do inglês moderno, em francês “tortura”, “teste”) por intermédio do anglo-latim ordālium, latim medieval ordalium “julgamento de Deus”. Tem a mesma raiz germânica do Urteil alemão e do oordeel holandês que significa "julgamento", "veredicto", do proto-germânico *uzdailiją, "aquilo que é julgado".


Figura 2: Duelo de Aquiles & Heitor. (Desenho de vaso grego restaurado a partir de Wilhelm Froehner).

No entanto, muitas vezes a verdade objectiva está debaixo do nariz mas os eruditos não gostam de reparar que o rei vai nu! De facto, a palavra ordália contem o termo ingês to deal.

Deal (v.) = Middle English delen, from Old English dælan "to divide, distribute, separate;" hence "to share with others, bestow, dispense," and also "take part in, have to do with," from Proto-Germanic *dailjanan (source also of Old Saxon deljan, Old Frisian dela "to divide, distribute," Middle Dutch, Dutch deelen, German teilen, Gothic dailjan), from PIE *dail- "to divide," ‌‌perhaps a Northern Indo-European extended form of root *da- "to divide," or a word from a substrate language.

Meaning "to deliver (to another) as his share" is from c. 1300. Meaning "to distribute cards before a game" is from 1520s (the associated noun meaning "distribution of cards before a game" is from c. 1600). Hence colloquial deal (someone) in "include in an undertaking" (1942).

To deal with "handle, act toward (in some way)" is attested from mid-15c., from the notion of "engage in mutual intercourse, have to do with;" in late 14c. the phrase also mean "have sexual intercourse with." Related: Dealt; dealing.

Por tanto, a raiz semântica do inglês to deal é o de lidar com a repartição de quinhões de heranças, butins de guerra ou de pilhagem ou meramente de lucro e ganho o que em situação de conflito gera primeiro o duelo e depois a guerra. Ora, a divisão mais primitiva e simples é por dois e por isso é intuitivo conceber o duelo como uma procura de solução extrema num conflito de divisão de quinhão logo, o estar relacionado nos falares indo-europeus com o número dois só mesmo eruditos distraídos o podem rejeitar. Por outro lado, a origem do número dois está relacionada com a paridade da deusa mãe grávida ou com o deus menino ao colo e por isso iremos ver Belona relacionada com Cibele.

Obviamente que a relação de Belona com Cibele vem de algo mais sério que eram os rituais dos Bellonarii que costumavam ferir os seus próprios braços ou pernas como sacrifícios de sangue. Estes ritos ocorriam nos dies sanguinis como nos rituais dedicados a Cibele razão porque tanto Enio quanto Bellona se identificaram com a capadócia Ma, ou Magna Mater.



Figura 3: Roman relief of Minerva at the Carthage National Museum.

Figura 4: Minerva Pacifera. Museo Chiaramonti

Ela, quando é inspirada pelo poder de Bellona, teme

Sem chamas ferozes, em sua loucura, nem o chicote retorcido.

Ela corta os braços ferozmente com o machado duplo

E, ileso, borrifa a deusa com sangue fluindo,

Fica ali com uma lança em seu lado, feridas no peito,

E canta o destino que a grande deusa proclama.”

(Tibullus, Elegies, 1.6.44-55)

Cibele + Ana > *Cu-Belana ó Diwelona > Duelona > Belona > Ma-Belona.

Então a proposta seguinte de Duelo derivar de *duenelo é erudita e rebuscada demais para ser aceitável.

O lingüista Georges-Jean Pinault propôs uma derivação de *duenelo (“muito bom, muito corajoso”), um diminutivo reconstruído da palavra duenos («bom»), termo este atestado em um epónimo numa inscrição anterior em latim antigo da palavra bonus. De acordo com o lingüista Michiel de Vaan, o uso de *duenelo "no contexto da guerra (bella acta, bella gesta) poderia ser entendido como um eufemismo para bellum, resultando num significado final de “guerra como ação de valor”.

Em boa verdade, duellum precede bellum, mas são ambos sinónimos para a mesma realidade em disputa e a questão do latim arcaico duenos para bonus merece outra discussão.

Despite the Roman association between Minerva and Athena and the frequent depiction of both goddesses with armor, unlike Athena, Minerva was not considered a war goddess in the Roman pantheon. The Romans had their own war goddess Bellona, originally an ancient Sabine goddess of war identified with Nerio, the consort of the war god Mars, and later with the Greek war goddess Enyo. (...)

In art, Bellona and Minerva have been frequently confused. French artist Augustin Pajou created a sculpture between 1775-1785 that he dubbed Minerva but bearing the attributes of Bellona. (...). A beautiful ancient Roman relief in the Carthage National Museum, however, clearly illustrates the difference between the two deities.  In this relief, Minerva stands beside a collection of a warrior's armor (although not the goddess of war, Minerva was considered a patron of warriors) but does not wear a helmet or brandish a weapon or torch.

Bonus, do latim antigo duenos, depois duonus, do proto-itálico *dwenos, do proto-indo-europeu *dew- (“mostrar favor, reverenciar”). Alguns relacionam-no com o grego antigo δέος (déos), de onde δεινός (deinós), δειλός (deilós).

Enfim comparar e semântica do que é positivamente «bom» com δειλός significando quase tudo o que há de mais negativo (terrible, horrible, fearful, astounding; danger; marvelous, mighty, powerful; wondrous, strange) é comparar alhos com bugalhos.

Bonus < *wonos < d(i)-uonus < duenos < *dwenos < Dewanus ó Bona Dea.

At least three associations (collegia) were connected with the worship of Magna Mater, Attis and Bellona in Ostia; the dendrophori (tree-bearers), cannephori (reed-bearers), and hastipheri (spear-bearers). The members of these associations included both men and women. Only men appear to have acted as presidents of the associations, but a distinguished female member could obtain the honorary title of mater, mother of the association. Long-term commitment to the cult association seems to have been common. One Ostian epitaph was erected by Calpurnius Iovinus to his “beloved brother” Iulius Cha-relampes, who had been priest of Magna Mater in Ostia and led the ritual bearing of the pine tree for 19 years. Numerous votive offerings and almost 50 inscriptions testify to the popularity of Magna Mater and Attis in Ostia. (...)

Also in this sanctuary was the small temple dedicated to Bellona, the Sabine goddess of war, built in around the mid-2nd century CE and enlarged a few decades later. Her relationship with Magna Mater is explained by the fact that her cult was introduced in the late Republic by the soldiers of Sulla involved in the conflict against Mithridates in Cappadocia. Here they were drawn to the cult of Ma, an Anatolian deity of nature and physical strength who was identified in Rome with Bellona. -- Life and Death in a Multicultural Harbour City: Ostia Antica from the Republic through Late AntiquityeditorArjA KArivieri

Se, em tempos imperiais, Belona, por ser Bona Dea, foi identificada com Ma, a Deusa Mãe da Capadócia, é porque de facto ela era a Virgem Mãe primordial como é comum serem deusas da guerra tal como foi Tiamat na Titanomaquia e como os anatólicos sabiam que era Cibele e Artemisa de Éfeso tal como se suspeita ter sido Atena. Mas também, em tempo de paz eram deusas do amor como Istar e Afrodite, de que os equívocos amores de Vénus & Marte são reminiscências!

A indeterminação quanto ao parentesco desta deusa com Marte é prova disto mesmo, de que esta deusa mãe seria tão primordial que seria consubstancial com o próprio filho, o deus do amor e do Ódio, e por isso irmã do próprio filho na partilha duma eternidade auto-gerada!

Notar que Wer = Ver = Bel = Bil eram variantes do nome do deus sumério da guerra. Bel era também um filho de Enki, deus apolíneo da luz solar de que iria derivar o celta Belenus, seguramente um parédro de Bellona.

A palavra portuguesa «guerra» e suposta proceder do germânico werra (de onde virá igualmente o war inglês), cujo significado inicial não era o de conflito sangrento, mas algo mais na linha da discordância, que podia nascer de uma simples discussão verbal aos gritos e aos «berros» e chegar, no máximo, a um duelo, que antecedem as guerras e sempre em resultado de conflitos entre irmãos ou amigos. Por isso é que discutir aos «berros» se arrisca a começar uma «guerra».

D'un avis différent le linguiste Alinei ne donne pas une étymologie germanique mais fait un rapprochement entre le terme "guerre" et le "*wer" (qui veut dire "sacré") italique et penche pour une évolution de type archaïque, attestée aussi en Italie méridionale, en Sicile et péninsule Ibérique. Gamillscheg (de) non plus ne donne pas une étymologie germanique mais pense que ce mot fait partie du vocabulaire du latin vulgaire. La linguiste Ursula Reutner indique un germanisme (étymologie *werra) dans le vocabulaire du latin vulgaire dû à un emprunt au IVe et Ve siècle dans le sillage de contacts guerriers et commerciaux10.

Bourguig. gare ; provenç. guerra, gerra ; espagn. portug. et ital. guerra ; bas-lat. werra, mot qu'on trouve dans des textes du temps de Charles le Chauve, mais qui est plus ancien ; du germanique : anc. h. allem. werra, querelle ; anc. angl. werre ; angl. mod. war, guerre.

    Engl. mod. war  < Wer-re < Werra> «berro».

Guerra < Guerre < *Wer-re > Wel-le > Bellum.

Gerra (também conhecido como Girra) é o deus babilônico e acadiano do fogo, derivado da antiga divindade suméria Gibil, assimilado com Erra e Ner-gal, filho de Anu e Anu-nitu / Antu.

«Guerra» < Sumer. G(u)-Erra > Gir-ra> Gi-wra < *Ki-Wir > Cibel.

Embora não se entenda como pode um proto-itálico *wer signifique sagrado quando em latim para este conceito temos o termo sacer. O mais próximo do sagrado que temos para *wer é mesmo aVerdade.

Reconstruction: Proto-Italic / *wēr-os < Proto-Indo-European *weh1ros, from *weh1- (“verdade”).

E agora sim, entramos no cerne da questão porque sejam polémicas, sejam beligerâncias judiciais, sejam duelos, sejam guerras tudo começa por falta de Verdade e de justiça nos diálogos, nas relações, e nos contratos sociais seja por má fé seja por equívocos de linguagem. Por isso a cultura tem sido uma constante procura da verdade informativa e dos melhores métodos para garantir leis óptimas, boa fé contractual e melhores julgamentos que quando todos falham desencadeiam duelos e guerras.

Queira-se ou não, a mitologia latina estava, etimologicamente falando, mais próxima da evolução celta da mitologia anatólica do que da degenerescência que esta teve na Grécia durante a idade das trevas da cultura Egeia.

Duellona > Diuel-lona> Di-Wellona = Deusa Bellona.

                                                           < Bel-ruana< Wer-Urana!

                                   < Ver-Ra-un(a) ó «Verão».

Como se sabe, quem andou metida com Marte, o deus suposto casado com Bellona, foi Vénus!

Ora bem, se Cibele era Ki-Bel(ona) então Nério pode ter sido *Ki-Ner-icho. Daí o estranho adjectivo venéreo que seria uma variante de We-Nério (< Ki-Nério) de que tanto procedem as doenças venéreas da venalidade como a veneração amorosa e divina.

 

Ver: VÉNUS (***)

 

Seguramente que Nério era a esposa de Nereu um deus que seria aguerrida nos tempos da supremacia da talassocracia cretense, aspecto que os romanos conservaram pela via etrusca, quiça por serem eles mesmos os herdeiros duma cidade caserna.

Como se vê também neste caso não se sabia muito bem se esta divindade teria sido irmã ou filha do deus da guerra, já que para ser amantíssima esposa qualquer uma das situações serviria. Esta teria sido tambémamantede Minus e então foi também Minerva. Em qualquer dos casos, se não era também a mãe de Marte, poderia ter sido já que Eros & Tanatos sempre foram a metafórica expressão do amor/ódio enquanto reflexo no destino das relações humanas da lei universal da acção e reacção.


Figura 5: Uma Nereide.

As Neréiades, na Mitologia grega, são as cinquenta filhas de Nereu e de Dóris, uma Oceânide, e netas de Oceano (pai de Dóris). Eram ninfas do mar, de grande beleza.

Acompanham frequentemente Posídon e são amigáveis para com os marinheiros que enfrentam tempestades. Estão associadas com o Mar Mediterrâneo. As mais célebres são Tétis, esposa de Peleu e mãe de Aquiles, e Anfitrite, esposa de Posídon.

Em boa verdade, Belona ou Ferona, lit. “a que transporta o senhor (e “deus menino” renascido, o sol)”, Eros, a *Kiphura ou cobra celeste, ela seria a felina leoa de todas as guerras de sobrevivência da Gens.

Bellona < Feron(ia) < *Belli-Ana <Kali-Ana

> Gauryana > Gorjana > Gorgona.

Hera < (Prima)Vera < Wer(a) < *Ker > Phera< Bella.

Uma coisa porém é patente: Belona era expressivamente uma Gorgónia o que permite não conseguir resistir à tentação de estabelecer um nexo de causalidade fonética entre ambos os nomes. Segundoo poeta latino, Horácio, Bella detesta matribus! O interessante nesta frase de dúbia veracidade, pois também ela seria uma arcaica Deusa Mãe, sem os filhos da qual não haveria heróis para serem sacrificados aos deuses no altar das guerras, reside no facto de ficarmos, a saber, que o nome desta deusa da guerra teria sido Bella.

Pois bem, apesar dos horrores e da ferocidade dos seus empreendimentos bélicos esta deusa não deixou de ser «bela» e manteve os seus encantos sedutores de deusa da (Prima-)Vera!!!

 

Ver: HERA (***)

 

Como sabemos, os próprios deuses marciais acumulavam as funções de deuses agrícolas possivelmente em relação com cultos de morte e ressurreição durante os ritos de passagem de iniciação guerreira que eram metaforicamente envolvidos nos ciclos de renovação anual da natureza!

Féronie, divinité romaine, dont le culte était originaire d'Étrurie, présidait aux travaux de l'agriculture et aux limites des champs; ses prêtres, au dire de Strabon, marchaient nu-pieds sur les charbons ardents sans se brûler. Elle avait un temple célèbre, Ferordx fanum, en Étrurie, au sud-est de Luna.

This goddess made her home in woodlands or at the foot of mountains. Some believe she is an Etruscan goddess dating back before Rome, powerful enough to maintain her own identity after the Roman conquest.

Feronia = Fer-on-ia => Fer-on | < *Pher-An-|

Ia < Ya < Idja < Hika | Kika <= *Kuranica => Wer-onica

>“Verónica”, lit. “verdadeiro ícone” um dos nomes da Deusa Mãe?

> Ka Phur an => Afrodite, a arcaica deusa mãe das cobras.

Esta faceta de deusa das cobras e dos infernos subterrâneos donde nasce o fogo das entranhas da terra é que faz de Vénus/Afrodite uma deusa infernal e das bruxas. Mas, do mesmo étimo nasceu também a «fornalha» < Phurnallia = “a festa dos fogo no submundo, que eram as cavernas do Kur”. Mas, se não fora outra a razão, Fornax seria uma adequada equivalência funcional de Afrodite pela sua relação com o fermento do pão e das bebidas fermentadas pelo que tudo leva a querer que tenham sido estes conceitos, mediados pelo conceito mítico do cuspo de fogo do veneno das cobras, a causa do equívoco mitológico do nascimento de Vénus/Afrodite da espuma do mar!

Assim sendo,Belona seria *Ka-Fer-ona ou *Ka-fer-tite, literalmente aesposa de Apolo em tempo de paz, e uma Medusa em tempo de guerra dai, esposa e mãe de Marte / Ares, o ter sido semelhante a uma das gorgonias, de que Palas Atena seria uma evolução heteronímia, o que nospermite a suspeita de que, no início da mitologia, a indeterminarão divina era de regra, tanto mais que tanto Marte quanto Apolo tinham o lobo por animal tutelar!

Porém, a variante grega que foi identificada pelos clássicos com Belona era a Enio / Éris.

De Éris não temos dificuldade em encontrar o elo de ligação com idênticas deidades caldeias visto ser fácil seguir o rasto desta deidade grega até Eresch-kigal, sabendo que a cidade de Eresh era um centro de culto de Ninhursag, a grande deusa de mãe. Sendo sabido que esta não era senão Tiamat, a deusa mãe da titanomaquia, facilmente deduzimos que Éris era Eresch-kigal (Perséfone & Corê) e a variante lunar e nocturna de Inana / Istar.

Énio (em grego Ένυώ, 'horror') é uma personagem da mitologia grega, era uma antiga deusa conhecida pelo epíteto de “Destruidora de Cidades” e frequentemente representada coberta de sangue e levando armas de guerra. Filhade Zeus e Hera, e em algumas versões, filha de Éris, com frequência é retratada junto a Fobos e Deimos como acompanhante de Ares, deus da guerra, e dizia-se que era tanto sua amante como sua irmã, e, em versões menos aceites, até sua mãe.

L'étymologie de son nom est inconnue, probablement d'origine préhellénique[

Enyalius ou Enyalios (grego: Ἐνυάλιος) na mitologia grega é geralmente um filho de Ares com Enyo e também um apelido de Ares, o deus da guerra.

Na tabuinha do grego micênico Linear B KN V 52, E-NU-WA-RI-JO, foi interpretado como se referindo a este mesmo Enyalios.

Obviamente que não seria o nome de Énio que derivaria do horror deΈνυώ, mas o contrário!

Énio < Ένυώ < Enȳō < Enuôt < *Enu-wa®-et < Enuwarijo.

Assim, Énio seria apenas literalmente a esposa do micénio Enuwarijo, que já seria antes o deus do varejo cretense e, por ironia, das moscas «varejeiras».

Em caldeu, teria sido Nin Bellet Sheri e no Egipto Taveret.

AMURRU - The Akkadian and Sumerian name for the storm / sky god of the Amorite people (also known as the Amurru) who migrated to the Mesopotamian region c. 2100 BCE. The god Amurru is associated with Adad but is a gentler version always depicted with a gazelle and a shepherd's crook or staff and watched over nomads. He was also known as Martu. His consort is Beletseri, scribe of the dead.

Belet-Seri (também escrito Beletseri, Belit-Sheri, Belit-Tseri) é uma deusa dos infernos conhecida como a "Escriba da Terra". Belet-seri mantinha o registo das atividades humanas para aconselhar a rainha dos mortos, Erishkigal, sobre o julgamento final. Casada com Amurru, o Deus da guerra dos nómades que veio a ser Marte, ela era conhecida como “Rainha do Deserto” e do espaço a céu aberto onde redisidiam os fantasmas dos mortos. Portanto, o lado terrífico desta deusa esposa de Amurru era precisamente a de julgar a valentia dos guerreiros mortos. No Antigo Período Babilônico, Belet-Seri foi identificada com a deusa Gestinanna, a deusa da fruta, da vinha e do vinho.

Quanto ao horror horripilante que ela provocaria este seria inerente ao lado nocturno dos cultos arcaicos da Deusa Mãe que geraram outros mitos terríficos como a terrífica a Amut egípcia, a devoradora das almas que foram condenadas no tribunal dos mortos de Osíris, e a Medusa das gorgonas bem como outras tridivas primordiais como as gréias, as erínias, as harpias, as sereias, as sirenes e etc.

She is also identified as his sister, and daughter of Zeus and Hera, in a role closely resembling that of Eris; with Homer (in particular) representing the two as the same goddess. She is also accredited as the mother of Enyalius, a minor war god, by Ares. However, the name Enyalius can also be used as a title for Ares himself.


"(...) a Dis-Cór-dia infatigável,

Companheira e irmã do homicida Ares,

A que a princípio se apresenta tímida,

mas que logo anda pela terra

enquanto a fronte toca o céu."

(Ilíada, Homero, IV, 440-443.

Éris (Ἔρις, em grego antigo) é a deusa que personifica a discórdia na mitologia grega. Corresponde à deusa romana Discórdia. Seu oposto é a Harmonia, correspondente à Concórdia romana. Hesídio (Os Trabalhos e os Dias e Teogonia) aponta Éris como a filha primogénita de Nix  e mãe de inúmeros outros flagelos.

Por sua parte Éris (Discórdia) pariu o doloroso Ponos (Pena), Lete (esquecimento) e Limos (fome) e o choroso Algos (Dor), também as Hisminas (Disputas), as Macas (Batalhas), as Fonos (Matanças), as Androctasias (Massacres), os Neikea (ódios), os Pseudologos (Mentiras), as Anfilogias (Ambigüidades), a Disnomia (a Desordem) e Ate (a Ruína e a Insensatez), todos eles companheiros inseparáveis, e Orcos (Juramento), ele que mais problemas causa aos homens de cada vez que algum perjura voluntariamente.

Obviamente que muitas destas divindades são puras alegorias fabricadas por mera composição gramatical de palavras como e evidente no caso dos Pseudologos e Anfilogias e, já menos no caso das Androctasias. Já a Dis-nomia seria uma deidade infernal que guardaria os nomes dos mortos na confusão da memória o que rapidamente teria originado a desordem e a confusão do arcaico panteão hurrita, no qual Hesídio se apoiaria. Já Neikea, a mãe dos ódios, poderia ter sido apenas uma corruptela de *Nikeia e ser o reverso e o lado nocturno da deusa Vitória que era a grega Nikê.

Vitória < Ki-Tauria => Istar!

Por sua vez, «algós» parece ser um nome arcaico porque o termo luso «algoz» tem duvidosa etimologia pelo árabe algozz< Turc. Gozz, “tribo cujos membros serviam como carrascos”, facto que não se conseguiu confirmar. O mais provável será pensar que os carrascos derivaram o seu nome dum deus que presidira aos sacrifícios humanos depois da guerra e que seria o antepassado do grego Algós.

«Algoz» <Algós < Arkush < Harkush < Kur-ki-ush.

                                                            => Orcos.

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