quinta-feira, 19 de setembro de 2013

OS DEUSES DO EGIPTO – HORUS, O HÉRCULES DO EGIPTO, por Artur Felisberto

clip_image001[4]

Refere Hiródoto em EUTERPE, 2º livro da sua História:

“The account which I received of this Hercules makes him one of the twelve gods. Of the other Hercules, with whom the Greeks are familiar, I could hear nothing in any part of Egypt. That the Greeks, however (those I mean who gave the son of Amphitryon that name), took the name from the Egyptians, and not the Egyptians from the Greeks, is I think clearly proved, among other arguments, by the fact that both the parents of Hercules, Amphitryon as well as Alcmena, were of Egyptian origin. Again, the Egyptians disclaim all knowledge of the names of Neptune and the Dioscuri, and do not include them in the number of their gods; but had they adopted the name of any god from the Greeks, these would have been the likeliest to obtain notice, since the Egyptians, as I am well convinced, practised navigation at that time, and the Greeks also were some of them mariners, so that they would have been more likely to know the names of these gods than that of Hercules. But the Egyptian Hercules is one of their ancient gods. Seventeen thousand years before the reign of Amasis, the twelve gods were, they affirm, produced from the eight: and of these twelve, Hercules is one.”

Como Amasias reinou na 26ª dinastia do Egipto, em 500 a. C, se Hércules e os primeiros deuses foram criados 17.000 anos antes significa que esta teogonia aconteceu há cerca de 16 500 anos ou seja em pleno período paleolítico ou, seja ainda, cerca de 10 mil anos antes do período histórico. Acontece que as gravura mais antigas encontradas em Foz-Côa datam precisamente dessa época pelo que nada obsta a que tenha sido criada nessa altura a primeira religião organizada em torno da Deusa mãe da Ki e de Kaur, deus guerreiro que iria ser Hórus no Egipto e Coirão ou Kawran (> «Cabrão & Chibo e Chifrudo»), por todo o lado! Heródoto não nos diz como foi possível a exactidão deste tempo que obteve dos sacerdotes egípcios do seu tempo que por sua vez o tinham obtido por investigação adequada em torno dos seus minuciosos registos escritos a que se tinha tido o cuidado de adaptar a tradição oral. Para o que era possível, com a tecnologia do tempo, os Egípcios tinham um saber muito mais enciclopédico do que o grego. A moderna tendência apriorística de considerar como míticas qualquer medida de tempo dos antigos não pode ser senão criticada, por ser precisamente preconceituosa no seu apriorismo. De resto a história Egípcia ainda hoje é considerada como uma referência cronológica fidedigna única nos tempos antigos. O registo dinástico não era um mero exercício de bajulação faraónica pois tinha a vantagem adicional de constituir o mais fiel método de registo do tempo de longo prazo. A história dinástica Egípcia começou há mais de 5 mil anos o que pressupõe 15 mil anos de registo oral. Supúnhamos que os sacerdotes egípcios eram senhores de métodos empíricos de cálculo do tempo pré-histórico que desconhecemos os quais, se não permitiam cálculos exactos, pelo menos permitiam um visão lata dos factos mais relevantes do passado próximo da humanidade. Como o conseguiam? Possivelmente da maneira mais óbvia e simples possível, ou seja decorando o tempo que mediava desde o presente até ao facto passado. Não tendo uma data de referência cristã o tempo passado era contado em anos a partir do presente na forma: tal facto aconteceu há tantos anos! Ora bem, quem decorava um facto tinha que actualizar automaticamente em cada ano o tempo do facto memorizado.

O uso comum das genealogias, que nos evangelhos cristãos é já meramente formalismo decorativo, seria uma parte deste método em que o sacerdote ou xaman responsável pela memorização do tempo funcionava como um autêntico anuário vivo.[1] Só uma memória elefantina!

No entanto, necessita de pouco esforço intelectual ou seja o algoritmo de cálculo é infantil. Possivelmente o tempo seria actualizado apenas no momento em que era aprendido ou então sempre que o sacerdote responsável pela memorização dos factos morria e passava o seu saber aos seus (os seus) discípulos. Há indícios antropológicos de que seria assim que se registavam os dados doutrinários de toda uma vasta cultura oral antes da descoberta duma escrita fonética de utilização fácil e corrente. Possivelmente alguns dados seriam corrigidos de vez em quando por debates inter pares de acordo com o princípio da redundância e multiplicidade das fontes orais. O método seria altamente falível se não tivera sido altamente formalista e conservador, fanático e castigador. Este princípio de aprendizagem, ainda hoje comum, faz da tradição um saber escravo da memória e da forma como única garantia da certeza.

Hercules < Heracles < Hercales < Her-Ka + lu > Her Kaules > Her Kaures.

At any rate, it is of interest to find in this connection that in Egypt the planet Saturn was Her-Ka, "Horus the Bull". -- -- Donald A. Mackenzie - Myths of Babylonia and Assyria.

No entanto as fontes modernas da mitologia egípcia não revelam nenhum deus com um nome foneticamente idêntico (além de Hórus) ao de Hércules ou seja, nada sabemos de fontes egípcias sobre este Deus. Porém, os eruditos do helenismo identificaram Hércules com Harsaphes.

 

Ver: OS DEUSES «MANDA-CHUVA» / HARSAPHES = O BOM PASTOR (***)

 

HER-WER = HÓRUS, O VELHO

O valor semântico das traduções mitológicas dos antigos é de pouco crédito porque se enganaram muitas vezes. De facto tanto fonética como semanticamente muito mais próximo podem considerar-se as várias formas do nome de Horus.

Na sua de forma deus da fúria de sol do meio-dia Hórus, o Gavião, tomava o leão como símbolo e o nome de Heru-Behudti.

clip_image002[4]

Figura 2: Her-wer (Horus the Elder) From the museum in Cairo, a perfect golden Her-wer head.

Her-wer (Har-wer; G/R Haroeris) - "Great Heru/Heru the Elder" Heru in His most abstract, "original" form is known as a hawk, primarily a divinity of sky, even on Predynastic pottery and other objects. The hawk of Her-wer came to be associated with the kingship and was depicted seated atop the ruler's name in the original "serekh" (palace facade) style of hieroglyphic rendering. Her-wer is viewed as a brother, rather than son, of Wesir; His main opposite being Set, the Lord of the Red Land, and the storms in Her-wer's placid blue sky. Confusion of Her-wer's attributes with Heru-sa-Aset's led in later times to both Netjeru being intertwined;

however, in His earliest depictions, Her-wer is strictly a celestial and sometimes solar divinity; only later is He associated with the kings and with the myth cycle of the Wesirian cult. -- House of Netjer Homepage.

clip_image004[4]

Figura 3: Isis & Hórus, o «Deus Menino», Harpocrates nome que é literalmente uma redundância por significar em grego o «fruto» (= carpo < Karkio, lit filho de *Kar), o sol nascente que viria a ser, Hóreris, Hórus o velho, o sol do meio-dia, o luminoso Apolo! A redundância semântica continua quando o mesmo Hórus solar aparece representado como sol da aurora entre os cornos de «Vaca sagrada» que era Isis, enquanto a Deusa Mãe.

Her-wer < Herphelis < Herkyris > Herkalis.

Este impiedoso deus guerreiro (heru-ur) da clava, do arco e das flechas destruiria o dragão da noite do mesmo modo que tinha destruído o seu pérfido tio, o deus Shet, por este ter morto Osíris, seu pai. Com um perfil como este compreender-se-ia que Heródoto o confundisse com Hércules.

Além do mais, como Hórus dos dois horizontes, tinha ainda o nome grego de Harmachis, a Esfinge e ainda, enquanto Hórus Criança, o nome de Harpocrates ou Carpocratas (Kar p®o kaurates = Kar o futuro recruta)[2]. Assim a suspeita de que a semelhança não seja apenas formal começam a avolumar-se.

Heru-ra-ha - A composite deity in Crowley's quasi-Egyptian mythology; composed of Ra-Hoor-Khuit and Hoor-par-kraat. The name, translated into Egyptian, means something approximating "Horus and Ra be Praised!" Of course, this could simply be another corruption due to the inferior Victorian understanding of the Egyptian language, and it is possible Crowley had something entirely different in mind for the translation of the name. "Horus the Elder". He was the patron deity of Upper (Southern) Egypt from the earliest times; initially, viewed as the twin brother of Set (the patron of Lower Egypt), but he became the conqueror of Set c. 3100 B.C.E. when Upper Egypt conquered Lower Egypt and formed the unified kingdom of Egypt.

Ra-Horakhty (Ra-Hoor-Khuit) - "Ra, who is Horus of the Horizons." An appelation of Ra, identifying him with Horus, showing the two as manifestations of the singular Solar Force. The spelling "Ra-Hoor-Khuit" was popularized by Aleister Crowley, first in the Book of the Law (Liber AL vel Legis).

Heru-Behudti, A form of Horus worshipped in the city of Behdet, shown in the well-known form of a solar disk with a great pair of wings, usually seen hovering above important scenes in Egyptian religious art. Made popular by Aleister Crowley under the poorly transliterated name "Hadit", the god appears to have been a way of depicting the omnipresence of Horus. As Crowley says in Magick in Theory and Practice, "the infinitely small and atomic yet omnipresent point is called HADIT." [3]

HARPOCRATE

HARMAKHIS

HARSOMTOUS

HORNEDJITEF

Horus enfant assis sur les genoux d'Isis

Horus dans l'horizon infini

Horus qui unit les deux terres

Horus qui prend soin de son père

 

Harendotes (< Hor-Ne-Dua-Tesh < Hor Ndye Her Atef)

Horus Vengador de su Padre.

*Harpra (Har Pa Ra)

Horus el sol.

Haroeris (Her-Ur)

Horus el Grande / Horus el Viejo.

Harpócrates (Har Pa Jard)

Horus el Niño.

Harsiase (Har Sa Aset)

Horus Hijo de Isis.

Harsomtus (Hor Semataui)

Horus Unificador de las Dos Tierras.

*Horajti (Hor Ajti)

Horus en el Horizonte.

*Hor Behedeti (Hor Behedeti)

El que es Originario de Behedet.

*Horimyshenut (Hor Imy Shenut)

El que Está en Shenuet.

*Hormerty (Hor Merty)

Horus el de los Dos Ojos.

*Hornejeny (Hor Nejeny)

Horus el que es Originario de Nejen.

*Horpanebtaui (Hor Pa Neb Taui)

Horus Señor de las Dos Tierras.

A noter que le nom Harmakhis désignait également à partir du Nouvel Empire le sphinx gardien des portes de l'autre monde.

Harmakhis

Her < Har

Ka is > khis

ma < me

> Herkaiame > Artemis

Ra-Hoor-Khuit

Her > Hoor

Ka kuit > Khuit

Ra

> Herka(kut)ra > Hercal Kika

Heru-Ra-Ha

Her > Heru

ka < há

Ra

> Herkara > Hercala

Harpocrate

Her < Har

ka > po > ba

Kartes > krates 

> Her(Ka)Kar(t)es > Hercales

Heru-Behudti

Her > Heru

ka > ba > be

kadit > hudti 

> Herka(r) katit > Hercal Kakika

 

Este estudo revela que o étimo *her- da heroicidade guerreira está mais ou menos evidente em todos. O étimo *Ka-, bem conhecido da doutrina Egípcia, também está presente de forma mais ou menos espontânea. A 3ª redundância de Uru nem sempre é explícita e quanto a Harmakis, é obvio que não é um antepassado de Hercules mas de Artemisa, quem sabe, um antigo parédro seu!

 



[1] Para quem já é difícil decorar o próprio número de telefone esta tarefa pode revelar-se elefantina pela memória que parece pressupor!

[2] , de que deriva a seita herética dos carpacracianos.

[3] "F. A. Q. and Information about Egyptian Mythology", 8 May 1994 revision, by Shawn C. Knight."

Sem comentários:

Enviar um comentário