This amazing series of engravings appears in the opening section of Robert Fludd vast encyclopaedia of hermetic philosophy Utriusque cosmi historia (an account of the Macrocosm and Microcosm). This opening section of his book deals with the origin and structure of the cosmos and shows in this series of pictures the creation and evolution of the cosmos seen from an hermetic perspective. Interestingly, here we have a kind of inverse of the present day 'big-bang' theory in which the cosmos emerges from a point. In the hermetic philosophy of Fludd's age, based on the Biblical account in the opening chapter of Genesis, the Divine worked from above, from the periphery, to condense the material world gradually out of spirit. In this series we see the spiritual precursors of the four elements being condensed or pressed down from the periphery into the centre this forming the material world. The colouring scheme is entirely my own (Fludd did not have the luxury of using colour in his book), but I have drawn on Fludd's text for hints as to how the components should be coloured. In some ways this descent of fire and light from the periphery is mirrored in the alchemical manuscript The Crowning of Nature aas well as the All Wise Doorkeeper series. [1]
EROS E ANTEROS = ACÇÃO E REAÇÃO
O CAOS
Traditionally the ancient Mesopotamians had made a conception of the universe that was, so to speak, vertical and bipolar; they saw it as an immense globe composed of two symmetrical hemispheres horizontally separated in the middle, i.e. the On-High (an/šamû) or, if you want, Heaven, and Below (ki/ersetu) or the Netherworld. In its center, encircled like an island by the bitter waters of the sea (tâmtu), and lying on a sheet of sweet water of the Apsû, was what we call the earth: the earth of living humans.[2]
Tâmtu < Tamitu <Tamishu < Tiam-at => Atum.
Ersetu < Heres-tu > Her-at ó *Kertu
Engl. earth < herat < Her-at > Eresh.
> Her-lu-ush > Tellus > Ter-ra.
Sumer | Egipto |
No princípio dos tempos, a Deusa Mãe Nammu (< *Ana-Mama-tu), o mar primevo, pariu Ki (Terra) e An (Céu), dando à luz uma «montanha cósmica» cuja base, pairando sobre o abismo das águas, era o fundo da terra, enquanto o seu topo era o zénite do céu (Kian, o monte de Sião). | No princípio era apenas Num (< *Anu Ama => Nada = Caos), o oceano primordial, onde se ocultava Aton (< At-Anu < Ishanu > Istanu), escondido num botão de Lotus. Figura 1: «Ovo cósmico» das águas primordiais donde surgiu a vida. Medinet Habu. A semelhança com o esquema de uma bactéria repleta de DNA é assustadora! |
ENÜMA ELISH
Enüma elish lä nabû shamämü
Quando nas alturas não era nomeado o Céu,
shaplish ammatum shuma lä zakrat
Em baixo, a Terra-Mãe pelo nome não era chamada,
abzu-ma rështû zärûshun
E Abzu, o primogénito reprodotor,
Mummu Tiämat mu(w)allidat gimrishun
A Engenhosa Tiamat, procriadora de todos os seres,
mêshunu ishtënish ihïqüma
As próprias águas mutuamente misturavam,
gipa(r)ra lä kiscscurü, scuscä lä she'û
Os campos não tinham sido lavrados, as sementeiras não se encontravam,
enüma ilü lä shüpû manäma
Quando, dos deuses, nenhum se tinha (ainda) manifestado! [3]
Entre os conceitos invocados neste mito e os referidos nas modernas cosmologias sobre o limiar anterior ao «big-bang» não haverá grandes diferenças em termos de verosimilhança! Mas, como não é de ontologia cosmológica que se está agora a tratar, adianta-se que não deixa de ser interessante a continuidade do espírito cosmológica ao ponto de quase se poder admitir que existe no espírito humano um arquétipo de entendimento para as origens do mundo. No «antes do começo» era apenas a ausência do «depois do começo» e este raramente era nada! Esse «antes» indeterminado era visto pelos caldeus como um mar primordial onde as águas salgada e doce se encontravam misturadas porque existia a verdade intuitiva de que era a água doce dos rios que fazia a diferença civilizacional entre a aridez estéril dos desertos e a fertilidade das bacias fluviais, uma vez que as águas do mar eram humanamente insípidas, ainda que férteis para outros animais! As evidências eram mais do que literárias e eram suficientemente fortes para que não tenha sido necessário um grande espírito inventivo por parte dos eruditos e poetas para chegar à uma certa unanimidade nos mitos genésicos!
De facto, tudo começa na epopeia Babilónica da Criação do Mundo com as águas primordiais de Abzu e Tiamat mutuamente misturadas. Ora, a mesma ideia de mistura primordial aparece na mitologia as criação dos Maias. Possivelmente este facto, que poderia resultar duma associação com a própria semântica das misturas em ambiente de caos natural, nada prova no tribunal da dúvida metódica, sobre a origem comum de todas as grandes mitologias cosmológicas universalmente conhecidas.
Seul le Créateur, le Formateur : Tepeu, Gucumatz, qui sont Père et Mère de toute chose , était dans l’eau, entourés de lueurs , cachés sous les plumes vertes et bleues qui leur valent leur nom .[4]
Tepeu < Te-Pha-u + An > Te-Phauan > Tifon
Gu-cumatz < | Gu-Ku < Kaukau ó Te |-Mat ó Tia-Mat.
No entanto, os nomes dos deuses primordiais de ambos os lados do Atlântico, já dificilmente surgiriam etimologicamente associados por geração espontânea. A mitologia Nórdica, bem mais próxima territorialmente da caldeia, deixa transparecer uma cosmogonia ligeiramente mais divergente destas mas sabe-se la quantas mitologias comos lógicas terão circulado pela bacia do mediterrâneo ate a unificação do Panteão na época de Tudália. No entanto, o termo nórdico Nifl-heim, região quente, aproxima-se demasiado dos gigantes bíblicos nefilim, que por serem caldeus eram obviamente de terras escaldantes!
The Eddic poem Völuspá (Prophecy of the Seeress) portrays a period of primeval chaos, followed by the creation of giants and gods and, finally, of humankind. Ginnungagap was the yawning void, Jotun heim the home of the giants, Nifl heim the region of cold, and Muspells heim the realm of heat.
Dans le mythe de la création, Odin, exaspéré par la brutalité d'Ymir, le tua et le jeta dans le Ginnungagap («le gouffre béant»).
Le déluge causé par son sang fut si grand qu'il tua tous les géants, à part le petit-fils de Ymir (Ber-gel-mir, fils de Thrud-gel-mir) et sa femme. Odin et son frère utilisèrent le corps d'Ymir pour créer la Terre; sa chair remplit Ginnungagap, ses cheveux devinrent des arbres, son sourcil devint Mid-gard, et ses os se changèrent en montagnes. De même, ses dents et les fragments de ses os devinrent les rochers, et son sang donna naissance aux rivières, aux lacs, aux étangs et à la mer. Son crâne format le ciel, qui reposait sur quatre nains, son cerveau devenant les nuages, et les asticots de la chair engendrèrent la race des nains.
Os deuses fixaram o crânio de Ymir sobre Ginnungagap e fizeram o céu, apoiado por quatro dwarves. Este dwarves determinaram os nomes do Leste, Oeste, Norte e Sul. Odin criou então os ventos colocando um dos filhos de Bergelmir, na forma de uma águia, aos fins da terra. Ele lançou os miolos de Ymir aos ventos que se tornar em nuvens. Logo, os filhos de Borr levaram faíscas de Muspelheim e os dispersou ao longo de Ginnungagap, criando assim as estrelas que iluminam o Céu e Terra. De pedaços de árvores de madeira flutuante os filhos de Borr fizeram os homens.
Eles fizeram um homem nomeado Ask e uma mulher nomeada Embla. Os filhos de Bor construíram na sobrancelha de Ymir um lugar seguro para proteger dos gigantes a raça de homens.[5]
Ginnunga-gap = Gin - | nun-ga(p) = gap-nun |-gap => "gaping gap"
(= fenda boqueaberta) = Vagina abissal!!!
Claro que o nome de Ginnungagap é quase seguramente uma memória descritiva do conceito cosmológico desta entidade primordial. No entanto, Gin-, infixo egeu de mulher e de criação, não é senão o mesmo presente em Damkina, esposa e mãe de Enki, que não seria senão o mesmo que Ymir.
Das lamas da orgásmica mistura primordial iria derivar o estado de mixórdia do mundo que, segundo os poetas gregos, seria o Caos, uma matéria que existia desde tempos imemoriais, sob uma forma vaga, indefinível, indescritível, na qual se confundiam os princípios de todos os seres particulares.
Na tradição Caldeia o primeiro casal de filhos de Tiamat & Apsu foi Lahmu & Lahamu, os «feios porcos e nus», os monstruosos seres que nasceram por «geração espontânea», quais lesmas e salamandras, do fundo lodoso do poço seco dos abismos primordiais! Sendo estes seres o protótipo do bestiário das disformidades míticas geradas pela Deusa Mãe do caos lamacento primordial há que pensar que tais mitos traduziriam o trauma infantil duma humanidade que via aparecer por geração espontânea do fundo do lodo as mais estranhas metamorfoses de batráquios tal como se espantaria com o maravilhoso fantástico das mais belas borboletas que se geravam partir de estranhas metamorfoses de lagartas, formalmente descritas como cobras.
'These were their notions of worship, corresponding to their own weakness, and timidity of soul. Then he says that from the wind Colpias and his wife Baau (which he translates "Night") were born Aeon and Protogonus, mortal men, so called: and that Aeon discovered the food obtained from trees. That their offspring were called Genos and Genea, and inhabited Phoenicia: and that when droughts occurred, they stretched out their hands to heaven towards the sun; for him alone (he says) they regarded as god the lord of heaven, calling him Beelsamen, which is in the Phoenician language "lord of heaven," and in Greek "Zeus."' (…) 'From Genos, son of Aeon and Protogonus, were begotten again mortal children, whose names are Light, and Fire, and Flame. These, says he, discovered fire from rubbing pieces of wood together, and taught the use of it. And they begat sons of surpassing size and stature, whose names were applied to the mountains which they occupied: so that from them were named mount Cassius, and Libanus, and Antilibanus, and Brathy. From these, he says, were begotten Memrumus and Hypsuranius; and they got their names, he says, from their mothers, as the women in those days had free intercourse with any whom they met.' Then he says:
'Hypsuranius inhabited Tyre, and contrived huts out of reeds and rushes and papyrus: and he quarrelled with his brother Ousous, who first invented a covering for the body from skins of wild beasts which he was strong enough to capture. And when furious rains and winds occurred, the trees in Tyre were rubbed against each other and caught fire, and burnt down the wood that was there. And Ousous took a tree, and, having stripped off the branches, was the first who ventured to embark on the sea; and be consecrated two pillars to fire and wind, and worshipped them, and poured libations of blood upon them from the wild beasts which he took in hunting. 'But when Hypsuranius and Ousous were dead, those who were left, he says, consecrated staves to them, and year by year worshipped their pillars and kept festivals in their honour. But many years afterwards from the race of llypsuranius were born Agreus and Halieus, the inventors of hunting and fishing, from whom were named huntsmen and fishermen: and from them were bom two brethren, discoverers of iron and the mode of working it; the one of whom, Chrysor, practised oratory, and incantations, and divinations: and that he was Hephaestus, and invented the hook, and bait, and line, and raft, and was the first of all men to make a voyage: wherefore they reverenced him also as a god after his death. And he was also called Zeus Meilichios. And some say that his brothers invented walls of brick. Afterwards there sprang from their race two youths, one of whom was called Technites (Artificer), and the other Geinos Autochthon (Earth-born Aboriginal). These devised the mixing of straw with the clay of bricks, and drying them in the sun, and moreover invented roofs. From them others were born, one of whom was called Agros, and the other Agrueros or Agrotes; and of the latter there is in Phoenicia a much venerated statue, and a shrine drawn by yokes of oxen; and among the people of Byblos he is named pre-eminently the greatest of the gods. Praeparatio Evangélica, Eusebius Pamphili of Caesarea.
Os mistérios inefáveis e insondáveis da criação do mundo deram, ao longo dos tempos e dos lugares, origem às mais delirantes cosmogonias até à unificação em torno do Génesis imposta pela ortodoxia cristã.
Sophia and the Demiurge: "And when she saw (the consequences of) her desire, it changed into a form of a lion-faced serpent. And its eyes were like lightning fires which flash. She cast it away from her, outside that place, that no one of the immortal ones might see it, for she had created it in ignorance. And she surrounded it with a luminous cloud, and she placed a throne in the middle of the cloud that no one might see it except the holy Spirit who is called the mother of the living. And she called his name Yaltabaoth.
"This is the first archon who took a great power from his mother.... And he is impious in his arrogance which is in him. For he said: 'I am God and there is no other God beside me,' for he is ignorant of his strength, the place from which he had come."-- The Apocryphon of John . (NHL-110/IV,1 10:7-20).
Sophia-Achamoth is a very high spirit, an emanation (along with her consort, the Christ) of her mother, the Elder Sophia. They all live in the spiritual land beyond the earth called the Pleroma. Gazing down into the world of matter, the younger Sophia sees reflected there a transcendent light. Drawn by desire to possess this light and duplicate its image she leaves her heavenly consort, the Christ, and descends into the world of matter. There she rushes about, hovering to and fro, trying to impart life to the chaotic inert elements. Finally she becomes helplessly immersed in mud, unable to extricate herself. Nevertheless, just by sheer contact with matter, she produces a being -- an odd, lion-faced entity, whom she calls Ildabaoth (Ilda, child; Baoth, chaos).
Yalta-| < Djar-ta < Kartu | (Sh)baoth ó Hit. Hepatu???
Cald. Shamhat < Achamoth < Aka-Maut > Ati-mata > Tiamat
Pleroma < Pher-homa < Ker-Kauma < Kur-*Kima.
Shamhat: Also pronounced Shakat, "voluptuous one, harlot" name of the prostitute sent to Enkidu. Probably belonged to the cult personnel of Ishtar's temple in Uruk.
Um aspecto interessante e que não será uma mera coincidência reside no estranho mito cosmológico da Tríade tebana que por um lado confirma esta tese da metáfora das metamorfoses dos batráquios no fundo lodoso de poços e pântanos e que tanto intrigaria os povos primitivos que as presenciariam como espantosas manifestações do princípio universal da «geração espontânea», em que se acreditou até há bem pouco tempo, a partir do lodo húmido, o húmus < Lat. humus < Kumo < «quimo» < *Kima, a matriz da Terra Mãe.
GENEALOGIA DOS DEUSES EGÍPSIOS por Amom (Tebano) | ||||
1º ger. => | Thoth + Maat | |||
2º ger. => | Amom & Amenet | Heq & Heqet | Nun & Naunet | Kau & Kauket |
3º ger. => | Khons |
|
The four gods were depicted with frog heads, while the goddesses were shown with the heads of serpents.
Heket (Heqet, Heka) The Egyptian goddess of childbirth, and protector of the dead. She is portrayed as a frog, a symbol of life and fertility (presumably because of the millions of them spawned after the annual inundation of the Nile), or as a woman with a frog's head. Women often wore amulets of her during childbirth. and seen as the consort of Khnum at Antinoe = Hauhet (Hehet) - The Egyptian goddess of the immeasurable / infinity.
Kauket An Egyptian primordial goddess who represents the darkness of primal chaos. She is one of the Ogdoad.
Segundo Reynal Sorel, “etimológicamente Caos deriva da raiz *cha- que significa «fenda» (…) como nos verbos chainô, chascô". Ora, o mesmo significado tem Ka em sumério, pelo menos nos termos:
ð Kigal = grande | chão > espaço > vão.
ð Ka gal = grande vão, porque:
ká = porta e ka = boca, (porta do corpo e do discurso), centro.
Então... Ka = vazio, ausencia de matéria => espírito?
Mash = elevado e sublime.
Então, Shamash = centro elevado e sublime, boca do céu => deus «Sol».
Quer dizer que a raiz *cha-, de que viria o Caos primordial de Hisíodo, estava já presente no ka sumério, tal como teria estado no conceito meio mítico meio metafísico do ka dos Egípcios.
Ora, numa primeira impressão o Caos grego seria quase equivalente ao Chaol judeu que, por sua vez derivaria do Kur sumério.
Hel, inferno nórdico < ker < Kur < Kiur > Kaur > Chaul > Chaol > Gioll.
Hel, Hela: Teutonic Goddess of the kingdom of the dead, not considered as a place of punishment. “In Norse mythology, Gioll was a river which surrounded the underworld”
Porém, longe de cair na tentação do caminho mais fácil que seria …Chaol > Chaoj??? > Chaos = Gehenna, ... haveria que pensar que tal como os judeus lhe chamavam ainda Gehenna < Kihen-na => *Enkina, esposa de Enki, = Damkina deusa do fogo sempre presente nas labaredas do inferno > *Kakina > Anat, uma das deusa mais conhecidas deusas do fogo e dos infernos > *Kiki-Inana < Ishana, uma “deusa do fogo sexual” sempre presente nas “labaredas do inferno dos desejos da carne”, Tiamat, a Deusa Mãe dos abismos primordiais ...também de Kakos, ê, on, = mau = Cacus, o deus do fogo primordial, viria o Caos de Hesíodo.
Cacus & Caca. Fire deities, brother and sister. Cacus, originally a pre-Roman god of fire, who gradually became a fire-breathing demon, three-headed and vomiting flames, was a son of Vulcan. Caca = "Shit", the Roman goddess of the hearth is the goddess of excrement was later succeeded by Vesta and ministered to by the Vestals.
Cacus < Kaku > kakos >Cahos > Chaos.
Chaos - yawning. The vacant, unfathomable space from which everything arose. In the Olympian myth Gaea sprang from Chaos and became the mother of all things.
«Caca» • (? < Lat. caccare, por cacare < Gr. kákke, excremento), s. f. (pleb.) excrementos; • imundície, sujeira. = Basc. Kaka.
Claro que a «caca» lusitana não derivou do latino caccare pois a regra linguística do menor esforço é passar do concreto ao abstracto, ou seja do objecto substantivo para o verbo e não o contrário que quando ocorre costuma ser a partir do particípio passado e implica já alguma erudição. Cacare deu sim o inefável verbo que os romanos vieram «cagar» na península sob a forma substantiva dum grande «cagalhão» (J!). A Caca essa já existiria por cá em abundância como o basco o comprova e, como é óbvio, seria uma natural homenagem a grande Deusa da Terra Mãe de quem recebemos tudo o que comemos e bebemos e a quem tudo damos na forma excrementícia de «mijo», «caca» e pó. Naturalmente que a urina líquida apelaria para o deus das águas que serio o filho da deusa mãe, ou seja, Mashu.
Mashu ó *Amishu > Mixo > Lat. mixtu > «misto» ? > «mijo».
Evidentemente que este deus Caco de três cabeças vomitando o fogo das entranhas da terra seria de facto um filho de Vulcano e ao correlaciona-lo com o Caos de Hisíodo não estamos a sair muito do contexto semântico porque, na verdade, no magma vulcânico tudo se encontra confundido e das cinzas vulcânicas que se originavam os solos férteis dos sopés dos montes vulcânicos. De resto, metaforicamente falando os vulcões e outros fenómenos telúricos sempre espalharam o caos por onde passaram. Este monstro de três cabeças seria a metáfora de um vulcão de três chaminés particularmente temido na pré-história das ilhas mediterrânicas, e que iria dar origem ainda a outros mitos cosmológicos como o Érebo e o Cérebro de Hércules!
Ver: KIMA (***) & TIAMAT (***)
COSMOS
Segundo Reynal Sorel[6], a teogonia de Hisíodo não era ainda uma «cosmologia» porque o conceito de Cosmos, enquanto «ordem do mundo», só aparece depois de Pitágoras. Dai que não faria grande sentido procurar uma etimologia divina para o termo Cosmos que, ainda segundo o mesmo autor, aparece na literatura clássica: primeiro como designação dos «atavios» que Hera utilizou para seduzir Zeus, depois como ajaezamento dos cavalos de batalha e, na sequência deste significado, como uma boa disposição militar. De certo modo, a raiz deste conceito acaba por dar razão ao sentido que o termo veio a fixar: Kosmos = «a melhor forma», cânon ou «ordem» ideal!
Logo na introdução do seu livro o mesmo autor colhe a expressão de M. Detienne em Dionysos mis à mort, para sugerir que os gregos “não são como os outros”. Como é evidente, os gregos, como qualquer outra cultura e até como as pessoas, são originais até certo ponto (sempre que podem e lhes convém) e são conservadores e seguidistas a maior parte do tempo! O que importa numa análise histórica como esta, sobre a origem do nome de Deus, é encontrar os fios comuns a todas as culturas antigas peri-mediterrânicas e não salientar as naturais especificidades mais ou menos importantes próprias a cada civilização antiga, por vezes obviamente compreensíveis e identificáveis!
A este respeito há que referir que a Suméria não terá sido a responsável pelo começo da teologia mas foi seguramente a primeira a escrever o nome de deus! Como não faria sentido a criação ex nihilo, qualquer análise que coloque a cultura egeia, ou outra qualquer suposta insularidade, na linha da corrente da cultura antiga contribui duplamente para a descoberta e desmi(s)tificação do sentido da história!
Claro que entre os mitos babilónios herdados da Suméria e Hisíodo medeia quase tanto tempo como deste aos tempos modernos, mas isso não impede que seja óbvio o raciocínio que torna tão legítima a importância da tradição clássica na cultura europeia como teria sido para os gregos a cultura arcaica recebida quer directamente da tradição esquecida dos antigos minoicos quer depois dos caldeus pela via indirecta dos hititas, quer por meio dos fenícios, quer mais tarde do Egipto por intermédio dos Ptolomeus!
Apesar de no campo das etimologias nem sempre o que parece é o que veramente deveria ser, a verdade é que ao tentarmos a derivação:
Se tentássemos fazer derivar o nome do cosmos teríamis:
«Kosmos» < Kau-ashma < *Ki-ashma
=> «Chasmas» (abismo entre o céu e a terra) de Shamash (sumer.) = sol.
Para Ka = centro, teriamos => Sha mash = centro sublime, da ordem dos astros...
*Ki-me => *Ki-ashma > Shamas > «chasmas» > «Cosmos».
E ficaríamos a relacionar dois conceitos cosmológicos gregos com termos sumérios pois, o termo comum pode ter sido *Ki-me = lei da mãe (e do mar) primordial... o que de facto nos reportam para o conceito primordial de «uma fenda» de luz no céu que teria sido a Deusa Mãe da aurora!
De facto, o termo comum pode ter sido *Ki-ashma o que nos reportaria para Tiamat se teimássemos cair na mesma imprudência que o autor em referência vitupera a quem “pretende clarificar as narrativas gregas através de cosmogonias anteriores e estrangeiras.”
Assim, a erudição clássica dá-nos razão quanto fazemos derivar de Kur e de Ka-ur todos estes termos que desembocam no «Caos» grego ... mas então numa acepção muito mais subtil e complexa que poderia ser traduzida mais ou menos do modo seguinte:
Kur < Ka-hur = Vão da terra < Kawur + Na > «caverna», subterrâneo.
TÁRTARO
Se para os sumérios o Kur era, segundo Noah Kramer, cosmologicamente “o espaço vazio que separava a crosta terrestre do mar primordial” e, teologicamente, “o lugar para onde iam as sombras dos mortos” então era o Tártaro de Hisíodo que estaria muito próximo deste mar primordial. De facto, o Tartaro < Karkarus, esse sim é que deve ter sido o plural enfático de Kar/Kur, cemitério de todos os Kares/kaures mortos em nome do deus dos exércitos!
O nome do deus dos infernos foi sempre o nome do deus destronado pela teologia reinante. Ora, o deus que seria mais frequentemente destronado seria o deus da guerra do povo derrotado. Terá sido isto que aconteceu ao Kur sumério que teria sido o deus da guerra dos povos que os antecederam ou dos povos estrangeiros já que Kur significava também povos estrangeiros.
Quanto ao Tartarus < Karkarus, deve ter sido o plural enfático de Kar/Kur, cemitério de todos os Kares/kaures mortos em nome do deus dos exércitos!
There also existed in Tartaros Elysion, where the happy and the blessed were received, and which approximates as closely to the Christian ideal of Heaven as is possible, showing that Hades, though dark and forbidding, was not all doom and gloom, punishment and revenge.
And Earth first bare starry Heaven, equal to herself, to cover her on every side, and to bean ever-sure abiding-place for the blessed gods. And she broughtforth long Hills, graceful haunts of the goddess-Nymphs who dwellamongst the glens of the hills. She bare also the fruitless deepwith his raging swell, Pontus, without sweet union of love. But afterwards she lay with Heaven and bare deep-swirling Oceanus, Coeus and Crius and Hyperion and Iapetus, Theia and Rhea, Themisand Mnemosyne and gold-crowned Phoebe and lovely Tethys. Afterthem was born Cronos the wily, youngest and most terrible of her children, and he hated his lusty sire. -- Hesiod, THE THEOGONY.
Na tradição grega o Caos era ao mesmo tempo tudo e nada e uma divindade, por assim dizer, rudimentar que, por assim dizer, era capaz, porém, de fecundar. Gerou primeiro a Noite, e depois o Érebo.
Figura 2: from Genealogical Guide to Greek Mythology By Carlos Parada.
Ver HADES (***)
The entrance to Hades was guarded by the triple-headed dog Cerberus, and for those who had led reasonably righteous lives, the afterlife in the underworld was a sort of shadow of their former life, where they could continue to perform the labours and carry on the occupations they had occupied in life.
Occasionally, a shade might be allowed to return temporarily to the world above, as a ghost, to their friends, or even summoned by the sacrifice of blood which, when drank by the shade, restored to them partial speech and consciousness, so that they could discourse with the living.
But for those who had lefd wicked lives --- or lives the gods did not agree with --- there was the realm of Tartaros, where all the sins and evils the departed had practiced in the world above were punished, usually in a manner symbolic of their crime. Cases in point here were Tantalos, Ixion, Sisyphos, Tityos and the Danaides, all of whom can be found under their own separate entries, so we will not go into their punishment here.
ÉREBO
Aither was one of the three "airs". The middle air was Aer or Khaos, a colourless mist which enveloped the mortal world. The lower air was Erebos, the mists of darkness, which enveloped the dark places beneath the earth and the realm of the dead. The third was the upper air of aither, the mist of light, home of the gods of heaven. It enveloped the mountain peaks, clouds, stars, sun and moon. The stars themselves were said to be formed from the concentrated fires of aither.
(…) Verily at the first Chaos came to be, but next wide-bosomed Earth, the ever-sure foundations of all (4) the deathless ones who hold the peaks of snowy Olympus, and dim Tartarus in the depth of the wide-pathed Earth, and Eros (Love), fairest among the deathless gods, who unnerves the limbs and overcomes the mind and wise counsels of all gods and all men within them. From Chaos came forth Erebus and black Night; but of Night were born Aether (5) and Day, whom she conceived and bare from union in love with Erebus. Figura 3: Nix, a Noite dos Gregos com o pote das chuvas na mão como a egípcia Nut. O Érebo, filho do Caos, irmão e esposo da Noite, pai do Éter e do Dia, foi metamorfoseado em rio e precipitado nos Infernos, por ter socorrido os Titãs. Faz parte do Inferno e é mesmo considerado como o próprio Inferno. O deus da «escuridão» dos infernos, era então irmão e esposo de Ishtar o que nos permite pressupor que esta deusa da «estrela da manhã» era também Nix/Nikê a deusa alada da noite primordial e então: |
1:1 in principio creavit Deus caelum et terram
1:2 terra autem erat inanis et vacua et tenebrae super faciem abyssi et spiritus Dei ferebatur super aquas
«Trevas» < Lat. tenebras < Tan- | ewras < *Her-Hewo.
Érebo < Herewu < *Ker-e-wo > Wer-wu > «Verbo»
Ker-e-Wer => Kerebro.
< *Kur-Caco.
Érebo < *Her-Hewo < *Kur-Kiko > Iscur,
The post-Babylonian Exile Elohist authors incorporated this war between God and the waters of chaos into the first chapter of Genesis, which begins by describing the chaotic conditions before Elohim created the sky and the earth: "the earth was formless [Hebrew, tohuw] and void [Hebrew, bohuw] and darkness covered the face of the deep [Hebrew, tehom], while a wind [Hebrew, ruach] from Elohim swept over the face of the waters." (...) The Babylonian wind deity, Imhullu, appears as Ruach, the Divine Wind, which translators have sometimes rendered as "the Spirit of God". The post-Exile writers also refer to God's victories over the allies of Tehom: "By his power he stilled the Sea; by his understanding he struck down Rahab [another Canaanite name for Tiamat]. By his wind the heavens were made fair; his hand pierced the fleeing serpent" (Job 26:12-13); "Was it not you who cut Rahab in pieces, who pierced the Dragon [Hebrew, Tanniyn, i.e., Canaanite's Tunnan]?" (Isaiah 51:9),
Rahab < Rakawe < *Urki-ka > Urash > Ruash > ruach.
NOITE
Out of Chaos come abstractions: Erebus, ``Darkness,'' and Nyx, ``Night.''
Deusa Cobra = Tun-nan < Nin-An-| tu < Chu| > An(a)tu > Anat.
Esta deusa das cobras) e das «Trevas», esposa de Escur era também Anat/Atena e aparece na estátua de Atena Partenos de Fídeas como um «génio alado», quase um Erote e seguramente o seu filho, supostamente o único, Eritónio.
< Lat. Nocte < Nauket.
Noite < ant. «noute» < Nauwet < Niwet < Nauket < Anu-ki-at =>
Anu-ki-at < Anuwat ó Anu-at < Anu-ash lit. «filha ou esposa do céu».
Nikê < Nyx < Anish < Anu-ash, > Anat ó At-Ana > Atena.
ÉTER,
... Ou as variantes não eróticas dos «filhos da Noite».
(…) Erebus & Nyx mate and produce Aether, ``Air,'' and Hemera, ``Day.'' Night alone produces Death, Sleep, Dreams, Doom by various names, Misery, etc. Though these primeval beings are in a sense gods, they are also the conditions of human life. They come at the beginning of divine and human history and are forces that continue through succeeding generations.
Aether< Haheter < Kakiter > Ishter.
Hemera < Kimera.
Hiphnos < Ki-Phan, lit. «a luz dos olhos de sua Mãe Terra»? < Kikanos < Kiknos < Signus.
Thanatos < Tan-ish, «a filho da cobra» > Tanit.
Pela palavra Éter, os gregos compreendiam os Céus, separados dos corpos luminosos. O vocábulo dia, sendo feminino em grego (Hèméra); dizia-se que o Éter e o Dia foram o pai e a mãe do Céu. Essas estranhas uniões significam somente que a Noite existia antes da criação, que a Terra estava perdida na obscuridade que a cobria, mas que a Luz, penetrando através do Éter, havia aclarado o universo. Em linguagem de menor valor mitológico, poderia se simplificar, e dizer que a Noite e o Caos precederam à criação dos céus e da luz.
EROS E ANTEROS = ACÇÃO E REAÇÃO
O Destino
211-232 [The Children of Night and of Strife] And Night bare hateful Doom and black Fate and Death, and she bare Sleep and the tribe of Dreams. And again the goddess murky Night, though she lay with none, bare Blame and painful Woe, and the Hesperides who guard the rich, golden apples and the trees bearing fruit beyond glorious Ocean. Also she bare the Destinies and ruthless avenging Fates, Clotho and Lachesis and Atropos (10), who give men at their birth both evil and good to have, and they pursue the transgressions of men and of gods: and these goddesses never cease from their dread anger until they punish the sinner with a sore penalty. Also deadly Night bare Nemesis (Indignation) to afflict mortal men, and after her, Deceit and Friendship and hateful Age and hard-hearted Strife.
O Destino é uma divindade cega, inexorável nascida da Noite e do Caos. Todas as outras divindades estavam submetidas ao seu poder. Os céus, a terra, o mar e os infernos faziam parte do seu império: o que resolvia era irrevogável; em resumo, o Destino era por si mesmo essa fatalidade, segundo a qual tudo acontecia no mundo. Júpiter, o mais poderoso dos deuses, não pôde aplacar o Destino, nem a favor dos outros deuses, nem a favor dos homens.
As leis do Destino eram escritas desde o princípio da criação em um lugar onde os deuses podiam consultá-las. Os seus ministros eram as três Parcas encarregadas de executar as ordens. Representam-no tendo sob os pés o globo terrestre, e agarrando nas estrelas, e um cetro, símbolo do seu poder soberano. Para mostrar que era inflexível, os antigos o representavam por uma roda que prende uma cadeia. No alto da roda uma grande pedra, e embaixo duas cornucópias com pontas de azagaia. Conta Homero que o Destino de Aquiles e de Heitor é pesado na balança de Júpiter, e como a sorte do último o arrebata, sua morte é decretada, e Apolo retira o apoio que lhe dispensara até então. São as leis cegas do Destino que tornaram culpados a tantos mortais, apesar do seu desejo de permanecer virtuosos: em Ésquilo, por exemplo, Agamemnom, Clitemnestre, Jocasta, Édipo, Eteoclo, Polínice, etc., não podem fugir à sua sorte.
Só os oráculos podiam entrever e revelar o que estava escrito no livro do Destino.
A TERRA (GAIA)
Urano (Ouranos) ou Choelo < Kauero < Kur.
Urano ou Choelo, o Céu, era filho do Éter e do Dia. Segundo Hesíodo, era filho do Éter e da Terra. De qualquer maneira, desposou Titéia, isto é, a Terra ou Vesta, que, neste caso, é distinta de Vesta, deusa do fogo e da virgindade. Diz-se que Urano teve quarenta e cinco filhos de várias mulheres, sendo que, destes, dezoito eram de Titéia; os principais foram Titã, Saturno e Oceano, que se revoltaram contra seu pai e o impossibilitaram de ter filhos. Cheio de mágoa e em conseqüência da mutilação de que fora vítima, Urano morreu.
O que caracteriza as divindades das primeiras idades mitológicas, é um brutal egoísmo junto a uma desapiedada crueldade. Urano tomara aversão a todos os seus filhos: desde que nasciam, encerrava-os em um abismo e os não deixava ver o dia. Foi isto que motivou a revolta. Saturno, sucessor de Urano, foi tão cruel como o pai.
«Teteia» < Titéia < Kikeia > Sigaia => Kikauria > St.ª Quiteria.
Titéia, a antiga Vesta, mulher de Urano, foi a mãe dos Titãs, nome que significa filhos de Titéia ou da Terra. Além de Titã propriamente dito, de Saturno e Oceano, ela teve
Hipérion < Ki-pher-yan < Ki-kur-kian.
Japeto < Sha-phiet < *Kaphiat > *At-at => Hadade.???
Tia < Ki-ha < Kika.
Réia (ou Cibele), < Ureja < *Urki.
Temis < Themish < *Kima-at > Tiamat.
Mnemosine < Min-Mash-Ina.
Febe, < Phoewe < *Kaki-at = Ki + Hebe.
Tétis < Kakish < *Kaphiat.
Brontes < Waurantes < Kaurantish < Iscuran.
Steropes < Ishtar-Ophis.
Argeu < Haur keu < Kur-kius.
Coto < Kauko < Kako.
Briareu < Wir-Kar kiko > Herkales.
Giges < Kikish > *Kaphiat.
Tifon < *Kiphian.
SATURNO (CRONOS)
Figura 4: Saturno com a foice de cegar o tempo e os testículos de Urano. Filho segundo de Urano e da antiga Vesta, ou do Céu e da Terra, Saturno, depois de haver destronado o pai, obteve de seu irmão primogênito Titã, o favor de reinar em seu lugar. Mas Titã impôs uma condição, -- a de Saturno fazer morrer toda a sua |
posterioridade masculina, a fim de que a sucessão ao trono fosse reservada aos seus filhos. Saturno desposou Réia, de quem teve muitos filhos, que devorou avidamente, conforme combinara com seu irmão. Além disso, sabendo que, um dia, ele próprio seria derrubado do trono por um dos seus filhos, exigia que sua esposa lhe entregasse os recém-nascidos. Entretanto Réia conseguiu salvar Júpiter, que, quando grande, declarou guerra a seu pai, venceu-o, e depois de o haver tratado como o fora Urano por seus filhos, pô-lo fora do céu. Assim a dinastia de Saturno continuou em prejuízo da de Titã.
Saturno teve três filhos de Réia, que conseguiu salvá-los: Júpiter, Netuno e Plutão, e uma filha, Juno, irmã gêmea e esposa de Júpiter. Alguns autores, ao número das filhas de Saturno e Réia, acrescentam Vesta, deusa do fogo, e Ceres, deusa das searas. De resto, Saturno teve, com muitas outras mulheres, um grande número de filhos, como, por exemplo, o centauro Chiron, filho da ninfa Filira, etc.
Conta-se que Saturno, destronado por seu filho Júpiter, reduzido à condição de simples mortal, foi refugiar-se na Itália, no Lácio, onde reuniu os homens ferozes, esparsos nas montanhas, e lhes deu leis.
O seu reinado foi a idade do ouro, sendo os seus pacíficos súbditos governados com doçura. Foi restabelecida a igualdade das condições; nenhum homem servia a outro como criado; ninguém possuía coisa alguma exclusivamente para si; tudo era bem comum, como se todo mundo tivesse tido a mesma herança. Para lembrar esses tempos felizes, celebravam-se em Roma as Saturnais.
Figura 5: Cronos & Rea
Essas festas, cuja instituição remontava no passado muito além da fundação da cidade, consistiam sobretudo em representar a igualdade que primitivamente reinava entre os homens. Começavam as Saturnais no dia 16 de dezembro de cada ano; ao princípio só duravam um dia, mas ordenou o Imperador Augusto que durariam três; Calígula aumentou-lhes vinte e quatro horas. Durante estas festas se suspendia o poder dos senhores sobre os escravos, e estes tinham inteiramente livres a palavra e as ações. Então, tudo era prazer, tudo era alegria; nos tribunais e nas escolas havia férias; era proibido empreender uma guerra, executar um criminoso ou exercer outra arte além da culinária; trocavam-se presentes e davam-se suntuosos banquetes. De mais a mais todos os habitantes da cidade paravam as suas tarefas; toda a população se dirigia ao monte Aventino, para respirar o ar do campo. Os escravos podiam criticar os defeitos dos seus senhores, fazer-lhes partidas, e nesses dias eram os senhores que serviam os escravos, à mesa.
Em grego, Saturno é designado pelo nome de Cronos, que quer dizer o Tempo. A alegoria é transparente nesta fábula de Saturno; este deus que devora os filhos é, diz Cícero, o Tempo, o Tempo que se não sacia dos anos e que consome todos aqueles que passam. A fim de o conter, Júpiter o acorrentou, isto é, submeteu-o ao curso dos astros que são como laços que o prendem.
Os cartagineses ofereciam a Saturno sacrifícios humanos; as vítimas eram crianças recém-nascidas. Nesses sacrifícios, as flautas, os tímpanos, os tambores faziam um ruído tão grande que se não ouviam os gritos da criança imolada.
Em Roma, o templo elevado a esse deus no pendor do Capitólio, foi o depósito do tesouro público, em lembrança de que no tempo de Saturno, na idade do ouro, não se cometiam furtos. A sua estátua estava amarrada com cadeias que só se tiravam em dezembro, durante as Saturnais.
Saturno era geralmente representado como um velho curvado ao peso dos anos, erguendo na mão uma foice para mostrar que preside ao tempo. Em muitos monumentos apresentam-no com um véu, sem dúvida porque os tempos são obscuros e cobertos de um segredo impenetrável.
Com um globo na cabeça é o planeta Saturno. Numa gravura, talvez etrusca, é representado com asas e a foice pousada sobre um globo; é assim que representamos sempre o Tempo.
O dia de Saturno é o sábado (Saturni dies), (em francês, samedi, em inglês, saturday).
A cosmologia das abstracções pré metafísicas de Hesíodo fazem lembrar as especulações menfíticas medievais de que em parte serão o seguimento helénico da tradição esotérica egípcia.
[1] All these images are copyright © Adam McLean 2000. My edition of Fludd's Origin and Structure of the Cosmos is currently available from the alchemy web bookstore.
[2] © Copyright 1999-2001 Daniel Gremmler.
[3] Tradução literal adaptada de John Heise's `Akkadian language', Chpater 3 (cineiform texts) about the Babylonian Creation Epic (Maintained and updated by: j.heise @ sron . ruu . nl).
[4] La création du monde chez les indiens Mayas d’après le Popol Vuh. Extrait traduit par Claude Bourguignon.
[5] Odin and his brothers used Ymir's body to create Midgard at the center of Ginnungagap. His flesh became the earth. The blood of Ymir formed seas and lakes. From his bones mountains were erected. His teeth and bone fragments became stones. From his hair grew trees and maggots from his flesh became the race of dwarves. The gods set Ymir's skull above Ginnungagap and made the sky, supported by four dwarves. These dwarves were given the names East, West, North and South. Odin then created winds by placing one of Bergelmir's sons, in the form of an eagle, at the ends of the earth . He cast Ymir's brains into the wind to become the clouds. Next, the sons of Borr took sparks from Muspelheim and dispersed them throughout Ginnungagap, thus creating stars and light for Heaven and Earth. From pieces of driftwood trees the sons of Borr made men. They made a man named Ask and a woman named Embla. On the brow of Ymir the sons of Bor built a stronghold to protect the race of men from the giants.
[6] em AS COSMOGONIAS GREGAS.
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